Estudo
A aprendizagem e o desempenho podem ser melhorados pela atividade locomotora. Um novo estudo, publicado na revista Nature...

“O nosso principal resultado é que podemos melhorar a capacidade de aprendizagem dos ratinhos fazendo-os correr mais depressa”, resume Catarina Albergaria, primeira autora do estudo.

A descoberta foi fruto do acaso: estes neurocientistas estavam a estudar algo de totalmente diferente. “O nosso objetivo inicial era relacionar a plasticidade celular no cérebro com a aprendizagem”, explica Albergaria. O que queriam era perceber como os circuitos neurais do cerebelo, uma parte do cérebro, são alterados pela aprendizagem de uma tarefa motora, escreve o Sapo.

“O cerebelo é importante para a aprendizagem de movimentos com precisão”, diz Megan Carey, que liderou o estudo. “Quando o ambiente muda, o cerebelo calibra os movimentos de maneira a coordená-los de uma forma muito precisa.”

Para perceber as alterações celulares no cerebelo que acompanham a aprendizagem, a equipa estava a estudar uma tarefa clássica de aprendizagem por condicionamento, semelhante ao comportamento condicionado do cão de Pavlov, que salivava quando ouvia determinado som porque tinha aprendido a associar esse som com comida.

No presente caso, enquanto corriam numa passadeira os ratinhos tinham de aprender a fechar as pálpebras em resposta a um flash de luz emitido imediatamente antes de receberem um sopro de ar nos olhos. Este tipo de aprendizagem decorre no cerebelo.

Várias experiências falhadas
As experiências que os cientistas estavam a realizar não estavam a funcionar. Não conseguiam ver quaisquer efeitos da tarefa de aprendizagem, devido à grande variabilidade dos resultados que obtinham com diferentes ratinhos – e até quando repetiam a experiência com o mesmo animal. O que estaria a gerar este “ruído” que contaminava as experiências e que não se conseguia eliminar? “As experiências continuaram a falhar durante muito tempo”, recorda Albergaria.

A dada altura, os cientistas perceberam o que se passava: os ratinhos mutantes que utilizavam nas experiências não conseguiam correr muito bem. De facto, quando tiveram em conta a velocidade de locomoção dos animais, o “ruído” desapareceu. E quando fizeram todos os animais correr mais depressa e à mesma velocidade, as suas curvas de aprendizagem tornaram-se semelhantes e o seu desempenho melhorou. “Este resultado surpreendeu-nos bastante”, diz Carey.

Isto confirmou que existia um elo causal entre a velocidade de corrida e a melhoria da aprendizagem – e não apenas uma correlação. “A descoberta de que basta alterar a velocidade imposta aos ratinhos para modular a aprendizagem (...) é uma demonstração causal de que o aumento da atividade locomotora melhora a aprendizagem”, escrevem os autores no seu artigo.

A equipa também mostrou que, uma vez a tarefa aprendida pelos ratinhos, o nível de desempenho subsequente dos animais nessa tarefa continuava a depender da velocidade de locomoção. “O desempenho dos ratinhos piorava quando diminuíamos a velocidade da passadeira, e isto acontecia no espaço de poucos segundos”, diz Albergaria.

E foi assim que aquilo que tinham estado a tentar eliminar – a aparente variabilidade aleatória da capacidade de aprendizagem e do desempenho – “passou a ser o foco do nosso trabalho”, diz Albergaria. “Agora, o que queríamos era perceber qual o mecanismo cerebral por detrás deste elo entre correr e aprender.”

A pergunta seguinte foi: onde é que este fenómeno estava a acontecer no cérebro? Primeiro, os cientistas quiseram ter a certeza de que o efeito não era específico do sistema visual. Ou será que os ratinhos viam melhor quando corriam, e por isso aprendiam mais facilmente?

Desta vez, treinaram os ratinhos a fecharem os olhos em resposta a outros tipos de estímulos antes de receberem o sopro de ar (tal como ouvir um som ou sentir uma vibração nos bigodes). E de facto, observaram o mesmo efeito da velocidade de corrida sobre a aprendizagem em cada uma das várias modalidades sensoriais, tal como tinha acontecido com o estímulo visual.

Este resultado significava que o processo por detrás da melhoria da capacidade de aprendizagem decorre independentemente do sistema sensorial – isto é, depois de os sinais sensoriais terem sido processados pelas áreas visuais, auditivas ou tácteis do córtex cerebral. A seguir, os cientistas estudaram o que se passava no cerebelo.

Utilizando a técnica de optogenética, que permite estimular diretamente neurónios específicos com um laser, estimularam os neurónios que projetam para o cerebelo através de axónios chamados mossy fibers (em português, fibras musgosas).

“Substituímos a atividade motora pela estimulação direta do cerebelo e descobrimos que quando conseguíamos aumentar a atividade das mossy fibers, melhorávamos a aprendizagem”, explica Albergaria. “Conseguimos identificar o local no cerebelo onde decorre esta modulação”, enfatiza Carey.

E nos humanos? “O cerebelo é uma estrutura bem conservada nas diversas espécies e existem circuitos que são comuns às várias espécies”, responde Albergaria, especulando que os resultados “bem poderiam aplicar-se a outras formas de aprendizagem cerebelar nos humanos”. Uma implicação deste trabalho é que “o que causa este efeito não precisa de ser a locomoção; tudo o que provoca um aumento de atividade nas mossy fibers poderá igualmente modular a aprendizagem”, diz Albergaria. No entanto, adverte, “não sabemos se os resultados são ou não válidos para tipos de aprendizagem que não acontecem no cerebelo”.

Se for o caso, isto poderá ter implicações gerais em termos de aprendizagem nos humanos. Já se perguntou por que precisa por vezes de deambular quando tem um problema difícil por resolver? Será porque pensamos melhor quando andamos, porque organizamos melhor as nossas ideias quando nos movemos?

“Há uma tendência a pensar que, para as pessoas melhorarem a sua capacidade de aprendizagem, têm de recorrer a medicamentos”, diz Carey. “Mas aqui, a única coisa que tivemos de fazer para obter uma melhoria foi controlar a velocidade de locomoção dos ratinhos. Seria interessante ver se isto se aplica aos humanos nas formas cerebelares de aprendizagem – e até noutros tipos de aprendizagem.”

Estudo
Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde descobriram que substâncias presentes nos frutos...

“O consumo regular de frutos vermelhos ou vinho tinto pode ter um papel importante na regulação da microbiota intestinal, na diminuição da inflamação, na prevenção da depressão e no combate à demência e outras doenças neurodegenerativas, pela presença de uma classe particular de compostos nestes alimentos (antocianinas)”, concluiu o estudo, hoje divulgado.

Segundo os investigadores, “a hipótese deste tipo de substâncias, denominadas pré-bióticos e psicobióticos, induzirem o crescimento de bactérias benéficas no intestino, interferindo com a inflamação no cérebro, abre caminho a uma nova estratégia terapêutica para a prevenção e tratamento de doenças neuropsiquiátricas tão prevalentes na população, como a ansiedade e a depressão”.

Liderada por Conceição Calhau, investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis) e professora na Nova Medical School, a equipa realizou uma série de estudos para avaliar a relação entre o tipo de alimentação, a composição da microbiota intestinal, isto é, do conjunto de micróbios que habitam o intestino, e o próprio cérebro.

Numa primeira fase, os cientistas mostraram, em animais, que uma dieta rica em gordura saturada altera negativamente a composição da microbiota intestinal (com uma diminuição de bactérias benéficas e um aumento de substâncias inflamatórias) e induz inflamação no cérebro.

Cláudia Marques, uma das investigadoras do Cintesis envolvidas neste trabalho, explicou que “os efeitos de uma dieta rica em gordura saturada vão para além da obesidade e da resistência à insulina, precursora da diabetes. Uma alimentação desequilibrada vai alterar a microbiota intestinal e induzir um estado de inflamação generalizada. Esta inflamação, quando é crónica, pode resultar em alterações a nível cerebral, contribuindo para o desenvolvimento da disfunção neurológica e de uma série de doenças, como a depressão”.

Numa segunda fase, a equipa testou a eficácia do consumo crónico de antocianinas, (presentes em frutos de cor vermelha) na prevenção do desequilíbrio da microbiota intestinal e da inflamação a nível cerebral.

No modelo animal foi demonstrado que a ingestão continuada de extrato de amora, rica nessas substâncias, é capaz de melhorar a microbiota intestinal e reduzir a inflamação no cérebro que está subjacente às complicações neurológicas associadas à obesidade.

Em humanos, um ensaio clínico comparou também o impacto de um ‘puré’ de amora quando ingerido na presença ou ausência de álcool.

“Os resultados sugerem que o consumo do ‘puré’ de amora com álcool aumenta os níveis de antocianinas no sangue. Contudo, são necessários mais estudos para perceber se os indivíduos com excesso de peso ou obesidade podem efetivamente beneficiar do consumo de alimentos contendo simultaneamente antocianinas e álcool, como é o caso do vinho tinto”, sublinha Cláudia Marques.

O Cintesis é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Universidade do Porto, o Cintesis beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como da Escola Superior de Enfermagem do Porto. No total, o centro agrega cerca de 500 investigadores e conta com sete ‘spin-offs’.

Ordem dos Nutricionistas
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas inicia hoje em Lisboa uma série de reuniões que a vai levar a vários pontos do país em...

Alexandra Bento disse que este conjunto de reuniões vai decorrer até novembro, para “conhecer a realidade profissional dos nutricionistas”, tendo escolhido como tema os “nutricionistas no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, referindo desde já que são escassos.

Alexandra Bento fará visitas a vários centros hospitalares e ao agrupamento de centros de Saúde da Arrábida, em Setúbal, justificando que não poderia visitar "grandes centros de Saúde, porque não têm nutricionistas”, o que lamenta.

As visitas terão início na zona de Lisboa e Vale do Tejo e continuarão nas regiões norte e centro, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira, num total de 40 instituições.

Para a bastonária, é oportuno iniciar as visitas em Lisboa, uma vez que existem “menos nutricionistas numa zona geográfica densamente povoada”, o que se torna “difícil de compreender”, destacando que, nos cuidados de saúde primários, existem apenas sete profissionais para mais de três milhões de utentes.

A Alexandra Bento acrescentou que o Governo tem repetido “incessantemente” que há hoje mais 8.480 profissionais no SNS do que em 2015, mas nenhum é nutricionista.

As 40 vagas que estão previstas no Orçamento do Estado, são aguardadas “com expectativa”, sendo que no ano passado “esteve previsto abrir concurso para 55 nutricionistas e não abriu por ter sido chumbado pelo Ministério das Finanças”.

Alexandra Bento considera que o número de nutricionistas no SNS é “manifestamente insuficiente”, contando apenas com 416, ficando muito “aquém do necessário”.

A bastonária admite que, no decorrer das visitas, vai encontrar algum descontentamento, que procurará solucionar após o levantamento.

O levantamento da realidade profissional dos nutricionistas que pretende dar a conhecer, de forma aprofundada, o seu contexto real de trabalho, inicia-se com uma reunião com o presidente da Administração regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco.

Estudo
As overdoses de drogas fatais estão a aumentar as doações de órgãos e as investigações revelam que os transplantes correm tão...

O estudo revelado ontem, pela Annals of Internal Medicine, explica que as doações relacionadas com overdoses não são uma solução para a escassez de órgãos nos Estados Unidos, uma vez que existem mais de 115 mil pessoas na lista de espera, salientando que poucas mortes por overdose ocorrem em circunstâncias que permitem a doação de órgãos.

Ainda assim, o estudo concluiu que os órgãos provenientes de mortes por overdose funcionam bem o suficiente para que, quando estejam disponíveis, serem considerados para os candidatos a transplantes.

Estudo
Um projeto internacional, liderado por uma investigadora do Porto, concluiu que a presença da bactéria ‘Wolbachia' nos...

De acordo com um comunicado do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), do Porto, embora o mosquito ‘Aedes aegypti' não seja um hospedeiro natural desta bactéria (encontrada em diversos organismos, entre os quais insetos), estudos anteriores demonstraram que, em condições controladas, a sua presença reduzia a transmissão do vírus.

As conclusões deste projeto, no entanto, desafiam os resultados anteriores, ao indicarem que os mosquitos infetados pela ‘Wolbachia' têm maior potencial de transmitir a dengue, indica a nota informativa.

Este é o principal resultado de um estudo, liderado pela investigadora do CIBIO-InBIO Gabriela Gomes, que visava verificar a forma como a ‘Wolbachia' afeta o vírus da dengue no mosquito ‘Aedes aegypti' e de que modo esta variação poderia interferir nos modelos preditivos de transmissão da doença.

Segundo o CIBIO-InBIO, os modelos matemáticos de transmissão de doenças baseiam-se, normalmente, em valores médios populacionais da suscetibilidade dos indivíduos ao agente infeccioso.

Neste estudo, publicado ontem na revista científica Nature, a equipa demonstrou que considerar apenas os valores médios compromete a capacidade preditiva de resposta a intervenções.

Além disso, os investigadores afirmam que as previsões variam consoante o ambiente, o que impede o recurso a abordagens simples.

Os resultados desta investigação mostram, assim, que não existe um modelo matemático simples para prever o impacto da bactéria ‘Wolbachia' na capacidade dos mosquitos transmitirem a doença da dengue aos humanos.

Para a investigadora Gabriela Gomes, líder do projeto, sendo o ambiente variável, "é premente" catalogar os agentes infecciosos dos mosquitos sob várias condições ambientais.

Além da dengue, o mosquito do género ‘Aedes', originário das regiões tropicais e subtropicais, é responsável pela transmissão de diferentes patologias ao ser humano.

A dengue é uma doença infecciosa cujos sintomas incluem febre, dores e erupções cutâneas. Em alguns casos, pode evoluir para um quadro de febre hemorrágica, com risco de morte.

"Mais do que medir os efeitos da ‘Wolbachia' na transmissão de uma doença humana", este artigo "pode ser visto como uma mudança de paradigma em biologia quantitativa", acrescentou a investigadora.

Para o desenvolvimento deste projeto, a equipa recorreu a modelos matemáticos e a dados de estudos anteriores, realizados em regiões onde existe uma maior incidência de dengue.

Serviço Nacional de Saúde
O primeiro-ministro disse ontem não existir uma escolha alternativa entre a saúde e o défice, defendeu a necessidade de ser...

“Não temos aqui uma escolha alternativa entre a saúde e o défice, nós temos aqui uma escolha muito clara, continuar com responsabilidade a política de equilíbrio, de bom senso, de ambição que temos tido ao longo destes dois anos e que nos permite, simultaneamente, fazer aquilo que temos de fazer, temos melhores contas públicas e temos um melhor Serviço Nacional de Saúde, temos melhores contas públicas e temos uma melhor escola pública”, disse António Costa, nas Cortes, em Leiria.

O chefe do Executivo discursava após a inauguração das novas instalações das unidades de saúde de Monte Real e Carvide, e de Cortes, ambas no concelho de Leiria, onde na primeira o esperava um pequeno protesto de utentes de Vieira de Leiria, da Marinha Grande, e no último foi recebido com palmas.

Na ocasião, António Costa referiu que tem “ouvido muita discussão para saber” se o que o país devia ter era maior défice ou maior investimento em Saúde.

“Ora, o país tem de, simultaneamente, fazer tudo”, considerou, assinalando que houve um tempo em que para haver menos défice aumentavam-se as taxas moderadoras, não se contratavam profissionais para o Serviço Nacional de Saúde e se cortava na despesa.

Segundo António Costa, neste momento o Governo está a “conseguir algo diferente”, ou seja, reduzir o défice, mas, ao mesmo tempo, construir 113 novos centros de saúde, abrir 700 camas de cuidados continuados por ano e contratar mais 7.900 profissionais para o Serviço Nacional de Saúde.

“E é assim que temos de continuar a fazer tudo em conjunto, primeiro, porque os portugueses merecem e têm direito a exigir mais e melhor Serviço Nacional de Saúde, mas para o conseguirmos fazer, nós temos de ter os meios necessários”, sublinhou.

António Costa adiantou que entre aquilo que foi a previsão apresentada em outubro, aquando do Orçamento do Estado na Assembleia da República e o dia de hoje, do que o país ia gastar em juros da dívida, já foram poupados 74 milhões de euros.

“Poupámos por duas razões, porque como temos uma boa gestão orçamental cobram-nos menos juros e como temos menos défice devemos menos e, portanto, temos menos a pagar”, declarou, garantindo que esta poupança não vai para os cofres do Estado, mas para “reforçar já este ano o orçamento de investimento” dos ministérios da Saúde, da Educação e da Cultura.

Dirigindo-se ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que o acompanhou nas inaugurações, o primeiro-ministro deu-lhe os parabéns “pela forma como tem gerido com muita determinação o seu ministério, mantido um rumo firme na condução da política da saúde, com uma boa identificação das prioridades e, também, uma boa gestão dos orçamentos”.

As novas instalações das unidades de saúde foram construídas em terrenos cedidos pela Câmara de Leiria e ao abrigo do Programa Centro 2020. Servem um total de oito mil utentes inscritos e representam um investimento superior a um milhão de euros.

O presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, reconheceu que estas duas unidades de saúde eram as que no concelho apresentavam as menores condições, realçando a parceria que permitiu a concretização dos investimentos.

“Só com este tipo de parceria será possível dar resposta aos anseios das nossas populações”, declarou Raul Castro, manifestando o desejo de que o atual quadro de profissionais das duas unidades, agora completo, se mantenha no futuro.

Especialista explica a doença
Já ouviu falar em Hemofilia?

A Hemofilia é uma doença genética, hereditária, associada a uma deficiência na coagulação, por diminuição dos níveis de um dos factores, ou seja, de uma das proteínas que contribuem para a cascata da coagulação.

A cascata da coagulação é desencadeada por estímulos, que irão provocar a activação de várias proteínas em cadeia, os factores de coagulação, que se comportam como peças de dominó alinhadas e que são derrubadas, culminando no objectivo final que consiste na formação de fibrina. A fibrina é a “rede” essencial que, juntamente com as plaquetas, forma o coágulo sanguíneo.

Assim, os indivíduos com Hemofilia não produzem quantidades suficientes dos factores VIII (Hemofilia A) e IX (Hemofilia B), o que faz com que a cascata de coagulação seja activada de forma deficiente, havendo mais dificuldade na formação de coágulos.

Tal como explicado mais acima, a Hemofilia é uma doença genética, apresentando uma hereditariedade ligada ao cromossoma X, ou seja, de uma forma geral as mulheres são consideradas “portadoras” e os homens é que desenvolvem a doença.

Este diferencial de géneros é explicado pelo facto de as mulheres, como têm dois cromossomas X, têm duas cópias do gene que codifica o factor VIII e o factor IX, pelo que mesmo que apresentem uma anomalia numa das cópias, o gene remanescente funciona plenamente e compensa essa falha. Já os homens, como só têm um cromossoma X, que emparelha com o cromossoma Y, só possuem uma cópia do gene, estando sujeitos a desenvolver a doença quando a cópia que é herdada dos pais é a patológica.

Os indivíduos com Hemofilia têm habitualmente uma forma grave da doença, estando sujeitos a hemorragias espontâneas, ou seja, sem traumatismo associado.

De referir que na Hemofilia, a gravidade da doença é facultada pela gravidade do défice do factor VIII ou do factor IX. Assim, um doente que mantenha uma actividade do factor superior a 5% do normal, costuma apresentar Hemofilia Ligeira. Os doentes com Hemofilia Grave têm habitualmente uma actividade do factor inferior a 1%.

As hemorragias afectam mais frequentemente os músculos e as articulações. Mas podem atingir qualquer órgão. As hemorragias podem ser fatais caso ocorram no Sistema Nervoso Central, ou seja, provocando o chamado “derrame cerebral”. Os doentes com Hemofilia também têm um risco muito alto de hemorragia após procedimentos invasivos tão simples como extracções dentárias.

Os indivíduos com Hemofilia devem evitar actividades desportivas que possam potenciar quedas ou traumatismos e sabem que se devem dirigir ao hospital caso sofram algum traumatismo.

Antigamente os doentes com Hemofilia tinham uma esperança de vida curta, alguns falecendo durante a infância ou adolescência e os que apresentavam doença menos grave sobreviviam até à idade adulta, mas habitualmente com sequelas gravíssimas nas articulações.

Actualmente os doentes são tratados com concentrados de factor (VIII no caso de Hemofilia A e IX no caso de Hemofilia B) que é produzido por bioengenharia ou purificado do plasma de dadores. Sempre que um doente tem uma hemorragia, é tratado com o factor em falta de forma injectável, para repor a actividade da cascata da coagulação.

Alguns doentes com Hemofilia Grave que apresentem múltiplas hemorragias são submetidos a um tratamento regular com o factor em falta, de forma a prevenir mais episódios hemorrágicos.

Nos doentes com Hemofilia mais ligeira, muitas vezes só necessitam de fazer concentrado do factor antes de procedimentos invasivos, como cirurgias.

A única consequência negativa da reposição de factor com productos externos ao organismo do próprio doente é que alguns doentes desencadeiam anticorpos que inactivam o factor infundido, os chamados inibidores. Tal fenómeno é explicado pelo facto de o organismo do doente não produzir os factor em causa, pelo que o seu sistema imune quando o detecta em circulação reconhece-o como estranhos e tenta destrui-lo.

Na tentativa de contrariar este fenómeno, encontram-se em desenvolvimento novos fármacos que visam resolver o problema dos inibidores.

Os doentes com Hemofilia actualmente conseguem ter uma maior qualidade de vida, porque o tratamento previne complicações hemorrágicas que precipitavam internamentos, assim como têm menos sequelas das hemorragias, nomeadamente problemas relacionados com as articulações. São indivíduos que habitualmente se deslocam ao hospital regularmente e alguns fazem a administração dos concentrados de factor na própria casa.  

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
O consumo moderado de café e chá pode evitar as arritmias cardíacas, segundo um estudo científico publicado ontem, em que se...

Uma chávena de café contém cerca de 95 miligramas de cafeína que estimula o sistema nervoso central e que quando entra no corpo pode bloquear os efeitos da adenosina, uma substância que favorece o tipo de arritmia mais comum, a fibrilação arterial.

Os autores da investigação, publicada no boletim Clinical Electrophysiology, basearam-se em estudos anteriores em que foram analisadas centenas de milhares de pessoas e verificaram que com o aumento do consumo de cafeína diminui entre 6% e 13% a frequência das arritmias.

"Existe a perceção pública de que a cafeína desencadeia problemas do ritmo cardíaco, mas a nossa investigação sugere que não é assim", disse o principal autor do estudo, Peter Kistler, diretor de eletrofisiologia no hospital Alfred e no Instituto Baker do Coração e Diabetes, em Melbourne, na Asutrália.

Os investigadores concluíram também que a cafeína não provoca arritmias ventriculares, mesmo em doses até 500 miligramas por dia.

Só um consumo na ordem de nove ou dez chávenas de café por dia mostrou um aumento do risco de arritmia ventricular.

"Em vários estudos, pessoas que consomem regularmente café e chá de forma moderada têm um risco mais baixo de ter problemas no ritmo cardíaco", afirmou Peter Kistler.

Quanto às bebidas energéticas, defendem que as pessoas com problemas cardíacas não devem consumi-las, apontando que uma só bebida pode ter entre 160 a 500 miligramas de cafeína concentrada e que três quartos dos doentes cardíacos que beberam duas ou mais por dia queixaram-se de palpitações.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse ontem que ninguém terá um bom Serviço Nacional de Saúde se o país não...

“Nós não estamos aqui para vos iludir, ninguém terá um bom Serviço Nacional de Saúde, ninguém terá um bom sistema educativo, ninguém terá um bom sistema de pensões se o país não estiver sólido nas contas públicas, sólido naquilo que é o seu reconhecimento e reputação internacional”, declarou Adalberto Campos Fernandes, nas Cortes, em Leiria.

O governante falava após a inauguração pelo primeiro-ministro, António Costa, das novas instalações das unidades de saúde de Monte Real e Carvide e de Cortes, no concelho de Leiria.

No discurso, o ministro, que considerou ter “talvez a pasta mais difícil de exercer no conjunto do Governo porque é aquele que mais toca com a frustração e a ansiedade de cada um dos portugueses”, criticou quem agora critica a política do Executivo.

“Portanto, aqueles que agora exultam e reclamam contra tudo e contra todos em nome de dificuldades que eles próprios criaram, que não se iludam que nós não cederemos naquilo que é a ilusão, porque a pior coisa que se pode fazer a quem mais precisa e pouco tem é iludir essas mesmas pessoas”, acrescentou.

Antes, destacou que o país tem “pela frente 113 novos centros de saúde que estão neste momento a ser lançados e construídos”, classificando esta como “a maior renovação desde sempre da rede de cuidados de saúde primários”.

“Entrámos em 2015 no Governo com 87% dos portugueses com médico de família, estamos a aproximar dos 96%”, adiantou, reconhecendo que “ainda há portugueses que não têm médico de família”.

Foi precisamente esta situação que motivou um protesto junto à Unidade de Saúde de Monte Real e Carvide, por cerca de uma dúzia de utentes do Centro de Saúde de Vieira de Leiria, no concelho vizinho da Marinha Grande, que empunhavam cartazes nos quais se lia “Basta de falsas promessas” e “Doentes devem ser tratados com humanidade e não postos na rua ao frio e à chuva”.

Já com o ministro a ouvir, que mal chegou se dirigiu aos protestantes, Alzira Marques, de 65 anos, queixou-se de não ter médico de família há perto de quatro anos.

“Fica aqui a minha palavra de honra que nós vamos olhar para isso (…). Às vezes os concursos abrem-se e os médicos não há em quantidade”, disse o ministro, mas a utente ripostou: “Não acredito nisso. Estou farta de promessas”.

Adalberto Campos Fernandes retorquiu: “Quer ou não quer acreditar que vamos resolver?”. A utente contrapôs: “Eu para acreditar tenho de ver”.

Face à insistência das queixas, o ministro da Saúde informou que, após as duas inaugurações, iria deslocar-se ao centro de saúde de Vieira de Leiria para se inteirar da situação.

Aos jornalistas, o ministro da Saúde informou que o Governo não pode “resolver em dois anos processos que se arrastam, nalguns casos, há cinco, seis, sete anos”.

À pergunta sobre faltarem 18 médicos de família no concelho de Leiria, Adalberto Campos Fernandes apontou, novamente, os concursos: “Abrimos os concursos, infelizmente ou porque os médicos não são em quantidade ou porque não querem ficar nos locais, não é possível colocar”.

No Norte
Investigadores do Porto analisaram dados de pacientes seguidos em três unidades de saúde do Norte, concluindo que, ao fim de um...

Este é um dos resultados de um estudo desenvolvido pelo Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis), no qual foram analisados 446 pessoas com diabetes e sem úlcera de pé diabético, seguidas no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, na Consulta Multidisciplinar de Pé Diabético, e em duas Unidades de Saúde Familiar do Norte de Portugal.

Desta amostra, "a esmagadora maioria dos pacientes (99%) tinha diabetes tipo 2, sendo que 69% usavam apenas comprimidos para controlar os níveis de açúcar no sangue e 77% tomavam medicação para a hipertensão", disse a investigadora do Cintesis Matilde Monteiro Soares.

As conclusões deste estudo revelaram que, ao final de um ano, 7% dos indivíduos com diabetes desenvolveram úlcera de pé diabético, 1.6% sofreram uma amputação e 4% acabaram por morrer.

A maioria destes eventos, indicou a investigadora, ocorreu em utentes seguidos em ambiente hospitalar, que eram também os que apresentavam maior duração da diabetes e mais complicações decorrentes da doença.

Neste projeto, que deu origem a um artigo publicado na revista científica "Diabetes Research and Clinical Practice", a equipa responsável analisou igualmente as diferentes classificações clínicas utilizadas para identificar o risco de os indivíduos desenvolverem pé diabético, incluindo a utilizada pelo Sistema Nacional de Saúde).

"Analisamos as classificações existentes, em contexto hospitalar e nos cuidados de saúde primários, para tentar perceber qual seria a melhor ou mais válida para identificar esses indivíduos", disse à agência Lusa a investigadora do Cintesis Matilde Monteiro Soares.

De acordo com a investigadora, as diferentes classificações existentes "são robustas e equiparáveis", tendo a equipa concluído que, "para já, são todas úteis".

Segundo Matilde Monteiro Soares, todas as variáveis incluídas nas classificações clínicas (problemas de visão ou físicos, deformidade dos pés, onicomicoses, doença arterial periférica, neuropatia diabética periférica, sensibilidade alterada, história de úlcera do pé diabético ou de amputação da extremidade inferior), "estiveram associadas a um maior risco de desenvolvimento de úlcera de pé diabético, a um ano".

Contudo, a maior duração da diabetes, o uso de insulina e a presença de mais do que um sintoma da neuropatia diabética periférica e dor em repouso também revelaram uma associação "estatisticamente significativa" com o resultado, acrescentou.

Matilde Monteiro Soares acredita que, apesar dos resultados obtidos neste estudo, existem algumas possibilidades de melhorar as classificações clínicas utilizadas pelos profissionais de saúde.

Na sua opinião, seria igualmente importante usar as mesmas para "algo prático".

"Essas classificações podem ser utilizadas como uma ferramenta fundamental para a tomada de decisão, levando a uma atitude clínica diferente e possibilitando um estudo mais completo dos doentes de alto risco, guiando-os para centros especializados", salientou.

A investigadora contou que, através do Observatório Nacional da Diabetes, verificou-se uma "diminuição impressionante" no número de amputações em Portugal ao longo dos anos.

Além disso, as consultas têm sido "cada vez mais bem apoiadas" e, "embora exista ainda alguma limitação no acesso a consultas especializadas em todo o país", os cuidados "estão ao nível dos cuidados europeias", destacou.

Ministro da Saúde
Mais de 3,5 milhões de euros vão ser investidos este ano em 75 novas ambulâncias para renovar a frota do Instituto Nacional de...

Para Adalberto Campos Fernandes, haverá este ano um “ponto de viragem” no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), com “o maior investimento em equipamentos, em meios e em recursos humanos” que o instituto “alguma vez teve”.

Segundo informação oficial divulgada pelo INEM, trata-se de um investimento de 3,7 milhões de euros na renovação da frota de ambulâncias, sendo que este ano vão ser assinados protocolos com corporações de bombeiros para a compra de 75 ambulâncias dos postos de emergência médica.

Estes postos do INEM funcionam em corporações de bombeiros ou delegações da Cruz Vermelha Portuguesa com acordos com o instituto para dar resposta a emergências médicas pré-hospitalares.

“O plano do INEM para a renovação da frota prevê que se proceda à substituição de 75 ambulâncias em cada ano entre 2018 e 2021, altura em que a frota de ambulâncias se encontrará totalmente renovada”, refere o instituto.

Esta renovação da frota é marcada por uma nova forma de comprar ambulâncias. Em vez de ser o INEM a comprá-las, as viaturas são adquiridas diretamente pelas corporações de bombeiros.

O instituto paga uma verba de 50 mil euros para a compra, manutenção e seguro da ambulância e, a partir do primeiro ano de vida, ainda vai subsidiar as corporações de bombeiros nas despesas com manutenção e reparações.

Esta nova metodologia decorreu de negociações com a Liga dos Bombeiros Portugueses e com a Autoridade Nacional de Proteção Civil.

O investimento do INEM nas novas ambulâncias foi hoje anunciado pelo ministro da Saúde, numa cerimónia que decorreu no quartel dos bombeiros de Carcavelos e São Domingos de Rana.

Além do reforço de equipamentos, no seu discurso durante a cerimónia, o ministro Adalberto Campos Fernandes considerou que “há muitos anos que o INEM não tinha tantos profissionais”, anunciando que na terça-feira serão oficialmente recebidos cerca de 100 novos técnicos de emergência pré-hospitalar.

Confrontado depois pelos jornalistas com dados de alguns partidos da oposição que apontam para cerca de 400 profissionais em falta no instituto, o ministro disse que se baseia em factos e em dados oficiais objetivos.

O presidente do INEM, Luís Meira, admite que o mapa de pessoal do instituto prevê 1.700 trabalhadores, quando atualmente há cerca de 1.300. Contudo, recorda que os 1.700 previstos já contemplam um “aumento da atividade operacional”.

“Mais do que olhar para trás e olhar para o mapa de pessoal, interessa-nos garantir que temos os recursos humanos para aquela que é a nossa atividade operacional no momento”, afirmou Luís Meira aos jornalistas.

Ministro da Saúde
Os procedimentos para avançar com a construção da nova ala pediátrica do hospital de São João, no Porto, serão desbloqueados...

Em declarações hoje aos jornalistas sobre as condições em que as crianças e famílias são atendidas naquele hospital, Adalberto Campos Fernandes assumiu que, do ponto de vista político, “não há mais tempo nem mais espaço para conversa que não seja autorizar a obra [da nova ala pediátrica], lançar o procedimento e executá-lo no mais curto espaço de tempo possível”.

“O dinheiro está disponível, mas há questões de tramitação processual, que penso que em uma semana ou duas semanas estarão em condições para que os procedimentos formais possam ser lançados”, afirmou o ministro, que falava no final de uma cerimónia para anunciar investimentos no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Campos Fernandes salientou que a questão da ala pediátrica do São João se arrasta há dez anos, vincando ainda que a situação é “social e eticamente inaceitável”.

“Não há ninguém que sinta mais incómodo e mais sentido de injustiça do que o ministro da Saúde e o Governo pela situação que há dez anos se arrasta na ala pediátrica e que tem contornos que importará esclarecer, mas importa muito mais resolver”, declarou.

Para o ministro “importa rapidamente resolver” o problema que é “social e eticamente inaceitável”.

“O que importa é criar condições para que, até que a obra esteja concretizada, nesse tempo seja tudo feito [para melhorar as condições], seja tudo minorado”, afirmou o ministro, acrescentando que, se existe um pavilhão, “que esse pavilhão esteja bem conservado” e, se houver possibilidade de acomodar as crianças noutro local, “que sejam acomodadas”.

Contudo, lembrou que estas são “matérias de natureza operacional”.

O ministro anunciou também que pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) para intervir na questão da ala pediátrica do São João e esclarecer se a situação das crianças ali seguidas podia ter sido evitada.

“Pedi à IGAS que procurasse aferir se houve algo que pudesse ter sido feito que não tenha sido feito”, afirmou, acrescentando que o país foi confrontado “com afirmações dos pais e do presidente do hospital de São João que importa esclarecer” em nome do interesse público.

Para o ministro importa esclarecer, por exemplo, se as crianças seguidas naquela ala pediátrica, nomeadamente as doentes oncológicas, podiam ser tratadas noutra instituição no Porto.

Campos Fernandes garantiu ainda que o Hospital de São João “disporá de todo o apoio para melhorar as condições, ainda que provisórias, de atendimento daquelas crianças”.

A falta de condições de atendimento e tratamento de crianças com doenças oncológicas foi denunciada na semana passada por pais de crianças doentes que são atendidas em ambulatório e também na unidade do ‘Joãozinho', para onde são encaminhadas quando têm de ser internadas no Centro Hospitalar de São João, concelho do Porto.

Direção-Geral da Saúde
O número de casos confirmados de pessoas infetadas com sarampo subiu para 109, mais um face a sexta-feira, 106 das quais já...

Até às 19:00 de domingo, havia três pessoas com a doença e 17 casos em investigação, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS) publicado no seu 'site'.

Ao longo do surto, que maioritariamente infetou pessoas com ligação ao Hospital de Santo António, no Porto, foram analisados 262 casos que se revelaram negativos.

Dos 109 casos confirmados, 108 (99%) eram adultos, a maioria (58%) mulheres, e 86 (79%) eram profissionais de saúde, indicam os dados da DGS, que mostram também que 15 doentes (14%) não estavam vacinados e 10 (9%) tinham o esquema vacinal incompleto.

Em comunicado, a DGS refere que está em curso a investigação epidemiológica detalhada da situação, que inclui a investigação laboratorial de todos os casos.

Lembra ainda que o vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra.

“Os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea”, refere a autoridade de saúde, adiantando que os sintomas de sarampo aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois da pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea, tosse, conjuntivite e corrimento nasal.

A Direção-Geral da Saúde recomenda aos portugueses que verifiquem o seu boletim de vacinas e se vacinem caso seja necessário e para ligaram para 808 24 24 24 se estiveram em contacto com um caso suspeito de sarampo e se tiver dúvidas.

Segundo a DGS, em pessoas vacinadas a doença pode, eventualmente, surgir com um quadro clínico mais ligeiro e menos contagioso.

Quem já teve sarampo está imunizado e não voltará a ter a doença.

A vacina contra o sarampo faz parte do Programa Nacional de Vacinação, que deve ser administrada aos 12 meses e aos cinco anos.

ESEnfC
Seminário Transcultural decorre até sexta-feira na Escola de Coimbra. Finalistas de Enfermagem aprendem a administrar cuidados...

“Cultura e saúde: perspetiva global” é o título da conferência de abertura da Semana Transcultural que a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) leva a efeito durante cinco dias (instalações do Polo A) e que, amanhã (15h00), será proferida pelos professores Simone Vidal Santos, Jeferson Rodrigues (Brasil) e Maria Rosa Iglesias Parra (Espanha). A conferência prossegue na quarta-feira (09h00-13h00), desta feita com os testemunhos das professoras Liv Berit Thulin, Bente Albrigtsen (Noruega), Kristel Liesenborghs, Ingrid Coyette (Bélgica), Elisabeth Potzmann e Barbara Riegler (Áustria).

Os nove professores de diferentes proveniências estão, por estes dias, a falar aos finalistas de Enfermagem da ESEnfC sobre a realidade dos respetivos sistemas nacionais de saúde, ajudando-os a examinarem os fatores culturais que interferem na saúde e nos cuidados de saúde e de Enfermagem.

A iniciativa enquadra-se na Seminário de Enfermagem Transcultural - “Cultural awareness in nursing” que hoje começou e que termina, sexta-feira (20 de abril), com o painel “Societal perspectives on Euthanasia” (Perspetivas da sociedade sobre a eutanásia), previsto para as 11h00, também no Polo A, na Avenida Bissaya Barreto, em Celas.

Permitir ao estudante a comparação e a análise da informação relacionada com o desenvolvimento da Enfermagem e da educação em Enfermagem naqueles países, com vista a aumentar as competências para a prestação de cuidados culturalmente congruentes e culturalmente específicos, além de melhorar o potencial dos futuros profissionais para o exercício da Enfermagem além-fronteiras, em contextos multiculturais, são objetivos deste seminário organizado pela ESEnfC.

Mais informações sobre a iniciativa podem ser obtidas em www.esenfc.pt/event/transcultural2018.

Fisioterapia
A ‘start up’ portuguesa SWORD Health, responsável pela criação do primeiro terapeuta digital para a fisioterapia, captou um...

A ronda ‘seed’ contou com o investimento da Green Innovation, Vesalius Biocapital III e outros investidores da Europa e Estados Unidos e terá como objetivo “acelerar o desenvolvimento de novas terapias digitais e impulsionar o crescimento global”, refere a empresa em comunicado.

A SWORD Health refere que se mantém “a trabalhar ativamente com seguradoras, serviços nacionais de saúde, organizações e centros de reabilitação nos EUA, Canadá, Austrália, Noruega, Portugal, África do Sul, México e Japão”.

A SWORD Health é uma plataforma tecnológica pioneira que representa uma nova abordagem à fisioterapia, refere.

“Recorrendo à combinação de sensores de movimento de alta precisão com os mais recentes avanços tecnológicos na área da inteligência artificial, o principal produto da ‘startup’ portuguesa, o SWORD Phoenix, permite aos pacientes realizarem as suas sessões de fisioterapia no conforto de sua casa, com feedback em tempo real da sua performance e sempre monitorizados pela sua equipa clínica”, explica.

Ao mesmo tempo, o SWORD Phoenix permite tratar mais doentes, com resultados clínicos sólidos e reduzindo custos operacionais, acrescenta.

A tecnologia da SWORD Health já está atualmente a ser utilizada por profissionais de saúde dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Noruega, Portugal, África do Sul, México e Japão.

O fundador e CEO da SWORD Health, Virgílio Bento, citado no comunicado, afirma que o terapeuta digital “permite a democratização do acesso a uma fisioterapia de alta qualidade aos pacientes, no conforto de sua casa”.

“Passámos os últimos três anos a desenvolver e a refinar a tecnologia, recorrendo aos maiores desenvolvimentos na área da inteligência artificial que sustenta o nosso terapeuta digital, o SWORD Phoenix, bem como a demonstrar a sua eficiência através de estudos clínicos intensivos. Iremos agora focar-nos na expansão para o mercado global, no desenvolvimento de novas terapias digitais e em mais estudos clínicos”, sinaliza.

Estudo
Uma investigação realizada por cientistas britânicos pode vir a mudar a forma como o cancro é detetado.

A pesquisa criou um exame de sangue que pode ser capaz de detetar o nível de risco de indivíduos virem a desenvolver doenças cancerígenas logo à nascença. Os investigadores acreditam que esta descoberta poderá vir a salvar milhões de vidas, escreve o Sapo.

Este exame de ADN utiliza informação genética, conhecida pela comunidade científica como “ADN inútil”, que consegue identificar cancros no estádio inicial e até mesmo antes do seu aparecimento.

Realizado pelo Hospital John Radcliffe, no Reino Unido, o estudo conseguiu prever a probabilidade de aparecimento de cancro da mama e descobriu que este mesmo exame também consegue detetar o desenvolvimento de cancro da próstata.

“É vital identificar qualquer predisposição genética para a ocorrência de cancro da mama ou de qualquer outro cancro, mesmo antes de ele aparecer ou simplesmente o mais cedo possível – quanto mais depressa for detetado maior será a probabilidade de tratamento e de cura”, disseram os investigadores, que esperam agora apurar se o exame consegue detetar outros tipos de cancro.

17 de abril – Dia Mundial da Hemofilia
#Hemorragiaszero mostra possibilidade de pessoas com hemofilia terem zero hemorragias.

Sob o mote #Hemorragiaszero, a Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas (APH) e a Shire, biofarmacêutica líder global na área das doenças raras, desenvolveram uma campanha integrada que conta com a partilha de testemunhos sobre hemofilia, mostrando que é possível viver com zero hemorragias, melhorando o impacto na vida das pessoas com hemofilia.

Nuno Lopes, membro da direção da APH, justifica a criação do projeto #hemorragias zero referindo que “Ter zero hemorragias é uma possibilidade para quem tem hemofilia, infelizmente não é uma realidade. Existe, por isso, a necessidade de se intensificar o nível de exigência face à patologia, através do aumento da qualidade da personalização e de cumprimento do tratamento, fundamentais para evitar as hemorragias responsáveis por lesões articulares - inflamações, dores, perda de movimento e deformidades.”

Através da profilaxia feita com base no estudo farmacocinético individual é possível viver sem hemorragias e, consequentemente, sem o impacto que estas têm na degradação da saúde e na rotina diária de cada uma das pessoas que vive com hemofilia.

"As hemorragias eram uma constante interrupção da minha vida, ao ponto de me privarem de várias atividades no meu dia-a-dia, desde a escola até às tarefas domésticas. A partir do momento em que consegui prevenir as hemorragias, deixou de ser frustrante fazer planos porque comecei a conseguir realizá-los", partilha Nuno Lopes.

O projeto #Hemorragiaszero será dinamizado em vários momentos ao longo do ano, como por exemplo em eventos da APH: palestras, workshops e atividades formativas. Contará, também, com a realização de um estudo baseado em inquéritos, cujas conclusões vão permitir ter uma perspetiva mais profunda e integrada da hemofilia, considerando os vários intervenientes: pessoas com hemofilia, cuidadores e profissionais de saúde, bem como decisores e autoridades.

Para saber mais sobre o projeto #hemorragiaszero visite: https://www.unidospelahemofilia.pt/hemorragias-zero/

17 de abril é Dia Mundial da Hemofilia
Para celebrar o Dia Mundial da Hemofilia, o Comité das Mulheres da Associação Portuguesa de Hemofilia e de Outras Coagulopatias...

Durante anos, o papel das mulheres – mães, irmãs, cuidadoras ou portadoras – teve uma atenção secundária dentro desta comunidade, face às necessidades prementes do homem com hemofilia, seu familiar. Reconhecendo essa importância, e para fazer face às necessidades específicas destas mulheres, a Associação Portuguesa de Hemofilia (APH) criou, em 2014, o Comité das Mulheres. “O reconhecimento formal de que existiam necessidades próprias que teriam de ter um lugar próprio no âmbito da nossa Associação”, explica Miguel Crato, presidente da APH. Nascia, assim, um grupo de contacto e suporte para todo o universo feminino ligado aos distúrbios hemorrágicos e posteriormente o Encontro Anual de Mulheres da APH, evento que já vai na terceira edição.

“É na senda desta filosofia de capacitação e de todos aprendermos com a experiência de outrem que surge esta recolha de testemunho”, acrescenta o presidente da APH. “O que é relatado deve constituir uma lição para todos nós, mas uma lição positiva e um foco de aprendizagem para aquelas mulheres que estão, e estarão, na nossa comunidade – um abraço de sabedoria e saberes”, conclui.

O livro inclui 27 testemunhos, todos na Voz de mães, irmãs, cuidadoras e portadoras. 27 lições de vida reunidas, que contribuirão para ajudar outros, e outras, na mesma situação. Para que encaremos a Hemofilia, “como um pormenor”, nas palavras de uma das autoras – parte integrante e presente nas nossas vidas, mas um pormenor.

Estudo
As crianças do sexo masculino com maus hábitos de sono apresentam “risco muito elevado de obesidade”, revela um estudo...

Com base nas recomendações da Academia Americana de Pediatria (2016), que estabelece a duração adequada de sono entre nove e 12 horas por noite para as crianças dos seis aos 12 anos, a investigação, visou analisar “a relação entre os hábitos de sono irregulares” (mais ou menos tempo que o recomendado) e “o risco de excesso de peso e obesidade na população pediátrica portuguesa”.

Os investigadores estudaram os hábitos de sono de 8.273 crianças (4.183 do sexo feminino) com idades entre seis e os nove, bem como “a atividade física e os comportamentos sedentários (por exemplo, o tempo passado a ver televisão ou a jogar no computador), através de questionários preenchidos pelos pais”, revela a Universidade de Coimbra (UC).

Foram também avaliadas, no âmbito da mesma investigação, que foi desenvolvida, nos últimos seis anos, por uma equipa de peritos do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), “algumas variáveis antropométricas, como a estatura e o peso das crianças e calculado o seu índice de massa corporal (IMC)”, acrescenta a UC.

As associações entre os hábitos de sono e o risco de excesso de peso e obesidade para meninos e meninas foram realizadas separadamente.

Os resultados, publicados no American Journal of Human Biology, evidenciam que “os rapazes que apresentavam hábitos de sono irregulares para a sua idade, isto é, quer abaixo das nove horas/noite, quer acima das 12 horas/noite, durante a semana, têm 128% maior probabilidade de serem classificados como crianças com excesso de peso comparativamente com aqueles que dormiam as horas recomendadas”, afirma o investigador Aristides Machado-Rodrigues.

Curiosamente, mas tal como em alguns estudos anteriores, entre as raparigas, “não houve associações significativas entre a duração do sono e o risco de obesidade, nem nos dias da semana nem durante o fim de semana”, refere ainda o investigador do CIAS, citado pela UC.

Mas, sustenta Aristides Machado-Rodrigues, “o cumprimento dos hábitos de sono recomendados na infância” é “um aspeto crucial da saúde cognitiva e do desenvolvimento harmonioso das crianças”.

A obesidade é considerada uma das epidemias do século XXI pelo facto de estar associada a inúmeras cormobilidades, especialmente de natureza metabólica e cardiovascular. Aristides Machado-Rodrigues salienta “a sua etiologia multifatorial”, referindo “a existência um conjunto alargado de variáveis, de natureza biológica, genética, social e comportamental, que concorrem decisivamente para o facto de um indivíduo poder padecer de adiposidade aumentada, para além do padrão normal”.

As conclusões deste estudo – que está inserido numa investigação mais ampla sobre ‘Prevalência da obesidade na infância em Portugal’, coordenada por Cristina Padez, e financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) –, chamam a atenção para a necessidade de esforços adicionais para controlar os hábitos de sono durante a semana, especialmente entre os rapazes portugueses, indica a UC, na mesma nota.

Aristides Machado-Rodrigues enfatiza que “os pais devem reforçar as regras familiares da “hora de deitar” das crianças para que estas possam ter o tempo de sono diário recomendado para a saúde”.

“A literatura sustenta, de forma inequívoca, que a privação do sono, especialmente em idades pediátricas, está associada a problemas de saúde aumentados, não só de índole cognitivo, mas especialmente relacionados com a diminuição da tolerância à glicose, o qual é um fator de risco para a obesidade”, salienta o investigador.

“Na atualidade, e de forma muito pragmática, não podemos deixar de manifestar a nossa preocupação para os comportamentos sedentários de ecrã, vulgo ‘tablets’, telemóveis e computadores, que as crianças e jovens perpetuam pela noite dentro, comprometendo as horas de sono recomendadas, muitas vezes fechados no quarto e sem conhecimento dos pais”, destaca Aristides Machado-Rodrigues.

Nos últimos anos, estudos epidemiológicos relataram que a duração irregular do sono pode ser um fator de risco adicional para excesso de peso entre as crianças. Mas, conclui a UC, “os hábitos de sono são os que têm merecido menor atenção comparativamente a outros comportamentos do quotidiano, como a atividade física, os hábitos nutricionais ou ainda o sedentarismo”.

Até final de maio
Cinco especialistas portugueses iniciam esta segunda-feira, em São Tomé, um estudo sobre a celulite necrotizante para &quot...

"A presença da equipa portuguesa no país, para além [de analisar] os agentes que nós pensamos que estão relacionados com o aparecimento da celulite necrotizante, poderá ajudar-nos a conhecer outros agentes que estão relacionados com a doença", disse a diretora dos cuidados de saúde, Mariza Conceição.

Os médicos portugueses – que vão permanecer no país até final de maio - consideram que têm existido alguns progressos no tratamento dos casos que dão entrada nos hospitais, mas defendem que são necessárias mais pesquisas para "estancar a doença".

"Nós estamos aqui para tentar perceber melhor a celulite necrotizante, uma doença que, no ano passado, teve uma incidência maior do que aquilo que normalmente tem", disse o responsável pela equipa médica portuguesa, Carlos Gonçalves.

O médico diz que é preciso fazer-se "um estudo profundo" sobre a doença, que não se limitará apenas aos pacientes internados nos hospitais.

"Uma primeira vertente é tentar perceber, nas comunidades, o que é que se está a passar para a doença estar a aparecer com mais frequência e essa parte é uma parte epidemiológica que é feita através de um questionário em que toda a estrutura do Ministério da Saúde deve estar envolvida", explicou Carlos Gonçalves.

"Há uma segunda vertente, que é tentar encontrar nas comunidades os casos iniciais da doença, estudá-los em profundidade, perceber quais são as causas e porque é que está acontecer", acrescentou, sublinhando que o referido estudo terá uma terceira fase que, em colaboração com os médicos do serviço de saúde de São Tomé, visa "estabelecer novos diagnósticos laboratoriais".

Carlos Gonçalves diz que, apesar de se notar uma tendência para a diminuição de casos de celulite necrotizante, é preciso não baixar a guarda.

"Tem havido uma diminuição de casos, mas isso não quer dizer que não vão reaparecer", alerta o médico, adiantando que os resultados desse estudo serão conhecidos em finais de outubro.

A equipa portuguesa chegou no sábado ao arquipélago e inclui médicos e especialistas em ambiente.

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