Este ano
O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge anunciou que vai realizar até ao final deste ano obras de requalificação de várias...

Um comunicado do instituto refere que parte significativa, cerca de 1,2ME, deste investimento será aplicada na instalação de um novo sistema de informação para a gestão de processos e procedimentos laboratoriais, garantido através do Sistema de Apoio à Modernização e Capacitação da Administração Pública (SAMA 2020), cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

O novo sistema será responsável por todo o ciclo de gestão laboratorial, desde o atendimento do utente/cliente, receção e processamento de amostras laboratoriais ou de investigação, até à faturação e gestão de indicadores de performance.

O instituto adianta ainda que está também prevista a requalificação do Laboratório Nacional de Referência de Infeções Gastrointestinais e do Laboratório Nacional de Referência de Resistência aos Antibióticos e Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde, com um investimento de 300 mil euros, assim como a aquisição de equipamento para ensaios de diagnóstico por sequenciação de nova geração (NGS).

Na área das infraestruturas, serão aplicados 800 mil euros em obras de requalificação dos alçados no edifício-sede em Lisboa, substituição total da rede interna de gás natural e substituição da rede de abastecimento de água, assim como a intervenção estrutural nas instalações decorrentes do projeto de medidas de autoproteção, tendo em vista a melhoria das condições de segurança e resposta às situações de emergência.

Proteção contra a Radiação
A Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra foi designada Centro Colaborador da OMS para a Proteção contra a Radiação,...

O Departamento de Imagem Médica e Radioterapia (DIMR) da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC) foi designado como Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Proteção contra a Radiação, anunciou hoje o estabelecimento, integrado no Instituto Politécnico de Coimbra.

A ESTeSC torna-se assim na “primeira escola de tecnologia de saúde do mundo a ser nomeada centro colaborador da OMS e também o único centro colaborador na área da radiação médica num país de língua oficial portuguesa”, sublinha a escola.

Enquanto centro colaborador, a ESTeSC deve, designadamente, “providenciar aconselhamento técnico à OMS para a identificação de prioridades na pesquisa científica na área da proteção contra a radiação e apoiar no desenvolvimento e revisão de ferramentas de comunicação sobre os riscos da radiação”.

A nomeação é “o corolário do trabalho de ligação internacional feito pela ESTeSC nos últimos anos, com a integração em várias redes internacionais e com o estabelecimento de parcerias de investigação com instituições do mundo inteiro”, sustenta.

A Escola “apostou em ser uma instituição global, que cria valor e que se movimenta de forma a poder ter uma intervenção que se constitua como um parceiro inquestionável nas mais diversas questões ligadas à saúde”, afirma Jorge Conde, presidente da ESTeSC, citado na mesma nota, sublinhando que “esta distinção da OMS é mais uma prova disso e Coimbra ganha na sua dimensão de cidade capital da saúde com mais este reconhecimento”.

Uma das missões do novo Centro Colaborador, liderado por Graciano Paulo e Joana Santos, do DIMR, é a realização de um grande evento científico anual para promover esta temática.

Segundo Graciano Paulo, que também é vice-presidente da ESTeSC, “está já em preparação uma reunião com todos os centros colaboradores na área da radiação médica, a realizar em Coimbra”, para debater as questões mais atuais nesta matéria.

O impacto negativo da utilização da radiação para fins médicos em pacientes e profissionais de saúde é um tema que tem motivado cada vez mais interesse junto da comunidade científica, refere a ESTeSC, adiantando que “estudos internacionais em utentes e profissionais de saúde, expostos sucessivamente a radiação para fins médicos, demonstram maior incidência de patologia radioinduzida em relação a indivíduos que não sofrem essa exposição”.

Perante estes resultados, “assiste-se a um grande investimento a nível mundial na investigação do tema, tendo inclusivamente a Comissão Europeia aberto uma linha de investigação para financiar um projeto de dez milhões de euros”, integrando o DIMR da ESTeSC um dos consórcios concorrentes a este financiamento.

A OMS tem centros colaboradores em todo o mundo nas mais diversas áreas, que lhe prestam apoio técnico e científico.

A designação da ESTeSC como Centro Colaborador da OMS é renovada de quatro em quatro anos.

Dia 1 de fevereiro
A petição sobre o tema da morte assistida vai ser debatida na Assembleia da República a 1 de fevereiro, decidiu hoje a...

A petição é da responsabilidade do movimento ‘Direito a Morrer com Dignidade’ e o Bloco de Esquerda já anunciou a intenção de agendar uma iniciativa legislativa sobre a matéria, mas em momento posterior ao do debate da iniciativa dos cidadãos.

Além deste debate, a conferência de líderes agendou os plenários para as primeiras duas semanas de fevereiro, que incluem um debate quinzenal com o primeiro-ministro para dia 08 e um debate de urgência sobre contratação coletiva pedido pelo PCP para dia 10.

No dia 01 de fevereiro, além da petição sobre a morte assistida, será discutida outra sobre o ramal da Lousã, havendo ainda espaço para as declarações políticas dos vários partidos.

No dia seguinte, o plenário apreciará propostas do Governo relativas ao direito de livre circulação de trabalhadores, liberdade sindical e estatuto disciplinar da PSP, acesso dos administradores judiciais e lei de saúde pública, bem como um projeto do PSD sobre nacionalidade e outro do PS sobre o acesso dos menores de 30 anos aos museus e monumentos nacionais.

A 03 de fevereiro, será debatida uma proposta de lei do Governo sobre a perda de instrumentos e produtos do crime, além das apreciações parlamentares de BE e PCP que pedem a eliminação da descida da TSU e o projeto de resolução do PCP sobre o Novo Banco.

O dia 09 de fevereiro ficou reservado para um agendamento potestativo do CDS (direito do partido impor a ordem do dia).

No dia 10, além do debate de urgência do PCP, estão ainda agendados um projeto do PSD sobre cooperação entre o Estado e autarquias no que diz respeito ao património imobiliário e outro do BE sobre docentes contratados.

Este ano
A Administração Regional de Saúde do Norte avançou que prevê investir este ano em uma dezena de centros de saúde e confirmou o...

Num comunicado em que faz um balanço do investimento realizado em 2016 e perspetiva as prioridades para este ano, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) refere que a nível dos Cuidados Hospitalares/Diferenciados para 2017 estão previstas obras de requalificação e ampliação do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho, num investimento calculado em 17.015.258 euros.

Na mesma nota são enumerados os centros de saúde que serão alvo de investimento, sendo que estes se localizam em concelhos como Vila Real, Marco de Canaveses, Braga, Gaia, Valongo, Guimarães, Porto e Lousada.

Quanto aos centros de saúde que foram intervencionados, ou cujas obras se iniciaram no ano passado, a ARS-Norte destaca equipamentos localizados em Barcelos, Matosinhos, Gaia, Trofa, Gondomar e Porto, calculando que o investimento geral foi de 8.350.000,00 euros.

"A par dos investimentos mencionados, foram colocados nas áreas geográficas e unidades mais carenciadas 78 especialistas em Medicina Geral e Familiar", garante a entidade tutelada pelo Ministério da Saúde, garantindo que a cobertura na região ronda os 99% - 74% no modelo de Unidade de Saúde Familiar e 26% no modelo de Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados.

A ARS-Norte destaca que no ano passado entrou em funcionamento, após requalificação, o Serviço de Urgência da Unidade Hospitalar de Mirandela e, ainda que sem referir prazos ou datas, perspetiva para 2017 "grandes investimentos" em serviços de urgência de unidades de Viana do Castelo, Chaves, Porto, Guimarães, entre outras.

"De mencionar também que no ano de 2016 foram colocados em toda a região Norte 196 novos especialistas das diferentes áreas da carreira hospitalar, estando já em aberto concurso para a colocação, em 2017, de mais 82", aponta a ARS-Norte.

Já no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados é referido que a região Norte tem capacidade para atender 4.098 pessoas com uma diversidade de resposta que inclui internamento e cuidados domiciliários, tendo sido investido na rede aproximadamente 42,5 milhões de euros.

Ao nível dos Rastreios de Base populacional foi concluída no mês passado a aplicação do rastreio do cancro da mama direcionado a mulheres com idades entre os 45 e os 69 anos, enquanto os relacionados com a retinopatia diabética, cólon e reto, ambliopia infantil e colo e útero estão "em fase de expansão" prevendo-se a sua aplicação total em 2017/18.

A ARS-Norte informa, ainda, estar previsto dotar as várias unidades de saúde de 3.330 novos computadores, num investimento que ultrapassa 1,7 milhões de euros.

Já no que se refere a recursos humanos, o comunicado refere, também sem indicar números exatos ou prazos, que o objetivo para 2017 passa por dotar as unidades de saúde com "os recursos desejáveis de modo a que todos os utentes possam dispor do seu médico de família - cobertura total", acrescentando que se irá proceder "ao reforço de enfermeiros e outros especialistas nos Cuidados de Saúde Primários".

A ARS-Norte destaca que "todos os Agrupamentos de Centros de Saúde vão contar com, pelo menos, um nutricionista e um psicólogo clínico".

Por fim, é também referido que "todos os hospitais vão ter equipa Intra-hospitalar de cuidados paliativos, bem como uma unidade de internamento específica", um modelo que esta entidade crê que "no futuro" será "progressivamente" alargado aos centros de saúde da região.

Estudo
Um novo estudo publicado este mês na revista científica PLoS One adianta que pode haver uma relação entre a ingestão de comida...

A investigação realizada pela Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, concluiu que a ingestão regular de pimenta vermelha, em particular, pode reduzir a taxa de mortalidade em 13%, dando em média mais 10 anos de vida para a maioria dos cidadãos do mundo ocidental.

Segundo o estudo, há uma clara redução na incidência de doenças cardiovasculares entre os consumidores assíduos de pimenta vermelha.

A investigação científica baseou-se num questionário no qual, segundo o Sapo, participaram mais de 16 mil voluntários adultos.

De acordo com a informação disponibilizada pelos autores do estudo, esse questionário analisou as dietas e os hábitos de vida e de saúde dos inquiridos entre 1988 e 1994. Cerca de 18 anos depois, os mesmos voluntários foram chamados para um exame de saúde geral.

Quem comia pimenta vermelha todas as semanas tinha uma taxa de mortalidade abaixo dos 22%, enquanto os que evitavam usar a especiaria viram essa taxa subir para lá dos 33%.

De acordo com os investigadores, os benefícios da pimenta vermelha parecem estar na capsaicina, um composto químico presente nesta especiaria.

Também no mês passado os cientistas da Universidade de Ruhr, em Bochum, na Alemanha, trataram amostras humanas de células do cancro de mama com extrato de capsaicina e descobriram a sua ação destruidora de células malignas.

Por outro lado, este componente é conhecido por acelerar o metabolismo, ajudando na perda de peso, e por ser um anti-inflamatório natural.

Estudo
Um estudo revela que um terço dos asmáticos pode não ter mesmo asma: ou porque melhoraram ou porque o diagnóstico foi feito de...

Um estudo revela que um terço dos asmáticos pode não sofrer desse problema: ou porque melhoraram ou porque o diagnóstico foi feito de maneira errada, dá conta o The Telegraph. A investigação contou com a participação de 700 adultos, a quem foi diagnosticada asma nos últimos cinco anos, e concluiu que 33% dessas pessoas não sofria mesmo dessa condição, nove em dez estavam aptos a deixar de tomar os medicamentos, alguns sofriam de alergias ou de azia e 28% não tinha nenhum problema de saúde.

“É impossível dizer quantos pacientes foram inicialmente diagnosticados com asma e quantos é que já não sofrem de nenhum sintoma da doença”, afirma o Professor Shawn Aaron, responsável pelo estudo, cientista e médico no Hospital e na Universidade de Ottawa, no Canadá. “O que sabemos é que eles estavam aptos a deixar de tomar medicação que não precisavam. Os medicamentos são muito caros e podem ter efeitos secundários”, acrescenta Aaron.

Segundo o estudo, escreve o Observador, os efeitos secundários provocados pela toma excessiva de fármacos contra a asma podem ser preocupantes. Vão desde câimbras musculares, infeções na garganta, tremores, náuseas e vómitos. Além disso, pode ainda conduzir a um aumento de peso, devido aos asmáticos terem tendência a evitar a prática de exercício físico. É de salientar ainda que os erros e as falhas nos diagnósticos devem-se, em grande parte, à falta de exames, análises e testes pedidos pelos médicos. Em vez disso, e em cerca de metade dos casos, o quadro clínico baseia-se apenas numa observação rápida dos pacientes, através dos seus sintomas e das queixas.

“Os médicos não diagnosticam diabetes sem verificar os níveis de açúcar no sangue, nem veem se alguém tem um osso partido sem mandar fazer um raio-x. Mas, por alguma razão, muitos médicos não fazem testes de espirometria, que são os que realmente comprovam que se tem asma”, realça Shawn Aaron. Por esta razão, os investigadores consideram que os dados desta pesquisa podem ser vistos como um alerta para todas as pessoas a quem foi diagnosticada asma, com o objetivo de relembrá-los que devem ser feitos testes. Contudo, recomendam aos asmáticos que não deixem de tomar a medicação adequada sem antes consultar um especialista.

Como prevenir
Durante a gravidez são inúmeras as alterações fisiológicas que deixam a mulher mais suscetível a inf

As infeções na gravidez permanecem, ainda hoje, como uma importante causa de morte materna, sendo responsáveis por inúmeras complicações, quer para a grávida quer para o bebé.

Estando mais suscetível a infeções, graças às inúmeras alterações fisológicas – hormonais, fisícas e imunológicas - é importante  que a grávida tenha alguns cuidados, sobretudo, no que diz respeito ao contacto ou exposição a vírus ou bactérias.

De acordo com Rosália Marques, especialista em Enfermagem de Saúde Materna, o sistema imunitário, responsável pelo combate a agentes agressores, sejam eles “vírus, bactérias, fungos, corpos estranhos, tumores ou reações inflamatórias”, sofre profundas transformações.

Sendo a gravidez um evento clínico particular,  “em que o produto gestacional contém metade do seu material genético de origem materna e metade de origem paterna”  - e por isso estranho ao sistema imune da mãe - , é necessário que o organismo se adapte de modo a não desencadear uma “resposta de expulsão”.

Desta forma, “existe toda uma adapatação do sistema imunológico materno, modulada por alterações hormonais, de forma a garantir um ambiente favorável ao desenvolvimento do feto”, começa por explicar uma das coordenadoras da obra “Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica” publicada pela editora LIDEL.

“Os esteroides modulam a atividade das células apresentadoras de antigénios (CAA), tanto da linhagem mieloide quanto linfoide; a progesterona suprime a função das células T; ocorre um aumento da produção de macrófagos (melhoram a resposta de anticorpos e ajudam na proteção contra bactérias, embora eles não garantam a proteção contra infeções bacterianas); dá-se a diminuição da atividade das células NK (natural killer, que matam as células que foram infetadas por vírus) e a diminuição da produção de citocinas (que são liberadas a partir de células do sistema imunológico para recrutar outras células para ajudar a combater a infeção)”, enumera.

Dependendo da fase da gravidez em que ocorrem ou do tipo de agente infeccioso, entre outras condicionantes, as infeções podem causar malformações congénitas, aborto ou morte fetal, sendo ainda responsáveis por atraso de crescimento intrauterino, rotura prematura de membranas, parto pré-termo ou infeção neonatal.

“São múltiplos os fatores que podem influenciar a extensão das lesões causadas, entre eles: o patogénico em causa, as citoquinas produzidas, duração de exposição, duração de doença, idade gestacional em que ocorre, agressões paralelas (episódios de hipoxia e isquemia), variáveis demográficas (sexo, grupo étnico), fatores maternos  (corticosteroides pré-natais, hábitos tabágicos) e determinantes genéticos e epigenéticos”, acrescenta Rosália Marques.

Entre as infeções que podem comprometer a gravidez e a saúde do feto, a especialista destaca as infeções do trato genito-urinário e as do grupo TORCH – “Toxoplamose, Outras (Chlamydia Trachomatis, Gonorreia, Sífilis e Varicela), Rubéola, Citomegalovirus e Herpes Simplex”.  Os vírus da Hepatite, VIH, Malária e o Estreptococos do Grupo B são também referenciados como comprometores da saúde materna e fetal.

Rosália Marques apesar de referir a importância dos rastreios serológicos, que permitem o diagnóstico precoce “e tratamento correto e atempado, reduzindo o risco das complicações, diminuindo a morbilidade e a mortalidade perinatal e infantil”, reforça o papel da prevenção.

“Prevenir é fundamental e começa a nível pré-concecional. É recomendável que toda a mulher que deseja engravidar se submeta, previamente, a uma consulta pré-concecional para avaliação do seu estado de saúde geral e risco materno fetal e do seu estado de base serológico”, refere a especialista.

Neste âmbito, a Direção-Geral de Saúde recomenda “que todas as grávidas façam rastreio da sífilis, da rubéola, o rastreio da toxoplasmose, da infeção pelo vírus da imunodeficiência adquirida humana (VIH), rastreio da Hepatite B, da bacteriúria assintomátoca e do Streptococcus β hemolítico do grupo B”.

Principais riscos e complicações

De acordo com Margarida Amado Batista, enfermeira e co-autora do manual “Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica”, a Toxoplasmose está associada a uma maior incidência de aborto espontâneo, morte fetal, anomalias fetais, restrição do crescimento fetal e parto prematuro.

“É uma infeção perinatal de etiologia parasitária, causada pelo Toxoplasma gondii, um protozoário intracelular”, começa por explicar adiantando que uma grande variedade de animais, incluindo o ser humano, podem ser hospedeiros intermediários deste parasita. No entanto, refere que os hospedeiros definitivos são os gatos e outros felinos.

“A passagem do hospedeiro definitivo para o intermédio ocorre através da ingestão de oocistos em alimentos contaminados ou em locais onde possam existir fezes de felinos”, explica, referindo a importância de ter alguns cuidados com estes animais de estimação.

A Rubéola “é uma infeção viral causada por um ARN vírus, transmissível por via respiratória, sendo o ser humano o seu único reservatório.

Caracterizada pelo desenvolvimento de rash cutâneo, febre, atralgias e linfadenopatias retro auriculares e suboccipitais, pode, no entanto, ser assintomática em 50 a 30% dos casos.  “Tem um período de incubação que varia entre 14 a 21 dias e a janela de contágio ocorre uma semana antes e uma semana depois do aparecimento do rash cutâneo”, refere Manuela Nené, também responsável pelo manual publicado pela editora LIDEL.

No caso desta infeção o maior risco centra-se no feto. Para além do aborto espontâneo ou morte fetal, a rubéola pode provocar malformações congénitas. “As anomalias fetais têm sido divididas em transitórias - mas que podem persistir para além de seis meses -  permanentes ou tardias”, acrescenta Rosália Marques.

Surdez, cardiopatias, defeitos oculares e encefalopatia com atraso mental e défice motor, assim como endocrinopatias e certas anomalias vasculares são as principais  complicações.

“Em Portugal a rubéola e a rubéola congénita são doenças de declaração obrigatória”, registando, de acordo com Manuela Néne, uma taxa de mortalidade entre 10 a 34%.

Relativamente à Varicela, as suas consequências variam de acordo com a idade gestacional, “podendo ocorrer síndrome de varicela congénita (caracterizada por lesões cutâneas, hipoplasia dos membros), lesão neurológica (microcefalia, hidrocefalia e atrofia cortical), lesão ocular (microftalmia, coriorretinite e cataratas) e ainda hipoplasia muscular, atraso no desenvolvimento psicomotor, anomalias gastrointestinais, genito-urinárias e cardiovasculares, bem como varicela neonatal”.

Com o contacto sexual podem surgir infeções bacterianas como Chlamydia Trachomatis, Gonorreia, Sífilis e infeções virais como Citomegalovirus, Herpes Simplex, Hepatite B e Vírus da Imunodeficiência Adquirida (VIH).

“São diversas as complicações consoante a etiologia, mas as principais são a doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica, infertilidade, aborto espontâneo ou recorrente, rutura prematura de membranas, corioamnionite, restrição do crescimento fetal, parto prematuro, infeção puerperal ou no recém-nascido. No caso da sífilis pode ocorrer morte fetal”,  explica a enfermeira Margarida Batista.

A infeção neonatal, adquirida intraparto ou pós-parto, por Citomegalovírus, pode ser dividida em três tipos de gravidade crescente: infeção da pele, olhos e boca; infeção do sistema nervoso central e infeção sistémica, envolvendo múltiplos órgãos.  “A infeção intrauterina apresenta um prognóstico muito grave, sendo a mortalidade muito elevada e as sequelas graves nos que sobrevivem”, refere a especialista.

O mesmo acontece no caso de infeção por Herpes Simplex, que apresenta uma taxa de mortalidade de 50% e nos casos em que há cura, permanecem, com frequência, graves sequelas neurológicas.

Quanto à Hepatite e VIH, “a principal preocupação à infeção pelo HBV durante a gravidez é a sua potencial transmissão ao feto por via transplacentária no final da mesma e, através do contacto com sangue e fluídos maternos, no momento do parto”, bem como o efeito da medicação no feto.

De acordo com Margarida Batista a infeção por VIH  é uma das causas de rotura prematuras, parto pré-termo e de atraso no crescimento intrauterino.

Principais recomendações

De acordo com as três especialistas em Enfermagem de Saúde Materna, a prevenção e adoção de hábitos saudáveis são essenciais para uma gravidez livre de riscos ou complicações, quer para a grávida, quer para o bebé.

“As orientações sobre a promoção da saúde a este nível devem ocorrer ainda na fase pré-concecional. Deverá ser nesta altura que a vigilância da saúde se deverá efetuar, uma vez que existem patologias infeciosas que são debeladas numa percentagem muito significativa com a vacinação ou atividades do quotidiano”, começa por dizer Manuela Néne.

Por isso, a especialista reforça que, quando pensa em engravidar, a mulher “deverá recorrer aos profissionais de saúde, nomeadamente, aos enfermeiros especialistas de saúde materna e obstétrica ou ao médico assistente” para avaliar o seu estado de saúde.

Já durante a gravidez deverá evitar comportamentos de risco e evitar exposição a vírus ou bactérias.

Evitar o contato intímo ou próximo com adultos e crianças que apresentem sintomas respiratórios ou similares a gripe, lavar as mãos com frequência, evitar o consumo de carne crua ou mal cozida, não consumir produtos lácteos não pasteurizados ou consumir produtos dentro do prazo de validade, assim como fruta descascada ou bem lavada são algumas das medidas referidas por estas especialistas.

Por outro lado, afirmam que  “deverá cumprir a sua presença nas consultas, efetuar os exames que lhe são solicitados e, no seu dia-a-dia ter os cuidados de acordo com a educação para a saúde” promovidos por estes profissionais.

E foi a pensar na importância do acompanhamento profissional e do cuidado especializado durante esta fase da vida de uma mulher, que nasceu o manual “Enfermagem de Saúde Materna”.

“Em Portugal este é o primeiro livro dedicado a enfermeiros especialistas de saúde materna e obstétrica  elaborado maioritariamente por enfermeiros”, onde estes encontram orientações para o melhor exercício da profissão.

“Esta obra surge como necessidade (...) que se fazia sentir quer na área da formação especializada quer como apoio para a prática clínica, como forma de partilhar como todos os interessados uma informação atual, pertinente e rigorosa, apoiada na evidência cientifica e nas orienteções da entidade reguladoras nacionais e internacionais”, justifica Manuela Néne.

Para concluir, e uma vez que cada patologia tem consequências muito diferentes para o feto e para a grávida, as três coordenadores da obra “Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica” apelam a que “as futuras mães vejam na vigilância da gravidez e da sua saúde um meio para a melhoria dos indicadores de saúde em portugal”. 

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
ANF e USF-AN assinam protocolo
As farmácias portuguesas vão aprofundar a cooperação com as unidades de saúde familiar nas áreas da Literacia em Saúde,...

Para tal, a Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a Associação Nacional de USF (USF-AN) assinaram um protocolo de colaboração. O documento prevê um trabalho mais integrado entre as farmácias e as unidades de saúde familiar, de forma a melhorar a qualidade dos cuidados de saúde oferecidos aos utentes, através da dinamização de modelos colaborativos interprofissionais.

O Presidente da USF-AN, João Rodrigues, frisa a importância da aproximação das duas associações. “O principal handicap que foi e ainda continua a ser apontado e diagnosticado por nós é a dificuldade que nós temos neste país de trabalharmos em conjunto, de nos complementarmos, de sermos mais do que as partes”. Para o Presidente da USF-AN não há dúvidas: “se nós queremos colocar o cidadão no centro do sistema, nós temos de trabalhar em conjunto”.

Já para Paulo Cleto Duarte, Presidente da ANF, “esta aproximação só é possível porque criámos a confiança necessária entre os dois lados para percebermos que aquilo que nos une é muito mais estrutural e importante do que aquilo que nos separa, que é olharmos para o doente numa perspetiva integrada e de uma forma única, assumindo que cada um de nós - médicos, enfermeiros e farmacêuticos - tem competências diferentes”.

ADEXO
A Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal vai alertar hoje, no parlamento, para os problemas que estes doentes...

“Vamos entregar ao parlamento quatro propostas relacionadas com a obesidade e com a perda de direitos do doente obeso no caso dos seguros de vida para habitação”, disse o presidente da Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal (ADEXO), Carlos Oliveira.

O presidente da associação disse que, “quando um doente obeso precisa de comprar casa, a seguradora não lhe dá seguro. Ele deixa de poder comprar a casa, porque ninguém lhe empresta dinheiro”.

Há também casos em que a seguradora agrava o seguro em entre 100% e 200%, denunciou Carlos Oliveira, que vai expor este problema aos deputados na Comissão de Saúde, na Assembleia da República.

Outra situação que a ADEXO pretende debater é o tempo de espera nas cirurgias para a obesidade, que constituem “a maior lista de espera do país”, com milhares de doentes à espera de serem operados.

Segundo Carlos Oliveira, a situação agravou-se quando em 2012 o governo da altura extinguiu o Programa de Tratamento Cirúrgico de Obesidade, criado em 2008.

O programa começou em 2010 e previa a realização de 2.500 cirurgias de tratamento da obesidade por ano nos 19 hospitais públicos e nos centros privados autorizados.

A interrupção do programa levou à diminuição do número de cirurgias, disse Carlos Oliveira, advertindo que “a situação da obesidade em Portugal está a agravar-se”,

“Com a crise e com a falta de dinheiro para comprar produtos saudáveis as pessoas deitam a mão ao ‘fast-food’ e a situação agrava-se”, lamentou.

Carlos Oliveira lembrou o anúncio feito pelo Ministério da Saúde, no Dia Mundial do Combate à Obesidade (11 de outubro), de que iria orçamentar 12 milhões de euros para diminuir as listas de espera.

Mas “aquilo que a gente sabe é que a ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde] está a ir junto dos hospitais dizer que quer reduzir os preços das cirurgias e os hospitais não aceitam”.

“Portanto, isto é tudo fogo de vista que não vai dar resultado nenhum”, disse Carlos Oliveira.

Em 11 de outubro, o Ministério da Saúde anunciou que irá avançar com um programa para reduzir as listas de espera nas cirurgias da obesidade e disponibilizar uma verba de 12 milhões de euros anuais para possibilitar a operação de cerca de dois mil doentes em 2017.

Serão abrangidas por este programa de financiamento específico as instituições reconhecidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) como centro de tratamento ou de elevada diferenciação para o tratamento cirúrgico da obesidade grave.

O programa determina que a avaliação do doente seja efetuada por uma equipa multidisciplinar num período não inferior a três anos.

Em Portugal, existem cerca de 3,5 milhões de pessoas com pré-obesidade e aproximadamente 1,4 milhões de pessoas com obesidade, entre os 18 e os 65 anos.

Infarmed
O Serviço Nacional de Saúde vai deixar de comparticipar vários medicamentos das áreas cerebrovascular e osteoarticular e...

A informação foi avançada pelo presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), Henrique Luz Rodrigues, que completou recentemente um ano à frente deste organismo do Ministério da Saúde.

A decisão de descomparticipar “meia dúzia” de moléculas - que se apresentam num número maior de medicamentos - nas áreas cerebrovascular e osteoarticular surge após uma reavaliação que “é comum” em Portugal e também em outros países, disse.

“É prática frequente do Infarmed fazer uma reanálise de medicamentos, da sua efetividade, tendo em consideração que muitos dos medicamentos, quando iniciam o seu ciclo de vida, toma-se em consideração o que se conhece dos seus resultados, da maneira como se avalia. É preciso mais tarde tornar a reavaliá-los à luz dos novos conhecimentos”, acrescentou.

Em relação aos medicamentos inibidores da dipeptidil peptidase (DDP-4), prescritos na diabetes, Henrique Luz Rodrigues explicou que a sua avaliação tinha sido decidida ainda pelo anterior conselho diretivo.

“É um processo que resultou de uma expetativa que se tinha de que estes medicamentos tinham um benefício cardiovascular, o qual não foi verificado nos estudos que ocorreram”, referiu.

Estes medicamentos estão a ser avaliados pela comissão de avaliação das tecnologias da saúde e “já há respostas das firmas em relação a este processo”.

Os resultados deverão surgir dentro de “dois, três meses” e apontam para “uma descida do escalão” ou de uma negociação para um outro preço.

Segundo Henrique Luz Rodrigues, esta situação não é inédita no mundo: “Já ocorreu no Canadá, Bélgica, Alemanha. O que vamos fazer é apenas mais uma situação de mais um país que faz a análise e procura estabelecer custos para medicamentos, tendo em consideração a sua efetividade”.

Apesar desta decisão, o presidente do Infarmed ressalva que estes fármacos continuam a ter benefícios para o controlo do metabolismo (glicémia), mas “não reduzem as complicações cardiovasculares da diabetes”.

Estes fármacos “podem continuar a ser usados, porque reduzem o controlo da glicémia”, frisou.

Questionado sobre a poupança com os medicamentos, Henrique Luz Rodrigues afirmou que “a preocupação não será a poupança, mas sim ter os melhores medicamentos para os doentes”.

“A maneira como as situações das referidas poupanças possam ser feitas tem em consideração a melhor utilização pelos profissionais de saúde”, disse, acrescentando que estes “é que deverão levar em conta também os custos”.

Para o presidente do Infarmed, “a boa prática médica deve levar em consideração o preço dos medicamentos. Oferecer os melhores medicamentos ao preço mais baixo”.

No ano passado, os medicamentos que mais reduziram os custos foram os anti hipertensores (para controlo da tensão arterial elevada) e as estatinas (tratamento da hipercolesterolemia).

Nesta área, “a entrada dos genéricos gerou poupança e é provável que venha a gerar mais com a entrada dos genéricos ainda este ano”, disse.

O regulador confirma a aposta deste Governo no aumento da quota dos genéricos: “É importante a prescrição dos genéricos e que estes sejam dispensados. É preciso que o doente aceite bem os genéricos”.

Sobre a medida de promoção da venda destes fármacos que atribui à farmácia 0,35 euros por cada embalagem de genéricos vendida dentro dos quatro com preço mais baixo, Henrique Luz Rodrigues disse ser ainda cedo para um balanço, uma vez que entrou em vigor no início do ano.

Contudo, adiantou que esta é uma medida que deverá gerar poupanças na ordem dos 18 milhões para o utente e um pouco mais para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Igualmente geradora de poupanças é a aposta nos biossimilares (medicamentos biológicos similares a outros com autorização de introdução no mercado), neste caso a nível hospitalares.

O presidente do Infarmed reconheceu algumas resistências ao crescimento deste mercado, mas desvalorizou-as, tendo em conta que Portugal está “acima da média” no recurso a estes fármacos.

Há 13 mil pessoas em tratamento
O preço dos medicamentos inovadores para a hepatite C reduziu para mais de metade em menos de dois anos, um efeito que se deve...

O presidente da Autoridade do Medicamento (Infarmed) reconheceu que a concorrência entre três laboratórios trouxe uma diminuição dos preços dos medicamentos para a hepatite C, um redução de “mais de metade” face ao acordo assinado há quase dois anos entre uma das farmacêuticas e o Estado.

“Os tratamentos que existem para a hepatite C, com o tempo, têm vindo a reduzir [de preço]. Não quer dizer que tenha sido a primeira firma [com quem se fez o acordo] a reduzir os preços”, afirmou Henrique Luz Rodrigues.

O presidente do Infarmed adiantou ainda que já se ultrapassou a barreira dos 13 mil doentes em tratamento para a hepatite C.

O acordo entre o Estado e um dos laboratórios que fornece os fármacos inovadores para a infeção foi formalizado há quase dois anos, mas os dados do Infarmed abrangem também outros doentes tratados por medicamentos fora do âmbito deste acordo.

O contrato – assinado por dois anos e que será agora novamente negociado – prevê o pagamento por doente tratado e não por tempo de tratamento ou quantidade de medicamentos. A comparticipação do Estado português nos medicamentos abrangidos é de 100%.

O universo dos doentes potencialmente abrangidos foi logo definido em 13 mil pessoas.

Henrique Luz Rodrigues considera difícil estimar quantos doentes entrarão em tratamento no futuro, uma avaliação que era possível fazer antes da assinatura do acordo, porque havia um conjunto de doentes que eram seguidos nas consultas.

Infarmed
O Infarmed vai alertar a população para os riscos da automedicação com omeprazol, um fármaco para a úlcera gástrica e a doença...

Em entrevista, o presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), Henrique Luz Rodrigues, manifestou preocupação com a forma como os portugueses estão a consumir este fármaco, da classe dos inibidores da bomba de protões.

Trata-se de um medicamento que pode ser vendido sem receita médica e cuja indicação clínica é a úlcera gástrica e a doença do refluxo gastro esofágico. No entanto, os profissionais de saúde têm alertado para outros usos indevidos, como o simples alívio de sensações de enfartamento.

Nos primeiros nove meses deste ano, os portugueses adquiriram mais de 2,1 milhões de embalagens de omeprazol.

Segundo Henrique Luz Rodrigues, esta é uma “preocupação mundial”.

“As pessoas estão a automedicar-se com um medicamento que tem efeitos adversos importantes a prazo”, disse.

Para o presidente do Infarmed, a solução não passa tanto pela obrigatoriedade de prescrição médica, mas sim no conhecimento que os doentes devem ter sobre este fármaco e dos riscos que correm ao tomá-lo por iniciativa própria.

“Uma das preocupações do Infarmed é fazer essa divulgação”, referiu, revelando que este organismo vai avançar com uma campanha de sensibilização, cujo principal objetivo é “melhorar a automedicação”.

Henrique Luz Rodrigues alertou para alguns dos riscos da toma prolongada deste fármaco, como a contribuição para a osteoporose nas mulheres.

No caso dos doentes com infeções respiratórias, este medicamento “pode contribuir para o agravamento”, afiançou.

Apesar de reconhecer que existem outros medicamentos que também devem merecer a atenção do regulador, Henrique Luz Rodrigues disse que esta campanha vai ser a primeira e deverá começar ainda este mês ou em fevereiro com o objetivo de “alertar para os efeitos adversos e apara as alternativas que possam ser benéficas”.

Em 2014, um estudo publicado na revista científica da Associação de Médicos Americanos (JAMA) atribuiu à ingestão prolongada deste fármaco e de outros semelhantes uma carência da vitamina B12.

A investigação refere que as pessoas que tomaram diariamente um medicamento do grupo do omeprazol durante dois ou mais anos tinham 65 por cento mais de probabilidades de ter níveis baixos de vitamina B12, que tem um papel importante na formação de novas células, do que os que não ingeriram o fármaco.

Já em 2016, um novo estudo publicado na edição online da JAMA Neurology confirmou a associação entre os inibidores da bomba de protões e um maior risco de demência em pacientes idosos.

“Infelizmente, o excesso de prescrição” destes fármacos “é relatado com frequência”, disse uma coautora do estudo, Britta Haenisch, do Centro Alemão de Doenças Neurodegenerativas.

Presidente da República
O Presidente da República promulgou ontem um decreto-lei que estabelece os termos e as condições da atribuição de incentivos à...

O diploma relativo aos incentivos à mobilidade geográfica dos médicos aplica-se ainda a trabalhadores médicos a contratar mediante vínculo de emprego público ou privado, com serviço ou estabelecimento integrado no Serviço Nacional de Saúde.

O decreto agora promulgado por Marcelo Rebelo de Sousa procede à primeira alteração ao decreto-Lei n.º 101/2015.

O decreto-lei foi promulgado ontem, juntamente com o que prevê a descida da taxa social única (TSU), com o que cria o regime especial das polícias municipais de Lisboa e do Porto e com o que procede à criação, por cisão, do sistema multimunicipal de abastecimento de água do sul do Grande Porto e das Águas do Douro e do Paiva, do sistema multimunicipal de saneamento do Grande Porto e da SimDouro - Saneamento do Grande Porto.

‘Direito a Morrer com Dignidade’
Os grupos parlamentares manifestaram aos representantes do movimento ‘Direito a Morrer com Dignidade’ “abertura para o diálogo”...

“Relevamos a abertura ao diálogo e a intenção de apresentação posterior de uma iniciativa legislativa sobre esta matéria”, disse o médico oncologista Jorge Espírito Santo, representante do movimento, que não quis especificar que grupos parlamentares vão avançar com propostas de lei sobre o tema.

Jorge Espírito Santo disse também que foi comum a todos os deputados a ideia de que “o debate não está completo nem está maduro”, sendo necessário “aumentar a troca de ideias e a informação à população em geral” sobre uma temática que é “uma questão muito delicada”.

O representante do movimento ‘Direito a Morrer com Dignidade’ realçou ainda que gostaria de ver relançado na sociedade o debate iniciado há um ano, quando foi lançada a petição “Em defesa da despenalização da morte assistida", subscrita por várias personalidades, destacando a importância do papel da comunicação social nessa discussão.

Há um ano, quando foi lançado o debate, a Associação de Bioética defendeu que a legalização da eutanásia deveria passar por um referendo, mas Jorge Espírito Santo frisou que o movimento que representa rejeita em absoluto que uma questão que se prende com direitos fundamentais possa ser referendada e adiantou que a possibilidade não foi discutida nos encontros com os deputados.

Na mesma altura a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) defendeu que antes da discussão sobre a eutanásia “é fundamental” garantir o acesso em tempo útil aos cuidados paliativos e assegurar que são prestados por profissionais com formação.

Cinco bastonários da Ordem dos Médicos assinaram em outubro uma carta na qual se opuseram frontalmente à eutanásia, considerando que esta prática “não é mais do que tirar a vida” e que os médicos que o façam negam a profissão.

O atual bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, e os seus antecessores António Gentil Martins, Carlos Soares Ribeiro, Germano Sousa e Pedro Nunes subscreveram uma declaração em que se manifestam contra a eutanásia, o suicídio assistido e a distanásia (prolongamento artificial da vida em situações terminais).

Esta tomada de posição conjunta surgiu na sequência do primeiro caso de eutanásia infantil na Bélgica e numa altura em que o Bloco de Esquerda levou a discussão em plenário na Assembleia da República uma petição pelo "direito a morrer com dignidade" com mais de oito mil assinaturas.

Breast Cancer Weekend
A Clínica da Mama do IPO Porto está a organizar, com o patrocínio científico da Sociedade Portuguesa de Oncologia e de...

“Esta iniciativa tem como principal objetivo fazer uma revisão das abordagens mais recentes no tratamento sistémico, cirúrgico e de radioterapia, que possam vir a alterar a prática clínica, num espírito de multidisciplinaridade e de partilha nas várias áreas que abordam estas doentes”, explica Susana Sousa, responsável da área médica da Clínica da Mama do IPO Porto e responsável pelo evento.

O primeiro dia do Breast Cancer Weekend arrancará com uma sessão sobre genética e cancro, onde serão discutidas as decisões baseadas em assinaturas genéticas e as particularidades do tratamento das doentes com mutações BRCA. O cancro da mama precoce e o cancro localmente avançado serão outros dos tópicos em análise. Haverá ainda espaço para considerações que vão além do tratamento primário, nomeadamente as indicações para esvaziamento axilar e as estratégias de conservação da mama.

Já a manhã do segundo dia será totalmente dedicada ao cancro da mama avançado. O papel da cirurgia do tumor primário no estádio IV, a melhor sequência do tratamento paliativo nas doentes cujos tumores expressam recetores hormonais e o algoritmo do tratamento da doença HER2+ serão os temas a abordar.

O Breast Cancer Weekend destina-se a médicos especialistas e internos das várias áreas que tratam doentes com cancro da mama. Mais informações e inscrições até dia 20 de janeiro em http://lab52.pt/eventos/breast-cancer-wkd/.

Estudo
Um novo estudo demonstrou que o apêndice pode desempenhar uma função essencial para o bom funcionamento do sistema digestivo,...

Segundo a investigação levada a cabo por uma professora associada à Faculdade de Medicina Osteopática do Arizona, nos Estados Unidos, o apêndice não é um órgão irrelevante como se pensava ou como se supunha pela falta de informação relevante.

A investigação provou que a finalidade do apêndice assenta na proteção de bactérias benéficas que vivem nos intestinos, escreve a TVI24.

A principal autora, Heather F. Smith, publicou na revista Comptes Rendus Palevol os resultados desta nova investigação, baseada na evolução ao longo dos tempos deste órgão em 533 mamíferos de espécies diferentes.

Estes animais foram selecionados com base na presença e ausência de apêndice e provaram, numa primeira fase, que, segundo os seus traços gastrointestinais, o órgão não está associado a fatores alimentares ou ambientais, como se pensava.

Em contrapartida, Smith e os seus coautores – das Universidades de Duke Medical Center, de Stellenbosch da África do Sul e do Museu Nacional de História Natural em França – descobriram que as espécies com apêndice tendem a ter mais tecido linfático na região do ceco (parte inicial do intestino grosso que recebe o que vem do intestino delgado).

De uma forma resumida, este tecido linfático desempenha uma função de defesa no organismo por fazer parte do sistema imunológico. A sua importância também se caracteriza por estimular o crescimento de bactérias intestinais saudáveis.

O apêndice serve, então, como uma "casa segura" para estas bactérias benéficas ao nosso organismo, resume a Time.

Além disso, a autora justifica que este órgão tem que ser importante, já que, ao longo da evolução destas espécies, nunca desapareceu do organismo.

E para quem removeu o apêndice?
A apendicite é uma das infeções no apêndice que, infelizmente, mais conduz pessoas a cirurgias de remoção do órgão. Mas, felizmente, a autora afirmou que, “em geral, as pessoas que realizaram uma apendicectomia tendem a ser relativamente saudáveis e não apresentam efeitos prejudiciais relevantes”.

No entanto, outros estudos demonstraram que existem efeitos negativos associados, nomeadamente, um maior número de infeções.

[Quem não tem apêndice] pode demorar mais tempo a recuperar de uma doença”, já que está em causa o sistema imunológico, acrescentou.

A autora não deixou de sublinhar a importância que as hipóteses deste estudo podem trazer para novas formas de tratamento e, evidentemente, para a própria evolução do conhecimento médico.

Único em Portugal
Até agora não existia, em Portugal, um mestrado na área da educação dirigida a pessoas surdas. Tendo isto em conta, o Instituto...

Com candidaturas abertas até ao final de Janeiro, o mestrado está acreditado pela A3ES – Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior – e, destina-se a licenciados em Língua Gestual Portuguesa, Terapia da Fala, Psicologia, Medicina, Ciências da Educação e Tradução e Interpretação em Língua Gestual, sendo que todos os candidatos devem já dominar a Língua Gestual Portuguesa.

Como refere Ana Mineiro que, juntamente com José Reis Lagarto, coordena o mestrado “este curso surge com o intuito de colmatar lacuna existente na área da educação, pretendendo levar os estudantes a desenvolver competências na área da surdez, para efeitos educativos, pedagógicos, de tradução para língua gestual portuguesa e para língua portuguesa e inglesa, e de investigação”.

Pode ver toda a informação em: http://www.ics.lisboa.ucp.pt/site/custom/template/ucptpl_fac.asp?SSPAGEID=924&lang=1&artigoID=567

Sistema imunológico
O casamento de Johanna e Scott Watkins sofreu um grande e inesperada abalo quando a mulher foi diagnosticada com síndrome de...

A mulher de 29 anos do estado norte-americano do Minnesota vive num quarto isolado no sótão que tem as janelas e porta seladas e vários purificadores de ar porque é alérgica a quase tudo - desde o ambiente exterior, ao cheiro da pizzaria final da rua, a muitos alimentos e ao cheiro do marido.

As células de Johanna que deveriam protegê-la de ataques externos estão a atacar o seu próprio corpo, escreve o Diário de Notícias. Os sintomas da doença variam de pessoa para pessoa e no caso de Johanna o contacto com algum alergénio pode ser fatal. A professora entra em choque anafilático e em pouco tempo deixa de conseguir respirar, segundo a BBC.

Johanna e Scott casaram-se em 2013 - antes de a doença se ter agravado tanto - e conseguiam levar uma vida quase normal até pouco tempo. Na altura em que os sintomas de Johanna se resumiam a enxaquecas, erupções cutâneas e problemas intestinais, o casal costumava fazer caminhadas e passar o máximo de tempo possível junto.

No entanto, a doença foi-se agravando até que, no ano passado, os dois perceberam que estarem no mesmo espaço físico poderia ser fatal para Johanna.

"Nós reparámos que eu me sentia cada vez pior quando o Scott entrava [no quarto]. Os meus sintomas diários pioravam", explicou Johanna. "Até que uma vez ele foi cortar o cabelo e regressou ao quarto e passados dois minutos comecei a ter sintomas de um choque anafilático. Ele teve de sair".

Passou uma semana até Scott voltar a tentar entrar no quarto e estar ao lado da mulher, mas a reação de Johanna foi a mesma.

"Foi horrível perceber que não ia resultar", contou Johanna. "Eu estava a ter uma forte reação alérgica ao meu marido. Já tinha tido antes aos meus pais e a muitas, muitas pessoas, mas foi horrível quando foi o Scott".

Johanna já experimentou vários medicamentos e tratamentos para a síndrome de ativação de mastócitos, incluindo quatro sessões de quimioterapia, mas nenhum fez efeito. "Eles [os médicos] não sabem se eu vou ficar bem então nós rezamos para que isso aconteça", disse Johanna. "Já tive mais choques anafiláticos do que alguém pode contar. A minha vida pode acabar rapidamente. É frágil".

Scott garante que vai ficar ao lado da mulher - mas à distância - até ao fim. "Uma das maneiras que tenho de tomar conta dela agora é não estando com ela. Não vou colocar a vida dela em risco", disse o marido. "Nós estamos absolutamente comprometidos um com outro e vamos esperar o tempo que for preciso para ver se encontramos uma cura".

Para já, o casal vive na casa de amigos enquanto a sua habitação está em obras para se tornar mais segura para Johanna. A família que acolheu o casal tem quatro filhos com menos de 9 anos e aceitou ceder um dos três quartos a Johanna e deixar de cozinhar em casa, pois ela é sensível aos cheiros.

Johanna só consegue comer 15 alimentos diferentes e todas as noites Scott, que é professor, cozinha para ela na casa dos vizinhos.

Ela não sai do sótão há mais de um ano, tirando para ir ao hospital, e usa o Skype e o telemóvel para falar com o marido, amigos e família.

Ainda assim, Johanna consegue ver o lado bom da vida e agradecer por tudo o que tem. "Tenho muitas bênçãos na minha vida pelas quais tenho de agradecer", disse a mulher.

Frio e calor
Direcção-Geral da Saúde alerta para descida abrupta das temperaturas e apela a cuidados especiais com os idosos e doentes...

As temperaturas extremas, onde se inclui tanto o frio como as ondas de calor, matam em média 1500 pessoas por ano em Portugal. Para este Inverno ainda não há cálculos, mas o diretor-geral da Saúde, Francisco George, garantiu nesta segunda-feira que a atividade gripal já atingiu o seu pico e que não são de esperar valores de mortalidade superiores aos de outros anos. No entanto, perante a grande descida das temperaturas prevista para os próximos dias, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) decidiu marcar uma conferência de imprensa para recomendar cuidados especiais com os mais velhos e os doentes crónicos.

Segundo os dados avançados na conferência por Francisco George, neste Inverno cerca de 100 pessoas já foram internadas nos cuidados intensivos devido a complicações relacionadas com a gripe sazonal. Onze delas morreram, escreve o jornal Público. Na grande maioria dos casos, sublinha o diretor-geral da Saúde, as pessoas não tinham sido vacinadas contra a gripe, com George a recordar que a vacina não impede a doença, mas reduz muito os efeitos secundários que o vírus consegue causar.

A subdiretora-geral da saúde, Graça Freitas, também presente na conferência, renovou o apelo à vacinação, garantindo que mesmo em pleno mês de Janeiro a vacina ainda é eficaz. O Serviço Nacional de Saúde comprou 1,2 milhões de vacinas contra a gripe e sobram neste momento cerca de 20 mil doses. Houve ainda quase 800 mil doses que foram colocadas à disposição nas farmácias.

Francisco George reiterou que “não quer causar alarme” com as suas declarações e que está tudo controlado, esperando-se que o país já tenha atingido o pico da gripe e que, ao longo das próximas semanas, vá reduzindo progressivamente o número de novos doentes com gripe. Os últimos dados do Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, publicado na quinta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), mostravam precisamente que a atividade gripal era moderada, com tendência estável.

Muito frio precipita "o fim da vida"
Ainda assim, como as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocam todos os distritos de Portugal sob aviso amarelo, devido ao tempo frio até ao final da semana, com uma descida das temperaturas mínimas na ordem dos quatro a nove graus Celsius, o responsável da DGS insistiu na importância de se apostar na prevenção, sobretudo das infeções respiratórias. “Não estamos perante um cenário especialmente alarmante. A nossa resposta é uma resposta às condições meteorológicas e temos de prevenir”, repetiu George.

O responsável lembrou que as grandes descidas da temperatura “precipitam o fim da vida”, sobretudo nas pessoas com mais de 75 anos, com especial incidência acima dos 85 anos. Os doentes crónicos, como os casos oncológicos, pessoas com diabetes e insuficiência cardíaca, foram alguns dos exemplos referidos pelos especialistas da DGS.

Para essas pessoas, o diretor-geral da Saúde enumerou oito recomendações, que vão desde a necessidade de hidratação, nomeadamente comendo sopas quentes, até ao contacto com a Linha Saúde 24 sempre que surja uma dúvida sobre a situação de saúde. Aquecer as casas, mas prevenindo acidentes, e evitar o consumo excessivo de café e de bebidas alcoólicas foram outras das recomendações deixadas.

Também sobre a gripe, à margem da assinatura de um protocolo entre o IPO e a Câmara de Lisboa, o ministro da Saúde defendeu que os profissionais de saúde têm sido “uns heróis” na resposta à epidemia e sublinhou que a mesma, em outros países com menos constrangimentos financeiros, não é tão boa. O ministro reconheceu, no entanto, que o SNS está “no limite da sua capacidade”, mas “a reagir”.

Entretanto, as autarquias de Lisboa e Porto estão a tomar medidas: o Pavilhão do Casal Vistoso irá acolher o Dispositivo Integrado de Apoio aos Sem-Abrigo de Lisboa. Ali serão servidas refeições quentes e distribuídos agasalhos.

No Porto, de 17 a 22, vai estar aberto o antigo Hospital Joaquim Urbano e a estação de metro do Bolhão.

Dezenas de mortes na Europa
Da Albânia à Grécia, passando pelo Reino Unido e por França. Nas últimas semanas, o frio e as tempestades fizeram dezenas de mortos na Europa. As últimas estimativas identificavam mais de 60 óbitos. Só na Polónia, um dos países mais afetados, morreram seis pessoas há uma semana, num dia em que as temperaturas desceram até aos 20 graus Celcius negativos. Também na Roménia os termómetros chegaram a marcar 32 graus negativos e foram contabilizadas seis mortes por hipotermia.

Na Grécia, onde há uma especial preocupação com a situação dos refugiados, foi mesmo enviado um navio para a ilha de Lesbos para apoiar estes migrantes que vivem em tendas e com capacidade para ajudar cerca de 500 pessoas. São também vários os jornais locais a dar conta de longas horas de espera nos serviços de urgência de países como Espanha, França ou Reino Unido.

Em Portugal
Pediatras garantem que as vacinas são seguras e eficazes. Em Portugal, 95% dos jovens são vacinados. Há quem não veja benefícios.

"Por que razão hei de empestar o corpo das minhas filhas?" Paulo, 50 anos, não vacinou nenhuma das duas filhas, agora com 13 e 8 anos. Se tivesse um terceiro filho, seguiria o mesmo caminho. "Dar vacinas seria destruir o sistema imunitário delas". Já Sofia Salgado Mota, mãe de Rui, de 21 anos, e Carlota, de 2, tem uma posição diferente. "As crianças contactam diariamente com diversos vírus, principalmente quando estão inseridas em contexto escolar. Vaciná-las é protegê-las".

Como se pode ver, a vacinação não é uma questão consensual. Em Portugal, embora não seja obrigatória, é uma opção para 95% dos pais e é "altamente recomendada" pelos pediatras, escreve o Diário de Notícias. Contudo, há uma minoria que prefere não imunizar os filhos. Analisando os números mais recentes, a atendendo às estimativas da Direção-Geral da Saúde, ficam por vacinar cerca de 4000 crianças por ano. Em 2015, por exemplo, nasceram 85.500 bebés, o que quer dizer que 4275 não foram vacinados.

Na semana passada, o assunto voltou a estar em discussão, depois de o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, se ter reunido com Robert F. Kennedy, um ativista antivacinas, que nomeou para presidir uma comissão sobre a segurança da vacinação nos EUA. Isto depois de, em 2015, ter dito que as vacinas infantis causam autismo. Uma ideia disseminada após a publicação de um artigo na revista Lancet, em 1998, que mais tarde foi considerado uma fraude.

"Nenhum estudo feito posteriormente comprovou essa associação", destaca Luís Varandas, diretor da Sociedade de Infecciologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria. Embora nos Estados Unidos e em alguns países da Europa a moda antivacinação esteja a causar alarme, por cá esses movimentos não têm grande expressão. "Até hoje, só tive dois pais que não quiseram vacinar. E eu não quis seguir as crianças, porque, embora até possa perceber que não o queiram fazer, é uma questão de saúde pública", refere o pediatra.

Apesar de as escolas verificarem o boletim de vacinas quando as crianças se matriculam, em Portugal, a vacinação não é obrigatória. "Essa é uma falsa crença. Mas as vacinas são altamente recomendadas", diz ao Diário de Notícias Luís Varandas, acrescentando que não conhece pediatras que não aconselhem as vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação (PNV).

Para Sofia, autora do blogue Pedaços de Nós, "a vacinação é a proteção ideal para as doenças, muitas vezes a única." E muitas doenças "já não se manifestam porque quase todas as crianças estão vacinadas." Luís Varandas confirma: "Se não há uma grande percentagem de pessoas vacinadas, as doenças regressam. A imunidade de grupo só existe se as pessoas continuarem a ser vacinadas."
Além da varíola, que foi erradicada, o sarampo, a poliomielite, a rubéola, a difteria e o tétano neonatal já foram eliminadas em Portugal, mas podem ser contraídas fora do País. "Já tivemos casos de sarampo importados e só não houve surto porque as crianças estão vacinadas". Numa comunidade onde não estão imunizadas, pode surgir uma epidemia.

Celeste Barreto, diretora do serviço de pediatria do Hospital Santa Maria, só se recorda de acompanhar duas famílias que, nos últimos anos, não quiseram vacinar. E uma delas voltou atrás na decisão. "O filho de um amigo ficou doente e decidiram começar a vacinar". A pediatra é "da época em que não havia vacina da Meningite C", por exemplo, e "a diferença para os dias de hoje é abismal". "O número de casos era significativo e os quadros eram gravíssimos".

Milhões de mortes evitadas
De acordo com a OMS, as vacinas evitam anualmente a morte de três milhões de pessoas. O pediatra Mário Cordeiro acredita que "muitas pessoas não têm uma pálida ideia da importância da vacinação e dos milhões de vidas que as vacinas já salvaram." Cinquenta e dois anos após a criação do PNV, "já se tornou um hábito e desvalorizamos o assunto, o que não acontece nos países menos desenvolvidos".

Mário Cordeiro já conheceu muitos pais que não quiseram seguir o PNV, mas diz que continuam a ser a minoria: "Respeito as decisões mas pretendo que saibam a responsabilidade que assumem e tento desmistificar o que os assusta: um misto de 'complô das multinacionais' e teorias da conspiração, ou que as doenças são inventadas. Não são! [..] As doenças matam, as vacinas salvam".

Vírus em constante mutação
Paulo é um nome fictício, porque este pai considera que a sociedade não aceita a sua decisão. "Incutiu-se o medo que a criança pode morrer se não for vacinada". Uma das razões que o leva a não imunizar as filhas é o facto de os vírus estarem "em constante mutação". "Quanto te infeta, já está alterado. Podes sofrer menos danos, mas serás infetado na mesma. E entretanto já colocaste veneno no corpo". Por outro lado, considera que estaria a destruir o sistema imunitário das filhas. Mas a forma como as vacinas mexem com o sistema imunitário, esclarece Mário Cordeiro, é a "forma como mexem as dezenas e dezenas de microrganismos com os quais os nossos filhos contactam todos os dias, connosco, com a família, no infantário e escola."

O PNV inclui 12 vacinas, universais e gratuitas. Além dessas, existem outras recomendadas pelos pediatras, mas cujos custos são suportados pelos pais. Sofia Salgado Mota dá todas à filha mais nova, Carlota, e, enquanto educadora de infância, apercebe-se que a maioria dos pais tenta fazê-lo. "Quando não o fazem é porque a nível financeiro não conseguem". A vacina contra a meningite B, por exemplo, custa quase 100 euros.

Tal como Paulo, Maria (nome fictício), 47 anos, também escolheu não vacinar a filho, de 6 anos. "A vacinação está a ser feita de forma estandardizada, mas as necessidades, os ambientes e as pessoas são diferentes". Adepta de "coisas mais naturais, sem muitos químicos", leu diversos livros e estudos antes de seguir este caminho. Ao DN, destaca argumentos que leu repetidas vezes: "Alguns efeitos secundários eram unânimes: as alergias, o autismo, a toxicidade cancerosa." O desconhecimento face à composição da vacina e o enfraquecimento do sistema imunitário ajudaram a suportar a decisão. Ainda colocou a hipótese de escolher apenas algumas vacinas, mas o PNV "não prevê o meio-termo".
Eficácia e segurança garantidas

De uma maneira geral, as reações adversas da vacinação não são graves. O pediatra Hugo Rodrigues considera que as pessoas que não seguem o PNV "só têm coragem de o fazer porque a taxa de vacinação em Portugal é elevada". Testadas durante anos, "as vacinas são seguras, muito eficazes e não matam". Basta olhar para "a descida a pique na mortalidade infantil nas últimas décadas". "A mudança é radical e benéfica, por isso custa a perceber esta onda antivacinação".

O pediatra Gomes Pedro também defende que "as vacinas são fundamentais", pois "protegem contra infeções que não podem ser evitadas de outra forma". Tal como Mário Cordeiro, gostaria de ver incluídas no PNV as vacinas antirrotavírus e antimeningite B: "Faço um grito de alerta para que o País garanta a sua comparticipação."

Páginas