Patologia musculoesquelética
Considerada como um dos maiores problemas de saúde pública atuais, a dor afeta cerca de 30 por cento

De acordo com dados internacionais, as doenças do sistema musculoesquelético são a causa mais frequente de morbilidade, estimando-se que afete entre 20 a 30 por cento da população adulta em toda europa.

Responsável pela perda estimada de 1,5 milhões de dias de trabalho anuais para quem sofre da doença, este problema acarreta um custo económico que ultrapassa os dois mil milhões de euros por ano. Um valor que apenas é superado pelas doenças cardiovasculares.

A mesoterapia, considerada uma arma terapêutica valiosa no tratamento da dor, sobretudo na patologia musculoesquelética, tem, em última análise, como objetivo melhorar qualidade de vida aos doentes.

“A mesoterapia é uma técnica médica que consiste na aplicação intradérmica de fármacos na projeção ortogonal da dor ou da lesão a tratar”, começa por explicar o fisiatra Ribeiro Mendonça, responsável pela consulta de Mesoterapia do Hospital de São José, em Lisboa.

Ao contrário do que acontece em França, por exemplo, país onde teve origem e onde ela é aplicada “em múltiplas patologias de várias especialidades”, em Portugal é usada para tratar sobretudo tendinites, tenosinovites, bursites, patologia muscular e patologia articular degenerativa ou inflamatória. “Outra grande área de aplicação é na estética (foto-envelhecimento, rugas, obesidade, hidrolipodisrofia, flacidez e outras)”, acrescenta o especialista, autor do manual técnico “Mesoterapia”, publicado pela editora Lidel.

Tratando-se de um ato médico que implica a decisão de prescrição medicamentosa na mistura, a mesoterapia pode ser aplicada por qualquer médico, “seja de que especialidade for”.

“Na mesoterapia usamos misturas de 2 ou 3 fármacos, que depois são aplicados intraderme, com agulhas muito finas e curtas (com 4 ou 6 mm de comprimento)”, refere adiantando que estes fármacos são escolhidos em função da patologia e do efeito que se pretende obter.

“Na dor musculoesquelética usamos anestésicos, lidocaína em patologia aguda e procaína na crónica, AINES, relaxantes musculares, vasodilatadores, venotónicos, entre outros”, enumera.

Apesar de ser possível existirem reações adversas, “umas relacionadas com a técnica (equimoses e hematomas devido ao atingimento de vasos sanguíneos), outras relacionadas com os fármacos (desde alergia local tipo urticária até reação anafilática)”, a mesoterapia apresenta várias vantagens relativamente a outras técnicas ou armas terapêuticas.

“Na mesoterapia não existe o efeito de 1ª passagem, biotransformação do fármaco antes de atingir o local de ação, que pode ser no sangue mesentérico, na parede do intestino e principalmente no fígado. Ao não haver este efeito o risco de efeitos secundários é muito menor”, justifica Ribeiro Mendonça.

Por outro lado, de acordo com este especialista, trata-se um tratamento muito barato, que pode ser aplicado em doentes com patologias muito graves “como insuficiência renal em hemodiálise, neoplasias em tratamento ativo ou doentes a fazer anticoagulação”. “Nos doentes idosos polimedicados evita a toma de analgésicos e AINES”, acrescenta.

Deste modo, qualquer doente pode recorrer à mesoterapia desde que o sintoma dominante seja a dor. “Não existe qualquer cuidado especial, para além de inquirir sobre qualquer incompatibilidade farmacológica e verificar o estado da pele no local do tratamento”, assegura o fisiatra. “Nas grávidas, lactantes e crianças os cuidados são os mesmos que usamos em relação a qualquer medicação por via oral para este grupo”, refere ainda.

Apesar de não trazer a cura a algumas patologias, esta técnica promove o alívio dos sintomas. “Nas patologias agudas, tendinites, tenosinovites e bursites existe cura. Nas patologias crónicas, nomeadamente nas artroses, existe alívio dos sintomas o que levará à menor toma de analgésicos e AINES”, admite.

E os resultados são imediatos. “Logo após o 1º tratamento devido ao anestésico usado na mistura sente-se alívio das dores. Nas artroses da coluna podemos fazer 3 ou 4 sessões com periodicidade semanal, depois repetimos 1 sessão quinzenal também 3 ou 4 vezes e finalmente quando as queixas são menores fazemos sessões mensais ou de 2 em 2 meses”, explica.

Para além da dor musculoesquelética esta técnica também pode ser aplicada no tratamento da dor neuropática.

As consultas de mesoterapia encontram-se, habitualmente, inseridas num serviço de Medicina Física e de Reabilitação e, por isso, de fácil acesso a qualquer pessoa. “O exemplo maior é o Hospital São José onde a consulta existe desde Maio de 1993”, refere o responsável pela consulta.

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Universidade da Beira Interior cria
A Universidade da Beira Interior vai implementar um biobanco, que visa "criar um repositório de amostras humanas e de...

"Com esta valência, é dado um contributo para melhorar os meios à disposição da investigação na área da saúde, não só dentro da Universidade da Beira Interior (UBI), mas também ao nível regional e nacional", está referido na nota de imprensa publicada na página da internet desta instituição de ensino superior sediada na Covilhã, distrito de Castelo Branco.

A nova valência ficará na Faculdade de Ciências da Saúde e a inauguração está marcada para dia 24.

Segundo a nota, a estrutura "está apta a receber materiais de todo o país para serem utilizados, mediante as regras internacionais de gestão de biobancos, em futuros projetos de investigação no campo da saúde, como, por exemplo, em áreas ligadas à caracterização genética de patologias, novos métodos de diagnóstico ou novas terapêuticas".

"As coleções que vão estar reunidas podem incluir tecidos, amostras de sangue ou de ambiente, entre outras", acrescenta a nota.

De acordo com o referido, "a inclusão de coleções ambientais justifica-se com a importância que o ambiente tem na saúde humana".

"No atual quadro de investigação, as instituições começam a apostar na criação de biobancos - alguns de patologias específicas -, mas, com esta concretização, a UBI desenvolve um espaço onde será feito um trabalho sistematizado de catalogação", aponta.

O espaço é composto por equipamentos de alta tecnologia, que, entre outras opções, podem armazenar os materiais a baixas temperaturas - até -180 C (criopreservação) - e gerir o armazenamento de amostras, permitindo a organização sistemática e controlada da sua localização.

"Desta forma, a estrutura assegura o cumprimento de boas práticas, garantindo qualidade e segurança", salienta.

A informação especifica ainda que a equipa do biobanco é composta pelos docentes e investigadores Ignacio Verde, Lurdes Monteiro, Adriana Santos e Maria João Lima.

A instalação do espaço é cofinanciada pelo Programa Operacional Temático Valorização do Território (POVT), no âmbito do Eixo Prioritário de Infraestruturas e Equipamentos para a Valorização Territorial e o Desenvolvimento Urbano, tendo contado com o apoio financeiro do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

Desde 2014
A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal foi novamente distinguida como Centro de Referência de Diabetes Pediátrica,...

O certificado de Centro de Referência de Diabetes Pediátrica é atribuído pelas entidades científicas ISPAD (International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes), SWEET (Better control in Pediatric and Adolescent diabeteS: Working to crEate CEnTers of Reference) e IDF Europa (International Diabetes Federation, European Region), a organizações que demonstrem, pela sua atividade, serem capazes de prestar serviços de excelência na área da diabetes pediátrica.

Na Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), são cerca de mil as crianças e os jovens com Diabetes tipo 1 acompanhados no Departamento de Pediatria, composto por uma equipa de saúde especializada e multidisciplinar que, a par das consultas, está capacitada para o tratamento com recurso às mais recentes tecnologias, como é o caso das bombas de insulina e dos dispositivos de monitorização contínua de glicose.

Enquanto instituição associativa, a APDP organiza campos de férias, fins-de-semana e visitas educativas, encontros que incentivam a partilha de experiências entre crianças e jovens com diabetes. Criou, em 2012, o Núcleo Jovem da APDP e desenvolve cursos de formação dirigidos a pais e cuidadores de crianças com diabetes tipo 1.

“Este é um merecido reconhecimento que a APDP recebe, mais uma vez, pelo seu trabalho de aconselhamento, diagnóstico, promoção de boas práticas e aplicação de medidas que promovem a melhoria da qualidade de vida das pessoas com diabetes”, defende o presidente da APDP, Luis Gardete Correia.

A APDP é a associação de pessoas com diabetes mais antiga do mundo e uma das maiores Clínicas de Diabetes da Europa. 

Ordem dos Nutricionistas
A Assembleia da República discute hoje, dia 5 de janeiro, uma petição coletiva sobre a inclusão de opções vegetarianas nas...

A Ordem dos Nutricionistas, que emitiu já para a Assembleia da República um parecer sobre a matéria durante a discussão de diversos projetos de lei com teor semelhante, reconhece a pertinência desta iniciativa legislativa.

A promoção do consumo de alimentos de origem vegetal é reconhecidamente positiva mas, à semelhança de outras dietas, o legislador deverá ter em conta que uma dieta vegetariana poderá não ser sinónimo de uma alimentação saudável e equilibrada, veja-se o caso de pratos como seitan com natas ou alho-francês à Brás.

Assim, uma dieta vegetariana, se mal planeada, pode ser tão prejudicial como uma dieta não vegetariana desequilibrada.

Portanto, importa sublinhar que a adoção de um padrão alimentar do tipo vegetariano deve ser complementada por uma sistemática e vigilante combinação de alimentos com vista à obtenção da quantidade adequada de vitaminas necessárias a uma vida saudável, como a vitamina B12, minerais, como o ferro, ácidos gordos ómega 3 e proteínas.

Esta complementaridade de nutrientes deve ser ainda mais ativa no caso de crianças e adolescentes, uma vez que as suas necessidades particulares exigem ser cuidadosamente acautelados a presença de nutrientes essenciais na sua alimentação.

Nesse sentido, a Ordem dos Nutricionistas considera a inclusão de opções vegetarianas nas cantinas públicas, em particular de estabelecimentos de ensino, deverá ser considerada assegurando o adequado aporte nutricional destas refeições, pelo que deverão as ementas ser sempre elaboradas e supervisionadas por nutricionistas, visto serem estes os profissionais de saúde com as competências técnicas e científicas nas matérias relacionadas com a alimentação e nutrição.

A Assembleia da República deverá aproveitar a pertinência desta petição para assegurar o cumprimento obrigatório do preconizado nos referenciais da Direção-Geral de Educação relativos a cantinas e bufetes escolares e ainda para a materialização da Resolução n.º 67/2012, que prevê a necessidade da presença de nutricionistas nas escolas.

A alimentação escolar foi eleita pela Ordem dos Nutricionistas como uma das suas prioridades de atuação neste ano de 2017, tendo como principal ponto de ordem a necessidade de contratação de nutricionistas pelas Direções de Serviço Regionais de Educação para que supervisionem e orientem a elaboração das ementas de cantinas escolares de acordo com os princípios de uma alimentação saudável e equilibrada. 

Novo regulamento
Jovens médicos não podem fazer mais de três fins de semana em oito, nem mais de 50% em urgências noturnas. Diretores clínicos...

A Ordem dos Médicos impôs limites aos hospitais no recurso a médicos internos para as urgências: não podem fazer mais de três fins de semana a cada oito, nem podem fazer mais de 50% das urgências em horário noturno. O novo regulamento, publicado dia 1, proíbe também que os internos sejam obrigados a fazer horas extra dois meses antes de fazerem o exame de fim de especialidade. O bastonário avisa: diretores clínicos incumpridores sofrerão processos disciplinares.

"Nos hospitais com equipas dedicadas às urgências, estas só fazem urgências durante o dia e durante a semana. Os internos estavam a ser compelidos a fazer noites e fins de semana. Estamos a ser razoavelmente permissivos e o regulamento é de bom senso para facilitar os hospitais", diz ao Diário de Notícias José Manuel Silva, bastonário dos médicos.

"É preciso impor limites. Havia hospitais a escalar internos quase todos os fins de semana. Os internos são profundamente coagidos em muitas circunstâncias que colocam em causa a sua formação: as áreas do estudo, investigação e enfermaria ficam prejudicadas. Tem de haver equilíbrio nas várias áreas de formação. Foi lançado na segunda inquérito para vermos o grau de cumprimento das regras de norte a sul do país", adianta.

Carlos Cortes, presidente secção Centro da Ordem e do Conselho Nacional de Pós-graduação, reforça: "Todas as semanas chegavam queixas de internos por serem escalados de forma indevida. O que estava a acontecer era um abuso laboral na utilização de internos até onde não deviam ser usados, ao serem colocados em escala como se fossem especialistas. O regulamento é equilibrado, mas penso que será de difícil aplicação porque os conselhos de administração usam e abusam dos internos para colmatar a falta de médicos que têm".

A Ordem dá três meses aos hospitais implementarem as novas regras. E se não forem cumpridas, afirma José Manuel Silva, haverá mão pesada: "Enviámos uma carta a todos os diretores clínicos a afirmar, de forma assertiva, que o regulamento da Ordem é para cumprir. Se não o fizerem, passaremos à fase das consequências em que os diretores clínicos que não cumprirem as regras, sem aviso e fundamentação, sofrerão processos disciplinares".

O regulamento reforça que os internos não têm autonomia para fazerem urgências sozinhos. "Têm de estar sempre tutelados. Os colégios das especialidades já permitiam, em algumas circunstâncias, que os internos assumissem a função de especialista desde que tutelado por um especialista em presença física ou em chamada. O regulamento tornou as regras mais claras e iguais para todos".

Capacidades no limite
Os hospitais estão a receber os novos internos. E voltou a bater-se um recorde: 3839, entre ano comum e especialidades. "É tempo de o governo deixar de usar a desculpa da falta de médicos. O que não há é dinheiro para o SNS atrair médicos e pagar horas extra aos já contratados. Não podemos aumentar mais as vagas de formação. Estamos no limite e a colocar em causa a qualidade. Recebemos comunicações desesperadas de internos a dizer que não conseguem operar horas suficientes para ter autonomia. É altura de fazermos um planeamento a longo prazo", diz o bastonário.

Em Portugal
Medicamentos inovadores ajudam sistema imunitário combater tumores. Em Portugal, já foram concluídos 34 ensaios.

José Pedro Valinhas, 73 anos, sentia-se "ótimo fisicamente" e já era "quase um golfista profissional" quando lhe foi diagnosticado um cancro gástrico, em janeiro do ano passado. "Detetou-se o problema numa fase muito avançada, pelo que não podia ser resolvido com cirurgia", contou ao Diário de Notícias. Começou a fazer quimioterapia no IPO do Porto "mas os resultados não eram animadores". Além disso, não reagiu bem. "Sentia-me muito mal. Tinha crises, infeções." Há nove meses surgiu uma nova esperança. José Pedro começou a participar num ensaio clínico com pembrolizumab, medicamento na área da imunoterapia, um tipo de tratamento que ativa o sistema imunitário na luta contra o cancro. É um dos voluntários dos 17 ensaios que decorrem em Portugal na área da oncologia com imunoterapia. Já foram concluídos 34, a maioria com indicações sobre doenças hematológicas malignas (26%) e neoplasias do sistema digestivo (26%).

Ao Diário de Notícias, José Valinhas conta que "os últimos resultados mostram que houve uma regressão da espessura do tumor e das metástases em quase 50%". "Sinto-me ótimo, o que não quer dizer que esteja ótimo." José "imaginava que ia ter poucos meses de vida" e, neste momento, diz que não sente "praticamente nada". Isto porque, no seu caso, os efeitos secundários "são nulos".

A imuno-oncologia atua ao nível do sistema imunológico. "Nós temos lá os soldados todos, que têm as armas mas não têm balas. Nós vamos dar-lhes balas para que eles cumpram as suas funções", explicou ao Diário de Notícias Emanuel de Jesus, médico oncologista no IPO de Coimbra, onde cerca de 30 doentes fazem tratamento na área da imunoterapia. Os tumores adormecem o sistema imunitário e o que estes fármacos fazem "é reativar as células imunitárias, os nossos linfócitos, que iriam fazer a função de destruição, de modo a que voltem a essa função". Assim, "conseguimos diminuir a carga tumoral, de forma a perspetivar que um dia podemos vir a ter uma remissão completa". A finalidade, esclarece, "não é curar - embora haja uma percentagem de indivíduos que ficam em remissão completa - mas o importante é estender a sobrevivência do doente sem doença". Além de um ganho de sobrevida, os doentes ganham qualidade de vida.

Desde 2006, o Infarmed contabiliza "34 ensaios clínicos concluídos na área de oncologia com imunoterapia". Depois dos cancros do sistema digestivo e sangue, os cancros mais visados pelas investigações são o da mama (18 %), as neoplasias do sistema reprodutor feminino (9%), o do pulmão (6%) e o carcinoma da cabeça e do pescoço (6%). Nos últimos anos, a tendência é para uma participação cada vez maior de doentes nos ensaios. Enquanto os quatro ensaios concluídos em 2009 previam a participação de 32 doentes oncológicos, o mesmo número de testes finalizados no ano passado abrangeram 103 pessoas.

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) aprovou no ano passado dois fármacos: o nivolumab e o pembrolizumab, que podem ser usados em melanoma, cancro do pulmão e rim. À exceção do melanoma - para o qual a imunoterapia passou a ser a primeira linha de tratamento -, são tratamentos de segunda linha, isto é, para doentes que já passaram pela quimioterapia, mas que não tiveram os resultados desejados. Ambos são usados em fases avançadas da doença, mas estão neste momento a ser testados para outros cancros e para fases mais precoces.

Mais qualidade de vida
"A quimio leva tudo à frente. A imunoterapia trouxe esperança a quem estava a ver um buraco demasiado negro. Agora faço uma vida quase normal." Maria Paula Mano tem 50 anos e um melanoma metastizado. Está desde janeiro de 2015 a participar num ensaio clínico com nivolumab. "No meu caso, funcionou muito bem. Houve uma regressão nos tumores aliada à quase inexistência de efeitos secundários." De 15 em 15 dias, vai ao IPO do Porto fazer tratamentos. "Põem-me um cateter na veia e é feita uma perfusão durante uma hora." No dia seguinte sente-se cansada. "Mas depois recupero."

Paula é cautelosa quanto ao sucesso do tratamento. "Vamos ver como o organismo reage. O sistema imunitário tem memória. Espero que tenha efeito a médio/longo prazo." O pesadelo começou em fevereiro de 2013 com uma consulta no dermatologista devido a uma "lesão atípica" no nariz. Seguiu-se uma biópsia e um diagnóstico aterrador: melanoma. Três meses depois da primeira cirurgia, uma metástase no pescoço. Mais uma cirurgia e três semanas de radioterapia. "Quase não comia." Em maio de 2014, mais uma metástase, desta vez numa vértebra lombar. Uma nova cirurgia e mais radioterapia. "Fiquei praticamente sem andar."

Depois vieram as metástases no pulmão e no fígado. Seguiu-se a quimioterapia, mas a situação continuava a agravar-se. Em outubro de 2014, Paula iniciou um ciclo de imunoterapia com o fármaco ipilimumab. "Mas as metástases continuavam a progredir. Estávamos num impasse. Não havia mais nada a fazer." É então que a médica do IPO lhe fala num ensaio clínico com outro fármaco de imunoterapia: o nivolumab. "Passados quatro meses fiz uma reavaliação e as metástases tinham reduzido quase 50%. Foi uma notícia maravilhosa." Mas, ressalva, do grupo de seis pessoas que iniciaram o tratamento ao mesmo tempo "só três tiveram sucesso".

A Unidade de Investigação Clínica do IPO do Porto tem dez ensaios clínicos na área de oncologia com imunoterapia, envolvendo mais de 70 doentes. Há ensaios em melanoma, cancro do pulmão, cabeça e pescoço, rim, cancro gástrico. "A imunoterapia é uma terapêutica muito promissora, como têm demonstrado os ensaios nas diversas áreas. As taxas de resposta eram muito baixas e a imunoterapia veio revolucionar o tratamento do cancro, especialmente do melanoma", diz Deolinda Pereira, diretora do serviço de oncologia médica do IPO do Porto.

Não funciona com todos
Há um grande entusiasmo à volta da imunoterapia, mas o oncologista Emanuel de Jesus diz que é preciso um "esclarecimento à população": "A imunoterapia funciona, mas mediante critérios e patologias. Não serve para todo o tipo de tumores." E não é desprovida de efeitos secundários, que resultam, sobretudo, da ativação do sistema imunitário: inflamação, diarreia, febre, reações cutâneas. A tiroide e as suprarrenais também podem ser atingidas. "Há poucos efeitos secundários de nível três e quatro. Não se comparam à quimioterapia na exuberância. Mas na quimioterapia também há doentes que não os têm. Em percentagem são mais, mas em termos de intensidade são menos e mais fáceis de manusear", ressalva o oncologista.

Nos doentes que manifestam efeitos secundários graves, pode ser necessário suspender o tratamento, temporária ou definitivamente. "Nesses indivíduos verificou-se que depois de suspender o tratamento manteve-se a eficácia. Significa que estamos a dar memória que pode levar à destruição da célula tumoral", destaca.

Segundo os especialistas ouvidos pelo Diário de Notícias, há uma "toxicidade diferente" daquela que existe com a quimioterapia, o tratamento convencional, que atua sobre o tumor . "Há uma panóplia de efeitos que temos de estar preparados para reconhecer e saber lidar com eles. É preciso monitorizar muito bem estes doentes", destaca Deolinda Pereira.

Milhões de euros por ano
Neste momento, os fármacos têm custos muito elevados. Ao DN, Luís Costa, presidente da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro, fala em valores anuais na ordem dos 60 a 80 mil euros por doente (ver entrevista). Deolinda Pereira confirma que a imunoterapia representa um investimento de "milhões de euros" por ano. Mas os custos que virá a ter no futuro ainda estão a ser discutidos pelas entidades competentes em Portugal. "A grande vantagem dos ensaios é que os doentes têm acesso à medicação numa fase mais precoce e as instituições têm financiamento", sublinha a responsável pelo serviço de oncologia do IPO do Porto. Em Portugal, o doente não recebe para participar no ensaio, "mas há casos em que são pagas as deslocações e as refeições".

No final do ano estavam ativos 17 ensaios clínicos nesta área em Portugal e há um grande interesse dos doentes para se submeterem a testes com este tipo de fármacos. Emanuel de Jesus diz que é frequente receberem telefonemas de familiares de doentes oncológicos no Instituto Português de Oncologia de Coimbra manifestando interesse em experimentar este tratamento. E há sempre uma expectativa muito grande: "Nos doentes a quem introduzi a terapêutica, tive de dizer que não era efetiva para toda a gente, que não sabia se ia cair no lado da resposta e na progressão", indica.

Em relação ao ano passado
A afluência aos hospitais está a ser bastante superior ao ano passado, com cerca de 20 mil ocorrências de urgência em dezembro...

Já não restam dúvidas de que este Inverno será particularmente trabalhoso para médicos, enfermeiros, técnicos e assistentes hospitalares. No Serviço Nacional de Saúde (SNS) , apurou o Diário de Notícias, o mês de dezembro registou um acréscimo de 10% ou superior das idas às urgências em várias regiões do país. E também os privados estão a notar uma procura invulgar, com ocorrências que chegam a ser superiores em 20% aos números do mesmo período de 2015.

Só na ARS de Lisboa e Vale do Tejo, de acordo com dados revelados ao Diário de Notícias pelo Ministério da Saúde, registaram-se em dezembro 132 214 episódios de urgência. Um número que representa quase mais 20 mil casos (19 362) do que os contabilizados no mesmo mês de 2015. A ARS Norte fechou o mês de dezembro com 169 756 ocorrências, cerca de 6700 a mais do que no ano passado. E a tendência parece ser generalizada. No Hospital de Évora, por exemplo, as ocorrências passaram de 6461 para 6830.

Num ano em que a estirpe da gripe dominante (H3N2) é particularmente virulenta, o Ministério da Saúde tomou algumas medidas preventivas, como o prolongamento dos horários dos centros de saúde, alguns dos quais também abertos aos fins-de-semana, para oferecer uma alternativa às urgências hospitalares. Mas a pressão sobre estas manteve-se alta. Não só pelos números mas também, ao que o Diário de Notícias apurou, porque uma parte significativa dos utentes são idosos, com quadros já frágeis que são agravados por infeções respiratórias e pela gripe, e cujo atendimento implica um maior esforço, quer em termos dos exames realizados quer da capacidade instalada, nomeadamente para internamentos.

No Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), os tempos de espera para doentes urgentes (pulseira amarela) rondaram ontem de manhã as 13 horas. Foi uma das unidades com as urgências mais lotadas, a par dos hospitais de São João (Porto), Vila Franca de Xira e Portimão. Números que se explicam com a procura que, no caso do Amadora-Sintra, quase triplicou a capacidade instalada.

Entre o meio-dia de terça-feira e a mesma hora de ontem, segundo dados disponibilizados ao Diário de Notícias por este hospital, os quatro serviços de urgência totalizaram 1119 utentes em espera. O mais requisitado foi o serviço de urgência geral, com 507 doentes atendidos, seguido do serviço de urgência básica (269) e do serviço de urgência pediátrica (260). passaram ainda 83 utentes pelo serviço de urgência obstétrica/ginecológica deste hospital.

"Com uma urgência que está capacitada para receber, em condições normais, 400 pessoas [por dia], é impossível, não há milagres", defendeu ao Diário de Notícias Paulo Barbosa, assessor de imprensa da unidade. "Não se trata de falta de médicos: temos equipas completas. É uma questão de afluência", sintetizou.

Ao final da tarde de ontem, mantinha-se um tempo de espera para os doentes de pulseira amarela de cerca de duas horas. Uma média que se verificava (ou era mesmo superada) na maioria dos grandes hospitais do território nacional.

Recordes no privado
Nos privados, a exigência também é alta. O Hospital da Luz "está a verificar um aumento de 20% na afluência ao seu serviço de urgência", revelou ao Diário de Notícias fonte oficial do grupo Luz Saúde. Os dados referem-se "à última semana de dezembro", precisou. "No ano passado já se tinha verificado um aumento de 6%".

Também nas unidades CUF, do Grupo José de Mello Saúde, é registado um aumento significativo da procura das urgências. "Desde o passado mês de dezembro, o serviço de atendimento permanente das unidades CUF tem registado uma maior afluência comparativamente a anos anteriores, confirmou ao Diário de Notícias fonte oficial do grupo.

"De uma forma geral, os hospitais CUF em Lisboa - CUF Descobertas e CUF Infante Santo - Cascais, Torres Vedras, Santarém, Viseu e Porto têm recebido, no atendimento permanente, mais doentes, sobretudo casos de gripe", contou. "Para facilitar a informação aos doentes, a CUF disponibiliza no seu site, em tempo real, os tempos de espera do atendimento permanente das várias unidades, atualizados a cada cinco minutos".

O grupo José de Mello Saúde não avança números totais de utentes nem diferenças percentuais face a dezembro de 2015. No entanto, o Diário de Notícias apurou que em algumas das unidades, nomeadamente no Porto, o aumento é muito significativo.

Estudo
Quem corre com regularidade costuma dizer que desenvolve pensamentos interessantes durante o exercício: ideias, memórias ou...

Uma investigação publicada no jornal científico "Frontiers in Human Neuroscience" adianta que os atletas que competem em longas distâncias desenvolvem conexões cerebrais diferentes daquelas apresentadas por pessoas sedentárias.

Essas conexões, segundo o Sapo, foram identificadas em áreas do cérebro responsáveis pela cognição sofisticada: memória de trabalho, capacidade multi-tarefa, atenção, tomada de decisão e processamento sensorial.

Os resultados sugerem que quem pratica desporto com frequência tende a ter maior interação entre partes do cérebro dedicadas à cognição e ao foco mental, desenvolvendo-as, concluem os cientistas da Universidade do Arizona que conduziram o estudo.

"O estudo mostra que afinal de contas correr pode não ser uma atividade assim tão simples", comenta Gene Alexander, professor de Psicologia e Neurologia da Universidade do Arizona.

"Correr requer habilidades de navegação complexas, além da capacidade de planeamento, controlo e resposta ao ambiente, ao mesmo tempo que se exercem todas as atividades motoras" habituais da corrida, acrescenta.

"Tal pode favorecer o desenvolvimento do cérebro, sobretudo das áreas relacionadas com a cognição", conclui o investigador.

Associação defende
A Associação Novamente, que presta apoio e acompanhamento a traumatizados crânio-encefálicos e respetivas famílias, defende que...

A propósito do Plano Estratégico Nacional de Segurança Rodoviária (PENSE 2020), e da obrigatoriedade da utilização do capacete para os condutores de bicicletas, a posição da Associação Novamente "é a de que o uso do capacete em velocípedes, deve ser obrigatório em qualquer caso", diz o organismo em comunicado.

"É importante a existência de homologação de capacetes que protegem de facto a cabeça e as respetivas regras que definem a forma como deve ser colocado", exige ainda a associação.

A Associação Novamente demonstra a sua satisfação pela nova legislação e consequente diminuição de casos de traumatismo craniano e alerta que uma queda pode mudar a vida da vítima e de toda a família, escreve o Sapo.

"É imprescindível a existência de um plano de informação e sensibilização pública sobre: a dimensão do dano que a falta de uso do capacete cria nos condutores, suas vidas e das suas famílias a curto e longo prazo; o número de acidentes de bicicleta que criam sequelas graves; as taxas de diminuição de sequelas em utilizadores de velocípedes por uso do capacete nos países que já têm esta regra implementada; a necessidade de uma campanha pública de informação sobre a colocação do mesmo de forma correta e como reconhecer um capacete homologado; ou seja, informação sobre a homologação de capacetes e que esta seja do conhecimento e reconhecimento dos utilizadores e órgãos de fiscalização, comerciantes relacionados com fabrico, venda e sistemas de aluguer", explica ainda o organismo.

Os acidentes rodoviários eram, até há pouco tempo, a principal causa de traumatismo craniano grave, em Portugal e na Europa, recorda a Associação Novamente.

Estudo
Quase 70% dos inquiridos num estudo do Observatório da Natalidade e do Envelhecimento em Portugal disseram não ter qualquer...

O estudo envolveu 1.335 pessoas com 35 ou mais anos residentes em Lisboa, Porto, Aveiro, Santarém, Castelo Branco, Bragança, Beja, Setúbal e Portimão, abrangendo as cinco NUTS II de Portugal continental. Segundo os resultados preliminares do estudo, 68% dos inquiridos disseram não ter qualquer poupança para a reforma, um dado que surpreendeu o coordenador do projeto e professor no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), Telmo Vieira.

Já quando questionados sobre se “possui atualmente algum tipo de poupança”, mais de metade (54%) das pessoas com mais de 65 anos disseram que não, número que baixa para os 48% nos inquiridos com menos de 65 anos, escreve o Sapo.

Para Telmo Vieira, a percentagem de pessoas que não têm poupanças para a reforma, “aliada às alterações da pirâmide demográfica, é preocupante no que toca às questões relacionadas com a sustentabilidade do sistema de providência social em Portugal”. O responsável aponta outro “dado relevante” do estudo, segundo o qual 7% dos entrevistados reformados não podem comprar os medicamentos prescritos, um número que na sua opinião poderá ser superior, “pois poderá ter havido pessoas que por uma questão de desconforto” podem não ter dado a resposta correta.

Maioria quer reformar-se mais cedo, mas muitos gostariam de ter um part-time
Há ainda 9% que disseram não tomar todos os medicamentos prescritos. Já 48% dos respondentes com mais de 65 anos referiram tomar quatro ou mais medicamentos diferentes por dia. A idade de reforma passou este ano para os 66 anos e três meses, no entanto, segundo o estudo, 32% disserem que gostariam de se reformar aos 63 anos.

“Existe aqui um ‘gap’ de expectativas que o país terá que acomodar com soluções que permitam até mais tarde a continuidade da participação dos cidadãos mais seniores no mundo do trabalho”, sublinha Telmo Vieira.

A investigação, da responsabilidade da PremiValor Consulting, indica ainda que 45% dos entrevistados pretendem continuar a trabalhar a tempo parcial, após a reforma.

Do total dos inquiridos reformados (550), 26% referiram exercer ou ter exercido alguma atividade remunerada após a reforma, refere o estudo, cuja coordenação científica na área do envelhecimento está a cargo de Manuel Carrageta, presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia e da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

À pergunta “presta algum tipo de apoio a pais, filhos, netos, outros familiares ou outros”, 59% disseram que não, enquanto 23% dos inquiridos com mais de 65 anos referiram prestar apoio no cuidado dos netos. Entre os inquiridos reformados, 44% disseram que nunca participam em atividades culturais, 27% disseram que nunca viajam e 51% contaram que fazem passeios ao ar livre diariamente.

Outro resultado do estudo aponta que cerca de 53% dos inquiridos estão “muito preocupados com o envelhecimento da população”, e outros 53% estão preocupados com o seu próprio envelhecimento.

Para o estudo, que decorreu em 2015 e cuja base de dados continua a ser trabalhada, foram considerados válidos 1.335 questionários, a que corresponde um erro máximo de 2,68%, tendo por base um intervalo de confiança de 95%.

Substituir cirurgia invasiva
Várias empresas estão a desenvolver protótipos de implantáveis. Na Suíça, experiências com dispositivos colocados em...

Implantar células solares sob a pele para alimentar baterias de pacemakers, um procedimento que pode substituir a cirurgia invasiva que muitas vezes é necessária para o fazer, pode vir a ser possível num futuro muito próximo. Um novo estudo internacional acaba de descobrir que essa possibilidade é concretizável. A expetativa de recorrer a implantes alimentados a energia solar levou, nos últimos anos, várias empresas a criar protótipos de implantáveis.

No Hospital Universitário de Berna, na Suíça, uma equipa liderada pelo investigador Lukas Bereuter, que também inclui especialistas da Universidade de Berna, também desenvolveu 10 dispositivos solares que podem ser usados numa braçadeira própria por cima da roupa. Para testar a invenção, escreve o Sapo, foram usados filtros óticos que cobrem as células para estimular a capacidade da epiderme absorver a luz do sol.

Um grupo de 32 voluntários locais usou o dispositivo durante uma semana ao longo das quatro estações do ano na fase de testes. Os cientistas que os monitorizaram descobriram que, independentemente da época, nunca geraram valores abaixo dos 12 microwatts de eletricidade, mais do que os cinco a 10 que um peacemaker típico exige. «[Esse valor] é suficiente para alimentar ou, pelo menos, prolongar [a vida útil desses dispositivos]», garante Lukas Bereuter.

“Usando aparelhos com células solares para os alimentar, a substituição dos peacemakers pode ser evitada e o seu tamanho pode vir drasticamente reduzido [num futuro próximo]”, acrescenta ainda o investigador. Os pormenores técnicos dos dispositivos e as conclusões pormenorizadas da experiência levada a cabo pelos cientistas suíços será divulgada na próxima edição da publicação Annals of Biomedical Engineering.

Estudo
As pessoas que vivem junto a vias onde o tráfego de veículos é intenso têm um risco maior de desenvolver demência como a Doença...

O estudo não estabeleceu qualquer relação entre a exposição ao trânsito e outras duas doenças neurológicas: a doença de Parkinson e a esclerose múltipla.

Ao analisar os casos de mais de 6 milhões de adultos residentes na província de Ontário, no Canadá, entre 2001 e 2012, os investigadores concluíram que entre 7% e 11% dos casos de demência observados em pessoas residentes a menos de 50 metros de uma via de trânsito intenso podem ser atribuídos a esta exposição.

O risco aumenta em 7% para as pessoas que vivem a menos de 50 metros, em 4% para os que estão a uma distância de 50 a 100 metros, e em 2% para uma distância de 100 a 200 metros, escreve o Sapo.

De acordo com o estudo, depois desses 200 metros parece já não existir, explica a equipa liderada por Hong Chen, da agência de saúde pública de Ontário.

O trabalho identificou os dois elementos poluidores mais envolvidos no desenvolvimento de demência, são eles o dióxido de nitrogénio (NO2) e as partículas finas emitidas pelos veículos.

Há outros fatores, como o barulho, que podem desempenhar um papel preponderante no desenvolvimento destas doenças, lê-se ainda na investigação.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há 47,5 milhões de pessoas com demência em todo o mundo, das quais 60% a 70% sofrem de Alzheimer, uma doença neurodegenerativa que leva à perda de capacidade cognitiva.

Afinal era mito
Cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido concluíram que a suposta "interrupção" do aquecimento global defendida...

Publicado na revista americana "Science Advances", o estudo confirma as descobertas divulgadas em 2015 pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) que defendiam que, longe de desacelerar, o aquecimento global tinha ganho um impulso desde o início do século.

Tanto o estudo da NOAA como o publicado esta semana na "Science Advances" negam assim a teoria de uma aparente redução na tendência de aumento das temperaturas durante o período 1998-2012, à qual os analistas se referiam como "interrupção" do aquecimento global, escreve o Sapo.

Os investigadores da Universidade de Berkeley e da Universidade de York, nos Estados Unidos e Reino Unido respetivamente, concluíram que essa pausa documentada se deveu a um erro nos métodos anteriores de medição, que calcularam uma temperatura mais quente do que o real. No passado, a temperatura dos oceanos era medida com amostras de água canalizadas através da sala de máquinas dos navios, uma área habitualmente quente. Agora, a temperatura é medida com bóias instaladas diretamente no oceano, razão pela qual os resultados são mais confiáveis.

O estudo constata que enquanto em 1980 80% das amostras eram obtidas através do primeiro método, agora essa mesma percentagem é registada com bóias.

Os defensores da "interrupção" do aquecimento global combinam nos seus estudos os resultados de ambos os métodos.

Além de constatar a origem do mal-entendido, os cientistas de Berkeley e York fizeram um estudo da evolução das temperaturas utilizando separadamente dados obtidos através de bóias, satélites e robôs flutuantes. Os resultados obtidos foram idênticos aos da NOAA.

Desde 2000, o aquecimento dos oceanos acelerou a um ritmo de 0,12 graus centígrados por década, quase o dobro relativamente ao período 1970-1999, quando o aquecimento foi de 0,07 graus a cada dez anos.

Em 2016
A PSP e a GNR registaram 13123 ocorrências de violência doméstica no primeiro semestre de 2016, representando um aumento de um...

O documento "violência doméstica - 2015, relatório anual de monitorização", da responsabilidade da Direção-Geral do Ministério da Administração Interna (DGMAI), indica que as forças de segurança receberam mais 125 participações no primeiro semestre de 2016 em relação ao período homólogo de 2015.

O relatório, disponibilizado agora pela DGMAI, adianta que o maior número de queixas foi apresentado à PSP, que registo um aumento de 3,6% nos primeiros seis meses de 2016 face a período idêntico do ano anterior, enquanto as participações que chegaram à GNR diminuíram 2,6%.

Segundo o mesmo documento, escreve o Jornal de Notícias, a GNR recebeu 5461 queixas de violência de doméstica e a PSP 7662.

Os distritos com mais queixas de violência doméstica, nos primeiros seis meses de 2016, foram Lisboa (3047), Porto (2357) e Setúbal (1108).

Já os distritos que registaram menos participações foram Beja (122), Guarda (151) e Bragança (159).

O relatório indica também que foi o distrito de Beja que registou o maior aumento de queixas de violência doméstica no primeiro semestre de 2016, tendo subido 20,8% face ao mesmo período de 2015, seguido de Beja, que verificou um aumento de 6,1%.

Já os distritos com maiores descidas no primeiro semestre de 2016 foram a Guarda (menos 20,1%) e Santarém (menos 15,1%).

 

"Os dados relativos ao primeiro semestre de 2016 apontam para um ligeiro aumento de ocorrências participadas às forças de segurança, tornando-se no entanto necessário aguardar pelo final de 2016 para confirmar ou infirmar esta tendência", refere ainda o relatório.

Marcelo Rebelo de Sousa
O Presidente da República defendeu que a educação para o ambiente "deve começar no básico do básico" e que temas como...

O Presidente da República defendeu esta quarta-feira que a educação para o ambiente “deve começar no básico do básico” e que temas como a violência, a toxicodependência e o sexo também deve ser falados na escola.

Marcelo Rebelo de Sousa falava perante cerca de 200 alunos do 8.º ao 12.º anos, na Escola Secundária Ibn Mucana, no concelho de Cascais, durante uma aula que durou mais de uma hora e meia, em resposta a uma pergunta sobre o ambiente, escreve o Observador.

“A educação para o ambiente é crucial, deve começar no básico do básico, para não dizer no pré-escolar”, afirmou o chefe de Estado, acrescentando que é “muito pouco conservador” em certas realidades.

“Eu aí, confesso, sou muito pouco conservador. Acho que há realidades como a violência, o ambiente, a toxicodependência, o sexo, e outras realidades assim, em que, à sua maneira, tem de se ter a noção do que é respeitar as outras pessoas e viver com elas, e que há formas diferentes de falar disso em vários momentos da vida”, declarou.

Segundo o Presidente da República, “é um absurdo achar que as pessoas podem contactar com essas realidades no dia a dia, na televisão, na Internet, e não falar nisso na escola”.

“Como é que é possível?”, questionou.

Logo de seguida, o sistema de som emitiu um ruído que interrompeu o chefe de Estado.

“Isto foi um protesto conservador contra mim”, observou Marcelo Rebelo de Sousa.

Sobre o ambiente, o Presidente da República defendeu que “não há verdadeiro desenvolvimento humano se, além de haver criação de riqueza, não houver criação de condições ambientais em geral para todos”, a nível global.

“Isso leva a alterar a forma como se cria a riqueza, como se produz, como se vive. Temos de mudar a nossa maneira de viver, a maneira como se consome”, advogou.

No final desta aula, Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas e foi questionado sobre a notícia de que o Governo prepara um novo projeto sobre a identidade de género que poderá descer para os 16 anos a idade legal para a mudança de sexo e eliminar a obrigatoriedade de um atestado médico.

“Eu não comento projetos de diplomas legais. Vamos esperar. Quando houver um diploma legal sobre qualquer matéria, essa ou outra, eu receberei, e depois ponderarei. Agora, estar a especular sobre um diploma que não existe, acho que o Presidente não o deve fazer”, respondeu o chefe de Estado.

Medicina Laboratorial, transversal e indispensável a todas as especialidades médicas
A Medicina Laboratorial é um instrumento transversal a todas as especialidades médicas e essencial para o diagnóstico médico....

Esta pós-graduação contempla a observação do modelo real pois, como refere Alexandre Castro Caldas que, em conjunto com Maria Teresa Marques, coordena o curso “a pós graduação em Medicina Laboratorial proporciona uma formação bastante completa refletindo não só a formação teórica, como também a discussão de casos clínicos em sala de aula. Incluí, também, uma componente observacional de laboratório.”

O principal objetivo do relançamento desta oferta educativa é aprofundar e integrar conhecimentos clínico-laboratoriais na abordagem aos sintomas das diferentes patologias, reforçando a importância do diálogo entre a vertente clínica e a laboratorial.

Com inscrições abertas até dia 28 de Fevereiro, a pós-graduação destina-se não só a médicos, como também a profissionais de Farmácia, Análises Clínicas e Saúde Pública, Biologia ou outras formações na área da saúde ligadas ao diagnóstico clínico-laboratorial.

Mais informações aqui: http://www.ics.lisboa.ucp.pt/site/custom/template/ucptpl_fac.asp?SSPAGEID=975&lang=1&artigoID=3152

Estudo
Um estudo concluiu que as bebidas associadas ao emagrecimento podem ter o efeito oposto.

As bebidas diatéticas e sem açúcar não são, ao contrário do que se pudesse pensar, benéficas para a perda de peso, podendo até contribuir para o efeito contrário do pretendido.

Investigadores do Imperial College em Londres realizaram uma revisão de dezenas de estudos que remontam até há 30 anos para produzir um estudo, publicado no jornal PLOS One, onde se conclui que não existem provas suficientemente conclusivas de que as bebidas sem açúcar previnam o aumento do peso, os diabetes de tipo 2 ou a manutenção de um Índice de Massa Corporal recomendável, cita o Telegraph.

Um dos fatores que explica esta conclusão é, segundo o jornal Público, o facto de estas bebidas alegadamente dietéticas serem artificialmente adocicadas, pelo que ativam, na mesma, os recetores no cérebro relativos aos doces. Isto apesar de estes produtos possuírem menos calorias do que as bebidas com açúcar.

Segundo os autores do trabalho, o facto de a maioria das pessoas encarar este tipo de bebidas como saudáveis pode, juntamente com o ativação dos referidos recetores do cérebro, levar a um consumo exagerado: “A perceção comum, e que pode ser influenciada pelo marketing da indústria, é que por as bebidas dietéticas terem menos açúcar, são mais saudáveis e ajudam na perda de peso quando utilizadas como substitutas da versão com açúcar”, explica o professor Christopher Millet, investigador do Imperial School of Public Health, citado pelo jornal britânico.

Millet acrescenta que não foram encontradas provas que sustentem os benefícios das bebidas sem açúcar e que “longe de ajudarem a resolver a crise de obesidade global, as bebidas artificialmente adocicadas podem contribuir para o problema e não devem ser promovidas como parte de uma dieta saudável”.

Conselho de Ética defende
Organismo defende que a aplicação das técnicas para tratar infertilidade deve ter prioridade em relação às “opções individuais”.

A nova legislação sobre a Procriação Medicamente Assistida (PMA) deixa de fora “aspetos éticos fundamentais” em termos de proteção dos direitos dos bebés que resultam destes tratamentos. A crítica do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) surge num novo parecer sobre a regulamentação da nova legislação deste tema. Nele, apela a que a lei passe a consagrar “mecanismos para proporcionar informação sobre a origem parental” a estas crianças.

“Estarão os direitos da criança, designadamente o direito à sua identidade pessoal, devidamente acautelados?” questiona o parecer, datado de Dezembro de 2016 mas só agora publicado, que surge na sequência de um pedido do secretário de Estado Adjunto e da Saúde sobre a regulamentação da lei aprovada em Junho e que veio revolucionar o acesso às técnicas de PMA, permitindo que passem a ser um método complementar de procriação para mulheres saudáveis, independentemente do estado civil ou orientação sexual.

O CNECV entende que as alterações promovem a “liberdade e autonomia da mulher que projeta ser mãe e em quem irão ser aplicadas as técnicas de PMA”, mas sublinha que falta uma “justa ponderação com o respeito pela situação do/a filho/a que vai nascer” de dadores de ovócitos ou de espermatozóides, escreve o jornal Público.

No documento, aquele conselho nacional considera que a regulamentação da nova lei explicita “os direitos das beneficiárias que decorrem do respeito pela vontade de se submeterem às técnicas de PMA”. Porém, critica o facto de não ser “contemplado o valor superlativo dos interesses da criança que vai nascer, o que, em qualquer circunstância, deve ser um património ético a salvaguardar”. E conclui que “no confronto” destes dois interesses devem “prevalecer os interesses das crianças sobre quaisquer outros”.

Para este organismo, que emite pareceres não vinculativos, a lei deveria ter mecanismos para “proporcionar informação sobre a origem parental quando for exigida em tempo próprio por quem nascer por aplicação deste tipo de técnicas”. Em Portugal, tanto com a anterior legislação como com a nova, impera a regra do anonimato do dador, pelo que é praticamente impossível que uma criança venha a saber as suas origens – ao contrário do que já acontece em países como o Reino Unido, a Suécia ou a Dinamarca, em que atingida a maioridade podem ser solicitadas estas informações.

"Ponderação de natureza clínica"
Outra das preocupações manifestadas no parecer refere-se ao acesso aos tratamentos de PMA, agora que foram alargados a mulheres sozinhas e a casais de lésbicas. “Estará o Estado a cumprir os seus deveres no contexto do acesso e aplicação das técnicas de PMA não estabelecendo a prioridade do acesso por razões clínicas? Podem ou devem ser estabelecidas prioridades sem incorrer em discriminação?” As questões são levantadas no parecer e o CNECV considera que “as condições da sua utilização requerem uma ponderação de natureza clínica”.

“Em situações de recursos limitados, deve prevalecer a sua aplicação como tratamento de infertilidade”, justifica-se. E reitera-se: “Quando tenham de ser considerados os recursos específicos de saúde a alocar, impõe-se a definição de prioridades assentes em critérios explícitos nos quais a condição de doença deve prevalecer sobre as opções individuais”. Da mesma forma, este organismo defende que quanto aos casais de mulheres, apenas um dos elementos possa inscrever-se na lista de acesso a tratamentos.

O CNECV afirma também que restam algumas dúvidas quanto à nova regulamentação, nomeadamente sobre as avaliações psicológicas que podem ser pedidas no âmbito dos tratamentos de PMA e a destruição de espermatozóides e ovócitos que tenham sido criopreservados antes da entrada em vigor das novas regras.

Protege contra 9 tipos do vírus
A partir desta semana, as meninas com 10 anos de idade residentes em Portugal terão acesso, de forma gratuita, através do...

Em Portugal, a vacinação contra o vírus do papiloma humano (HPV) no âmbito do Plano Nacional de Vacinação (PNV) teve início em 2008, com a vacina quadrivalente, sendo esta a partir de agora substituída pela vacina nonavalente contra o HPV que tem potencial para prevenir mais 20% de casos de cancro e mais 30% de casos de lesões pré-cancerosas associadas a este vírus, escreve o Sapo.

De acordo com Daniel Pereira da Silva, ginecologista e presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, a inclusão da vacina contra o cancro do colo do útero no PNV "é de grande importância, porque significa que neste capítulo estamos a acompanhar o que de melhor se faz em todo o mundo".

"Aumentamos o potencial de prevenção de cancro do colo do útero de 70 para 90%, para além de outros benefícios consideráveis na prevenção de doenças benignas que são muito comuns", explica o especialista.

Sobre a idade recomendada para administração da vacina (10 anos), o ginecologista adianta que "a máxima eficácia possível da vacina é atingida quando rapazes e raparigas são vacinados antes dos seus primeiros contactos sexuais, daí essas idades serem preferenciais. Isso não significa que a vacina não seja eficaz nos mais velhos. A eficácia está demostrada até aos 45 anos de idade, por isso há que vacinar pelo menos até essa idade", acrescenta.

"Os 9 tipos de HPV contra os quais a vacina nonavalente protege são responsáveis por aproximadamente 90% de todos os casos de cancro do colo do útero, 85-90% dos cancros da vulva associados ao HPV, 90-95% dos cancros do ânus associados ao HPV e 80-85% dos cancros da vagina associados ao HPV, em toda a Europa", comenta a médica Filipa Prata, pediatra no Hospital de Santa Maria.

O que é o HPV?
O Papilomavírus Humano (HPV) é uma das principais causas de cancro tanto em mulheres como em homens (já que para além do cancro do colo do útero pode também causar outros cancros anogenitais, como os da vulva, vagina e ânus e cancros da cabeça/pescoço). Para além do potencial oncogénico do vírus, o HPV pode ainda causar verrugas genitais (condiloma acuminado).

O HPV é um vírus muito frequente e estima-se que cerca de 75% da população tenha ou venha a ter contacto com o vírus ao longo da vida, não estando a infeção relacionada com comportamentos de risco. A vacina de nova geração contra o HPV representa um avanço médico significativo para a saúde pública e pode ser administrada em ambos os sexos, a partir dos 9 anos.

Em Portugal, estima‐se que ocorram anualmente cerca de 1.700 casos de cancro do colo do útero, vulva, vagina e ânus atribuíveis ao HPV. Na Europa, ocorrem anualmente 80.000 novos casos de cancro atribuíveis ao HPV (50.000 casos do colo do útero, vulva, vagina e ânus e 400.000 lesões pré‐cancerosas).

Em Portugal estima‐se que o potencial de proteção possa ser ainda superior: dados da Direção-Geral da Saúde apontam para que cerca de 97% dos casos de cancro do colo do útero e respetivas lesões pré-cancerosas estejam associados aos tipos de HPV de alto risco agora cobertos pela vacina nonavalente.

Estudo
A halitose - termo médico utilizado para definir o mau hálito - é relativamente comum, afetando cerca de 30% da população...

“Em mais de 90% dos casos, a origem do mau hálito é intraoral, ou seja, surge no interior da boca. No entanto, a causa do mau hálito pode também dever-se a doenças sistémicas e metabólicas, medicação prolongada e/ou dietas inadequadas. Uma higiene oral deficitária, com acumulação de placa bacteriana sobretudo no dorso da língua, dentes e próteses dentárias, cáries, doenças gengivais e insuficiente produção de saliva (fluxo salivar diminuído) são outras das causas”, refere João Caramês, fundador e diretor do Instituto de Implantologia.

Por causar desconforto, escreve o Sapo, o mau hálito tem grande impacto na qualidade de vida podendo estar na origem de alterações comportamentais, com repercussões nas relações sociais, afetivas e profissionais, levando ao constrangimento e isolamento social.

Dada a origem diversificada, o diagnóstico da halitose é complexo e deve ser realizado pelo médico dentista. Após detetada a causa, o tratamento é específico e individualizado, sendo que, na maioria dos casos, é necessária uma abordagem multidisciplinar nas várias áreas de especialidade da Medicina Dentária, explica João Caramês.

De acordo com o especialista, o tratamento da halitose tem como principais objetivos restabelecer a saúde gengival, periodontal e dentária, diminuindo o número de bactérias produtoras de mau odor, principalmente nas regiões do dorso da língua, sulcos e bolsas periodontais assim como neutralizar a volatilidade dos compostos responsáveis pelo mau odor.

Eliminada a halitose, é necessária a manutenção de uma correta higiene oral para o sucesso do tratamento. Além da escovagem dentária diária e da utilização de fio dentário, é fundamental o acompanhamento periódico por parte do médico dentista e higienista oral.

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