Estudo

Setor privado representa mais de metade da oferta hospitalar em Portugal

Segundo o estudo Portuguese Healthcare and Senior Living sobre o setor das residências sénior e cuidados de saúde, divulgado hoje pela CBRE Portugal, o mercado português tem vindo a registar um dinamismo crescente oferecendo diversas oportunidades de investimento.

Em 2050 mais de 1/3 da população portuguesa será idosa e o nosso pais, será o 3º país mais envelhecido da União Europeia. Em 2020, 23% da população portuguesa tinha mais de 65 anos comparando com 21% na UE, porém é expectável que até 2026 esta percentagem em Portugal cresça para 34%.

Dados oficiais mostram ainda que, ano após ano, o montante gasto pelos portugueses em cuidados de saúde tem vindo a aumentar atingindo 26,5 mil milhões de euros em 2023, o que representa 10% do PIB português, tendo crescido 50% em relação a 2016. O montante alocado a cuidados em ambulatório (sem internamento dos pacientes) representou 46% do valor gasto pelas famílias, totalizando 1.074€ per capita.

Em Portugal existem 243 hospitais que em conjunto somam mais de 36.000 camas e o peso do setor privado é altamente significativo representando 54% da oferta hospitalar, ou seja, 131 hospitais com cerca de 11.700 camas. Entre 2014 e 2017 o número de hospitais manteve-se estável porém, desde então, aumentou 8% com a abertura de 18 novas unidades, sendo que apenas uma delas foi desenvolvida pelo setor público.

O mercado privado de saúde está assim a crescer significativamente: mais procura de cuidados, mais vidas cobertas por seguros de saúde e menos resposta da oferta pública – com graves problemas estruturais (encerramentos de emergência, capacidade de resposta limitada em diversas especialidades, tempos de espera significativos , etc.). À medida que os tratamentos de saúde e a tecnologia avançam, aumenta também a exigência de imóveis apropriados e especializados que possam acomodar tanto os utilizadores como os equipamentos necessários.

No âmbito da operação por privados, 35% do total das camas estão nas mãos de 5 principais operadores: Trofa Saúde, Luz Saúde, José de Mello, Lusíadas e Grupo HPA Saúde. Um dos motivos pelos quais se apresenta tão atrativo investir no setor dos cuidados de saúde prende-se com o rácio de cama por habitante pois se na Europa este rácio é de 5,3 camas por cada 1.000 habitantes, em Portugal situa-se nas 3,5 camas por 1.000 habitantes.

Analisando agora as unidades de cuidados continuados, o estudo da CBRE indica que existem 377 unidades dedicadas aos mesmos, com um total de 9.771 camas, porém alerta que apenas 2% destas camas estão no setor público, sendo os outros 98% operados por entidades sem fins lucrativos, como a Santa Casa da Misericórdia, IPSS ou privados.

José Moutinho, responsável pela área de research na CBRE Portugal indica que: “a falta de camas no serviço nacional de saúde é bastante severa, particularmente nos distritos de Lisboa e Porto. Em 2023 existiam mais de 1.800 pessoas a aguardar por uma cama em cuidados continuados e é previsível que este número venha a aumentar, o que obrigará também a um incremento significativo na oferta”.

Já no âmbito das residências sénior, comumente designadas por lares, verificam-se 2.632 unidades em Portugal, sendo que 25% das mesmas são operadas por empresas privadas. A taxa de ocupação dos lares em Portugal é de 91,8% e 70% dos utilizadores esteve nestas unidades por um máximo de 5 anos, enquanto 10% esteve numa destas estruturas durante 10 anos ou mais.

Os cinco principais operadores de residências sénior em Portugal totalizam mais de 3.800 camas sendo eles: as Residências Montepio, o Grupo EMEIS, a DomusVi, a PSHC e Naturidade. 

Igor Borrego, Head of Capital Markets da CBRE acrescenta: “Em Portugal, nos anos de 2020 e 2021, transacionaram-se três importantes portefólios e apesar de desde então não se terem registado transações nestes setores, existem algumas operações em pipeline que ultrapassam os 50 milhões de euros. Acredito que o investimento venha a crescer significativamente no futuro e este setor assista à entrada de novos investidores e operadores internacionais atraídos pela oportunidade que Portugal representa como país”.

A consultora aponta nove principais fatores que privilegiam o investimento neste setor, nomeadamente: 1. Aumento significativo do número de idosos e pessoas dependentes; 2. Elevado desequilíbrio entre oferta e procura; 3. Falta de oferta de cuidados especializados; 4. Elevada faixa populacional com cobertura de seguro de saúde (1/3 da população); 5. Setor polarizado com enorme potencial de expansão e consolidação dos operadores; 6. Diversas oportunidades de investimento uma vez que o setor é ainda marcado por proprietários também responsáveis pela operação; 7. Pensionistas com poder de compra gerados pela propriedade de imóveis ou poupanças; 8. Atratividade de Portugal junto de reformados estrangeiros; 9 residências sénior ou clínicas de cuidados especializados representam um investimento estável no longo termo.

 

Fonte: 
LLYC
Nota: 
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