Opinião
A mesoterapia capilar tornou-se, nos últimos anos, um dos tratamentos mais procurados por quem desej

O que é e como funciona

A mesoterapia capilar é um tratamento avançado, que consiste na aplicação de microinjeções de princípios ativos diretamente no couro cabeludo. O objetivo é estimular a regeneração dos folículos pilosos, promover o crescimento do cabelo e travar a queda, fornecendo nutrientes essenciais e substâncias terapêuticas ao nível mais profundo do couro cabeludo.

 

O que faz a mesoterapia capilar?

A mesoterapia atua a vários níveis: ativa a circulação sanguínea local, estimula as células do folículo piloso, promove a regeneração e reforça o crescimento de fios de cabelo mais densos e saudáveis. Os resultados incluem a diminuição da queda, a melhoria da densidade capilar e o fortalecimento da haste do cabelo.

 

Diferenças entre a mesoterapia capilar e outros tratamentos para a queda do cabelo

Ao contrário dos tratamentos tópicos ou orais, a mesoterapia atua diretamente na “zona-alvo”, permitindo uma maior eficácia e um menor risco de efeitos sistémicos. É uma opção complementar (ou alternativa) ao PRP (Plasma Rico em Plaquetas), ao Minoxidil ou à Finasterida oral, sendo adequada tanto para homens quanto para mulheres.

 

Antes e depois

Os resultados tornam-se, progressivamente, mais visíveis com o avançar das sessões. Denota-se uma diminuição acentuada da queda, fios de cabelo mais espessos, crescimento de cabelo novo e melhoria global da saúde capilar. Fotografias de antes e depois evidenciam a eficácia, especialmente em casos de alopécia inicial ou moderada.

 

Vantagens em homens e mulheres

É uma solução indicada para ambos os sexos, adaptando-se a diferentes causas de queda (alopécia androgenética, eflúvio telógeno, enfraquecimento capilar por stress, alterações hormonais ou fatores ambientais).

 

Sessões necessárias

O protocolo habitual é de 10 sessões, sendo que as primeiras cinco são realizadas quinzenalmente e as cinco seguintes são realizadas mensalmente. Este protocolo pode ser alterado consoante o caso de cada paciente.

 

O tempo de duração

Os efeitos são prolongados, mas recomenda-se a realização de sessões de manutenção (trimestrais ou semestrais) para consolidar os resultados, sobretudo em casos de alopécia crónica.

 

Cuidados e precauções

É aconselhável evitar lavar o cabelo nas horas seguintes e expor o couro cabeludo ao sol ou calor excessivo imediatamente após as sessões. O médico indicará cuidados específicos conforme cada caso.

O procedimento pode causar um ligeiro desconforto, mas é geralmente bem tolerado. A utilização de microagulhas reduz significativamente a dor, sendo raros os casos de maior sensibilidade. 

As sessões de mesoterapia são também realizadas com recurso a um vibrador, que ajuda a dissipar a sensação promovido pelas agulhas, promovendo sessões mais confortáveis para os nossos pacientes.  

 

Possíveis efeitos secundários  

Normalmente, não há efeitos secundários associados à mesoterapia capilar, no entanto, se houver alguma irritação, a mesma será momentânea e tende a desaparecer em poucas horas. 

 

Contraindicações do tratamento capilar

O tratamento está contraindicado em grávidas, lactantes, pessoas com alergia aos componentes da solução ou doenças ativas do couro cabeludo. Todas as precauções são avaliadas pelo médico durante a consulta inicial.

 

A eficácia da mesoterapia

Vários estudos comprovam a eficácia da mesoterapia, principalmente em casos de alopécia androgenética. Os resultados são mais significativos quando o tratamento é iniciado nas fases precoces da queda.

 

Compostos utilizados: biotina, niacina, cobre, zinco e outros ativos

As soluções injetáveis incluem vitaminas do complexo B (como biotina e niacina), minerais (zinco, cobre) e outros fatores de crescimento, selecionados com vista a suprir as necessidades de cada paciente.

 

Produtos domiciliários recomendados para cuidar do cabelo

O acompanhamento em casa é essencial para potenciar os resultados. Champôs, loções e suplementos adequados ao diagnóstico podem ser recomendados para manter o couro cabeludo saudável e reforçar o efeito do tratamento.

 

Como combinar a mesoterapia com outros tratamentos

A mesoterapia pode ser integrada com outros procedimentos, como o PRP, LLLT (Laser de Baixa Intensidade, Tricopat ou suplementação específica) criando um plano personalizado e potenciando os resultados globais.

Proteja e regenere o seu cabelo. Recupere a sua confiança e autoestima.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Brasil e Moçambique entre os mais afetados
Dos mais de 120 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo, cerca de 90 milhões vivem em países altamente expostos a...

“À medida que a frequência e a intensidade dos fenómenos meteorológicos extremos aumentam, também aumenta o seu impacto nas pessoas deslocadas à força, nas comunidades que as acolhem e nas nossas próprias operações humanitárias, onde nem sempre dispomos dos recursos essenciais para assegurar a sua preparação e resiliência”, alerta Joana Feliciano, Responsável de Comunicação e Relações Externas da Portugal com ACNUR. Só no último ano, o ACNUR declarou um recorde de nove emergências relacionadas com fenómenos meteorológicos extremos, nomeadamente inundações e ciclones, em África, Ásia e América Latina. Um número que representa 35% do total de novas emergências declaradas pelo ACNUR em 2024.

Até 2040, a situação deverá agravar-se ainda mais, quem o diz é o parceiro nacional da Agência da ONU para os Refugiados: “Os dados que temos indicam-nos que até 2040 o número de países em risco de enfrentarem eventos climatéricos extremos vai disparar dos atuais 3 para 653. Falamos de um aumento brutal que afetará países um pouco por todo o mundo, desde o Brasil à Índia, Iraque, Camarões, Nigéria, Chade ou Sudão do Sul!”. E realça: “É uma situação verdadeiramente dramática se pensarmos que 65 destes países acolhem mais de 40% de todas as pessoas que vivem atualmente em situação de deslocação forçada”.

Entre os Estados da CPLP, há dois países que entram nesta lista: são eles o Brasil e Moçambique. Ambos deverão ser fortemente afetados pela crise climática e os eventos meteorológicos extremos: “no caso de Moçambique, temos assistido a um crescimento exponencial do número de deslocados nos últimos anos, causado tanto pelos conflitos em Cabo Delgado, como pelos desastres naturais que não dão tréguas à população. Ciclones e tempestades tropicais, como o Ciclone Chido e o Ciclone Dikeledi de dezembro passado, são cada vez mais frequentes e intensos e o impacto na população tem sido devastador. Atualmente, o país já acolhe mais de 1,2 milhões de deslocados internos e 26 mil refugiados devido ao clima e aos conflitos”, descreve Joana Feliciano. Em  relação ao Brasil, a Responsável de Comunicação da Portugal com ACNUR relembra as cheias do ano passado no Rio Grande do Sul: “As chuvas fortes deram origem a cheias repentinas e devastadoras que causaram fatalidades e obrigaram 582 mil pessoas a abandonar as suas casas. Entre as pessoas deslocadas encontravam-se 43 mil refugiados e outras pessoas com necessidade de proteção internacional, provenientes da Venezuela, Haiti ou Cuba”.

Para dar resposta às crescentes necessidades resultantes desta crise climática, o ACNUR tem estado a promover inúmeras iniciativas de modo a prevenir, preparar e adaptar as comunidades para as consequências das alterações climáticas e dos fenómenos meteorológicos extremos. “Por exemplo, nos 10 campos de deslocados com maior risco de inundação, o ACNUR já está a pôr em marcha planos pormenorizados de gestão de infraestruturas. Além disso, 42% dos centros de saúde apoiados pelo ACNUR já são alimentados por energia solar e 27% das pessoas que foram apoiadas com abrigos pela Organização em 2024 vivem agora em abrigos sustentáveis”, conta a Responsável de Comunicação da Portugal com ACNUR. Joana explica também que o ACNUR tem tentado envolver as próprias pessoas deslocadas neste trabalho de adaptação às alterações climáticas, através de iniciativas como os “Refugees for Climate Action”. “Trata-se de uma rede que reúne pessoas deslocadas e refugiadas, provenientes de países na linha da frente da crise climática como o Brasil, o Afeganistão, o Iémen, o Haiti ou o Bangladesh, para que possam partilhar as suas experiências e conhecimentos únicos nesta área da sustentabilidade e combate às alterações climáticas, que muitas vezes resultam de iniciativas que já estão a implementar nas suas comunidades de acolhimento.”

Por outro lado, o financiamento tem sido um dos maiores obstáculos à resposta do ACNUR e será um dos temas em destaque na próxima COP30 no Brasil, que se realiza no final deste ano. “O ACNUR tem estado a reforçar o apelo à comunidade internacional para que seja atribuído mais financiamento às pessoas refugiadas e às comunidades de acolhimento com o objetivo de apoiar os esforços de adaptação e mitigação dos efeitos das alterações climáticas, tornando-as mais resilientes à crise climática. Portanto, sem dúvida que este será um tópico central na próxima COP no Brasil, um dos países que poderá vir a ser mais afetado por este agravamento das consequências das alterações climáticas”, salienta Joana. Atualmente, a Portugal com ACNUR também tem a decorrer em território nacional uma campanha que visa angariar fundos para apoiar esta resposta do ACNUR à emergência climática. “É um esforço que deve ser conjunto e para o qual todos podemos contribuir: privados e entidades. Por exemplo, com pequenos donativos, a Portugal com ACNUR consegue ajudar uma família refugiada a obter sementes adaptadas ao clima no Sudão do Sul (19€) ou com 32€ mensais asseguramos um importante contributo para apoiar a instalação de sistemas de energia solar para produção de água em campos de refugiados na África Oriental ou Corno de África.”

O Poder do Sorriso
A saúde oral desempenha um papel fundamental na forma como cada um se sente, influenciando diretamen

O sorriso vai muito além da estética

O sorriso tem, não só, um impacto emocional, como também está diretamente ligado à saúde e à autoestima. Mais do que uma questão de aparência, o sorriso é uma poderosa forma de comunicação: transmite emoções, promove empatia e fortalece relações. Para além de refletir o estado de espírito, o simples ato de sorrir pode gerar bem-estar, ajudar a reduzir o stress e melhorar o humor. Por isso, cuidar do sorriso é também cuidar da saúde física e mental.

Autoestima em risco: as consequências dos problemas dentários

Os problemas dentários vão muito além do desconforto físico – têm um impacto direto na autoestima e na forma como as Pessoas se apresentam ao mundo. O receio de julgamento leva muitas Pessoas a evitarem sorrir, falar em público ou até tirar fotografias, o que compromete a sua confiança. Estas inseguranças refletem-se em várias áreas da vida, desde o convívio social até ao desempenho profissional.

Assim, investir na saúde oral não é apenas uma questão de estética, mas uma necessidade real para proteger a autoestima, a saúde mental e a qualidade de vida.

A importância de uma higiene oral diária

Manter uma rotina consistente de higiene oral é essencial para prevenir problemas como cáries, gengivites ou mau hálito, que podem comprometer a saúde física e mental. Assim, escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, usar fio dentário e visitar regularmente o médico dentista é fundamental e pode fazer toda a diferença.

Dicas práticas para manter a higiene oral durante o verão

Durante o período das férias de verão, a rotina diária tende a alterar-se. Por esta altura, há um consumo mais frequente de alimentos e bebidas açucaradas (como gelados ou sumos) e até as mudanças de temperatura podem aumentar o risco de sensibilidade dentária ou outros desconfortos orais. Posto isso, caso surja alguma dor, sensibilidade, inchaço, mau hálito persistente ou sangramento, é fundamental não ignorar estes sinais e procurar, assim que possível, um médico dentista para evitar que o desconforto evolua para problemas mais graves, como infeções ou cáries.

Sugestões:

  • Organizar um kit de higiene oral em formato de viagem – organizar um kit de higiene oral que inclua todos os essenciais: escova, pasta de dentes e fio dentário. Se for em formato viagem, melhor: pode sempre andar na mala sem ocupar espaço.
  • Agendar uma consulta antes das férias – uma avaliação oral preventiva junto do médico dentista pode ajudar a detetar e resolver eventuais problemas atempadamente, permitindo aproveitar o verão com tranquilidade.

Como manter um sorriso saudável e confiante durante todo o ano?

  • Manter uma rotina diária de higiene oral;
  • Optar por uma alimentação saudável e equilibrada;
  • Manter-se hidratado através do consumo de água;
  • Consultar o médico dentista de forma regular.

Com cuidados simples e diários, escolhas conscientes e o acompanhamento regular de um médico dentista, o sorriso pode ser a chave para uma autoestima mais forte e momentos verdadeiramente felizes. Porque cuidar da saúde oral é cuidar do bem-estar, da autoestima e qualidade de vida – todos os dias, em qualquer estação do ano.

 

Fonte: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
27 de julho - Dia Mundial do Cancro da Cabeça e do Pescoço
Campanha nacional marca presença nos festivais de verão e reforça alerta no Dia Mundial do Cancro da Cabeça e do Pescoço.

Integrada na Make Sense Campaign 2025, promovida pela European Head and Neck Society (EHNS), a iniciativa está a ser dinamizada em Portugal pela Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Cirurgia Orofacial e pelo Grupo de Estudos de Cancro da Cabeça e do Pescoço (GECCP), com um formato inovador e impactante: ações interativas em festivais de verão.

Embora muitas das atividades desta campanha europeia estejam previstas para a Semana Europeia de Sensibilização, que decorre entre 15 e 20 de setembro, em Portugal a mobilização arrancou mais cedo. A campanha “Língua Para Fora” já marcou presença no Festival Jardins do Marquês – Oeiras (28 de junho a 9 de julho) e no Sumol Summer Fest (4 e 5 de julho), e prepara-se para estar também no Caixa Alfama, a 26 e 27 de setembro — levando a mensagem da prevenção a alguns dos palcos que mais mobilizam durante o verão.

Nestes festivais de música, o público é convidado a pôr, literalmente a língua para fora, participando em experiências criativas como o Espelho Selfie, o Mural Coletivo de Línguas, jogos educativos e outras atividades que promovem o auto-rastreio da cavidade oral — com foco na observação da língua como gesto simples e fundamental para a deteção precoce de sinais suspeitos. As ações foram desenvolvidas com o apoio da agência Música no Coração, a quem a organização agradece a colaboração e o compromisso com a promoção da saúde pública.

Gonçalo Cunha Coutinho, médico estomatologista e coordenador da campanha “Língua Para Fora” refere que “a ideia desta campanha partiu da vontade de sensibilizar, desde cedo, para o hábito da auto-observação da cavidade oral — em especial da língua, por ser uma das localizações mais afetadas por doença maligna e de tão fácil acesso. Queremos promover uma verdadeira educação para a saúde, à semelhança de outros hábitos que já provaram ter um enorme impacto no diagnóstico precoce do cancro, como a autopalpação mamária ou a vigilância dos sinais na pele.

Em Portugal, o cancro da cabeça e do pescoço é o sétimo tipo de cancro mais comum, sendo registados entre 2 500 e 3 000 novos casos por ano. Estes tumores afetam sobretudo homens com mais de 50 anos, mas tem-se observado um aumento da incidência entre mulheres e jovens. A deteção precoce pode fazer toda a diferença: quando identificados em fases iniciais, as taxas de cura ronda os 80 % a 90%. Ainda assim, muitos casos continuam a ser diagnosticados em fases avançadas, reduzindo significativamente as hipóteses de cura. A campanha lembra que um simples gesto de observação pode salvar vidas.

Sob o lema europeu “Não Ignore. Aprenda os Sinais. Consulte um Especialista.”, a campanha “Língua Para Fora” procura quebrar o silêncio em torno do cancro da cabeça e pescoço, usando uma abordagem positiva, criativa e participativa para chegar aos jovens.

A Make Sense Campaign decorre desde 2013 e procura sensibilizar comunidades em toda a Europa para a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do acesso atempado ao tratamento. Em Portugal, o GECCP coordena a iniciativa em articulação com parceiros científicos e profissionais de saúde.

Mais informações disponíveis em: www.linguaparafora.pt

Opinião
Inventei a palavra pedonanismo por não encontrar outra que descrevesse, de forma tão crua e simultan

O termo nasce da fusão de «pedo», não no sentido sexual tão carregado que hoje lhe damos, mas no original grego, significando simplesmente «criança», e «nanismo», referindo-se à condição médica que resulta numa baixa estatura. Não tem nada de científico — é um neologismo quase provocatório, nascido de um desconforto que muitos de nós sentimos ao vermos adultos tratados, voluntária ou involuntariamente, como figuras infantis apenas por causa do seu tamanho.

Porque o que aqui está em causa é precisamente isso: a infantilização. Não é novidade. Há séculos que as pessoas com nanismo são alvo de uma curiosidade quase mórbida, ora tidas como talismãs da sorte em cortes reais, ora exibidas como fenómenos em feiras populares. Foram bobos, mascotes, elementos «divertidos» de cortejos e espectáculos, muitas vezes reduzidos a caricaturas ambulantes. Mudaram-se os palácios para estádios e as feiras para festas privadas, mas a tentação parece continuar a mesma: usar o corpo do outro como elemento cénico, independentemente da sua vontade ou dignidade.

Ora, o pedonanismo, tal como me ocorreu defini-lo, é esta curiosa forma de tratar adultos com nanismo como se fossem crianças. Não apenas no sentido literal do tamanho, mas no modo como se fala com eles, como se faz festinhas na cabeça, se usa o diminutivo ou se brinca como quem tenta entreter um miúdo. É um comportamento quase automático, que surge muitas vezes até das melhores intenções — da ternura, da vontade de proteger, da simpatia — mas que revela uma visão distorcida: a ideia de que a aparência determina o estatuto de adulto.

No caso de Yamal, a polémica foi maior porque pagou a pessoas com nanismo para «entreter» a festa, num cenário em que facilmente se mistura o bizarro com o cómico, mas também o desconfortável. Não é crime, claro. Não há aqui uma exploração ilegal ou um abuso directo, presumo. São adultos, livres de aceitar tais trabalhos. Mas não deixa de expor o quanto a sociedade ainda olha para o nanismo com o mesmo olhar que se tem para o recreio das crianças: como um espaço lúdico, de farsa e de gargalhada.

E há depois a nossa própria reacção. Eu próprio brinquei, ao inventar este termo pedonanismo, num impulso meio satírico, talvez até cruel, mas que serve para dar nome a algo real: a instrumentalização do corpo pequeno como brinquedo ou espectáculo. Muitos dirão que é apenas humor, que não há mal nenhum. Que as pessoas com nanismo também têm direito a fazer da sua imagem o que bem entenderem — e é verdade. Mas se não questionarmos este tipo de práticas, acabamos por perpetuar a ideia de que o seu valor social se esgota no divertimento que proporcionam, e não na sua plena condição humana, profissional e cidadã.

Talvez o mais irónico seja perceber que o prefixo «pedo-», tão carregado de conotações obscenas nos tempos que correm, tem afinal um significado original que encaixa demasiado bem nesta história: criança. Não há aqui pedofilia, claro. Mas há um jogo de infantilização, uma transformação simbólica do adulto em criança, do cidadão em boneco. É um espectáculo triste, ainda que embrulhado em risos e confettis.

No fim, fica o neologismo — pedonanismo — inventado por mim, mas ilustrado pela realidade. Se ele ajuda a dar nome a este fenómeno ou apenas serve para o caricaturar, deixo ao critério de cada um. O que sei é que não é apenas Lamine Yamal que o pratica; é uma sociedade inteira, que ainda tropeça em velhos preconceitos e acha normal transformar a diferença em entretenimento. Talvez daqui a uns anos precisemos de inventar outra palavra para descrever o próximo caso. Até lá, ficamos com esta, incómoda mas talvez necessária.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Centro comercial
O centro comercial é o primeiro em Portugal a instalar dispositivos anti-asfixia em zonas de restauração, disponíveis para...

O NorteShopping torna-se o primeiro centro comercial em Portugal a disponibilizar Kits Anti-Asfixia nas suas instalações, colocando ao alcance de todos um equipamento inovador que pode fazer a diferença em situações críticas. Com esta medida inédita, o centro reforça o seu papel como espaço de referência em segurança, prevenção e bem-estar no ambiente comercial.

Os Kits estão acessíveis no Piso 1, em três localizações estratégicas: junto às lojas Extreme / Fogo de Chão, nas proximidades da Pans & Company e entre os restaurantes Maldito e Santa Francesinha, na zona do The CookBook.

Cada kit é composto por três peças de aspiração, adaptadas a diferentes faixas etárias – bebé, criança e adulto – e encontra-se numa caixa de acrílico com instruções claras e visuais que orientam a sua utilização passo a passo. O equipamento não substitui a manobra de Heimlich, mas funciona como complemento eficaz em cenários de obstrução das vias aéreas. Tal como previsto no plano de segurança do centro, o contacto com o 112 deve ser sempre acionado em qualquer emergência.

Os dispositivos estão certificados ao abrigo da regulamentação europeia EU MDR 2017/745, sendo classificados como dispositivos médicos de Classe I, válidos em todos os países da União Europeia.

“No NorteShopping, acreditamos que a inovação tem de estar ao serviço das pessoas. Sermos os primeiros a disponibilizar este equipamento é mais do que um marco: é uma afirmação do nosso compromisso com a segurança e o cuidado de quem nos visita”, afirma Paulo Valentim, diretor do NorteShopping.

Com esta iniciativa, o NorteShopping volta a posicionar-se na vanguarda das boas práticas em centros comerciais, promovendo um ambiente mais seguro, preparado e atento às necessidades reais da sua comunidade.

 

Estudo
A AIBILI - Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem, organizou, no dia 2 de julho, a 5.ª Reunião Anual...

A investigação em doenças da retina, como a retinopatia diabética (RD) e a degenerescência macular associada à idade (DMI), constitui uma das principais áreas de atuação da AIBILI. A RD é uma complicação comum da diabetes, caracterizada pelo enfraquecimento dos vasos sanguíneos da retina e que pode conduzir à perda de visão se não for diagnosticada e tratada atempadamente. A história natural RD tem sido extensamente estudada na AIBILI, tendo sido já identificados padrões de progressão que permitem estabelecer o risco de desenvolvimento de complicações e instituição de terapêutica atempada. A DMI é uma das principais causas de perda de visão em pessoas com mais de 55 anos e afeta a mácula, região da retina responsável pela visão central e pela perceção de pormenores. A investigação liderada pela AIBILI possibilitou, pela primeira vez, a obtenção de dados epidemiológicos sobre a DMI em Portugal, fornecendo evidência científica importante para o planeamento dos sistemas de saúde nesta área médica.

“Este evento constituiu uma oportunidade privilegiada para partilhar conhecimento, apresentar novos resultados e tecnologias desenvolvidas na AIBILI e promover colaborações científicas, reforçando o compromisso da instituição com a inovação nesta área tão relevante da saúde.” afirma Conceição Lobo, Presidente da AIBILI.

Fundada em 1989, a AIBILI é um Centro de Tecnologia e Inovação (CTI) reconhecido pelo Ministério da Economia, atuando como parceiro facilitador entre instituições académicas e científicas, empresas e indústria com a missão de responder a falhas de mercado e prestar apoio técnico e tecnológico às empresas na área da saúde, mas especificamente em investigação clínica.

Esta iniciativa insere-se na Missão Interface — Financiamento Base dos Centros de Tecnologia e Inovação (CTI) e no programa INOVC+, que apoiam a inovação e a transferência de conhecimento, promovendo a aproximação dos centros de I&D+I ao tecido empresarial.

 

Opinião
As hepatites virais são doenças do fígado causadas por diferentes vírus, sendo as principais designa

Os sintomas das hepatites podem variar desde formas assintomáticas até manifestações como fadiga, icterícia (coloração amarelada da pele e olhos), náuseas e dores abdominais. Se não forem devidamente tratadas, algumas formas de hepatite podem evoluir para condições mais graves, como cirrose ou cancro do fígado. ​

A prevenção é fundamental e inclui medidas como a vacinação (disponível para as hepatites A e B), práticas sexuais seguras, não partilhar agulhas ou objetos cortantes e cuidados com a higiene alimentar. É essencial também realizar testes regulares, especialmente para as hepatites B e C, que podem ser assintomáticas durante anos. ​

O Dia Mundial das Hepatites, assinalado a 28 de julho, foi estabelecido pela Organização Mundial da Saúde para aumentar a consciencialização sobre estas doenças e promover o acesso a serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento. A data homenageia o nascimento do Dr. Baruch Samuel Blumberg, vencedor do Prémio Nobel pela descoberta do vírus da hepatite B. ​

Em Portugal, têm sido feitos progressos significativos no combate às hepatites virais. Campanhas de sensibilização, programas de vacinação e acesso a tratamentos eficazes têm contribuído para a redução da prevalência destas infeções. Contudo, é crucial manter e reforçar estas iniciativas para alcançar a meta global de eliminar as hepatites virais como uma ameaça à saúde pública até 2030. ​

A participação ativa da sociedade é vital. Informar-se, adotar comportamentos preventivos e incentivar outros a fazê-lo são passos essenciais para controlar a disseminação das hepatites virais. O Dia Mundial das Hepatites serve como um lembrete para a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado, visando a proteção da saúde individual e coletiva.

 

Nota: 
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3 dias dedicados ao vegetarianismo e sustentabilidade
Showcookings, palestras, masterclasses, concertos, atividades para crianças, aulas de yoga e dezenas de expositores...

Aberto a todos, dos vegetarianos convictos aos curiosos que procuram descobrir mais sobre o universo da cozinha à base de ingredientes de origem vegetal, o Festival Gastronómico Vegetariano regressa a Matosinhos com a promessa, e pela primeira vez, de três dias cheios de sabor, partilha e descoberta. Com a natureza da Quinta da Conceição como pano de fundo e uma programação que se estende a todas as idades, o festival tem como missão descomplicar a cozinha saudável e inspirar escolhas mais conscientes para o corpo, para o planeta e para o paladar.

Na sexta-feira, dia 25 de julho, o festival inaugura com o showcooking de Tripas à Moda do Porto, em versão vegan, ministrado por Catarina Chavinha, da ProVeg Portugal, uma das principais organizações portuguesas sem fins lucrativos que promove um sistema alimentar de base vegetal, mais justo, saudável e sustentável. Para abrir ainda mais o apetite, Bruna Simões, segundo lugar do MasterChef Portugal 2024, apresenta uma receita 100% vegan: “Pastel sem bacalhau” e “Creme de marosca” (versão vegan de creme de marisco). Para encerrar o primeiro dia da melhor forma, o ambiente transforma-se com o concerto dos Golden Age Groove, um duo que conjuga temas originais e versões de clássicos do jazz, bossa nova, latin beats e blues.

Já no sábado (26 de julho), os diálogos sobre alimentação equilibrada e de base vegetal arrancam com a palestra “A alimentação vegetariana em todas as fases do ciclo de vida”, com a nutricionista Marcia Gonçalves, autora do blog Compassionate Cuisine. O final da manhã de sábado recebe a Maria de Melo Falcão, presença habitual nos ecrãs de televisão e nas redes sociais, para um showcooking onde apresenta a sua versão saudável e 100% vegetal de sardinhas assadas e bifanas: Tofurdinhas e Seitanas. Durante a tarde, Gabriela Oliveira, referência da cozinha vegetariana em Portugal e autora de vários bestsellers, sobe ao palco para partilhar a sua receita “Burritos de feijão com cogumelos”, com o rigor e simplicidade que a tornaram conhecida. Segue-se uma palestra focada na promoção da saúde pública e da alimentação consciente, e ainda um showcooking de sopa de miso vegan. O dia termina ao som da voz única de Tiito, músico e produtor carioca, que apresenta o espetáculo “Classics of the Soul”, um tributo aos grandes temas do soul, blues, jazz e R&B.

O terceiro e último dia de festival tem início numa masterclass, conduzida pelo Chef Emanuel Sávio, participante finalista do MasterChef Brasil, que promete mostrar de que forma se podem preparar refeições deliciosas e equilibradas, sem ingredientes de origem animal. De seguida, Marta Ferreira, criadora do projeto Martilicious, sobe ao palco para uma talk sobre alimentação à base de plantas, partilhando o seu percurso e dicas práticas para uma cozinha saudável, criativa e cheia de sabor. A meio da tarde, é a vez da Regina Lima apresentar um showcooking dedicado às populares smoothie bowls e à granola caseira. Pelas 16h30, há uma palestra sobre a relação entre “Alimentação vegetariana e saúde”, ministrada pela nutricionista Dra. Joana Pereira, que integra atualmente os Cuidados de Saúde Primários da ULS Matosinhos, seguida do showcooking “Clássicos Italianos”, onde Gabriela Craveiro, fundadora do Not So Vegan, Just Delicious, recria os clássicos da cozinha italiana numa versão 100% vegetal, refletindo a influência das suas vivências em Itália. Por fim, Estrela Gomes, cantora e compositora que tem conquistado o público com temas originais em português e o seu “mouth-trumpet” na sua digressão europeia, sobe ao palco com um concerto para encerrar o festival em grande.

Além disso, as manhãs de fim de semana começam com momentos dedicados ao bem-estar e aos mais pequenos: às 10h há aulas de yoga, seguidas do workshop infantil “Os animais são nossos amigos”, entre as 11h e as 12h, tanto no sábado como no domingo. Durante todo o dia, haverá ainda animação para os mais pequenos, com atividades como pinturas faciais, bolas de sabão, zona de brincar com livros, brinquedos e espaços para colorir.

Pelos espaços verdes do Parque da Quinta da Conceição, em Leça da Palmeira, estarão distribuídos dezenas de expositores de marcas e projetos portugueses centrados no vegetarianismo e na sustentabilidade. A praça da alimentação inclui propostas variadas e 100% vegetais, desde comida tradicional portuguesa em versão vegetariana, como a do restaurante Alho Porro, à cozinha internacional de inspiração indiana com o Nikki’s Canteen, opções saudáveis assinadas pelo Soul Food, doces portugueses em versão vegetal da Padoca, até sugestões típicas de festival, como os cachorros-quentes do Pecado Saudável, sem esquecer açaí, queijos vegetais e outros sabores para descobrir. Para além da componente alimentar, o evento acolhe ainda marcas ligadas ao vestuário e acessórios sustentáveis, cosmética vegan e natural, higiene pessoal, filtragem de água e livros sobre alimentação e estilo de vida vegetariano e vegano.

A nova edição do Festival Gastronómico Vegetariano de Matosinhos acontece nos dias 25 (das 17h às 21h), 26 (das 10h às 21h) e 27 de julho (das 10h às 20h), com entrada gratuita.

 

“55 é a sua linha vermelha"
A Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), em parceria com a Novartis, acaba de lançar a campanha nacional de...

A campanha disponibiliza uma plataforma online gratuita onde qualquer pessoa pode avaliar o seu risco cardiovascular através do preenchimento de um questionário rápido, aceder a informação credível e aprender a interpretar corretamente os resultados das análises ao sangue.

“É fundamental que os doentes, em especial os que já sofreram um enfarte agudo do miocárdio, estejam informados e conscientes de que o controlo rigoroso do colesterol LDL pode salvar-lhes a vida. A cada 15 minutos, morre uma pessoa por doença cardiovascular em Portugal e cerca de uma em cada quatro pessoas que sofreram um primeiro episódio volta a ter outro nos dois anos seguintes. Manter o colesterol LDL abaixo dos 55 mg/dl é uma das formas mais eficazes de reduzir esse risco”, explica Carlos Morais, vice-presidente médico da FPC.

Neste verão, a FPC e a Novartis deixam um apelo a todos os doentes cardiovasculares. “Com as férias, temos tendência a desleixar os cuidados com a saúde. Mas, em especial, quem já teve um evento cardíaco não pode facilitar. Aproveite este tempo para conhecer o seu risco cardiovascular e estar mais consciente da sua saúde. Cuidar de si nas férias é cuidar do seu coração!”, reforça Carlos Morais.

Para apoiar os doentes neste processo, o website disponibiliza também um guia informativo gratuito com orientações práticas para preparar a consulta médica e manter o plano de tratamento. O guia incentiva ainda à monitorização da tensão arterial, ao registo de sintomas e à organização da documentação clínica essencial.

Se tem dúvidas sobre como se preparar para uma consulta, quer saber mais sobre o seu risco cardiovascular ou como interpretar os resultados das análises, visite a página da campanha através do seguinte link: www.55linhavermelha.pt .

Estudo
Estudo revela redução de 2,1 pontos percentuais nas despesas diretas em saúde entre 2015 e 2022, mas destaca aumento da...

A mais recente nota informativa do Observatório da Despesa em Saúde Evolução das despesas diretas em saúde em Portugal, revela uma significativa melhoria na proteção financeira dos cidadãos residentes em Portugal face às despesas diretas em saúde entre 2015 e 2022. O estudo, da autoria da investigadora do Nova SBE Health Economics & Management Knowledge Center, Carolina Santos aponta, no entanto, para um agravamento da vulnerabilidade financeira em grupos etários mais jovens, assim como para a persistência de um gradiente socioeconómico na alocação de rendimento a despesas de saúde.

O estudo que se insere no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação ‘la Caixa’, o BPI e a Nova SBE, analisou dados do Inquérito às Despesas das Famílias de 2015 e 2022 do Instituto Nacional de Estatística (INE), e revelou que o peso das despesas diretas em saúde no rendimento líquido dos cidadãos portugueses diminuiu de uma média de 5,56% em 2015 para 3,46% em 2022. Esta melhoria foi impulsionada pela redução das despesas diretas per capita, que passaram de 445,26€ para 365,45€, e pelo aumento do rendimento líquido médio per capita, que subiu de 9.344,71€ para 12.081,08€.

A nota revela que a população com 65 ou mais anos foi a que mais beneficiou das medidas de proteção financeira. O peso das despesas diretas em saúde no rendimento líquido dos idosos passou de 8,5% em 2015 para 4,7% em 2022, o que representa uma melhoria significativa. Em 2015, a desproteção financeira dos idosos era 1,74 vezes superior à da população não idosa, mas em 2022 este valor reduziu para 1,52 vezes. Além disso, a percentagem de idosos com despesas em saúde (acima de 25% do rendimento líquido) também diminuiu consideravelmente, especialmente no grupo com 85 ou mais anos, onde a incidência passou de 7,2% em 2015 para apenas 1,5% em 2022.

Apesar destes dados, nem todos os grupos etários beneficiaram igualmente das melhorias. Crianças com idades entre os 5 e os 14 anos viram a sua desproteção financeira aumentar. Para o grupo de crianças entre 5 e 9 anos, a percentagem em situação de pobreza, risco de pobreza, ou que viu a sua condição de pobreza agravar-se devido a despesas diretas em saúde aumentou 0,94 pontos percentuais entre 2015 e 2022. Para o grupo dos 10-14 anos, o aumento foi ainda mais acentuado, com uma subida de 1,41 pontos percentuais.

Apesar dos avanços observados, o estudo revela que a regressividade das despesas diretas em saúde persiste, especialmente para quem tem rendimentos mais baixos. Embora esses grupos tenham visto uma redução nas suas despesas diretas, de 7,60% para 4,53% do rendimento líquido, ainda alocam uma maior percentagem do seu rendimento a essas despesas, em comparação com os rendimentos mais elevados.

As despesas com medicamentos, aparelhos e material terapêutico constituem a maior parte das despesas diretas em saúde e esta categoria teve um aumento relativo, passando de 55,85% em 2015 para 59,73% em 2022. Esta tendência é particularmente visível entre a população idosa, que é mais dependente desses tipos de despesas.

Entre 2015 e 2022, foi implementado um conjunto de políticas públicas com o objetivo de reduzir os encargos diretos em saúde e repor o poder de compra da população, que foi significativamente afetada durante o Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal (2011-2014). Entre as medidas adotadas destacam-se a redução e eliminação de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para diversos grupos, incluindo menores de 18 anos e utentes referenciados, o aumento da comparticipação do Estado em medicamentos, incluindo a comparticipação a 100% para doenças crónicas graves, como Esclerose Múltipla e insuficiência renal, e a inclusão de mais vacinas gratuitas no Programa Nacional de Vacinação para grupos de risco. Além disso, o aumento do valor da Retribuição Mínima Mensal Garantida (RMMG) e a atualização do Indexante de Apoios Sociais (IAS) também foram medidas relevantes para melhorar a capacidade financeira das famílias.

Ainda assim, o estudo conclui que, apesar dos avanços, é necessário continuar a implementar políticas públicas que protejam grupos socioeconómicos vulneráveis, além da população idosa. Para reduzir ainda mais a regressividade dos pagamentos diretos em saúde, o relatório sugere que Portugal considere mecanismos semelhantes aos do sistema de saúde espanhol, onde os copagamentos estão diretamente relacionados com o rendimento dos utentes e existem limites mensais máximos de despesa, o que ajuda a reduzir a carga financeira sobre as famílias mais vulneráveis.

Embora os progressos registados entre 2015 e 2022 sejam significativos, os desafios persistem, especialmente para crianças e indivíduos de baixos rendimentos, sendo crucial que o sistema de saúde continue a evoluir para garantir uma maior equidade no acesso e nos custos para todos os cidadãos.

 

Férias
Optar por destinos acessíveis e tranquilos, respeitar os períodos de descanso e fazer exames médicos antes de viajar são...

Com a chegada do verão, muitas pessoas começam a planear as suas férias, escapadelas e atividades ao ar livre. Neste contexto, ter pessoas idosas na família significa ter em conta certas recomendações para que possam também desfrutar destes momentos sem comprometer a sua saúde ou bem-estar.

“As férias são um período fundamental para reforçar os laços familiares, especialmente com a população mais idosa, que valoriza muito o tempo partilhado com a família. No entanto, é importante adaptar os planos para que eles se sintam confortáveis, seguros e envolvidos em todos os momentos. Para isso, é essencial ouvir as suas necessidades, encorajar a autonomia dentro das suas capacidades e prevenir os riscos associados ao calor ou ao esforço físico excessivo”, afirma Miryam Piqueras, Diretora de Governação Clínica da Sanitas Seniors, área especializada no cuidado de idosos da Sanitas, empresa ibérica de serviços de saúde que pertence à seguradora Bupa Portugal.

As temperaturas elevadas características do verão representam um risco para os idosos, que se adaptam pior ao calor e podem desidratar-se com mais facilidade. Do mesmo modo, as mudanças de rotina ou as viagens longas podem provocar ansiedade ou desorientação se não forem bem geridas. Nesta situação, é necessário planear com antecedência, dando sempre prioridade à sua tranquilidade.

“Os planos que envolvem caminhadas longas ao sol ou atividades demasiado intensas devem ser descartados. Existem muitas alternativas de lazer culturais, gastronómicas ou ligadas à natureza que podem ser desfrutadas em horários adequados e em ambientes acessíveis”, acrescenta Miryam Piqueras.

Neste momento, para ajudar as famílias a organizarem férias adaptadas e seguras para todos, a Sanitas Seniors partilha as seguintes recomendações:

Optar por destinos acessíveis e tranquilos: escolher locais sem multidões, com boas infraestruturas de saúde, sombra natural e áreas de descanso é aconselhável para facilitar a participação dos idosos e evitar situações de esforço físico ou emocional.

Evitar as horas de maior calor: as temperaturas são mais elevadas entre o meio-dia e as 17 horas. Por conseguinte, é preferível organizar atividades de manhã cedo ou ao fim da tarde, reservando assim as horas mais quentes para o relaxamento no interior.

Hidratação e alimentação ligeira: Sempre que for realizar uma atividade com pessoas idosas, é essencial ter água à mão, bem como oferecer alimentos ricos em água, como frutas e legumes. Por outro lado, devem ser evitadas refeições volumosas ou de difícil digestão. O objetivo é prevenir os golpes de calor e melhorar o bem-estar geral.

Proteja a sua pele e os seus olhos do sol: usar protetor solar de alta proteção, óculos sol com filtro UV, chapéus e roupas leves de cor clara durante as caminhadas é importante para minimizar o risco de queimaduras solar, insolação ou fadiga térmica.

Respeitar as horas de descanso e as rotinas: As pessoas idosas beneficiam da manutenção de horários regulares para as refeições e para o sono. Neste sentido, a alteração destes hábitos pode causar desconforto ou confusão, especialmente nas pessoas com défice cognitivo.

Finalmente, Miryam Piqueras adverte que “antes de embarcar em qualquer viagem, é aconselhável fazer um check-up médico com um profissional de confiança pessoalmente ou através de consulta por vídeo. Desta forma, a medicação pode ser revista ou qualquer tratamento pode ser ajustado, se necessário, o que garantirá que a pessoa idosa esteja em ótimas condições para desfrutar do verão”. 

 

ANADIAL
A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) acaba de lançar um novo episódio do podcast “À conversa sobre Diálise”,...

O episódio centra-se na realidade e nos desafios da hemodiálise em Portugal, que Eduardo Costa classifica como uma história de sucesso. “Portugal oferece cuidados de hemodiálise de elevada qualidade e segurança, nomeadamente quando comparado com outros países europeus. A diálise em Portugal tem sido marcada por uma parceria eficaz entre o SNS e o setor privado, que tem funcionado bem”, afirma.

A conversa aborda também o estudo do economista sobre o “Preço compreensivo da hemodiálise em Portugal”, valor pago pelo Estado que cobre, além do tratamento, todos os cuidados, exames e consultas associadas. Este preço, congelado desde 2011, não acompanhou os custos crescentes do setor. Embora os prestadores privados tenham conseguido melhorar a sua eficiência ao longo do tempo, Eduardo Costa alerta que essa margem está, atualmente, a esgotar-se.

Como resposta, propõe um modelo de atualização anual do preço compreensivo que assegure a manutenção dos resultados de qualidade para o utente/doente, traga equilíbrio à relação financiador/prestador e mantenha a previsibilidade para o financiador.

O podcast “À conversa sobre Diálise” comemora o 40.º aniversário da ANADIAL e tem como objetivo abordar a evolução do tratamento da doença renal crónica ao longo das últimas quatro décadas. Convida mensalmente um especialista para debater temas relevantes para doentes renais, profissionais de saúde e o público em geral.

O novo episódio já está disponível no YouTube e Spotify.

 

Apostando na excelência na prestação de cuidados
Novo cargo de Provedora dos Destinatários dos Serviços de Enfermagem constitui uma figura independente e próxima dos cidadãos.

Natália Espírito Santo, diretora da EIA, entidade que integra a Atlântica – Instituto Universitário e a ESSATLA – Escola Superior de Saúde Atlântica, é a primeira pessoa a assumir a nova função de Provedora dos Destinatários dos Serviços de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros. A partir de agora, os cidadãos têm um canal aberto, através do qual podem partilhar preocupações, apresentar sugestões ou sinalizar eventuais ocorrências relacionadas com enfermagem.

A criação do cargo de Provedora dos Destinatários dos Serviços de Enfermagem é uma obrigação legal e estatutária e constitui uma figura independente e próxima dos cidadãos que recebem cuidados de enfermagem. Desta forma, a Ordem dos Enfermeiros reforça também o seu compromisso com a transparência, a valorização dos cidadãos e com a qualidade dos cuidados de enfermagem.

Com um percurso profissional de mais de 25 anos dedicado à área da educação, Natália Espírito Santo afirma que “é com forte sentido de responsabilidade que aceito esta função, que considero de responsabilidade pública e crucial para garantir o exercício de excelência dos cuidados de enfermagem”. A Provedora indica ainda que “é fundamental que os cidadãos sintam que podem contar com alguém isento que os apoie e ajude a solucionar eventuais situações que possam reportar. Acredito também que este cargo desempenhará um papel importante de acompanhamento e sensibilização junto dos cidadãos”.

 

 

Opinião
A decisão de conservar ou não o sangue e tecido do cordão umbilical do recém-nascido é uma dúvida cr

Atualmente, as células do cordão umbilical já são usadas para tratar diversas doenças hematológicas e oncológicas, como leucemias, linfomas e anemias severas. Além disso, as células estaminais mesenquimais derivadas do cordão são amplamente estudadas para o surgimento de terapias promissoras em doenças como autismo, paralisia cerebral, Alzheimer, Parkinson, diabetes, enfarte do miocárdio, doença de Crohn e lesões da medula espinal, entre outras.

Um estudo publicado na Signal Transduction and Targeted Therapy descreve o quarto caso documentado de cura funcional da infeção por HIV, utilizando uma abordagem inovadora que combina células estaminais hematopoiéticas haploidenticas com sangue de cordão umbilical HLA-mismatched (não totalmente compatível). Este caso é notável por ser o primeiro numa mulher, de origem mista a utilizar um transplante de sangue do cordão com mutação CCR5Δ32/Δ32 (mutação que confere resistência ao HIV).

O tratamento foi realizado numa paciente com leucemia mieloide aguda, que recebeu um transplante combinado de células CD34+ de um dador haploidentico e sangue de cordão umbilical. Esse protocolo permitiu uma recuperação hematológica mais rápida e robusta, além de reduzir o risco de complicações infeciosas associadas à neutropenia prolongada. Após o transplante, a paciente permaneceu sem sinais de HIV detetáveis, mesmo após a interrupção da terapia antirretroviral, sugerindo uma possível erradicação funcional do vírus.

Este avanço destaca o potencial terapêutico das células estaminais do cordão umbilical, especialmente quando combinadas com estratégias como a mutação CCR5Δ32/Δ32, que confere resistência ao HIV. Além disso, reforça a importância da criopreservação do sangue do cordão umbilical como uma opção terapêutica valiosa para o futuro.

Estudos recentes apontam para o potencial das células do cordão em doenças como paralisia cerebral e Lúpus Eritematoso Sistémico. As investigações clínicas demonstraram assim que a infusão dessas células pode melhorar a função motora em crianças e modular a resposta imunitária em pacientes com lúpus, trazendo esperança para tratamentos mais seguros e eficazes.

Avanços na terapia com células do cordão umbilical também indicam benefícios na recuperação de doentes após AVC isquémico e o ensaios clínicos revelam melhorias significativas quer na função neurológica quer na autonomia dos pacientes, reforçando o valor da criopreservação.

Já perante as doenças inflamatórias crónicas, como a psoríase — que afeta até 3% da população — também podem se beneficiar da terapia com células estaminais do cordão umbilical uma vez que essas células podem modular o sistema imunológico, reduzindo a inflamação e melhorando sintomas, apontando para uma nova fronteira no tratamento dessas condições.

A verdade é que guardar o sangue e o tecido do cordão umbilical é muito mais do que uma simples precaução — é uma estratégia de prevenção ativa que pode transformar o futuro da saúde da criança e de sua família. Com os avanços nas terapias celulares e na medicina regenerativa, as células estaminais do cordão umbilical (proveniente do sangue e tecido) tornaram-se um recurso médico valioso, capaz de oferecer tratamentos inovadores para doenças graves e crónicas.

A colheita do sangue do cordão umbilical é um procedimento simples, seguro, indolor e não invasivo, realizado logo após o parto, sem riscos para a mãe ou para o bebé. As células mantêm a sua viabilidade e propriedades terapêuticas mesmo após décadas armazenadas em criopreservação, garantindo um acesso imediato a tratamentos eficazes, quando necessário.

Conservar as células do cordão umbilical acaba por se traduzir num investimento em segurança e saúde, que pode ser considerado como um “plano B” que cria esperança para o futuro.

Diante das evidências científicas e dos avanços clínicos constantes, guardar as células estaminais do cordão umbilical é um ato de cuidado e generosidade que pode salvar ou melhorar vidas e revolucionar tratamentos médicos.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Opinião
O fígado é fundamental no metabolismo e na desintoxicação do organismo, estando envolvido no metabol

O consumo excessivo de álcool está diretamente associado a várias patologias hepáticas. A Esteatose Hepática Alcoólica, também conhecida como fígado gordo alcoólico, caracteriza-se pela acumulação de gordura nas células do fígado e, embora frequentemente assintomática, pode evoluir para estágios mais graves se o consumo de álcool persistir.  A Hepatite Alcoólica é uma inflamação do fígado que nas apresentações mais severas é frequentemente fatal, e em que pode já coexistir uma cirrose hepática. O consumo excessivo, mantido, de álcool, pode levar ao desenvolvimento de Cirrose Hepática, em que o desenvolvimento de fibrose (“cicatrizes”) no fígado altera a sua estrutura comprometendo a sua função e circulação do sangue através dele, com risco de surgimento de complicações como hemorragias digestivas,  ascite (popularmente conhecida como “barriga de água”), alterações do comportamento, disfunção de outros orgãos, infeções e do desenvolvimento de Cancro do fígado.

A suscetibilidade às lesões hepáticas pelo álcool pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como a predisposição genética, o estado nutricional e a presença de outras condições médicas. No entanto, a evidência científica é clara ao demonstrar que a ingestão excessiva de álcool representa um risco significativo para a saúde do fígado, sendo uma das principais causas de doença hepática crónica a nível global.

A Semana de Consciencialização para o Álcool tem como principal objetivo aumentar a consciencialização sobre os efeitos negativos do álcool não apenas na saúde, mas também nas relações interpessoais, na produtividade e na qualidade de vida. Sob o lema "Álcool e Custo", esta campanha incentiva a que reflitamos sobre os prejuízos associados ao consumo excessivo e a considerar mudanças no estilo de vida.

A prevenção é, naturalmente, a melhor estratégia.  Durante esta semana, várias organizações, incluindo a Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF), alertam para a importância de adotar hábitos saudáveis e limitar significativamente ou mesmo evitar o consumo de álcool. 

Em suma, a relação entre o álcool e o fígado é inegável e, muitas vezes, perniciosa. A Semana de Consciencialização para o Álcool surge como um momento de reflexão e educação, incentivando a que façamos escolhas mais conscientes para protegermos a nossa saúde e melhorarmos o nosso bem-estar pessoal e social.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Hospital de Portimão
A Unidade de AVC (UAVC) da Unidade Hospitalar de Portimão da ULS Algarve celebrou, no passado dia 1 de julho, o seu primeiro...

Desde a sua criação, a UAVC de Portimão tem sido fundamental na abordagem ao AVC, garantindo cuidados contínuos ao longo de todas as fases do processo. “Desde a sua inauguração, a unidade tem assumido um papel determinante na resposta ao AVC agudo na região do Algarve, promovendo a integração dos cuidados desde a fase aguda até à reabilitação precoce e à articulação com outras unidades orgânicas com a missão de prestar os melhores cuidados à população”, afirma a Dr.ª Isabel Taveira, Coordenadora da UAVC.

Num contexto historicamente marcado pela escassez de recursos, a existência deste serviço permite uma abordagem verdadeiramente multidisciplinar e centrada na pessoa e na sua família. Mais de 350 doentes já foram tratados na UAVC de Portimão, um número expressivo que reflete a elevada incidência do AVC na região algarvia.

O primeiro ano da UAVC foi marcado por muitos desafios, com a unidade a iniciar a sua atividade com apenas um médico dedicado ao serviço, mas também por conquistas importantes. “Com esforço e perseverança, reorientámos a equipa médica, de enfermagem e de técnicos auxiliares de saúde para a prestação de cuidados de qualidade, centrados na pessoa sobrevivente do AVC, de acordo com as melhores práticas nacionais e internacionais”, refere a especialista em Medicina Interna que também é embaixadora regional da SPAVC para a região sul. “Reforçámos a equipa multidisciplinar, dotando-a de profissionais especializados, sempre com um espírito de entreajuda e com o foco no superior interesse da pessoa e da sua família”, acrescenta.

Este trabalho de excelência tem vindo a ser reconhecido através da atribuição dos prestigiados ESO Angels Awards, com a UAVC de Portimão a alcançar, desde o seu primeiro trimestre de atividade, a distinção máxima de Diamante em todos os trimestres, um feito inédito e motivo de enorme orgulho para a equipa.

O primeiro ano de atividade da UAVC de Portimão tem sido marcado pelo reconhecimento de várias entidades. Entre elas, destaca-se a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), que felicitou a unidade pelo seu aniversário e pelo trabalho notável na resposta ao AVC na região. O Prof. Vítor Tedim Cruz, Presidente da Direção da SPAVC, sublinha a importância deste serviço para o sul do país, destacando o impacto que tem tido na prestação de cuidados diferenciados e estruturados. “É com grande satisfação que reconhecemos o trabalho desenvolvido por toda a equipa da UAVC de Portimão que, em apenas um ano de atividade, conseguiu tornar-se uma referência regional no tratamento do AVC agudo, numa área do país onde há muito se sentia a carência de uma resposta diferenciada”, afirma o neurologista. Enfatiza igualmente as distinções ESO Angels Awards, considerando que estas “atestam não só a qualidade dos cuidados prestados, mas também o espírito de superação que norteia a equipa multidisciplinar da UAVC”.

Por fim, o Presidente da Direção SPAVC manifesta a sua satisfação pela existência de parceiros institucionais empenhados na missão comum de melhorar a resposta ao AVC em Portugal, reafirmando a total disponibilidade da SPAVC para continuar a colaborar com a UAVC de Portimão em iniciativas que promovam a prevenção, a formação e a melhoria contínua dos cuidados prestados à população.

 

SHARP
Lisboa, 8 de julho de 2025 – O reforço de infraestruturas e de recursos humanos, a criação de um modelo centralizado de...

O relatório estratégico que é apresentado hoje, dia 8 de julho, sobre o futuro da terapia com células CAR-T em Portugal, delineia um caminho para a expansão e sustentabilidade da adoção desta terapia. A terapia celular CAR-T é uma das mais inovadoras abordagens no tratamento do cancro, oferecendo uma alternativa promissora para pacientes com cancros hematológicos que não respondem aos tratamentos convencionais.

Este trabalho reuniu os principais stakeholders do ecossistema da saúde, incluindo profissionais de saúde, investigadores, decisores políticos e executivos, bem como pacientes, associações de pacientes e cuidadores, com o objetivo de definir uma estratégia coordenada e sustentável para garantir um acesso equitativo e atempado a este tratamento inovador.

Segundo Henrique Lopes, Diretor do NCGH, “o que este relatório propõe é uma ponte entre a inovação científica e a decisão política – um contributo para que os atores políticos e institucionais disponham das bases necessárias para tomar decisões informadas para garantir a adoção sustentável e equitativa destas terapias em Portugal”.  Acrescenta ainda que “o desafio é coletivo: transformar as recomendações em decisões que façam a diferença na vida dos doentes e na capacidade de resposta do sistema de saúde”.

 

Um marco na luta contra o cancro, mas ainda com desafios na sua adoção em Portugal

A terapia com células CAR-T (Chimeric Antigen Receptor T-cell therapy) consiste numa imunoterapia personalizada, onde os linfócitos T do próprio paciente são geneticamente modificados para reconhecer e eliminar células cancerígenas. Apesar da sua eficácia clínica comprovada, o acesso a este tratamento em Portugal ainda enfrenta desafios significativos, nomeadamente:

  • Heterogeneidade de critérios de referenciação e elegibilidade para tratamento, potencialmente contribuindo para um acesso não equitativo à terapia;
  • Limitada evidência de utilização das terapias celulares e de divulgação de dados epidemiológicos atempadamente, o que dificulta a tomada de decisão a todos os níveis;
  • Modelo de financiamento inadequado e custo elevado da terapia, dificultando a sustentabilidade e a expansão da sua utilização.
  • Insuficiência de infraestruturas, recursos materiais e recursos humanos especializados, restringindo a disponibilidade para expansão da utilização da terapia;
  • Escassez de apoios dedicados aos pacientes, cuidadores e suas famílias, limitando a acessibilidade à terapia e a facilidade de completar todo o processo de tratamento.

O relatório final da Iniciativa SHARP, elaborado pelo NCGH em colaboração com o Steering Committee (SC) da Iniciativa, composto por peritos de referência, propõe um conjunto de medidas estratégicas para responder a estes desafios e permitir a expansão da utilização da terapia CAR-T em Portugal.

“Só um número limitado dos doentes com indicação potencial para terapia com células CAR T tem acesso a ela, em Portugal como noutros países”, alerta Maria Gomes da Silva, médica hematologista do IPO de Lisboa e membro do SC da iniciativa SHARP. A especialista considera fundamental “tornar mais claros, homogéneos e eficazes os percursos dos doentes candidatos, de forma a otimizar e reforçar os recursos existentes e alargar o acesso a todos os que possam beneficiar deste tratamento”.

A estes fatores impõe-se, segundo Fernando Leal da Costa, médico hematologista do IPO de Lisboa e membro do SC, a necessidade de “definição da distribuição territorial dos centros de referência para tratamentos com células CAR e a organização dos fluxos de doentes.”

Importa ainda referir a indispensabilidade de um cuidador que acompanhe o doente, garantindo que nos primeiros trinta dias após o tratamento o mesmo está permanentemente acompanhado, o que, segundo Manuel Abecasis, Presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia e membro do SC, implica “rever o estatuto do cuidador para estes doentes, de modo a garantir que o cuidador não é prejudicado materialmente pelo desempenho destas funções”.

 

Cinco eixos de atuação prioritários para o futuro da terapia CAR-T em Portugal

Através de um Think Tank estruturado em três sessões, a iniciativa SHARP identificou cinco eixos de atuação prioritários para garantir o acesso equitativo e atempado a esta terapia no Serviço Nacional de Saúde:

  1. Investir na capacitação dos profissionais e dos serviços de saúde, garantindo a alocação dos recursos necessários
  • Criar equipas dedicadas às terapias celulares.
  • Agilizar o acesso a meios complementares de diagnóstico e terapêutica.
  1. Criar um programa vertical de financiamento centralizado
  • Garantir financiamento uniforme e sustentável para os centros de tratamento.
  • Negociar o preço da terapia, tornando-a mais acessível e equitativa.
  1. Desenvolver uma rede nacional de referenciação para terapias celulares e uniformizar os critérios de elegibilidade para tratamento
  • Harmonizar os critérios e o processo de referenciação e tratamento.
  • Criar uma rede integrada de centros de tratamento.
  1. Assegurar o suporte socioeconómico, logístico e formativo necessário ao paciente, seu cuidador e família
  • Estabelecer redes de apoio comunitário ao longo da jornada de tratamento.
  • Criar uma resposta social formal perante a inexistência ou incapacidade do cuidador.
  1. Robustecer a capacidade de gerar e divulgar evidência de mundo real na área das terapias celulares
  • Criar um Registo Nacional de Terapias Celulares.
  • Desenvolver estudos com evidência do mundo real.

 

Um apelo à ação: implementar uma estratégia nacional coordenada para melhorar a adoção das terapias celulares em Portugal

A Iniciativa SHARP destaca a necessidade premente de uma estratégia nacional coordenada para ampliar o acesso à terapia CAR-T em Portugal. As conclusões deste relatório oferecem um quadro orientador para decisores políticos e executivos, profissionais de saúde e indústria, permitindo a implementação de medidas concretas que maximizem o benefício para os pacientes e reforcem a posição de Portugal na utilização de inovação terapêutica.

Esta iniciativa reafirma o compromisso do NCGH em contribuir para a geração de conhecimento para a tomada de decisões informadas em saúde, tendo em vista a modernização do sistema de saúde em Portugal, promovendo soluções que melhorem a equidade de acesso e eficiência dos cuidados de saúde para toda a população.

 

Dia Mundial das Alergias assinala-se a 8 de julho
Em muitas das nossas paisagens, principalmente na zona litoral (mas não só!), encontra-se em abundância uma espécie muito...

Esta espécie originária da região das Pampas, na América do Sul, foi introduzia em Portugal como planta ornamental nos jardins, mas não ficou circunscrita a esses espaços. Graças aos milhões de minúsculas flores, dispersadas facilmente pelo vento, começou a proliferar, sem a ajuda do Homem, e tornou-se invasora, de forma mais óbvia a partir dos finais do século passado. Atualmente a espécie continua em expansão acelerada no nosso território, dominando por completo muitas áreas, maioritariamente urbanas, periurbanas e na margem de estradas e caminhos de ferro, ou seja, áreas de alguma forma perturbadas. Mas também invade outros locais, como sapais, dunas ou mesmo o subcoberto de habitats florestais. Esta dominância resulta em problemas graves de carácter ambiental (degradação dos ecossistemas e eliminação das espécies nativas) e económicos (custos acrescidos no seu controlo e eliminação) que se já se tornam impossíveis de “ignorar”.

Acresce a estes problemas o facto de a espécie ter características alergénicas para o ser humano, criando um problema adicional de saúde pública. A erva-das-pampas pertence à família de plantas das gramíneas, o que requer um alerta especial para quem sofre de alergias relacionadas com o pólen produzido por estas plantas, e ao qual cerca de 20% da população mundial revela algum tipo de reação alergénica. As reações a este tipo de plantas podem traduzir-se em, por exemplo, renite alergénica, conjuntivite ou até problemas de asma, diminuindo significativamente a qualidade de vida das pessoas afetadas.

 

Mas as plantas nativas também nos causam alergias! Qual é o problema desta?

As gramíneas nativas também nos causam problemas de saúde, sobretudo durante o período de primavera. O que diferencia a erva-das-pampas da maioria das nossas espécies nativas é o seu período de floração que, ao ocorrer a partir do meio do verão até ao outono, tem o potencial para provocar um pico de alergias adicional, fora do período a que estamos habituados.

Dados reportados por cientistas, parceiros do projeto LIFE COOP Cortaderia, na região norte de Espanha (Fig. 1) onde a espécie está muito dispersa, revelam um significativo aumento na quantidade de pólen presente no ar, coincidente com a época de floração da erva-das-pampas. Esta época “extra” de alergias tem potencial para ter no futuro um impacte enorme na qualidade de vida das pessoas. Quanto mais a espécie se continuar a expandir, mais indivíduos desta planta existirão e mais acentuados serão estes problemas. É um efeito bola de neve!

O que podemos fazer para evitar este problema?

Acima de tudo, é essencial conter a expansão e eliminar todos os exemplares possíveis, até porque esta espécie está classificada como espécie exótica invasora no nosso país.

O Decreto-Lei  92/2019 proíbe a detenção, cultivo, comércio, criação, introdução na natureza e repovoamento com espécies exóticas que integrem a Lista Nacional de Espécies Invasoras, a qual inclui, entre muitas outras espécies de plantas e animais, a erva-das-pampas (Cortaderia selloana). Está, assim, proibida a venda, colheita e/ou uso de plumas, as quais se tornam especialmente atrativas na sua época de floração pela beleza exuberante que têm.

A utilização e promoção da utilização das plumas para decoração contribui para a dispersão das sementes da espécie, pode agravar ainda mais as alergias, inspira outros cidadãos a utilizá-la e, adicionalmente, incorre numa contraordenação ambiental cujas multas podem chegar aos 37.500€!

Há, no entanto, ações que podem ser tomadas para combater o problema da expansão da erva-das-pampas. Esta espécie foi muito usada como planta ornamental antes da sua proibição, pelo que é normal que possa ainda ter algum exemplar no seu jardim. É importante que todos os exemplares sejam eliminados, incluindo os que estão isolados! Se não sabe o que fazer para eliminar a erva-das-pampas, explore na figura 2 (anexo) algumas dicas que podem ajudar.

Para além de eliminar exemplares, pode ainda ajudar a mapear a ocorrência da espécie. Estes registos são fáceis e de elevada importância, podendo dar um contributo relevante para o planeamento e gestão que as entidades públicas e privadas do seu território poderão estar a efetuar para o combate à espécie.

Pode fazê-lo de forma fácil e rápida através do seu telemóvel, usando a aplicação gratuita iNaturalist, onde se deve registar antes do primeiro registo. Para efetuar cada registo basta tirar uma fotografia ao(s) exemplar(es) que pretende registar, fazer a identificação como erva-das-pampas e marcar a localização (marcação automática se tiver o GPS do telemóvel ligado). Para além de ajudar as entidades gestoras, estes registos vão também contribuir para o estudo da espécie e do seu comportamento no nosso país.

Se procura saber mais sobre a espécie, os seus impactes e métodos de controlo consulte a página do Life COOP Cortaderia (https://lifecoopcortaderia.org/) ou não hesite em contactar para [email protected].

O projeto COOP Cortaderia conta com a participação de parceiros espanhóis, franceses e portugueses, e tem como objetivo sensibilizar, educar / capacitar e promover a intervenção dos vários setores da sociedade de forma a gerir melhor a invasão por erva-das-pampas. Além de levar a cabo intervenções de controlo, nas áreas de alguns dos parceiros, e apostar fortemente na sensibilização ambiental, este projeto convida entidades públicas e privadas a aderir à Estratégia Transnacional de luta contra a Cortaderia no Arco do Atlântico, oferecendo formação e consultoria profissional para melhorar a gestão da espécie com o objetivo de travar a sua expansão e, onde for possível, eliminar a sua presença.

Todos os Municípios, Comunidades Intermunicipais, Concessionárias de (Auto)Estradas, assim como outras entidades, incluindo Associações, ONGs, empresas, etc. foram já contactadas e convidadas a aderir. Existem até à data 100 entidades portuguesas aderentes (lista disponível em lifecoopcortaderia.org/pt), de entre um total de 242 entidades nos três países. Entre todas estas entidades umas têm intervindo de forma mais “musculada”, com ações de controlo, outras têm apostado na prevenção com ações de sensibilização dos cidadãos ou voluntariado para mapear a espécie ou remover as plumas: exemplos inspiradores que mostram que ainda que o desafio seja grande, é possível ganhar algumas batalhas! No entanto, muitas entidades não chegaram sequer a responder ao convite de adesão e entre as aderentes há algumas que tardam em intervir de forma mais proactiva permitindo o avançar da invasão da espécie com consequentes impactes negativos que se avolumam rapidamente.

Se pertence a uma entidade pública ou privada que tem esta espécie no seu território (ainda que pontualmente!), pode juntar-se à Estratégia Transnacional, trabalhar em conjunto com parceiros que enfrentam o mesmo desafio, e passar a fazer a diferença usufruindo dos benefícios que o projeto lhe pode oferecer. Se, por outro lado, é um cidadão preocupado, pode controlar a espécie nos seus terrenos (se os tiver), deixar de usar a espécie, ou fazer pressão junto das entidades para que controlem esta (e outras) espécie invasora! Pode também divulgar o projeto COOP Cortaderia e a possibilidade de adesão à Estratégia junto de empresas, escolas, associações e, principalmente, dos agentes políticos locais (juntas de freguesia e municípios). Se for professor, o projeto oferece-lhe ainda um programa de ciência cidadã no qual pode participar com grupos de alunos e contribuir ativamente para aumentar o conhecimento, o mapeamento e o controlo desta espécie: os 5 Desafios COOP CORTAderia, disponíveis em https://lifecoopcortaderia.org/desafios-corta-deria/.

 

Links úteis:

Website: https://lifecoopcortaderia.org/pt/portada-pt/

DL 92/2019: https://diariodarepublica.pt/dr/legislacao-consolidada/decreto-lei/2019-124568069

Artigos científicos: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39726321/ e https://www.nature.com/articles/s41598-021-03581-5

Vídeo sobre a Estratégia e o projeto Life COOP Cortaderia: https://www.youtube.com/watch?v=6IG69ZsvSfI&t=2s&ab_channel=LIFECOOPCortaderia

Manual de Boas práticas STOP Cortaderia: https://www.seo.org/lifecoopcortaderia/kit-stop-cortaderia/
Estratégia Transnacional STOP Cortaderia: https://www.seo.org/lifecoopcortaderia/kit-stop-cortaderia/

 

 

Atos prescritos pelas ULS/IPO
A Associação Nacional dos Laboratórios Clínicos (ANL) assinala a entrada em vigor, a 1 de julho, da nova fase de execução do...

Os utentes podem consultar os prestadores convencionados disponíveis e solicitar, através do SNS24, o agendamento, que será, posteriormente, remetido por e-mail à entidade por si escolhida. A ANL saúda esta iniciativa e recorda que está previsto o desenvolvimento de funcionalidades adicionais, no início de 2026, permitindo a escolha com base nas disponibilidades de agenda das unidades convencionadas.

O Despacho consagra, de forma expressa, a livre escolha do utente e o seu direito a recorrer ao setor convencionado, sem qualquer restrição, quando a prescrição haja sido efetuada pelos cuidados primários, bem como a obrigatoriedade de recurso ao setor convencionado pelos cuidados hospitalares, sempre que não exista capacidade de resposta interna dentro dos 85% do Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG) ou do Tempo Clinicamente Aceitável (TCA). Contribuindo para a correta aplicação do Despacho, a ANL publicou o seu parecer sobre os conceitos de TMRG e TCA, clarificando a obrigação legal, das Unidades Locais de Saúde (ULS) e de todas as entidades do SNS, de recurso ao setor convencionado (para aceder ao parecer da ANL, consulte ANL - Parecer Técnico-Jurídico sobre TMRG, TCA e Recurso ao Setor Convencionado no SNS).

Esta obrigação, aliada à introdução de mecanismos operacionais que permitem a marcação dos atos diretamente pelos utentes, reforçam a articulação entre os prestadores públicos e convencionados, bem como a complementaridade destes últimos na resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A simplificação administrativa, a valorização da complementaridade do setor convencionado para a melhoria do acesso dos utentes do SNS, assegurando a liberdade de escolha, a proximidade territorial e a eficiência do sistema, são peças fundamentais para que o sistema de saúde trabalhe, cada vez mais e melhor, para o Cidadão, conforme alerta o diretor-geral da ANL, Nuno Marques: “a interoperabilidade entre o setor público e os prestadores convencionados é uma condição essencial para a eficiência do SNS. Este modelo traz ganhos claros para o cidadão, para o Estado e para o acesso à Saúde, mas também exige estabilidade, valorização contratual e um trabalho de colaboração com o setor convencionado para que a integração técnica se desenvolva corretamente”.

A ANL continuará a acompanhar a implementação do Despacho n.º 12876-C/2024, defendendo o seu cumprimento integral e o reforço da confiança no setor convencionado, como extensão do SNS.

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