Iniciativas ANGEL Portugal para o dia 15 de fevereiro
Por ocasião do Dia Internacional da Síndrome de Angelman (DISA), que se celebra no próximo sábado, 15 de fevereiro, a ANGEL...

Com representantes de todo o mundo, o CAB é um recurso essencial para o avanço da investigação e melhoria da qualidade de vida das pessoas com SA e suas famílias. Este grupo global orienta o desenvolvimento da terapêutica e investigação, promove a sua acessibilidade, e reforça a voz da Comunidade Angelman junto de decisores políticos, investigadores e da indústria farmacêutica.

Ainda no âmbito do DISA, a ANGEL Portugal promove no próximo sábado um conjunto de três iniciativas de grande impacto, em Portugal: a caminhada solidária Walk’IN ANGEL; o lançamento oficial do livro infantojuvenil “O Planeta dos Sorrisos”; e a adesão dos municípios portugueses à iniciativa internacional Light It Blue, para iluminar edifícios emblemáticos de azul, a cor associada à Síndrome de Angelman (SA).

Iniciativa 1: Walk’IN ANGEL:  Na manhã do dia 15 de fevereiro, Lisboa e Vila do Conde acolhem a quarta edição da Walk’IN ANGEL, uma caminhada aberta a toda a comunidade, com início às 10h15.

Para a caminhada de Vila do Conde, o Ponto de Encontro será, na Avenida Infante Dom Henrique, atrás da Igreja Paroquial de Nosso Senhor dos Navegantes. Em Lisboa, será em Belém, no Passeio Carlos do Carmo, com Ponto de Encontro na Estação Fluvial de Belém. A participação é gratuita, sendo apenas pedido que os participantes usem uma peça de roupa azul, em solidariedade com a causa.

Quem por algum motivo não se consiga juntar a nenhuma das caminhadas, em Belém ou em Vila do Conde, pode igualmente a fazer uma caminhada nesse fim de semana, individual ou em pequenos grupos, usando uma peça de roupa AZUL, e partilhar o seu testemunho nas redes sociais, identificando a ANGEL Portugal (Facebook @AngelmanPT ou Instagram @angelmanportugal).

Iniciativa 2: Lançamento do livro “O Planeta dos Sorrisos”: Nesta mesma data, a Associação promove o lançamento oficial do livro “O Planeta dos Sorrisos”, uma obra infantojuvenil que sensibiliza as crianças e os mais jovens para a Síndrome de Angelman.  O evento contará com a presença da editora Betweien, em Lisboa, e vai decorrer às 12h00 no MAAT central (Museum of Art, Architecture and Technology). Em Vila do Conde a leitura do livro será feita pelo escritor e tio de uma menina com Síndrome de Angelman, Xavier Cristelo, na Biblioteca de Vila do Conde, também ao meio-dia do dia 15 de fevereiro.

Iniciativa 3: Light It Blue: Portugal ilumina-se de azul:  Pelo quinto ano consecutivo, a ANGEL Portugal junta-se a mais de cinquenta organizações internacionais congéneres, para promover a iniciativa Light It Blue, convidando os 308 municípios e diversas entidades nacionais a iluminarem edifícios e monumentos icónicos de azul, no dia 15 de fevereiro.

Esta iniciativa que une Portugal a cidades e monumentos de todo o mundo, incluindo as Cataratas do Niágara (Canadá), a Fonte de Cibeles (Espanha), a A’DAM Toren (Holanda) e o Burj Khalifa (Emirados Árabes Unidos), tem como objetivo contribuir para a chamada de atenção para esta doença que, sendo rara, é pouco conhecida. No seguimento da iluminação, cada Câmara e entidade aderente é convidada a emitir um comunicado a justificar o uso da cor azul.

Recorde-se ainda que a ANGEL Portugal tem estado desde o início do mês a mobilizar esforços para assinalar o Dia Internacional da Síndrome de Angelman (DISA), que se celebra a 15 de fevereiro. Foram lançadas iniciativas como a exibição de vídeos informativos apresentando as características da SA em unidades de saúde e em espaços públicos diversos, juntamente com as campanhas de sensibilização na imprensa (“Já Sorriu hoje?”) e de angariação de fundos com a rede SIBS (“Doenças raras merecem gestos raros!”)

Estudo
Cerca de 90% dos portugueses nunca ouviram falar de hipertensão arterial pulmonar (HAP), uma doença cardiopulmonar grave que...

Um estudo nacional realizado pela GfK Portugal, uma empresa multinacional de estudos de mercado, revela que, após saberem as consequências da doença, as pessoas abdicariam em média de 6 anos das suas vidas para não terem esta doença. A Associação Portuguesa de Hipertensão Pulmonar recorda que esta é uma doença rara, incurável, invisível e altamente incapacitante, com sintomas como o cansaço extremo, a falta de ar, dor no peito, tonturas constantes e desmaios.

“A hipertensão arterial pulmonar é uma sentença para os afetados. Além de ser uma doença sem cura, afeta significativamente a rotina do doente, que deixa de conseguir praticar desporto, realizar tarefas domésticas básicas, ter uma vida íntima com o seu parceiro ou até de brincar com os seus filhos. O impacto, infelizmente, não fica por aqui, uma vez que a maioria dos doentes têm também dificuldades na vida profissional, como incapacidade de trabalhar ou de manter um emprego a tempo inteiro.”, lamenta Cátia Rodrigues, presidente da Associação Portuguesa de Hipertensão Pulmonar (APHP). Os resultados do estudo realizado pela GfK corroboram as preocupações manifestadas pela presidente da APHP. De acordo com os dados, 95% dos entrevistados indicaram que, se diagnosticados com HAP, os sintomas teriam um impacto negativo nas suas atividades diárias básicas. Além disso, 94% dos participantes afirmaram que seriam obrigados a mudar de profissão.

A hipertensão arterial pulmonar é uma doença que tem maioritariamente consequências ao nível do coração, acabando por vezes em situações de falência cardíaca que levam à morte do doente. Afeta pessoas de todas as idades, embora se verifique que afeta mais jovens adultas. É geralmente diagnosticada por volta dos 36 anos e estima-se que mais de 90% das pessoas diagnosticadas tenham menos de 60 anos.

“Falamos de uma doença com uma esperança de média de vida de seis a sete anos, que são vividos em sofrimento, e que tem um impacto na produtividade de pessoas, na sua maioria, em idade laboral, que deixam de conseguir trabalhar. É crucial haver uma maior aposta em estratégias de diagnóstico precoce, mas também uma melhor resposta para o tratamento destes doentes, muitas vezes esquecidos.”, defende.

Os dados do estudo, resultantes de 801 entrevistas realizadas entre 22 e 29 de novembro de 2024, indicam que, após terem conhecimento do que é a HAP e das suas consequências, os portugueses não têm dúvidas acerca do elevado impacto da doença na qualidade de vida, sendo que 87% consideram que a vida pessoal seria a componente mais afetada, sobretudo devido à possibilidade de dependência de terceiros para realizar as tarefas básicas (75%). As conclusões do estudo revelam ainda que 67% consideram que se existisse um tratamento que ajudasse a controlar os sintomas da doença, a atrasar a sua progressão e a melhorar a sua qualidade de vida, mudariam a forma como veem o impacto da doença e 83% afirmam que deveria ser dada urgência à comparticipação deste.

Alerta Amarelo!
É difícil ignorar o amarelo vibrante que pinta as margens de estradas e linhas de água, montanhas, e outras paisagens nesta...

As espécies de acácias, como a mimosa (a que os cientistas chamam Acacia dealbata), a austrália (Acacia melanoxylon), a acácia-de-espigas (Acacia longifolia), entre outras, foram introduzidas em território nacional para fins ornamentais, para controlo da erosão e outros fins. Contudo, “estas plantas são agora uma das maiores ameaças à biodiversidade em Portugal”, assevera. “Elas substituem as espécies autóctones, alteram o solo, reduzem a disponibilidade de água e criam um monopólio verde que sufoca a diversidade natural”, prossegue.

Mas “os impactes das acácias vão para além da ecologia”, explica Hélia Marchante. “O pólen destas é alergénico, afetando a saúde respiratória de muitos cidadãos. Para quem sofre de rinite ou asma e vive/trabalha perto de acácias, esta pode ser uma época especialmente difícil. Além disso, os custos económicos associados à remoção destas plantas e ao impacte em setores como a floresta são significativos, reforçando a necessidade de intervenções coordenadas e continuadas.” Embora todas as acácias integrem a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Decreto-Lei n.º 92/2019), sendo proibida a sua detenção, cultivo, comercialização, etc., “o problema continua a ser grave!”, remata.

E agora, o que podemos fazer?

Hélia Marchante acredita, porém, que “apesar do cenário preocupante, cada cidadão pode fazer a diferença”. “Não é preciso ser cientista ou técnico florestal para combater esta invasão – basta ter um olhar atento e vontade de agir”, afirma, enumerando algumas formas de o fazer:

•            Transforme-se num “Explorador Verde”: Participe numa “caça ao tesouro” ambiental; Identifique acácias na sua região e ajude a colocá-las no mapa através de aplicações de ciência cidadã gratuitas como o iNaturalitst/BioDiversity4All; No site invasoras.pt pode aprender a distinguir as acácias que temos em Portugal; E no projeto “invasoras.pt” criado no iNaturalitst/BioDiversity4All, pode consultar os registos já existentes. Esta informação é crucial para definir estratégias de gestão eficazes e entender melhor o comportamento destas espécies no nosso território.

•            Diga NÃO ao uso de acácias: Evite plantar estas espécies em jardins ou propriedades privadas; em vez delas, opte por árvores autóctones que sustentam a biodiversidade e ajudam a preservar os ecossistemas locais. Colher raminhos floridos pode ser atrativo, mas vai levar as alergias para dentro de casa!

•            Apoie ações de controlo: Muitas entidades têm vindo a organizar iniciativas para remover acácias (e outras plantas invasoras); procure informação junto da sua Câmara Municipal ou de organizações de defesa do ambiente e participe ativamente. Na “Semana sobre Espécies Invasoras: Portugal & Espanha”, que decorrerá este ano de 3 a 11 de maio, haverá muitas atividades! Organize a sua ou participe noutra atividade programada: https://www.speco.pt/sei

•            Exija mais das entidades competentes: A solução para o problema das espécies invasoras não depende apenas de ações individuais; todos devemos exigir das autoridades uma resposta mais firme e coordenada. É essencial investir em políticas públicas que promovam uma melhor gestão destas espécies, garantindo a conservação dos nossos ecossistemas e o bem-estar das comunidades.

O caso da acácia-de-espigas: o seu controlo biológico colocou Portugal na linha da frente da Europa

Entre as espécies de acácias invasoras, merece destaque a acácia-de-espigas. Esta pequena árvore invade dunas costeiras e outros habitats sensíveis, substituindo a vegetação nativa e comprometendo o equilíbrio dos ecossistemas. Contudo, uma solução inovadora tem sido implementada: o uso de controlo biológico.

Um pequeno inseto australiano, a vespa-formadora-de-galhas Trichilogaster acaciaelongifoliae, foi introduzido em Portugal em 2015, depois de 12 anos de testes em laboratório e análises de risco realizados por uma equipa que reúne investigadores da ESAC-IPC e do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra. Este inseto deposita os seus ovos nos botões florais da acácia-de-espigas, impedindo-a de produzir flores e, consequentemente, sementes. Sem capacidade de reprodução eficaz, a expansão da acácia-de-espigas está assim a ser travada de forma natural e sustentável.

“Os resultados têm sido encorajadores. Observamos uma redução significativa na produção de sementes e no vigor das populações de acácia-de-espigas em várias áreas de invasão”, salienta Hélia Marchante. Segundo a especialista, “este exemplo demonstra que soluções baseadas na natureza podem ser eficazes no combate às plantas invasoras, mas requerem monitorização e cooperação entre cientistas, gestores de ecossistemas e a comunidade”. No âmbito do projeto de ciência cidadã “Trichilogaster acaciaelongifoliae in Iberian Peninsula”, muitos cidadãos têm ajudado a mapear a expansão deste pequeno ajudante no controlo da acácia-de-espigas. Hélia Marchante desafia todos os que ainda não o fazem a também registar as galhas que observam no iNaturalist/BioDiversity4All.

Existem igualmente diferentes agentes de controlo biológico que estão a ser explorados para outras acácias, mas estão ainda em fase de teste.

“O controlo das plantas invasoras é uma causa urgente”, insiste. “Cada passo conta para devolvermos o equilíbrio aos nossos ecossistemas e para garantirmos um futuro mais saudável e sustentável para todos”. A professora da ESAC desafia-o a, da próxima vez que vir o amarelo brilhante de uma acácia em flor, perguntar-se: “o que posso fazer hoje para proteger a nossa paisagem e saúde?”. “Junte-se a nós nesta batalha!”, incita.

Se quiser saber mais sobre como controlar as acácias, o Manual de Boas Práticas para a Gestão e Controlo de Plantas Invasoras Lenhosas em Portugal Continental, publicado recentemente por Liliana N. Duarte, Elizabete Marchante e Hélia Marchante, inclui esta espécie. Um exemplar pode ser seu após um clique ou pedindo um pelo correio. Veja como em https://invasoras.pt/pt/gestão-de-plantas-invasoras.

 

Universidade de Coimbra
Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver, em...

O projeto “Chem4LungCare”, financiado pela Fundação para Ciência e Tecnologia, tem como objetivo a criação de novos fotossensibilizadores baseados em corróis funcionalizados (compostos orgânicos da família dos tetrapirrólicos, semelhantes às porfirinas).

«Através de uma abordagem química inovadora, conseguimos sintetizar macrociclos tetrapirrólicos com propriedades otimizadas. Estas novas classes de corróis, quando testadas em células de cancro do pulmão demonstraram uma elevada eficácia fotodinâmica, comparável ao Foscan — um fotossensibilizador já utilizado clinicamente —, mas com menor toxicidade e maior estabilidade», revela Teresa Pinho e Melo, docente do Departamento de Química da FCTUC e investigadora do Centro de Química.

Os macrociclos tetrapirrólicos são estruturas químicas formadas por quatro anéis pirrólicos interligados, geralmente através de pontes de carbono. Esses compostos desempenham um papel fundamental na bioquímica, principalmente devido à sua capacidade de se ligar a metais e atuar como cofatores em processos biológicos essenciais.

«Os estudos mostraram que a inclusão do grupo funcional hidrazona nos corróis melhorou significativamente a sua atividade fotodinâmica. Estes resultados são promissores para o avanço desta terapêutica, uma abordagem que usa luz para ativar os fotossensibilizadores, que, na presença de oxigénio, leva à destruição das células cancerígenas sem danificar os tecidos saudáveis circundantes», considera a cientista. 

Além disso, a equipa demonstrou que a presença conjunta, na mesma estrutura molecular do macrociclo pirrólico e da hidrazona, é fundamental para a eficácia destes compostos. «Provámos que a combinação do macrociclo com este grupo funcional estratégico resulta numa atividade fotodinâmica significativamente superior ao modelo sem esse grupo funcional», explica.  

Com estes resultados promissores, o próximo objetivo do projeto é avançar para estudos pré-clínicos mais aprofundados. A equipa acredita que esta nova classe de fotossensibilizadores pode oferecer uma alternativa mais eficaz e segura para o tratamento do cancro do pulmão no futuro. 

Os detalhes desta investigação foram publicados no artigo científico “Hydrazone-Functionalizedtrans A2B‑Corroles: Effective Synergyin Photodynamic Therapy of Lung Cancer” no Journal of Medicinal Chemistry, tendo sido selecionado para capa da revista, e está disponível para consulta aqui

Opinião
Celebramos o Dia Mundial do Doente a 11 de fevereiro, por iniciativa do Papa João Paulo II em 1992.

Cuidar dos outros e, em especial, dos doentes é uma tarefa nobre e enriquecedora e a missão de todos os Internistas e da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

Mas tratar de doentes é uma tarefa complexa e que implica um compromisso global, dos prestadores directos como os médicos e enfermeiros, mas também dos gestores, políticos e de toda a sociedade civil.

Todos os anos aumentamos a percentagem do PIB para a saúde, mas não temos o equivalente benefício nos serviços prestados. Apesar de sermos um país pequeno temos muita variabilidade no acesso à Saúde, na possibilidade de escolha do doente, na adequação da prestação de cuidados, seja por excesso seja por defeito. É um sistema complexo e multidisciplinar que precisa de ser mais produtivo, eficaz e focado no benefício para o doente.

Para a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) é fundamental a melhoria da produtividade e uma reforma do sistema de Saúde que coloque o doente no centro da decisão e o principal objectivo de todo o sistema. Objectivamente, precisamos de enfermarias nos hospitais sem divisões por especialidade, com as especialidades generalistas, como a Medicina Interna, na liderança da gestão do doente, organizadas em Unidades multidisciplinares em que as especialidades mais técnicas estejam mais livres para a consultoria e realização dessas mesmas técnicas. Precisamos que a Medicina Geral e Familiar no ambulatório e a Medicina Interna nos hospitais comuniquem eficazmente e sejam as principais responsáveis pela promoção da Saúde e gestão da doença, com objectivos que tenham ganhos reais na saúde dos doentes. Isto consegue-se com sistemas informáticos integrados, tecnologicamente actualizados e com uma gestão profissional e com objectivos discutidos com os serviços e respectivos directores, adaptados à realidade local, sempre em conjunto e nunca de forma isolada, com auditorias, publicação de resultados e esforço continuo de melhoria.

Para a SPMI não há dúvidas, apesar da legitimidade e benefício das terapêuticas complexas e ultra-especializadas, o que todos precisamos é de produtividade e eficiência, com médicos generalistas organizados em departamentos e de forma multidisciplinar, focados nas necessidades dos doentes, em que cada euro gasto seja um investimento real na Saúde de todos nós.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Plataforma ‘Cancro da Bexiga sem Reticências’
A plataforma ‘Cancro da Bexiga sem Reticências’ apresenta o Manual do Cuidador, um recurso essencial para quem cuida de pessoas...

O cancro da bexiga representa um desafio significativo, não apenas para o doente, mas também para quem o acompanha. Este manual aborda as dificuldades específicas enfrentadas pelos cuidadores, oferecendo orientação prática e apoio emocional para que possam percorrer este caminho complexo com mais segurança e serenidade.

Dividido em três secções, o manual oferece um suporte completo, abordando:

  • Cuidados e Responsabilidades: Onde estão detalhadas as tarefas e responsabilidades quotidianas associadas aos cuidados de um doente com cancro da bexiga. Prepara os cuidadores para o que podem esperar, oferecendo informações práticas sobre a gestão das diversas situações que podem surgir no dia a dia.
  • Desafios Emocionais: Ao reconhecer o impacto emocional inerente à prestação de cuidados, esta secção explora sentimentos comuns como o stress, a ansiedade e a exaustão. O manual oferece estratégias de coping e validação as emoções, frequentemente complexas, que emergem neste contexto, ajudando os cuidadores a lidar com os seus próprios sentimentos.
  • Cuidar de Si Próprio(a): Destaca a importância do autocuidado, esta secção encoraja os cuidadores a priorizar o seu próprio bem-estar. O manual oferece dicas práticas para manter um equilíbrio saudável entre as responsabilidades da prestação de cuidados e as necessidades pessoais, prevenindo o esgotamento e promovendo a resiliência, crucial para o bem-estar do cuidador e, consequentemente, do doente.

 O Manual do Cuidador está disponível para download grátis no site “Cancro da Bexiga sem Reticências”, uma plataforma da Astellas Farma criada para informar todos aqueles que tenham dúvidas sobre esta patologia, com a contribuição de vários profissionais de saúde portugueses.

A plataforma também disponibiliza conteúdos explicativos elaborados por especialistas reforçando o compromisso com a educação e o suporte a doentes e cuidadores. O Dr. Rui Amorim e Prof. Belmiro Parada (Urologistas), Dra Joana Marinho e Dr. João Gramaça (Oncologistas) e Ana Carolina Martins (Enfeira Estomaterapeuta) são alguns dos especialistas convidados, que abordam ‘O que é o Cancro da Bexiga’, ‘O papel da quimioterapia no tratamento do Cancro da Bexiga’, ‘Diagnóstico, sinais e sintomas’, ‘Tratamento Cirúrgico do Cancro da Bexiga’ e ‘Prevenção e estilo de vida saudável’.

APIC
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) vai promover uma edição do “Curso Avançado em Abordagem Precoce do...

“A gestão precoce do enfarte exige atualização constante, de forma a que os cuidados prestados aos doentes sejam os de maior rigor e qualidade. Com este curso, pretendemos proporcionar aos profissionais a oportunidade de reforçar conhecimentos e competências essenciais na gestão desta doença cardiovascular, em que a rapidez de intervenção é determinante", explica Rita Calé Theotónio, presidente da APIC.

O curso contará com apresentações de especialistas sobre temas como: “Diagnóstico e abordagem inicial das SCA”, “Interpretação de ECG”, “STEMI: estratégias de reperfusão miocárdica”, “Terapêutica antitrombótica”, “Prevenção e tratamento de complicações elétricas”, “Abordagem ao choque cardiogénico”, “Comunicação e Transporte” e “Via Verde ‘desconstruída’”. O momento final será dedicado à apresentação e discussão de casos clínicos.

A inscrição é gratuita, mas obrigatória. Para mais informações: https://www.apic.pt/formacao/cursos/curso-steminem/

O projeto educacional STEMINEM – integrado na iniciativa Stent Save a Life (SSL) da APIC – foi criado em 2016, com o propósito de disponibilizar aos profissionais de emergência médica cursos de formação e atualização sobre a gestão precoce do enfarte do miocárdio no pré-hospitalar e a nível da urgência hospitalar.

Em 2024, o “Curso Avançado em Abordagem Precoce do Enfarte Agudo do Miocárdio com Supra de ST” contou com várias edições, realizadas em diferentes regiões do país, tais como Cova da Beira, Peniche e Viseu Dão-Lafões.

 

Ispa
Estudar comportamentos ciberseguros dos jovens portugueses, com idades compreendidas entre os 16 e os 25 anos, é o objetivo do...

Os dados estão a ser recolhidos junto de escolas, universidades e associações desportivas, com o apoio do Instituto Português do Desporto e Juventude e da Direção-Geral da Educação, através de um inquérito online, assegurando o anonimato e confidencialidade dos participantes e das suas contribuições.

“Este estudo é pioneiro na avaliação das variáveis que explicam as decisões dos jovens para serem mais ou menos ciberseguros. A minha experiência profissional permite concluir que existem vários riscos online que são um desafio para o desenvolvimento saudável, com impacto na saúde mental das nossas crianças e jovens. Desde as burlas românticas, até ao cyberbullying, exposição a discursos de ódio, tudo isto online, no telemóvel, a grande maioria das vezes sem partilha e sem um pedido de ajuda. Sabemos da investigação que temos realizado que os jovens, quando algo de incómodo lhes acontece online, não falam com ninguém. Corremos o risco de, se não fizermos nada, validarmos estas vivências negativas online”, sublinha Ivone Patrão, Professora do Ispa e responsável pelo estudo. 

De acordo com os dados recolhidos pelo Observatório de Cibersegurança e apresentados no “Relatório Cibersegurança em Portugal – Riscos e Conflitos – 2024”, no último ano, destacaram-se como ameaças mais relevantes o ransomware, o phishing e smishing e outras formas de engenharia social, burlas online e o comprometimento de contas. No âmbito das principais conclusões deste relatório, Sofia Rasgado, do CNCS, desataca que “quer os utilizadores, quer as organizações têm níveis elevados de exposição aos riscos do ciberespaço, relacionada com o elevado uso de certos serviços digitais, além de que algumas ciberameaças ligadas à exploração do fator humano têm índices crescentes de presença em artigos de media e, principalmente, nas pesquisas online. É neste contexto que este relatório sugere fazer acompanhar a literacia digital nas escolas e noutros contextos educativos por uma literacia para a Cibersegurança, aumentando o alcance das ações de sensibilização”.

Os dados do projeto CyberYoung Security serão recolhidos até maio deste ano e os resultados do estudo serão posteriormente divulgados através de comunicações em congressos, palestras e/ou artigos científicos.

Opinião
Ontem, como todas as sextas-feiras, estive em consulta com pessoas com epilepsia.

A Maria tem 32 anos e, há uma década, sofreu uma encefalite autoimune. No início, teve crises epiléticas caracterizadas por ausência de resposta, gestos automáticos com as mãos e a boca, seguidos de um período de confusão. No entanto, o tratamento foi eficaz, e há cinco anos que deixou a medicação sem recorrência de crises. Ontem teve alta. Casos como o do Maria mostram que a epilepsia pode, em algumas situações, desaparecer ao longo do tempo. Estima-se que cerca de 50% das pessoas, sobretudo quando a doença surge na infância, possam suspender a medicação para as crises epiléticas e ficar curadas.

O Hélder, de 72 anos, começou a ter epilepsia apenas há dois anos, após um AVC. As suas crises iniciavam-se com tremores no braço esquerdo, mas evoluíram para episódios de perda de consciência e convulsões. O Helder tem uma epilepsia focal, causada por uma lesão cerebral, e as suas manifestações dependem da área do cérebro afetada. No entanto, desde que iniciou a medicação, que vai ter de fazer toda a vida, o Helder ficou sem crises epiléticas. Este controlo da epilepsia é comum: cerca de dois terços das pessoas com epilepsia são controladas com um único medicamento anticrises epiléticas. Esta medicação deve ser a mais adequada para o tipo de epilepsia e escolhida para se adaptar ao perfil de cada doente. Há, atualmente, mais de 20 medicamentos anticrises epiléticas que podem ser utilizados.

Ontem também vi o Manuel, um jovem que teve a primeira convulsão aos 20 anos. Saiu à noite, dormiu em casa de um amigo e, ao acordar, teve o episódio sem qualquer aviso. Não se lembra de nada, apenas de ter acordado no hospital com dores no corpo e a língua mordida. O amigo contou-lhe que o viu a "tremer todo". O eletroencefalograma confirmou o diagnóstico de epilepsia.

O Manuel é um jovem como todos os outros, na altura estava a meio do seu curso superior e não tinha nenhum outro problema neurológico. Ele tem outros familiares próximos com epilepsia, mas nunca pensou que lhe fosse acontecer também a ele.  O Manuel tem uma epilepsia a que chamamos generalizada. Neste tipo de epilepsia todo o cérebro é responsável pela crise. São epilepsias muito frequentemente com causa genética. A adaptação do Manuel a este diagnóstico foi difícil. Teve de fazer várias adaptações na sua vida, inclusivamente deixar de conduzir até estar com a epilepsia controlada há pelo menos 1 ano. Mas no tipo de epilepsia do Manuel, a medicação é muito eficaz e as crises são também muito bem controladas. É preciso cumprir a medicação e ter hábitos de vida saudáveis, nomeadamente evitando a privação de sono e o consumo de álcool ou outras drogas.

Também observei a Helena, que tem crises epiléticas desde os 10 anos, sempre à noite, acordando com movimentos estranhos nos braços e pernas, como se pedalasse no ar. Por vezes, evoluem para convulsões. Já tomou vários medicamentos e, apesar de estar atualmente com três, continua a ter crises semanais. A medicação causa-lhe sonolência, desequilíbrio e problemas de memória. As crises são incapacitantes, podendo durar mais de uma hora; já se queimou ao cozinhar e cai frequentemente, usando capacete para proteção. Devido a dificuldades cognitivas associadas à displasia cortical congénita, que afetam cerca de 80% das pessoas com epilepsia crónica, teve ensino adaptado e dificuldades em encontrar emprego.

Cerca de 30% dos doentes têm epilepsia refratária, que não se controla com medicação. Nestes casos, a orientação para centros especializados é essencial, pois algumas podem ser tratadas cirurgicamente, removendo a área do cérebro responsável pelas crises. Outras podem beneficiar de estimulação cerebral, como a do nervo vago ou a estimulação profunda. Cerca de 50% dos operados ficam sem crises, e a estimulação ajuda a controlá-las em 50-60% dos restantes.

A epilepsia é uma doença neurológica muito incapacitante, se pensarmos que afeta pessoas durante muito anos, nomeadamente em fases ativas da vida. Se tem epilepsia ou suspeita desse diagnóstico, procure ajuda especializada. Há soluções que podem mudar vidas.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
Assinala-se a 14 de fevereiro o Dia de S. Valentim. Neste que é o dia mais romântico do ano, a Sociedade Portuguesa de...

Uma vez que algumas alergias podem causar preocupações especiais, especialmente quando se refere a gestos românticos, conheça algumas das principais e o que fazer para as evitar:

Alergia alimentar: um beijo romântico a alguém que consumiu um alimento alergénico pode causar reações alérgicas como edema dos lábios, garganta, erupções cutâneas no corpo e dificuldade em respirar. Na escolha do menu, uma alergia alimentar, como alergia aos crustáceos, frutos secos, entre outros, pode estragar o jantar e comprometer a celebração deste dia.

Alergia a pólenes: as flores são um presente icónico neste dia, mas muitos podem ser alérgicos ao pólen ou outras substâncias presentes nas flores. Sintomas desde conjuntivite alérgica (olhos vermelhos, lacrimejo), rinite (salvas de espirros, rinorreia) ou asma pedem atenção ao escolher as flores a oferecer.

Alergia de contacto: as alergias de contato podem causar desconforto no Dia dos Namorados. Cosméticos, perfumes e produtos de higiene pessoal podem conter substâncias que desencadeiam alergias de contato. Escolher produtos hipoalergénicos, com ou sem fragrância, pode evitar estas reações. Bijuterias e joias de metais que contêm níquel ou outros alérgenos podem causar reações alérgicas. Opte por metais hipoalergénicos, como ouro ou prata pura. Alguns tecidos e tinturas de roupa de cama ou lingerie podem provocar alergias de contato. Escolha itens de algodão orgânico ou outros materiais naturais e sem tinturas agressivas. Certos lubrificantes e preservativos podem conter substâncias que causam alergias de contato. Escolha produtos sem látex ou com fórmulas hipoalergénicas.

Asma: pessoas com asma alérgica precisam tomar algumas precauções extras para evitar crises asmáticas neste dia. Flores, perfumes, cheiros de velas aromáticas e certos alimentos podem desencadear crises asmáticas. O ideal é tentar escolher presentes e locais que não contenham esses alérgenos. É importante escolher bem o local onde celebrar este dia, um espaço limpo, sem ácaros e sem pó. Se planearem atividades ao ar livre muito cuidado - escolher locais com baixa concentração de pólen e evitar áreas com muito tráfego de veículos. Para que não haja surpresas, é importante que a asma esteja bem controlada, e que sejam portadores dos medicamentos necessários para controlar, se necessário, uma crise de asma.

Sexualidade: a doença alérgica pode ser um desafio, mas não precisa atrapalhar a intimidade no Dia dos Namorados. O ambiente ideal, livre de alérgenos, o conhecimento das doenças alérgicas e sempre com os medicamentos necessários à mão, como os antihistamínicos, inaladores ou a caneta autoinjetora de adrenalina. O relaxamento é essencial, para reduzir o estresse e a ansiedade, que podem desencadear crises asmáticas com o exercício físico intenso.

Para evitar problemas, é importante conhecer as alergias do seu parceiro e escolher presentes e gestos que não possam desencadear reações adversas. Se você ou seu parceiro tiverem alergias, é uma boa ideia oferecer neste dia tão especial uma consulta com um alergologista para obter orientações específicas.

Neste Dia dos Namorados não deixe que a alergia o atrapalhe.

 

Hospitais de São João e Santa Maria pioneiros
Novo sistema de estimulação cerebral profunda de circuito fechado, que se adapta automaticamente e em tempo real às...

O Hospital de São João, no Porto, e o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, são os primeiros centros em Portugal a utilizar o único sistema de estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS) de circuito fechado, com a tecnologia BrainSense, uma inovação que maximiza a precisão e a eficiência no tratamento da doença de Parkinson.

Durante 30 anos, as pessoas com doença de Parkinson têm beneficiado da estimulação cerebral profunda (DBS), uma tecnologia que transmite sinais elétricos ao cérebro para interromper certos movimentos indesejados. Com o novo sistema de estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS), com BrainSense, as pessoas com doença de Parkinson podem beneficiar de uma terapia adaptativa em tempo real, que ajusta de forma dinâmica a estimulação em função da atividade cerebral de cada pessoa, tanto em ambientes clínicos, como na vida quotidiana¹. Em simultâneo, a nova funcionalidade de identificação de elétrodo, designada por Electrode Identifier (EI), pode melhorar a programação da DBS, garantindo uma seleção de contacto inicial ideal num menor período².

Esta tecnologia foi concebida para registar e analisar os sinais cerebrais, o que permite terapias ajustadas aos padrões neurológicos únicos de cada doente¹ (em doentes selecionados de DBS para o tratamento da Doença de Parkinson.). A Medtronic tem estado na vanguarda da incorporação da tecnologia de interface cérebro-computador (BCI) na terapia de DBS, com o propósito específico de realizar avanços na prevenção, deteção, diagnóstico, reabilitação e recuperação para doentes com patologias neurológicas complexas. O sistema de estimulação cerebral profunda adaptativa (aDBS) de circuito fechado, com a tecnologia BrainSense, leva o tratamento para o nível seguinte, calibrando a estimulação com base nos próprios sinais cerebrais do doente¹.

O Identificador de Elétrodos (EI) BrainSense aumenta a precisão e a eficiência do tratamento, fornecendo uma visão detalhada dos sinais cerebrais de cada doente com Parkinson e guiando os médicos até à localização exata do sinal mais forte numa fração do tempo necessário para as revisões monopolares padrão². Esta tecnologia exclusiva identifica a localização ideal do contacto, aproveitando os potenciais de campo local (LFP) e a atividade alfa-beta para orientar uma programação otimizada e eficaz em comparação com o padrão de cuidados, a revisão monopolar². Para mais informações sobre esta terapia, fale com o seu médico neurologista.

A doença de Parkinson afeta mais de 1,2 milhões de doentes só na Europa e mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. Tem consequências significativas na mobilidade, na fala, na concentração, no sono, na independência e na capacidade geral dos doentes, impedindo-os assim de participar plenamente nas suas atividades laborais, familiares e sociais. Tarefas simples do dia a dia, como tomar uma chávena de café, ou dar as mãos a um ente querido, podem tornar-se um desafio para quem vive com doença de Parkinson. Para os cônjuges e cuidadores, isto pode ser imensamente exigente e angustiante3,4.

 

Referências:

  1. Thompson, J., Radcliffe, E., Ojemann, S.,et al. Monopolar sensing improves the efficiency of DBS programming in Parkinson's disease [abstract]. Mov Disord. 2024; 39 (suppl 1). https://www.mdsabstracts.org/abstract/monopolar-sensing-improves-the-efficiency-of-dbs-programming-in-parkinsons-disease/. Accessed 11/15/2024.
  2. Stanslaski S, Summers RLS, Tonder L, et al. Sensing data and methodology from the Adaptive DBS Algorithm for Personalized Therapy in Parkinson's Disease (ADAPT-PD) clinical trial. NPJ Parkinsons Dis. 2024;10(1):174
  3. OECD/European Commission (2024), Health at a Glance: Europe 2024: State of Health in the EU Cycle, OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/b3704e14-en(opens new window).
  4. Parkinson's Foundation. (2025). Statistics: Get informed about Parkinson's disease with these key numbers. Retrieved from https://www.parkinson.org(opens new window).

 

IV Encontro Nacional do NEEco
O IV Encontro Nacional do Núcleo de Estudos de Ecografia (NEEco) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) reunirá...

José Mariz, coordenador do NEEco, destaca que o foco principal deste encontro será a formação em Point-Of-Care Ultrasound (POCUS), com especial atenção à análise de casos clínicos integrados com a ecografia à cabeceira do doente. "A ecografia à cabeceira do doente é uma ferramenta crucial para o médico assistente, ajudando-o a tomar decisões mais informadas no momento de avaliar o doente, não só no auxílio ao raciocínio clínico, mas também em técnicas invasivas, como na realização de toracocentese", explica.

No entanto, a integração da ecografia nas rotinas diárias da Medicina Interna enfrenta alguns desafios. Para o coordenador do NEEco, os principais obstáculos são a disponibilidade de aparelhos, a necessidade de domínio técnico e a falta de formação específica. "É essencial construir uma comunidade que aplique POCUS no dia a dia e que seja capaz de discutir casos de forma eficaz. O encontro pretende promover essa comunicação entre pares, incentivando o networking e a formação contínua", refere o coordenador.

Em relação à utilização da ecografia no diagnóstico e acompanhamento de doenças crónicas, a área da insuficiência cardíaca é um dos exemplos mais relevantes. "A ecografia tem mostrado ser extremamente útil na avaliação inicial da insuficiência cardíaca, especialmente no Serviço de Urgência, onde pode ajudar a determinar o grau de congestão e a identificar diagnósticos concorrentes, como pneumonia. Além disso, na monitorização da congestão durante o internamento, a ecografia é um recurso fundamental, já que o exame físico tem limitações nesta avaliação", afirma.

No que diz respeito à formação contínua, o IV Encontro do NEEco mantém o modelo de cursos de POCUS aplicados a situações agudas, como o choque e a hipotensão, com base em protocolos validados, como o RUSH e o eFAST. "Este é um dos pilares do nosso trabalho, e no futuro gostaríamos de desenvolver centros para avaliar as competências dos profissionais, embora sejamos conscientes de que este é um caminho ainda longo", sublinha o coordenador.

O IV Encontro Nacional do NEEco representa, assim, uma oportunidade única para os profissionais de saúde de todas as especialidades que utilizem POCUS aprofundarem os seus conhecimentos, discutirem casos clínicos e aprimorarem as suas competências, contribuindo para o avanço da prática da ecografia na Medicina Interna em Portugal.

Inscrições em: https://www.spmi.pt/iv-encontro-anual-do-nucleo-de-estudos-de-ecografia/

Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos
Estudo piloto pretende avaliar a fibrose miocárdica em dois grupos de doentes com insuficiência cardíaca.

O cardiologista João Borges Rosa foi distinguido com o Prémio de Investigação Clínica da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), um galardão atribuído em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Este reconhecimento destaca a excelência da investigação realizada pelo Dr. João Borges Rosa na área da imagem molecular aplicada à fibrose miocárdica. A atribuição deste prémio sublinha a importância da investigação na inovação clínica e no desenvolvimento de novas estratégias para melhorar o diagnóstico e tratamento da insuficiência cardíaca.

O projeto premiado, intitulado Imagem molecular de fibrose miocárdica: estudo piloto com 68Ga-FAPI PET/CT em doentes com insuficiência cardíaca, explora uma abordagem inovadora para a deteção precoce e monitorização da fibrose miocárdica, um fator-chave na progressão da insuficiência cardíaca.

A insuficiência cardíaca é uma patologia de prevalência e incidência crescentes, com morbimortalidade significativa e elevado impacto económico nos sistemas de saúde, apesar dos avanços terapêuticos das últimas décadas. A fibrose miocárdica é uma etapa final comum a diferentes patologias que causam insuficiência cardíaca, pelo que a fibrose miocárdica é um alvo terapêutico apetecível, necessitando de exames não invasivos que permitam a sua deteção, monitorização e melhor compreensão. Estudos recentes demonstraram que a identificação de fibrose miocárdica através da realização de um exame de imagem não invasivo, a PET/CT (tomografia de emissão de positrões/tomografia computorizada) com o radiofármaco 68Ga-FAPI (inibidores da proteína de ativação de fibroblastos marcado com galio-68), poderá ser mais específica e identificar fibrose miocárdica mais precocemente, em relação aos achados sugestivos de fibrose miocárdica detetados por ressonância magnética cardíaca (RMC).

O objetivo primário deste estudo piloto, observacional, prospetivo e de centro único, consiste na avaliação da fibrose miocárdica em dois grupos de doentes com insuficiência cardíaca (fração de ejeção reduzida e fração de ejeção preservada), através de 68Ga-FAPI PET/CT, comparando a captação deste radiofármaco com as alterações na RMC. Como objetivos secundários, pretende correlacionar a carga de fibrose miocárdica com marcadores séricos de doença cardíaca e com eventos cardiovasculares.

Opinião
O mês de fevereiro é um momento de reflexão sobre a saúde e o bem-estar dos doentes em todo o mundo,

O carcinoma hepatocelular é um tipo de cancro que tem origem nos hepatócitos, as células principais que constituem o fígado. Representa cerca de 75% dos casos de cancro primário do fígado em adultos, tornando-se um tema central no âmbito da saúde hepática. A sua prevalência é maior em regiões onde doenças crónicas do fígado, como a hepatite B e C, são mais comuns. Contudo, fatores como o consumo excessivo de álcool, obesidade, diabetes e a esteatose hepática não-alcoólica também contribuem significativamente para o aumento do risco.

O fígado desempenha funções essenciais para a vida, incluindo a produção de proteínas, a desintoxicação do organismo e o armazenamento de nutrientes. Assim, o diagnóstico de carcinoma hepatocelular traz consigo desafios significativos para os doentes, tanto a nível físico como emocional. Os sintomas na maioria das vezes aparecem tardiamente, incluindo perda de peso inexplicada, dor abdominal, icterícia e fadiga. Este atraso no diagnóstico sublinha a importância de campanhas de sensibilização, especialmente em populações de risco, sendo o rastreio, que deve ser realizado de forma sistemática nesses casos, a única forma de tornar possível o diagnóstico precoce.

O tratamento do carcinoma hepatocelular depende do estádio da doença, da saúde geral do doente e da função hepática. As opções podem incluir cirurgia, terapias locorregionais (como a ablação por radiofrequência e a quimioembolização trans-arterial) e terapias-alvo, nomeadamente a imunoterapia. Em casos mais avançados, o transplante hepático pode ser a única solução viável. No entanto, a acessibilidade e a eficácia dos tratamentos variam.

A vivência com um diagnóstico de carcinoma hepatocelular é um percurso desafiante. Para além das dificuldades físicas impostas pela doença e pelos tratamentos, os doentes enfrentam frequentemente um impacto significativo no seu bem-estar psicológico e social. Neste contexto, o apoio multidisciplinar, que inclui médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e grupos de apoio, é fundamental para melhorar a qualidade de vida.

No Dia Mundial do Cancro e no Dia Mundial do Doente, é crucial reforçar a importância de políticas de saúde que promovam o diagnóstico precoce, o acesso equitativo aos tratamentos e o apoio integral aos doentes e suas famílias. Estas datas lembram-nos da necessidade de continuar a investir em investigação, prevenção e educação, para que, juntos, possamos combater o impacto devastador do cancro do fígado e garantir uma abordagem mais humana e solidária na gestão da doença.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Duas novas campanhas até 15 de fevereiro
No âmbito do Dia Internacional da Síndrome de Angelman (DISA), que se assinala a 15 de fevereiro, a Associação ANGEL Portugal...

A ANGEL Portugal lança, hoje, uma campanha de imprensa com o mote “Já sorriu hoje?” e, no dia 10 de fevereiro, uma ação solidária nos ATMs com o slogan “Doenças raras merecem gestos raros!”, convidando-se o público, respetivamente, a conhecer melhor a Síndrome de Angelman (SA) e a contribuir para os projetos de apoio direto às famílias e de investigação que a Associação promove ativamente.

Através destas campanhas, pretende-se não só sensibilizar a sociedade para a realidade das famílias, mas também angariar fundos para projetos de apoio direto às mesmas e de investigação científica na área da SA.

Com presença garantida desde hoje e até 15 de fevereiro, em diversos meios de comunicação social, a campanha “Já sorriu hoje?” destaca o sorriso constante das pessoas com SA. Mais do que uma expressão facial, esse sorriso reflete a sua personalidade facilmente excitável, uma das características mais marcantes da Síndrome de Angelman.

Entre 10 e 15 de fevereiro a ANGEL Portugal beneficiará da campanha Ser Solidário, promovida com a SIBS, permitindo donativos através de um QR Code no ecrã das caixas automáticas (ATMs) da rede Multibanco, que remete para o MB WAY. Esta iniciativa oferece ao público uma forma simples e acessível de apoiar a associação e os seus programas, reforçando a importância da solidariedade para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com SA.

Recorde-se que desde o início de fevereiro e por ocasião do DISA, a ANGEL Portugal tem estado a promover os seguintes conjuntos de iniciativas de sensibilização pública, para aumentar o conhecimento sobre a Síndrome de Angelman e melhorar o apoio prestado às famílias:

Unidades de Saúde – “Síndrome de Angelman, sabe o que é?” Exibição de um vídeo informativo em hospitais e centros de saúde, que foram desafiados para sensibilizar profissionais e utentes sobre os sintomas e desafios da SA.

Balcões de Inclusão – Informação partilhada e acessível para promover um apoio mais eficaz. Divulgação de vídeo e de materiais informativos nos Balcões de Inclusão, para garantir um melhor encaminhamento das famílias para os apoios adequados para casos de SA.

Divulgação em meios de comunicação e espaços públicos (Out of Home) O vídeo informativo da ANGEL Portugal exibido em centros comerciais, espaços empresariais, ginásios e outros, como o exemplo de Meio que possui suportes em hospitais particulares, alcançando um público alargado.

Além destas iniciativas, que envolvem várias dezenas de entidades aderentes, com potencial para alcançar e sensibilizar milhares de pessoas nestas semanas que antecedem o DISA, a Associação convidou os Associados a fazer sessões de leitura do livro O Planeta dos Sorrisos - que pode ser adquirido na Loja Solidária, no site da ANGEL Portugal - em escolas ou centros de apoio à deficiência frequentados pelos seus filhos, e desafiou a comunidade e o público interessado a participar ativamente nas caminhadas solidárias promovidas.

Indústria famacêutica
A Recordati, anuncia a integração de Sónia Gonçalves como nova Diretora de Recursos Humanos em Portugal, sucedendo a Ana Teresa...

Sónia Gonçalves traz para a Recordati mais de duas décadas de experiência no setor de Recursos Humanos, destacando-se pela sua abordagem holística e estratégica. Licenciada em Psicologia e pós-graduada em Gestão da Mudança, tem ainda formação executiva em SROI e igualdade de género. A sua carreira inclui um papel relevante na criação e desenvolvimento da área de Sustentabilidade da Randstad Portugal, com impacto em 39 países, e uma forte contribuição para as estratégias de diversidade, inclusão e responsabilidade social da empresa.

“Estou entusiasmada por abraçar este desafio na Recordati e por poder contribuir para a continuidade do trabalho desenvolvido nesta organização de referência. Acredito que os recursos humanos desempenham um papel fundamental na criação de ambientes organizacionais sustentáveis, inclusivos e inovadores, e é com esse compromisso que inicio este novo ciclo”, declara Sónia Gonçalves.

Ana Teresa Porfírio, que liderou a gestão de Recursos Humanos da Recordati desde 2015, passa agora a desempenhar funções como Global HR Director para a unidade de negócio SPC – Specialty & Primary Care da Recordati SpA, sediada em Milão. Nesta nova função, Ana Porfírio irá fazer parte da equipa global de liderança da SPC, trabalhando de perto com os Responsáveis de Negócio e os Recursos Humanos, regionais e locais de cerca de 30 países e mais de 2.000 profissionais, facilitando a execução de estratégias e projetos de recursos humanos alinhados com os objetivos da companhia.

“Ao longo dos últimos anos, foi um privilégio contribuir para a evolução da Recordati e para o crescimento das nossas equipas. Deixo Portugal com a certeza de que o legado construído continuará a ser impulsionado por uma profissional de excelência como a Sónia Gonçalves”, afirma Ana Teresa Porfírio.

Com esta transição, a Recordati reforça o seu compromisso com a valorização dos seus profissionais e a continuidade de uma estratégia de desenvolvimento organizacional sólida e alinhada com os objetivos globais do grupo. A elevada qualidade, compromisso e dedicação dos recursos humanos são fatores essenciais para o sucesso da missão da companhia. Todos os colaboradores partilham os valores da empresa, promovendo uma cultura de rigor ético e científico, bem como de responsabilidade social, que reafirma a vocação da Recordati como uma empresa de referência no setor farmacêutico.

 

Associação Nacional de Centros de Diálise
Durante o mês de fevereiro, a Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) vai realizar sessões de esclarecimento sobre...

A iniciativa faz parte do lançamento do jogo educativo “À descoberta dos nossos rins”, desenvolvido pela Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), com o apoio da ANADIAL. Este recurso, disponibilizado gratuitamente a várias escolas do país, já chegou a cerca de 3.000 alunos e visa complementar os conteúdos curriculares relacionados com o estudo das funções vitais do corpo humano, em particular o sistema urinário.

Durante as sessões, profissionais de saúde irão apresentar o funcionamento do jogo e sensibilizar os alunos para a importância da prevenção da doença renal crónica. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre a doença e incentivar a sua prevenção desde a infância.

A doença renal crónica é uma doença provocada pela deterioração lenta e irreversível da função renal. Como consequência da perda de função, existe retenção no sangue de substâncias que normalmente seriam excretadas pelo rim, levando à acumulação de produtos metabólicos tóxicos no sangue (azotemia ou uremia). Doenças como a hipertensão arterial, diabetes e doenças hereditárias podem provocar lesões nos rins e causar insuficiência renal crónica. Nos estádios mais avançados, os portadores desta doença precisam de efetuar tratamentos de substituição da função renal regularmente, como a hemodiálise, a diálise peritoneal ou o transplante renal.

O jogo “À descoberta dos nossos rins” inclui um dossier completo com instruções, cartas de jogo, um póster educativo e fichas de atividades. Os materiais encontram-se disponíveis online, através do seguinte link: https://www.apir.org.pt/publicacoes/jogo-a-descoberta-dos-nossos-rins/

Conferência "Inovação e Criatividade na Saúde
Especialistas da indústria farmacêutica, pioneiros do empreendedorismo social e líderes do contexto clínico vão estar no Porto...

"Esta conferência pretende ser um espaço de reflexão e partilha sobre as tendências emergentes na saúde, promovendo um diálogo entre diferentes agentes do setor. Acreditamos que a inovação e a criatividade são fundamentais para a construção de soluções sustentáveis e eficazes para os desafios atuais da saúde", afirma o Paulo Alves, diretor da Escola de Enfermagem (Porto) da Universidade Católica Portuguesa.

A conferência tem como objetivo explorar como a inovação e a criatividade estão a redefinir o setor da saúde, desde o desenvolvimento de soluções tecnológicas até ao impacto do empreendedorismo social. Estão confirmadas as intervenções de representantes de organizações como AstraZeneca, Medtiles, Sonae MC, DivisionCare e Instituto Português da Afasia, entre outros.

O programa inclui quatro sessões temáticas que abordarão a inovação na indústria da saúde, a acessibilidade e sustentabilidade nos cuidados de saúde, o papel do empreendedorismo social e o impacto da educação transformadora. Na conferência serão também destacados os projetos inovadores desenvolvidos por estudantes da Escola de Enfermagem (Porto), reforçando o compromisso da academia na formação de profissionais preparados para liderar a mudança no setor.

A participação no evento é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia.

Mais informações: Conferência "Inovação e Criatividade na Saúde: Novas Fronteiras e Impactos Reais" | Escola de Enfermagem (Porto) - Católica

 

Opinião
O cancro não é apenas uma doença.

Com a sua sombra a pairar sobre milhões de pessoas em todo o mundo, o cancro é um dos principais flagelos da humanidade. No entanto, nunca estivemos tão bem preparados para o combater. Entre estatísticas alarmantes e avanços promissores, Portugal e o mundo enfrentam esta batalha de forma cada vez mais eficaz. Mas será suficiente?

 

O Peso dos Números: A Epidemia do Século XXI

O cancro é uma das principais causas de morte a nível mundial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 registaram-se mais de 19,3 milhões de novos casos e quase 10 milhões de mortes associadas à doença. Até 2040, estima-se que o número de diagnósticos possa ultrapassar 30 milhões por ano.

Em Portugal, o cenário não é menos preocupante. Dados do Registo Oncológico Nacional apontam para cerca de 60 mil novos casos de cancro por ano, sendo os mais comuns o cancro do cólon e reto, mama, pulmão e próstata. Destes, aproximadamente 28 mil resultam em morte, tornando-se a segunda principal causa de morte no país, logo a seguir às doenças cardiovasculares.

Os números são avassaladores, mas escondem uma verdade essencial: por trás de cada estatística há uma história, uma família afetada, uma batalha travada muitas vezes em silêncio.

 

O Cancro Infantil: Uma Realidade Chocante em Portugal

Portugal enfrenta uma triste realidade que deveria envergonhar-nos enquanto sociedade. Somos o país da União Europeia com a maior incidência de cancro infantil. Todos os anos, cerca de 400 crianças e adolescentes são diagnosticados com cancro, um número que, embora pequeno face aos casos em adultos, tem um impacto devastador.

As causas para esta elevada incidência ainda não são completamente compreendidas. Fatores ambientais, exposição a químicos e até predisposição genética podem desempenhar um papel. O que sabemos é que a investigação e o investimento em novos tratamentos são essenciais para inverter esta tendência.

Felizmente, cerca de 80% das crianças diagnosticadas com cancro conseguem sobreviver, um reflexo dos avanços na oncologia pediátrica. No entanto, a cura muitas vezes vem acompanhada de sequelas físicas e emocionais que perduram para toda a vida.

A Ciência Contra-ataca: O Progresso no Combate ao Cancro

Se há algumas décadas o diagnóstico de cancro era quase uma sentença de morte, hoje a ciência tem reescrito essa narrativa. Os avanços são inegáveis:

· Taxas de sobrevivência: Em países com bons sistemas de saúde, mais de 50% dos doentes oncológicos sobrevivem por pelo menos cinco anos após o diagnóstico. Em certos tipos de cancro, como o da mama, próstata ou testículo, esse número ultrapassa os 90%.

· Terapias personalizadas: A oncologia de precisão permite que os tratamentos sejam ajustados ao perfil genético de cada tumor, aumentando a eficácia e reduzindo os efeitos secundários.

· Imunoterapia: Esta abordagem revolucionária estimula o sistema imunitário a combater as células cancerígenas. Em cancros agressivos, como o melanoma metastático, a imunoterapia já permitiu prolongar a vida de doentes que, há poucos anos, teriam poucas opções.

· Terapias-alvo e nanotecnologia: Com técnicas cada vez mais sofisticadas, é possível atingir apenas as células tumorais, poupando os tecidos saudáveis e reduzindo a toxicidade dos tratamentos.

Mas há uma inovação que merece destaque: as vacinas contra o cancro.

 

Vacinas contra o Cancro: Um Sonho Cada Vez Mais Próximo

A palavra "vacina" remete-nos para a prevenção de doenças como o sarampo ou a gripe, mas a ciência está a alargar essa definição. As vacinas terapêuticas contra o cancro já são uma realidade, e Portugal está na linha da frente deste desenvolvimento.

Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto encontra-se a desenvolver um protótipo de vacina inovadora baseada em açúcares presentes nas células tumorais. O objetivo? Ensinar o sistema imunitário a reconhecer e destruir as células cancerígenas, prevenindo a recidiva da doença.

Se tudo correr como previsto, esta vacina poderá ser testada em humanos dentro de cinco anos. Com financiamento adequado e apoio da comunidade científica, Portugal poderá estar prestes a dar um contributo crucial na luta contra o cancro.

 

A Prevenção: A Primeira Arma nesta Guerra

Por muito que a ciência avance, há uma verdade incontornável: 40% dos casos de cancro podem ser evitados com mudanças no estilo de vida. Sim, o cancro não é apenas uma questão genética ou uma fatalidade inevitável. Há fatores que estão ao nosso alcance:

· Tabaco: O tabagismo é responsável por cerca de 22% das mortes por cancro. Quem fuma tem um risco 15 a 30 vezes maior de desenvolver cancro do pulmão.

· Alimentação: O consumo excessivo de carnes processadas, açúcar e gorduras trans aumenta significativamente o risco de vários tipos de cancro.

· Sedentarismo: O exercício físico regular reduz o risco de cancro da mama e do cólon em até 25%.

· Álcool: O consumo excessivo está diretamente ligado a cancros da boca, fígado, esófago e mama.

· Exposição solar: O cancro da pele é um dos mais evitáveis. O uso de protetor solar e a moderação na exposição ao sol podem reduzir drasticamente o risco.

A prevenção não é um luxo, é uma necessidade. O cancro não escolhe idades, géneros ou classes sociais. Mas podemos, com pequenas mudanças, reduzir significativamente as nossas hipóteses de sermos apanhados por ele.

 

Conclusão: A Luta Contra o Cancro é de Todos Nós

O cancro não é apenas um problema médico. É um problema humano. É um pai que deixa os filhos demasiado cedo. É uma criança que perde a infância entre hospitais. É uma família que vê a sua vida virar do avesso.

Neste Dia Mundial do Cancro, a pergunta que devemos fazer não é "o que a ciência pode fazer por nós?", mas sim "o que podemos nós fazer por esta causa?".

· Podemos ser mais conscientes e apostar na prevenção.

· Podemos apoiar a investigação, porque sem ela, não há cura.

· Podemos exigir melhores políticas de saúde e rastreios mais acessíveis.

· Podemos estar ao lado daqueles que enfrentam esta luta, oferecendo-lhes apoio, compreensão e dignidade.

A luta contra o cancro não é apenas dos médicos, dos investigadores ou dos doentes. É de todos nós.

E, juntos, podemos fazer a diferença.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Um novo estudo, co-liderado por uma investigadora da Fundação Champalimaud, aponta potenciais terapias para prevenir o...
Uma equipa internacional, co-liderada por Adriana Sánchez-Danés, investigadora principal do Laboratório de Biologia do Cancro e das Células Estaminais da Fundação Champalimaud, em Lisboa, demonstrou pela primeira vez o importante papel da Survivina – uma proteína que tem funções chave na regulação da divisão celular e na inibição da apoptose (morte celular programada) – na iniciação e formação do carcinoma basocelular, ou basalioma, o mais comum cancro da pele humano. Os seus resultados acabam de ser publicados na edição impressa de 8 de janeiro de 2025 da revista Cell Discovery.
 
“O carcinoma basocelular é, de longe, o cancro de pele mais frequente nos seres humanos”, diz Sánchez-Danés. “Todos nós conhecemos pessoas que já tiveram um cancro deste tipo, quando não fomos nós próprios.” O carcinoma basocelular raramente metastiza e é normalmente tratado com uma simples cirurgia. Mas também pode, em alguns casos, tornar-se metastático ou localmente muito agressivo. “É por isso que é tão importante compreender as diferentes fases e etapas que levam à formação, bem como à progressão desta doença”, acrescenta a investigadora.
 
Em 2016, Sánchez-Danés – também em colaboração com o coautor do novo estudo Cédric Blanplain, da Universidade Livre de Bruxelas – publicou um estudo na Nature que mostrava que as células estaminais da pele dão origem ao carcinoma basocelular, mas não outras células, chamadas células progenitoras, que são as descendentes imediatas das células estaminais.
 
Isso levou estes investigadores a analisar mais em pormenor o que está na origem dessa diferença no potencial de iniciação do cancro. “A nova questão era: quais são os mecanismos que medeiam a competência para a iniciação do cancro nas células estaminais, mas não nas células progenitoras? Existem mecanismos específicos nas células estaminais que as tornam competentes?”, explica Sánchez-Danés.
 
Para responder a esta questão, a equipa realizou, em modelos animais, um “perfil transcricional” de células da pele, estaminais e progenitoras, que expressavam oncogenes. Mais precisamente, os investigadores compararam os genes activos nas células estaminais e progenitoras da pele de ratinho cujos genes causadores de cancro tinham sido activados. E conseguiram assim identificar vários genes cuja expressão estava aumentada nas células estaminais activadas. Foi assim que deram com... o gene da Survivina, também conhecido por BIRC5. “Esse foi o gene que mais nos chamou a atenção”, diz Sánchez-Danés.
 
Desvendar os mecanismos de iniciação e progressão do carcinoma basocelular
De facto, o gene da Survivina encontra-se sobre-expressado em muitos dos cancros humanos – tais como o do pulmão, do pâncreas e da mama –, em relação aos tecidos normais; e é um gene anti-apoptótico (pró-sobrevivência) que desempenha um papel fundamental durante a divisão celular. “Em seguida, quisemos perceber se a expressão do gene da Survivina nas células estaminais activadas estava a desencadear a sobrevivência dessas células e o aumento da sua proliferação, resultando num carcinoma basocelular”, explica ainda a investigadora.
 
Para determinar se a Survivina desempenha realmente um papel na iniciação – e formação – do carcinoma basocelular nas células estaminais, a equipa decidiu eliminar o gene da Survivina nas células estaminais de ratinhos geneticamente manipulados após a ativação dos genes causadores de cancro. A sua hipótese era que, se a Survivina fosse necessária para a formação de tumores, a sua eliminação tornaria as células estaminais incapazes de gerar um tumor. E foi exatamente isso que se verificou.
 
A questão seguinte que a equipa colocou foi: será que a sobre-expressão do gene da Survivina iria também tornar as células progenitoras capazes de iniciar um tumor? “Para isso, criámos um novo modelo genético de ratinho que nos permitiu sobre-expressar o gene da Survivina”, diz Sánchez-Danés. O que efectivamente tornou as células progenitoras capazes de criar carcinomas basocelulares. A sobre-expressão do gene da Survivina desencadeou a proliferação dessas progenitoras e, ao mesmo tempo, impediu a apoptose e a diferenciação, levando à formação do cancro.
 
Por outro lado, os investigadores também descobriram que a inibição da Survivina em lesões pré-neoplásicas, utilizando inibidores desta proteína, impedia a conversão das lesões em tumores invasivos. “Isto mostrou que a Survivina é necessária não só para a iniciação e a formação de lesões pré-neoplásicas, mas também para a sua conversão em cancro invasivo”, salienta Sánchez-Danés.
 
“Já foi demonstrado que a sobre-expressão do gene da Survivina, que se verifica em muitos tumores humanos, é importante para o crescimento e manutenção do tumor. Mas esta é a primeira vez que é descrito o seu papel na iniciação do tumor”, sublinha Sánchez-Danés. “Além disso, a descoberta de que a Survivina é necessária para a conversão de lesões pré-neoplásicas em tumores invasivos é relevante, uma vez que pode ser explorada terapeuticamente.”
 
Potencial terapêutico
De facto, os resultados têm potenciais implicações terapêuticas, uma vez que vários inibidores da Survivina têm sido desenvolvidos e estão atualmente a ser testados em ensaios clínicos. “Os nossos dados também mostram que a administração a curto prazo de um inibidor da Survivina leva à diminuição e eliminação de lesões pré-neoplásicas e previne a progressão do carcinoma basocelular”, escrevem os investigadores.
 
No entanto, o inibidor da Survivina neste estudo era algo tóxico para os animais. “Isto levou-nos a encontrar uma estratégia alternativa”, diz Sánchez-Danés. “Em vez de utilizarmos um inibidor da Survivina, recorremos a um inibidor de uma proteína chamada SGK1 (“serum and glucocorticoid-regulated kinase 1 em inglês), que também impediu que as lesões pré-neoplásicas evoluíssem para um tumor.”
 
Recentemente, foram desenvolvidos e descritos vários inibidores da SGK1 que, isoladamente ou em combinação com outras opções de tratamento, conduzem à redução do tumor numa variedade de tipos de cancro, observam os autores no seu artigo. “Os nossos dados mostram que a inibição da SGK1 pode prevenir a conversão de lesões pré-neoplásicas em tumores invasivos, representando uma alternativa à utilização de inibidores da Survivina na prevenção da progressão do carcinoma basocelular”.
 
Na verdade, ambas as estratégias poderiam, em princípio, ser utilizadas em seres humanos, porque os inibidores da Survivina poderiam ser aplicados na pele sob a forma de creme, tendo portanto menos efeitos secundários do que a administração sistémica de um fármaco, como foi o caso no estudo com os modelos experimentais de ratinhos.
 
“O nosso principal resultado é que a Survivina pode ajudar-nos, no futuro, a evitar a geração de carcinomas basocelulares invasivos”, afirma Sánchez-Danés.
 
“Para mim, a parte mais interessante do nosso estudo foi descobrir que a Survivina também pode induzir células que são resistentes à formação de cancro a tornarem-se competentes nesse sentido”, conclui. “É uma mensagem muito forte. Não tínhamos a certeza se seria esse o caso quando começámos o projecto, mas acabou por ser verdade. Foi uma descoberta entusiasmante”.

 

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