Saiba tudo
Designa-se por estrabismo qualquer desalinhamento dos eixos visuais.
Estrabismo

O desvio de um dos olhos pode dar-se numa direcção horizontal convergente ou divergente, numa direcção vertical podendo um dos olhos desviar-se para cima ou para baixo ou ainda segundo um eixo torsional, neste caso de diagnóstico mais difícil. Na prática muitas vezes os desvios são mistos, ou seja, os eixos visuais encontram-se desalinhados em mais que uma direcção.

 

Há ainda outras formas mais complexas de estrabismo; são formas mais raras e que por vezes estão associadas a outras alteraçoes oculares ou mesmo sistémicas.

Incidência
É desconhecido o número de estrábicos em Portugal. No entanto sabendo que a prevalência do estrabismo para populações com características demográficas idênticas à nossa é de cerca de 3%, podemos estimar que em Portugal existam cerca de 320.000 estrábicos e que entre estes, 50.000 sejam crianças com idade inferior a 14 anos.

Causas
As causas variam de acordo com o tipo de estrabismo, com a idade de aparecimento e as características demográficas das populações.

Na infância a forma mais frequente de estrabismo é a endotropia acomodativa. Representa cerca de 80% de todos os estrabismos; embora possa aparecer mais cedo, aparece habitualmente entre os 2 e os 5 anos. Resulta do esforço que a criança tem de fazer para focar as imagens. Embora possa ser devida a uma alteração na relação entre a acomodação e a convergência, ma maioria dos casos é provocada por uma hipermetropia não compensada. Esta forma de estrabismo é particularmente importante porque pode ser prevenida; se a causa for diagnosticada e corrigida atempadamente pode evitar-se o aparecimento de estrabismo e da consequente ambliopia (olho preguiçoso). Daqui resulta a grande importância dos rastreios visuais no inicio do segundo ano de vida.

A endotropia congénita, que se manifesta nos primeiros 6 meses de vida e que se caracteriza por um desvio de grande ângulo (muitas vezes associado a um desvio vertical) não tem uma causa conhecida.

Outra causa importante de estrabismo é a baixa visão de um dos olhos - estrabismo sensorial. Na presença de uma catarata, descolamento de retina ou outra causa grave de hipovisão, o olho com má visão pode desviar-se.

Com excepção para a exotropia sensorial, os desvios divergentes têm uma causa mal conhecida. Muitas vezes iniciam-se por uma forma divergente com deterioração progressiva da capacidade de fundir as imagens dos dois olhos, e evolução para a instalação de um desvio constante.

Há vários factores de risco associados ao aparecimento de estrabismo. Para além das crianças com uma história familiar, têm maior risco de desenvolver estrabismo: os prematuros com idade gestacional inferior a 28 semanas e/ou com menos de 1500gr ao nascimento, as crianças com complicações perinatais envolvendo o sistema nervoso central ou com atraso do desenvolvimento e ainda as portadoras de alguns síndromes genéticos sobretudo quando associados a alterações cranio-faciais.

Diagnóstico
Tal como as causas, os sintomas dependem do tipo de estrabismo, da idade de aparecimento e da forma como se instala.

Na criança, sobretudo nas mais pequenas que não verbalizam, muitas vezes não há queixas sintomáticas e o mais importante são alguns sinais que decorrem das adaptações que a criança faz.

O sinal mais evidente é o próprio desalinhamento ocular. Quando ocorre o desvio dá-se uma duplicação das imagens - diplopia. No adulto, essa diplopia mantém-se enquanto se verificar o desvio. Nas crianças, no entanto, o processo tem uma evolução diferente; elas rapidamente desenvolvem um mecanismo de “supressão” da segunda imagem, de forma a obter uma visão confortável. Este mecanismo leva à não utilização de um dos olhos, o qual na ausência de tratamento, vai ter consequências ao nível do córtex visual, com o desenvolvimento de ambliopia.

Previamente à instalação da supressão, a criança pode fechar o olho desviado para evitar a diplopia; é um sinal que numa criança deve ser sempre valorizado.

Alguns tipos de estrabismo podem ser compensados alterando a posição da cabeça. Umtorcicolo deve ser sempre avaliado por um oftalmologista no sentido de despistar a presença de uma alteração do equilíbrio ocular motor.

A presença de um estrabismo não compensado prejudica sempre a visão binocular com uma resposta deficiente ou ausente nos testes de estereopsia.

Sintomas de estrabismo:

  • Diplopia;
  • Ambliopia;
  • Diminuição da estereopsia.

Sinais de estrabismo:

  • Desalinhamento ocular;
  • Encerramento de um olho;
  • Torcicolo.

Uma forma simples de avaliar a presença de estrabismo, consiste em projectar uma luz nos olhos da criança e verificar se o reflexo se encontra centrado nos dois olhos. Ver esquema (figuras 1 a 3).

Fig.1 Os reflexos estão centrados. Não existe estrabismo.

Fig.2 O reflexo do olho esquerdo esta desviado para fora: estrabismo convergente.

Fig.3 O reflexo do olho esquerdo está desviado para dentro: estrabismo divergente.

Pseudo-estrabismo
O Pseudo-estrabismo ou falso estrabismo é muito frequente, sobretudo nas idades mais precoces. Significa que a embora a criança aparente ser portadora de um estrabismo (normalmente convergente), de facto tem os olhos bem alinhados.

Esta falsa aparência de estrabismo é provocada pela visualização de menor porção de esclera na metade nasal do que o esperado. É normalmente devida à presença de epicantos proeminentes, a uma ponte nasal larga, ou alterações da distância interpupilar.

Fig.4 A existência de pregas no canto interno dos olhos (epicanto) e o aumento da largura da base do nariz dão a falsa sensação da presença de estrabismo. Contudo, a presença de reflexos centrados permite afirmar que não existe estrabismo.

Tratamento
A primeira preocupação a ter com um doente estrábico após o diagnóstico de estrabismo, é efectuar uma avaliação completa da situação clínica. Deve determinar-se qual a causa ou causas, os factores de risco associados e que consequências produziu o desvio.

Mais premente que o tratamento do desvio propriamente dito, é a correcção das causas que lhe podem estar subjacentes. Devem corrigir-se por exemplo todos os erros refractivos significativos que estejam presentes; muitos estrabismos ficam corrigidos somente com a prescrição de uns óculos adequados.

Entre as consequências produzidas pelo estrabismo assume particular relevância a ambliopia. Os óculos, quando indicados são fundamentais, mas muitas vezes são insuficientes para o tratamento; é necessário recorrer a formas de penalizar o olho bom, usando por exemplo oclusões ou recorrendo à instilação de gotas que diminuam temporariamente a visão do olho bom, ou ainda a tratamentos de estimulação da visão.

É necessário enfatizar que estes tratamentos têm por finalidade tratar apenas a função visual e não o estrabismo!

Finalmente o desvio propriamente dito que se mantém após a correcção óptica, tem tratamento cirúrgico. Uma alternativa à cirurgia, é em alguns casos, a aplicação de injecções de toxina botulinica nos músculos extra-oculares.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Dicionário de A a Z
Pelugem macia dos recém-nascidos.

O lanugo forma-se geralmente na última fase da gravidez. São pelos finos e macios que cobrem a pele do bebé e que acabam por cair nas suas primeiras semanas de vida.

A sua presença é mais comum nas costas, ombros, orelhas e testa.

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Portas abertas a novas terapêuticas
A investigação vem mostrar que a doença de Parkinson pode ter uma causa genética - até recentemente os indícios apontavam para...

Um grupo de cientistas liderado por um investigador português estudou um gene associado à doença de Parkinson e a forma como actua, abrindo portas ao desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas contra esta doença, mas também contra o cancro.

O trabalho de investigação, desenvolvido por um grupo do Instituto de Medicina Molecular (IMM) liderado por Tiago Outeiro, e investigadores na Alemanha e no Reino Unido, vem mostrar que a doença de Parkinson pode ter uma causa genética - até recentemente os indícios apontavam para causas ambientais – trazendo nova esperança para o seu tratamento.

“Procurámos estudar um dos genes associados a doença de Parkinson, o gene que codifica a proteína DJ-1. Este gene está associado também ao cancro, porque a função da proteína pensa-se que está relacionada com a defesa contra stress oxidativo”, disse Tiago Outeiro.

Ou seja, uma vez identificada a função do gene defeituoso, deverá ser mais fácil identificar “onde é que as coisas correram mal”, sendo DJ-1 um exemplo particularmente interessante, porque é um gene que causa várias formas de Parkinson, mas também está ligado ao cancro, ao Alzheimer e a outras doenças neurodegenerativas, o que sugere que desempenha um papel importante na proteção contra os efeitos do envelhecimento.

Como o estudo das proteínas humanas “é complexo”, os investigadores procuraram usar modelos mais simples, para estudar esta função e o que se passa para que as doenças surjam.

“Nesse sentido, utilizámos leveduras, um organismo com células semelhantes às de outros organismos, incluindo humanos. Tirámos partido da semelhança entre leveduras e células humanas e estudámos o gene (DJ-1), na levedura, que tem quatro proteínas – HSP 31, HSP 32, HSP 33 e HSP 34. Estudámos o que fazem na célula e em que condições respondem”, explicou.

Os investigadores perceberam que, em leveduras, a exclusão de DJ-1 do genoma perturba vários mecanismos de protecção celular e, em última instância, a sobrevivência da levedura.

Segundo Tiago Outeiro, a descoberta “inovadora” é que “estas proteínas estão envolvidas na regulação de uma via TORC, que é muito importante, porque regula muitas funções celulares, incluindo o processo de autofagia – degradação de proteínas dentro das células para reciclagem”.

Assim, foi possível perceber onde é que a DJ-1 da levedura atua: modula a proteína TORC, que regula o envelhecimento, gerindo o equilíbrio entre a formação e a destruição de proteínas, o que aponta para que esta molécula possa ser a chave para a doença de Parkinson.

“Ao regular esta via TORC, (as proteínas HSP) regulam muitos processos dentro das células. Ao percebermos isto vamos ser capazes de perceber onde vamos atuar, para evitar ou promover processos dentro das células”, acrescentou.

O que o trabalho trouxe de novo foi a “utilização de levedura para estudar o processo da doença de Parkinson, a função destas proteínas e do DJ-1”, disse o investigador.

Segundo Tiago Outeiro, esta descoberta abre novas portas: “Ao conhecermos estas proteínas vamos ser capazes de desenvolver estratégias terapêuticas e intervir na doença”.

Um estudo pioneiro, desenvolvido recentemente em Portugal pela Sociedade Portuguesa das Doenças do Movimento, revelou que existem no país perto de 13 mil pessoas com Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa com maior prevalência.

Tiago Outeiro acrescentou que, em todo o mundo, se estima existirem perto de 12 milhões de pessoas com a doença, “um número que vai crescer, porque a população humana está a envelhecer”.

O trabalho de investigação será publicado na revista científica PNAS.

População jovem é a mais afectada
O aumento do nível da polinização que se verifica durante a primavera leva a um aumento das queixas dos sintomas alérgicos,...

As conjuntivites alérgicas, que atingem cerca de 20 a 25 por cento da população portuguesa, em especial os mais jovens, podem ser tratadas com colírios oftalmológicos e prevenidas através do não contacto com elementos que desencadeiem alergia (alergénios). 

Paulo Torres, oftalmologista e presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) explica que “a conjuntivite alérgica é uma doença inflamatória da superfície ocular externa, muitas vezes recorrente e que se manifesta principalmente através do prurido, fotofobia e lacrimejo. Outras manifestações tais como sensação de ardor, de corpo estranho, vermelhidão e edema da conjuntiva e das pálpebras podem também estar presentes”.

As conjuntivites podem ter várias causas. Por exemplo, as de origem infecciosa, muito frequentes, são provocadas por vírus, bactérias ou fungos. No entanto, distinguem-se da conjuntivite alérgica porque, segundo o especialista, nas de origem infecciosa “predominam as secreções muco-purulentas, contrastando com as da alergia que apresentam uma lágrima límpida. Além disso, a conjuntivite alérgica manifesta-se quase sempre nos dois olhos, enquanto a conjuntivite infecciosa pode manifestar-se apenas num dos olhos”.

O oftalmologista realça ainda que sintomas nasais de rinite estão muitas vezes associados à conjuntivite alérgica. Esta última manifesta-se em cerca de 70% dos doentes com rinite alérgica diagnosticada. A conjuntivite alérgica pode ter um carácter sazonal com exacerbação dos sintomas na Primavera, altura do ano em que há uma grande quantidade de pólenes no ar (gramíneas, oliveira e parietária, que são os mais comuns entre nós) e no Outono com a queda da folha. Quando a conjuntivite alérgica apresenta um carácter persistente (perene), está relacionada com outro tipo de alergénios, como sejam os ácaros do pó da casa e os epitélios de animais domésticos (gato e cão ).

No tratamento da conjuntivite alérgica são utilizados os “anti-histamínicos tópicos de acção rápida e os inibidores da libertação de mediadores inflamatórios, que geralmente são eficazes no alívio quase imediato dos sintomas. Os corticosteróides tópicos são usados nas formas mais graves da doença, mas a sua utilização deve ser ponderada e monitorizada sempre por um oftalmologista”, explica Paulo Torres.

Mas, segundo o especialista “tal como acontece em outras manifestações alérgicas deve-se sempre tentar prevenir o desencadear ou o agravamento da alergia ocular evitando a exposição aos alergénios conhecidos. Assim, na época polínica, que no nosso país se estende de Março a Julho (dependendo do alergénio em causa), deve-se evitar andar ao ar livre nas primeiras horas da manhã (altura em que há maior polinização), em dias ventosos, quentes e secos e em espaços relvados. Outra medida aconselhável é o uso de óculos escuros com filtro UV. Nas situações de conjuntivites alérgicas perenes é fundamental evitar a acumulação de pó em casa e a proliferação de ácaros domésticos, cujo crescimento é facilitado pelo calor e pela humidade”.

O presidente da SPO, frisa que “o diagnóstico, o tratamento inicial e o aconselhamento com explicação de possíveis sinais de alerta devem ser sempre efectuados por um oftalmologista”. 

Saiba mais
A ambliopia consiste na diminuição da acuidade visual de um ou de ambos os olhos.
Ambliopia

Porque se instala a ambliopia?
É sempre provocada por uma experiência visual incorrecta nos primeiros meses ou nos primeiros anos de vida. A rapidez com que se instala e a gravidade da ambliopia depende da causa.

Ao nascimento o funcionamento cerebral da visão é muito limitado. Os centros corticais da visão estão morfologicamente desenvolvidos mas funcionam ainda de maneira muito rudimentar. Inicialmente o fenómeno visual é essencialmente sub-cortical. O córtex visual e as restantes áreas corticais relacionadas com a visão só se desenvolvem funcionalmente após o nascimento. Esse desenvolvimento dá-se de uma forma estruturada e sequencial. Para que ocorra de forma normal é necessário que as imagens que chegam ao córtex visual sejam de boa qualidade.

Causas
São várias as causas de ambliopia. As mais frequentes são os erros refractivos e os estrabismos. Entre os erros refractivos são sobretudo importantes as situaçoes em que há um erro refractivo muito elevado ou que há uma diferença de erro entre os dois olhos (anisometropia). No total os erros refractivos e o estrabismo representam cerca de 99% das causas de ambliopia. Estas causas de ambliopia têm importância sobretudo depois dos 12 -15 meses de idade. Embora o tratamento normalmente seja possível até aos 7 ou 8 anos, a recuperação é tanto mais fácil e rápida quanto menor for a idade em que se inicia.

Existem outras causas mais graves e de tratamento urgente. Felizmente são mais raras. Incluem todas as alterações que provocam obstrução da entrada da luz e das imagens no olho. Nestes casos a ambliopia pode instalar-se de forma imediata e nos casos mais graves torna-se irreversível se a sua causa não for tratada nos primeiros meses de vida. Um bom exemplo é o que acontece com a catarata congénita. Quando a obstrução que provoca à entrada da luz é importante a ambliopia desenvolve-se imediatamente. Esta é uma das formas mais graves da doença e nesta situação concreta, o período de plasticidade cerebral esgota-se nos primeiros meses de vida, pelo que o tratamento deve ser realizado com extrema urgência. Uma catarata congénita deve ser operada entre as 6 semanas de vida e os 2 ou 3 meses.

Quais são os sintomas da ambliopia?
O único sintoma da ambliopia é a diminuição da visão! Contudo as crianças raramente se queixam de má visão, pelo que mais importante que os sintomas são os sinais de má visão.

É importante ter em consideração que uma criança que tenha uma muito má visão de apenas um dos olhos não tem qualquer limitação visual!

Mesmo na presença de diminuição da acuidade visual dos dois olhos, muitas crianças não aparentam qualquer limitação da função visual!

Diagnóstico
O diagnóstico faz-se através da avaliação da acuidade visual e constatando que é inferior ao normal; isto só é possível a partir dos 3 ou 4 anos de idade, quando a criança já colabora.
Nas crianças mais pequenas, não colaborantes, podemos inferir que existe ambliopia de um olho quando há uma reacção à oclusão do outro olho.

Nos casos de estrabismo podemos inferir da presença de ambliopia de um olho quando a criança fixa os objectos apenas com o outro olho.

Contudo a forma mais segura de diagnosticar e prevenir a ambliopia é a detecção de alteraçoes oculares capazes de provocar o aparecimento de ambliopia. O rastreio destas alteraçoes deve ser feito desde o nascimento e durante o primeiro ano de vida, pelos pediatras e pelos médicos de família. Durante o segundo e o terceiro anos de vida, todas as crianças deveriam ser rastreadas pelo oftalmologista no sentido de excluir a presença de erros refractivos importantes capazes de provocar ambliopia ou capazes de provocar estrabismo e por consequência ambliopia.

Prevenção
Melhor que tratar a ambliopia instalada é evitar o seu desenvolvimento.

Nos casos em que existe obstrução do eixo visual, a sua causa deve ser tratada imediatamente antes que se instale uma ambliopia profunda e antes que surjam outras complicações como o nistagmo.

Relativamente aos erros refractivos devem ser compensados precocemente de forma a evitar a instalação da ambliopia.

A maioria dos estrabismos tem uma causa refractiva pelo que o seu aparecimento pode ser prevenido pelo uso de óculos em tempo útil; nos casos de estrabismo por outra causa, o tratamento instituído precocemente também pode prevenir a ambliopia.

Rastreio
Só é possível prevenir a ambliopia detectando precocemente as alteraçoes oculares capazes de a provocar. Por isso o rastreio visual é tão importante nas crianças.

O rastreio deve preferencialmente efectuar-se em tempo útil.

As causas de obstrução do eixo visual devem ser detectada nos primeiros dias após o seu aparecimento; os Pediatras têm habitualmente muito cuidado e fazem-no com muita facilidade.

Relativamente às causas mais frequentes de ambliopia, o ideal é efectuar o primeiro rastreio no segundo ano de vida por volta dos 14 -15 meses; nesta idade rastreiam-se as causas de ambliopia já referidas. O segundo rastreio idealmente deve realizar-se aos 4 anos; nesta idade já existe colaboração para o registo da acuidade visual com testes de visão adequados à idade. À entrada para escola primária é também importante verificar o estado da função visual para garantir a presença de condições sensoriais adequadas para uma aprendizagem correcta.

Tratamento
Uma vez diagnosticada a presença de ambliopia o tratamento deve ser personalizado de acordo com a sua causa, a sua profundidade e a idade da criança.

Recidiva
A recidiva da ambliopia é muito frequente! Mesmo nos casos que foi tratada com sucesso é possível haver uma recaída até aos 7-8 anos. por isso todas as crianças que tiveram ambliopia devem ser cuidadosamente monitorizadas até essa idade.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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Ter refluxo, em pequena quantidade e depois das refeições, pode ser normal.
Estômago e esófago

O que é o refluxo?

Consiste na subida do conteúdo do estômago (ácido) para o esófago, sem que haja vómitos.

Ter refluxo, em pequena quantidade e depois das refeições, pode ser normal.

Apesar disso, o refluxo pode tornar-se doença, passando a chamar-se Doença de Refluxo Gastroesofágico ou Esofagite de Refluxo.

Existe normalmente doença quando:

  • O refluxo passa a ser muito intenso e/ou muito frequente;
  • O refluxo começa a causar sintomas;
  • Surgem lesões (feridas) na parede do esófago (o conteúdo do estômago é muito ácido, o que o torna agressivo para o esófago, podendo, por isso, feri-lo).

Nem todas as pessoas que sofrem de Doença do Refluxo apresentam lesões no esófago.

Deste modo, podemos distinguir dois tipos de Doença ou Esofagite de Refluxo:

  • Esofagite não erosiva - quando não se observam erosões (feridas) no esófago;
  • Esofagite erosiva - quando é possível observar erosões (feridas) no esófago inflamado.

Quais são os factores de risco para ter refluxo gastroesofágico?

Algumas situações e hábitos de vida, em conjunto, tornam mais provável o aparecimento de refluxo gastroesofágico.

Entre eles, destacam-se:

  • Hábitos tabágicos;
  • Obesidade;
  • Consumo de bebidas alcoólicas;
  • Alguns alimentos (por exemplo: derivados do tomate, citrinos, chocolate e bebidas com cafeína);
  • Hérnia do hiato – doença em que uma parte do estômago passa do abdómen (barriga), local da sua localização normal, para o tórax, através do diafragma (que separa o abdómen do tórax). Nem todas as pessoas que sofrem desta doença têm refluxo. No entanto, esta situação favorece o aparecimento de refluxo;
  • Utilização de roupa apertada na zona da barriga;
  • Gravidez;
  • Tosse;
  • Obstipação;
  • Toma de alguns medicamentos (nitratos, estrogénios, contraceptivos orais, bloqueadores dos canais de cálcio, beta-agonistas, anticolinérgicos, entre outros).

Quais são os sintomas do refluxo?

  • Azia (pirose) – é o sintoma mais frequente. Corresponde a uma sensação de ardor ou queimadura no peito, que se pode estender até ao pescoço. Normalmente aparece menos de uma hora depois das refeições e piora quando em posição deitada ou inclinada para a frente;
  • Regurgitação – é a sensação de que os alimentos sobem até à boca, sem que se faça esforço para vomitar;
  • Dor ou dificuldade ao engolir;
  • Vómitos escuros ou sangue no vómito (raro);
  • Podem surgir outras queixas (como, tosse, rouquidão, falta de ar, inflamação das gengivas), normalmente associadas às acima descritas.

Como é feito o diagnóstico do refluxo?

A partir dos sintomas. Perante a suspeita de refluxo gastroesofágico, as queixas deverão ser avaliadas por um médico, podendo não ser necessários mais exames para estabelecer o diagnóstico. 

Caso seja necessário, podem ser realizados um ou mais dos seguintes exames:

  • Endoscopia digestiva alta;
  • Radiografia do esófago, estômago e duodeno;
  • pHmetria das 24h – regista o pH do esófago durante 24 horas seguidas, para avaliar se existe de facto um aumento da acidez.

Como se trata o refluxo?

Todas as pessoas que sofrem de refluxo gastroesofágico devem ter em atenção as seguintes medidas gerais:

  • Evitar comer refeições muito pesadas e em grande quantidade - deve comer mais vezes, em pequenas quantidades;
  • Evitar comer nas 2 ou 3 horas antes de se deitar;
  • Dormir com a cabeceira ligeiramente elevada (se necessário com mais do que uma almofada);
  • Evitar comer alguns alimentos: chocolate, café, chá preto, álcool, bebidas com gás, citrinos (sumos de laranja, limão), pimenta, alimentos gordos, tomate ou outros alimentos que agravem os sintomas;
  • Evitar exercício físico intenso, sempre que este lhe provocar um agravamento do ardor;
  • Deixar de fumar;
  • Perder peso;
  • Evitar usar roupa apertada (cintas, calças e saias apertadas, cintos, etc.)

Para além destas medidas gerais, deve seguir as indicações que o seu médico lhe der.

Dependendo do tipo de refluxo que tem, pode ter indicação para fazer:

  • Medicamentos anti-ácidos (que diminuem a acidez do estômago, tornando o refluxo menos agressivo para o esófago e que ajudam a cicatrizar as feridas do esófago, caso elas existam). Uma vez que se trata de uma situação crónica, pode ser necessário fazer estes medicamentos durante um período prolongado.

Nos casos mais graves, pode ser necessário:

  • Tratamento por via endoscópica, em centros especializados.

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O que é?
O esófago é um tubo muscular que transporta os alimentos desde a boca até ao estômago, estando local
Esófago

Normalmente não sentimos este órgão, excepto quando engolimos. No entanto, se o revestimento interno (denominado de mucosa) do esófago ficar inflamado, podemos sentir dor no peito ou dificuldade na deglutição. Esta inflamação do esófago é denominada de esofagite.

A esofagite tem diversas causas comuns

Refluxo ácido

O refluxo ácido é, de longe, a causa mais comum de esofagite (também denominada doença de refluxo gastro-esofágico ou DRGE). Nesta situação ocorre fluxo retrógrado do ácido do estômago, o que resulta numa queimadura química do esófago.

O refluxo de ácido do estômago para o esófago pode levar à inflamação da mucosa do esófago e causar azia e sensação de ardor no peito.

Distúrbios alimentares

De forma semelhante ao refluxo ácido, os vómitos frequentes podem causar uma queimadura ácida do esófago. A esofagite pode, por vezes, ser observada em pessoas com distúrbios alimentares, tais como a bulimia.

Medicamentos

Alguns medicamentos comuns podem causar uma queimadura química do esófago. Os comprimidos que têm uma maior probabilidade de causar esofagite incluem:

  • A aspirina;
  • A doxiciclina;
  • Os suplementos de ferro;
  • Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, tais como o ibuprofeno ou o naproxeno;
  • Medicamentos para a osteoporose, tais como o alendronato ou o risedronato.

Quimioterapia e radioterapia para o cancro

Alguns destes tratamentos podem lesar o revestimento do esófago, resultando numa esofagite.

Infecções

As infecções no esófago podem causar igualmente uma esofagite, ocorrendo geralmente em pessoas com deficiência do sistema imunitário. A esofagite secundária a infecções é comum em doentes com infecção pelo VIH, pessoas que tomam medicamentos corticosteróides a longo prazo, doentes submetidos a transplantes de órgão ou que foram tratados com quimioterapia para cancro.

Apenas alguns tipos de infecção podem surgir no esófago, tais como:

  • Fungos (como a Candida);
  • Vírus Herpes Simplex (HSV);
  • Citomegalovírus (CMV).

Mesmo numa pessoa que já apresenta uma infecção herpética na boca, esta raramente se dissemina para o esófago se o sistema imunitário não estiver deprimido.

Manifestações clínicas

Os sintomas principais de esofagite são:

  • Dor no tórax (retrosternal) ou na garganta. A dor pode ser tipo queimadura ou uma sensação de peso ou facada. Se a esofagite for causada por refluxo ácido, a dor pode ser mais intensa depois das refeições ou quando a pessoa está deitada. A dor da esofagite pode ser constante ou intermitente;
  • Dificuldade na deglutição, incluindo o agravamento da dor torácica quando o doente engole ou uma sensação de que os alimentos ficam presos no tórax depois da deglutição;
  • Quando a inflamação é exuberante pode surgir hemorragia, observada sob a forma de sangue no vómito (hematemeses) ou nas fezes (melenas), que podem apresentar uma cor escura pela presença de sangue digerido.

Diagnóstico

O diagnóstico é frequentemente realizado com base nos sintomas.

A forma mais fidedigna de avaliar esofagite é através da observação directa do interior do esófago por meio do chamado endoscópio. O endoscópio consiste numa câmara acoplada à extremidade de um tubo flexível. Este tubo é suficientemente longo para alcançar o estômago e a primeira porção do intestino delgado (duodeno). Este procedimento é, por vezes, denominado endoscopia digestiva alta.

Através da utilização do endoscópio, o médico pode encontrar inflamação no esófago ou esofagite. O médico irá procurar identificar a presença de áreas onde o revestimento do esófago sofreu “desgaste” (denominadas erosões ou úlceras) ou apresenta vesículas  ou áreas cicatriciais. Em alguns casos, o médico irá fazer uma biopsia ao esófago obtendo uma pequena amostra da mucosa através da extremidade do endoscópio. Este tecido é subsequentemente observado ao microscópio por médico especialista.

Através de endoscopia, o médico pode observar a mucosa do esófago e saber se esta se encontra inflamada. Como referido anteriormente, em determinadas circunstâncias devem ser retiradas biópsias da mucosa para esclarecimento da causa da esofagite.

Uma vez que a esofagite é apenas uma das causas possíveis para os sintomas de dor torácica ou de dificuldades na deglutição, o médico pode pedir outros exames para avaliar o coração, os pulmões e restante o aparelho digestivo.

História Natural

A duração dos sintomas depende da facilidade com que a sua causa pode ser corrigida. Os casos de refluxo grave ou de infecções por vírus resistentes, por exemplo, podem requerer várias tentativas antes de se conseguir encontrar o medicamento ou tratamento certo. Na maior parte dos casos, os sintomas começam a melhorar dentro de alguns dias após o início do tratamento apropriado. Contudo, pode demorar semanas até que os sintomas desapareçam completamente. A esofagite secundária a uma infecção pode ser mais difícil de tratar se o sistema imunitário estiver gravemente deprimido.

Prevenção

A causa mais comum de esofagite, o refluxo ácido, pode, por vezes, ser prevenida através da instituição de algumas medidas bastante simples:

  • Evitar refeições pesadas e volumosas, especialmente nas horas que antecedem o deitar;
  • Cortar os cigarros e o álcool;
  • Cortar líquidos às refeições;
  • Evitar consumir grandes quantidades de cafeína, chocolate, hortelã-pimenta e alimentos com um teor elevado de gorduras;
  • Controlar o peso. Emagrecer;
  • Não usar roupas apertadas.

Se a pessoa tiver azia apesar destas medidas, o médico pode sugerir que tome um medicamento que bloqueia o ácido do estômago.

Todos os medicamentos de venda livre ou sujeitos a prescrição médica devem ser tomados de pé ou sentada e ser engolidos com água. Isto é especialmente importante para os medicamentos que podem causar esofagite.

Tratamento

O tratamento depende da causa de esofagite.

Refluxo ácido — Podem ser utilizados medicamentos que bloqueiam o ácido, incluindo os inibidores da bomba de protões. Em alguns casos difíceis de tratar, geralmente quando os sintomas são refractários a medicamentos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica ao estômago para ajudar a prevenir o refluxo. Esta raramente está indicada.

Medicamentos — A ingestão de um copo cheio de água depois de tomar um comprimido pode ser útil. De um modo geral, se tiver surgido esofagite, é necessário parar o medicamento, pelo menos temporariamente enquanto esta cicatriza. Uma vez que o ácido pode agravar a esofagite causada por medicamentos, o médico pode prescrever igualmente um medicamento bloqueador da acidez gástrica para acelerar a cicatrização.

Infecções — A escolha do tratamento depende do agente infeccioso que causa a esofagite. Algumas infecções do esófago são difíceis de tratar através de comprimidos ou líquidos por via oral, pelo que os medicamentos podem ter que ser administrados por via endovenosa.

Quando contactar um médico

Se não conseguir comer ou beber devido à dor durante a deglutição ou se deixar de conseguir engolir e os alimentos voltarem à boca, é sinal para procurar imediatamente o seu médico.

Se os sintomas não desaparecerem com o tratamento inicial, consulte o seu médico. Ocasionalmente, a cicatrização do esófago irá causar uma dificuldade persistente na deglutição que pode requerer uma terapêutica para dilatação de uma estenose através de uma endoscopia.

Prognóstico

Quase todos os casos de esofagite podem ser curados. Algumas causas, como o refluxo ácido, podem requerer tratamento a longo prazo. A esofagite causada pelo refluxo, se persistente e/ou não tratada pode evoluir para um tipo de cancro do esófago, o adenocarcinoma, cuja incidência tem aumentado nos últimos anos.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Investigador português desenvolve
A ideia de ter uma antena implantada no corpo certamente não agrada a ninguém, mas a verdade é que esta aplicação,...

O autor deste projecto é André Santiago, português actualmente a residir em Luanda e cuja tese de mestrado alcançou o segundo lugar no concurso internacional Future Ideas, na categoria de cuidados de saúde.

Na prática trata-se de um aparelho que usa a tecnologia de radiofrequência, que comunica com um receptor que armazena, por exemplo, o historial de um portador de pacemaker.

Este projecto foi desenvolvido em parceria com o Instituto Superior Técnico, o Instituto de Telecomunicações e a Universidade de Atenas.

André Santiago concebeu outra antena, esta para utilização exterior ao corpo humano. Usando a mesma tecnologia sem fios, torna possível a gestão integrada de uma unidade tão complexa como, por exemplo, um hospital.

“Podemos não só identificar os pacientes como também os aparelhos médicos e também medicamentos e tudo o que for necessário. Podemos ter toda a gestão do hospital automatizada e depois ser gerida através de uma base de dados”, explica.

Sobre a relação do custo/benefício da utilização destas tecnologias, vários estudos apontam para os riscos da exposição humana às redes sem fios, quanto mais a implantação de aparelhos que usam essa tecnologia no próprio corpo humano.

André Santiago garante esta antena é segura. “Não existe nenhum problema em utilizar no interior do corpo humano. Hoje em dia já é utilizada, é uma gama de frequências diferentes do wi-fi e dos telemóveis”, sublinha.

Ainda há todo um estudo a seguir e dentro de quanto tempo é que esta tecnologia pode estar ao dispor dos hospitais?

André Santiago diz que é difícil de prever, mas acredita que não será “num futuro tão longínquo quanto isso. Talvez nos próximos 5 anos”.

Este projecto de André Santiago, investigador português do Instituto Superior Técnico, foi segundo entre mais de 400 projectos no concurso Future Ideas. Em 2013, já tinha alcançado o primeiro lugar no Fraunhoffer Challenge Portugal com a melhor tese de mestrado, a que se somou um prémio de 2.000 euros em dinheiro.

Hospitais de Coimbra participam
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) vai participar no desenvolvimento de uma plataforma de "software...

A plataforma de "software", que já está em desenvolvimento e que deverá demorar entre dois a três anos a estar concluída, "é completamente inovadora", referiu Nuno Arantes Oliveira, director daquela "start-up", explicando que, a partir deste projecto, será possível "o médico consultar o genoma do doente, com a permissão do próprio, e perceber qual a acção a tomar face à informação que recebe do genoma".

A partir da plataforma, o médico "consegue saber se é mais ou menos provável o doente ter determinada doença e como é que pode reagir a determinada terapia", aclarou, acrescentando que "esta é uma ferramenta que permite aos médicos a tomada de decisões com base no genoma".

Cancro de pulmão
A GlaxoSmithKline (GSK) interrompeu um estudo clínico de alto padrão, em que usava uma nova vacina para combater o cancro do...

A decisão chega menos de duas semanas após a GSK dizer que a vacina terapêutica MAGE-A3 não ajudou os pacientes com cancro do pulmão de não-pequenas células em fase III do estudo geral, mas que a companhia ainda estava à procura de melhorias entre pacientes com perfis genéticos específicos.

O chefe de imunoterapia da GSK Vacinas e o responsável pelo anúncio da decisão nesta quarta-feira, Vincent Brichard, disse estar "extremamente desapontado" com o resultado.

Ao contrário das vacinas preventivas tradicionais, o tratamento MAGE-A3 foi projectado para pessoas com a doença estabelecida, e iria ajudar os seus sistemas imunológicos a impedir o retorno da doença depois de cirurgia.

Apifarma
O presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) considera que os pagamentos extraordinários aos...

João Almeida Lopes, presidente da Apifarma, reagia desta forma à avaliação da execução orçamental de Fevereiro, realizada pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), segundo a qual as dívidas por pagar acumuladas no sector da saúde (subsector da saúde e hospitais EPE - Entidade Pública Empresarial) aumentaram 88 milhões, dos quais 82 milhões dizem respeito "exclusivamente aos hospitais EPE".

Segundo João Almeida Lopes, "o valor em dívida decresce quando ocorrem estes pagamentos (extraordinários aos fornecedores do SNS), para voltar a subir, em valor e prazos de pagamento, poucos meses depois".

De acordo com os dados disponíveis no "site" da Apifarma, as dívidas dos hospitais do SNS a empresas farmacêuticas atingiam, em Fevereiro, os 993,70 milhões de euros.

Em Setembro do ano passado, esse valor era de 1.266,30 milhões de euros.

Na sua avaliação, a UTAO recorda que um dos objectivos definidos no programa é o de "gerar poupanças adicionais nos custos operacionais dos hospitais e definir uma estratégia para regularizar os pagamentos em atraso".

Para João Almeida Lopes, a manutenção das dívidas "é grave, pois dificulta a possibilidade de planear, por exemplo, investimentos a realizar no país, nomeadamente em ensaios clínicos, além de colocar sérios constrangimentos à actividade regular" das empresas. 

OMS alerta
Mais de mil milhões de pessoas anualmente contraem e desenvolvem doenças transmitidas por vectores como mosquitos, moscas,...

A agência da ONU decidiu dedicar o Dia Mundial da Saúde, que se comemora no próximo dia 07 de março, a consciencializar as pessoas sobre a importância de prevenir as enfermidades transmitidas por vectores (organismos vivos que propagam as doenças).

A dengue, a malária, a leishmaniose, a doença de Lyme, a schistosomose ou a febre amarela são algumas das enfermidades causadas por picadas de insectos ou pequenos répteis, todos os anos, estando a metade da população mundial exposta.

Hospital CUF Descobertas promove
O Centro de Alergia do Hospital CUF Descobertas promove um rastreio gratuito, aberto à população, no próximo dia 7 de abril,...

A iniciativa, que tem como lema "Anafilaxia – Quando as alergias podem ser graves e fatais", conta com o apoio da Associação Portuguesa de Asmáticos e Alérgicos e decorre das 8h30 às 12h30.

Em comunicado, Mário Morais de Almeida, coordenador do Centro de Alergia do Hospital CUF Descobertas disse que "a anafilaxia é a reação alérgica mais grave, que pode resultar em dificuldade respiratória, perda de consciência ou mesmo morte se não for imediatamente tratada. Pode ocorrer em qualquer criança após ter sido exposta a uma substância que é alérgica, pelo que o diagnóstico precoce das alergias na idade infantil é importante".

O imunoalergologista acrescentou ainda que "os sintomas de anafilaxia podem incluir prurido cutâneo (comichão), urticária e/ou edema dos lábios, língua, pálpebras ou outras regiões do corpo, tosse, dificuldade respiratória ou pieira, náuseas e vómitos, cólicas abdominais e diarreia".

Na criança, as causas mais frequentes de anafilaxia estão relacionadas com alimentos, como o leite de vaca, ovo, amendoim, frutos secos (noz, avelã, amêndoa), frutos frescos, marisco, peixe e trigo. Outras causas possíveis são os medicamentos, como é o caso dos anti-inflamatórios e dos antibióticos, o frio ou as picadas de insectos (abelhas e vespas).

A alergia é uma resposta exagerada do sistema de defesas do corpo humano a uma substância presente no ambiente, que por si só não seria uma agressão para o organismo. As alergias são a sexta doença mais frequente no mundo e estima-se que afectem mais de 10% da população mundial e quase um terço dos portugueses.

Mas consomem o dobro das calorias recomendadas
A crise está a reflectir-se nos hábitos alimentares dos portugueses, com quebras no consumo de carne, peixe, vinho, cerveja,...

De acordo com o INE, no quinquénio 2008-2012 as “disponibilidades alimentares per capita atingiram em média as 3 963 kcal”, o que traduz uma subida de 2,1% face ao quinquénio 2003-2008.

Este valor “permite satisfazer as necessidades de consumo de 1,6 a 2 adultos, tendo por base o aporte calórico médio recomendado (2 000 a 2 500 kcal)”.

O INE destaca, contudo, que “a análise ao quinquénio 2008/2012 revela dois períodos marcadamente distintos: até 2010 um período de expansão caracterizado por elevadas disponibilidades alimentares e calóricas e a partir de 2010 com reduções acentuadas das disponibilidades alimentares”.

“Em 2012, o consumo de carne de bovino foi o mais baixo em 10 anos e o de carne de suíno atingiu um mínimo de 13 anos, o que levou a carne de aves, pela primeira vez desde de que há registos estatísticos, a garantir a principal disponibilidade de carne em Portugal”.

Mais preocupante, é o facto de o consumo de frutos ter apresentado mínimos de 20 anos, o de laticínios ter o valor mais baixo em nove anos e o de peixe ter caído para mínimos de oito anos.

“Em termos médios, no período 2008-2012, verificaram-se decréscimos de 5,9 Kg de carne/hab, 3,2 Kg de pescado/hab, 7,6 l de vinho/hab (período 2009-2012) e 8,3 l de cerveja/hab, a que se juntam reduções de 4,0% nas disponibilidades de laticínios, 10,6% nos frutos (período 2009-2012). Em contrapartida observaram-se aumentos nos cereais (+2,1%), nos hortícolas (+5,8%) e nos produtos estimulantes (café e sucedâneos, cacau e chocolate, +4%)”, assinala o INE.

“A comparação da distribuição das disponibilidades diárias per capita da Balança Alimentar Portuguesa com o padrão alimentar preconizado pela Roda dos Alimentos continuou em 2012 a evidenciar distorções, apontando para excesso de produtos alimentares dos grupos “Carne, pescado e ovos” (com tendência acentuada para decréscimo), e “Óleos e Gorduras” e défice em “Hortícolas”, “Frutos” e “Leguminosas secas”. Este desequilíbrio continua a ser potencialmente pouco saudável, com uma predominância de proteínas de origem animal e excesso de gorduras.”, sublinha o documento.

Pode consultar o relatório do INE aqui

Por falta de pessoal
O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) pode ver comprometido o funcionamento, devido a falta de...

É que, justifica o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Sintap), dos 580 postos de trabalho, “apenas 460 se encontram preenchidos”, o que “resulta num acréscimo das dificuldades no desenvolvimento de uma função de extrema relevância social”.

Depois da reunião com o Conselho Directivo (CD) do Instituto, a estrutura sindical afirma-se preocupada “com os problemas que afectam os trabalhadores e os serviços”, em consequência de constrangimentos financeiros, aposentações e não renovação de contratos.

“São os próprios membros do CD do IPST os primeiros a reconhecer que as reservas de sangue do nosso país se encontram em níveis considerados bons, em grande medida devido ao grande empenho, sacrifício e espírito de missão dos trabalhadores que, sendo cada vez em menor número, asseguram os serviços de que estão incumbidos em benefício dos utentes que deles dependem”, diz o Sintap.

No IPST há trabalhadores com contratos a termo, em regime de tarefa e avença, “muitos em condições precárias, sem saber se os contratos serão renovados”, alguns deles a terminar em maio, embora o CD tivesse dito aos representantes do Sintap “não ter intenção de dispensar nenhum trabalhador”.

O Sintap, diz ainda o comunicado, irá exigir do Governo que sejam desbloqueadas autorizações para renovação e prorrogação de contratos e que seja autorizada a abertura de concursos, para evitar “roturas nos serviços”.

A propósito do Dia Nacional do Dador de Sangue, que se assinalou na semana passada, o IPST anunciou que pretende aumentar este ano o número de novos dadores, chamando os jovens à causa da dádiva de sangue.

Segundo o Instituto, no ano passado houve 28 mil novas inscrições, número que quer ver aumentado este ano.

Em Fevereiro, o IPST fez um apelo "urgente" à população para que desse sangue, porque as reservas estavam baixas, uma situação que já se encontra ultrapassada.

Também no Dia do Dador de Sangue o presidente da Federação das Associações de Dadores de Sangue (FAS) denunciou que “há gente com fome que quer mas que não consegue dar sangue, porque tem as hemoglobinas em baixo, por não comer o que devia”.

Estudo diz:
Um estudo concluiu que Portugal é competitivo em alguns países europeus para desenvolver o turismo de saúde, em áreas como a...

O documento “Definição da estratégia colectiva para o sector do Turismo de Saúde e Bem-Estar Português”, que é hoje apresentado no Porto, foi preparado pela Accenture e Neoturis para o Health Cluster Portugal e para a Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, parceiras no projecto.

O director executivo do Health Cluster Portugal, Joaquim Cunha, avançou que “a grande conclusão é que (Portugal tem) condições para poder ter uma operação bem sucedida na área do turismo de saúde», faltando a questão da reputação, “o que leva aos aspectos da promoção e da divulgação” do turismo, dos serviços de saúde e, em última análise, de Portugal.

Por ano
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) denunciou ontem que, em média, cada habitante da Terra...

Durante uma conferência regional da FAO para a Europa e a Ásia Central, centrada no desperdício de alimentos, o director-geral da organização, o brasileiro José Graziano da Silva, destacou que se perdem por ano cerca de 1.300 milhões de toneladas de alimentos.

“Se os desperdícios e perdas pudessem reduzir-se simplesmente a metade, o aumento de alimentos necessários para alimentar a população mundial em 2050 seria de apenas 25%, em vez dos 60% estimados atualmente”, sublinhou o ex-ministro brasileiro da Segurança Alimentar.

Segundo dados da FAO, cada habitante da Terra desperdiça, em média, cerca de 280 quilos de alimentos por ano, enquanto 842 milhões dos estimados 7.000 milhões de habitantes do planeta passam diariamente fome.

Graziano da Silva precisou que a perda de alimentos se verifica sobretudo “nas explorações, durante o processamento, transporte e armazenamento, e ainda por falta de regulação”, o que compromete a segurança alimentar.

A crise financeira e económica, que afectou duramente muitos estados europeus, reduziu o desperdício de alimentos, mas ainda é insuficiente para a FAO, afirmou Graziano da Silva.

As perdas económicas e ambientais pelo desperdício de alimentos ascendem a centenas de milhares de milhões de dólares.

“O custo anual dos desperdícios e perdas de alimentos, expresso no preço ao produtor, é de cerca de 750.000 milhões de dólares. Se considerássemos os preços ao pormenor e os custos ambientais, este número seria muito maior”, destacou.

A conferência de Bucareste reúne esta semana mais de 300 delegados de meia centena de países da Europa e Ásia Central e que debatem como reduzir a perda de alimentos, além de como fomentar a agricultura familiar e como combater a mudança do clima sobre a produção agrária.

Cancro e diabetes
São doenças civilizacionais e assustadoramente emergentes: obesidade, diabetes e cancro previnem-se muito mais do que se curam...

O alerta foi deixado pelo Professor Manuel Sobrinho Simões na última reunião do Ciclo de Conferências “Diabetes Século XXI: O Desafio”, na passada terça-feira, no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).

No cancro, como na diabetes, é preciso conhecer a doença para combater o seu aparecimento e os riscos inerentes. “A prevenção do cancro é praticamente idêntica à da diabetes: – passa por não fumar, não beber em excesso, não engordar, fazer exercício regular, entre outros. As doenças civilizacionais e emergentes, como é o caso da diabetes, da obesidade, do cancro, entre outras, previnem-se muito mais do que se curam”, referiu Manuel Sobrinho Simões, director do IPATIMUP, lembrando que é preciso “articular as instituições que intervêm ou podem intervir na Prevenção, no Tratamento e no Controlo da Diabetes”.

Sobrinho Simões identifica outras melhorias necessárias em matéria de comunicação e de operacionalidade: “clarificar o tipo e o nível de intervenção das instituições (frequentemente há dupla ou tripla intervenção no tratamento); falta de articulação do médico com os outros profissionais que cuidam dos doentes; relação do médico (e de outros profissionais de saúde) com a pessoa com diabetes e a família - há “barreiras” de ignorância entre o médico e o doente e entre o médico e os familiares do doente; articulação entre as especialidades médicas – ex. diabetologista e cirurgião vascular”. E acrescenta: “não chega falar de intervenção multidisciplinar, interdisciplinar e interinstitucional. É preciso operacionalizar através de acções concretas”.

Na mesma linha, o Director do Programa Nacional da Diabetes, diz que é importante actuar o quanto antes. José Manuel Boavida defende que «a Assembleia da República devia ter uma intervenção directa sobre as prioridades da saúde, uma questão que deveria ser acompanhada dentro do próprio parlamento. É fundamental fazer planos de prevenção: 50% dos casos de diabetes estão ainda por diagnosticar. É preciso avançar com planos de prevenção e aplicar programas vastos de rastreio».

Lembrando que “hoje em dia é pior ter diabetes ou cancro do que ter um AVC”, deixou um desafio à Comissão Parlamentar da Saúde. “Há medidas relativamente simples que têm de ser aplicadas. Devemos focar-nos em processos de mobilização coletiva com objectivos bem definidos, e não no trabalho um a um”.

Dicionário de A a Z
Estado de doença infecciosa facilmente transmissível.

Pode espalhar-se rapidamente pela população e tem capacidade de mutação. Ocorre durante um período de tempo especifico, numa determinada região geográfica, e pode afectar um número significativo de pessoas.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Dicionário de A a Z
Estado de doença infecciosa com baixa taxa de mortalidade.

Ocorre de uma forma constante ou por surtos numa determinada zona geográfica. Acontece devido a factores específicos característicos de cada região que favorecem o contágio de determinados micro-organismos.

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