Incidentes duplicaram
Regulação ineficiente e falta de testes em dispositivos médicos estão a provocar mortes e complicações em doentes de todo o...

A investigação designada “Implant Files” foi conduzida por mais de 250 jornalistas de 36 países, que analisaram milhares de documentos, concluindo que lacunas no controlo de dispositivos médicos - como ‘pacemakers’, implantes mamários, contracetivos ou próteses de anca – provocam cada vez mais complicações, difíceis de quantificar e identificar.

Planos para endurecer as regras da União Europeia foram suavizados pelo lóbi da indústria, de acordo com documentos acedidos pela investigação, refere o jornal britânico The Guardian.

Nos Estados Unidos da América, país que tem uma base de dados na matéria, estima-se que complicações com este tipo dispositivos terão causado 82 mil mortes e 1,7 milhões de feridos, em dez anos, cinco vezes mais do que em 2008.

Em França, de acordo com dados da agência nacional do medicamento, o número de incidentes ligados a dispositivos médicos duplicou em dez anos, com mais de 158 mil complicações, 18 mil casos só em 2017.

No Reino Unido, os reguladores receberam 62 mil queixas de incidentes com dispositivos médicos, entre 2015 e 2018, um terço dos quais tiveram repercussões graves no doente, e 1.004 resultaram em morte.

Os exemplos de falhas no mercado dos dispositivos médicos apontados pelo Guardian incluem casos de próteses da anca e contracetivos vendidos a hospitais sem testes clínicos, doentes com ‘pacemakers’ com problemas detetados pelos fabricantes ou complicações numa malha de hérnia que afastou de competição durante anos um dos melhores atletas britânicos (que não nomeiam).

O presidente do Real Colégio de Cirurgiões, professor Derek Alderson, afirmou ao Guardian que já aconteceram incidentes suficientes para “sublinhar a necessidade drástica de mudanças na regulação”, incluindo a introdução de um registo obrigatório em todos os dispositivos médicos.

“Ao contrário dos medicamentos, muitas inovações cirúrgicas são introduzidas sem ensaios clínicos ou evidência científica centralizada”, afirmou, considerando que constitui “um risco para a segurança do doente e para a confiança pública”.

Entre as preocupações levantadas pelos “Implant Files”, encontram-se casos de fabricantes encarregados de testar os seus próprios produtos, que procuram aprovação pelos diversos mercados sem terem de declarar as recusas de comercialização.

 

"Manicómio"
O projeto Manicómio, dedicado a artistas com doenças mentais, vai ter um espaço próprio em Lisboa, fora de muros hospitalares,...

O projeto é da responsabilidade de Sandro Resende e José Azevedo, fundadores da Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico P28, que dão aulas de artes plásticas a doentes do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa há cerca de 20 anos.

“Para nós é muito importante que as pessoas que têm experiência nesta doença possam ter um espaço condigno e que não tenha estigmas associados. Por isso mesmo, o nascimento deste projeto, num espaço novo, fora dos muros hospitalares”, afirmou Sandro Resende, em declarações à Lusa, sublinhando que o Manicómio “não tem nada que ver com o hospital, tem que ver com as pessoas”.

O Manicómio irá ser um “espaço completamente aberto, que qualquer pessoa pode frequentar, pode ir, pode experimentar, pode ir à loja, falar com um artista”, que irá abrir portas “até ao final do ano na zona do Beato”.

“Interessa-nos bastante que este espaço esteja na zona criativa, com as pessoas criativas”, referiu Sandro Resende, explicando que se trata de “um espaço criativo, uma espécie de um 'cluster' criativo, onde, além dos ateliês, de pintura, escultura, cerâmica, desenho, fotografia, vídeo, etc., haverá também a conferências sobre área social, todas elas, não só a área da saúde mental”.

A criação deste espaço “é um passo muito importante”, que poderá ajudar a acabar com alguns estigmas.

“Toda a gente sabe que o Júlio de Matos é estigmatizante, apesar de todo o trabalho que fazemos lá há mais de 20 anos”, referiu Sandro Resende, lembrando as várias exposições que estiveram patentes ao longo destas duas décadas no pavilhão 31 do hospital, dedicado às Artes Plásticas, nas quais obras de doentes foram expostas lado-a-lado com as de artistas consagrados.

Ainda assim, Sandro Resende sente que, “por vezes, o visitante possa estigmatizar”, apesar de numa se identificar “quem é o consagrado ou quem é o artista residente”.

“O estigma está na nossa cabeça e é importante que isso acabe e é importante que isso mude”, defendeu.

Apesar da criação do projeto Manicómio, Sandro Resende e José Azevedo não vão “abandonar 20 anos de trabalho dedicados ao Júlio de Matos”. O pavilhão 31 tem “programação fechada até 2022” e o Manicómio será “um projeto paralelo”.

Em todos os anos de trabalho no Júlio de Matos, Sandro Resende “nunca quis saber”, porque “nunca foi importante para o trabalho, que doença é que as pessoas têm”.

“Eu trabalho da mesma maneira qualquer pessoa e o nível de exigência é praticamente igual. Estas pessoas que vão connosco [para o Manicómio], dez artistas identificados em Portugal inteiro, não sei quais são as doenças deles e não me interessa muito isso. Interessa-me a pessoa em si, o conteúdo artístico e a dedicação que essa pessoa tem pelo seu trabalho”, referiu.

A ideia dos responsáveis pelo Manicómio é que estes artistas “se possam contagiar uns aos outros, com toda esta informação que todos têm”.

“E, para mim, é muito importante que isso aconteça. Que seja um processo criativo aberto a todos”, acrescentou.

Entre esses dez artistas está Anabela, cujo trabalho está em destaque no primeiro volume de uma coleção de livros, editada pela Manicómio, em parceria com a Stolen Books e a Fnac, e que será apresentado no sábado na Fnac do Alegro de Alfragide, na Amadora.

Sandro Resende define Anabela Soares, de 49 anos, como uma “uma super artista que muito tarde se revelou e que consegue pôr no trabalho uma carga emocional muito grande, e isso é muito difícil de se fazer na Arte, mas quando se faz com esta autenticidade que ela tem, e com esta honestidade, o resultado é sempre muito brilhante”.

A artista começou “há cerca de dois anos a trabalhar em arte”, com a P28 no Júlio de Matos. Nessa altura, “começou a fazer uns peluches, porque ela nunca tinha tido um peluche até então”.

“E esses peluches eram esteticamente um objeto fantástico em termos artísticos, apesar de anatomicamente não serem perfeitos. E começámos a trabalhar por aí. Começámos a trabalhar com escala e com técnica e ela sai com umas esculturas fantásticas, que expusemos juntamente com o [Emir] Kusturica e teve uma grande repercussão”, recordou Sandro Resende.

Anabela, que cria peças de cerâmica e escultura, “trabalha com as emoções que tem, com uma carga emocional muito forte” e a produção artística é para ela “quase uma descarga”.

“Ela produz bastante, trabalha todos os dias, cerca de cinco horas por dia”, partilhou.

A coleção de livros é dedicada à Arte Bruta, expressão usada pela primeira vez pelo artista francês Jean Dubuffet, na década de 1940, para designar o trabalho artístico produzido fora do sistema tradicional, englobando, na altura, as criações de crianças, doentes mentais e criminosos.

Juramento
O Presidente da República apelou hoje aos médicos recém-formados para que não abandonem o país nem o Serviço Nacional de Saúde ...

A cerimónia decorreu em Lisboa, na Aula Magna, um auditório cheio de novos médicos – e de familiares – que, depois de uma primeira tentativa frustrada, vítima da timidez de alguns, acabaram por fazer o juramento de Hipócrates, em simultâneo, seguindo a leitura feita pelo Presidente da República (PR), Marcelo Rebelo de Sousa, que presidiu ao evento.

Na intervenção que encerrou a cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa deixou um apelo aos médicos para que não deixem o país.

“Andais por onde andais, regressai sempre a Portugal. […] Sois precisos aqui”, disse o PR, num discurso marcado pela boa disposição, que arrancou risos e aplausos ao auditório.

Dirigindo-se aos novos médicos, declarou-se também ele emocionado com o momento, não só por estar no local onde estudou e ensinou – a Universidade de Lisboa – a 20 dias do término da sua atividade académica, mas também pela iniciativa da Ordem dos Médicos, que entregou a Marcelo Rebelo de Sousa a ficha de inscrição do seu pai, Baltasar Rebelo de Sousa, nesta ordem, há 68 anos, quando ele tinha pouco mais de um ano, para de seguida arrancar a primeira gargalhada da plateia.

“Não tendo sido possível ser médico, fiquei o mais próximo que era possível: hipocondríaco”, disse o PR, explicando ainda ser daqueles que não encontram doenças a cada passo, mas “dos que teorizam, mas não podem prescrever”, até porque isso seria crime e “um PR não pode dar maus exemplos” aos concidadãos, “enveredando por atividades criminosas”.

Referindo as dificuldades que o SNS atravessou – “que tenha atravessado crises sucessivas tenha sobrevivido, esteja para durar e deva durar” – lembrou outra dificuldade específica – a do exame de acesso à especialidade, o Harrison, que estes diplomados foram os últimos a fazer, como lembrou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, uma vez que deixa de ser aplicado a partir de 2019.

“O Harrison é difícil. Conheço vários colegas de geração que ficaram como ficaram por causa do Harrison”, brincou Marcelo Rebelo de Sousa, seguindo-se novo aplauso.

Aos recém-diplomados, o PR pediu ainda uma “mobilização permanente”, alertando que os meios serão sempre insuficientes para as necessidades, haverá sempre falta de recursos, mas terão sempre a gratidão dos doentes, porque “se há uma realidade constante é a gratidão em relação ao médico”, algo que “nem sempre acontece com outros” profissionais.

“Consolem-se com isso”, pediu Marcelo Rebelo de Sousa, referindo ainda a gratidão devida às famílias, que “criaram condições para os filhos que eles próprios nunca tiveram”, e o reconhecimento devido aos mestres, que podem ter sido “dos mais entusiasmantes aos mais enfadonhos ou execráveis – a vida é assim”, mas “representam uma excelência que é preciso reconhecer”.

O PR dirigiu-se ainda ao bastonário da Ordem dos Médicos, lembrando que se assinalam os 80 anos deste organismo, marcados por “uma dialética” em que ora fizeram “a vida negra” aos ministros da saúde, ora “tiveram a vida feita negra” pelos ministros da saúde, para dizer que esta “não era ainda a ocasião” para condecorar a ordem pelo seu trabalho – hoje era “o tempo” dos novos médicos – “mas será devidamente condecorada”.

Também a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou que a Ordem dos Médicos receberá do Ministério da Saúde no próximo dia Mundial da Saúde, a 07 de abril, “a medalha de ouro de serviços distintos”.

Dirigindo-se aos médicos na plateia, a ministra referiu-se a responsabilidades conjuntas na defesa do SNS, nomeadamente em desafios como o envelhecimento da população, o equilíbrio entre o potencial das novas tecnologias e o seu preço e o investimento em infraestruturas e equipamentos “que concorrem com outras prioridades setoriais”, assim como “expectativas de desenvolvimento profissional às quais é impossível responder ao ritmo dos desejos”.

“O SNS que vos recebe enfrenta dificuldades e pode fazer melhor. Conhecemos os desafios […] Enfrentar estes desafios é uma responsabilidade da ministra da Saúde, mas na qual só seremos bem-sucedidos se pudermos contar com cada um de vós”, disse Marta Temido, frisando ainda que a formação destes novos profissionais representa um investimento neles, mas também no país, e na melhoria da saúde e do SNS.

Num discurso com alguns recados ao Governo, o bastonário dos médicos, Miguel Guimarães citou Michel Foucault para dizer que a primeira batalha que os médicos enfrentam é política, “contra as más políticas”, considerando ser dever dos médicos denunciá-las.

Considerou ainda a formação a “joia da coroa” do SNS, que leva a que outros países europeus procurem recrutar em Portugal, pedindo soluções de gestão que evitem saídas para o estrangeiro, mas também para o setor privado.

E não deixou de estabelecer um paralelismo com Marcelo Rebelo de Sousa – “Nós, como o PR, também temos que ser pessoas de afetos” – para lembrar os novos profissionais que na sua carreira vão atender muitos doentes que não estão doentes, que os procuram apenas para conversar ou procurar atenção.

Ministra da Saúde
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse hoje que as cirurgias adiadas devido à greve dos enfermeiros serão reprogramadas “em...

A ministra comentava a greve dos enfermeiros à saída da cerimónia do juramento de Hipócrates dos médicos recém-formados, que hoje decorreu na Aula Magna, em Lisboa, escusando-se a fazer mais comentários por estar a aguardar um parecer jurídico pedido pelo Ministério da Saúde ao conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre os termos da greve.

“O Serviço Nacional de Saúde (SNS), e o Ministério da Saúde em primeira mão, o que procuraram foi obter e pediram já um pedido de parecer ao conselho consultivo da PGR sobre os termos desta greve. Não será correto referir-me a esse tema mais do que aquilo que acabei de referir na medida em que se aguarda esse parecer. Toda esta atividade assistencial que agora está a ser cancelada terá que ser reprogramada em primeira mão no contexto do SNS e o quanto antes”, disse Marta Temido, quando questionada se o recurso aos privados seria a solução a adotar para resolver o avolumar de cirurgias adiadas.

A ministra voltou a afirmar a preocupação do Ministério da Saúde “com a forma agressiva” como esta greve “resulta na prática”, ou seja, a atividade de cirurgias programadas em alguns dos maiores hospitais do país, defendendo ainda que o protesto em curso “é bastante lesivo da imagem do funcionamento do SNS”.

“Estamos preocupados com essa circunstância. Não deixamos de considerar que os fundamentos desta greve nos oferecem algumas reservas, na medida em que, como é sabido, o Governo fez uma proposta às estruturas sindicais representativas dos enfermeiros que consideramos uma boa proposta. Consideramos até uma muito boa proposta, na medida em que corresponde a alguns dos aspetos que os enfermeiros vinham reclamando desde há longos meses”, disse a ministra, referindo, por exemplo, a inclusão do grau de especialista na proposta de carreira do executivo.

Ainda que reconhecendo a justiça de algumas das reivindicações dos sindicatos de enfermeiros, Marta Temido manifestou a frustração por nem todas as estruturas sindicais “entenderem integralmente aquilo que é o esforço do Governo em responder às suas reivindicações”.

“É importante lembrar que a carreira de enfermagem que hoje temos e que agora está a ser revista é uma carreira que já teve a categoria de especialista e que deixou de o ter por acordo com os sindicatos”, acrescentou.

Também chamado a comentar a greve dos enfermeiros em curso, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que a saúde “é um problema de todos os cidadãos” e que “é muito importante que todos percebam que todos ganham naquilo que for feito para melhorar e valorizar a saúde em Portugal”.

Os enfermeiros dos blocos operatórios de cinco hospitais públicos iniciaram na quinta-feira uma greve de mais de um mês às cirurgias programadas, que no primeiro cancelou mais de 500 operações.

A greve cirúrgica, decretada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), abrange o Centro Hospitalar Universitário de S. João, o Centro Hospitalar Universitário do Porto, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e o Centro Hospitalar de Setúbal.

A paralisação visa “parar toda a cirurgia programada, mantendo, naturalmente, assegurados os cuidados mínimos decretados pelo tribunal”, segundo um comunicado dos sindicatos.

Os enfermeiros reivindicam uma carreira transversal a todos os tipos de contratos e uma remuneração adequada às suas funções, tendo em conta “a penosidade inerente ao exercício da profissão”, segundo as estruturas sindicais.

Na terça-feira, os dois sindicatos que convocaram a paralisação decidiram manter o protesto nos blocos operatórios, por falta de acordo com o Governo sobre a estrutura da carreira.

Numa nota à imprensa enviada antes do final da reunião negocial de terça-feira à tarde, o Ministério da Saúde invocou que na proposta apresentada aos sindicatos se destaca “a consolidação do enfermeiro especialista e o reconhecimento da importância da gestão operacional de equipas pelo enfermeiro coordenador".

A tutela assume que a proposta de revisão da carreira especial de enfermagem "constitui a aproximação possível às reivindicações apresentadas" pelos sindicatos, "num contexto de sustentabilidade das contas públicas e equidade social".

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde disse na quarta-feira que o Governo fez “um esforço muito significativo” para ir ao encontro das reivindicações dos enfermeiros e entende que a manutenção da greve vai atrasar o processo negocial e um possível acordo.

Situação identificada
A diretora-geral da Saúde confirmou um surto de sarna no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, mas desvalorizou o caso por...

Em declarações à agência Lusa, Graça Freitas disse que o sucedido "não põe em causa a saúde pública", explicando que "é um surto que acontece" e que diz respeito ao hospital resolver a situação, usando "o procedimento normal perante uma doença muito contagiosa que é de fácil resolução".

"É uma doença cutânea muito contagiosa e quando surge um caso obviamente outras pessoas podem ser infetadas. Enquanto a medicação faz efeito é natural que o hospital tenha optado por isolar algumas pessoas, mas isso é um procedimento perfeitamente normal", declarou à Lusa.

A diretora-geral de Saúde vincou que a situação "foi devidamente identificada" e "tomadas as medidas necessárias", não especificando, por esse motivo, o número de afetados.

O Sindicato dos Enfermeiros denunciou um surto de sarna no serviço de ortopedia do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, que já atinge uma dezena destes profissionais, comprometendo o funcionamento daquela unidade.

Segundo disse à Lusa o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), José Azevedo, “o serviço está a funcionar com dificuldades”, até pela sua especificidade de trabalhar com doentes com pouca ou nenhuma mobilidade, afirmando ser necessário um reforço de pessoal.

Disse ainda que os cerca de 10 enfermeiros atingidos pelo surto de sarna “foram mandados para casa, com folgas por baixo da mesa, em vez de atestados ou baixas, para não ficar nada registado”.

Sem certezas sobre a extensão do surto, José Azevedo admitiu que possa haver também doentes afetados com sarna.

Contactado pela Lusa, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, a que pertence o Hospital São Francisco Xavier, respondeu ao fim da tarde num curto comunicado que a situação está controlada.

“De facto, foi admitido doente com escabiose [sarna], e que, tendo-se diagnosticado, foram tomadas as medidas necessárias e feitos tratamentos preventivos ou curativos em doentes ou profissionais, estando a situação completamente controlada”.

Sem se referir à situação dos enfermeiros, levantada pelo SE, nem ao número de profissionais ou utentes afetados, o comunicado acrescenta apenas que “os hospitais do SNS recebem doentes, qualquer que seja a sua proveniência, idade, capacidade financeira, doença que sejam portadores ou estado de higiene”.

O surto teve início em 20 de novembro, segundo o sindicato que entretanto questionou a administração do hospital sobre as medidas já tomadas, a informação prestada aos profissionais de saúde e se garante que os enfermeiros que agora estão em casa não terão que compensar os turnos que falharam devido ao problema.

O presidente do SE criticou ainda que aos enfermeiros afetados tenha apenas sido entregue uma loção de tratamento, com resultados mais lentos que os comprimidos que o sindicato entende que deveriam ter sido dados, por serem mais eficazes, apesar de mais caros.

 

 

Mais de 10 profissionais atingidos
O Sindicato dos Enfermeiros denunciou no sábado passado um surto de sarna no serviço de ortopedia do Hospital São Francisco...

Segundo disse à Lusa o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), José Azevedo, “o serviço está a funcionar com dificuldades”, até pela sua especificidade de trabalhar com doentes com pouca ou nenhuma mobilidade, afirmando ser necessário um reforço de pessoal.

Disse ainda que os cerca de 10 enfermeiros atingidos pelo surto de sarna “foram mandados para casa, com folgas por baixo da mesa, em vez de atestados ou baixas, para não ficar nada registado”.

Sem certezas sobre a extensão do surto, José Azevedo admitiu que possa haver também doentes afetados com sarna.

Contactado pela Lusa, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, a que pertence o Hospital São Francisco Xavier, respondeu ao fim da tarde num curto comunicado que a situação está controlada.

“De facto, foi admitido doente com escabiose [sarna], e que, tendo-se diagnosticado, foram tomadas as medidas necessárias e feitos tratamentos preventivos ou curativos em doentes ou profissionais, estando a situação completamente controlada”.

Sem se referir à situação dos enfermeiros, levantada pelo SE, nem ao número de profissionais ou utentes afetados, o comunicado acrescenta apenas que “os hospitais do SNS recebem doentes, qualquer que seja a sua proveniência, idade, capacidade financeira, doença que sejam portadores ou estado de higiene”.

O surto teve início em 20 de novembro, segundo o sindicato que hoje questionou a administração do hospital sobre as medidas já tomadas, a informação prestada aos profissionais de saúde e se garante que os enfermeiros que agora estão em casa não terão que compensar os turnos que falharam devido ao problema.

O presidente do SE criticou ainda que aos enfermeiros afetados tenha apenas sido entregue uma loção de tratamento, com resultados mais lentos que os comprimidos que o sindicato entende que deveriam ter sido dados, por serem mais eficazes, apesar de mais caros.

 

Comunicado
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considerou “ilegal” a circular normativa emitida pelo Serviço de Saúde da Madeira a...

Em comunicado, o SIM afirma que a presidente do Conselho de Administração do SESASRAM, com a circular normativa divulgada na sexta-feira, “faz tábua rasa” do acordo estabelecido com o secretário regional da Saúde madeirense nesta matéria.

“A circular pretende estabelecer seis ou 12 horas para atendimento a utentes sem Médico de Família”, refere esta estrutura representativa dos médicos, acrescentando que “o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e o Acordo de Empresa [AE] estabelecem até duas horas para listas com mais de 1500 utentes e até seis horas para listas com menos de 1500 utentes”.

O SIM aponta que a circular divulgada por Tomásia Alves sobre a organização dos horários dos médicos da especialidade de Medicina Interna não foi objeto de “prévia discussão” e “ignora várias cláusulas” legais do ACT e do AE, que “contêm normas particulares de organização e disciplina do trabalho médico”.

Também menciona que a referida circular “pretende estabelecer quatro, cinco ou seis horas não assistenciais para o regime de 40, 35 e 42 horas, respetivamente”, quando o ACT e o Acordo de Empresa “não estabelecem um valor fixo para cada um dos regimes, estabelecendo até seis horas independentemente do regime”.

No comunicado, o sindicato argumenta que “a circular pretende estabelecer horas para Serviço de Atendimento Urgente e Atendimento Complementar”, enfatizando estas que “não podem fazer parte do período normal de trabalho o Serviço de Atendimento Urgente ou Atendimento Complementar”.

Segundo o SIM, a decisão veiculada pelo SESARAM tem por objetivo “estabelecer horas em Serviço de Urgência no regime de 35 ou 42 horas”, salientando não estar “legalmente prevista a prestação de trabalho em Serviço de Urgência para os médicos da área de Medicina Geral e Familiar da carreira especial médica”.

Por isso, o Sindicato Independente dos Médicos “lamenta esta atitude que põe em causa a paz social e o espírito de colaboração que existe após a assinatura de um acordo com o senhor Secretário Regional da Saúde, Pedro Ramos”.

Também “exige a imediata suspensão da referida circular normativa”, solicitando uma reunião urgente com o titular da Saúde do executivo madeirense para tratar deste assunto.

O SIM assegura que “mantém o espírito de diálogo”, no sentido de contribuir para “ultrapassar o problema criado pelo SESARAM, evitando assim o recurso a formas de luta mais robustas nomeadamente a greve”.

A Lusa já contactou o secretário da Saúde da Madeira sobre esta matéria e aguarda resposta.

A Câmara de Oeiras espera entregar 160 casas nos próximos quatro anos a jovens, até aos 35 anos, apresentando este fim de...

De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, a recuperação de edifícios nos centros históricos do concelho permite resolver o “problema da habitação jovem” e do “envelhecimento destes locais”.

“Esta política permite-nos também trazer jovens para os centros históricos onde há mais envelhecimento. A vinda desses jovens para estes prédios permite dar mais vida e animação ao território, ao mesmo tempo que resolvemos problemas complicados que os jovens têm dificuldade em resolver”, afirmou o responsável do executivo, em declarações à agência Lusa.

Segundo o autarca, o município irá investir nos próximos cinco anos cerca de 15 milhões de euros a reabilitar prédios em várias zonas do concelho.

Além das casas destinadas aos jovens “arrendadas a um quinto do valor de mercado”, o município tem também “em projeto ou construção”, para venda, casas destinadas à classe média, mantendo a construção de casas para renda social.

O autarca visitou a população do concelho alertando para a necessidade de sinalizar casos de “pessoas vulneráveis e sozinhas” para que possam ser acompanhadas por técnicos do serviço social da câmara.

Segundo o responsável, a linha SOS Isolamento estará disponível de hoje entre as 09:00 e as 17:30.

“Para termos sucesso neste programa é necessário haver a participação de muitas pessoas. Este programa vem permitir a sinalização de quem vive isolado. Uma vez identificados, o objetivo é a câmara municipal assegurar uma equipa, que já está criada, e um gestor para acompanhar cada caso de isolamento sinalizado”, esclareceu.

Para o autarca, o projeto vem complementar a oferta do município para os mais idosos, que já tem outros apoios nomeadamente ao nível da comparticipação de medicamentos e da disponibilização de assistência médica ao domicílio durante 24 horas por dia.

Isaltino Morais disse ainda à agência Lusa que “nos próximos dois meses” o município irá relançar o plano de voluntariado, que poderá contribuir para acompanhar os idosos, contando os voluntários com o “enquadramento do serviço social da câmara”.

 

Centro Europeu de Controlo de Doenças
Mais de 13.400 casos de sarampo foram registados no último ano em 30 países europeus, incluindo 126 casos em Portugal, segundo...

O balanço de 13.453 casos de sarampo refere-se ao período entre início de outubro do ano passado e final de setembro deste ano.

O relatório produzido este mês pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) mostra que nenhum dos 30 países analisados registou zero casos de sarampo, sendo que o maior número de infeções ocorreu na Grécia (com mais de três mil), em França (mais de 2.700) e em Itália (mais de 2.500).

Em Portugal, entre outubro de 2017 e outubro deste ano houve 126 casos de sarampo confirmados laboratorialmente, sendo que a maioria se registou em março deste ano, aquando do surto no hospital de Santo António, no Porto.

De todos os mais de 13 mil casos de sarampo na Europa no último ano, pelo menos 9.800 ocorreram em pessoas não totalmente vacinadas com as duas doses recomendadas da vacina.

Muitas das crianças infetadas com sarampo ainda não tinham um ano de idade (cerca de 1.500), não atingindo portanto a idade mínima para levar a primeira dose de vacina, que em Portugal é dada aos 12 meses no Programa Nacional de Vacinação. A segunda dose é administrada aos cinco anos.

“O sarampo continua a espalhar-se na Europa porque a cobertura vacinal em muitos países” está abaixo do que devia. Só quatro países dos 30 analisados pelo ECDC tinham taxas de cobertura vacinal de pelo menos 95%, sendo que entre eles está Portugal, a par com a Suécia, Hungria e Eslováquia.

Portugal tem atualmente em atividade dois surtos distintos de sarampo, na região de Lisboa e Vale do Tejo, sendo que ambos com origem em casos de doenças importados de países europeus.

Segundo o Direção-geral da Saúde (DGS), o número de casos suspeitos na sexta-feira à tarde era de 24, havendo 15 já confirmados laboratorialmente pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

O sarampo é uma doença altamente contagiosa e pode provocar doença grave, especialmente em pessoas não vacinadas. A vacinação é a melhor forma de prevenção da doença, segundo as autoridades de saúde. As pessoas vacinadas podem contrair a doença, mas numa forma mais ligeira, sendo que não apresentam um quadro clínico tão contagioso.

Ordem dos Médicos foi criada há 80 anos
O bastonário dos Médicos defende a criação de um provedor do doente, uma “figura independente” que ajude a melhorar o acesso...

A propósito dos 80 anos da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães entende que a Ordem tem funcionado, na prática, como um provedor do doente, além do contributo que tem prestado ao longo de décadas para a qualidade da medicina praticada em Portugal e para a criação do Serviço Nacional de Saúde.

Em declarações à agência Lusa, Miguel Guimarães afirmou que a criação da figura do provedor do doente irá ser analisada pelo Conselho Nacional da Ordem dos Médicos. O bastonário entende que devia ser uma “figura independente”, não necessariamente médico, mas proposta pela Ordem dos Médicos.

“Os verdadeiros provedores dos doentes são os médicos. São os médicos que passam a vida a defender os doentes e raramente os ouvimos a defenderem-se a si próprios. Ainda assim, acho que faz sentido criar a figura do provedor do doente, uma pessoa independente que possa ajudar e servir os doentes, ajudar a ter melhor acesso aos cuidados de saúde. A Entidade Reguladora da Saúde, nessa matéria, tem-se revelado completamente ineficaz e os doentes precisam de mais alguém para os ajudar”, argumentou.

Miguel Guimarães considera que as ordens e os profissionais de saúde têm feito um trabalho de defesa dos doentes, mas considera que a figura de um provedor do doente poderia “retirar o caráter corporativista que por vezes possa ser imputado às ordens profissionais”.

Os 80 anos da Ordem coincidem com a cerimónia do Juramento de Hipócrates que hoje decorre em Lisboa, onde o bastonário dirá aos novos médicos que iniciam a atividade profissional “num ano repleto de efemérides que importa assinalar”:

“São médicos de um ano muito especial. Ano em que a Ordem faz 80 anos, em que os internatos médicos fazem 100 anos, em que a declaração universal dos direitos humanos faz 70 anos, ano em que desaparece o exame “Harrisson” [prova de acesso à especialidade médica] e em que faz também 100 anos o Armistício da Primeira Grande Guerra”.

O bastonário entende que não é preciso recuar 80 anos para perceber a “enorme evolução da medicina”, bastando olhar 10 ou 15 anos atrás.

“Temos um excelente Serviço Nacional de Saúde graças à medicina. O que tem evoluído não é o SNS, o que tem evoluído é a medicina”, considerou, dando como exemplos procedimentos que antes demoravam uma hora e que atualmente são realizados em cinco minutos, bem como as cirurgias que se foram tornando menos invasivas.

Além do papel da Ordem na formação médica e no garante da qualidade da medicina, o bastonário considera que a instituição pode ser comparada a uma “mãe do Serviço Nacional de Saúde”.

Miguel Guimarães lembrou o papel de vários dirigentes da Ordem na “elaboração do relatório da carreira médica, que foi o que deu origem ao SNS”.

“O Dr. Arnaut foi o pai do SNS, assinando a legislação que permitiu a criação do SNS, mas quem o construiu e o fez, na prática, foram os médicos”, declarou à Lusa.

Associação das USF
A Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar avisa que continuam a registar-se sucessivas falhas informáticas no...

Em comunicado divulgado na sexta-feira ao fim do dia, a associação apela à ministra da Saúde para que exija soluções aos responsáveis pelos sistemas informáticos do Serviço Nacional de Saúde.

Segundo a associação que representa as unidades de saúde familiar (USF), os relatos dos profissionais apontam para a lentidão “permanente e generalizada” dos sistemas informáticos e para “falhas crónicas” no sistema de prescrição eletrónica que permite passar as receitas médicas, o que “pode ter consequências tremendas para o utente”.

Há ainda registos de falhas na referenciação dos utentes para especialidades hospitalares e também de falhas consecutivas no sistema de prescrição de exames sem papel.

Já na primeira semana deste mês, os médicos tinham vindo alertar para uma degradação dos sistemas informáticos no Serviço Nacional de Saúde, que esta associação vem agora avisar que não se resolveram.

A Ordem dos Médicos enviou já um ofício ao Ministério da Saúde e aos Serviços Partilhados (SPMS) a alertar para as “sucessivas falhas nos sistemas informáticos” e a “excessiva burocratização” que penaliza a relação médico-doente nas consultas.

“Não só são exigidos aos médicos cada vez mais procedimentos informáticos supérfluos, que só penalizam o tempo destinado a observar os doentes e podem comprometer a qualidade dos cuidados de saúde, como os próprios sistemas e aplicações que nos obrigam a utilizar não funcionam muitas vezes”, alertava o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, num comunicado divulgado no princípio deste mês.

As queixas relativas à excessiva burocratização dos sistemas informáticos têm sido recorrentes. Em julho, o bastonário dos médicos já tinha alertado para uma circular normativa emitida pela gestão dos sistemas informáticos das unidades de saúde, na qual era integrado mais um procedimento para emissão de receituário que veio aumentar o tempo dedicado ao computador e ao cumprimento de burocracias administrativas, penalizando o tempo útil dedicado ao doente.

“Obrigar os médicos, devido às várias falhas informáticas que se repetem no sistema da prescrição da ‘receita sem papel’, a interromper o tempo de consulta para solicitar ao ‘helpdesk’ um número de suporte que apenas serve para identificar a receita que estão a prescrever na sua versão manual, mostra de forma clara o caminho errado que está a ser seguido”, afirmou então Miguel Guimarães.

DGS
O número de casos suspeitos de sarampo na região de Lisboa e Vale do Tejo subiu para 24, de acordo com o balanço atualizado da...

“Dos casos reportados, 15 foram confirmados laboratorialmente pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, oito encontram-se em investigação e um teve resultado negativo para sarampo. Dos casos confirmados, 13 são adultos, um dos quais se encontra internado e clinicamente estável, e dois são crianças”, lê-se no comunicado, que refere que o último balanço reporta às 17:00 desexta-feira.

Estes casos, segundo a DGS, “configuram a existência de dois surtos distintos, ambos com origem em casos de doença importados de países europeus”.

De acordo com a DGS, “está em curso a investigação epidemiológica detalhada da situação, que inclui a investigação laboratorial de todos os casos” e a evolução dos surtos está a ser acompanhada em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, como previsto no Programa Nacional da Eliminação do Sarampo.

A DGS recorda, no comunicado, que o sarampo “é uma das doenças infecciosas mais contagiosas podendo provocar doença grave, principalmente em pessoas não vacinadas”, apelando para a vacinação, lembrando que a doença, apesar de poder surgir em pessoas vacinadas, dará, nesses casos, origem a um “quadro clínico mais ligeiro e menos contagioso”.

Em casos de suspeita da doença, a DGS apela para que se evite o contacto com outros e que se ligue para a linha SNS 24 (808 242 424).

“O vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra. Os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea. Os sintomas de sarampo aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois de a pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal”, explica a DGS.

 

Organização Não-Governamental
Um grupo de cirurgiões da organização não-governamental portuguesa Cadeia de Esperança está a realizar gratuitamente operações...

"As cirurgias são desenvolvidas no âmbito da ação humanitária", explicou Manuel Antunes, chefe da equipa dos médicos portugueses.

Antunes falava em conferência de imprensa convocada para fazer avaliação da missão portuguesa em Moçambique.

Na missão que começou no domingo, a equipa, que trabalha em cirurgia cardíaca há quase 18 anos em Moçambique, operou 15 doentes com sucesso.

As operações estão a ser realizadas no Instituto de Coração (Icor) em Maputo.

No início, para as missões em Moçambique, a equipa era composta por 11 técnicos portugueses, e agora são oito porque há cada vez mais integração de profissionais moçambicanos, disse o médico.

Entre os beneficiários da iniciativa, onze são crianças que tinham problemas cardíacos desde a nascença.

"Há doentes que são preparados aqui e são operados em Portugal", afirmou Manuel Antunes, acrescentando que é importante ter uma equipa em Moçambique que autonomamente faça cirurgia.

"Viemos fazer algumas coisas mais difíceis e deste modo ajuda-se a aperfeiçoar técnicas", acrescentou Antunes.

Beatriz Ferreira, médica do ICOR, chefia uma equipa de sete cardiologistas moçambicanos de "grande qualificação", também formada pela missão portuguesa.

"Cerca de 90% dos doentes que são operados são de camadas desfavorecidas da população moçambicana e não conseguem custear um tratamento que é caro em qualquer lado do mundo", referiu a médica.

Só no ano passado, o Icor realizou 170 operações no âmbito de ações humanitárias, segundo dados oficiais.

Centro comunitário presta apoio a 80 pessoas
O Centro Comunitário de Rastreio ao VIH e outras Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) inaugura hoje as novas instalações...

Desde 2016 no Porto, com instalações junto à Praça Marquês de Pombal, "a forte adesão então verificada obrigou ao alargamento das instalações e das respostas", disse à agência Lusa o coordenador do projeto, Pedro Morais.

"Este novo espaço é direcionado a homens que têm sexo com homens, que é onde a epidemia tem atingido as taxas mais elevadas", explicou o responsável da Associação Abraço, sublinhando que, ainda assim, os dois gabinetes que irão funcionar na Rua da Torrinha "receberão qualquer pessoa que queira fazer o rastreio".

Pedro Morais referiu que, "em média, mensalmente, o centro comunitário presta apoio a 80 pessoas".

Este é "um número que tem vindo a crescer e que, com este novo espaço, vai permitir alargar para quatro o número de gabinetes de atendimento, o que fará com que se dê resposta a mais gente em menos tempo", destacou.

Para além da população a que se direciona, o novo centro de rastreio oferece mais respostas, correspondendo a projetos que ficaram em suspenso por falta de espaço nas primeiras instalações, surgindo agora a possibilidade de "criar dinâmicas de grupos e as consultas de psicologia", disse.

Com cinco profissionais fixos, entre psicólogos, enfermeiros e técnicos educadores de paz, o centro conta ter outros colabores pontuais, para dinamizar os grupos e fazer o trabalho de divulgação.

Cofinanciado pela Direção-Geral de Saúde, o investimento no novo espaço é exclusivo da Abraço e vai funcionar de segunda a sexta-feira e pontualmente ao sábado, das 12:00 às 20:00.

Pedro Morais lembrou a dificuldade que foi encontrar "no coração de um Porto caótico em termos de alojamento" um espaço "para onde a população alvo se possa deslocar e com maior facilidade de acessibilidade", especificando que a procura durou dois anos.

Esta inauguração ocorre na semana em que se celebra o Dia Mundial da Luta Contra a Sida e na Semana Europeia do Teste VIH.

 

Médico reafirma necessidade de tirar Joãozinho dos contentores provisórios
O presidente da Associação Portuguesa de Bioética (APB), Rui Nunes, congratula a abertura manifestada pela administração do...

"A saída dos contentores, tal como tenho defendido, será um sinal positivo que o hospital transmite às crianças, às famílias e aos trabalhadores daquele serviço e uma forma de minimizar o sofrimento de quem está internado no Joãozinho".

"É importante que sejam criadas condições para que todos os que diariamente trabalham ou estão internados no Joãozinho o façam nas melhores condições", salienta Rui Nunes. O também professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) acrescenta que "de acordo com alguns dados a que tive acesso, o CHUSJ tem atualmente 65 camas que se encontram encerradas. Dessas, 18 camas encontram-se no serviço de Medicina Interna, em alas recentemente intervencionadas.

"É fundamental otimizar a capacidade instalada enquanto se aguarda por uma solução de fundo que vá de encontro às expetativas dos doentes e das suas famílias", sustenta Rui Nunes. "Se não contarmos com as camas do Serviço de Medicina Interna, o CHUSJ dispõe atualmente, no edifício central, de 47 camas que estão encerradas. A Pediatria tem atualmente uma lotação de 48 camas, das quais oito estão encerradas", acrescenta.

Perante este cenário, Rui Nunes deixa a questão: "Por que motivo não se concentram todas essas camas num único espaço do hospital e se transfere a pediatria para essa área?". "É fulcral que o serviço de Pediatria saia daqueles contentores que eram provisórios e para serem utilizados durante três anos. Certo é que a Pediatria já está ali instalada há oito anos, com elevados custos mensais de aluguer e reparação.

Rui Nunes recorda ainda que esta opção "não carece de recursos que não estejam à disposição do hospital e permitiria aliviar o sofrimento dos doentes, das suas famílias e dos próprios profissionais de saúde que, com tanto empenho, se dedicam a estas crianças".

O presidente da APB acredita que, desta forma, "é possível dar melhores condições aos doentes e famílias e garantir uma maior paz social para debater e decidir o futuro do Joãozinho". Sem perder de vista "todo o contexto de unidades pediátricas existentes na região" Rui Nunes defende que as crianças devem estar dentro do Hospital até ao Natal.

Apoiar e acompanhar idosos vulneráveis
Doze instituições de Castelo Branco vão criar a Rede Integrada de Apoio à Pessoa Idosa, cujo objetivo é apoiar e acompanhar...

"A criação da Rede PI pretende agregar o envolvimento das organizações que integram a rede social de Castelo Branco, criar condições para que as pessoas idosas que residem no concelho tenham no seu domicílio, ou fora dele, condições de bem-estar, segurança e envelhecimento ativo", refere em comunicado enviado à agência Lusa a Amato Lusitano - Associação de Desenvolvimento.

Esta associação, gestora da estrutura de atendimento a vítimas - Núcleo Distrital de Apoio à Vítima de Castelo Branco, adianta que o protocolo de colaboração para a criação da Rede Integrada à Pessoa Idosa vai ser assinado na terça-feira, no salão nobre dos Paços do Concelho.

"A Rede PI consiste numa rede de trabalho integrada constituída por diversas entidades sociais parceiras e tem como função garantir a sinalização, apoio e acompanhamento integrado à pessoa idosa, residente no concelho de Castelo Branco, que seja vítima de violência/crime ou se encontre em situação de vulnerabilidade, por razão de carência económica, isolamento, abandono ou negligência", lê-se na nota.

Além da Amato Lusitano, integram a rede o município local, a Procuradoria da Comarca de Castelo Branco, o Centro Distrital de Castelo Branco da Segurança Social, GNR, PSP, Santa Casa da Misericórdia, Delegação Regional de Reinserção do Centro - Equipa da Beira Sul, Cáritas Interparoquial, a Delegação da Cruz Vermelha de Castelo Branco e a Associação de Voluntariado à Pessoa Idosa Só.

 

Doar o corpo à Ciência
As intenções de doação cadavérica na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) “cresceram significativamente” nos...

Os dados foram revelados no âmbito de uma homenagem aos que entregam o seu corpo à ciência.

A sessão realizada no cemitério de Agramonte, no Porto, teve como principal missão relembrar o papel fundamental que esse ato solidário representa não só na investigação científica, mas, também, no ensino de jovens médicos.

A coordenadora da Unidade de Anatomia da FMUP, Dulce Madeira, considerou que “este aumento do número de doações está diretamente relacionado com o acesso à informação sobre o processo e com uma maior abertura à temática por parte da população”.

“Somos todos parecidos, mas não somos todos iguais. Ensinar estudantes em pessoas reais e não em modelos é uma benesse enorme que só é possível graças ao ato de extremo altruísmo daqueles que optam por doar o seu corpo para investigação científica”, sublinhou.

Esta sessão pretende, “acima de tudo, prestar homenagem não só àqueles que doaram, mas também aos doadores que estão vivos e às suas famílias, que são uma peça fundamental de todo este processo”, acrescenta a catedrática da FMUP responsável pela implementação da iniciativa.

A cerimónia realizou-se no Cemitério de Agramonte, local onde repousam as cinzas dos doadores quando terminado o processo de investigação.

Ao contrário do que acontece com os órgãos, a intenção de entregar o corpo à ciência deve ser manifestada em vida, nos termos da legislação publicada em 1999.

A FMUP disponibiliza 'online' um formulário que as pessoas podem preencher e enviar, manifestando a sua vontade de doar.

DGS divulga
As duas crianças diagnosticadas com sarampo nos atuais surtos que já afetaram 18 pessoas não estavam vacinadas, disse hoje à...

“Uma das crianças destes surtos tinha 13 meses e ainda não tinha feito a primeira dose [recomendada aos 12 meses]. Se tivesse, provavelmente não contraía sarampo ou teria uma doença ligeira”, adiantou Graça Freitas, salientando que “não se deve atrasar a vacinação das crianças.

Às 19:00 de quinta-feira estavam notificados 18 casos de dois surtos de sarampo na Região de Lisboa e Vale do Tejo, dos quais 15 estão confirmados laboratorialmente.

Cinco casos estão ligados ao surto de Oeiras, “todos adultos e estão todos bem”, e os restantes 10, entre os quais duas crianças, ligados ao surto de Cascais, “também estão todos bem”.

As duas crianças não estavam vacinadas, “uma porque ainda não tinha idade e a outra porque estava a iniciar a idade para ser vacinada”, explicou Graça Freitas.

Em relação aos adultos, a diretora-geral da Saúde disse que os que iniciaram a transmissão da doença “vieram de outros países sem nenhuma vacinação e transmitiram a doença a dois tipos de pessoas em relação à vacinação: as que tiveram o sarampo habitual e não tinham vacinas e a algumas pessoas, sobretudo profissionais de saúde, que estavam vacinadas”.

Graça Freitas explicou que as pessoas que estão vacinadas têm um “sarampo modificado”, que “não é a doença exuberante e habitual”.

“É uma doença muito mais ligeira que tem uma grande vantagem, não contagia, à partida, outras pessoas e acaba ali uma cadeia de transmissão”, explicou.

A diretora-geral da Saúde disse que estes casos vêm provar que as pessoas que pretendem sair do país devem verificar antes de viajar se têm a sua vacinação em dia, porque muitos países na Europa estão com epidemias de sarampo.

“Mesmo as pessoas que não tencionam sair do país devem vacinar-se”, disse, advertindo: “o vírus não circula em Portugal, mas não há fronteiras para as pessoas nem para os vírus”.

Graça Freitas recomendou ainda a quem tiver sintomas de sarampo, que são a febre, a erupção cutânea, conjuntivite, tosse, rinite, para não ir imediatamente a uma unidade de saúde porque o sarampo é uma das doenças que mais se contagia.

Antes de o fazer, a pessoa deve ligar para o SNS 24 (808 242 424), para o médico assistente ou enfermeira de família para que o serviço de saúde esteja informado e a isole por precaução.

O mesmo se aplica a pessoas que, mesmo não tendo sintomas, tenham estado em contacto com o doente.

“Vacinar é a primeira medida de proteção contra o sarampo, uma doença que habitualmente evolui bem, mas que pode dar complicações como uma pneumonia, uma encefalite, pode ser uma doença grave, Às vezes até origina morte”, salientou.

Questionada pela Lusa sobre a possibilidade de aparecerem novos casos, Graça Freitas disse que sim, explicando que nestes surtos é preciso esperar pelo menos 25 dias desde que aparece a erupção cutânea no último doente para se considerar que o surto terminou.

Estes casos foram descobertos porque os médicos que fazem o diagnóstico notificaram a DGS. “A partir dessa notificação o doente é reencaminhado e tratado e depois os delegados de saúde procuram todos os contactos desse caso e atuam” para controlar o surto e mitigá-lo.

O vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra.

‘iGestSaúde’ foi hoje distinguido com a Bolsa Celgene 2018
O CINTESIS - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, no Porto, está a desenvolver uma aplicação para “ajudar...

Em entrevista à Lusa, Célia Santos, investigadora do CINTESIS e professora na Escola Superior de Enfermagem do Porto, contou que o projeto, designado ‘iGestSaúde’, surgiu após a verificação de uma “grande lacuna” relacionada com a “falta de apoio e gestão” do dia a dia dos doentes oncológicos e crónicos.

“Este projeto não pretende substituir os médicos e enfermeiros, mas a verdade é que as pessoas em casa é que se defrontam com as dificuldades e com as dúvidas, o que as leva, muitas das vezes, a recorrer aos hospitais e aos médicos, por vezes, quase sem necessidade, porque são aspetos muito fáceis de contornar”, sublinhou a investigadora.

O projeto ‘iGestSaúde’, que é hoje distinguido com a Bolsa Celgene 2018 de Incentivo às Iniciativas Centradas na Pessoa com Doença, no valor de dez mil euros, pretende assim “complementar o trabalho dos profissionais de saúde” e capacitar os doentes de competências que lhes permita “gerir a sua doença e cuidar da sua saúde”.

“Esta é uma questão muito particular, porque durante a primeira consulta o enfermeiro explica os sintomas, mas o doente está a receber demasiada informação e quando chega a casa fica desorientado, e muitas das vezes, acaba por suportar os sintomas. Depois, quando vai a uma segunda consulta para fazer um novo tratamento, tem níveis sanguíneos e níveis de imunidade completamente descontrolados que não lhe permitem fazer o tratamento”, esclareceu Célia Santos.

Segundo a investigadora, foram estas as razões que levaram à criação do projeto, que tem vindo a trabalhar as questões de sintomatologia e as orientações terapêuticas.

A equipa responsável pelo projeto ‘iGestSaúde’, que se encontra em fase piloto no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, prevê, no próximo ano, ter já concluída a aplicação.

“Inicialmente vamos recolher dados sobre as características pessoais, de personalidade, auto eficácia e bem-estar. Depois, vamos acompanhar a pessoa entre os tratamentos e ver como reage, para depois darmos as orientações através da aplicação. Paralelamente a isso, vamos avaliar a medicação e criar um alerta para a pessoa tomar o medicamento”, explicou.

A aplicação vai estar dividida de acordo com “três níveis de gravidade”: verde, que corresponde a questões de cariz preventivo como a perda de cabelo, amarelo para orientações relacionadas com o tratamento e vermelho, no qual é criado “um alerta para que a pessoa tenha uma consulta no hospital ou com o seu médico o quanto antes”.

“Estes dados são importantes para a investigação, mas também tem um potencial em termos clínicos, na medida em que ajudam a pessoa a desenvolverem cuidados de saúde”, acrescentou Célia Santos.

A cerimónia de entrega da Bolsa Celgene 2018 de Incentivo às Iniciativas Centradas na Pessoa com Doença, decorre hoje, na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL), durante o 7.º Congresso Internacional dos Hospitais.

Falta de competências clínicas
O bastonário da Ordem dos Médicos garante que a inclusão dos optometristas no Serviço Nacional de Saúde "sem uma...

A reação do bastonário surge num comunicado conjunto com o Colégio de Oftalmologia. De acordo com o presidente da direção deste colégio, Augusto Magalhães, "nas últimas semanas temos assistido a numerosas intervenções públicas de alguns grupos de óticos e de optometristas, nomeadamente através da publicação de artigos sobre temas de Medicina como se fossem médicos especialistas". Este dirigente alerta ainda para "a publicitação de reuniões para promover a prática de rastreios de doenças que, pela complexidade da sua abordagem, exigem cuidados altamente diferenciados".

No entender de Augusto Magalhães, "estes grupos e profissionais pretendem convencer a opinião pública e o poder político que possuem habilitações para exercer de forma autónoma atos, que sendo de saúde, são muitas vezes da competência exclusiva de médicos especialistas".

"É preocupante a forma como estes grupos e profissionais estão a agir e, sobretudo, a forma como estão a conseguir convencer os grupos parlamentares a intervir publicamente sobre esta temática", explica Miguel Guimarães. O bastonário refere que "desta pressão realizada sobre alguns partidos políticos resultaram propostas legislativas, em concreto do PAN e do PCP, bem como uma interpelação à tutela pelo grupo parlamentar Os Verdes, relativamente à sua incorporação nos cuidados de saúde primários do SNS". "São propostas e interpelações que revelam um profundo desconhecimento da responsabilidade e competências reais destes “profissionais” e que a Ordem dos Médicos e a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia lamentam profundamente", acrescenta Augusto Magalhães.

Perante esta situação, e sem prejuízo de outras iniciativas que possam vir a ser adotadas, o bastonário afiança que é dever público da Ordem dos Médicos esclarecer que "os médicos especialistas em oftalmologia têm uma formação de 11 anos, incluindo quatro anos de especialização em oftalmologia médica e cirúrgica, em serviço hospitalar certificado e creditado pela OM, como, aliás, está previsto na lei".

O bastonário recorda ainda que "é a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) que refere que os oftalmologistas constituem o pilar básico dos cuidados de saúde visual em qualquer sistema de saúde".

"O grupo dos optometristas é muito heterogéneo em termos curriculares, tendo, na melhor das hipóteses, três anos de formação no total", recorda Augusto Magalhães. "Em todo o caso nenhum desses vários planos curriculares tem qualquer formação em saúde, não existe qualquer entidade que possa certificar a qualidade da formação específica e não têm qualquer plano de estágio em entidades certificadas como idóneas", salienta.

O bastonário da Ordem dos Médicos não tem, por isso, dúvidas. "É a segurança dos doentes que fica em risco se os optometristas forem incluídos no Serviço Nacional de Saúde sem uma regulamentação jurídica de competências adequada e bem delimitada", sustenta Miguel Guimarães. O bastonário garante que "se compactuar com tal situação, o Ministério da Saúde será o responsável por qualquer consequência negativa que dai advenha para a saúde dos portugueses. A Ordem dos Médicos estará, como é seu dever e obrigação, ao lado de todos os potenciais doentes que possam ser prejudicados por uma decisão que consideramos um retrocesso na qualidade do serviço público".

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