Sarampo
O bastonário dos Médicos admite que possa vir a ser obrigatório para os profissionais que trabalhem em unidades de saúde...

Em declarações, Miguel Guimarães adiantou ainda que vai hoje à tarde visitar o Hospital de Santo António, local com o qual tem ligação laboral a maioria dos suspeitos de infeção de sarampo do surto conhecido esta semana no norte do país. Contudo não se sabe ainda o estado vacinal dos infetados.

O bastonário reconhece que é complexo defender a obrigatoriedade da vacinação dos cidadãos e que pode nem ser a medida mais eficaz, mas entende que em determinados locais, como as unidades de saúde ou escolas, poderá ter de ser obrigatório aos profissionais apresentar o boletim de vacinas para comprovar o estado vacinal.

“Têm de ser dadas indicações para ser feita uma ampla campanha nas unidades de saúde. Também para que os médicos de medicina de trabalho chamem todos os profissionais de saúde à consulta e a primeira coisa que têm de ver é plano de vacinação. E depois considerar a hipótese de a pessoa estar vacinada para trabalhar numa unidade de saúde”, afirmou Miguel Guimarães.

O bastonário lamenta ainda que, depois do surto do ano passado, o Ministério não tenha avançado com uma “verdadeira campanha nacional” pela vacinação, generalizada a toda a população.

“Não chegam anúncios de televisão”, disse.

O representante dos médicos considera a “vacinação como a mais importante medida de saúde pública” e afirma-se muito preocupado com este surto”, lembrando que Portugal chegou a ser considerado uma zona livre de sarampo.

Miguel Guimarães refere não ter informação concreta sobre o estado vacinal dos profissionais de saúde que possam estar infetados, mas, questionado pela Lusa, disse não ter indicação de nenhum pediatra entre os casos suspeitos.

Os profissionais de saúde são o único grupo a quem são recomendadas duas doses de vacina contra o sarampo, independentemente da sua idade, segundo uma norma da Direção Geral da Saúde (DGS), atualizada a propósito do surto atual, mas que refere que quem já teve a doença estará protegido para toda a vida, não necessitando de vacinação.

O número de casos de sarampo confirmados na região norte subiu para 21, segundo os últimos dados da DGS.

Dos 51 casos suspeitos de sarampo, entre os quais estão os 21 confirmados, 45 têm ligação laboral ao Hospital de Santo António, no Porto.

 

Cintesis
Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde foram distinguidos com uma bolsa de cinco mil euros...

A Bolsa Emílio Peres, atribuída pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia, vai financiar este projeto, no âmbito do qual será realizado um ensaio clínico que inclua homens e mulheres com idades entre os 40-75 anos, diagnosticados com diabetes de tipo 2.

“Dado que a cerveja é uma bebida fermentada rica em poalifenóis que, em estudos pré-clínicos, melhoraram a sensibilidade à insulina, este projeto pretende avaliar o efeito do consumo moderado de cerveja sem álcool nos níveis de açúcar de indivíduos com diabetes do tipo 2”, esclareceu Conceição Calhau, líder da linha de investigação.

De acordo com esta especialista na área de Nutrição e Metabolismo do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis) e professora na NOVA Medical School, em Lisboa, “com este estudo em humanos, pretende-se obter conclusões mais sólidas sobre a utilidade do consumo de cerveja sem álcool nos diabéticos”.

De acordo com os investigadores, o lúpulo, uma planta utilizada pela indústria cervejeira que confere o gosto amargo à cerveja, é rico em polifenóis, como o xanto-humol, que apresenta diversos benefícios para a saúde. Resultados obtidos em estudos pré-clínicos revelaram que o xanto-humol atenua a hiperglicemia.

“Contudo, a evidência científica sobre os efeitos do consumo de cerveja no metabolismo e na microbiota intestinal é escassa e, na sua maioria, suportada apenas por estudos em modelos animais ou in vitro”, acrescentam.

Eva Lau, endocrinologista e docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que fará as consultas aos diabéticos, salienta que “a alimentação é o fator que mais influencia a composição do microbiota intestinal. Estudos anteriores mostram que modificações nos hábitos alimentares levam a alterações visíveis na composição do microbiota intestinal logo após 24 horas”.

A equipa de investigação inclui ainda André Rosário, Diana Teixeira, Diogo Pestana, Ana Faria e Davide Carvalho. Os doentes serão recrutados no Hospital de São João do Porto e as análises à microbiota serão realizadas na NOVA Medical School, em Lisboa.

Os investigadores do Cintesis e da Universidade Nova de Lisboa estão também a desenvolver um outro estudo sobre os efeitos do consumo moderado da cerveja na saúde, para o qual procuram voluntários.

Neste projeto, o grupo pretende avaliar o efeito do consumo de cerveja na microbiota intestinal (flora intestinal), no perfil metabólico e lipídico em indivíduos saudáveis, sendo liderado pela investigadora e especialista em Nutrição e Metabolismo do Cintesis Conceição Calhau.

Para desenvolver este estudo, a equipa está à procura de 30 voluntários saudáveis, do sexo masculino, entre os 18 e os 65 anos de idade, que estejam dispostos a consumir uma cerveja por dia, com e sem teor alcoólico (5,20%, 0,45% e 0% de álcool), durante quatro semanas.

O Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Universidade do Porto, o Cintesis beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da Escola Superior de Enfermagem do Porto.

No total, o centro agrega mais de 500 investigadores, em 23 grupos de investigação que trabalham em 3 grandes linhas temáticas.

 

Portugal na linha da frente dos países europeus
Portugal tem atualmente 400 mil dadores voluntários de medula óssea, 61% mulheres e 39% homens – em número somos o 3º país da...

Estes e outros números vão ser debatidos no 12º Dia do Doente, Familiar e Dador que vai ter lugar no próximo dia 17 de março, sábado, no Centro de Congressos de Lisboa. Este dia é dedicado às pessoas que tiveram ou aguardam por um transplantes de medula óssea ou de células estaminais, familiares, cuidadores e dadores.

Manuel Abecasis, Presidente da 44ª Reunião Anual do EBMT e Diretor do Departamento de Hematologia e do Programa de Transplantação de Medula Óssea do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, sublinha: "O objetivo deste fórum é permitir que todas as partes envolvidas num processo de transplante troquem experiências e aprendam umas com as outras. Esta é uma ótima oportunidade para ouvir sobre os mais recentes resultados da pesquisa no campo do transplante de sangue e medula de um painel de especialistas. Acredito que esta será uma experiência única e memorável para todos os que consigam estar presentes".

Historicamente, este dia teve como objetivo alcançar doentes e famílias, no entanto, nos últimos anos, os temas relacionados com o dador foram integrados no programa e continuarão a ser integrados nos próximos anos. Mais de 26 milhões de pessoas em todo o mundo estão atualmente listadas como potenciais dadores voluntários de medula na esperança de salvar a vida daqueles que estão a lutar contra o cancro e doenças do sangue que ameaçam a vida.

Durante o dia serão partilhadas experiências na primeira pessoa de doentes transplantados e de dadores, familiares e não relacionados. O 12º Dia do Doente Familiar e Dador foi cuidadosamente organizado por uma equipa do Departamento de Hematologia e do Programa de Transplantação de Medula Óssea do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, o EBMT e associações de pacientes. O programa inclui sessões que abordarão tópicos como: "O que é um transplante hematopoiético"; "Escolha do produto hematopoiético para transplante"; "Diferentes fases na progressão do processo do transplante hematopoiético"; "Cuidados de enfermagem ao doente na unidade de isolamento"; "Cuidados de enfermagem ao doente no hospital de dia", o “Papel das Associações”, o Papel do registo de dadores de diferentes países, entre outros temas.

O 12º Dia do Doente Familiar e Dador dá o kick off para a 44ª Reunião Anual do EBMT - European Society for Blood and Marrow Transplantation – que vai ter lugar de 18 a 21 de março em Lisboa.

 

DGS
Os profissionais de saúde são o único grupo a quem são recomendadas duas doses de vacina contra o sarampo, independentemente da...

O número de casos de sarampo confirmados na região norte subiu para 21, segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Dos 51 casos suspeitos de sarampo, entre os quais estão os 21 confirmados, 45 têm ligação laboral ao Hospital de Santo António, no Porto.

A DGS atualizou hoje a norma dirigida aos médicos e enfermeiros do sistema de saúde sobre os procedimentos em unidades de saúde, na qual é recordado o número de doses de vacina recomendados, de acordo com a idade.

Aos menores de 18 anos, são recomendadas duas doses de vacina VASPR (anti-sarampo, anti-parotidite e anti-rubéola), aos 12 meses e aos cinco anos de idade.

Para os adultos a recomendação é de uma dose aos nascidos em 1970 ou após este ano, não sendo recomendada qualquer dose para os nascidos antes de 1970, uma vez que cerca de 99% da população nascida antes desta data tem proteção contra o sarampo, de acordo com o Inquérito Serológico Nacional 2015/2016.

A exceção vai para os profissionais de saúde a quem são recomendadas duas doses, independentemente do ano de nascimento.

No seguimento do número de casos suspeitos de sarampo que atinge vários profissionais de saúde neste surto, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) defendeu um consenso alargado com as ordens e sindicatos dos profissionais de saúde para uma campanha pelo cumprimento do Programa Nacional de Vacinação.

Alexandre Lourenço admitiu, contudo, que, se não resultar, os hospitais podem tomar outras medidas.

“Temos de saber dosear a problemática sem entrar na liberdade de cada um e começar pela sensibilização. Se não for um sucesso, temos de pensar noutro tipo de medidas, que podem passar pela definição de requisitos para o exercício da profissão”, afirmou, em declarações à Lusa, o presidente da APAH.

No ano passado, Portugal teve dois surtos simultâneos de sarampo (num total de 29 casos), que chegaram a provocar a morte de uma jovem de 17 anos.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), “cada nova pessoa afetada pelo sarampo na Europa relembra que crianças e adultos não vacinados, independentemente de onde vivam, continuam em risco de contrair a doença e de a passar a outros que possam ainda não estar vacinados”.

O sarampo é uma doença grave, para a qual existe vacina, contudo, o Centro Europeu de Controlo de Doenças estima que haja uma elevada incidência de casos em crianças menores de um ano de idade, que ainda são muito novas para receber a primeira dose da vacina. Daí que reforce a importância de todos os outros grupos estarem vacinados de forma a que não apanhem nem transmitam a doença.

Segundo os dados de 2017, mais de 87% das pessoas que contraíram sarampo não estavam vacinadas.

Associação
O maior risco à qualidade do sono "é a falta de respeito que há" por ele em Portugal, alerta a Associação Portuguesa...

"O maior risco é a falta de respeito que se tem pelo sono. Em Portugal, ainda não se valoriza o sono como algo essencial para o nosso bem-estar e a nossa saúde", disse à agência Lusa o presidente da associação, Joaquim Moita, que alerta para a prevalência na população portuguesa de doenças como a síndrome de apneia obstrutiva (49% dos homens e 25% das mulheres têm ou virão a ter) e a insónia crónica (10% dos adultos).

Joaquim Moita sublinha que sem qualidade de sono podem surgir vários outros problemas, nomeadamente cardíacos - "em cada dez AVC, três ou quatro são em indivíduos com apneia do sono".

"Achamos que trabalhar é mais importante que dormir. Mas depois qual vai ser a rentabilidade no trabalho? O que é que se produziu do ponto de vista físico e intelectual? Se não dorme oito horas, a rentabilidade é mais baixa, e as empresas regem-se cada vez mais pela rentabilidade do que pelo número de horas", frisou.

Hoje, Dia Mundial do Sono, o especialista apela a que os portugueses sigam o exemplo do futebolista Cristiano Ronaldo, a quem "ninguém tira as suas oito ou nove horas de sono por dia".

Além disso, o presidente da Associação Portuguesa do Sono salienta que é necessário não ir atrás de "manias e modas", que vão surgindo, como "o disparate de levantar cedíssimo e ir logo correr - é caminho andado para um enfarte".

Na sociedade moderna e industrializada, onde já são poucas as pessoas que se deitam quando o sol se põe e se levantam com o nascer do sol, há também hábitos e situações laborais que potenciam uma má qualidade do sono, notou.

Normalmente, o ritmo endógeno do humano diz que "às 06:00 está na altura de se preparar para acordar", produzindo cortisol (hormona associada à atividade e movimento), sendo que perto das 21:00, com a escuridão, começa a ser libertada melatonina (associada ao sono), que atinge o seu pico por volta das 00:00, explanou.

Face a esse processo, o sol acaba por ser um "marcador do tempo", que ajuda a fazer a sincronização entre o ambiente e o ritmo interno de cada um.

O hábito de estar à frente de computadores, ‘smartphones' e televisões à noite acaba por inibir a libertação da melatonina, face à emissão de luz azul pelos aparelhos, sublinha Joaquim Moita.

O trabalho por turnos noturnos também pode ter consequências, especialmente se for mais de oito horas por dia e durante mais de duas semanas e horários de trabalho muito flexíveis - situação que se verifica muito entre profissionais liberais - também pode resultar em implicações para a saúde, frisou.

Segundo o coordenador do Centro de Medicina do Sono do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, há que seguir o bom senso: sete a nove horas de sono, deitar-se sempre à mesma hora e procurar logo o sol (devido à produção de cortisol) e acordar sempre à mesma hora (ao fim de semana pode ter-se "um desconto de uma hora", refere).

"Há uma hora para descansar e uma hora para estar acordado, mas as sociedades modernas não respeitam muito esses nossos relógios e ritmos. É preciso combater essa desregulação", frisou.

 

Estudo
As bactérias são capazes de transferir entre si os genes que lhes conferem resistência aos antibióticos. Uma equipa de...

Como se não bastasse as bactérias desenvolverem resistência aos antibióticos, ainda são capazes de transferir essa capacidade a outras bactérias, sejam elas da mesma estirpe ou não. E há uma proteína que ajuda neste processo. Uma equipa de investigadores do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL, na sigla em inglês) conseguiu perceber de que forma é que a proteína cumpre essa função, conforme publicaram esta quinta-feira na revista Cell. Bloquear a ação desta proteína pode impedir que os genes de resistência antimicrobiana passem de umas bactérias para as outras, escreve o Observador.

Embora a partilha de genes de resistência aos antibióticos entre bactérias não seja uma novidade, os processos moleculares que o permitem não são bem conhecidos. Sabia-se que as bactérias usavam os transposões, elementos saltitantes de ADN que transportam esses genes. Agora, os investigadores perceberam que a proteína transposase envolvida no processo força a porção de ADN a desenrolar-se para conseguir mais facilmente cortar a parte que lhe interessa.

A distorção do ADN também ajuda a inserir a porção resistente ao antibiótico em vários locais numa grande variedade de bactérias, expandindo a capacidade de transferência de genes”, explicou ao Observador Orsolya Barabas, coordenadora do grupo de Biologia Estrutural e Computacional do EMBL.

Saber como é que os transposões passam de uma bactéria para a outra e o papel que a proteína tem neste processo, vai permitir aos investigadores procurar moléculas que bloqueiem a proteína ou estes movimentos. Uma possibilidade é impedir que a proteína adquira a estrutura tridimensional que a torna funcional, usando, para isso, um novo peptídeo (um cadeia curta de aminoácidos). Outra possibilidade é usar uma molécula que imite o ADN e que se ligue ao transposão, impedindo que a transferência de genes ocorra.

“A longo prazo, estas estratégias podem, por exemplo, prevenir a transferência de resistência em pessoas que tenham sido identificadas como portadores de bactérias resistentes a antibióticos, ajudando a controlar a disseminação deste genes de resistência”, disse Orsolya Barabas.

A descoberta da estrutura molecular da proteína é um passo importante para que se possa prevenir esta transferência de genes, mas até que isto chegue à prática clínica há um longo caminho a percorrer. Atualmente, o grupo de Orsolya Barabas está concentrado não só em compreender como é que o mecanismo funciona in vitro, nas condições controladas de um laboratório, mas também como funciona na vida real, num organismo vivo. A investigadora considera que, para isso, é preciso apostar mais na microbiologia e na investigação destes mecanismos.

Jovens
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e o IREFREA Portugal - Instituto Europeu de Investigação de Fatores de...

Empowering parents organizations to prevent substance use (EPOPS), assim se designa este projeto, em curso até final de 2019 e que persegue o objetivo de acautelar um perigo que afeta adolescentes e jovens, impedindo ou atrasando a idade de início do consumo de substâncias nocivas, como o álcool, bem como os comportamentos de risco associados.

Através do EPOPS, ESEnfC e IREFREA Portugal vão apoiar os pais no desenvolvimento de um conjunto de habilidades que lhes permitam, por exemplo, estabelecer algum tipo de controlo do comportamento do adolescente, fixar normas e limites, ou aplicar disciplina através da negociação.

É que «tem sido demonstrado que a ignorância sobre as atividades dos filhos, falta de supervisão, dificuldade para estabelecer normas de comportamento, ausência de regras claras sobre o funcionamento familiar, inabilidade de recompensar ou castigar adequadamente, ausência ou imposição extrema ou irracional da disciplina, envolvem risco aumentado de comportamento desviante», afirmam as professoras Ana Perdigão e Irma Brito (ESEnfC) e o psicólogo Fernando Mendes (IREFREA Portugal), responsáveis pela implementação do projeto no espaço nacional.

Prevê-se a formação de cerca de 60 pais – com o envolvimento de 30 associações de pais e famílias, pais e mães de filhos menores e outros educadores – e de uma dezena de agentes-chave (profissionais ligados à prevenção de comportamentos de risco).

O projeto, cofinanciado por fundos europeus, consiste na adaptação e avaliação-piloto do programa espanhol Ferya (Familias en red y activas) em dois países europeus: Portugal e Alemanha. Além da ESEnfC e do IREFREA Portugal, colaboram no projeto o Instituto Europeo de Estudios en Prevención (Espanha) – entidade coordenadora – a Federació d'Associacions de Pares i Mares d'Alumnes de Mallorca (Espanha) e o Leibniz-Insitut für Präventionsforschung und Epidemiologie (Alemanha).

Os pais, capacitados como agentes proativos, atuarão, depois, como disseminadores que ampliarão a prevenção a três níveis: familiar, comunitário (envolvendo outros pais, promovendo programas baseados em evidências na escola para estudantes e famílias) e sociopolítico (introduzindo mudanças ambientais voltadas para a prevenção do álcool e drogas.)

De acordo com o relatório European School Survey Project on Alcohol and Other Drugs, do European Monitoring Centre on Drugs and Drug Addiction (2016), de um conjunto de 3456 jovens portugueses inquiridos (com uma média de idades de 15,9 anos), 71% da amostra já tinha consumido álcool, 42% referia ter consumido nos últimos 30 dias e 9% referiu embriaguez nesse período. O mesmo estudo aponta, ainda, que 9% destes jovens consumiu cannabis nos últimos 30 dias, 74% usa as redes sociais diariamente e 18% dos rapazes jogou a dinheiro nos últimos 12 meses.

Já um estudo do SICAD - Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, sobre “Situação do país em matéria de álcool 2016”, revela um aumento do binge drinking (5 ou mais bebidas na última saída) no grupo 15-34 anos, em especial nas mulheres, e o agravamento dos consumos de risco e dependência (comparando com dados de 2012).

 

Sarampo
O número de casos de sarampo confirmados em Portugal aumentou para 21 em comparação com os sete reportados na quarta-feira ao...

“Até às 19:00 do dia 15 de março de 2018 foram reportados, na Região Norte, 51 casos suspeitos de sarampo dos quais 45 têm ligação laboral ao Hospital de Santo António, no Porto. Dos 51 casos reportados, 21 foram confirmados laboratorialmente pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e nove foram infirmados; os restantes casos aguardam resultado laboratorial”, lê-se num comunicado da Direção-Geral da Saúde (DGS), que na quarta-feira declarou a existência de um surto de sarampo em Portugal.

Cinco doentes estão internados, com “situação clínica estável”.

Entre os casos confirmados, segundo a DGS, todos os doentes são adultos, mais de metade são mulheres, quatro não estão vacinados, três apresentam “esquema vacinal incompleto”, quatro têm “esquema vacinal desconhecido” e 19 são profissionais de saúde.

A maioria dos infetados tem idades compreendidas entre os 20 e os 39 anos.

“Está em curso a investigação epidemiológica detalhada da situação, que inclui a investigação laboratorial de todos os casos”, adianta a DGS no comunicado, no qual são renovadas recomendações à população para que se vacine e para contactar o SNS 24 caso tenha tido contacto com casos suspeitos de sarampo ou apresente sintomas como febre, erupção cutânea, conjuntivite, congestão nasal, tosse, evitando, nesse caso, deslocações e o contacto com outras pessoas.

A DGS declarou na quarta-feira “a existência de um surto” de sarampo em Portugal, depois de terem sido confirmados sete casos daquela doença na região Norte do país.

O sarampo provocou 35 mortes no ano passado, incluindo uma em Portugal. Num conjunto de 50 países da região europeia foram registados mais de 20 mil casos em 2017.

No ano passado, Portugal teve dois surtos simultâneos de sarampo (num total de 29 casos), que chegaram a provocar a morte de uma jovem de 17 anos.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), “cada nova pessoa afetada pelo sarampo na Europa relembra que crianças e adultos não vacinados, independentemente de onde vivam, continuam em risco de contrair a doença e de a passar a outros que possam ainda não estar vacinados”.

O sarampo é uma doença grave, para a qual existe vacina, contudo, o Centro Europeu de Controlo de Doenças estima que haja uma elevada incidência de casos em crianças menores de um ano de idade, que ainda são muito novas para receber a primeira dose da vacina. Daí que reforce a importância de todos os outros grupos estarem vacinados de forma a que não apanhem nem transmitam a doença.

Segundo os dados de 2017, mais de 87% das pessoas que contraíram sarampo não estavam vacinadas.

 

ESEnfC
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) assinou, ontem, um protocolo de colaboração com o grupo hospitalar...

A formação contínua de enfermeiros, a execução de programas de investigação em Enfermagem, a implementação de projetos de mudança e de desenvolvimento e o intercâmbio de informação e de documentação científica e técnica são outras áreas de cooperação previstas no protocolo, que terá a duração de quatro anos, sendo automaticamente renovado se nenhuma das partes o denunciar.

Maria da Conceição Bento (Presidente da ESEnfC) e Carolyn Morrice (Chief Nurse do Buckinghamshire Healthcare Trust), que assinaram o protocolo, rubricaram também uma “carta de parceria”, que estabelece que o grupo hospitalar inglês se compromete a receber até dez recém-licenciados por Coimbra (quatro por cada turno diário) para a conclusão do período de aprendizagem clínica em cuidados contínuos, bem como a oferecer um programa de três meses de aprendizagem e desenvolvimento para cada jovem enfermeiro e, ainda, alojamento sem custos durante o programa de formação.

Até ao momento, nove recém-diplomados pela ESEnfC frequentaram ou estão a frequentar estágios no Stoke Mandeville Hospital, uma das unidades do grupo hospitalar Buckinghamshire Healthcare, para os quais contam com uma bolsa suportada pelo Erasmus +, programa da União Europeia para a Educação, Formação, Juventude e Desporto.

Este grupo hospitalar e de cuidados de saúde, situado no condado de Buckinghamshire (sul do Reino Unido, entre as cidades de Oxford e de Londres), emprega cerca de 6.000 profissionais (médicos, enfermeiros, parteiras, terapeutas, cientistas da saúde e outras equipas de suporte) e cuida, anualmente, de mais de meio milhão de utentes.

O Hospital Stoke Mandeville acolhe o National Spinal Injuries Centre (Centro Nacional de Lesões Medulares), internacionalmente reconhecido – foi o local onde nasceu o movimento paraolímpico – e cujo Serviço de Acidente Vascular Cerebral é considerado um dos melhores da região.

 

No Porto
Investigadores do Porto estão a desenvolver uma plataforma que analisa a variação dos fatores associados aos ataques cardíacos...

O ciclo circadiano corresponde ao período de aproximadamente 24 horas sobre o qual baseia-se o ciclo biológico dos seres vivos, sendo influenciado, entre outros fatores, pela variação de luz, da temperatura, das marés e dos ventos entre o dia e a noite.

"O ciclo circadiano tem sido cada vez mais um objeto de estudo entre a comunidade científica, com o intuito de compreender a sua influência na saúde humana", disse à Lusa o investigador Samuel Cardoso, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto.

Exemplo disso, contou, é a mais recente atribuição do prémio Nobel da Medicina 2017 aos investigadores Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young, pelas descobertas de mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano.

Neste sentido, "modular o ciclo circadiano poderá ser uma mais-valia na compreensão do mecanismo de ação de hormonas que influenciam determinadas doenças", indicou.

De acordo com o investigador, o modelo em desenvolvimento permitirá estudar a oscilação diária dos fatores que influenciam os ataques cardíacos do miocárdio, como a viscosidade do sangue, a temperatura do corpo, as concentrações hormonais e os neurotransmissores.

Através da análise dessa oscilação, será possível verificar, para cada indivíduo enquadrado num determinado grupo de risco, a hora de mais risco para ter um ataque cardíaco, permitindo, assim, uma atuação preventiva.

Este modelo "será importante no sentido de permitir aos docentes de saúde aplicar medidas estratégicas de atuação para doenças cardiovasculares, que são a maior causa de morte em Portugal", acrescentou.

Numa primeira fase, o objetivo é que a plataforma seja utilizada por professores e alunos, em atividades letivas. Adicionalmente, a equipa espera que esta tecnologia possa ser útil para profissionais de saúde, como ferramenta preditiva ou de apoio à decisão.

Os próximos passos no projeto, segundo os investigadores, passam por validar o modelo, disponibilizando-o de seguida num servidor associado à Universidade do Porto e ao ICBAS.

Neste trabalho colaboram igualmente as investigadoras Cláudia Maçães, Leonor Varanda e Sofia Nogueira, sendo orientado pelos professores Daniel Ribeiro e Jorge Machado, que lecionam no Mestrado Integrado de Medicina do ICBAS.

 

Ministério Público
O Ministério Público acusou de falsificação de documento agravada um médico envolvido num esquema de emissão de receitas...

Em comunicado, divulgado na página da internet do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), é dito que a acusação foi deduzida em janeiro e que o médico acusado receitava medicamentos de determinados laboratórios que eram adquiridos por terceiros e não pelos utentes identificados nas receitas.

“O arguido procedia à emissão de receitas médicas, sem prévia existência de qualquer ato médico que a justificasse, prescrevendo medicação selecionada com base em elevadas taxas de comparticipação, receitas que não se destinavam aos utentes em nome de quem eram emitidas”, lê-se na nota.

A atuação criminosa do médico causou ao Estado, via Serviço Nacional de Saúde, um prejuízo de mais de 339 mil euros devido a comparticipações pagas indevidamente.

 

Diário da República
O Estado vai comparticipar a 100% alguns medicamentos e suplementos alimentares para bebés prematuros que nasçam com menos de...

Segundo um diploma publicado em Diário da República na quarta-feira, passam a ser comparticipados a 100% os fortificantes do leite materno até aos 12 meses de idade do bebé e as fórmulas lácteas especiais para prematuros até três meses de idade corrigida (idade que o bebé teria se tivesse nascido no final do tempo de gravidez).

Também serão comparticipados a 100% alguns medicamentos para estes bebés prematuros, como a vacina contra a gripe até aos 12 meses, ferro, vitamina D, anti-hipertensores ou glucocorticoides para inalação.

Passam assim a ser gratuitos para as famílias alguns medicamentos e suplementos considerados indispensáveis ao crescimento das crianças com sequelas respiratórias, neurológicas ou alimentares associadas à prematuridade extrema.

A portaria publicada em Diário da República recorda que a taxa de prematuridade tem vindo a aumentar em Portugal, bem como a sobrevivência dos bebés prematuros que nascem com idade igual ou menor a 28 semanas de gestação.

As substâncias ativas e os produtos abrangidos ainda vão ser identificados num posterior despacho a aprovar pelo Governo.

O médico prescritor tem de ser um pediatra e deve mencionar na receita a portaria agora publicada.

A dispensa dos medicamentos abrangidos por este regime especial de comparticipação será feita apenas nas farmácias de rua e não nas hospitalares.

 

Estudo
A água engarrafada de grandes marcas mundiais está contaminada com partículas de plástico minúsculas cujos efeitos na saúde são...

A investigadora Sherri Mason, da universidade estadual de Nova Iorque, afirmou que foram analisadas 250 garrafas de nove países: Brasil, China, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Quénia, Líbano, México e Tailândia.

Plástico foi encontrado em 93% das garrafas de água de marcas como a Evian, Nestlé, San Pellegrino, Aqua ou Aquafina, mais concretamente polipropileno, nylon e politereftalato de etileno.

"Creio que isso resulta do processo de engarrafamento. A maior parte do plástico provem da própria garrafa, da tampa, do processo industrial de engarrafamento", disse Sherri Mason à agência France Presse.

Sherri Mason afirmou que "há uma relação com certos tipos de cancro, a diminuição da quantidade de espermatozoides ou a incidência de certas doenças, como o autismo ou défice de atenção".

Em outro estudo também publicado na plataforma Orb Media tinha-se demonstrado que também há partículas de plástico na água da rede pública, mas não tanto.

"A água da torneira, globalmente, é mais segura do que a água engarrafada", considerou Sherri Mason.

 

Portugal melhorou 12 posições
A Finlândia é o país mais feliz do mundo, mesmo para os imigrantes, segundo um relatório da ONU apresentado na quarta-feira no...

A Finlândia, Noruega e Dinamarca são os países mais felizes, segundo o Relatório Mundial da Felicidade de 2018, elaborado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Os três países escandinavos são seguidos pela Islândia, Suíça, Holanda, Canadá, Nova Zelândia, Suécia e Austrália.

Em relação à felicidade dos imigrantes, a Finlândia também se encontra em primeiro lugar, escreve o Sapo.

O relatório da ONU mediu a felicidade em 156 países, segundo o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, apoio social, esperança de vida saudável, liberdade social, generosidade e ausência de corrupção. O estudo concluiu que o país mais triste é Burundi, enquanto que Portugal melhorou no ranking. Em 2017, situava-se no 89º lugar e este ano está no 77º.

A Costa Rica é o país latino-americano mais bem posicionado, no 13º lugar. O México ficou em 24º lugar - atrás de França, em 23º -, o Chile em 25º, Panamá em 27º, Brasil em 28º, Argentina em 29º, Guatemala em 30º e Uruguai em 31º.

O estudo, que foi apresentado na sede da Academia Pontifícia da Ciência no Vaticano, presta atenção especial ao nível de felicidade dos imigrantes, medido em 117 países. "Os governos utilizam cada vez mais indicadores de felicidade para tomar decisões e formular políticas", indicou Jeffrey D. Sachs, co-editor do relatório.

"O resultado mais surpreendente é a relação que existe entre a felicidade dos imigrantes e a dos nativos", ressaltou John Helliwell, professor da Universidade de British Columbia. "Embora os imigrantes venham de países muito diferentes, a qualidade de vida deles e a dos residentes do país de acolhimento são semelhantes", explicou.

Estados Unidos caíram na lista
Um ano depois da chegada de Donald Trump à Casa Branca, os Estados Unidos ocupam o 18º lugar, tendo caído quatro posições. Problemas de saúde como a obesidade e a depressão aumentaram, o que afetou a qualidade de vida dos americanos.

A China passou do posto 79 ao 86, apesar do progresso económico significativo alcançado nos últimos anos.

Para fazer o relatório, os especialistas levaram em conta também os níveis de "compaixão, liberdade, generosidade, honestidade, saúde, redes de segurança social e boa governança". A metodologia utilizada foi baseada em dados de cerca de 1.000 pessoas que responderam um questionário com uma escala de 1 a 10.

 

Doentes
Cientistas alertam para os riscos éticos do uso da inteligência artificial na medicina, apesar de reconhecerem os benefícios...

Num artigo da publicação médica The New England Journal of Medicine, investigadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, advertem que o benefício do uso de algoritmos para fazer previsões e tomar decisões alternativas sobre cuidados a prestar ao doente tem riscos éticos.

"Começámos a notar, a partir de aplicações em áreas não médicas, que pode haver problemas éticos com a aprendizagem algorítmica quando estendida a grande escala", afirmou o autor principal do artigo, Danton Char, citado em comunicado pela universidade norte-americana.

Danton Char levanta questões concretas, como a de o algoritmo ser desenhado com o propósito de poupar dinheiro ao sistema de saúde ou a de diferentes decisões de tratamento de doentes se basearem na sua capacidade para pagar esses cuidados, como o terem ou não um seguro de saúde (nos Estados Unidos, o acesso à assistência médica está dependente de seguros de saúde).

Os investigadores alertam para o facto de os dados usados para criar algoritmos poderem conter erros que se refletem nos próprios algoritmos e nas recomendações clínicas geradas.

Além disso, os algoritmos podem ser construídos para obter determinados resultados, nem sempre corretos, dependendo dos sistemas de saúde para os quais foram desenhados.

De acordo com os autores do artigo, a orientação clínica baseada na aprendizagem por algoritmos pode introduzir um terceiro 'ator' na relação médico-doente, desafiando a responsabilidade e a confidencialidade do relacionamento entre ambos.

Por outro lado, sustentam que a informação sobre os doentes recolhida pelos sistemas de saúde pode ser utilizada sem ter em conta a experiência médica e a humanização dos cuidados prestados aos pacientes.

O excesso de confiança na máquina pode ainda conduzir a falsos diagnósticos se os médicos introduzirem variáveis que nem sempre se aplicam às situações, conclui a equipa científica da Universidade de Stanford.

Procriação Medicamente Assistida
Aprovação de novos pedidos de Gestação de Substituição gera preocupação junto da APFertilidade.

No início do mês de março foram aprovados pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida mais dois pedidos de autorização de Gestação de Substituição, aguardando agora pelo parecer da Ordem dos Médicos. De momento, outros sete processos estão a aguardar pela aprovação do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, embora em diferentes etapas. De recordar ainda que já se encontram aprovados três pedidos para iniciar o processo de Gestação de Substituição.

Face aos acontecimentos, a APFertilidade mostra-se feliz pelas novas aprovações, mas também preocupada com o que pode acontecer a estes casais, caso a lei seja revogada pelo Tribunal Constitucional, após promulgação do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, um dos mais reconhecidos constitucionalistas em Portugal.

“Há famílias que tiveram o seu projeto de paternidade adiado durante anos e agora, finalmente, viram o Estado reconhecer-lhes o direito a constituir uma família biológica. Três dessas famílias já passaram pelo processo de aprovação – que, como sabemos, não é simples – e estão aptas a iniciarem o processo de Gestação de Substituição. Aliás, nem sabemos se neste momento alguma gestante já estará grávida. O que acontecerá a estas pessoas? E àquelas que aguardam que o pedido seja aprovado? E ainda a todas aquelas que não submeteram o pedido mas que esperavam poder concretizar o sonho de serem pais no seu próprio país? A revogação teria um brutal impacto negativo na vida destes casais e das suas famílias”, refere Cláudia Vieira, presidente da Associação Portuguesa de Fertilidade.

Assim, a APFertilidade apela mais uma vez ao Tribunal Constitucional para que tenha em consideração a vida e os sonhos destas famílias, que podem ser interrompidos depois de lhes ter sido dada uma esperança.

 

Ordem dos Médicos
Cerca de 80% dos centros de saúde não têm condições para fazer a avaliação adequada para os atestados de condução, refere a...

“Vamos formalmente apelar a que só passem os atestados se tiverem todas as condições que a própria lei exige. Caso contrário não o devem fazer, podem estar a ultrapassar passos fundamentais para a segurança rodoviária”, referiu o bastonário da Ordem dos Médicos.

Esta recomendação para que os clínicos se recusem a passar atestados para a carta de condução caso não tenham todas as condições necessárias exigidas pela lei já tinha sido feita em dezembro pela Ordem.

Até ao momento, o bastonário disse não conseguir quantificar o número de médicos que se têm recusado a passar os atestados, mas referiu que continua a ter muitas queixas dos profissionais sobre este assunto.

A Ordem tem alertado para a falta de condições nos centros de saúde para cumprir as normas exigidas para passar os atestados para as cartas de condição, nomeadamente por falta de equipamento para os exames visuais ou de audição, entre outros.

Outra das queixas tem a ver com o tempo necessário para realizar o tipo de peritagem que é requerida para o atestado para a carta, considerado pelos médicos como incompatível com a organização da atividade assistencial nos centros de saúde.

Também o Sindicato Independente dos Médicos contestou a decisão do Governo de não avançar com a obrigatoriedade de avaliação em centros específicos pelo menos para os condutores do grupo 2 (de pesados e profissionais), considerando que o Ministério da Saúde rompeu o compromisso que tinha assumido.

O Governo criou, entretanto, os Serviços Clínicos para a Avaliação da Aptidão Física, Mental e Psicológica dos Candidatos e Condutores (SAMP), mas que ainda não começaram a atuar.

 

70% dos doentes apresentam excesso de peso
Considerada um problema de Saúde Pública, a Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono atinge cerca de 4%

A apneia obstrutiva do sono é uma perturbação dos padrões normais da respiração durante o sono, que se caracteriza por episódios repetidos de apneia e/ou de hipopneia resultantes do colapso das vias aéreas superiores, geralmente ao nível da faringe,  e que se estima atingir cerca de 4% da população com idade superior a 65 anos.

“Habitualmente, depois dos 50 anos, um em cada cinco homens e uma em cada nove mulheres tem a doença”, começa por referir a coordenadora da Unidade de Sono e Ventilação não Invasiva do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Paula Pinto.

Esta diferença de prevalência entre géneros estará relacionada com as características anatómicas que os distingue. “Os homens apresentam, em média, um maior calibre da via aérea superior, tornando-a mais vulnerável ao colapso”, explica a pneumologista referindo que o sexo masculino apresenta um risco duas a três vezes superior de desenvolver a patologia quando comparado ao sexo feminino. No entanto, alguns estudos demonstram que, por manifestarem mais frequentemente sintomas atípicos, esta patologia é largamente negligenciada nas mulheres.

Entre os fatores de risco, a obesidade é apontada como sendo o mais significativo para o desenvolvimento da apneia obstrutiva do sono, estimando-se que cerca de 70% dos doentes apresentem excesso de peso. “Os doentes com síndrome de apneia obstrutiva do sono são frequentemente obesos, com um ressonar muito intenso, com pausas respiratórias visualizadas durante o sono”, revela.

Cada pausa respiratória pode durar entre 10 segundos e mais de um minuto, chegando a acontecer várias vezes por hora.  Como consequência, assiste-se a uma diminuição parcial da quantidade de oxigénio no sangue e ao aumento da quantidade de dióxido de carbono,  que conduz a “micro-despertares” com efeitos de correção da respiração.

Para além das comorbilidades associadas, como é o caso das doenças cardíacas – enfarte do miocardio ou arritmias -, hipertensão arterial, diabetes ou dislipidémia, a síndrome de apneia obstrutiva do sono apresenta um grave impacto na qualidade de vida dos doentes.

“Os doentes com apneia obstrutiva do sono apresentam alterações neuropsicológicas, nomeadamente, perturbações do humor, concentração e memória, bem como hipersonolência diurna condicionadoras de uma má qualidade de vida pessoal, social e laboral”, enumera Paula Pinto. Por outro lado, um estudo português mostrou que mais de metade (64,4%) dos doentes com apneia do sono é atingido pela disfunção eréctil e diminuição da líbido.

Vários anos podem decorrer entre os primeiros sintomas e o diagnóstico

Uma vez que este é um distúrbio de “instalação progressiva ao longo de vários anos e que se manifesta predominantemente durante a noite, sem que o doente se aperceba”, podem decorrer vários anos entre o início dos sintomas e o seu diagnóstio. Neste sentido, pode-se afirmar que esta é uma patologia subdiagnosticada com graves repercussões para a saúde em geral.

“Por outro lado, alguns médicos ainda não estão muito sensibilizados para a associação desta entidade com doenças cardíacas, o que leva a um atraso no diagnóstico e no tratamento atempado desta patologia”, acrescenta a pneumologista.

O seu diagnóstico é obtido através de um estudo do sono – a polissonografia – que consiste na monitorização do sono durante a noite “por técnicos especializados e que permite avaliar a gravidade da patologia”.

Quanto ao tratamento, este depende da evolução da doença.  “Existe um tratamento muito eficaz para a apneia do sono que consiste na utilização de um ventilador – CPAP – que funciona através de uma máscara que se aplica no nariz, durante a noite, e que fornece ar a uma pressão contínua, impedindo que as vias respiratórias fechem”, explica a pneumologista Paula Pinto.

No entanto, em alguns casos, nomeadamente em situações ligeiras de apneia do sono, é possível recorrer a cirurgia, designada por uvulopalatofaringoplastia, ou a dispositivos de avanço mandibular (DAM).

A uvulopalatofaringoplastia conduz à melhoria em 87% dos casos e está indicada quando há excesso de tecido mole redundante no palato, úvula ou pilares anteriores. O seu prognóstico, no entanto, dependente de vários fatores como a idade, sexo, peso, aspeto faríngeo ou características do ronco e dos episódios apneicos. Sabe-se por exemplo, que a obesidade é  a principal condicionante aos bons resultados.

Em relação aos dispositivos de avanço mandibular, estes “são dispositivos que, tal como o nome indica, avançam a mandíbula, atuando de forma mecânica na via aérea superior, evitando o  seu colapso. Ao mesmo tempo, evitam a queda da língua, uma vez que não permitem o total relaxamento da mesma”.

Seja qual for o caso, a especialista recomenda a consulta de um centro especializado em patologia do sono e, em matéria de prevenção, reforça a importância da adoção de hábitos de vida saudáveis. “Perda de peso nos doentes obesos e evicção do tabaco e bebidas alcoólicas”, conclui.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde declarou “a existência de um surto” de sarampo em Portugal, depois de terem sido confirmados sete...

Num comunicado ontem divulgado, a Direção-Geral da Saúde (DGS) refere que “a presente situação na Região Norte configura a existência de um surto” de sarampo. A DGS recorda que até terça-feira tinham sido “notificados na Região Norte dois casos de sarampo, aparentemente não relacionados, confirmados laboratorialmente em adultos não vacinados”.

Destes dois pacientes, um “encontra-se internado, clinicamente estável”, refere.

Entretanto, até às 21:00 de ontem, o Hospital de Santo António, no Porto, “reportou 32 casos suspeitos de sarampo com relação laboral ao hospital”. Desses 32 casos, refere a DGS, oito “foram já testados laboratorialmente no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge”, tendo cinco sido “confirmados como casos de sarampo”.

“Estão internados três doentes, um deles em situação clínica instável”, adianta a DGS.

No total, desde terça-feira foram confirmados sete casos de sarampo no norte do país.

De acordo com a DGS, “está em curso a investigação epidemiológica detalhada da situação, que inclui a investigação laboratorial de todos os casos”.

No comunicado ontem divulgado, a DGS recomenda que as pessoas verifiquem os boletins de vacinas e que, caso seja necessário, se vacinem contra o sarampo, recordando tratar-se de “uma das doenças infeciosas mais contagiosas podendo provocar doença grave, principalmente em pessoas não vacinadas”.

No caso de pessoas vacinadas, “a doença pode, eventualmente, surgir, mas com um quadro clínico mais ligeiro e menos contagioso”.

A DGS aconselha ainda a “quem esteve em contacto com um caso suspeito de sarampo e tem dúvidas” que ligue para a Linha Saúde 24 (número 808 24 24 24)

Deve também ligar para aquela linha quem tiver “sintomas sugestivos de sarampo (febre, erupção cutânea, conjuntivite, congestão nasal, tosse)”. Com esses sintomas, a DGS recomenda que “não se desloque e evite o contacto com outros”.

O sarampo provocou 35 mortes no ano passado, incluindo uma em Portugal, só num conjunto de 50 países da região europeia, onde se registaram mais de 20 mil casos em 2017.

No ano passado, Portugal teve dois surtos simultâneos de sarampo (num total de 29 casos), que chegaram a provocar a morte de uma jovem de 17 anos.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), “cada nova pessoa afetada pelo sarampo na Europa relembra que crianças e adultos não vacinados, independentemente de onde vivam, continuam em risco de contrair a doença e de a passar a outros que possam ainda não estar vacinados”.

O sarampo é uma doença grave, para a qual existe vacina, contudo, o Centro Europeu de Controlo de Doenças estima que haja uma elevada incidência de casos em crianças menores de um ano de idade, que ainda são muito novas para receber a primeira dose da vacina. Daí que reforce a importância de todos os outros grupos estarem vacinados de forma a que não apanhem nem transmitam a doença.

Segundo os dados de 2017, mais de 87% das pessoas que contraíram sarampo não estavam vacinadas.

 

Perguntas e respostas
Sete casos de sarampo estão confirmados em Portugal, depois de no ano passado ter ocorrido um surto no que chegou a provocar a...

Os surtos de sarampo têm aberto a discussão na opinião pública sobre a vacinação, que em Portugal é gratuita, mas não obrigatória.

Perguntas e respostas sobre o sarampo:

- O que é o sarampo?

O sarampo é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus, sendo mesmo das infeções virais mais contagiosas. Geralmente é propagada pelo contacto direto com secreções nasais ou da faringe e por via aérea.

- Como se manifesta?

Manifesta-se pelo aparecimento de pequenos pontos brancos na mucosa oral cerca de um ou dois dias antes de surgirem erupções cutâneas, que inicialmente surgem no rosto.

- Como é a incubação da doença?

O período de incubação pode variar entre sete a 21 dias, o contágio dá-se quatro dias antes e quatro dias depois de aparecer o exantema (erupções cutâneas).

- Que complicações causa?

O sarampo tem habitualmente uma evolução benigna, mas pode desencadear complicações como otite média, pneumonia, convulsões febris e encefalites. Pode ser grave e até levar à morte. Os adultos têm geralmente uma forma mais grave da doença.

- Atualmente ainda se morre de sarampo?

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), só na região Europeia morreram no ano passado 35 pessoas. Mais de 20 mil casos foram registados em 50 países.

- Qual a proteção contra o sarampo?

A vacinação é a principal medida de proteção contra o sarampo. As vacinas conseguiram mesmo reduzir a mortalidade por sarampo em quase 80% entre 2000 e 2015 a nível mundial. A OMS estima que tenham sido prevenidas pela vacinação 20,3 milhões de mortes nesse período.

- Como é a vacinação em Portugal?

A vacina contra o sarampo é gratuita e está incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV), devendo ser dada em duas doses, aos 12 meses e aos cinco anos. Contudo, não é obrigatória porque não há vacinas obrigatórias em Portugal. É altamente recomendada pelas autoridades de saúde, médicos e pediatras, devendo ser cumpridas as duas doses nas idades indicadas no Programa de Vacinação.

- Desde quando existe vacina do sarampo em Portugal?

A vacinação organizada começou em 1973, com uma campanha de vacinação de crianças entre os um e os quatro anos, que vigorou até 1977. Em 1974, a vacina foi incluída no PNV em uma dose e em 1990 foi introduzida uma segunda dose da vacina.

- Qual o nível de imunização em Portugal?

Portugal tem uma elevada taxa de imunização contra o sarampo, que ronda os 95%. Consideram-se já protegidos contra o sarampo as pessoas que tiveram a doença ou que têm duas doses da vacina, no caso de menores de 18 anos, e uma dose quando se trata de adultos.

 

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