Hipertensão pulmonar
Uma equipa do MRC London Institute of Medical Sciences, que se dedica a investigar o tratamento para a hipertensão pulmonar,...

A hipertensão nos pulmões causa danos em algumas partes do coração, sendo que cerca de um terço dos pacientes morre cinco anos depois de ser diagnosticado com a doença. Apesar de haver vários tipos de tratamento, entre medicamentos, injeções ou transplante de pulmões, os médicos precisam geralmente de ter uma noção precisa do ponto em que se encontra cada doente para escolher o tratamento adequado.

Recorrendo a este software, no qual foram carregados vários exames e ressonâncias magnéticas de 256 doentes, combinados com outros dados de saúde recolhidos ao longo de oito anos, os médicos conseguem uma previsão do momento em que irá falhar o músculo cardíaco, obtendo assim uma estimativa da esperança de vida da pessoa que se viria a mostrar correta em 80% dos casos. Sem o sistema de inteligência artificial, os médicos conseguiam acertar na esperança de vida em apenas 60% dos casos, fazendo a análise a partir dos mesmos dados, escreve o Diário de Notícias.

À BBC, um dos investigadores, Declan O'Regan, frisou que a inteligência artificial permite "desenhar o tratamento individual à medida" para maior benefício dos doentes.

A equipa quer agora usar a mesma tecnologia noutras doenças que provocam falência cardíaca, nomeadamente a cardiomiopatia, para saber se as pessoas que sofrem deste problema precisam de um pacemaker ou beneficiam de outros tipos de tratamento médico.

Administração Central do Sistema de Saúde
Maior parte das operações já não implicam internamento dos doentes. Entre Janeiro de Novembro de 2016, houve mais cirurgias,...

Numa década, a percentagem de cirurgias efetuadas em ambulatório (por norma sem necessidade de pernoita no hospital) mais do que duplicou em Portugal. Entre Janeiro e Novembro de 2016, mais de 60% das programadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) já foram realizadas desta forma, anunciou nesta terça-feira a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

Este tipo de operações que não costuma implicar internamento do doente (habitualmente a alta é dada até às 12 horas, apesar de a permanência no hospital poder prolongar-se até às 24 horas) representava em 2006, segundo o jornal Público, pouco mais de um quarto do total das cirurgias programadas (27,2%).

A meta de 60% da cirurgia de ambulatório no total das intervenções cirúrgicas programadas estava traçada no Orçamento do Estado de 2016. “É uma alteração estrutural que tem vindo a ser induzida no sistema. Portugal tem feito este caminho, que tem impacto no acesso, através da redução das listas de espera”, explica Ricardo Mestre, vogal do conselho diretivo da ACSS, que lembra ainda que este tipo de operações “ajudam o doente a ter um processo de recuperação mais rápido e mais cómodo” (em casa). São sobretudo operações às cataratas e às varizes, mas a ACSS está “a trabalhar” noutro conjunto de procedimentos que podem também ser efetuados desta forma, acrescentou.

Aumento da atividade hospitalar
A ultrapassagem da fasquia dos 60% merece destaque num comunicado esta terça-feira divulgado pela ACSS, que dá ainda conta do “aumento da atividade hospitalar nas principais linhas assistenciais” em 2016. Publicados pela ACSS no microsite de monitorização do SNS , os dados indicam que, entre Janeiro e Novembro, foram feitas 624.434 intervenções cirúrgicas nas entidades do SNS, mais 12.240 do que no mesmo período do ano anterior.

O aumento ficou a dever-se ao crescimento das operações em ambulatório (mais 5,5%), até porque tanto as cirurgias convencionais como as urgentes diminuíram neste período. O número veio colocar “Portugal, pela primeira vez, com um valor superior a 60%” no total de cirurgias deste tipo, realça a ACSS, que nota ainda que o número de consultas médicas também cresceu ligeiramente (0,8%).

Pela negativa, da leitura dos dados que constam no microsite da ACSS percebe-se que o número de episódios de urgência continuou a aumentar, ao contrário do que pretendia o ministro da Saúde, que no início do ano chegou a prever uma diminuição da procura destes serviços. Entre Janeiro e Novembro, foram ultrapassados os 5,8 milhões de episódios de urgência, um crescimento de 4,1% (mais 231 mil) face ao mesmo período de 2015. O problema é que mais de 40% dos doentes foram triados como não urgentes ou pouco urgentes.

Estudo
A conclusão é de um estudo do Centro de Diabetes da Alemanha que indica que a ingestão de gordura saturada pode aumentar o...

Basta um hambúrguer com queijo, ketchup e batatas fritas para alterar o metabolismo do corpo humano e aumentar o risco de contrair diabetes tipo 2. A conclusão alarmante é de um estudo do Centro de Diabetes em Düsseldorf, na Alemanha.

No estudo, 14 homens magros saudáveis e com idades entre os 20 e os 40 anos receberam uma bebida de óleo de palma com sabor a baunilha ou água.

O óleo de palma tinha uma quantidade similar de gordura saturada semelhante a oito fatias de pizza com salpicão ou a um cheeseburger de 110g servido com batatas fritas.

Os testes mostraram que a bebida de óleo de palma resultou num aumento imediato da acumulação de gordura na corpo e uma menor sensibilidade à insulina, uma hormona natural que regula o açúcar no sangue, escreve o Sapo.

Por outro lado, a bebida também aumentou os níveis de triglicerídeos - um tipo de gordura associado a uma maior incidência de doença coronária -, alterou a função hepática e afetou a atividade do gene associado à doença hepática gordurosa.

E as alterações não ficam por aqui: também aumentou a expressão da hormona glucagon no organismo, uma substância produzida no pâncreas e responsável por não deixar que a glicose no sangue desça para níveis nocivos.

Na prática, lê-se no estudo, o óleo de palma reduz a sensibilidade à insulina em 25% em todo o corpo, em 15% no fígado e 34% nos tecidos de gordura, aumentando o risco de diabetes.

Já tinham sido observados efeitos semelhantes em testes realizados em animais de laboratório, salienta a investigação publicada no Journal of Clinical Investigation.

Estudo
A oferta de uma sessão anti-tabágica grátis no serviço nacional de saúde aumenta a probabilidade de os fumadores procurarem...

O objetivo do estudo, divulgado na revista especializada Lancet, foi estimular a utilização do serviço de anti-tabagismo do serviço nacional de saúde, a que recorrem apenas 05 por cento dos fumadores britânicos.

Os autores defendem que deve ser facilitado o acesso a estes serviços públicos, rejeitando ainda que se lhes cortem os orçamentos.

Para isso, milhares de fumadores britânicos receberam cartas personalizadas a explicar-lhes os riscos do tabaco e convidando-os para uma sessão anti-tabágica grátis.

A The Lancet conta que entre 2.636 que receberam uma carta personalizada e um convite para uma sessão grátis, 17% por cento utilizaram o serviço, enquanto apenas 09% dos 1748 que receberam uma carta genérica o fizeram.

Entre os que receberam a carta personalizada e utilizaram o serviço nacional de saúde, verificou-se que uma percentagem maior (09% contra 5,5% dos que receberam cartas genéricas passou pelo menos uma semana sem fumar.

Nas cartas personalizadas, em que se tinha em conta a idade as pessoas, descreveu-se o risco de contraírem uma doença grave, graduado em vários níveis.

"Os fumadores subestimam o seu risco pessoal de contrair uma doença", reconheceu a principal autora do estudo, Hazel Gilbert, da University College Medical School, defendendo que deve ser mais fácil aos fumadores acederem aos serviços públicos de tratamento.

Michael Cummings, da universidade norte americana da Carolina do Norte, defendeu que "os governos devem resistir aos cortes orçamentais" nos serviços anti-tabágicos públicos, apontando os seus "benefícios óbvios e bem documentados".

Estudo
Investigadores portugueses lideram um projeto europeu que descobriu subestruturas cerebrais com diferentes perfis de...

A distonia "é uma doença neurológica crónica que se caracteriza por uma estimulação descontrolada dos nervos (músculos), que levam o indivíduo a ter dificuldades na locomoção e na utilização dos membros, podendo evoluir para incapacidades graves, como a não utilização do braço inteiro", explicou o coordenador do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica do INESC TEC, João Paulo Cunha.

Este estudo faz parte de um projeto que envolve o Centro de Investigação em Engenharia Biomédica do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e a Universidade de Munique, na Alemanha.

"Os investigadores portugueses" envolvidos na iniciativa "chegaram a este resultado através do estudo de uma parte do cérebro chamada GPi (Globus Pallidus Internus), que se situa na sua zona central e é composta por estruturas cerebrais com funções primárias", lê-se num comunicado do INESC TEC.

Em 2016, desenvolveram "métodos de neurocomputação para estudar as densidades de conectividade das fibras que saem do GPi para outras áreas do cérebro em pessoas saudáveis, sem indicação de qualquer patologia", descobrindo "que este núcleo da base do cérebro parece apresentar pelo menos 3 subestruturas com conectividades distintas, tendo uma delas clara ligação ao córtex sensoriomotor pelo tálamo".

O GPi é um dos alvos de uma técnica chamada DBS ('Deep Brain Stimulation' ou Estimulação Cerebral Profunda), que coloca elétrodos dentro da cabeça dos doentes (uma espécie de pacemaker cerebral) e ajuda a melhorar os sintomas, dependendo sempre do alvo a atingir, isto é, "se estamos a falar da doença de Parkinson, distonia, ou outras patologias", explicou o investigador João Paulo Cunha.

Com este estudo percebeu-se que "os elétrodos DBS implantados em determinada subestrutura produzem melhores resultados clínicos que os localizados noutras subestruturas", tornando estes resultados "úteis para o planeamento e execução de procedimentos neurocirúrgicos", referiu o também docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Outra das vantagens deste método é "a possibilidade de personalizar o padrão de conectividade para cada doente candidato a cirurgia, de forma a adaptar o alvo neurocirúrgico ao seu perfil específico, melhorando a precisão do procedimento", acrescentou.

Para chegar a estas conclusões a equipa de investigadores de Portugal e da Alemanha utilizou uma técnica de ressonância magnética denomiada 'Diffusion Tensor Imaging', que ajuda a perceber a densidade de conectividade entre estruturas cerebrais, permitindo assim mapear as fibras que ligam as diferentes estruturas do cérebro.

Os resultados deste estudo foram publicados na revista NeuroImage, orientada para a área da Neurociência.

Já em 2014, os mesmos parceiros tinham demonstrado, num artigo publicado na mesma revista, que as localizações dos elétrodos de estimulação profunda, colocados em doentes com distonia, tinham mais efeitos quando posicionados em certas zonas.

"Verificamos que projeções de conectividade das fibras que partiam das imediações dos elétrodos de estimulação DBS junto ao Gpi, para diferentes estruturas corticais e subcorticais, pareciam estar relacionadas com o resultado clínico, positivo ou negativo, dessas neurocirurgias", acrescentou.

Esse "estudo permitiu perceber que o GPi poderia ter subestruturas com diferentes ligações preferenciais a outras partes do cérebro que, consequentemente, estimulariam essas estruturas cerebrais com melhores efeitos, se estivessem ligadas às regiões motoras, e piores se a outras regiões com funções não-motoras", tendo sido este o estímulo para este estudo agora divulgado.

IPO de Coimbra
O Serviço de Pneumologia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra anunciou hoje uma aposta forte no diagnóstico e...

A diretora do serviço, Lurdes Barradas, disse que a unidade hospitalar dispõe de uma técnica única na zona Centro, mais recursos humanos e instalações ampliadas, o que lhe permite uma "capacidade de resposta" para toda a região.

"A correta avaliação e investigação desta doença tem sido uma preocupação constante do Serviço de Pneumologia, que tem investido na qualidade dos seus recursos humanos e na diferenciação da sua plataforma tecnológica", sublinhou.

Desde meados de 2015 que o Instituto Português de Oncologia (IPO) Coimbra desenvolve atualmente técnicas broncoscópicas e pleurais, nomeadamente a ecoendoscopia endobronquica, vulgarmente conhecida por EBUS, que é única na Região Centro.

Segundo Lurdes Barradas, "esta técnica permite, através de um único procedimento, não só o diagnóstico como também o estadiamento do cancro do pulmão, com impactos significativos na terapêutica e no prognóstico desta patologia".

"O nosso objetivo é tratar os doentes o mais precoce e mais célere possível para desagravar os índices de mortalidade", frisou a diretora do Serviço de Pneumologia.

Por outro lado, o recurso à técnica EBUS evita, de acordo com aquela especialista, que os doentes para saberem o estadiamento da doença tenham de se submeter a cirurgia médica, "o que é uma mais-valia para o doente, que no dia seguinte ao exame pode fazer a sua vida normal".

Lurdes Barradas salientou ainda a importância de um diagnóstico precoce, na medida em que não existe nenhum programa de rastreio para a doença oncológica pulmonar, contrariamente a outras patologias.

Proteção de Dados
A Comissão de Proteção de Dados quer que o futuro Registo Oncológico Nacional use um algoritmo ou um código que mascare o...

Numa audição parlamentar no grupo de trabalho sobre a proposta de lei do Registo Oncológico Nacional, a presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) explicou que as cautelas a aplicar a uma base de dados de doentes com cancro se prendem com o risco de discriminação a que esses utentes podiam ser sujeitos se fossem identificados.

A Comissão de Proteção de Dados sugeriu aos deputados que fosse aplicado um algoritmo que torne irreconhecível e que mascare o nome, o número do utente e o número do processo.

“O algoritmo permite guardar a informação de forma anonimizada (…). Assim, cumpre a funcionalidade do Registo Oncológico Nacional e garante a tutela dos direitos dos cidadãos”, afirmou a presidente da CNPD, Filipa Calvão.

A responsável lembrou que não há atualmente registos nacionais para outras doenças nos moldes em que se propõe este registo nacional de doentes com cancro e sublinha que nos casos dos registos de utentes com VIH/sida essa informação está codificada nos ficheiros clínicos.

Isabel Cruz, também da Comissão Nacional de Proteção de Dados, disse ainda aos deputados que o futuro Registo Oncológico Nacional não serve para mera prestação de cuidados de saúde, mas também para efeitos epidemiológicos e de investigação.

Desta forma também não seria útil fazer depender o registo de um doente do seu consentimento, o que a CNPD considera desnecessário caso haja uma codificação que garanta o anonimato.

Em finais de dezembro, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro disse estar preocupado com a “devassa da privacidade dos doentes” com o Registo Oncológico Nacional.

Na altura, o coordenador do Programa Nacional das Doenças Oncológicas garantiu que os bancos e as seguradoras não terão acesso ao registo e que se tal acontecesse seria um crime.

ADSE garante
A ADSE afirma que desde o dia 19 de janeiro que os serviços têm vindo a efetuar o processamento de várias transferências...

Este esclarecimento da ADSE surge na sequência de notícias divulgadas em vários órgãos de comunicação social, segundo as quais este subsistema de saúde não reembolsa desde dezembro as despesas de saúde aos funcionários públicos.

“De facto e até ao dia 19 de janeiro, os serviços da ADSE não procederam ao pagamento desses reembolsos, por força dos necessários ajustamentos decorrentes da transformação da Direção Geral da ADSE num Instituto Público de gestão participada, pela publicação do Decreto-Lei n.º 7/2017, no dia 9 de janeiro”, justifica a ADSE em comunicado.

Na nota, a ADSE justifica que “estes ajustamentos de natureza burocrática, relativos à constituição do novo Instituto obrigaram a diversas interações com o IRN - Instituto dos Registos e Notariado, a DGO – Direção Geral do Orçamento, a ESPAP e o IGCP”, tendo “todas estas necessárias tramitações burocráticas” sido efetuadas entre 09 e 18 de janeiro, ou seja, “num prazo excecionalmente reduzido (08 dias úteis)”.

No entanto, a ADSE garante que “desde o passado dia 19 de janeiro e nos dias úteis subsequentes (dia 20 e 23 de janeiro) a ADSE procedeu já ao processamento de várias transferências bancárias diárias para pagamento dos reembolsos, sendo que com a realização de um outro pagamento ainda hoje, ficam liquidados aos beneficiários a totalidade dos valores pendentes”.

Conforme a SIC Notícias avançou na segunda-feira, “desde dezembro que a ADSE não reembolsa as despesas de saúde aos funcionários públicos, uma situação que se prende com a passagem do subsistema de saúde a instituto público de gestão participada”.

A SIC referia igualmente que “a alteração do modelo, de Direção Geral para Instituto, obrigou a que as devoluções das despesas feitas no chamado regime livre fossem suspensas”.

Conforme a Lusa noticiou no passado dia 11 de janeiro, o CDS-PP questionou o Ministério da Saúde acerca do subsistema de saúde dos funcionários públicos, inquirindo o Governo sobre alegados atrasos nos pagamentos aos beneficiários.

Nessa data, o CDS referiu ter conhecimento de “relatos preocupantes” que davam conta de demoras de até 150 dias no pagamento aos beneficiários.

Caetano Reis e Sousa
O português Caetano Reis e Sousa foi um dos dois investigadores europeus distinguidos com o prémio Louis-Jeantet de Medicina...

Além de Caetano Reis e Sousa, que lidera um grupo de investigação no Instituto Francis Crick em Londres, o prémio, um dos mais conceituados na área da Medicina, foi atribuído a Silvia Arber, professora de Neurobiologia na Universidade de Basel, na Suíça.

Segundo o comité, ambos foram escolhidos por conduzirem "investigação biológica fundamental que se espera que tenha um impacto relevante na medicina".

Em declarações, Caetano Reis e Sousa, especialista em imunologia, manifestou-se "feliz por receber este prémio", para o qual foi nomeado sem saber.

"Não sabia de nada, porque eles não informam as pessoas que são nomeadas. Recebi um telefonema do secretário do comité do prémio [a revelar que tinha ganho] e não estava nada à espera", confessou.

O prémio, vincou, "visa contemplar o trabalho da minha equipa ao longo dos anos" e "é uma forma de reconhecer a nossa contribuição em termos de investigação fundamental em biologia com aplicação prática no campo da medicina".

Dos cerca de 653 mil euros que vai receber, 583 mil terão de ser aplicados diretamente no trabalho, financiamento que o cientista prevê que será usado para "contratar pessoal, comprar reagentes e talvez algum equipamento que seja preciso".

Nascido em 1968 em Lisboa, Caetano Reis e Sousa mudou-se para o Reino Unido em 1984, onde terminou os estudos secundários antes de estudar Biologia no Imperial College, em Londres, e um doutoramento em Imunologia em Oxford, tendo também trabalhado nos EUA.

Em 1998, voltou ao Reino Unido, onde lidera um grupo que tem estudado "a maneira como o sistema imunitário responde à presença de uma infeção ou ao desenvolvimento de um tumor".

"Os nossos esforços neste momento centram-se sobretudo na análise das células dendríticas, que são glóbulos brancos que detetam sinais de infeção ou sinais de transformação, que é o processo que leva ao cancro", explicou.

O cientista português, vencedor de diversos prémios e distinções como a Ordem portuguesa de Sant'Iago da Espada, salientou que a sua equipa faz investigação sobre o funcionamento do organismo, mas não é responsável pela aplicação prática do trabalho.

"Nós dedicamo-nos sobretudo a determinar quais são os processos fundamentais usados pelo sistema imunitário que depois podem ser talvez explorados no âmbito de criar novas terapias ou vacinas", concluiu.

O prémio Louis-Jeantet de Medicina distingue investigadores científicos a trabalhar em países membros do Conselho da Europa e "não se destina a celebrar trabalhos concluídos, mas a financiar projetos inovadores com alto valor acrescentado e impacto prático mais ou menos imediato no tratamento de doenças".

Foi criado em 1986 pela Fundação estabelecida em 1982, um ano após a morte do empresário francês Louis-Jeantet, que legou a sua fortuna à investigação biomédica.

Estudo
Cientistas russos identificaram um dos genes que causa a depressão, ao cabo de anos de uma procura que ainda não terminou, pois...

"Até agora não se tinha encontrado um único gene que fosse catalisador da depressão", afirmou à agência Efe a bióloga Tatiana Axenovitch, professora no Instituto de Citologia e Genética de Novosibirsk, na Sibéria.

A procura pelos genes da depressão fez-se com computadores e modelos matemáticos de análise genética, usando dados estatísticos compilados pelo Centro Erasmo de Roterdão, que se dedica a estudar a doença, e pode ajudar a criar medicamentos mais eficazes.

Tatiana Axenovitch acrescentou que "foi muito difícil localizar o gene, porque não existe só um, ninguém sabe exatamente quantos são, mas podem ser dezenas".

Com um gene identificado, poderão ser criados medicamentos novos contra uma doença que se tornou um problema de saúde pública e que depende em 40% de fatores genéticos e 60% de fatores ambientais.

"Por exemplo, com a ajuda do gene poder-se-á investigar mais profundamente o mecanismo que faz aparecer os sintomas depressivos", destacou.

A investigadora afirmou que "as circunstâncias da vida e o stress a que se está sujeito são fatores decisivos" e salientou a dificuldade de fazer um diagnóstico, porque a doença se manifesta com gravidade, intensidade, duração e frequência diferentes.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, um dos principais obstáculos para curar a depressão é o diagnóstico errado, já que há pessoas que sofrem da doença e nunca são tratadas, enquanto, por outro lado, se receitam antidepressivos com demasiada ligeireza.

Os números da organização apontam para 350 milhões de pessoas afetadas pela depressão, a principal causa de incapacidade laboral no mundo.

Afeta mais mulheres que homens e estima-se que entre 08 a 15% das pessoas sofre de depressão durante a sua vida.

Infeções
Dependendo da fase de gravidez em que ocorrem, as infeções podem conduzir ao aborto, à morte fetal e

O efeito dos vírus e bactérias sobre a saúde da mulher e do seu bebé depende de vários fatores, sendo o diagnóstico precoce essencial para tentar evitar o desenvolvimento de complicações mais graves.

No entanto, a prevenção continua a ser a melhor arma contra as infeções, tendo sido estabelecido, pela Organização Mundial de Saúde, em 2010, um conjunto de medidas de modo a prevenir as infeções na gravidez.

Margarida Amado Batista, enfermeira especialista em Saúde Materna, e co-autora do manual “Enfermagem de Saúde Materna e Obstérica”, publicado pela editora LIDEL, releva os principais cuidados, desde o consumo ou manipulação de alimentos ao contato com adultos ou crianças doentes.

Tome nota:

Quando existe exposição a adultos com sintomas respiratórios ou similares a gripe, que tiveram ou têm febre, deve:

- Evitar a proximidade ou contacto intímo com os mesmos;

- Lavar as mãos frequentemente e, quando for possível, esfregar as mãos com álcool em gel depois de dar a mão a uma pessoa e antes de comer.

Quando existe contacto sexual com parceiro infetado deve:

- Fazer abstinência sexual (oral, vaginal ou anal);

- Usar sempre preservativo masculino de látex colocado corretamente;

- Evitar sexo oral recetivo com um parceiro portador de herpes oral e relações sexuais no terceiro trimestre se o parceiro for portador de herpes genital.

Exposição ou contacto com sangue:

- Considerar os riscos associados às tatuagens e à colocação de piercings;

- Não usar drogas injetáveis. Existe risco de infeção por seringas não esterilizadas ou compartilhadas;

- Não partilhar objetos pessoais que possam contaminar-se com sangue.

Quando contacta com crianças com sintomas respiratórios ou similares a gripe, erupção de pele ou se a criança tiver menos de três, deve:

- Lavar cuidadosamente as mãos com água corrente e sabão durante 15 a 20 segundos;

- Esfregar as mãos com álcool em gel depois de estar em contato com os fluídos corporais da criança, da troca de fraldas, do banho, de manipular roupa suja ou brinquedos;

- Evitar contacto íntimo ou próximo com a criança, bem como contacto com saliva da mesma, no momento da alimentação.

Em relação ao consumo, manipulação ou processamento de alimentos e água, deve:

- Evitar o consumo de carne crua ou mal cozida de borrego, porco, vaca ou frango;

- Ferver a água quando preparar comidas pré-preparadas;

- Verificar a validade e a higiene de produtos alimentícios perecíveis e de comidas preparadas;

- Não consumir produtos lácteos não pasteurizados;

- Consumir patês, carnes processadas e produtos defumados somente se estiverem enlatados ou em embalagens que garantam a sua estabilidade;

- Descascar ou lavar bem as frutas e vegetais crus para retirar a terra;

- Lavar as mãos, facas e tábuas de carne depois de manipular alimentos crus ou o líquido de suas embalagens;

- Evitar a ingestão de água não tratada.

Manipulação de terra e animais:

- Usar luvas quando fizer jardinagem ou trabalhar com terra;

- Durante a gravidez, se for possível, manter os gatos fora de casa e não os alimentar com carne crua;

- Evitar manipular a caixa sanitária dos gatos. Quando se for necessário usar luvas e lavar as mãos imediatamente depois;

- Trocar a areia da caixa sanitária do gato diariamente;

- Cobrir a caixa de areia das crianças quando não estiver em uso (os gatos podem utilizá-la para urinar e defecar).

Proteção contra insectos:

- Usar sempre mosquiteiros tratados com inseticidas nas áreas onde a malária é endémica.

Saiba mais sobre Infeções na Gravidez aqui

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Uma equipa liderada por portugueses descobriu subestruturas cerebrais com diferentes perfis de conectividade que afetam a parte...

Os investigadores portugueses chegaram a esta conclusão através do estudo de uma parte do cérebro chamada GPi (Globus Pallidus Internus), que se situa na zona central do cérebro e é composta por estruturas cerebrais que têm funções primárias.

O GPi é um dos alvos de uma técnica chamada DBS (Deep Brain Stimulation ou Estimulação Cerebral Profunda), que coloca elétrodos dentro da cabeça dos doentes, uma espécie de pacemaker cerebral, e ajuda a melhorar os sintomas, dependendo sempre do alvo a atingir, isto é, se estamos a falar da doença de Parkinson, distonia, entre outros.

Mas o que é a distonia? “É uma doença que faz com que os músculos estejam permanentemente contraídos de forma descontrolada e, apesar de ser crónica, é possível fazer com que as pessoas melhorem os sintomas através de intervenções DBS”, explica João Paulo Cunha, coordenador do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Para chegar a estas conclusões, segundo o Sapo, a equipa de investigadores de Portugal e da Alemanha utilizou uma técnica chamada Diffusion Tensor Imaging, que é uma técnica de ressonância magnética que ajuda a perceber a densidade de conectividade entre estruturas cerebrais, permitindo assim mapear as fibras que ligam as diferentes estruturas do cérebro.

Já em 2014, a equipa de investigadores do INESC TEC e da Universidade de Munique tinha demonstrado, também na NeuroImage, que as projeções de conectividade das fibras que partiam das imediações dos eléctrodos de estimulação DBS junto ao GPi para diferentes estruturas corticais e subcorticais parecia estar relacionadas com o resultado clínico, positivo ou negativo, dessas neurocirurgias.

Este estudo, que acaba de ser publicado na NeuroImage, permitiu perceber que o GPi poderia ter subestruturas com diferentes ligações preferenciais a outras partes do cérebro que, consequentemente, estimulariam essas estruturas cerebrais com melhores efeitos, se estivessem ligadas às regiões motoras, e piores se a outras regiões com funções não-motoras.

Em 2016 esta equipa portuguesa desenvolveu métodos de neuro-computação para estudar as densidades de conectividade das fibras que saem do GPi para outras áreas do cérebro em pessoas saudáveis sem indicação de qualquer patologia. A equipa descobriu que este núcleo da base do cérebro parece apresentar pelo menos 3 subestruturas com conectividades distintas, tendo uma delas clara conectividade ao córtex sensoriomotor pelo Tálamo.

Desta forma, os elétrodos DBS implantados nessa subestrutura produzem melhores resultados clínicos que os que acabarem localizados nas outras subestruturas, tornando estes resultados úteis para o planeamento e execução de procedimentos neurocirúrgicos de DBS. Este método poderá ainda servir para personalizar o padrão de conectividade de cada doente candidato a cirurgia, por forma a adaptar o alvo neurocirúrgico ao perfil de conectividade específico do doente, podendo melhorar a precisão do procedimento.

Em 2016
A Autoridade para a Segurança Alimentar instaurou 20 processos-crime em 2016 a talhos e aplicou 134 multas na sequência de 610...

Já ontem a Autoridade para a Segurança Alimentar (ASAE) tinha adiantado que ia analisar o estudo da Deco sobre a carne picada vendida nos talhos e que admite tomar medidas de fiscalização suplementar se tal se justificar.

A Deco Proteste apelou ontem aos consumidores para que não comprem hambúrgueres já picados nos talhos, onde encontrou bactérias nocivas e aditivos alergénicos usados para fingir que a carne é fresca.

De acordo com os dados estatísticos da ASAE, os 20 processos-crime deveram-se a “incumprimentos relativos à utilização indevida da Denominação de Origem Protegida (DOP), abate clandestino e produtos avariados”.

Já os 134 processos de contraordenação tiveram por base, maioritariamente, “a distribuição, preparação e venda de carnes e seus produtos com desrespeito das normas higiénicas e técnicas aplicáveis”, o “incumprimento dos requisitos gerais e específicos de higiene” e a “falta ou inexatidão de rotulagem e a deficiência das indicações na rotulagem da carne de bovino”.

A ASAE recordou ainda que tem em prática um Plano Nacional de Colheita de Amostras, para controlar os alimentos disponibilizados aos consumidores.

“Em 2016 foram colhidas 202 amostras de carne picada e preparados de carne para pesquisa de sulfitos (86) e salmonela (116), tendo sido detetadas 21 não conformidades (14 em Sulfitos e 7 em Salmonela)”, referiu a autoridade, que acrescentou também que os sulfitos são “sulfitos são aditivos alimentares autorizados como conservantes que podem ser utilizados em diversos géneros alimentícios”, de que são exemplos alguns preparados de carne picada como as almôndegas ou os hambúrgueres.

Segundo a ASAE “a carne picada, pelas suas características, entre as quais a grande área de superfície de exposição, é um produto muito perecível e que obrigatoriamente tem que ser conservado até 2.ºC e vendida no próprio dia da sua preparação”.

No entanto, recordou a autoridade, “em regra, o consumo da carne picada é feito após confeção (exceto o bife tártaro), e este tratamento térmico, permite reduzir o risco associado ao consumo da carne picada para níveis aceitáveis”.

A autoridade para a segurança alimentar sublinhou ainda que “risco zero não existe para nenhum tipo de alimento”.

Estudo
Os brinquedos sexuais contêm menos químicos perigosos do que os brinquedos para as crianças, concluiu a agência de inspeção de...

Num estudo realizado ao longo do ano passado, 2% dos 44 brinquedos sexuais analisados (e importados para a Suécia) continham químicos banidos por aquele país, afirmou a Agência Sueca de [Produtos] Químicos.

Num outro estudo realizado no ano anterior, a mesma agência testou 112 brinquedos para crianças na Suécia e descobriu que 15% continham substâncias químicas banidas, incluindo chumbo.

"Isto foi um pouco surpreendente. Foi a primeira vez que fizemos um estudo como este", disse à agência France Presse uma das inspetoras, Frida Ramstrom.

Dos 44 produtos sexuais testados, apenas um "dildo" [vibrador] de plástico continha uma substância proibida: parafinas cloradas, um produto que se obtém através da reação de gás de cloro com parafinas (que resultam de hidrocarbonetos) e que se suspeita poder causar cancro.

A agência sueca acrescentou que é difícil determinar o porquê de os brinquedos para crianças conterem mais químicos perigosos.

Um dos fatores que podem contribuir para esta situação, realçou a agência, é que os brinquedos sexuais são muitas vezes importados por grandes empresas, o que - por sua vez - pode fazer aumentar a pressão sobre os fabricantes para evitarem os químicos prejudiciais. Já os brinquedos para crianças são importados por empresas mais pequenas, muitas vezes sem a força necessária para fazer esse tipo de exigências, disse Bjorn Malmstrom, porta-voz da Agência Sueca de [Produtos] Químicos.

A lei sueca determina que os químicos nos brinquedos para crianças "não podem, em nenhum caso, constituir um risco para a saúde humana".

Três dos 44 brinquedos sexuais testados, feitos de couro artificial e ligaduras para "bondage" (prática sadomasoquista), continham um tipo de ftalatos acima do limite permitido, que é de 0,1%. Os ftalatos são um grupo de compostos químicos derivados do ácido ftálico, utilizado como aditivo para tornar o plástico mais maleável.

Este tipo de ftalatos não está proibido em brinquedos sexuais, mas encontra-se na lista da União Europeia de químicos que motivam "uma preocupação muito elevada", uma vez que podem afetar o equilíbrio hormonal humano e provocar infertilidade.

Por isso mesmo, as empresas são obrigadas a informar os consumidores caso os seus produtos contenham uma percentagem de ftalatos superior a 0,1%.

O mercado global de produtos sexuais tem um valor estimado de 18,6 mil milhões de euros por ano, de acordo com uma empresa analista britânica, a Technavio. A mesma empresa estima que este mercado vai crescer quase 7% ao ano entre 2016 e 2020.

Young Oncologists Research Project
O Núcleo de Internos e Jovens Especialistas da Sociedade Portuguesa de Oncologia anunciou a abertura das candidaturas para 10...

Para além do apoio monetário de 2.500 euros por bolsa, este programa possibilita ainda o acompanhamento do projeto durante um ano por elementos com reconhecida experiência na área, que vão contribuir e assegurar a implementação e qualidade dos projetos.

Podem candidatar-se a estas bolsas trabalhos de investigação clínica ou básica, preferencialmente a ser desenvolvidos por equipas multidisciplinares e com a colaboração de várias instituições nacionais e/ou internacionais.

“Com esta iniciativa, a Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) aposta claramente nos jovens para o desenvolvimento de projetos científicos de qualidade que sejam inovadores e por isso pertinentes nas várias áreas, impulsionando a investigação na área da oncologia em Portugal. Pretendemos também que esta atividade tenha uma periodicidade anual, integrando de forma rotineira as agendas dos vários grupos de investigação estimulando, ao mesmo tempo, novas parcerias de sucesso”, afirma Miguel Abreu, presidente do Núcleo de Internos e Jovens Especialistas da SPO.

O prazo de entrega para o envio das candidaturas é até dia 31 de maio de 2017 e as candidaturas deverão ser submetidas através de formulário próprio disponível no site da SPO, em www.sponcologia.pt.

Os resultados deste concurso serão anunciados no Congresso Nacional de Oncologia, promovido pela SPO. Este programa de investigação é da responsabilidade do Núcleo de Internos e Jovens da SPO e conta com o apoio da Merck Sharp and Dohme, Novartis Oncology, Roche e Celgene. 

Após estudo da Deco
A Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica vai analisar o estudo da Deco sobre a carne picada vendida nos talhos e...

A Deco Proteste apelou hoje aos consumidores para que não comprem hambúrgueres já picados nos talhos, onde encontrou bactérias nocivas e aditivos alergénicos usados para fingir que a carne é fresca.

Em declarações, o inspetor-geral da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), Pedro Portugal Gaspar, disse desconhecer ainda o estudo da Deco, mas considerou que é um bom contributo para a defesa do consumidor e que o vai remeter para o conselho científico da ASAE.

“Analisaremos o estudo e remeteremos para o Conselho Científico e, se necessário for, tomaremos medidas de fiscalização suplementar”, afirmou o responsável.

Pedro Portugal Gaspar considerou também que esta é uma matéria “já sinalizada” pela ASAE e que tem sido muito acompanhada pelas autoridades.

Segundo disse, em 2016 foram inspecionados uma média de dois talhos por dia, num total superior a 600.

“É um setor com vários incumprimentos, como há vários. O incumprimento zero, o risco zero não existe “, disse.

Questionado sobre se faria sentido alguma proposta da parte da ASAE para uma alteração legislativa que proibisse a venda de hambúrgueres já feitos nos talhos, o responsável lembrou que “o quadro legal obedece a um enquadramento comunitário”.

“Portugal é parte integrante e tem de ter presente qual o quadro sobre este tipo de situações nos vários países da União Europeia e nós, com os vários parceiros da UE não temos uma sinalização de risco que se coloque neste tipo de situação”, acrescentou.

Pedro Portugal Gaspar lembrou ainda que a ASAE tem de ter elementos que lhe que permitam atuar para eventuais suspensões de atividade ou encerramentos de instalações.

“Temos de ter elementos para poder tomar medidas com a devida proporcionalidade, sob pena de tomar medidas desproporcionais para todos os agentes, quer consumidores que agentes económicos”, concluiu.

Contrariar a indústria tabaqueira
A luta contra o tabaco traz benefícios económicos e não prejudica financeiramente os países, declarou a secretária-geral da...

Margaret Chan indicou os avanços nas políticas para reduzir o consumo de tabaco como uma das maiores realizações nos dez anos em que esteve à frente da Organização Mundial da Saúde (OMS), depois de dois mandatos que terminará em meados deste ano.

“A conclusão é clara: o controlo do tabaco tem um bom sentido económico e não prejudica as economias. A evidência é abundante e convincente e deve pôr fim a um dos argumentos mais frequentes da indústria”, afirmou Chan na primeira sessão do ano do conselho executivo da OMS.

A luta contra o tabaco foi um tema central nos mandatos de Margaret Chan, que hoje pediu aos delegados do comité executivo que continuem a persuadir os seus governos em relação às vantagens económicas de aumentos os impostos dos cigarros.

“Os ministros da Saúde estão convencidos. Peço-lhes que convençam os ministros das Finanças, do Comércio, dos Negócios Estrangeiros para que não se deixem influenciar pelos falsos argumentos da indústria tabaqueira”, afirmou.

Dados publicados este ano e citados por Chan indicam que as perdas económicas pelo consumo de tabaco superam amplamente o que arrecadam os governos em termos de impostos.

Estudo evidencia
Um estudo de investigadores do Porto e de Bragança indica que a cirurgia corretiva do pé boto (torto), uma deformidade...

"Até há pouco tempo pensava-se que o pé contra lateral [oposto ao operado] tinha um comportamento de membro saudável", tendo este trabalho demonstrado que as crianças submetidas a tratamentos cirúrgicos desenvolveram uma estratégia de marcha "singular para compensação do membro patológico", explicou a investigadora Andreia Flores.

Verificou-se também que estas crianças apresentam maior instabilidade de movimentos nos membros inferiores afetados e maior rigidez nas articulações do joelho e do tornozelo por parte do membro operado.

Com este estudo, denominado "Análise da marcha em crianças com tratamento cirúrgico do pé boto", pretendia-se analisar a marcha de crianças submetidas a este tipo de procedimento, que era recomendado há cerca de duas décadas.

Foi focado na região mais crítica (articulações do pé), onde foram analisadas as forças de reação do solo e os ângulos da articulação e registada a ativação muscular de alguns músculos da perna, recorrendo à eletromiografia.

O projeto surgiu de uma colaboração entre o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), o Laboratório de Biomecânica da Universidade do Porto (LABIOMEP) e o serviço de Ortopedia Pediátrica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), tendo os dados sido obtidos através de avaliações a crianças com o pé boto, tratadas e seguidas no Hospital de São João.

As crianças com esta patologia apresentam alterações anatómicas diversas, como um menor comprimento dos tendões do pé e da perna e um incorreto posicionamento do pé, podendo este encontrar-se parcialmente ou totalmente rodado, por exemplo.

As causas da patologia "não são completamente conhecidas" mas acredita-se que estejam relacionadas com fatores ambientais, deficiências vasculares, posicionamento do embrião no útero, inserções musculares anormais bem como fatores genéticos, sendo esta última a mais aceite.

O tratamento atualmente preconizado, segundo a investigadora, não recorre necessariamente à cirurgia, podendo ser substituído pelo método de Ponseti, que consiste numa técnica de manipulação em gesso, colocado até à base da coxa. O gesso é trocado, em média, a cada sete dias, num total de cinco a sete substituições.

A cirurgia corretiva, indica ainda, tem como principal desvantagem induzir a pés muito rígidos e deformados, que prejudicam a eficiência da marcha.

Financiado pelo LABIOMEP, com o apoio da FMUP e do IPB, o estudo foi liderado pelo investigador da FEUP Mário Vaz e pelo médico do Hospital de São João e especialista no método de Ponseti, Nuno Alegrete, tendo a colaboração dos professores Arcelina Marques, do Instituto Superior de Engenharia do Porto, e Paulo Piloto, do IPB, e da equipa de técnicos do LABIOMEP.

Neste momento, Andreia Flores integra uma equipa de investigação em Engenharia Biomédica do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial - INEGI, que tem participado em projetos relacionados com a biomecânica, orientados para a indústria, o lazer, a saúde e o desporto.

Situação agravou desde dezembro
A Organização Mundial de Saúde encontra-se em alerta perante a propagação de surtos de gripe das aves, com casos reportados em...

“Peço aos países que vigiem atentamente os focos de gripe das aves e os casos humanos que possam estar relacionados com eles”, disse a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, na sua intervenção durante a primeira sessão do comité executivo da Organização.

Vários dos surtos reportados à OMS correspondem a tipos de vírus altamente infecciosos em aves de capoeira e em aves selvagens.

Das estirpes virais que passaram para o ser humano, Chan mencionou o caso do vírus H7N9, que circula na China desde 2013 e que provocou mais de um milhar de casos da doença com uma mortalidade de 38,5%.

Também aparecerem recentemente novas estirpes, como a H5N6, que está a provocar um surto grave na Ásia e que provém do intercâmbio genético de quatro diferentes vírus.

Surtos de gripe das aves registaram-se ainda em países como Chile, Croácia, Japão e Taiwan.

A situação agravou-se desde dezembro, com um aumento inesperado e forte de casos, o que leva a diretora-geral da OMS a pedir a todos os países cumprir com a obrigação de detetar e avisar de casos humanos que sejam identificados.

O comité executivo da OMS, uma instância de decisão composta por 34 países membros, reúne-se entre hoje e o dia 1 de fevereiro para, entre outros assuntos, eleger os três candidatos a substituir Margaret Chan. Esta eleição ocorrerá em maio.

Indústria tabaqueira acredita que sim
Se o enorme investimento feito pelas tabaqueiras nas alternativas aos cigarros clássicos resultar, os fumadores passarão a usar...

Demonizadas por venderem um produto que provoca doenças graves, cercadas por legislações cada vez mais restritivas, as grandes tabaqueiras querem salvar o seu negócio... acabando com os cigarros clássicos. Paradoxal? Parece, mas este caminho para um mundo livre de fumarada — no longo prazo, claro — está a ser desbravado pelas mesmas multinacionais que continuam a arrecadar milhões e milhões com os velhinhos maços de tabaco.

Portugal foi um dos primeiros países escolhidos para servir de teste e de rampa de lançamento para um dos produtos que a Philip Morris International (a PMI, de que a Tabaqueira é subsidiária no nosso país) acredita ser o futuro do colossal negócio: um dispositivo que tenta mimetizar ao máximo a inigualável experiência proporcionada pelo cigarro tradicional, enquanto, em simultâneo, promete ser “potencialmente” muito menos nocivo para a saúde. O iQOS (I quit ordinary smoking) é um aparelho, com o preço de 70 euros, que se assemelha a um pequeno telemóvel e funciona como um carregador de uma caneta onde se enfiam os heatsticks, uma espécie de mini cigarros que incluem filtro, tabaco e se vendem em maços de 20 unidades, por 4,70 euros. Estes heatsticks são aquecidos na caneta e libertam um aerossol. A Tabaqueira adianta que, num ano, conquistou perto de 10 mil consumidores. Mas a ambição é, no limite, conquistar todos os fumadores.

Philip Morris pode deixar de fabricar cigarros
Foi o próprio presidente executivo da PMI que admitiu, numa polémica entrevista à BBC, em Novembro passado, que a empresa poderá no futuro deixar de fabricar cigarros tradicionais, à medida que o mercado de produtos alternativos for conquistando terreno. No futuro, a simples imagem de acender um cigarro e fazer fumo desaparecerá, portanto. Mas os viciados em nicotina não. Este é um produto para os fumadores inveterados, os que não querem ou não conseguem largar o cigarro, alega. Não é um cigarro eletrónico, porque estes funcionam com líquidos que podem ou não conter nicotina e produzem vapor.

Qual é o segredo destes novos produtos, então? É simples: em vez de queimar, como no cigarro convencional, em que a combustão chega aos 800 graus Celsius, aquece-se folha de tabaco a uma temperatura inferior (250º a 350º) no dispositivo. João Travassos, presidente da Associação Portuguesa de Vaping, não acredita que este produto tenha pernas para andar neste mercado tão exigente: “Não sabe a nada, é pouco prático, é caro. Dizem que é um produto alternativo ao tabaco mas não deixa de ser tabaco”. Travassos acredita que o futuro passa é pelos cigarros eletrónicos: “Até a minha mãe, que fumava dois maços, usa agora líquidos com vários sabores, sem nicotina. Os e-cigars são menos nocivos”.

Não há coincidências: o novo produto da Tabaqueira, que se segue a outras experiências que não resultaram no passado, está a ser divulgado em Portugal numa altura em que no Parlamento se discutem alterações à legislação atual. Mudanças que, a concretizar-se, vão equiparar estes produtos aos cigarros clássicos e, portanto, interditar o seu uso em espaços públicos fechados e a publicidade a estes artigos.

A PMI alega que o iQOS é “90 a 95% potencialmente menos nocivo” do que os cigarros convencionais. O “potencialmente” não surge por acaso. Não há por enquanto estudos independentes. Os únicos estudos disponíveis foram efetuados pelos mais de 400 cientistas e especialistas contratados pela multinacional, que afirma já ter gasto perto de 3 mil milhões de euros na investigação, desde 2008. A PMI não está sozinha nesta corrida. O conceito heat not burn (aquecer não queimar) já tem muitos anos. Pelo caminho ficaram muitos produtos. As outras grandes tabaqueiras, como a British American Tobacco (BAT), com o glo e o glo Ifuse, a Reynolds American (que acaba de ser comprada pela BAT) e a Japan Tobacco (com o Ploom e o PAX), têm investido muito nesta área.

A Reynolds foi a primeira, em 1988, com o Premier. Seguiu-se o Eclipse, que emergiu das cinzas do anterior. “O fumo desaparece. A sua namorada não”, rezava o slogan. Com o tempo, vários novos produtos, tabaco aquecido e também cigarros eletrónicos — porque as tabaqueiras renderam-se entretanto também a estes dispositivos — foram surgindo, falhando e dando lugar a sucedâneos. O iQOS é apenas mais um, enfatizam os críticos. Mas o grande passo, para a PMI, foi a entrega, em Dezembro, do dossier com os resultados dos estudos à FDA (agência norte-americana que regula a segurança de medicamentos e de outros produtos).

Cepticismo dos médicos
Os médicos que lidam com doenças graves causadas pelo tabagismo olham para estas tentativas da indústria tabaqueira com ceticismo. Notam que as tabaqueiras apenas “estão a fazer o que sempre fizeram — vender produtos que causam dependência”. “São novas formas inteligentes e apelativas de não desligar as pessoas do hábito, do gesto e da cultura de fumar”, lamenta o pneumologista Carlos Robalo Cordeiro. Também o especialista em saúde pública Henrique Barros, que deixou de fumar aos 42 anos, é muito crítico: “Não há tabaco que faça bem ou menos mal. Esse foi sempre o discurso deles”. Hilson Cunha Filho, da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, admite que, até ao momento, os resultados dos estudos apresentados “são promissores”. O problema, frisa, é que “não foram replicados pela comunidade científica idónea”.

A indústria invoca a redução de risco, mas essa “não pode ser a questão principal”, contrapõe João Boléo Tomé, coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. “Dizer que a manteiga tem 50% menos lípidos não a torna um produto sem lípidos, (...) mas passa uma ideia positiva ao consumidor. No caso do tabaco e da nicotina está demonstrado que não há um nível seguro”, defende. E acrescenta: “É ingénuo pensar que após um século a vender e promover um produto que mata metade dos seus consumidores, [a indústria tabaqueira] agora queira subitamente preocupar-se apenas com a saúde. Isto já aconteceu em muitas outras ocasiões no passado (os cigarros light, os cigarros de baixo teor de alcatrão, etc)”. “É uma guerra muito complicada”, corrobora a pneumologista Ana Figueiredo, para quem os novos produtos do tabaco tornam “mais complicado fazer a desnormalização do hábito de fumar”.

Também Emília Nunes, responsável pelo programa antitabágico na Direção-Geral da Saúde, não acredita que o iQOS seja “uma alternativa segura ao consumo de tabaco”. “Ainda não há estudos publicados, por entidades independentes, e sem conflitos de interesses com a indústria, que permitam conhecer com exatidão o tipo e a quantidade de substâncias cancerígenas, tóxicas ou mutagénicas existentes no aerossol”, frisa. Nesta equação entram ainda os cigarros eletrónicos, que conheceram um boom em Portugal em 2013, para depois perderem mercado. Emília Nunes nota que os riscos destes até são inferiores: “Embora a investigação sobre as emissões e os riscos dos cigarros eletrónicos ainda esteja em curso, os riscos dos produtos de tabaco por aquecimento são certamente superiores aos decorrentes do consumo dos eletrónicos, devido ao facto de conterem tabaco na sua composição”.

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