Iniciativas que transformam a experiência do doente
Lidar com uma doença nunca é tarefa fácil. Mas os projetos vencedores da 4ª edição dos Prémios Humanizar a Saúde, uma...

Otimizar as vagas hospitalares, reduzir o risco de infeções e sobretudo proporcionar um ambiente mais acolhedor e familiar a crianças e jovens dos concelhos da Amadora e de Sintra é o objetivo do projeto ‘Hospitalização Domiciliária Pediátrica’, uma iniciativa da Fundação do Gil, desenvolvido em parceria com o Hospital Prof. Dr. Fernando da Fonseca, que visa oferecer uma alternativa ao internamento convencional.

Da lista faz também parte uma iniciativa que tem os idosos como público-alvo: o projeto ‘+ Saúde’, da Associação Mais Proximidade, que tem como objetivo facilitar o acesso aos cuidados de saúde a pessoas idosas em situação de isolamento e solidão. São, ao todo, já 120 idosos da freguesia de Santa Maria Maior que beneficiam desta ideia, que se traduz no acompanhamento a consultas e exames, na organização de medicação, visitas domiciliárias e sessões de apoio psicológico.

Aulas de pilates, biodanza social e terapia com cavalos, bem como apoio psicológico individual e em grupo são algumas das atividades disponibilizadas por outro dos vencedores, o projeto ‘Cuidar+’, da AAPC – Associação de Apoio a Pessoas com Cancro, uma iniciativa que tem como foco a saúde mental e bem-estar físico e social de doentes oncológicos no distrito do Porto.

Reduzir as idas constantes ao hospital é o que pretende o projeto ‘Porta A Porta - Alimentação Parentérica Entregue no Domicílio’, da Unidade Local de Saúde de S. José, outro dos vencedores, com uma iniciativa que permite que crianças com síndrome do intestino curto recebam a alimentação parentérica e o material de consumo clínico necessário diretamente em casa.

Finalmente, os Prémios chegam a Mogadouro, tendo sido atribuído ao ‘Serviço de Apoio Domiciliário à Demência’ da Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro devido aos cuidados que presta no domicílio à pessoa com demência e ao seu cuidador, gratuitos e personalizados. Uma ação que oferece uma abordagem integrada, com avaliação, diagnóstico e intervenção contínuos, promovendo a saúde e o bem-estar dos doentes e cuidadores.

É a quarta vez que os Prémios Humanizar a Saúde são entregues e, uma vez mais, refere Marta Gonzalez Casal, Diretora Geral da Teva Portugal, “estes prémios são um exemplo claro do empenho da Teva em melhorar a saúde dos nossos doentes, uma vez que confirmam que, com inovação e dedicação, podemos criar um ambiente mais acolhedor e solidário, onde cada indivíduo recebe o cuidado e a atenção que merece. É disso que se trata quando falamos na humanização dos cuidados de saúde”.

Na edição do ano passado foram atribuídos prémios num total de 25.000 euros às seguintes iniciativas: “Programa de visitas de palhaços a hospitais com serviços oncológicos pediátricos”, da Operação Nariz vermelho; “Palhaços d’Opital”, pioneira na Europa a levar o trabalho e missão dos Doutores Palhaços a adultos e com foco nos idosos, em ambiente hospitalar; “Sol de Afectos”, da SOL – Associação de Apoio às Crianças Infetadas pelo VIH/SIDA, para criação de um espaço para os progenitores/cuidadores partilharem as suas vivências; “Unidade Móvel – Saúde de Proximidade”, da Liga dos Amigos do Centro de Saúde de Alfândega da Fé; “Projeto Casulo”, da Associação Calioásis – Centro de bem-estar para crianças, jovens e suas famílias afetados pelo cancro, que visa a criação de um jardim no internamento do serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital de Coimbra.

No Mar Shopping Matosinhos
O MAR Shopping Matosinhos vai viver a quadra natalícia de uma forma mágica e solidária, reunindo a sua comunidade local num...

Segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro, é importante que uma pessoa com cancro tenha cuidados adicionais no seu dia a dia, nomeadamente fazer uma alimentação saudável e equilibrada, praticar exercício físico (desde que não haja contraindicação médica) e, dentro do possível, manter as atividades diárias. Quanto à alimentação, o organismo precisa de calorias suficientes para manter um peso adequado, bem como proteínas, para manter a força; comer bem pode ajudar os doentes a sentirem-se melhor e a ter mais energia. Desta consciência surge o projeto da AAPC especialmente direcionado para dar a conhecer aos seus cerca de 300 utentes uma alimentação mais saudável e apropriada à sua doença.

“A força anímica é essencial para pessoas que enfrentam o cancro ou que estão em recuperação. Por isso, há uma alimentação diferenciada que se deve fazer. Entendemos por isso apoiar esta causa da AAPC, cujo trabalho com esta população conhecemos, e que entendemos como essencial para o bem-estar dos utentes que a associação apoia e que são membros da nossa comunidade. Na identificação desta causa contamos com o apoio da ENTRAJUDA – Associação para o Apoio ao Desenvolvimento, com quem mantemos parceria no âmbito de diversos projetos de impacto social”, explica Sandra Monteiro, diretora do MAR Shopping Matosinhos.

“Com este projeto pretendemos, por um lado, sensibilizar a população em geral para a importância da alimentação equilibrada e aquisição de estilos de vida saudável para prevenir o aparecimento da doença oncológica, por outro, munir os doentes oncológicos de conhecimentos benéficos sobre a alimentação, capazes de melhorar a vivência da doença. O nosso projeto consiste em criar uma cozinha educativa onde possamos desenvolver palestras e showcookings abertos à população, dinamizados por diferentes profissionais ligados à saúde”, explica Dra. Susana Pires Duarte, diretora do Departamento Social da AAPC.

Espetáculos e chegada do Pai Natal

O Reino do Natal conta com 3 espetáculos, no palco interior do espaço de restauração (piso 0):

No dia 1 de dezembro chega o espetáculo “Ruca” com o protagonista da época: o Pai Natal! Um dos personagens preferidos dos mais novos, que sabem cantar: “Eu sou um rapazinho, embora pequenino, tenho muito tino, sou o Ruca…!”. O espetáculo é de entrada livre e conta com 2 sessões: uma sessão às 12h00, que conta com a chegada do Pai Natal, e uma segunda sessão às 16h00.

No dia 8 de dezembro, pelas 14h30, é a vez de subir ao palco a peça “Duendes em Apuros”. Esta peça transporta-nos para a véspera de Natal, no Polo Norte, onde os Duendes ajudantes do Pai Natal preparam tudo para o grande dia. Estão a construir uma máquina gigante que transportará as prendas diretamente para as chaminés, mas algo corre muito mal e um grande acidente acontece! Os ajudantes correm para explicar ao Pai Natal o que aconteceu, mas… onde está ele? Tocam os alarmes no Polo Norte! O Pai Natal desapareceu! Terão os duendes provocado o seu desaparecimento? E agora, quem vai salvar o Natal?

Finalmente, no dia 15 de dezembro, pelas 14h30, sobe ao palco o teatro familiar “Esta Vida de Rena”. E claro, ninguém melhor que o Rodolfo para ser o anfitrião nesta divertida peça, onde entram também duas grandes amigas renas que conhecem Rodolfo desde o tema da academia “Pai Natal – Ser ou não ser uma rena de Natal? Eis a questão”. Uma viagem cómica, mas também didática, que leva os mais pequenos a refletir sobre a diferença, o trabalho de equipa, o valor da amizade, afinal… sobre a vida!

 
Cirurgia durou 50 horas e contou com mais de 80 profissionais
Um homem pode piscar os olhos, engolir, sorrir e respirar pelo nariz pela primeira vez numa década, graças a um transplante de...

A vida de Derek Pfaff mudou para sempre a 5 de março de 2014, quando um trágico incidente durante os seus tempos de faculdade lhe deixou o rosto gravemente danificado por um ferimento de bala.

"Eu estava sob muita pressão na faculdade. Não me lembro de ter tomado a decisão de tirar a minha própria vida. Quando acordei no hospital, pensei inicialmente que tinha tido um acidente de viação”, conta.

Apesar de ter sido submetido a 58 cirurgias faciais reconstrutivas nos 10 anos que antecederam ser tratado pela Mayo Clinic, em Rochester, continuava a não conseguir comer alimentos sólidos ou falar casualmente com amigos e familiares. Usar óculos era impossível sem um nariz. Este transplante facial transformador na Mayo Clinic significa que agora este homem de 30 anos de Harbor Beach, no Michigan, pode novamente aperceber-se de todas as coisas que havido perdido. Também o levou a transformar-se num fervoroso defensor da prevenção do suicídio e planeia partilhar a sua história para encorajar outras pessoas que estão a lutar para obter ajuda.

"Vivi por uma razão. Quero ajudar os outros”, diz Pfaff. Estou muito grato ao meu dador, à sua família e à minha equipa de cuidados da Mayo Clinic por me terem dado esta segunda oportunidade”.

"O Centro de Transplantação da Mayo Clinic é o maior centro de transplantação integrado do mundo. Fomos o primeiro centro de transplantes do país a integrar o transplante facial na sua prática clínica. Isto permitiu-nos concentrar exclusivamente nas necessidades de cada doente”, afirma Hatem Amer, diretor médico do Programa de Transplante Reconstrutivo da Mayo Clinic.

Nos 19 anos que se seguiram ao primeiro transplante facial, foram efetuados mais de 50 em todo o mundo. As taxas de sobrevivência para este tipo de transplante são encorajadoras, de acordo com um estudo recente publicado no JAMA Surgery. A  Mayo Clinic realizou o seu primeiro transplante facial em 2016.

Como foi realizada a cirurgia

Os cirurgiões da  Mayo Clinic realizaram o transplante facial de Pfaff em fevereiro de 2024, num procedimento que durou mais de 50 horas e envolveu uma equipa médica de pelo menos 80 profissionais de saúde, entre cirurgiões, anestesistas, enfermeiros, técnicos, assistentes e outros especialistas.

Esta equipa multidisciplinar foi liderada por Samir Mardini, cirurgião de reconstrução facial e diretor cirúrgico do Programa de Transplante Reconstrutivo da Mayo Clinic. Mardini estima que 85% da face de Pfaff, incluindo a mandíbula e a maxila, foi reconstruída e substituída por tecido de dador.

Os cirurgiões planearam meticulosamente esta operação complexa ao longo de vários meses. Para garantir a precisão e o rigor, foi criado um plano cirúrgico digital com base em exames detalhados dos rostos do dador e do recetor, permitindo à equipa realizar a cirurgia digitalmente com antecedência. Foi também efetuado um mapeamento do nervo facial nos sistemas nervosos do dador e do recetor para compreender a função de cada nervo. Enquanto o aspeto digital assegurava a preparação, guias de corte personalizados impressos em 3D traduziam estes planos em ferramentas tangíveis a utilizar na sala de operações.

O transplante complexo exigiu a substituição de praticamente tudo o que se encontrava abaixo das sobrancelhas e parte da testa de Pfaff, incluindo as pálpebras superiores e inferiores e a gordura intra-orbital, os maxilares superior e inferior, os dentes, o nariz, a estrutura das bochechas, a pele do pescoço, o palato duro e partes do palato mole. Com base no mapeamento pré-operatório do nervo facial, um dos aspectos mais críticos da cirurgia de transplante facial era garantir que os delicados nervos faciais do dador e do recetor - 18 ramos entre os dois lados - fossem corretamente ligados para restaurar a função. Foi também utilizada uma nova técnica de microcirurgia para transplantar o sistema de drenagem das lágrimas do dador, permitindo que as lágrimas de Pfaff escorressem normalmente para o seu novo nariz. Agora, Pfaff pode expressar felicidade, tristeza, alegria e deceção através dos músculos e nervos faciais transplantados.

"A maioria dos transplantes de órgãos salva vidas. No caso do transplante facial, é uma operação que nos dá a vida”, explica Mardini.

A equipa médica incluiu especialistas das áreas da cirurgia plástica e reconstrutiva, transplantação, nefrologia, neurologia, oftalmologia, dermatologia, patologia, radiologia, cuidados intensivos, anestesia, psiquiatria, doenças infecciosas, histocompatibilidade, farmácia, enfermagem, serviço social, reabilitação e terapia da fala.

"Este transplante bem sucedido não teria sido possível sem esta generosa dádiva do dador e da sua família e sem a colaboração e a dedicação da equipa de cuidados”, acrescenta o cirurgião. 

“Falta de comunicação” do Governo e do Ministério da Saúde em relação às consequências da greve do INEM motivou a criação deste livro
O "Manual de Gestão de Riscos e de Resposta à Crise", disponível online e de forma gratuita , apresenta oito boas...

“O lançamento deste manual acontece num contexto crítico para o setor da saúde. Os recentes acontecimentos e as consequências fatais da greve do INEM sublinham a necessidade de um planeamento sólido em comunicação de crise”, explica Vânia Lima, diretora-geral da agência. “A falta de comunicação do Ministério da Saúde e de outras instituições evidencia a urgência de uma estratégia de comunicação proativa, especialmente em contextos de emergência e no relacionamento com o público e os stakeholders”. 

O manual oferece uma abordagem estruturada para crises, identificando as suas respetivas fases, desde a identificação dos potenciais riscos até ao pós-crise. Inclui ainda diretrizes para a formação de gabinetes de crise e aconselhamento de formação em media training. O objetivo é que as organizações de saúde estejam preparadas para enfrentar qualquer problema de reputação de forma coordenada, com mensagens-chave que transmitam segurança e empatia. 

“Não podemos deixar a saúde à mercê de respostas reativas e improvisadas”, continua Vânia Lima. “É fundamental que o setor adote protocolos bem definidos e treine os seus porta-vozes para comunicar com rapidez, transparência e empatia. Este manual é uma ferramenta de apoio para gestores de saúde em todos os níveis, capacitando-os para responder a crises e a fortalecer a confiança da população”. 

A agência de comunicação garante também que o manual será enviado aos Conselhos de Administração das Unidades Locais de Saúde nos próximos dias. “Sabemos que os hospitais têm poucos recursos e, em muitos casos, a comunicação não é uma prioridade. Esperamos que este ebook possa ser uma ferramenta para lidar de forma mais consciente, informada e sensibilizada com os problemas de imagem com que muitas destas ULS vivem”. 

A Onya Health espera vir a lançar, brevemente, outras ferramentas para o setor da saúde, como um manual de boas práticas na assessoria de imprensa ou como aproveitar as potencialidades das redes sociais.  

“Para já, queremos avaliar o feedback deste manual que, na nossa opinião, seria o tema mais urgente. A gestão de crises é uma responsabilidade inadiável que não só protege as organizações, mas, sobretudo, promove a segurança e a confiança do público”, termina a diretora-geral. 

Um dos maiores eventos dedicado à saúde oral
A necessidade de regular o papel dos influenciadores na promoção da Saúde e o problema da emigração dos jovens médicos...

Com mais de 4 mil participantes inscritos, 87 conferencistas nacionais e internacionais e 60 apresentações científicas, o Estado da Arte na medicina dentária mundial está reunido na Feira Internacional de Lisboa sob o mote ‘O Paciente no Centro da Medicina Dentária’.

“Os influenciadores e a emigração dos jovens são dois temas que estão na ordem do dia e no topo das preocupações da Ordem dos Médicos Dentistas. Os influenciadores têm uma responsabilidade muito grande pela mensagem que passam nas redes sociais. Os casos que temos conhecimento de tratamentos desadequados, mal realizados, sem qualquer acompanhamento, levam à questão se há ou não a necessidade de regular esta atividade”, questiona o bastonário Miguel Pavão, a propósito do painel: ‘Influencers e sua responsabilidade na promoção da saúde - um fenómeno a regular?’.

Quanto à emigração dos jovens profissionais, o bastonário reforça que este é um dos grandes problemas não só do setor da Saúde, mas também de muitas outras atividades em Portugal: “Há anos que alertamos para a emigração dos jovens médicos dentistas. Queremos continuar a desperdiçar os recursos do País, ao formar profissionais altamente qualificados para depois irem para o estrangeiro exercer? Queremos trazer alguma luz a estes dois tópicos de discussão”.

O 33º congresso conta ainda com uma das maiores edições da Expodentária, num espaço onde 118 empresas expositoras vão ocupar mais de 500 stands de exibição para mostrarem os mais recentes avanços tecnológicos e onde a Inteligência Artificial começa a ganhar cada vez maior preponderância.

Causas, sintomas e tratamento
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma condição respiratória progressiva e debilitante qu

O que é a DPOC?

A DPOC é caracterizada por uma obstrução persistente do fluxo de ar nos pulmões, dificultando a respiração. Esta obstrução é normalmente irreversível e está associada a duas condições principais:

  • Bronquite crónica: inflamação e estreitamento das vias aéreas, acompanhados de tosse crónica e produção excessiva de muco.
  • Enfisema pulmonar: destruição dos alvéolos, estruturas responsáveis pela troca de gases nos pulmões.

Ambas as condições podem coexistir e agravar-se com o tempo, especialmente se os fatores de risco não forem controlados.

Causas e Fatores de Risco

O principal fator de risco para a DPOC é o tabagismo. A exposição prolongada ao fumo do tabaco danifica os pulmões e reduz a sua capacidade de se regenerar. Mas, há outros fatores que elevam o risco de desenvolver a doença, entre eles: 

  • Exposição a poluentes atmosféricos e a fumos tóxicos, especialmente em ambientes laborais.
  • Histórico de infeções respiratórias frequentes durante a infância.
  • Predisposição genética, como a deficiência de alfa-1-antitripsina, uma condição rara que aumenta a vulnerabilidade pulmonar.

Sinais e Sintomas

Os sintomas da DPOC desenvolvem-se gradualmente e muitas vezes passam despercebidos nas fases iniciais. Entre eles incluem-se: 

  • Falta de ar (dispneia), especialmente durante o esforço físico.
  • Tosse crónica com ou sem expetoração.
  • Pieira e sensação de aperto torácico.
  • Fadiga e redução da capacidade para realizar atividades diárias.

Com a progressão da doença, os doentes  podem sofrer exacerbações graves, caracterizadas por um agravamento súbito dos sintomas, que podem ser fatais se não tratados rapidamente. 

Complicações da DPOC

A DPOC não afeta apenas os pulmões, podendo envolver vários sistemas do corpo. As principais complicações associadas são: 

  • Insuficiência respiratória crónica, que pode requerer oxigenoterapia.
  • Doenças cardiovasculares, como hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca.
  • Perda de massa muscular e desnutrição devido ao aumento do esforço respiratório.
  • Ansiedade e depressão, devido à limitação física e ao isolamento social.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico da DPOC baseia-se na história clínica do paciente, na exposição a fatores de risco e na realização de exames como a espirometria, que mede a capacidade pulmonar. Testes de imagem e análises laboratoriais podem ser usados para avaliar a gravidade e descartar outras condições.

Embora a DPOC não tenha cura, o tratamento pode aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e evitar a progressão da doença. As opções incluem:

  • Cessação tabágica: o passo mais importante para prevenir o agravamento.
  • Medicamentos broncodilatadores e corticosteroides: para abrir as vias aéreas e reduzir a inflamação.
  • Reabilitação pulmonar: programas que combinam exercícios físicos e educação para melhorar a capacidade funcional.
  • Em casos avançados, oxigenoterapia.

Prevenção

A prevenção da DPOC começa pela eliminação do tabagismo e pela redução da exposição a poluentes. Políticas de saúde pública que promovam o ar limpo e ambientes laborais seguros são fundamentais para reduzir a incidência da doença.

A consciencialização da população é, igualmente, crucial. Muitos casos de DPOC permanecem subdiagnosticados, o que impede um tratamento precoce e eficaz. 

 
Fontes: 
Sociedade Portuguesa de Pneumologia. DPOC. https://www.sppneumologia.pt/saude-publica/dpoc
Fundação Portuguesa do Pulmão. Apoio ao doente - DPOC. https://www.fundacaoportuguesadopulmao.org/apoio-ao-doente/dpoc#95
 
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dia 27 de novembro
A AADIC - Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca realiza no próximo dia 27 de novembro, a partir das 21h,...

Maria José Rebocho, cardiologista e membro do conselho técnico-científico da Associação, será responsável pela moderação deste evento, que será transmitido exclusivamente na página de Facebook e canal de Youtube da AADIC, e que conta com o apoio da Novartis.

Por que se diz que a Insuficiência Cardíaca é uma epidemia? O envelhecimento da população, a melhoria do tratamento do enfarte agudo do miocárdio e a insuficiência cardíaca já diagnosticada, com diminuição da mortalidade e um aumento da prevalência da doença são os fatores que levam os especialistas a considerar a Insuficiência Cardíaca como a epidemia do século XXI.

Prevendo-se um agravamento da prevalência desta síndrome para as próximas décadas, é necessário refletir sobre que medidas devem ser tomadas e adotadas para fazer face a este problema de saúde pública. É precisamente essa reflexão que a AADIC pretende fazer durante a sessão de esclarecimento “Insuficiência Cardíaca – A epidemia do séc. XXI: como prevenir?”, tendo para isso convidado dois especialistas.

Durante este webinar, Fátima Franco, cardiologista e coordenadora da Unidade de Insuficiência Cardíaca Avançada da ULS Coimbra, irá abordar o tema da importância do tratamento Hipertensão Arterial. "A hipertensão arterial bem como outros fatores de risco vascular são inimigos silenciosos do seu coração. Corrigi-los é essencial para prevenir o desenvolvimento de Insuficiência Cardíaca e garantir uma vida longa e saudável. Cuidar da pressão arterial, adotar hábitos de vida saudáveis e controlar fatores de risco é investir no seu coração e num futuro mais saudável e com maior longevidade", refere.

Por seu lado, Carlos Aguiar, cardiologista e diretor da Unidade de Insuficiência Cardíaca Avançada e Transplante Cardíaco do Hospital Santa Cruz (ULSLO), falará sobre a prevenção do enfarte do miocárdio. Neste âmbito, destaca que “a prevenção das doenças cardíacas tem vindo a evoluir nos últimos anos, em parte porque tem havido desenvolvimentos farmacológicos que a permitem. Aliás já existem terapêuticas específicas para isso, nomeameamente no que respeita ao tratamento e controlo de doenças consideradas fatores de risco como a hipertensão, a dislipidemia e colesterol”.

No final da sessão, haverá espaço para os especialistas responderem às questões e dúvidas que a assistência (doentes, cuidadores e público em geral) colocar ao longo da sessão. 

Lusíadas Sport estreia novo conceito na saúde privada em Portugal
A Lusíadas Saúde anuncia a abertura da Lusíadas Sport. O novo centro médico desportivo do Grupo direcionado para responder às...

Inspirado no desporto de alto rendimento, a Lusíadas Sport é um conceito inovador na área da saúde privada em Portugal que replica o caso de sucesso Vivalto Sport, implementado em França pela Vivalto Santé - um dos maiores players de saúde privada da Europa que a Lusíadas Saúde integra desde o final de 2022. O novo centro médico desportivo oferece um acompanhamento completo que se estende a todas as fases da prática desportiva – desde a prevenção e recuperação de lesões até ao aumento e otimização do rendimento desportivo. Com esse objetivo, o novo centro médico desportivo disponibiliza um acompanhamento multidisciplinar, adaptado a cada pessoa e assente em três áreas principais: medicina, fitness e performance.

Localizado em Lisboa, nas imediações do Hospital Lusíadas Lisboa, a Lusíadas Sport dispõe de três gabinetes de consulta e 11 para tratamentos, área de reabilitação, espaço dedicado a fitness e uma sala para aulas de grupo. A equipa multidisciplinar da Lusíadas Sport que integra o centro médico desportivo inclui cerca de 50 profissionais, distribuídos pelas áreas de medicina desportiva, fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala, fisiologia do exercício, personal trainers, nutrição e psicologia, entre outras valências, assegurando um suporte completo e especializado para cada cliente.

Segundo Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde, “o lançamento da Lusíadas Sport representa um passo significativo na expansão da nossa oferta de serviços de excelência, ajustados às necessidades dos portugueses e ao perfil de cada cliente. Queremos não apenas acompanhar, mas também antecipar a procura por cuidados especializados na área da medicina desportiva, proporcionando um acompanhamento integral e de qualidade, acessível a todos, independentemente das suas capacidades ou nível de prática desportiva. O nosso foco é o bem-estar em todas as suas dimensões – físico, mental e funcional – e acreditamos que com a Lusíadas Sport estamos a tornar esta abordagem integrada mais próxima de todos os que valorizam uma vida ativa e saudável”.

O centro médico desportivo disponibiliza consultas nas áreas de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) e Medicina Desportiva, com um enfoque especial na reabilitação músculo-esquelética, oncológica, respiratória e pediátrica, além da recuperação de lesões desportivas e reeducação postural. No âmbito da Fisioterapia, dispõe de programas de reabilitação ortopédica, neurológica, reumatológica e respiratória, incluindo cuidados de fisioterapia pediátrica e apoio especializado à saúde da mulher. Complementando esta oferta, o centro inclui ainda serviços de Terapia Ocupacional e da Fala, oferecendo um leque completo de terapias de reabilitação ajustadas a cada etapa do processo de recuperação e às necessidades de cada cliente.

Na zona do ginásio, os desportistas podem usufruir de programas de treino personalizados e aulas de grupo, com opções que variam entre Yoga, treinos localizados e sessões temáticas, além dos serviços de Personal Training. Todas as atividades são acompanhadas e supervisionadas por um Personal Trainer ou Fisiologista do Exercício, garantindo uma prática segura e ajustada aos objetivos individuais, promovendo uma abordagem que une saúde, bem-estar e performance.

Ana Preto e Andreia Valente receberam o "Basinnov Innovation Award 2024"
Um composto criado em Portugal é o primeiro descrito a bloquear as três principais mutações do gene mais frequente no cancro...

O projeto chama-se “TaMuK:Targeting Mutated KRAS”, está patenteado e deu os primeiros passos há cerca de dez anos, pelo grupo da investigadora Ana Preto, no Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho, e pelo grupo da investigadora Andreia Valente, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), a par de Helena Garcia e Paulo Costa (FCUL) e de Cristina Fillat, do Instituto de Investigações Biomédicas August Pi i Sunyer (Barcelona).

Esta equipa acaba de vencer a primeira edição do “Basinnov Innovation Award 2024”, tendo direito a 20 mil euros para aplicar em ensaios pré-clínicos e a serviços de mentoria da rede europeia de inovação em saúde EIT Health InnoStars. O prémio foi atribuído num evento satélite da Web Summit, em Lisboa, pela biotecnológica Basinnov Life Sciences, pelo Gulbenkian Institute for Molecular Medicine e pela EIT Health InnoStars. A iniciativa visa distinguir uma inovação na oncologia e imunoterapia com grande relevo científico, terapêutico e de potencial aplicação na farmacêutica.

O novo composto designa-se PMC79, é baseado no metal ruténio e atua como uma espécie de “bala mágica” em mutações do gene KRAS, ligado ao desenvolvimento de vários cancros, como o colorretal e do pâncreas. “O nosso composto é o primeiro capaz de inibir especificamente três das mutações mais frequentes do KRAS (G12D, G12V e G13D), sendo o único a inibir a G12V, sem afetar a proteína normal, tanto in vitro em células de cancro no laboratório como in vivo em modelos de ratinhos com cancro”, explicam Ana Preto e Andreia Valente.

“Este prémio é um exemplo de que a investigação básica é indispensável e impactante para o desenvolvimento de novos fármacos e sua possível aplicação clínica”, acrescentam as investigadoras. Nas últimas décadas foram feitos vários estudos para se atuar no gene KRAS, então considerado “invencível” ou “não tratável”. Recentemente, surgiram no mercado alguns inibidores, mas de eficácia limitada nos cancros colorretal e do pâncreas, no qual o PMC79 parece promissor.

Associação Portuguesa de Fertilidade saúda medida anunciada pelo Governo
A Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade) congratula o anúncio pelo Governo da atualização para 90% da taxa de...

O anúncio foi feito durante a discussão sobre o Orçamento do Estado para 2025. A secretária de Estado da Saúde informou que está "praticamente finalizada” a portaria que vai aumentar a taxa de comparticipação destes medicamentos. Além disso, Ana Povo adiantou que haverá uma comparticipação de 69% nas terapêuticas destinadas a pessoas com endometriose. 

A taxa de comparticipação dos medicamentos destinados à fertilidade estava fixada em 69%, um valor que a associação considerava insuficiente face ao crescente número de casos e à importância do acesso a tratamentos eficazes e acessíveis para os casais afetados. 

A última atualização da taxa tinha ocorrido a 01 de junho de 2009, com o apoio do Estado a subir de 37% para 69%. “Foi um avanço importante. No entanto, o número de casos de infertilidade continua a aumentar e, apesar de chegar tarde, esta atualização em 90% é essencial para estas pessoas”, sublinha a presidente da associação, Cláudia Vieira. 

Com o aumento do custo de vida, a presidente da APFertilidade destaca que “as despesas com os medicamentos têm representado um fardo financeiro pesado para muitos casais, que precisam frequentemente de recorrer a várias tentativas de tratamento, muitas vezes sem sucesso imediato”. 

Cláudia Vieira relembra ainda que o acesso aos tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA) continua a ser desigual no país: os cidadãos do Alentejo e Algarve continuam a percorrer centenas de quilómetros para procurar ajuda nos centros públicos localizados nas zonas de Lisboa, Centro e Norte do país. “O aumento da taxa de comparticipação dos medicamentos vai ser uma medida relevante para atenuar o esforço financeiro destas pessoas”, considera. 

A APFertilidade tem vindo a desenvolver esforços para sensibilizar o Governo sobre a necessidade de olhar para a infertilidade como uma área prioritária. Em junho, alertou para a necessidade de alterar a lei de forma a preservar os embriões e gâmetas doados anonimamente e que seriam destruídos ao abrigo da lei de 2018. Em maio, pediu ao Governo que concluísse a regulamentação da gestação de substituição, parada há vários meses. 

De 28 a 30 de novembro
A Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) promove o XVII Congresso Nacional entre os dias 28 e 30 de...

Manuela Sousa, Presidente da Comissão Organizadora, a destaca a importância deste encontro, salientando que “serão três dias de troca de experiências e conhecimentos, apresentação dos melhores trabalhos científicos desenvolvidos, mas também de (re)encontros entre colegas”. 

Entre os temas centrais do Congresso, estará o debate sobre o impacto das alterações climáticas e das migrações nas doenças emergentes, a gestão de dados em saúde e as barreiras à inovação terapêutica. A humanização da Farmácia Hospitalar também será abordada, especialmente no contexto do crescente uso de tecnologias inovadoras, refletindo a adaptação do setor às novas realidades.

Outro tópico que vai estar em discussão é a especialização do Farmacêutico Hospitalar e o seu papel na transformação do Serviço Nacional de Saúde (SNS). "Vamos discutir os prós e contras da subespecialização do Farmacêutico Hospitalar e o impacto que isso pode ter na melhoria da prestação de cuidados de saúde", explica Manuela Sousa.

No último dia do Congresso, vão-se realizar três workshops, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento técnico-científico dos Farmacêuticos Hospitalares e Residentes, oferecendo uma oportunidade prática para o desenvolvimento de competências essenciais na prática farmacêutica.

Para Patrícia Cavaco, Presidente da Direção da APFH, “a realização deste evento é fundamental para o desenvolvimento contínuo da carreira do Farmacêutico Hospitalar, pois oferece uma oportunidade única de atualização científica e de networking entre profissionais”. “Aqui, os Farmacêuticos Hospitalares podem partilhar experiências, adquirir novos conhecimentos e, sobretudo, refletir sobre os desafios e oportunidades que moldarão o futuro da Farmácia Hospitalar. Esta é uma oportunidade ímpar de crescimento e inovação", conclui.

 
Saúde Masculina
A próstata é um órgão importante para o homem.

No entanto, à medida que os homens envelhecem este órgão pode tornar-se fonte de problemas, sendo a Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) e o Cancro da Próstata (CAP) as condições mais comuns.

É essencial que os homens percam o medo ou o desconforto de falar sobre a próstata. Consultar um urologista regularmente a partir dos 40 anos e fazer os exames recomendados são passos simples, mas cruciais, para detetar problemas precocemente. Lembre-se: a prevenção é sempre o melhor remédio. Mas será que os homens estão devidamente informados? A literacia em saúde é fundamental e é muito importante que os homens cuidem cada vez mais da sua saúde. O cancro da próstata é o 4º cancro com maior incidência no mundo e 2º cancro com maior incidência no homem. Em Portugal, dados de 2022 estimam que: em média, por ano, cerca 7529 homens são diagnosticados com cancro da próstata, mas que a maioria não irá falecer devido à doença.

O que é relevante saber?

A Hiperplasia Benigna da Próstata: quando começamos a “molhar as botas”.

Esta é uma das condições mais frequentes em homens com mais de 50 anos. Trata-se de um processo obstrutivo progressivo (nem sempre associado a um aumento de volume) que condiciona queixas urinárias. Embora seja uma doença benigna, pode interferir de forma significativa na qualidade de vida. O tratamento é normalmente feito através de medicamentos que são bastante eficazes, reservando-se os tratamentos invasivos, como a cirurgia, para os casos que não cedem ao tratamento médico. Ao contrário do que se pensa, estes tipos de cirurgias não removem a próstata, mas apenas a sua parte interna, permitindo ao doente retomar o seu fluxo urinário. Ou seja, a próstata continua lá e outras doenças, como o cancro, podem na mesma aparecer.

No cancro da Próstata: o diagnóstico precoce salva vidas.

Este é o cancro mais comum entre os homens e a segunda causa de morte por cancro, pelo que a sua deteção precoce é fundamental. Na fase inicial, costuma ser assintomático, o que reforça a importância de rastreios regulares a partir dos 40-50 anos, dependendo da história familiar e de outros fatores de risco.

Quando diagnosticado em estádio inicial, o cancro da próstata pode ser tratado de forma curativa, seja com cirurgia, radioterapia externa ou braquiterapia. Tem-se verificado um interesse crescente nos tratamentos focais, muito menos invasivos e cada vez mais utilizados. Nos casos de doença metastizada, embora não haja cura, avanços recentes como novas terapias hormonais e novos medicamentos, têm transformado o cancro da próstata numa doença crónica. Estes tratamentos aumentam significativamente a sobrevivência e melhoram a qualidade de vida dos doentes.

Por isso, se é homem e já tem mais de 40 lembre-se: a saúde masculina começa na prevenção; não espere pelos sintomas!

Dr. Carlos Rabaça
Diretor do Serviço de Urologia do IPO de Coimbra
Presidente da Sociedade Portuguesa de Urologia Oncológica
Docente da Faculdade de Medicina de Coimbra

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Investigação da Universidade de Coimbra
Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) identificou novos biomarcadores – indicadores presentes no corpo...

No artigo Gut-first Parkinson’s disease is encoded by gut dysbiome, publicado na revista científica Molecular Neurodegeneration, a equipa liderada pela docente da Faculdade de Medicina da UC (FMUC) e investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CiBB), Sandra Morais Cardoso, e pelo investigador do CNC-UC e do CiBB, Nuno Empadinhas, demonstrou que o microbioma intestinal (conjunto de microrganismos que habitam o intestino) tipicamente alterado em pessoas com a doença de Parkinson, tem propriedades suficientes para desencadear alterações intestinais e sistémicas que levam ao surgimento de marcas neuropatológicas características desta doença.

Em estudos anteriores, os líderes desta investigação e as suas equipas já tinham demonstrado mecanismos pelos quais alguns casos da doença de Parkinson podem ter origem no intestino por disfunção crónica do seu microbioma. Nesta doença, alterações gastrointestinais como obstipação crónica são manifestações não motoras que frequentemente surgem anos antes dos sintomas motores. 

Neste novo estudo, além de confirmarem como a doença de Parkinson pode ser desencadeada no intestino, os investigadores identificaram “a presença de marcadores inflamatórios e de agregados da proteína alfa-sinucleína – o marcador cerebral clássico da doença –  no íleo (uma região do intestino delgado), que podem servir como biomarcadores da fase prodromal da doença, ou seja, da fase que indica etapas iniciais da doença no intestino, antes desta evoluir para o cérebro”, destaca Sandra Morais Cardoso.

Os investigadores analisaram as consequências da exposição crónica de ratinhos ao microbioma intestinal obtido de doentes com Parkinson. Esta transferência resultou em processos de inflamação exacerbada e na formação de agregados de alfa-sinucleína no intestino dos ratinhos, reações associadas à perda da integridade da barreira intestinal. Esta disfunção cumulativa levou a processos de inflamação sistémica crónica, e culminou em neuroinflamação. Tanto a neuroinflamação como a acumulação de alfa-sinucleína no cérebro contribuem para a perda de neurónios.

Ao conhecer este processo, os cientistas acreditam que, ao intervir nas alterações no intestino, será possível impedir que os seus efeitos avancem até ao cérebro, retardando assim a morte dos neurónios. “A deteção precoce de marcadores inflamatórios e agregados de alfa-sinucleína no intestino permitirá intervir antes que ocorram danos cerebrais significativos”, destacam os cientistas. “Esta antecipação não apenas facilita a realização de ensaios clínicos para testar intervenções capazes de impedir a progressão da doença, mas também oferece a esperança de atrasar ou até mesmo prevenir a manifestação dos sintomas neurológicos, melhorando, assim, a qualidade de vida de doentes e aliviando a carga social e económica associadas a esta condição de saúde”, acrescentam.

A equipa de investigação estudou, igualmente, amostras do íleo terminal retiradas por colonoscopia de doentes onde identificaram os mesmos biomarcadores. A análise destes dados revelou-se também promissora pois foi possível identificar marcas da manifestação da doença de Parkinson no intestino. Perante este resultado, Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas acreditam que “embora ainda não conheçamos em detalhe a combinação de micróbios e metabolitos que está na origem da disfunção do microbioma intestinal, a deteção de marcadores inflamatórios e agregados de alfa-sinucleína no íleo terminal através de colonoscopia com biópsia entre os 50 e 55 anos, permitirá identificar uma população de indivíduos com risco acrescido de desenvolver a doença”. “Esta abordagem permitir-nos-ia intervir precocemente e impedir a progressão até ao cérebro desta doença neurodegenerativa, atualmente incurável”, elucidam.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2024 mais de 10 milhões de pessoas vivem com a doença de Parkinson, enquanto em 2016 havia registo de 6,1 milhões de casos. “O número de novos casos da doença tem aumentado de forma alarmante, sendo já considerada uma pandemia. Estima-se que, até 2040, o número de novos casos anuais possa ultrapassar os 17 milhões”, contextualiza Sandra Morais Cardoso. Em Portugal, cerca de 20 mil pessoas vivem atualmente com a doença.

“Esta descoberta de novos biomarcadores pode desempenhar um papel vital na implementação de estratégias de prevenção, beneficiando doentes e a sociedade em geral”, partilham os cientistas. “Abre novos caminhos para futuras estratégias de diagnóstico que permitam a deteção da doença de Parkinson em fases precoces, uma meta tangível com o esforço e colaboração de diversas áreas da medicina, sinergia que foi aliás fundamental a este estudo interdisciplinar, que envolveu neurocientistas, microbiologistas, neurologistas e gastroenterologistas da Universidade de Coimbra e do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) da Unidade Local de Saúde de Coimbra (ULS Coimbra)”, sublinham Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas. 

A partir dos resultados revelados neste estudo, os cientistas estão já a explorar novas linhas de investigação “que visam neutralizar o processo inflamatório no intestino, antes da propagação da doença de Parkinson para o cérebro”, avançam os investigadores. Os resultados preliminares “são promissores, indicando que estratégias como esta, de neutralização numa fase precoce, podem ter impacto significativo na modulação da inflamação intestinal, na preservação da integridade da barreira intestinal e bloqueio da propagação da doença para o cérebro”, revelam.

A investigação foi financiada por fundos da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e da Cure Parkinson's. Participaram neste estudo vários investigadores do CNC-UC, da FMUC, do Centro de Ecologia Funcional da UC, e também dos Serviços de Neurologia e de Gastroenterologia do CHUC – ULS Coimbra.

 
Rastreio na comunidade revela prevalência de osteoporose de 15%
Um estudo inédito realizado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) indica que 15% da população portuguesa...

Como explica Daniela Santos Oliveira, investigadora da FMUP, a prevalência de osteoporose encontrada neste estudo é superior à de um trabalho anterior (15% contra 10%), que não incluiu dados de densitometria óssea. A diferença é ainda mais acentuada no sexo masculino (13% contra apenas 3%).

“A osteoporose é menos frequente no sexo masculino, mas os homens com história prévia de fraturas e fatores de risco para esta condição podem ter aderido de forma mais ativa ao rastreio, tendo este sido voluntário e realizado na comunidade”, interpreta.

A autora principal deste estudo, cujos resultados foram publicados na revista científica ARP Rheumatology, sublinha que “esta foi a primeira vez que um estudo avaliou a prevalência da osteoporose e dos seus fatores de risco em Portugal, através de um rastreio nacional na comunidade, promovido pela Associação Portuguesa de Osteoporose, que decorreu entre outubro de 2022 e maio de 2023.

Ao todo, este estudo avaliou dados de 767 indivíduos, na sua maioria mulheres (74%), com uma média de idades de 58 anos de idade. A maioria tinha osteoporose ou estava em risco de desenvolver a doença.

Todos foram submetidos a uma densitometria óssea, um exame comum que mede a densidade dos ossos, permitindo identificar situações de perda de massa óssea, designadamente situações de osteopenia, precursora da osteoporose.

Cerca de um quarto dos indivíduos estudados tinha “história prévia de pelo menos uma fratura associada a trauma de baixo impacto e a fragilidade óssea”. Além disso, “mais de 10% dos indivíduos reportaram perda da altura ao longo do tempo, o que pode ser sugestivo de fraturas vertebrais”.

Como salienta Daniela Santos Oliveira, “o diagnóstico precoce é fundamental para prevenir perda de massa óssea e, consequentemente, futuras fraturas de fragilidade óssea”.

“Embora a densitometria óssea seja fundamental para o rastreio e diagnóstico da osteoporose, esta não deve ser considerada de forma isolada, dado que, mesmo com valores normais, mais de 25% dos indivíduos têm história de fratura de fragilidade óssea”, adverte Daniela Santos Oliveira, com base neste resultado.

Quanto aos fatores de risco, foram encontradas diferenças significativas também em função da idade (igual ou superior a 60 anos) e da história familiar de fratura da anca, nas pessoas com osteoporose ou osteopenia.

De acordo com Daniela Santos Oliveira, a osteoporose é “uma doença crónica silenciosa que deve ser considerada ao longo de toda a vida, sendo o acompanhamento médico regular fundamental para avaliar o risco individual”.

Atualmente, “recomenda-se o rastreio da osteoporose em todas as mulheres com mais de 50 anos após a menopausa, homens após os 70 anos e em indivíduos mais jovens, se existirem fraturas de fragilidade óssea ou fatores de risco, como história familiar, doenças crónicas específicas ou uso prolongado de certos medicamentos”.

O tratamento da osteoporose deve ser precoce e varia de acordo com a sua gravidade, fatores de risco individuais e condições de saúde. As medidas não farmacológicas incluem a cessação do consumo de álcool e de tabaco, a ingestão adequada de cálcio, proteínas e vitamina D, juntamente com a prática regular de exercício físico e a exposição solar adequada.

“Um dos principais focos deve ser a prevenção de fraturas através da redução do risco de quedas. Existem várias medidas simples que podem ajudar a diminuir esse risco, incluindo ajustes na habitação (como a remoção de tapetes) e o uso de calçado apropriado. Dependendo do risco de fratura, podem ser prescritos suplementos de cálcio e vitamina D e fármacos específicos para a osteoporose, como os bifosfonatos”, conclui.

6º Congresso Nacional da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP)
Com o objetivo de oferecer uma perspetiva multidisciplinar sobre as doenças metabólicas, com foco na diabetes e obesidade, o 6º...

"Este congresso reuniu um painel diverso de especialistas, incluindo nomes internacionais, com diferentes perspetivas e experiências no tratamento da diabetes. A partilha de conhecimento e a colaboração entre profissionais, impulsionadas por este evento, são cruciais para aprimorar os cuidados de saúde prestados às pessoas com diabetes e para uma melhor gestão da doença, tanto no presente, como no futuro", afirmou José Manuel Boavida, presidente da APDP.

No primeiro dia do congresso, a sessão “Além Fronteiras” contou com contributos de especialistas internacionais relevantes. A importância da empatia e do combate ao estigma foram temas centrais nestas intervenções, realçando a importância de uma abordagem humanizada no cuidado às pessoas com doenças metabólicas.

Partha Kar, médico consultor do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) expôs a estratégia do Reino Unido para implementar o acesso a tecnologias inovadoras de tratamento e monitorização da diabetes tipo 1, destacando a importância da confiança na evidência clínica e da empatia no cuidado ao doente. Bryan Cleal, investigador no Steno Diabetes Center, em Copenhaga, abordou a problemática do estigma associado à diabetes e o seu impacto na saúde mental e no mercado de trabalho. Já o médico canadiano David Macklin, especialista em Obesidade, destacou a importância do reconhecimento da obesidade enquanto doença crónica, sublinhando a necessidade de um tratamento adequado e isento de culpabilização.

“É muito gratificante podermos contribuir para um evento tão frutífero no que diz respeito à partilha de experiências entre países, mas também dentro do nosso próprio país”, explica Carolina Neves, endocrinologista na APDP, rematando: “Foram abordados os mais diversos temas, como a atual realidade da farmácia comunitária e a necessidade de novas estratégias, tendo em conta os novos desafios de abastecimento, mas também a importância de criarmos cidades saudáveis, uma tarefa que deve ser de todos”. Dos diferentes temas abordados no evento confirma-se a importância do papel da farmácia comunitária face aos desafios no abastecimento de medicação.

Além de uma sessão totalmente dedicada aos fundamentos e especificidades da abordagem à diabetes tipo 1, foi ainda apresentada a participação da APDP no projeto europeu EDENT1FI, que consiste na realização de rastreios à diabetes tipo 1 em crianças e jovens entre os 3 e os 17 anos. Até ao momento, já foram realizados mais de mil testes para avaliar o risco de DT1, mas o objetivo para Portugal é rastrear 10 mil crianças.

Em discussão estiveram ainda outros temas, como a relação entre o sono e a diabetes, a epigenética das doenças metabólicas, tendo em conta o impacto transgeracional, e a doença hepática não alcoólica como comorbilidade frequente da diabetes e obesidade. Destacaram-se ainda os desafios específicos da diabetes na mulher, considerando as diferentes fases da vida reprodutiva que colocam a mulher em maior risco e dificuldade de controlo.

Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica | 20 de novembro
Assinala-se a 20 de novembro o Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, com o objetivo de

Trata-se de uma doença que se caracteriza por uma obstrução das vias aéreas que limita o fluxo de ar para os pulmões. O fumo do tabaco é a principal causa. Cerca de 40-50% dos fumadores irão desenvolver a doença ao longo da vida. A cessação tabágica é a medida de prevenção mais eficaz!

A tosse com expetoração branca matinal (bronquite crónica) é um dos primeiros sintomas. Sintomas como a pieira (“gatinhos”) ocorrem porque os brônquios (as “canalizações” que levam o ar aos pulmões) ficam inflamados e mais estreitos que o habitual. Ao acontecer esta broncoconstrição também se torna para o doente mais difícil remover o ar dos pulmões durante a expiração, levando a que o tórax do doente fique insuflado e causando sensação de aperto por todo o peito. Além do problema nas vias aéreas, é frequente os doentes terem enfisema, ou seja, a destruição dos alvéolos pulmonares (pequenos “sacos” existentes no final das vias aéreas), onde ocorrem as trocas de oxigénio e dióxido de carbono. À medida que a doença avança surge a falta de ar, tipicamente progressiva e para esforços cada vez menores.

Podem ocorrer episódios abruptos de agravamento dos sintomas, designados de exacerbações. Estas podem ser desencadeados por infeções respiratórias, exposição a fumos, poeiras ou poluição. A sua prevenção é importante uma vez que a recuperação após cada episódio leva tempo, havendo perda da função pulmonar frequentemente irreversível.

Os doentes com DPOC têm maior risco de serem afetados por outras condições, como as doenças cardiovasculares, seguidas da ansiedade e depressão, que têm um grande impacto na qualidade de vida.

Não existe cura para a DPOC, mas existem tratamentos com o objetivo de controlar a sua evolução, aliviar os sintomas e reduzir o risco de exacerbações. Estes passam por medicação inalada (dilata e diminui a inflamação das vias áreas), reabilitação pulmonar (programas de exercícios para melhorar a respiração e aumentar a resistência física), oxigenoterapia (em casos avançados) e vacinação.

Existem hábitos que podem ser adotados para controlar a doença e a reduzir o impacto dos sintomas, nomeadamente:

  • O controlo da respiração: posições respiratórias e técnicas de conservação de energia e de relaxamento podem ajudar a diminuir a sensação de falta de ar.
  • A limpeza das vias respiratórias: beber muita água e realizar técnicas de tosse controlada podem ajudar na eliminação da expetoração.
  • A realização de exercício físico regular: manter a atividade física fortalece todos os músculos, incluindo os respiratórios, melhorando a autonomia e reduzindo o cansaço.
  • Manter uma alimentação saudável: tem um contributo significativo na gestão do peso e melhoria da qualidade de vida.
  • Evitar a poluição e o fumo: devem ser evitadas deslocações ao ar livre em alturas e locais de maior poluição, bem como deixar de fumar e evitar locais onde é permitido fazê-lo.
  • Consultar o médico regularmente: não deve faltar às suas consultas, mesmo que se sinta bem, devendo sempre informar o médico se sentir agravamento dos sintomas.

A DPOC pode ser limitante, mas o conhecimento sobre a doença e o autocuidado levam a caminhos de superação. Aprender a viver com a doença é uma jornada de consciencialização e resiliência, na qual a saúde respiratória se torna prioridade.

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Investigação da Mayo Clinic
Investigadores da Mayo Clinic desenvolveram uma estratégia de teste inovadora para o mesotelioma que pode ser capaz de aumentar...

Ao detetar estes padrões complexos de ADN, em vez de apenas mutações pontuais, o método poderá conduzir a um diagnóstico mais precoce e a novas possibilidades de terapias direcionadas.

Estamos a ultrapassar os limites do possível no que diz respeito à monitorização do sangue”, afirma Aaron Mansfield, oncologista e principal autor do estudo do Centro de Medicina Personalizada e do Centro de Cancro Integral da Mayo Clinic. A melhoria das taxas de deteção pode fornecer informações sobre a monitorização da resposta dos doentes à terapêutica e a deteção de recidivas após a cirurgia”.

O mesotelioma é um cancro raro que se desenvolve nas membranas finas que revestem o tórax e o abdómen, sendo mais frequentemente causado pela inalação de fibras de amianto. Estas fibras encontram-se frequentemente em isolamentos, telhas de vinil, materiais de cobertura e tintas.

Normalmente, o mesotelioma tem um número reduzido de mutações genéticas pontuais, o que torna difícil a sua deteção através das análises sanguíneas tradicionais. No entanto, a presença de rearranjos cromossómicos - como palavras baralhadas numa frase - oferece um novo alvo de diagnóstico. Isto difere de muitos outros tipos de cancro que geralmente se baseiam na deteção de mutações pontuais - pequenas alterações na sequência de ADN, semelhantes à alteração de uma única letra numa palavra.

No estudo de prova de conceito, publicado no Journal of Thoracic Oncology Clinical and Research Reports, Mansfield e a sua equipa utilizaram a sequenciação do genoma completo para localizar as principais alterações cromossómicas no ADN das células cancerígenas. Em seguida, criaram pequenos pedaços de ADN, chamados primers, que foram concebidos em laboratório para corresponderem e se ligarem com precisão a estas alterações cromossómicas. Com isto, a equipa procurou estas alterações no sangue.

Esta combinação de ferramentas de ponta permitiu aos investigadores criar testes personalizados que detetam e rastreiam o ADN do cancro no sangue de cada doente.

Os resultados baseiam-se na investigação anterior da equipa sobre o mesotelioma, incluindo um estudo que identificou uma assinatura genómica para prever quais os doentes com mesotelioma que poderiam beneficiar da imunoterapia. Além disso, a investigação anterior de Mansfield mostra como os rearranjos cromossómicos têm um potencial neoantigénico, o que significa que podem ajudar o organismo a produzir uma resposta imunitária contra as células cancerígenas.

A equipa planeia expandir este estudo para incluir mais doentes e aperfeiçoar ainda mais o método de teste.

Opinião
Já ouviu falar da solidão digital?

Vivemos numa era paradoxal. Embora estejamos mais conectados do que nunca, a solidão e o isolamento social emergem como ameaças silenciosas à nossa saúde e bem-estar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece ambos como problemas globais, ilustrando um dos maiores desafios das sociedades contemporâneas: a criação e manutenção de relações humanas significativas, especialmente nos ambientes urbanos. Senão vejamos, nas grandes cidades, onde o fluxo constante de pessoas cria uma população transitória, a formação de laços duradouros torna-se cada vez mais difícil. As ruas enchem-se de rostos desconhecidos, e a constante movimentação faz com que as interações sejam breves e superficiais. Esse cenário perpétua a sensação de que, apesar de estarmos rodeados por muitos, estamos realmente sozinhos. Esta solidão é exacerbada pela dependência crescente da tecnologia. A comunicação digital, embora prática, substitui cada vez mais as interações de cara a cara, tornando as conversas mais breves e desprovidas de profundidade emocional. As redes sociais, que deveriam aproximar-nos, muitas vezes fazem de nós "ilhas digitais", onde cada um está imerso na sua própria realidade, sem realmente se conectar de forma genuína com o outro. Outro fator que contribui para o isolamento nas grandes cidades é o desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal. As longas horas de trabalho e a pressão constante para sermos produtivos reduzem drasticamente o tempo disponível para socializar. Muitos de nós acabamos por priorizar o trabalho em detrimento das relações pessoais, o que, com o tempo, mina a nossa saúde emocional.

A cortesia negativa, comum nos ambientes urbanos, também desempenha um papel importante no isolamento social. Para evitar incomodar os outros, evitamos interações, mesmo as mais simples, como cumprimentar um vizinho ou perguntar como alguém está. Este tipo de comportamento, embora bem-intencionado, reforça a distância entre as pessoas, limitando as oportunidades de conexão.

A própria arquitetura urbana e a densidade dos ambientes em que vivemos podem ser fatores que agravam a solidão. As grandes metrópoles, com os seus edifícios altos e ruas movimentadas, muitas vezes não oferecem espaços que incentivem a interação entre vizinhos. Em vez de promoverem a coesão comunitária, essas estruturas acabam por isolar ainda mais os seus habitantes. E, ironicamente, o excesso de pessoas num espaço reduzido pode fazer-nos sentir ainda mais sozinhos, uma vez que a multidão pode ser avassaladora e desumanizante.

O que fazer para combater o Isolamento Urbano?

Para combater a solidão e o isolamento urbano, é necessário um esforço consciente e coletivo. Aqui ficam algumas sugestões práticas:

  1. Priorizar as Relações Pessoais: Reserve tempo para socializar, mesmo que seja apenas para uma breve conversa com um vizinho ou colega. Pequenos gestos podem fazer uma grande diferença.
  2. Desconectar para Conectar: Estabeleça limites no uso da tecnologia. Dedique momentos do dia para estar verdadeiramente presente, sem distrações digitais.
  3. Participar em Comunidades Locais: Envolva-se em atividades locais, como grupos de voluntariado, desporto ou passatempos. Estes são ótimos meios para conhecer pessoas com interesses semelhantes e fortalecer a coesão social.
  4. Criar Espaços de Interação: Incentivar a criação de espaços comunitários nos bairros, como jardins partilhados, cafés locais ou centros culturais, onde as pessoas possam reunir-se e interagir.
  5. Equilibrar a Vida Profissional e Pessoal: Trabalhar em horários mais flexíveis e estabelecer um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal permite que haja tempo suficiente para o lazer e para as relações interpessoais.

José Saramago – o nosso Prémio Nobel da Literatura-, já nos alertava: "É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós." Esta frase ecoa de forma poderosa na realidade das cidades modernas. Parece que vivemos numa ilha digital, onde o acesso à informação é imediato, mas a conexão humana é rara. E quando finalmente despertamos para a nossa própria solidão, olhamos à volta e vemos apenas outras ilhas, igualmente isoladas. De facto, a solidão urbana é um desafio crescente, mas não intransponível. Contudo, com pequenos passos e um esforço coletivo, podemos transformar as cidades em espaços mais acolhedores, onde as conexões humanas são valorizadas e incentivadas. Afinal, somos seres sociais, e a nossa felicidade e bem-estar dependem, em grande medida, das relações que construímos ao longo da vida.

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Candidaturas já estão abertas e decorrem até 28 de novembro
A Bayer Portugal está a recrutar jovens talentos para a nova edição do seu programa de estágios #takeoff@Bayer 2024/2025. Com...

Ao longo de uma década, o #takeoff@Bayer já integrou mais de 100 recém-formados em diversas áreas, desde Ciências da Vida e Engenharia a Ciências Sociais. Esta é uma oportunidade única para jovens talentos darem o salto para o mundo empresarial, através de um programa que conta com o apoio e a mentoria de profissionais experientes.

Marco Dietrich, Managing Director & Country Division Head da Bayer Portugal, reforça a importância da iniciativa: “Na Bayer, temos orgulho em apoiar o desenvolvimento de novos talentos todos os anos e de contribuir para proporcionar-lhes uma transição suave do mundo académico para o mercado de trabalho. O programa #takeoff@Bayer foi criado com o  propósito de oferecer aos recém-formados uma experiência enriquecedora e completa, integrando-os num ambiente dinâmico e colaborativo, com interação entre diferentes departamentos.”

As candidaturas estão abertas até 28 de novembro de 2024. Os interessados podem consultar as vagas disponíveis e candidatar-se em: https://www.randstad.pt/empregos-em-destaque/bayer/.

Analgésicos, anti-inflamatórios, antipiréticos e anestésicos, entre outros
Um estudo liderado por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração...

"A revisão de literatura mostrou que ribeiras urbanas, para além dos rios, são um ecossistema de água doce crítico quando se trata da ocorrência de fármacos. Estas atravessam zonas muito urbanizadas e dado o seu pequeno volume de água e fraca capacidade de diluição podem ficar altamente poluídas, levando depois esses poluentes para os rios principais", alerta Maria João Feio, investigadora do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE).

Esta investigação, publicada na prestigiada revista Water Research, teve como objetivo perceber o estado de contaminação de ribeiras urbanas por fármacos e os seus impactos no ecossistema e nos organismos aquáticos. Assim, os especialistas realizaram uma revisão bibliográfica de estudos científicos realizados em todo o mundo.

"Neste trabalho registámos, em 49 ribeiras urbanas, a presença de 139 fármacos, pertencentes a dez grupos terapêuticos, em 13 países de quatro continentes, com predominância de anti-inflamatórios e anticonvulsivos. Metabolitos dos fármacos foram também detetados, mas mais raramente analisados", revela Fernanda Rodrigues, estudante de doutoramento em Engenharia do Ambiente.

A equipa de investigação detetou fármacos como diclofenaco, ibuprofeno e paracetamol (analgésicos, anti-inflamatórios, antipiréticos e anestésicos); claritromicina e eritromicina (antibióticos, antifúngicos e antipruriginosos); fluoxetina e citalopram (psicofármacos); estrona, 17β-estradiol e etinilestradiol (hormonas); e genfibrozila (reguladores lipídicos).

Em Portugal, foram estudadas três ribeiras urbanas tendo sido detetado nas águas o total de oito fármacos. Observou-se ainda, em uma das ribeiras, um alto risco para os invertebrados aquáticos devido a um antidepressivo, a fluoxetina.

De acordo com as especialistas, "os efeitos nos organismos aquáticos e processos ecológicos foram variados, desde bioacumulação, desregulação endócrina, crescimento deficiente, inibição de reprodução, aumento da mortalidade e distúrbios de eclosão até alterações morfológicas e diminuição da produção primária bruta e de biomassa".

Este estudo trouxe uma visão global sobre a questão dos fármacos em ribeiras urbanas. A investigação mostrou ainda a necessidade de investir em novos estudos, nomeadamente em Portugal e na Europa, onde a equipa está a investigar esta questão. "Perceber como chegam estes fármacos aos ecossistemas ribeirinhos, de forma a minimizar a sua entrada, e conseguir eliminar estes poluentes da água é essencial para salvaguardar a saúde dos ecossistemas e organismos aquáticos, mas também a saúde humana, numa abordagem One Health (Uma Só Saúde)", terminam.

O artigo científico “Pharmaceuticals in urban streams: A review of their detection and effects in the ecosystem” contou ainda com a participação dos investigadores Luísa Durães, Nuno Simões, André Pereira e Liliana Silva e está disponível aqui.

 

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