Ministra
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse hoje que o facto de o foco da infeção por VIH estar a passar de um determinado grupo...

O facto de “o foco [da doença] estar a passar de uma determinada população para outra tipologia populacional leva-nos a adaptar as respostas e a focar a atenção naquilo que está a ser a evolução e transmissão da doença [VIH] para outros grupos populacionais”, referiu a governante à margem de uma visita ao Centro de Reabilitação do Norte, em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.

Mais de mil novos casos de infeção por VIH surgiram em Portugal no ano passado, sendo o grupo etário entre os 25 e os 29 anos o que teve taxa mais elevada de novos diagnósticos.

Segundo o relatório “Infeção VIH e sida” relativo a 2017, que hoje vai ser apresentado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, no ano passado houve 1.068 novos diagnósticos de VIH, o que corresponde a uma taxa de 10,4 novos casos por 100 mil habitantes.

Já a percentagem de novos casos de infeção por VIH em consumidores de drogas injetadas atingiu, no ano passado, um mínimo histórico, com os casos de transmissão sexual em heterossexuais a serem os mais dominantes, sustenta.

Marta Temidos adiantou que a Direção-Geral da Saúde está a trabalhar “em permanência” nesta questão, frisando que o aumento de casos é um “sinal negativo” que é necessário inverter.

“À medida que a própria evolução da terapêutica da doença foi acontecendo levou a que algumas preocupações com a mesma pudessem abrandar e, portanto, pudemos também imaginar que nalgumas camadas populacionais esse menor cuidado pudesse acontecer, levando a um retardamento da sua identificação”, vincou.

Apesar do “sinal negativo” que é aparecimento de novos casos de infeção por VIH, a ministra salientou as “boas notícias”, nomeadamente a redução da doença em consumidores de injetáveis.

“Esta é uma boa notícia. E demonstra que quando acertamos o foco em determinada situação alcançamos resultados positivos, contudo, temos de estar atentos a sinais menos positivos”, ressalvou.

Excesso de afluência aos serviços de urgência
As sociedades de Medicina Interna e Medicina Geral e Familiar vão pedir uma audiência conjunta à ministra da Saúde para propor...

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) assinaram “uma declaração de consenso que visa a introdução de melhorias significativas no tratamento da doença aguda em Portugal” e vão solicitar uma audiência à ministra Marta Temido para “propor um conjunto de recomendações” nesse sentido, referem num comunicado hoje divulgado.

As sociedades científicas consideram que existe “uma falta de informação que ajude a população a utilizar os recursos de saúde de uma forma mais racional”, bem como “um subfinanciamento e uma evidente falta de investimento nos centros de saúde e nos hospitais, o que induz graves disfunções no sistema”.

O presidente da SPMI, João Araújo Correia, afirma no comunicado que “Portugal é o país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) onde o recurso ao Serviço de Urgência hospitalar é mais frequente, representando o dobro da média dos países deste grupo”.

Segundo João Araújo Correia, cerca de 40 a 50% das admissões nestes serviços são por “situações não urgentes”.

O excesso de afluência aos serviços de urgência, adianta o internista, “provoca que, em muitas situações, sejam ultrapassados os tempos de espera recomendados pela triagem de Manchester, o que põe em risco a segurança dos doentes e dos profissionais”.

“Nos últimos anos, em cada inverno, a situação agrava-se e cria o caos nos serviços de urgência, hospitais e centros de saúde, o que gera uma incapacidade de resposta adequada aos utentes”, explica o presidente da SPMI.

As sociedades científicas recomendam, entre outras propostas, “um maior investimento” nos Cuidados de Saúde Primários promovendo a redução da população sem médico de família, a criação de mais Unidades de Saúde Familiar, o redimensionamento do número de utentes por médico de Família, maior rácio de profissionais de saúde não médicos e dotação das unidades funcionais destes cuidados com meios para uma resposta adequada à doença aguda.

“Mais investimento” nos Cuidados de Saúde Secundários, que garantam médicos com qualificação e em número suficiente, assim como outros profissionais de saúde como Enfermeiros e Assistentes Operacionais, é outra das recomendações.

Propõem também a criação de centros específicos para casos sociais difíceis e dotar cada serviço de urgência polivalente de um assistente social, com presença durante todo o horário de funcionamento do serviço e com meios efetivos para resolução dos casos sociais, com recursos fora do hospital, na ausência de qualquer problema clínico.

Defendem ainda que o atual modelo de financiamento dos hospitais deve ser discutido e reformulado, devendo ver aumentados os valores de pagamento atribuídos aos doentes graves e reduzidos os pagamentos aos menos graves, de forma “a incentivar uma eficiente gestão de recursos”.

Investigador
O investigador em gestão de saúde João Marques Gomes defendeu hoje ser urgente começar a avaliar a qualidade dos cuidados de...

Este tema vai estar em debate na quinta-feira, em Lisboa, na conferência ‘Portugal Value Meeting for Health and Care 2018’, promovida pela Nova School of Business & Economics (SBE), em parceria com a Nova Medical School e com o patrocínio da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa.

O financiamento dos hospitais tem sido baseado em números e produtividade e o que se pretende é que passe a haver critérios de avaliação da qualidade dos cuidados de saúde prestados e não apenas na quantidade, explicou o investigador em declarações à agência Lusa.

“Esta ideia de valor, esta ideia de conhecermos os resultados de saúde por condição e ao nível do doente é absolutamente essencial para se saber o está a acontecer. Neste momento estamos completamente no escuro”, disse.

Portugal tem indicadores globais, mas não tem indicadores ao nível dos doentes e dos médicos. “A pergunta é: como se faz para escolher um hospital, como se faz para escolher um médico, com base em quê”.

“Eu posso ter sorte e viver ao lado do melhor hospital ou posso ter muito azar e viver ao lado do pior”, afirmou o investigador da Nova SBE, comentando que esta escolha é mesmo “um ato de fé”.

Deu como exemplo uma pessoa ir a duas pastelarias conhecidas e pedir um chocolate quente ou um ‘cappuccino’ sabendo de antemão que não serão muito diferentes.

“Nós quando entramos num hospital achamos implicitamente (…) que vamos encontrar este tipo de equivalência entre hospitais, achamos que é mais ou menos a mesma coisa, o problema é que não é”, sublinhou.

E este “é o problema fundamental”, disse, fundamentando que “a variação dos resultados de saúde entre hospitais pode ser muito significativa”.

Segundo o dinamizador da conferência, observa-se uma grande variação dos resultados de saúde nos países onde existem estes dados.

Na Alemanha, por exemplo, existe uma clínica (Martini-Klinik) que se dedica exclusivamente ao tratamento do cancro da próstata. “Se olharmos para o indicador da sobrevida a cinco anos, vemos que globalmente, na Alemanha ou na Suécia, os doentes tratados têm uma sobrevida a cinco anos de 94%” e os doentes tratados nesta clínica 95%.

Nestes números não há grandes diferenças, mas “se olharmos para os indicadores que realmente importam ao doente (probabilidade de incontinência a um ano ou a impotência a um ano) tudo se altera radicalmente”.

Os dados mostram que, na Suécia, metade dos homens ficam incontinentes e 80% ficam impotentes um ano depois da cirurgia. Na clínica, 6,5% dos homens ficam incontinentes e menos de 35% ficam impotentes um ano após a cirurgia.

“Se há esta variação dos resultados de saúde isto significa que eu estou a financiar cuidados de saúde que não são tão bons como poderiam ser”.

“É urgente olharmos para isto por duas razões: Em primeiro lugar para o doente e para as famílias”, que poderiam ter cuidados de saúde melhores”, e em segundo lugar para o sistema de saúde que “vai incorrer em custos desnecessariamente”.

Para Marques Gomes, é preciso “fazer a gestão da saúde” como se defende que deve ser a gestão da floresta e dos incêndios.

“Quando vêm os incêndios nós queremos que sejam tão circunscritos quanto possível e que sejam apagados tão rapidamente quanto possível. Na saúde é a mesma coisa, quando chegam os doentes, porque haverá sempre doentes, nós queremos tratá-los tão bem quanto possível para que a doença não passe para estádios mais graves desnecessariamente”, justificou.

O país deve preparar-se para “prevenir a doença e promover a saúde”, mas, apesar de todos falarem nesta necessidade, os gastos nesta área são apenas de 1% a 2%, lamentou.

Investigadores norte-americanos
Cientistas criaram uma vacina injetável contra a poliomielite que não necessita de refrigeração e se revelou eficaz em ratos,...

A vacina, desenvolvida por uma equipa da universidade norte-americana do Sul da Califórnia, foi liofilizada (desidratada) num pó, mantida a temperatura ambiente durante um mês e depois reidratada.

Nestas condições, a vacina ofereceu proteção total contra o vírus da poliomielite quando testada em ratos, refere a universidade em comunicado.

Caso seja eficaz em humanos, a vacina pode ser particularmente útil nos países menos desenvolvidos, onde a sua refrigeração nem sempre é viável.

Apesar de a poliomielite ser uma doença praticamente erradicada no mundo, foram reportados casos recentes na Nigéria, na Papua-Nova Guiné, na Síria e no Paquistão.

Em Portugal, a vacina da poliomielite é administrada em quatro doses a crianças com 2, 4, 6 meses e 5-6 anos.

A poliomielite é uma doença infecciosa que incide nas crianças e pode levar à paralisia.

Os resultados da experiência feita nos Estados Unidos foram divulgados na publicação científica de acesso aberto mBio.

Os cientistas já tinham criado vacinas "estáveis", em termos de temperatura, contra o sarampo, a febre tifoide e a meningite.

Ideia valoriza subproduto regional atualmente desperdiçado
Projeto de investigação da Universidade de Coimbra aposta no potencial terapêutico da folha de mirtilo, um subproduto agrícola...

Este foi um dos 15 projetos contemplados com uma Bolsas de Ignição financiada pelo INOV C 2020, um projeto suportado por fundos do FEDER que pretende alavancar ideias de empreendedorismo e inovação na região centro.

Tendo em vista a criação de produtos nutracêuticos com propriedades neuroprotetoras e neuroregeneradoras para uso terapêutico na Esclerose Múltipla e em doenças do foro neurológico e psiquiátrico, a equipa de investigação encontra-se a desenvolver uma nova tecnologia de obtenção de compostos fenólicos (CF) capazes de atuar no Sistema Nervoso Central, que estão presentes em elevado teor nas folhas de mirtilo.

A Esclerose Múltipla é uma doença neurodegenerativa para a qual as atuais estratégias terapêuticas se têm revelado insuficientes, limitando-se a controlar os sintomas e/ou retardar a evolução. Em Portugal, existem cerca de 60 casos por cada 100 mil habitantes e uma incidência crescente, acompanhando a tendência mundial, o que torna importante a procura de novas soluções. «Utilizando as propriedades terapêuticas da folha de mirtilo, estaremos paralelamente a tirar partido dos recursos endógenos e a acrescentar valor a um subproduto atualmente desperdiçado» explicam Sofia Viana e Flávio Reis, investigadores responsáveis pelo projeto.

Com experiência nas áreas de farmacologia, neurologia e fitoquímica, o projeto conta com uma equipa de investigação multidisciplinar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em colaboração com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto, e o patrocínio da Cooperativa Agropecuária dos Agricultores de Mangualde CRL (COAPE), um parceiro essencial para valorizar a folha de mirtilo enquanto subproduto agrícola.

As Bolsas de Ignição do programa INOV C 2020 foram atribuídas em meados de 2018 a quinze projetos de investigação científica com aplicabilidade comercial. Os projetos representam um investimento total de 150.000 mil euros, com um financiamento FEDER máximo de 8.500€ por cada bolsa.

INOV C 2020 apoia projetos inovadores em Portugal

Do consórcio INOV C 2020, liderado pela Universidade de Coimbra, fazem parte dez parceiros nucleares: o Instituto Politécnico de Coimbra, o Instituto Politécnico de Leiria, o Instituto Politécnico de Tomar, o Instituto Pedro Nunes, o ITeCons, o SerQ, a ABAP, a Obitec e o TagusValley. 

O INOV C 2020 é um projeto estratégico cofinanciado pelo Centro 2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), com um prazo de execução compreendido entre 18 de abril de 2017 e 17 de abril de 2019. Os parceiros executarão um investimento total de 1.627.614€, sendo o montante de 1.383.472€ financiado pelo FEDER.

O objetivo do projeto INOV C 2020 é consolidar a Região Centro enquanto referência nacional na criação de produtos e serviços resultantes de atividades de Investigação & Desenvolvimento. A consolidação do Ecossistema de Inovação, através da incorporação de uma oferta ampla de recursos, infraestruturas e respostas a desafios específicos, faz também parte da sua missão. O INOV C 2020 segue-se ao Programa Estratégico INOV C, executado entre 2010 e 2015.

78% da população portuguesa apresenta défice de vitamina D
Descubra o que esta vitamina pode fazer pela sua saúde.

Como vitamina lipossolúvel, a Vitamina D encontra-se presente principalmente em alimentos gordos como o salmão, o peixe-espada, os óleos de peixe, os ovos e os produtos lácteos, entre outros. Porém, o consumo de alimentos fortificados como cereais de pequeno-almoço e de alternativas vegetais ao leite e os suplementos alimentares também podem contribuir para a ingestão deste nutriente.

Para além das fontes alimentares, a vitamina D pode ainda ser produzida na pele após a exposição solar aos raios ultravioleta. Neste caso é necessário ter em conta que a estação do ano, a altura do dia, o número de horas úteis de sol, a nebulosidade, a poluição, a pigmentação da pele (melanina), a área da pele exposta ao sol são fatores que condicionam a quantidade de vitamina D produzida na pele.

Esta vitamina desempenha uma grande diversidade de funções no organismo sendo a mais conhecida, a regulação dos níveis de cálcio e de fósforo no organismo. Por este motivo, a vitamina D assume um papel fundamental na manutenção da saúde óssea, promovendo um crescimento saudável nas crianças e prevenindo a osteoporose nos adultos. Adicionalmente contribui para a prevenção de cáries dentárias, para o crescimento celular, para a função neuromuscular, para as defesas imunitárias e para reduzir os níveis de inflamação do organismo.

Porém, de acordo com estudos recentes, 78% da população portuguesa apresenta défice de vitamina D. Estes valores sofrem ainda flutuações ao longo do ano, sendo mais prevalente no Inverno (95%) do que no Verão (62%). Este problema poderá ser explicado em parte por uma ingestão insuficiente de alimentos ricos neste nutriente, como reflexo, por exemplo, de um consumo decrescente de peixe no quotidiano dos portugueses. Por outro lado, devido à preocupação com o cancro de pele, ou melanoma, muitas pessoas não atingem a exposição solar diária de 10 a 15 minutos para produzirem vitamina D suficiente. Na maioria das horas úteis de exposição solar, as pessoas passam ainda o tempo em espaços fechados, para além de utilizarem protetores solares ou produtos cosméticos que apresentam algum tipo de fator de proteção solar e que reduzem a quantidade de vitamina D produzida na pele.

O défice de vitamina D representa uma preocupação de saúde, não só pelo papel que desempenha no organismo tal como referido no início, mas também porque se encontra associado ao risco de desenvolvimento de algumas doenças. Nos últimos anos têm surgido vários estudos que relacionam o défice de vitamina D com a prevalência de vários tipos de cancro, como o do cólon, da mama, da próstata e o da pele. A ocorrência e progressão de outras doenças como a cardiovascular, doenças do foro imunitário, tal como a esclerose múltipla e a artrite reumatoide, encontram-se associadas aos níveis de vitamina D no organismo.

Ainda que seja importante ter uma atitude responsável e preventiva no que diz respeito à exposição solar, torna-se fundamental corrigir os défices nutricionais desta vitamina lipossolúvel. Os sintomas de défice são muito ténues, tais como fraqueza muscular e dores ósseas, sendo pouco específicos e passando despercebidos à maioria das pessoas. Por este motivo, o ideal será realizar um doseamento sérico dos níveis de vitamina D para melhor determinar a abordagem a adotar. Em caso de défice grave, será necessário recorrer à utilização de suplementação alimentar apropriada. Nos restantes casos, destaca-se a importância da inclusão de mais alimentos ricos em vitamina D e de alimentos fortificados no quotidiano. Juntamente com uma exposição solar apropriada, poder-se-á assim evitar o desenvolvimento ou o agravamento do défice desta vitamina tão importante para a saúde.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Projeto da Associação Olhar pelo Mundo
Uma equipa de oftalmologistas portugueses voluntários terminou na quarta-feira uma curta missão em Timor-Leste durante a qual...

Foi o arranque de um projeto da Associação Olhar pelo Mundo que ao longo de duas semanas deu apoio em quase 850 consultas, num país onde há um oftalmologista por um milhão de habitantes: o equivalente a ter 10 oftalmologistas para Portugal.

Ana Vergamota, presidente, e Guilherme Neri, vice-presidente da associação, estiveram em Timor-Leste duas semanas e com dois colegas no terreno durante cerca de uma semana.

Nesse período os oftalmologistas portugueses realizaram 20 cirurgias de catarata traumáticas, quatro cirurgias de catarata senil e seis cirurgias de traumatismo do segmento anterior.

"Foi muito bom ver, no dia a seguir à cirurgia, um doente que esteve muito tempo sem ver, de repente conseguir voltar a ver a família e o mundo. O sorriso diz tudo. Os doentes acabam por ficar sempre muito gratos com a cirurgia que foi feita", explicou Ana Vergamota.

No final da missão - que querem repetir com ainda maior dimensão nos próximos anos - e em jeito de balanço, explicaram à Lusa o impacto sentido na felicidade e nos sorrisos dos pacientes que, depois de anos sem ver, recuperaram a vista.

Neri recordou em particular o caso de uma jovem de 15 anos que "tinha uma catarata traumática desde os 12 e que estava à espera que a chamassem para a cirurgia".

"Foi a primeira vez que um doente me abraçou quando me viu a chegar no corredor no dia seguinte", contou.

No meio também de casos mais complicados, como o de um paciente com um meningioma (um cancro intracraniano que estava a invadir o nervo ótico) que terá que ser agora seguido na Indonésia, ou a de uma criança de 3 anos, cega de ambos os olhos por leucoma (cicatriz) dos olhos.

"Falta a parte dos consumíveis, mas notamos também uma falta de informação. Muitos doentes que não moram em Díli e que deixam arrastar os casos e que poderiam ter vindo mais cedo", explicou Ana Vergamota.

"Casos de traumatismos que poderiam ter sido resolvidos mais cedo. Há uma falta de informação e muitos não vêm logo ao hospital", disse.

Um dos casos visto foi o de um rapaz de 26 anos que trabalhava numa plantação de café e que já tinha perdido um olho por um traumatismo e que, devido a um segundo traumatismo, há dois meses, desenvolveu um descolamento de retina e perdeu visão do olho que lhe restava.

"Este caso demonstra bem o trabalho que tem de ser feito: temos uma pessoa de 26 anos que ficou cega porque não tem condições de segurança no local de trabalho, não tem acesso a cuidados de saúde, ou os cuidados de saúde a que tem acesso não conseguem dar resposta a estes casos mais dramáticos", disse Neri.

Ana Vergamota notou que outra das tendências é o de inúmeros casos de cataratas entre gente mais jovem, especialmente devido a traumatismo, bem como casos "muito complicados de infeções ou inflamações, que não se veem tanto em Portugal".

"Nenhum de nos é fluente em tétum, por isso trabalhamos com os médicos que cá existem, dando apoio na consulta. O volume de pacientes é bastante alto. Mais de 100 doentes por dia, em média. E as cirurgias são feitas logo no próprio dia se o paciente e a família quiserem", explicou Neri.

Além do apoio em consulta e cirurgia, os oftalmologistas trouxeram consumíveis de um só uso, essenciais para a oftalmologia e que, em concreto, permitem realizar 150 cirurgias de cataratas.

O objetivo é ampliar o programa no futuro com visitas anuais a Timor-Leste.

Criada em agosto de 2017, a Olhar pelo Mundo quer ajudar a responder às carências em oftalmologia em Timor-Leste onde o trabalho mais destacado foi o da Fred Hollows Foundation que criou a clínica instalada atualmente no Hospital Nacional Guido Valadares, em Díli - onde os oftalmologistas portugueses trabalharam.

A organização recorda que nos países menos desenvolvidos e entre a população com cegueira, quatro em cada cinco pessoas sofre de cegueira por causas reversíveis.

No caso de Timor-Leste, dados do Rapid Assessment of Avoidable Blindness (RAAB) revelam uma prevalência de cegueira de 4,5% na população com mais de 50 anos, sendo a catarata senil a principal causa (79,4%), seguida de patologias do segmento posterior (6,2%) e glaucoma (5,2%).

Apenas 1,8% dos casos
A percentagem de novos casos de infeção por VIH em consumidores de drogas injetadas atingiu no ano passado um mínimo histórico,...

De acordo com o relatório anual sobre a situação do VIH/sida do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, dos 1.068 novos casos de infeção detetados em 2017 apenas 1,8% respeita a utilizadores de drogas injetadas, sendo “um mínimo histórico”.

A forma de transmissão predominante nos casos detetados no ano passado foi a sexual, com os casos de transmissão heterossexual a representarem quase 60%, enquanto os casos de homens que fazem sexo com homens representam 37%.

Em 2017, os casos de transmissão nos homens que fazem sexo com homens representaram mais de metade do total de novos diagnósticos em homens.

Em termos de tendência ao longo dos últimos dez anos, assiste-se a uma diminuição do número de casos de categoria heterossexual, bem como entre consumidores de drogas injetadas, enquanto se verifica uma tendência crescente nos homens que têm sexo com homens entre 2008 e 2012.

O contacto sexual representa 63% de todos os casos acumulados de infeção por VIH/sida existentes até final de 2017.

Desde 2008 que a forma de transmissão que anualmente regista mais casos de infeção é a transição heterossexual, que representa 45,8% de todos os casos cumulativos registados até ao fim de 2017.

“O consumo de drogas injetadas está associado à segunda maior fração desse total (33,0%), contudo, essa proporção reflete as características da epidemia nacional em décadas passadas e não as apresentadas na atualidade”, indica o documento a que a agência Lusa teve acesso e que é hoje divulgado.

Os casos de transmissão por sexo entre homens corresponderam a 17,7% do total acumulado até fim de 2017.

Em termos de tendência, o documento salienta uma “diminuição do número de casos na categoria heterossexual, em ambos os sexos, uma redução sustentada dos casos associados ao consumo de drogas e, até 2012, uma tendência crescente no número de casos em homens que têm sexo com homens”.

O documento assinala que entre 2007 e 2016 os casos de transmissão por contacto heterossexual reduziu 45%, entre utilizadores de drogas injetadas diminuiu 90%, enquanto se observou um aumento de 29% nos homens que têm sexo com homens.

Relatório
Portugal mantém uma elevada percentagem de diagnósticos tardios de infeção por VIH, com cerca de metade dos casos detetados no...

A conclusão consta do relatório anual do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, que refere que a percentagem de diagnósticos tardios se mantém “superior à observada na União Europeia”, em especial nos casos entre heterossexuais.

O documento, a que a agência Lusa teve acesso e que é hoje divulgado, salienta que 51,5% dos novos casos de infeção diagnosticados no ano passados tiveram um diagnóstico tardio e que em mais de 30% dos casos a doença já se encontrava avançada.

A proporção é ainda maior quando se analisam os casos em transmissão heterossexual e há diferenças entre homens e mulheres: “Para os casos de transmissão heterossexual a proporção de diagnósticos tardios em homens (65,7%) é significativamente superior à observada para as mulheres (48,4%) e, tal como nos anos mais recentes, os casos em homens que têm sexo com homens são os que apresentam menor proporção de diagnósticos tardios, situação idêntica à reportada noutros países europeus”.

Nos casos de transmissão heterossexual em homens a proporção de diagnósticos tardios atingiu 67,8% nos casos com idades a partir dos 50 anos.

 

6 em cada 10
Mais de seis em cada dez casos de VIH diagnosticados em pessoas entre os 15 e os 29 anos, em Portugal, ocorre em homens que têm...

O relatório de 2017 das infeções por VIH/sida do Instituto Ricardo Jorge mostra que os casos de VIH em homens que têm sexo com homens corresponderam a 64,1% dos casos diagnosticados em pessoas entre os 15 e os 29 anos.

A idade mediana à data do diagnóstico dos novos casos foi de 32 anos para os homens que têm sexo com homens, sendo o valor mais baixo de todos os grupos.

Numa análise temporal mais lata, entre 2013 e 2017 verificou-se que quase 80% dos novos casos em homens até aos 29 anos referiam transmissão por sexo com homens.

Na última década analisada, entre 2008 e 2017, o documento aponta para uma diminuição do número de casos na categoria heterossexual (que continua a ser a mais prevalente) em ambos os sexos e também uma “redução sustentada” dos casos associados ao consumo de droga.

Já no caso dos homens que têm sexo com homens, houve uma tendência crescente no número de novos casos até 2012.

Aliás, a comparação entre 2007 e 2016 mostra um aumento de 29% dos casos de transmissão sexual entre homens que têm sexo com outros homens.

De acordo com o relatório, a que a agência Lusa teve acesso, a partir de 2015, no caso dos homens, o número e a proporção de novos casos em homens que têm sexo com homens superou o número de novos casos referindo transmissão heterossexual.

Quanto aos novos casos com diagnóstico apenas em 2017, mais de um terço (37%) foram em homens que têm sexo com homens, mas a transmissão heterossexual continua a mais significativa (quase 60%).

Quase metade dos casos diagnosticados são da região de Lisboa
Mais de mil novos casos de infeção por VIH surgiram em Portugal no ano passado, sendo o grupo etário entre os 25 e os 29 anos o...

Segundo o relatório “Infeção VIH e sida” relativo a 2017 que hoje vai ser divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, no ano passado houve 1.068 novos diagnósticos de VIH, o que corresponde a uma taxa de 10,4 novos casos por 100 mil habitantes.

A idade mediana à data do diagnóstico dos novos casos foi de 39 anos, sendo que nos casos dos homens que têm sexo com homens a mediana registou o valor mais baixo de todos os grupos, com 32 anos.

No ano passado registaram-se ainda 261 mortes em pessoas com VIH, 134 delas em estádio sida, a fase mais avançada da infeção. A idade mediana à data da morte foi de 52 anos.

Em termos cumulativos, entre 1983 e final de 2017 foram diagnosticados quase 58 mil casos de infeção por VIH, dos quais mais de 22 mil atingiram o estádio de sida, tendo ocorrido mais de 14.500 mortes.

De acordo com o relatório a que a agência Lusa teve acesso, a área metropolitana de Lisboa acumulou 46% dos novos diagnósticos de infeção por VIH em 2017.

Aliás, concluiu-se que seis municípios da área metropolitana de Lisboa estão entre os 10 concelhos do país com taxas mais elevadas de diagnóstico da infeção nos últimos cinco anos, onde se inclui também o Porto e Portimão.

Nos últimos cinco anos, a cidade de Lisboa acumulou o maior número de casos, bem como a taxa mais elevada de diagnósticos a nível nacional.

Em termos de tendência nos últimos anos, o documento do Instituto Ricardo Jorge aponta para uma diminuição de cerca de 40% do número de novos diagnósticos da infeção entre 2007 e 2016.

O total anual de novos casos foi sendo crescente entre 1983 e 1999, ano com o maior valor acumulado, observando-se a partir daí uma tendência de diminuição anual.

Balanço
O primeiro-ministro, António Costa, assinalou ontem os ganhos de três anos de governação nos cuidados de saúde continuados,...

"Ao longo destes três anos, já foi possível abrir 922 novas camas de cuidados continuados integrados simples, às quais se acrescentam algumas unidades especializadas em saúde mental ou de outras de cuidados paliativos", afirmou.

Discursando na inauguração de uma unidade de cuidados continuados e de reabilitação de média duração, em Cabeceiras de Basto, no interior do distrito de Braga, com capacidade para 30 camas, o chefe do Governo acrescentou que recentemente foram celebrados acordos para a entrada em funcionamento de mais 220 camas, em vários pontos do país.

A unidade ontem inaugurada é gerida por uma cooperativa liderada pela Câmara de Cabeceiras de Basto, que detém 80% do capital. O restante foi subscrito pela sociedade civil, uma parceria que foi elogiada na cerimónia.

Além de António Costa, também os titulares das pastas da Segurança Social, Vieira da Silva, e da Saúde, Marta Temido, se associaram ao momento.

Para o primeiro-ministro, a transferência de novas competências para as autarquias, também na área da saúde, que o Governo está a ultimar, vai permitir acentuar o trabalho de defesa do Serviço Nacional de Saúde, tornando-o cada vez mais ajustado às necessidades das populações.

"Os municípios, estando mais próximos das pessoas, estando mais próximos dos problemas, podem desenvolver mais atividades, designadamente nesta área da saúde", afirmou, recordando que o esforço tem de prosseguir, porque o número de camas é ainda insuficiente para corresponder ao aumento da esperança de vida em Portugal.

"Temos de continuar a fazer este trabalho, a desenvolver esta rede para preencher muitas lacunas que ainda existem. Temos de continuar a corresponder àquilo que é a realidade demográfica do nosso país e às necessidades que a nossa população tem", reforçou.

A unidade de saúde inaugurada representou um investimento de dois milhões de euros e encontra-se em funcionamento há sete meses, recebendo doentes de vários concelhos da região norte.

Segundo a sua direção, o equipamento permitiu criar 40 postos de trabalho diretos e 15 indiretos.

Infarmed
A Autoridade Nacional do Medicamento - Infarmed determinou hoje a retirada do mercado de dois lotes do creme para a pele...

Em comunicado publicado na sua página da Internet, o Infarmed indica ter detetado nos lotes 146724 e 146800 do produto cosmético Basiderma pasta cutânea a mistura de conservantes “Methylchloroisothiazolinone” e “Methylisothiazolinone” na sua composição.

“A utilização desta mistura de conservantes em produtos cosméticos não enxaguados é proibida, por poder induzir alergia de contacto e colocar em risco a saúde”, esclarece o Infarmed.

Por isso, o Infarmed determinou a suspensão imediata da comercialização e a retirada destes lotes do mercado nacional.

A Autoridade do Medicamento salienta que as entidades que disponham de unidades dos lotes indicados não as podem disponibilizar, devendo proceder à sua devolução

Na nota, o Infarmed salienta ainda que os consumidores que possuam alguma unidade dos lotes indicados não a devem utilizar.

A Basiderma é uma pasta cutânea que acalma e protege a pele, estando indicada na prevenção de assaduras provocada pelo uso de fraldas.

Reação
O número de notificações de incidentes com dispositivos médicos é “extremamente baixo” em Portugal, disse à Lusa uma...

A vogal do Conselho Diretivo da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) Sofia Oliveira Martins comentava uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ na sigla em inglês), segundo a qual a regulação ineficiente e a falta de testes em dispositivos médicos estão a provocar mortes e complicações em doentes de todo o mundo.

A investigação conclui que lacunas no controlo de dispositivos médicos - como ‘pacemakers’, implantes mamários, contracetivos ou próteses de anca – provocam cada vez mais complicações, difíceis de quantificar e identificar.

Sofia Oliveira Martins afirmou que “os portugueses podem estar perfeitamente tranquilos”, adiantando que o número de “reportes de incidentes por parte de profissionais de saúde e de utentes, este ano, foram menos de 100”.

Como razões para estes números serem “tão baixos", apontou, por um lado, “alguma subnotificação” e, por outro lado, o facto de estes dispositivos, sobretudo os mais sofisticados, serem colocados em Portugal por “médicos muito especializados”.

“Também não temos tanto o hábito, como outros países, como França por exemplo, de utilizar próteses mamárias fora do uso médico”, sublinhou.

Sofia Oliveira Martins disse que o Infarmed está “perfeitamente tranquilo”, acompanha todos os fabricantes e não tem “nenhum conhecimento de algum dispositivo que tenha falhado e causado a morte”.

"Muitas vezes há incidentes associados aos procedimentos, mas as queixas dos utentes são muito baixas, 13 este ano, e não há nenhuma alteração desse perfil na Europa, pelo contrário”, adiantou.

Para a responsável, é “muito importante” os profissionais de saúde e os utentes notificarem os incidentes ao Infarmed para se conhecer o perfil dos produtos e poder comunicar-se aos fabricantes para que tomem as medidas corretivas necessárias.

Segundo Sofia Oliveira Martins, o Infarmed não foi contactado por jornalistas envolvidos na investigação do ICIJ e aponta como explicação o facto de, em Portugal, o sistema que regula os dispositivos médicos ser da competência do instituto.

Os dispositivos médicos são “um mundo que vai desde gazes e soros esterilizados a implantes mamários e ‘pacemakers’".

Na maioria dos países, devido “à diversidade deste universo”, o Ministério da Saúde delegou em alguns institutos, alguns até privados, o facto de autorizarem este tipo de produtos”, o que “cria um mundo de regulação diferente dos de medicamentos em que são sempre as autoridades” que os autorizam.

“No fundo, as perguntas da investigação colocam um bocadinho em causa o sistema de avaliação dos dispositivos médicos nessas instituições, que peritos têm para avaliar e como é que podem garantir que são seguros”, disse a responsável, considerando que, em Portugal, “a maior parte destas perguntas não fazia muito sentido”.

Na sua opinião, este tipo de investigações é importante para fazer “repensar os sistemas” sobre os quais estão assentes as avaliações das tecnologias de saúde, “mas também podem ser alarmistas face a tecnologias que salvaram muitas e muitas vidas”.

“Estas tecnologias têm vindo a ser cada vez mais seguras, salvam mais vidas e cada vez as autoridades tentam torná-las mais seguras”, vincou.

A investigação designada “Implant Files” foi conduzida por mais de 250 jornalistas de 36 países, que analisaram milhares de documentos.

Nos Estados Unidos, estima-se que complicações com este tipo dispositivos terão causado 82 mil mortes e 1,7 milhões de feridos, em dez anos, cinco vezes mais do que em 2008.

Diz Primeiro Ministro
O primeiro-ministro disse hoje que o "grande investimento" que o país tem que "continuadamente fazer" na...

Em Braga, numa sessão de perguntas e respostas na Universidade do Minho para assinalar os três anos de Governo, António Costa foi questionado sobre os sinais de esgotamento de médicos e enfermeiros.

O chefe do Governo referiu que o executivo tomou medidas para aliviar a "tensão" sentida por aqueles profissionais de saúde, dando como exemplo o aumento do número de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde e a instituição da semana de trabalho de 35 horas para todos os profissionais.

"Indiscutivelmente, o grande investimento que o país tem que continuadamente fazer é no programa de cuidados primários e continuados, de forma a não fazer cair no sistema hospitalar todas as pressões e todas as necessidades que podem, aliás, com mais eficiência, serem satisfeitas fora do sistema hospitalar e com melhor qualidade e resultados, isso é chave", salientou António Costa.

Segundo o primeiro-ministro, "o esforço grande que tem sido feito ao longo destes três anos é procurar recuperar muitos dos fatores que contribuíram para essa tensão".

António Costa deu exemplos daquele esforço: "[Se há] mais profissionais no SNS é porque temos consciência que havia enorme pressão sobre a carência de enfermeiros. Quando repusemos o horário nas 35 horas foi por termos consciência dessa pressão, quando alagarmos as 35 horas para quem foi contratado com 40 horas foi porque tivemos em conta essa situação", enumerou.

Ainda no momento do debate relativo à Saúde, o primeiro-ministro voltou a referir como objetivo do Governo a cobertura total da rede de médicos de família a todos os portugueses até ao fim da legislatura.

 

Em Pavilhão Gimnodesportivo
A bactéria 'legionella' foi detetada na água dos chuveiros do balneário do pavilhão gimnodesportivo da Escola Básica...

A presença ambiental de colónias de bactérias do género ‘legionella'" no ponto de amostragem dos chuveiros do balneário do Pavilhão Gimnodesportivo da Escola Básica de Pias, concelho de Serpa, distrito de Beja, foi detetada no dia 19 deste mês, precisou à agência Lusa a médica Felicidade Ortega, da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA).

Segundo a médica da Unidade Local de Saúde Pública, a presença de bactérias foi detetada em análises regulares que a Câmara de Serpa faz para pesquisa de ‘legionella' em todas as localidades do concelho e "a utilização dos chuveiros foi imediatamente interditada".

Por outro lado, disse, "determinou-se a implementação de procedimentos convencionados para este tipo de situações", como a realização de purgas regulares e desinfeção térmica e/ou química da rede predial.

Os chuveiros foram interditados para a implementação dos procedimentos e assim vão ficar "até que os valores dos resultados analíticos demonstrem a regularização da situação", o que implica a "apresentação de dois resultados negativos consecutivos e espaçados entre si por duas semanas", explicou.

Até hoje, "não foram registados casos de doença" entre alunos, professores e funcionários da escola, frisou a médica, referindo que a Unidade de Saúde Pública da ULSBA está "a acompanhar a situação".

Segundo Felicidade Ortega, técnicos da unidade estiveram na escola na passada sexta-feira para "uma sessão de esclarecimento e informação junto da comunidade educativa (pais, encarregados de educação e auxiliares de ação educativa)".

A Lusa tentou por várias vezes e sem sucesso falar com a diretora do Agrupamento de Escolas N.º 1 de Serpa, do qual faz parte a Escola Básica de Pias.

 

Inovação na área científica e tecnológica
A empresa de Coimbra Abtrace garantiu um financiamento de dois milhões de euros para desenvolver na incubadora do Instituto...

"A Abtrace acaba de ser premiada com dois milhões de euros de financiamento e um programa de incubação no Instituto Pedro Nunes pelo program Wild Card 2018, da EIT Health, uma iniciativa do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT) que apoia ideias e projetos inovadores com potencial para transformar a saúde na Europa", anunciou hoje a empresa.

Este financiamento vai permitir à empresa desenvolver uma ferramenta para combater a resistência a antibióticos que combina Inteligência Artificial e Big Data (análise e a interpretação de grandes volumes de dados).

O objetivo é "transformar as práticas de prescrição de antibióticos", garante a Abtrace, que cita dados da Organização Mundial de Saúde que apontam para que "até 2050" a resistência antimicrobiana causará cerca de 10 milhões de mortes.

"Todos os antibióticos correm o risco de desenvolver resistência. Contudo, calcula-se que um terço das prescrições são desnecessárias ou inadequadas. A escolha correta de um antibiótico oferece um triplo benefício: melhor tratamento do paciente, menos gastos no consumo de antibióticos inadequados e, por fim, a redução da sua resistência ao ser selecionado o medicamento mais apropriado para a resolução do problema", garante a Abtrace.

Hélder Soares, co-fundador da Abtrace e doutorando em Química Médica pela Universidade de Coimbra, explica que o objetivo da empresa "é desenvolver novas ferramentas que diminuam o erro associado à prescrição de antibióticos, um dos fatores mais críticos para a crise da resistência antimicrobiana".

Este responsável acrescenta que, "estudando um conjunto alargado de registos clínicos, é possível encontrar novas formas de ajudar os médicos na altura de decidirem que antibiótico prescrever, selecionando o medicamento mais correto para uma infeção específica".

O CEO da EIT Health garante na página ‘online’ da comunidade de empreendedores que "a Abtrace identificou uma séria necessidade na saúde mundial", lembrando que "a resistência a antibióticos é uma grave ameaça" que afeta milhões de pessoas.

"Estamos muito satisfeitos e orgulhosos em apoiar o trabalho desta equipa e ansiosos por ver os resultados das suas ideias e o seu impacto na saúde", refere o gestor do programa de apoio a empreendedores, que tem como parceiros algumas das principais empresas europeias na área da saúde, entre as quais a Siemens Healthcare, IBM, Phillips, GE Healthcare, SAP, Medtronic, Abbott, Abbvie, Roche, Sanofi, Thermo Fischer Scientific, Astra Zeneca, Bayer Pharma, Merck e Air Liquide.

Criado em 1991, na sequência de uma iniciativa da Universidade de Coimbra, o Instituto Pedro Nunes - Associação para a Inovação e Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia (IPN), é uma associação sem fins lucrativos que promove a inovação na área científica e tecnológica, assumindo-se como instituição de ligação entre a Universidade e o mundo empresarial.

Opinião
Novembro é o mês azul, o mês da diabetes!

Este mês, ao longo de todo o país muitas foram as comemorações nas associações e centros hospitalares para assinalar este dia. Muitas ações se fizeram para lembrar esta condição e despertar a população para a prevenção da diabetes tipo 2 que afeta grande parte da população portuguesa, já que a diabetes tipo 1 não pode ser evitada. No entanto, a diabetes existe todos os dias, e todos os dias é possível fazer ainda mais pela diabetes e pelas pessoas que vivem as 24h do dia com esta condição!

Nos últimos anos a tecnologia e o acesso a ela tem evoluído muito positivamente e contribuído assim para que cada vez mais pessoas possam viver com diabetes mais tempo e com mais qualidade de vida. Mas quando estamos no terreno, quando vivemos na pele esta mesma condição, muitas coisas ainda falham e é preciso continuar a trabalhar para que sejam resolvidas. É preciso de uma vez por todas dar voz a quem vive com esta condição todos os dias e olhar também para a vida social das pessoas com diabetes!

Tornar o acesso às consultas de especialidade mais ágil e fácil uma realidade, o acesso à tecnologia, o acesso à formação e informação por parte dos doentes e cuidadores mas também por parte dos profissionais de saúde…

Os direitos sociais das pessoas com diabetes estarão a ser satisfeitos? Serão estes suficientes para proteger e garantir a tranquilidade de vida que esta condição requer para garantir uma boa gestão da doença? Será que a pessoa com diabetes tem estabilidade, respeito, condições, no local de trabalho?

Será que os cuidadores informais são reconhecidos como deveriam ser e têm as ferramentas necessárias para auxiliar o cuidado a estas pessoas, muitas ainda crianças?

E a integração? E a Inclusão?

Toda a gente fala de diabetes. Pouca gente fala bem sobre diabetes. Muita gente desconhece o que realmente é a diabetes e de como condiciona (ainda) bastante a vida social de muitas das pessoas com esta condição.

Quantos de nós ouvem comentários descabidos, uns pela ignorância de quem infelizmente não teve ainda a oportunidade de aceder a informação válida, outros por pura maldade? Quantos de nós já viveram situações de más práticas sociais e profissionais que implicaram o nosso sofrimento? Sim, estas situações existem!

E ainda mais grave é saber que existem nas escolas, por parte dos colegas, dos funcionários e dos professores!

Todos temos obrigação de fazer a nossa parte. Os pais e as pessoas com diabetes devem falar, explicar, desmistificar a diabetes em todas as oportunidades, mas também precisam de apoio para o fazer de forma eficaz e de sentir recetividade da outra parte para ouvir, aprender e compreender.

A situação da integração/inclusão das crianças com diabetes nas escolas continua a ser um assunto que não é tratado da melhor forma. Vários esforços estão a ser feitos, a maioria pelas associações e grupos das redes sociais que ouvem na 1ª pessoa o desabafo dos pais que vêem o seu filho sofrer pela falta de compromisso da escola e da saúde escolar em envolver a criança e o jovem na comunidade escolar. Se há escolas que fazem um bom trabalho, e felizmente existem, a maioria desconhece esta urgência e não dá muitas vezes sequer a oportunidade aos pais de fornecerem ajuda e informação.

Estamos em novembro, o mês azul. O mês em que se fala muito sobre diabetes. Mas a escola começou em setembro. Ainda aguardamos diretivas superiores, complementos legais, orientação, trabalho em equipa para que o lema deste ano lançado pela IDF “a diabetes e a família” faça realmente sentido, pois a família (e a escola, os amigos as associações, a saúde escolar… são a nossa família alargada) é muito importante para a boa gestão desta condição.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Seis em cada dez cidadãos recorrem ao serviço de urgência hospitalar
Os médicos de medicina interna e medicina geral defendem soluções alternativas ao serviço de urgência, como hospitais de dia de...

Num comunicado conjunto, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) e a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) consideram que deveriam ainda ser criados centros específicos para casos sociais difíceis, assim como garantida a presença de um assistente social em cada serviço de urgência polivalente.

“Os SU [Serviços de Urgência] continuam a servir como centros de emergência para casos sociais e também para os doentes a aguardar vaga na Rede de Cuidados Continuados ou Paliativos. Nos últimos anos, em cada Inverno, a situação agrava-se e cria o caos nos SU, Hospitais e Centros de Saúde”, refere o comunicado.

Para resolver esta questão, a APMGF e a SPMI defendem que se deve dotar cada serviço de urgência “de um assistente social, com presença durante todo o horário de funcionamento do SU e com meios para resolução dos casos sociais, com recursos fora do hospital”.

As duas associações de médicos sublinham que, atualmente, “seis em cada dez cidadãos recorrem ao serviço de urgência hospitalar, sendo Portugal o país da OCDE onde este recurso é mais frequente (o dobro da média dos países da OCDE)”.

“Cerca de 40 a 50% das admissões nos SU são por situações não urgentes, que podiam ser resolvidas fora destes serviços. O excesso de afluência aos serviços de urgência provoca que, em muitas situações, sejam ultrapassados os tempos de espera recomendados pela triagem de Manchester, o que põe em risco a segurança dos doentes e dos profissionais”, frisam.

Por outro lado, insistem, nos Centros de Saúde “assiste-se a solicitações para consulta nos períodos de Consulta Aberta e Consulta Aberta em Sistema de Intersubstituição, que não correspondem a doença aguda, o que gera uma incapacidade de resposta adequada aos utentes”.

“Existe uma falta de informação que ajude a população a utilizar os recursos de saúde de uma forma mais racional” e, simultaneamente, “um subfinanciamento e uma evidente falta de investimento nos Centros de Saúde e nos hospitais”, o que “condiciona uma inadequada resposta à doença aguda, induzindo graves disfunções no sistema”, consideram.

Para a APMGF e a SPMI, o Governo deve investir na promoção de campanhas públicas educativas que promovam o uso racional dos recursos de saúde e deve ser reformulado o modelo de financiamento dos hospitais.

“O atual modelo de financiamento dos hospitais deve ser discutido e reformulado, (…) devendo ser aumentados os valores de pagamento atribuídos aos doentes graves (Vermelhos, Laranjas e Amarelos na triagem de Manchester) e reduzidos os pagamentos aos azuis e verdes [menos graves]”, sugerem.

As duas associações defendem igualmente o cumprimento, por parte dos agrupamentos de centros de saúde e unidades locais de saúde, da decisão do regulador de adotarem um procedimento interno “que garanta um encaminhamento assente em critérios clínicos e permita a diferenciação entre o motivo de doença aguda e não aguda para efeito de atendimento não programado do cidadão no próprio dia”.

 

 

Formação
Um grupo de 40 especialistas e técnicos de saúde pública da lusofonia participam a partir de hoje, em Maputo, num treino de...

“O treino acontece no âmbito do reforço da capacidade dos países para o alerta precoce, gestão de riscos nacionais e globais de saúde”, explica a organização que organiza o evento com duração de quatro dias.

Os especialistas são provenientes de Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e de Príncipe, além dos participantes moçambicanos.

A OMS nota que os especialistas de Angola já foram formados, em Luanda, em agosto.

Os monitores são profissionais dos ministérios da Saúde dos países lusófonos, da região e da sede da OMS, entre outros peritos.

A região africana da OMS regista um elevado número de emergências de saúde pública, realça a agência das Nações Unidas, destacando que mais de 80% são de origem infecciosa.

As experiências de resposta ao Ébola e outros surtos “enfatizaram o papel vital das equipas de resposta rápida”, acrescentou a OMS.

Páginas