Relatório
A saúde em Portugal representa quase dois terços da despesa total do Estado, mas está entre as mais baixas da União Europeia,...

Segundo o relatório, a despesa pública com a saúde em Portugal totaliza 64,7% do total dos encargos do Estado, enquanto a média da UE é de 76%.

Elaborado pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), no âmbito do Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde, o relatório ‘Health Systems in Transition (HiT)’ faz uma descrição detalhada do sistema de saúde de cada país, bem como das reformas e iniciativas políticas em curso ou em processo de desenvolvimento.

Segundo o relatório, “o sistema de saúde português é dos mais eficientes da Europa, pela melhoria da esperança de vida e da contenção da despesa total”, sobretudo por restrição de preços e custos.

Mas a crise económica e o programa de ajustamento económico e financeiro provocou mudanças na despesa total em saúde, tendo-se observado “um decréscimo significativo da despesa pública em saúde em Portugal (-9.7%)”, entre 2010 e 2014.

“O programa de ajustamento económico e financeiro impôs cortes na despesa pública em saúde, tendo uma parte desses cortes sido dirigidos ao setor privado”, refere o ‘HiT’, coordenado em Portugal pelo economista Jorge Simões, do IMHT.

Desde 2010, a despesa total em saúde diminuiu e a despesa pública em percentagem da despesa total em saúde (64,7%) está entre as mais baixas da UE, cuja média é de 76,0%.

Já o encargo das famílias com a saúde, que já era significativo antes da crise, foi agravado por algumas políticas, representando os pagamentos diretos 26,8% do PIB em 2014 e 27,6% em 2015, valores que estão entre os mais elevados da União Europeia (UE).

A maior parte das despesas de saúde privadas é contabilizada como despesa das famílias, sob a forma de pagamentos diretos feitos pelos cidadãos para aquisição de medicamentos, exames de diagnóstico e consultas de especialidade.

“O financiamento dos cuidados de saúde em Portugal é, de forma geral, ligeiramente regressivo, devido à elevada proporção das despesas das famílias, juntamente com uma pesada importância dos impostos indiretos” sobre bens e serviços, que representaram 42,3% das receitas totais do governo em 2015, enquanto a média europeia é de 34,7%.

Sobre a despesa com medicamentos vendidos em ambulatório, o relatório refere que “diminuiu 12% entre 2011 e 2015”, resultado de “uma grande descida dos preços” dos fármacos que “conseguiu contrariar o aumento do consumo sobre a despesa total e sobre a despesa pública em medicamentos”.

Por outro lado, a procura crescente por seguros de saúde levou a um aumento da oferta, um fenómeno que se deve em parte aos tempos de espera para consultas e cirurgias no Serviço Nacional de Saúde (SNS), "pelo que a sustentabilidade do SNS é um dos maiores desafios que o governo enfrenta".

Sobre a sustentabilidade financeira do SNS, o 'HiT' afirma que “estão, aparentemente, esgotadas as medidas tomadas pelo governo anterior: diminuição do preço do trabalho dos profissionais, dos medicamentos e dos preços dos prestadores privados com financiamento público”.

"A sustentabilidade financeira do SNS reside, fundamentalmente, no crescimento” do seu orçamento e “na melhoria da eficiência no funcionamento das unidades públicas de saúde, que compreende a melhoria na utilização das tecnologias de informação e comunicação”, defende.

Inquérito
Mais de dois terços dos portugueses vivem vidas sedentárias, com menos de hora e meia de exercício semanal, e a maioria...

Dos 67 por cento dos inquiridos que são considerados sedentários, metade (49%) afirma que o exercício não é importante ou interessante para si, um aumento de seis pontos percentuais em relação a 2015, ano do inquérito anterior.

Entre os inquiridos sedentários, as caminhadas (25%) e o futebol (10%) são apontadas como atividade física favorita, mesmo que não sejam praticantes, mas uma percentagem de 36% diz que não gosta de qualquer exercício.

A percentagem de ativos diminuiu de 36% em 2015 para 33% em 2017, o que se atribui à descida na população com 45 ou mais anos, visível especialmente no Grande Porto e no Alentejo, com o Algarve a registar a única subida regional na população ativa.

Quanto aos 33% da população que são ativos mais de uma hora e meia por semana, 46% dizem que praticam exercício andando a pé, enquanto 17% escolhem o ginásio ou musculação e 12% o futebol.

Entre os ativos, 49% vê o exercício como uma obrigação, algo que sentem que devem fazer.

Em média, 25% dos ativos passa cerca de duas horas a correr, um número que desceu desde 2015, quando o tempo médio semanal passado em corrida ultrapassava as três horas.

Entre mais de mil pessoas entrevistadas, chegou-se à conclusão de que o tempo médio passado sentado é de 4,3 horas diárias, com uma percentagem significativa (29%) a admitir que está sentado entre cinco e dez horas por dia.

O inquérito foi apresentado publicamente hoje em Lisboa, no dia em que a Fundação Portuguesa de Cardiologia anuncia também a programação para as cinco semanas do Mês do Coração 2017, que se assinala em maio.

O objetivo é destacar as vantagens do exercício físico para a prevenção de doenças cardiovasculares.

No estudo, realizado pela empresa Gfk Metris, foram entrevistadas no mês de abril 1216 pessoas que responderam a um questionário, selecionadas para ter uma amostra abrangente baseada nos critérios de idade, sexo, região e dimensão do agregado familiar.

Ordem dos Médicos Veterinários
A propósito dos recentes casos de ataques de cães potencialmente perigosos, a Ordem dos Médicos Veterinários vem alertar para a...

De acordo com Jorge Cid, Bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, “Há de facto raças com um maior potencial de agressividade e perigosidade, contudo tudo depende da educação que o animal recebe do dono, treinador ou criador. A fiscalização deve ser assim mais apertada e não se cingir apenas às denominadas raças perigosas, pois aqui também encontramos cães sociáveis e afetuosos”.

A Ordem dos Médicos Veterinários defende por um lado, que essa fiscalização deverá começar pelos criadores destas raças averiguando se a seleção genética que estão a fazer é correta. Seguidamente o acompanhamento das respetivas ninhadas e o modo como os seus novos detentores estão a cumprir as normas que já estão estipuladas na Lei. Refere ainda que estes animais devem ser socializados e treinados desde muito cedo para que se possam tornar cães sociáveis e afetuosos. Deve ainda haver um seguimento regular quer do cão quer do seu tutor para se poder comprovar a sua correta evolução comportamental.

As raças potencialmente perigosas apresentam condições específicas para a sua posse e circulação, estando previstas por lei, coimas para quem não as cumprir. São considerados cães de raça potencialmente perigosa, aqueles que, possam causar lesões ou a morte de pessoas ou animais, devido ao seu comportamento mais agressivo ou tamanho e potência da mandíbula. Para se poder ter um cão de uma das raças potencialmente perigosas, o seu responsável deverá ser maior de 16 anos, terá de ter uma licença aprovada anualmente, pela junta de freguesia da sua área de residência, a vacina antirrábica, assim como o microchip e seguro de responsabilidade civil.

Parlamento
A Associação Nacional de Municípios Portugueses vai hoje defender, no parlamento, um “levantamento rigoroso” dos diferentes...

O Conselho Diretivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) reuniu na quarta-feira para abordar as competências que o Estado pretende passar para as autarquias, na véspera de uma audição pelo grupo de trabalho que está a ouvir os vários intervenientes nesta descentralização.

No final do encontro, o presidente da ANMP, Manuel Machado, afirmou que a associação de municípios defende um “levantamento rigoroso” dos diferentes aspetos da transferência de competências da administração central para evitar depois uma “insuficiente resposta” das autarquias na prestação dos novos serviços públicos.

O autarca do PS, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, preconizou que deve haver da parte do legislador “preocupação para expressar com exatidão o que é efetivamente objeto de transferência” para os municípios.

“A nossa preocupação é evitar que haja áreas em que as missões se sobreponham e depois gerem dificuldades” na sua execução, “em áreas tão sensíveis” como a saúde, a segurança social e educação, entre outras, acrescentou.

O presidente do conselho diretivo da ANMP salientou a necessidade de fazer corresponder as novas atribuições e competências das autarquias a um reforço dos recursos humanos e financeiros, a fim de evitar “situações de insuficiente resposta”, omissões ou “terras de ninguém” na prestação dos serviços à população.

Alguns dos seis grupos de trabalho que estão a preparar a transferência de competências já “começaram a trabalhar”, mas não têm condições para terminar o processo negocial até ao fim de maio, como esteve previsto, adiantou.

Após a audição da ANMP, o grupo de trabalho vai ainda ouvir no parlamento os representantes das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.

Na passada quinta-feira, o grupo ouviu também uma delegação da Associação Nacional de Freguesias (Anafre), cujo presidente, Pedro Cegonho (PS), afirmou que estas autarquias "estão confortáveis" com as propostas do Governo para a descentralização de competências, que permitirá reforçar a autonomia do poder local.

No início de abril, o grupo aprovou a realização de cerca de “cerca de 20 audições”, de natureza temática, algumas com centenas de participantes.

Escola Nacional de Saúde Pública
Um estudo sobre o financiamento da saúde mental em Portugal propõe pagar mais aos hospitais por paciente se conseguirem tratar...

Os autores do estudo da Escola Nacional de Saúde Pública recomendam também a criação de incentivos para as equipas de cuidados de saúde primários para seguirem durante os três primeiros anos de vida crianças em risco ou com necessidades especiais.

O estudo “Modelos de Pagamento Inovadores para o Sistema de Saúde Mental Português", que será divulgado hoje em Lisboa, faz uma avaliação dos mecanismos atuais de pagamento dos prestadores no sistema de saúde mental e propõe um novo modelo de financiamento.

Para os autores do estudo, “o modelo de financiamento dos hospitais não favorece as melhores práticas em saúde mental, principalmente porque incentiva o volume de serviços e não o seguimento continuado dos doentes”.

“Adicionalmente, não há incentivos à articulação entre outros atores do sistema de saúde mental e os cuidados na comunidade”, refere o estudo.

O modelo de financiamento dos cuidados de saúde primários também “não favorece a sua implicação na saúde mental”, porque “incentiva os médicos a terem longas listas de utentes”.

Além disso, “os recursos humanos são insuficientes e pouco apoiados para intervir na saúde mental” e “ pagamento pelo desempenho não inclui nenhum indicador específico de saúde mental”.

“O envolvimento insuficiente dos cuidados de saúde primários na saúde mental tem repercussões na prevenção” destes problemas no início da vida, na deteção de perturbações de saúde mental na infância e na adolescência, e no tratamento de perturbações leves e moderadas nos adultos”, sublinha a investigação.

Em declarações, o coordenador do estudo, Julian Perelman, apontou “as graves” dificuldades de acesso aos cuidados de saúde mental como um dos “principais problemas” nesta área.

Segundo um estudo da Universidade Nova, apenas 15% do total das pessoas que precisam de cuidados de saúde mental têm acesso a estes.

Julian Perelman apontou como outros problemas o “excesso de hospitalizações”, a falta de implementação de serviços na comunidade, a precária coordenação entre os diferentes prestadores de cuidados, que dificultam a continuidade do tratamento, e o sub-financiamento crónico desta área.

“Muitas das pessoas com problemas de saúde mental não sabem onde dirigir-se e quando sabem muitas vezes não encontram respostas, principalmente nos cuidados de saúde primários que não estão muito bem preparados para dar o seguimento para este tipo de problemas”, sublinhou.

Por outro lado, “quando há problemas graves há uma tendência grande para hospitalizar as pessoas em vez de tentar tratá-las na comunidade”.

Para combater estas dificuldades, o estudo defende” incentivos para a prevenção de perturbações mentais no início da vida e a sua deteção na infância e na adolescência” e um modelo para o tratamento da depressão nos cuidados de saúde primários.

Para a prevenção das perturbações mentais no início da vida, o estudo sugere o pagamento de um valor fixo anual à equipa de família, equivalente a 12 consultas por ano.

Para os hospitais, propõe ”um pagamento integrado, centrado no doente, para as perturbações mentais graves”, para que seja seguido e tratado na comunidade.

“Se não lhe damos um sinal de que vão ser compensados pelo trabalho adicional então há pouca probabilidade que façam este trabalho”, disse Julian Perelman.

Para os autores do estudo, “as fortes lacunas do sistema de saúde mental”, em termos de acesso e qualidade, “requerem uma ação forte, rápida, sustentada e inovadora”.

Nesse sentido, sugerem que a proposta seja aplicada como projeto-piloto, acompanhado de “uma avaliação séria e detalhada da sua efetividade e custo-efetividade”.

Vacinação
O diretor-geral da Saúde condenou a “moda bizarra” de não vacinar as crianças, indicando que isso tem tido consequências, e...

“Não é tolerável que as mães ou pais possam dispor do destino dos seus filhos no que respeita à vacinação. É um direito das crianças estarem protegidas. A mãe e o pai têm o dever de tratar da criança”, afirmou Francisco George aos deputados da comissão parlamentar da Saúde.

O diretor-geral da Saúde foi ontem ouvido no parlamento, a pedido do PCP, sobre o atual surto de sarampo e foi questionado sobre a obrigatoriedade ou não da vacinação, tendo optado por insistir que considera as vacinas “um dever”.

Sobre a cobertura vacinal, Francisco George indicou que Portugal tem “muito poucos cidadãos abaixo dos 18 anos que estejam vulneráveis”, mas adiantou que os serviços de saúde têm indicação para convocar os menores quando não estão a cumprir o calendário vacinal do Programa Nacional.

O diretor-geral admitiu que a imunidade de grupo não é totalmente homogénea no país, havendo zonas ou agrupamentos de centros de saúde com menores níveis, uma situação que está a ser averiguada pelas autoridades.

Contudo, Francisco George afirma que Portugal continua a ter imunidade de grupo e que o sarampo “não tem condições de se propagar facilmente” ou para “provocar uma epidemia de larga escala”.

Atualmente o país está perante uma “atividade epidémica”, que a Direção-Geral da Saúde acredita que será confinada. Até ao momento há 25 casos confirmados de sarampo, um deles levou à morte de uma jovem de 17 anos que não estava vacinada.

Direção-Geral da Saúde
O diretor-geral da Saúde defende que a vacinação é um dever mas não considera necessário torná-la obrigatória para se...

Francisco George foi ouvido pelos deputados na comissão parlamentar de Saúde, a pedido do PCP, sobre o recente surto de sarampo em Portugal e que também se verifica em vários países europeus.

Os grupos parlamentares quiseram saber a posição do diretor-geral da Saúde sobre a necessidade de tornar obrigatórias as vacinas do Programa Nacional, mas Francisco George foi remetendo essa questão para uma eventual decisão da Assembleia da República.

Mas no final da comissão, em declarações aos jornalistas, disse que considera que não é necessário tornar as vacinas obrigatórias para se ter níveis muito elevados de vacinação.

Contudo, Francisco George frisa que a vacinação é um dever para qualquer mãe, pai ou educador: “é um dever assegurar a proteção dos filhos das doenças evitáveis pela vacinação”.

O diretor-geral considerou mesmo que as vacinas são um dever equivalente aos cuidados que uma mãe ou um pai têm em não deixar uma criança sozinha num carro enquanto vão às compras.

"A obrigatoriedade deve dar lugar a um dever social", disse aos jornalistas.

Ainda assim, o diretor-geral da Saúde considera que deve ser a Assembleia da República a fazer um debate sereno sobre a necessidade de tornar ou não obrigatórias as vacinas.

A este propósito recordou que os deputados vão apreciar na especialidade a lei de saúde pública, já aprovada na generalidade, documento que tem uma secção dedicada à vacinação. Por isso, George entende que neste âmbito pode ser tomada uma decisão sobre a obrigatoriedade ou não do Programa Nacional de Vacinação.

No final da reunião com os deputados, a socialista Maria Antónia Almeida Santos, que ontem assumia a presidência da comissão parlamentar de Saúde, lembrou ao diretor-geral que nem a comunidade científica, nem a Direção-Geral da Saúde nem qualquer entidade fez chegar à comissão qualquer recomendação para se legislar sobre a obrigatoriedade das vacinas.

Viver com doença pulmonar crónica
Foi na sequência de um episódio de dispneia aguda que Luís Gottschalk descobriu que sofria de Doença

Considerada como umas das principais causas de morbilidade e mortalidade em todo o mundo, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica é, de acordo com João Almeida, Pneumologista e membro da Fundação Portuguesa do Pulmão, “uma doença respiratória que causa diminuição do calibre das vias aéreas respiratórias e destruição do tecido pulmonar”. Tosse, expetoração e dificuldade respiratória são os principais sintomas.

“No meu caso, a doença é resultado do tabagismo. Fumei desde a adolescência, talvez desde os 15 anos até ao momento do diagnóstico”, começa por contar Luís que chegou a fumar, em média, 80 cigarros por dia.

Cansaço, descontrolo na respiração, dor no peito, “ataques convulsivos de tosse acompanhada de náusea” eram sintomas de uma doença que o acompanhava já há vários anos. “Porém até ter sofrido um primeiro episódio de dispneia aguda, eu conseguia dominar estes sintomas, melhor ou pior, interrompendo o esforço e descansando”, explica admitindo que “para quem soubesse (e quisesse) reconhecê-los, os sintomas estavam presentes vários anos antes do diagnóstico”.

Foi, porém, a sensação de falta de ar “quase incontrolável” e o pânico que a acompanhou que levaram este antigo professor de filosofia a procurar ajuda médica.

“Para um pneumologista os sintomas descritos são suficientes para um diagnóstico”, diz. No entanto, os exames – as provas da função respiratória e a TAC – permitem confirmá-lo e avaliar a gravidade da doença.

Luís tinha 45 anos quando em 1993 foi diagnosticado com DPOC. “Tinha uma vaga ideia de que a bronquite era resultado do fumar, mas não um conhecimento preciso da sua natureza, gravidade ou consequências. Quanto ao enfisema não tinha nenhuma ideia do que pudesse ser. O facto é que não me apercebi da gravidade da doença, nem imaginava até que ponto podia ser incapacitante”, recorda.

Talvez por isso tenha tido, na sua opinião, uma reação “inteiramente inadequada” quanto a este diagnóstico, ignorando completamente todos os conselhos médicos.  “Nem deixei de fumar, nem passei a praticar regularmente atividade física. Limitei-me a cumprir a medicação prescrita”, refere.

“Mesmo quando os episódios de dispneia aguda se repetiam, em considerava-os estados passageiros atribuindo-os a constipações ou gripes, sem assumir que eram o sinal evidente do agravamento progressivo da doença”, acrescenta admitindo que, durante anos, não foi capaz de assumir que sofria de uma doença grave nem de relacionar as crises que ia vivendo com a DPOC.

Para Luís, os sintomas que experimentava deviam-se a tudo menos aos hábitos tabágicos que, entretanto, foi incapaz de deixar. “Como o médico me disse um dia, eu estava a apagar o fogo com petróleo”, recorda.

O agravamento da doença: “há males que vêm por bem”

“Nos 10 anos que se seguiram ao diagnóstico (entre 1993 e 2003) o meu estado foi-se agravando e, as crises esporádicas tornaram-se cada vez mais frequentes e a doença acabou por afetar de modo permanente toda a minha vida”, conta.

No início de 2003 Luís já não conseguia subir escadas, tinha dificuldades em falar – ao ponto de lhe ser cada vez mais difícil dar aulas – sofria de ataques de pânico em espaços apertados (mesmo dentro do seu próprio carro) e andar, ainda que distâncias curtas, passou a ser tarefa quase impossível. “A luta para conseguir respirar tornou-se constante, os músculos das costas, ombros e pescoço estavam permanentemente tensos”, recorda.

Porém, na sequência de uma forte gripe, nesse mesmo ano Luís decidiu deixar de fumar. “Há males que vêm por bem. Durante os 5 ou 6 dias em que estive doente decidi-me, não propriamente a deixar de fumar, mas adiar por um dia a retomar o hábito. Sempre e apenas por um dia. Esse dia. E, no dia seguinte, a mesma decisão. Até hoje”, explica.

Apesar da melhoria significativa do seu estado de saúde, a verdade é que, os danos causados pelo enfisema no tecido pulmonar eram já irreversíveis. “Um ano depois de deixar de fumar sofri um pneumotórax. No meu caso, por causa da DPOC, não resultaram as técnicas habituais para cicatrização e tornou-se necessária uma intervenção cirúrgica. E sendo necessária a cirurgia, os médicos propuseram-me remover a parte do tecido pulmonar disfuncional e inútil para que o restante pudesse cumprir mais eficazmente a sua função”, acrescenta admitindo que este foi o verdadeiro início da sua reabilitação.

Tratamento que ensina a respirar

O tratamento da DPOC depende dos sintomas e da gravidade da doença. De acordo com os especialistas muitos doentes não necessitam de tratamento crónico, necessitando apenas de recorrer a terapêutica aconselhada nos períodos de exacerbação da doença.

Os doentes com sintomas regulares necessitam habitualmente de tratamento com inaladores, que reduzem o estreitamento das vias aéreas, relaxando os músculos destas vias.

Já os doentes com obstrução grave das vias aéreas e com exacerbações frequentes podem ser tratados com corticosteróides inalados, na tentativa de redução da frequência destas exacerbações, podendo mesmo fazer corticosteróides orais nas exacerbações mais graves.

Nesta situações pode, igualmente, ser necessária a utilização de oxigénio, quer por pequenos períodos, quer de forma contínua quando há insuficiência respiratória crónica.

Para Luís Gottschalk, tão importante quanto a terapêutica, é a reabilitação respiratória. Um parte integrante do tratamento da doença mas que “infelizmente não está ainda suficientemente desenvolvida no nosso país e é pouco conhecida”.

“Basta dizer que durante os 10 ano anteriores à cirurgia a que fui submetido desconhecia por completo esta terapia e a sua importância para a manutenção da qualidade de vida”, justifica o doente.

A verdade é que, para um doente que sofre de enfisema e cuja capacidade se encontra diminuída é essencial manter os brônquios desobstruídos. “O terapeuta tem aqui uma função indispensável, não só porque aplica técnicas de drenagem, como ensina os exercícios respiratórios que o doente pode utilizar em casa, sozinho, diariamente, para assegurar a desobstrução”, afirma Luís.


A prática regular de exercício físico melhora o desempenho diário do doente

Por outro lado, acrescenta, que existem formas de respiração que facilitam e optimizam a utilização da parte saudável dos pulmões que necessitam de se apreendidas. “No meu caso, a aprendizagem da respiração diafragmática foi essencial. O controlo do ritmo da respiração e a sua sincronização com o esforço também é importante, mas necessita de ser aprendido”, explica.

Nos 10 anos que se seguiram à cirurgia e à reabilitação Luís, confessa, viveu um período excepcional, praticando exercício intensamente e sentindo-se como nunca.

No entanto, no final de 2013 é vítima de uma infeção respiratória que lhe traz de volta alguns dos sintomas controlados. “Voltei a recorrer à terapia de reabilitação respiratória”, recorda.

“Infelizmente, talvez porque não sou suficientemente cuidadoso a resguardar-me do frio, que raramente sinto, tive outras duas infeções no espaço de um ano (entre Janeiro de 2016 e Janeiro de 2017), estas mais graves e debilitantes e que exigiram ambas um curto período de internamento”, acrescenta referindo que, nos últimos dois anos,  se viu obrigado a reduzir a atividade física “quase que apenas à terapia, com uma frequência variável, dependendo da gravidade dos sintomas”.

Ao dar o seu testemunho, Luís Gottschalk espera sensibilizar fumadores e não fumadores para uma patologia que afeta mais de 600 mil portugueses.

“Deixar de fumar é a condição primeira para readquirir a qualidade de vida. Não tenho qualquer dúvida de que os meus dias estavam contados ou que, pelo menos, iria em breve ficar incapacitado para exercer qualquer atividade, qualquer esforço, por mínimo e corriqueiro que fosse”, refere.

“Não se resignem à perda de qualidade de vida. A medicina e a reabilitação respiratória são uma opção real que pode recuperar, ao menos em grande medida, essa qualidade que dá à vida o seu sentido”, aconselha.  

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Direção-Geral da Saúde
Portugal tem 25 casos de sarampo confirmados até ao momento, 64% em maiores de 18 anos, anunciou o diretor-geral da Saúde no...

Os dados mais atualizados sobre o atual surto de sarampo em Portugal indicam ainda que quase metade das situações (48%) da doença se verificaram em profissionais de saúde.

O diretor-geral da Saúde, que foi ouvido ontem na comissão parlamentar de Saúde a pedido do PCP, afirmou aos deputados que cerca de 60% dos casos de sarampo ocorreram em não vacinados.

Francisco George declarou também que o sarampo não é especialmente preocupante entre crianças em idade escolar, destacando que os casos têm atingido sobretudo não vacinado maiores e maiores de idade.

Dos 25 casos confirmados até ao momento houve 12 que motivaram internamento hospitalar.

Segundo o mais recente balanço, houve 95 notificações de sarampo desde início do ano mas até agora só 25 foram confirmados.

Estudo
Um novo medicamento contra a malária foi anunciado como eficaz contra estirpes resistentes e em todo o ciclo do parasita, com...

Num artigo ontem publicado explica-se que o MMV390048 (ou MMV048) é o resultado de investigação conduzida pelo “Drug Discovery and Development Center” (H3D) da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e da fundação Medicines for Malaria Venture (MMV, Suíça), em colaboração com uma equipa de investigadores internacionais.

“A capacidade do MMV048 bloquear todas as fases do ciclo de vida do parasita da malária, oferecer proteção contra a infeção, bem como potencialmente bloquear a transmissão do parasita de pessoa para pessoa, sugere que o composto pode contribuir para a erradicação da malária”, disse Kelly Chiabale, que liderou a investigação.

Em 2014, o MMV048 tornou-se o primeiro medicamento contra a malária a entrar na fase I de estudos em humanos em África. Atualmente está a ser preparada a fase II em humanos.

“Este composto tem um enorme potencial”, disse David Reddy, diretor da MMV, salientando o facto de poder ser administrado em dose única, o que pode revolucionar o tratamento da doença.

Apesar dos avanços na luta contra a malária, da pulverização e do uso de redes mosquiteiras, quase 430.000 pessoas morreram de malária em 2015, especialmente em África, segundo a Organização Mundial de Saúde.

A malária, ou paludismo, é uma doença infeciosa transmitida por mosquitos e que afeta principalmente países da África subsaariana, América do Sul e Ásia.

Serviço Nacional de Saúde
O Sindicato Independente dos Médicos pediu hoje ao diretor-geral da Saúde para livrar os médicos de família da tarefa de passar...

“A pouco mais de 15 dias da obrigatoriedade da emissão eletrónica dos atestados para as cartas de condução mantêm-se fundadas dúvidas sobre a sua exequibilidade no contexto do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, refere uma carta aberta ao diretor-geral da Saúde, que o sindicato divulgou no seu site.

O sindicato argumenta que as condições de trabalho no SNS não permitem aplicar na realidade as exigências para avaliação da aptidão para emitir um atestado médico.

“Podem contar-se pelos dedos o número de gabinetes onde se pode encontrar o equipamento médico” referido na orientação da direção-geral da saúde como necessário para efetuar exames com vista ao atestado para a carta de condução.

Martelo de reflexos, escala de avaliação visual e testes de visão cromática são alguns dos exemplos de materiais em escassez nos consultórios dos médicos de família dados pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

“Será que se pretende com esta medida que nos horários dos médicos de família (…) surja um novo componente chamado cartas de condução, que não é uma necessidade de saúde mas sim social?”, questiona o SIM.

Estes médicos consideram que os condutores devem ser todos avaliados com o mesmo rigor e sem perturbar o acesso às consultas do SNS nem a relação médico-doente, sugerindo que todos os candidatos a atestado sejam avaliados nos Centros de Avaliação Médica e Psicológica (CAMP).

Estes CAMP, ainda em criação, passarão a avaliar a aptidão física e mental dos candidatos a condutores do grupo 2 (como condutores de ambulância ou de veículos pesados), devido a necessidade de avaliação mais específica.

Todos os outros condutores ou candidatos a condutores devem ser avaliados por médicos no exercício da sua profissão segundo requisitos que foram definidos.

O Governo adiou para 15 de maio a obrigatoriedade de emissão dos atestados médicos informaticamente para cartas de condução, que chegou a estar marcada para abril.

A própria Ordem dos Médicos chegou a apelar ao Ministério da Saúde que os atestados médicos passem para a alçada dos CAMP.

De 2 a 15 de maio
Arranca no próximo dia 2 e decorre até 15 de maio o período de candidaturas para o programa “EDP Solidária 2017”, na área de...

No total, desde o seu lançamento em 2004, o programa EDP Solidária – a maior linha privada de investimento social em Portugal - garantiu a continuidade e sustentabilidade de 350 projetos em todo o país, num investimento global superior a 11 milhões de euros.

Em 2017 volta a disponibilizar 2,1 milhões de euros destinados a apoiar três grandes programas: Saúde, Inclusão Social e Educação.

“O programa EDP Solidária tem sido, desde a sua génese, um motor de desenvolvimento de centenas de projetos ligados à área social em todo o país. Privilegiamos o apoio a instituições cujo trabalho se destaca na melhoria de situações de emergência social nas comunidades onde estas estão inseridas. Este ano atribuímos novamente uma verba superior a 2 milhões de euros que, certamente, terá um papel fulcral na diminuição de assimetrias sociais, ao criar os alicerces para uma sociedade mais equitativa e sustentável”, refere Miguel Coutinho administrador e diretor geral da Fundação EDP.

Recorde-se que, só em 2016, o Programa apoiou 30 projetos de inclusão social e atribuiu 12 bolsas a alunos universitários de mérito, em situação de carência social. No campo da Saúde, foram financiados 17 projetos na área dos Cuidados Paliativos de adultos.

As candidaturas para a área da Saúde, dedicada este ano à melhoria da implementação e da disseminação em todo o país da Via Verde do Acidente Vascular Cerebral (AVC) e da Via Verde Coronária – que continuam a ser as principais causas de morte em Portugal -, estão previstas para a primeira quinzena de julho.

Regulamento 2017: http://bit.ly/2pkBwpz

UNICEF
Entre 2000 e 2015, graças à vacinação, as mortes de menores de cinco anos devido ao sarampo diminuíram 85% e as devido ao...

A propósito da Semana Mundial da Imunização, que decorre até sexta-feira, a UNICEF estima ter imunizado quase metade das crianças menores de cinco anos, tendo adquirido em cem países cerca de 2,5 mil milhões de doses de vacinas, tornando o organismo da ONU o maior comprador de vacinas para crianças do mundo.

Num comunicado, a UNICEF salienta que “atende a quase metade das crianças do mundo com vacinas que salvam vidas” e diz que apesar do progresso “milhões de crianças ainda não são abrangidas pela vacinação que protege as suas vidas”.

“O acesso à vacinação levou a uma diminuição impressionante das mortes de crianças menores de cinco anos por causa de doenças que se podem prevenir mediante a imunização e trouxe o mundo mais perto do objetivo de se erradicar a poliomielite”, diz a UNICEF.

E se diminuíram drasticamente as mortes por sarampo e tétano, baixaram também para quase metade as mortes por pneumonia e para mais de metade as mortes por diarreia, no mesmo período (2000 a 2015) e em consequência das vacinas.

Ainda assim, salienta a organização das Nações Unidas, todos os anos cerca de 19,4 milhões de crianças não recebem vacinas completas em todo o mundo, a maior parte (dois terços) delas a viver em países afetados por conflitos.

“Sistemas de saúde precários, pobreza e desigualdades sociais também significam que uma em cada cinco crianças menores de cinco anos ainda não é atingida com vacinas que poderiam salvar sua vida”, diz a UNICEF.

E citando o chefe da área da imunização da UNICEF, Robin Nandy, acrescenta o comunicado: “Todas as crianças, independentemente de onde vivam ou quais sejam suas circunstâncias, têm o direito de sobreviver e prosperar, e a estar protegidas contra as doenças mortais".

Desde 1990, ainda de acordo com o mesmo responsável, a imunização tem sido “uma das principais razões para o decréscimo considerável da mortalidade infantil”, apesar de “1,5 milhões de crianças ainda morrerem cada ano devido a doenças que se podem prevenir com uma vacina".

Health System Review
O Health System Review é apresentado a 27 de abril pelas 10 horas no Instituto de Higiene e Medicina Tropical e dará a conhecer...

A “performance do sistema de saúde português”, a “comparação internacional” e o “sistema de saúde português visto de uma perspetiva internacional” são alguns dos temas em análise.

O Health System Review (HIT) revela que um dos resultados mais preocupantes reside no facto das despesas de saúde das famílias portuguesas estarem entre as mais elevadas da União Europeia, representando 27,6% do PIB em 2015. (dados provisórios).

A procura crescente por seguros de saúde levou a um aumento da oferta, um fenómeno que se deve em parte aos tempos de espera para consultas e cirurgias no Serviço Nacional de Saúde (SNS), pelo que a sustentabilidade do SNS é um dos maiores desafios que o governo enfrenta.

O HIT revela ainda que nos últimos 40 anos Portugal fez progressos significativos na redução da mortalidade e no aumento da esperança média de vida à nascença que em 2014 era de 81,3, um pouco superior à da União Europeia, que registava 80,9 anos (Eurostat2016b).

A mortalidade infantil em Portugal -2,9 óbitos em 100.000 -, apresenta uma taxa inferior à média da União Europeia -3,7/100.000 nados vivos.

Porém as estimativas da esperança de vida são bastante diferentes entre homens e mulheres, sendo que as mulheres portuguesas vivem em média mais 6,4 anos que os homens, valor também superior, quando comparada com os 5,5 anos contabilizados na União Europeia. 

As mulheres vivem, portanto, mais do que os homens, sendo, no entanto, mais afetadas por perturbações músculo-esqueléticas, depressão e obesidade, têm também mais propensão para baixas médicas e para sofrerem de dor lombar crónica.

Ainda segundo o HIT, existem estudos que concluem que um baixo nível educacional está associado a um pior estado de saúde. A evidência sugere que os grupos mais vulneráveis em Portugal incluem idosos e crianças em situação de pobreza, pessoas pobres que habitam em áreas rurais, minorias étnicas, migrantes e desempregados de longa duração. Estes grupos têm maior propensão para ter problemas de saúde quando atravessam períodos prolongados de pobreza, desemprego e exclusão social.

Também existem diferenças significativas de riqueza e de indicadores de saúde, entre as áreas de Lisboa e Porto e as regiões do interior. Muitos dos que residem em áreas rurais ainda continuam a viver numa relativa pobreza e enfrentam barreiras (particularmente de distância geográfica) de acesso a serviços de saúde de qualidade.

As disparidades geográficas são apontadas no relatório como importantes uma vez que, excluindo médicos em formação, a área de Lisboa concentra 250 médicos do SNS por 100 mil habitantes, contra 100 médicos no Alentejo pelos mesmos 100 mil.

Semana Europeia da Vacinação
A Pneumonia mata. Embora seja recomendada pela Direção-Geral da Saúde a grupos de adultos com risco acrescido de a contrair,...

Mais do que uma questão de acesso, as baixas taxas de imunização na idade adulta prendem-se, sobretudo, com a falta informação ou de prescrição. Para divulgar recomendações, estatutos e direitos, e sensibilizar a população, profissionais de saúde e governantes para este problema, a Associação Respira juntou-se à Fundação Portuguesa do Pulmão e ao GRESP – Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar para lançar o Movimento Doentes pela Vacinação. Um Movimento que esperam vir a agregar outras associações, sociedades científicas e população em geral, com o objetivo comum de “alertar, informar e orientar todos os interessados sobre o tema”.

Segundo um estudo recente, 9 em cada 10 adultos com mais de 50 anos não estão vacinados contra a pneumonia1. De acordo com o mesmo estudo, a falta de indicação médica é a principal razão para que estes adultos ainda não estejam imunizados. Isso apesar de existir, desde 2015, uma Norma da Direção-Geral da Saúde (011/2015) que recomenda a vacinação de grupos de adultos com risco acrescido de contrair doença invasiva pneumocócica (DIP). A prevenção contra a Pneumonia, a forma mais comum da DIP nesta faixa etária, é, assim, recomendada, a quem está mais fragilizado, como é o caso dos membros de uma das entidades fundadoras, a Respira - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas.

Conscientes de que o acesso à informação é a base de uma boa prevenção, e de que, por falta de informação, ou de prescrição, ainda são poucos os adultos vacinados, a Respira, a Fundação Portuguesa do Pulmão e o GRESP juntaram-se no Movimento Doentes pela Vacinação. Lançada no dia 26 de abril, no âmbito da Semana Europeia da Vacinação, a iniciativa tem como principal objetivo sensibilizar doentes, profissionais de saúde, governantes e a população em geral, para a importância da vacinação antipneumocócica na idade adulta.

O Movimento Doentes pela Vacinação pretende derrubar as barreiras que existem à vacinação na idade adulta, transformando a informação disponível em consciência. Considera a vacinação antipneumocócica um direito fundamental e lamenta que ainda estejam tantos por vacinar por falta de informação: mais que o acesso económico, o principal entrave à vacinação antipneumocócica é a falta de conhecimento.

As celebrações da Semana Europeia da Vacinação (24 a 26 de abril), sob o tema "Vaccines work"/”As vacinas funcionam”, servem de mote para o arranque deste Movimento que começará com a Respira, a FPP e o GRESP, mas que em breve se estenderá a outras entidades e associações de doentes. Será essa uma das missões para as próximas semanas, a par de uma campanha de sensibilização a implementar junto de Juntas de Freguesia, Centros de Dia, Lares e outros locais frequentados por doentes de risco.

“É necessário dotar a população e os profissionais de saúde de consciência sobre o problema, e para isso, nada como ir ao seu encontro. Começaremos pelas Juntas de Freguesia, pelos Centros de Dia, pelos Lares e outros locais que frequentam”, explica Isabel Saraiva, vice-Presidente da Respira, e fundadora do Movimento Doentes pela Vacinação. “Queremos consciencializar estas pessoas dos riscos que correm. Risco desnecessários porque, felizmente, há prevenção. No fundo, queremos que ponham a vacinação na equação, explicar que a Vacinação é um Direito e que a partilha de Informação sobre recomendações, aconselhamento e direitos, é uma obrigação dos Profissionais de Saúde. Será missão deste Movimento contribuir para o esclarecimento e para divulgação desta temática, para que doentes, profissionais de saúde e até governantes façam as suas escolhas em plena consciência”, acrescenta.

1PneuVUE®: Uma Nova Visão em relação à Pneumonia Entre Adultos Mais Velhos. Disponível em https://www.ipsos-apeme.com.

Bastonário
O bastonário da Ordem dos Médicos defende que a redução dos tempos de espera na saúde será mais fácil nas consultas do que nos...

“A situação será mais complicada nos meios complementares de diagnóstico [exames], pois estes dependem de capital humano, mas também da capacidade da estrutura física (…), sobretudo de equipamentos mais pesados”, afirmou Miguel Guimarães.

O bastonário reagia ao facto de, numa entrevista ao jornal Público, o secretário de Estado da Saúde, Fernando Araújo, ter anunciado que o Governo se prepara para reduzir os tempos de espera nas consultas de especialidade e nos meios complementares de diagnóstico.

Segundo o governante, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai pagar mais a médicos e enfermeiros para reduzir os tempos de espera para primeiras consultas de especialidade e exames.

O tempo máximo que um doente pode esperar por uma consulta da especialidade vai baixar dos atuais cinco meses para quatro e, no caso das doenças cardíacas, haverá uma equiparação aos doentes oncológicos, que atualmente são tratados como casos prioritários.

“É preciso ver se há estrutura física e espaço para que esta oferta acrescida possa ser realizada. Na consulta externa será possível nalguns hospitais, mas noutros será difícil”, lembrou Miguel Guimarães, dando o exemplo do Hospital S. João, no Porto, onde trabalha, que tem a consulta externa "sempre sobrelotada".

“Eventualmente pode ser durante o fim de semana”, afirmou o responsável, lembrando que, apesar de o valor apontado para pagamento aos médicos pelas consultas extra (entre 12 e 19 euros) ser “claramente inferior ao que seria justo para consulta externa”, alguns poderão estar interessados.

De acordo com o bastonário, “se for durante a semana, fora do horário de trabalho, e se houver estrutura física, existem vários hospitais, mais periféricos, que têm essa possibilidade pois têm uma deficiência grave de capital humanos [médicos]".

A situação mais complicada, segundo Miguel Guimarães, será nos meios complementares de disgnóstico.

“São exames que se fazem muito frequentemente em muitos hospitais e em equipamentos já fora do prazo e que precisam de ser renovados, não só na sua versão mais recente, com melhor acuidade diagnóstica, mas também na capacidade de resposta dos equipamentos. Aí, não sei como o Ministério das Saúde vai fazer”, disse.

O bastonário sublinha a necessidade de renovação de muitos equipamentos hospitalares e de espaço para os ter, lembrando que no ano passado foram gastos pelo Governo mais de 400 milhões de euros em exames contratualizados fora do SNS por falta de capacidade.

“Nesta fase, não renovando as estruturas físicas e equipamentos, será muito difícil que o SNS, sozinho, consiga dar resposta. Vai haver uma situação mista, o que for possível dentro do SNS faz-se e o que não for será no exterior”, concluiu.

Apifarma
A dívida dos hospitais públicos à indústria farmacêutica continua a aumentar, atingindo os 892 milhões de euros em março, tendo...

João Almeida Lopes falava aos deputados da Comissão parlamentar da Saúde, onde hoje são ouvidos vários representantes do setor sobre as dívidas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

De acordo com a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), em março deste ano a dívida dos hospitais públicos a estas empresas ascendia a 891,5 milhões de euros.

Este valor representa um aumento de 46,9 milhões de euros em relação ao mês anterior, crescendo assim a dívida a um ritmo de 1,5 milhões de euros por dia.

Os mesmos dados hoje entregues aos deputados apontam para um valor que é o maior desde pelo menos dezembro de 2014, quando o mesmo era de 783,2 milhões de euros.

Na sua exposição, o presidente da Apifarma recordou que, “durante o período de assistência financeira, as empresas farmacêuticas foram reconhecidas como principais contribuintes para o ajustamento realizado ao nível da saúde”.

Entre 2011 e 2014, a despesa com medicamentos caiu 629 milhões de euros, uma descida que se terá devido a “um conjunto alargado de medidas com o objetivo de reduzir o défice público e de reduzir a despesa do setor da saúde, centrando-se sobretudo na afetação da cadeia de valor do medicamento”.

Segundo a Apifarma, que cita dados do organismo que regula o setor do medicamento (Infarmed), as revisões de preços entre 2012 e 2016 permitiram uma poupança ao Estado de 300 milhões de euros.

“Em consequência destas medidas, foram manifestos os problemas de abastecimento do mercado, com 46% dos utentes a reportar falhas no acesso ao medicamento”, prossegue a Apifarma.

Sarampo
Mais de 10.500 pessoas assinaram a petição pública que defende a vacinação obrigatória no caso das vacinas do Programa Nacional...

Segundo texto da petição, divulgado no 'site' Petição Pública, os signatários, entre os quais médicos e outros profissionais de saúde, defendem que "é cada vez mais importante alertar as pessoas para a necessidade de vacinar as crianças”, depois de na semana passada ter sido conhecida em Portugal a primeira morte por sarampo, de uma jovem de 17 anos que não estava vacinada.

“Por uma questão de saúde pública, não queremos que exista um retrocesso civilizacional no que à evolução médica diz respeito”, recordam os signatários da petição, que até às 08:45 de hoje tinha recolhido 10.515 assinaturas, algumas de médicos e outros profissionais de saúde.

Para defender a obrigatoriedade das vacinas incluídas no Programa Nacional de Vacinação (PNV), os signatários da petição, lançada há uma semana, lembram que “estas mesmas crianças não vacinadas (…) podem ser foco de infeção para quem tem um sistema imunitário fraco ou para quem não pode ser, de todo, vacinado”, mas reconhecem que “muitos dos casos que agora surgem de doenças para as quais já há vacinas não se prendem, diretamente, com os movimentos antivacinação”.

“Porque não queremos voltar a temer doenças como a tuberculose, o sarampo, a escarlatina ou a tosse convulsa (…), vimos pedir que seja pensada a obrigatoriedade da vacinação de todas as crianças – e apenas das vacinas que constam do Plano Nacional de Vacinação, que sabemos ser um dos mais robustos da Europa”, defende a petição.

Depois de ter sido conhecida a morte de uma jovem de 17 anos infetada com sarampo, a Direção-Geral da Saúde (DGS) aconselhou as escolas a afastarem dos estabelecimentos de ensino por um período de 21 dias qualquer membro da comunidade escolar que, depois de exposto ao vírus do sarampo, recuse ser vacinado.

“Os delegados de saúde verificam a existência de contacto com um doente em fase de contágio e sugerem, quando indicada, a vacinação. Nestes casos, e perante a recusa da vacinação de qualquer membro da comunidade escolar, em situação de pós-exposição, aconselha-se a não frequência da instituição durante 21 dias após o contacto”, refere a orientação da DGS.

Referindo que a imunidade de grupo protege toda a comunidade, incluindo “as poucas crianças que, por circunstâncias específicas, não estão vacinadas”, a orientação às escolas sublinha, ainda assim, que é “importante que todas as crianças sejam vacinadas, para benefício próprio e da população em geral”.

Na segunda-feira começou a Semana Europeia da Imunização, sob o lema "Vaciones Work" (vacinas funcionam) e, no seguimento desta campanha, a Associação Respira aliou-se à Fundação Portuguesa do Pulmão e ao Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar para lançar hoje o Movimento de Doentes pela Vacinação.

O comissário europeu para a Saúde, Vytenis Andriukaitis, reiterou na segunda-feira que as vacinas são uma das vias mais seguras para prevenir doenças e que a descrença na imunização é “uma ameaça que não pode ser ignorada”.

“As vacinas são uma das formas mais seguras e economicamente mais eficazes de assegurar a saúde pública e de prevenir doenças evitáveis”, disse Andriukaitis, num comunicado divulgado no âmbito da Semana Europeia da Imunização.

A declaração, assinada conjuntamente com a diretora para a Europa da Organização Mundial de Saúde (OMS), Zsuzsanna Jakab, sublinha que “os mitos antivacinação e a falta de conhecimento podem levar as pessoas a recusar as vacinas, o que, por sua vez, pode abrir a porta para surtos de doenças”, sustentando que “a diminuição da confiança pública na imunização é uma ameaça séria que não pode ser ignorada”.

Um dos exemplos apresentados é o do sarampo, que matou cerca de 2,6 milhões de pessoas por ano até à larga difusão da vacinação, em 1980.

Segundo uma informação divulgada na segunda-feira pela DGS, em Portugal foram notificados este ano 87 casos de sarampo, dos quais 24 confirmados e outros 12 estão ainda em investigação.

O sarampo é uma doença altamente contagiosa, geralmente benigna mas que pode desencadear complicações e até ser fatal. Pode ser prevenida pela vacinação, que em Portugal é gratuita.

Dezoito países europeus foram incluídos numa lista de regiões com transmissão endémica de sarampo, segundo os dados do Centro Europeu para Prevenção e Controlo de Doenças.

Opinião
Todos os anos são registados mais de 12 mil casos de cancro digestivo.

Com uma incidência de mais de 12 mil novos casos anuais e uma mortalidade que ronda os 1.700 óbitos em Portugal, o cancro digestivo continua subdiagnosticado. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados em 2015, morreram aproximadamente 4.000 portugueses com cancro colorretal, 2.300 com cancro do estômago e 1.400 com cancro do pâncreas.

São números preocupantes e que, no nosso entender, continuam sem solução à vista.

Em 2016 foi anunciado que o rastreio de base populacional iria arrancar nesse mesmo ano. Depois disso, foi ainda publicado um despacho que determinava que as ARS deveriam desenvolver iniciativas que visassem melhorar a taxa de adesão aos rastreios, garantir a sustentabilidade da sua execução, bem como informar os cidadãos da importância dos mesmos para a deteção precoce da doença.

Um ano depois, o Plano Estratégico para a implementação dos rastreios oncológicos de base populacional do Cancro do Intestino continua por aplicar.

Aquilo que sabemos é que apenas a ARS Norte implementou um projeto Piloto do cancro colorretal, abrangendo 3.000 pessoas, entre algumas faixas etárias dos 50 e 75 anos, em alguns centros de saúde das regiões de Valongo, Maia, Póvoa de Varzim e Vila do Conde, com a aplicação de dois métodos diferentes.

Esse mesmo projeto, após alguma reflexão, faz-nos levantar três grandes questões:

1º Continuamos preocupados a testar o melhor método para a aplicação dos rastreios de base populacional, quando o mesmo já foi encontrado à custa de várias iniciativas privadas promovidas pelas Associações de doentes e instituições como a Europacolon e as Farmácias Holon, por exemplo,  bem como na generalidades dos países europeus, respetivamente. O desafio que se impõe é tão simples como a sua aplicação a nível nacional;

2º Um dos modelos de captação que está a ser utilizado – é o envio de carta convite e kit de captação de amostras de fezes para casa dos utentes. Este modelo assume-se, segundo o nosso ponto de vista, como impessoal, redutor  e pouco incisivo. Dever-se-ia, pelo contrário, apostar numa maior abordagem e aproximação por parte dos profissionais de saúde nos cuidados de saúde primários, por forma a aumentar o diagnóstico precoce e a sensibilização para a importância da prevenção;

3º O projeto piloto esta a ser aplicado no norte do país, contudo o cancro do colon apresenta-se com maior incidência (2.563) nas regiões de Lisboa, Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, segundo dados do Registo Oncológico Regional – Sul, e este tipo de rastreio tem de abranger toda a área geográfica do nosso país.

Concluímos que, infelizmente, em Portugal continuamos a privilegiar a vertente curativa em detrimento de políticas de prevenção e a fomentar a iniquidade que se regista ao nível da acessibilidade ao rastreio e tratamentos!

Por outro lado, e não menos preocupante, temos a questão da realização das colonoscopias de seguimento ou diagnóstico sobretudo  na Grande Lisboa. Após vários anos de alerta continua a situação, com algumas melhorias, mas a ser insuficiente a resposta à concretização daqueles exames dado que, com a implementação do rastreio de base populacional a procura aumentará significativamente. Pesquisa de sangue nas fezes positiva exige que se faça colonoscopia de imediato….

Ao contrário do que acontece na maioria dos demais países europeus, em Portugal ainda não se encontra implementado um rastreio de base populacional tendo como alvo o cancro colorretal (CCR) que é, de entre as doenças oncológicas, a mais rastreável, aquela em que o rastreio apresenta a melhor relação custo/benefício.

Esta lacuna coloca o nosso país na cauda da Europa no que toca, quer à incidência, quer à mortalidade.

Recordamos que o cancro colorretal é o tipo de cancro em que o custo/benefício na implementação de medidas preventivas é mais positivo, o que implica que qualquer investimento nesta área trará uma poupança exponencial nos custos em saúde na área oncológica, para o tratamento de casos de estadios mais avançados e que requerem tratamento muito dispendioso.

A Europacolon foi fundada há uma década, ao longo da qual já morreram mais de 40 mil pessoas por cancro do intestino e outras tantas foram afetadas por tratamentos muito duros e com elevados custos sociais. Desenvolve atividades de sensibilização, junto da população, tentando aumentar a literacia em saúde em Portugal de forma a podermos dotar as pessoas de ferramentas que permitam ter atitudes que permitam  aumentar os níveis de prevenção e de diagnóstico precoce, e assim reduzir drasticamente os números da incidência e mortalidade através do conhecimento dos sintomas, da necessidade de rastreio, entre outras.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
No Algarve
Cerca de 2.500 especialistas reuniram-se este fim de semana no Algarve, na 38.ª edição do Congresso Português e Cardiologia,...

Em declarações, o presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, João Morais considerou que este foi um congresso "muito abrangente do ponto de vista temático”, que passou “em revista múltiplas áreas".

O presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia adiantou ainda que "Portugal acompanha o que se passa um pouco pelo mundo" e destacou os "500 trabalhos originais", que foram apresentados por jovens, "a maior parte deles internos, que vêm de vários serviços de diferentes pontos do país".

"Tivemos sessões só a debater e a discutir casos clínicos, sessões práticas e sessões com médicos de família, que trouxeram os seus casos clínicos mais complexos para debater. É um congresso muito rico do ponto de vista científico muito variado e diversificado", revelou.

O cardiologista destacou ainda a intervenção de Petter Libby, na sessão de abertura, "um cientista de nível mundial que se deslocou a Portugal para o congresso" e informou que se registaram também "momentos de medicina pura e dura", onde o 'chefe' Henrique Sá Pessoa falou sobre a dieta mediterrânea.

Durante o congresso – que decorreu sob o tema "Olhar o Coração: Conhecimento, Inovação e Arte" - foram ainda apresentadas novas tecnologias e produtos que estão a ser testados. "O congresso é afirmação da cardiologia como a grande especialidade médica em Portugal e evidencia a sua vitalidade. Gostamos de mostrar à tutela a força da Sociedade Portuguesa de Cardiologia", rematou.

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