Onicofagia afeta um terço dos humanos
Roer as unhas é "um problema comum" que ainda "não foi resolvido pela psiquiatria, psicologia e medicina"...

A onicofagia é altamente prejudicial para o ser humano. Para além de ser uma forma de abrir as portas do organismo à entrada de bactérias, pode causar problemas nas unhas, pele, dentes e sistema gastrointestinal.

O vício afeta 20 a 30% da população mundial independentemente da idade, "podendo levar a problemas psicossociais significativos e ter um impacto negativo na qualidade de vida", de acordo um estudo publicado em 2016 na revista PubMed.com.

O problema pode ser grave principalmente quando está associado a outras condições como transtorno por défice de atenção com hiperatividade (TDAH) ou transtorno de ansiedade por separação (TAS), escreve o Sapo.

A Associação Americana de Psquiatria incluiu a onicofagia na lista de transtornos obsessivos-compulsivos (TOC), escreve a BBC. Mas nem todos os psiquiatras concordam com esta classificação. Alguns argumentam que apesar de a onicofagia ser, como no caso do TOC, uma conduta natural levada ao excesso, as obsessões do TOC são motivadas por ansiedade, o que para alguns especialistas não ocorre no caso de roer as unhas.

Por outro lado, um estudo publicado em 2015 na revista Journal of Behaviour Therapy and Experimental Psychiatry indica que o que move a onicofagia não é a ansiedade, mas sim o perfecionismo. As conclusões do estudo mostraram que este hábito pode ajudar as pessoas a diminuir a irritação, tédio ou insatisfação.

Outra possibilidade é a predisposição genética. Alguns estudos mostram que um terço das pessoas que roem as unhas tem familiares com o mesmo hábito.

Mas o que existe debaixo das unhas?
Várias coisas com nomes feios: bactérias como a E. coli e a salmonela. As verrugas nas mãos, causadas pelo vírus do papiloma humano, também podem propagar-se pelos lábios e pela boca.

Roer as unhas pode causar paroníquia, uma infeção da pele dolorosa que em casos graves pode despoletar a necessidade de uma cirurgia. A deformação dos dentes, da oclusão dentária ou o desgaste prematuro destes é outro dos resultados do vício.

Na Holanda
Para combater a obesidade infantil, a indústria alimentar holandesa vai eliminar as personagens animadas das embalagens de...

Personagens animadas como o "Nemo" ou "a Dora exploradora" vão deixar de ser usadas nas embalagens de determinados alimentos que possam ser prejudiciais para a saúde dos mais novos.

De forma a desencorajar os hábitos alimentares menos saudáveis, a indústria alimentar holandesa afirma que pretende retirar determinados bonecos infantis das embalagens, já que estas têm um efeito apelativo nas crianças, escreve o The Guardian.

Desta forma, a indústria pretende colocar em prática um plano responsável para evitar, mais facilmente, a ingestão dos alimentos indesejáveis, como chocolates, gomas, bolachas e outros tipos de doces.

A medida, segundo o Sapo, será aplicada a produtos para crianças até aos 13 anos.

A decisão foi tomada após debates públicos sobre o impacto da publicidade dirigida a crianças, confirma a Federação Holandesa de Indústria Alimentar (FNLI).

A porta-voz do Ministério de Saúde holandês, Leonne Gartz, revela que as medidas envolvem a remoção de personagens do cinema, banda desenhada, desenhos animados e séries televisivas do mercado alimentar, mas não as imagens animadas associadas a marcas de produtos específicos.

Estudo
Pacientes diagnosticados com esquizofrenia ou transtorno bipolar podem estar a sofrer, na verdade, de um problema imunitário...

Um estudo publicado na revista Lancet Psychiatry sugere que um em cada 11 casos de psicose pode envolver anticorpos que atacam determinadas partes do cérebro.

Os cientistas analisaram amostras de sangue de 228 pessoas do Reino Unido e acreditam que a descoberta abre novos caminhos para o tratamento de várias doenças do foro mental, escreve a BBC.

Sarah Galloway, de 25 anos, vive em Gateshead, no nordeste da Inglaterra, e está a viver um período de recuperação, depois de sofrer um ataque provocado pelo próprio sistema imunitário. Sarah Galloway estava no último ano de Química quando começou a sentir alterações no seu rendimento. "Fiquei mal em poucos dias," conta.

"Comecei a ter alucinações. Achava que o meu corpo se tinha transformado e eu tinha patas de aranha ou orelhas de coelho. Cheguei a ver e a sentir essas mudanças", relata. "Tinha pensamentos estranhos como os de que alguém estava a tentar matar-me ou de que eu tinha que matar alguém. Isso fez com que eu me automutilasse", recorda a britânica.

Sarah foi logo diagnosticada com um transtorno bipolar e tratada com medicação antipsicótica, escreve o Sapo. No entanto, um exame de sangue revelou que havia algo incomum no seu sistema imunitário. Os anticorpos que deveriam proteger o organismo de Sarah estavam a atacar a superfície das células do cérebro, alterando as suas funções.

Isso mudou o tratamento da universitária, que recebeu drogas para reduzir a atividade do seu sistema imunitário, os chamados medicamentos imunossupressores. Os médicos chegaram a filtrar-lhe o sangue para retirar os anticorpos problemáticos.

Belinda Lennox, psiquiatra da Universidade de Oxford, teme que outros pacientes possam sofrer de doenças semelhantes. Esta médica comandou um grande estudo no Reino Unido: colheu sangue de 228 pessoas que pela primeira vez haviam apresentado uma crise psicótica.

A especialista concluiu que os anticorpos em causa atacaram o recetor NMDA, que ajuda as células do cérebro a comunicarem entre si. Estes anticorpos foram encontrados no sangue de Sarah e em 3% das outras amostras.

"Pacientes que estão atualmente a ser tratados nos serviços públicos de saúde mental podem ter esses anticorpos e, potencialmente, podem ser tratados de maneira diferente", disse Lennox à BBC.

Artigo de Opinião
O acesso à Saúde é um direito humano fundamental e foi a pensar no princípio básico de que os cuidad

Desde 2014 que existe um dia para relembrar a Saúde o “Universal Heatlh Coverage Day” (UHC) ou Dia da Cobertura Universal de Saúde que se celebra a 12 de Dezembro.

Esta organização universal baseia-se na constituição de 1948 da Organização Mundial de Saúde (OMS) e na declaração de Alma-Ata de 1978 que afirmam que a saúde é um direito humano fundamental e não um privilégio, sendo uma das metas mundiais para a melhoria social. Conta com mais de 840 organizações mundiais e mais de 350 economistas de 110 países.

A OMS define a saúde como o “completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade”.

Mas como é possível fazer com que todos consigam atingir esta plenitude, este direito básico que por vezes se torna tão complexo? Uma estratégia são as conferências para a promoção de saúde, que existem desde 1986.

Porém, é necessário chamar a atenção dos governos e grandes potências mundiais, porque todos devem de ter acesso a um serviço de saúde quer seja preventiva ou curativa, de reabilitação ou paliativa, com qualidade adequada e que não exponha o doente a dificuldades económicas.

A UHC tem então três grandes objectivos:

1)      Equidade no acesso aos Serviços de Saúde- a saúde como direito e não só para aqueles que o podem pagar;

2)      Serviços de Saúde de qualidade adequada;

3)      Proteger as pessoas de risco financeiro - só por terem necessidade de recorrer a estes serviços não devem ficar em risco.

Optimizar a política de financiamento de saúde é fundamental, por isso mais de 267 economistas de 44 países assinaram em Setembro de 2015 uma declaração que explicita porque faz economicamente sentido investir na saúde. Esta declaração foi publicada no The Lancet e no The New York Times.

E hoje é o dia! O dia em que todas estas organizações mundiais, incluindo a OMS se juntam e discutem formas de fazer chegar a todos, em qualquer local do mundo, um serviço de saúde eficaz e financeiramente acessível.

Este ano vão-se definir objectivos para 2030:

- Priorizar o pobre - colocar os marginalizados e mais necessitados em primeiro lugar;

- Exigir uma acção politica - não esperar que esta surja, exigi-la;

- Humanizar o sistema de saúde - que seja para todos, de fácil acesso e de qualidade;

- Redefinir a segurança em saúde - devemos de salvaguardar todos em qualquer lugar do mundo.

Este é um pilar fundamental para um desenvolvimento sustentável mundial e hoje é o dia!

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
“Fundo para a Investigação em Saúde”
Dois projetos de investigação da Universidade de Coimbra, na área da Diabetes, foram distinguidos pelo Infarmed - Autoridade...

O projeto “Identificação de novos biomarcadores precoces das complicações da diabetes: do metabolismo à imagiologia multimodal de sistemas” é liderado por Miguel Castelo-Branco, docente da Faculdade de Medicina (FMUC) e Diretor do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde da UC (ICNAS), e obteve 130 mil euros de financiamento.

Esta investigação “visa essencialmente o uso de tecnologias sofisticadas (neurofisiologia, imagiologia metabólica, estrutural e funcional de vários órgãos) para diagnosticar as complicações da diabetes da forma mais precoce possível. É um projeto de descoberta de biomarcadores para medicina preventiva”, explica o docente.

Já o projeto “Microbioma de feridas diabéticas: diagnóstico precoce, prognóstico e terapia”, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC), conquistou 100 mil euros para encontrar uma solução para a ferida crónica do pé diabético, que afeta mundialmente cerca de 70 milhões de pessoas e que pode levar a amputações.

O projeto, coordenado por Sónia Gonçalves Pereira, do grupo “Micobacteriologia Molecular e Microbioma” liderado por Nuno Empadinhas, resulta da colaboração com o grupo “Obesidade, Diabetes e Complicações” dirigido por Eugénia Carvalho, cuja investigação prévia abriu caminho à abordagem inovadora agora proposta para as feridas diabéticas crónicas.

A investigação, que tem a participação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), pretende caraterizar os microrganismos (microbiota) da pele e de feridas diabéticas, e identificar combinações microbianas indicativas da evolução das mesmas (prognóstico) para diagnóstico precoce.

Sónia Gonçalves Pereira sublinha que “atualmente desconhecem-se as razões pelas quais algumas feridas diabéticas cicatrizam e outras se tornam crónicas, embora estudos recentes apontem para desequilíbrios na composição da microbiota da pele como fator determinante”.

O Fundo para a Investigação em Saúde, de acordo com o Infarmed, financia atividades e projetos de investigação “dirigidos para a proteção, promoção e melhoria da saúde das pessoas, nomeadamente nas áreas de investigação clínica, investigação básica e translacional, com potencial interesse clínico ou em terapêutica e investigação em saúde pública e serviços de saúde”.

Centro Nacional de TeleSaúde
O acompanhamento de doentes em casa através de meios como a televisão está previsto num acordo quadro de telemedicina, que vem...

Denominado Centro Nacional de TeleSaúde (CNTS), este centro de telemedicina está formalmente criado, mas só agora poderá arrancar no terreno, uma vez que foi assinado na semana passada o Acordo Quadro de Telemedicina, entre os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e empresas fornecedoras de serviços de telemedicina.

Segundo Artur Mimoso, da SPMS, este acordo, que foi iniciado em 2014, pretendeu qualificar pequenas empresas já no terreno, através de consórcios com empresas grandes para fazerem trabalho de telemedicina.

Essas empresas no terreno desenvolveram projetos piloto de medicina à distância, tendo apresentado bons resultados, mas sem capacidade técnica e financeira para se estender.

No fundo, trata-se de aliar pequenas empresas que prestam os serviços a outras grandes empresas que vendem os equipamentos tecnológicos.

“Não fizemos nenhuma compra, mas a seleção de um grupo de serviços já existentes mas sem capacidade técnico-financeira para chegar a sítios mais distantes. O objetivo era precisamente dotar o SNS de capacidades de prestar serviços de telemedicina”, explicou.

Na senda deste acordo, será desenvolvido o CNTS, um projeto pioneiro a nível europeu, que “depois de equipado com pessoal e as tecnologias que o acordo vai permitir” vai fazer teleconsultas, acompanhamento de doentes em casa à distância.

“De futuro, o acompanhamento feito hoje nos hospitais pode chegar a casa das pessoas através da rede. Estamos a maximizar o que já existe. Tínhamos os projetos sustentados em pequenos mercados. Estamos a preparar o mercado para avançar com os projetos piloto que tão bons resultados deram, mas que foram com empresas sem capacidade de expansão”, afirmou Artur Trindade.

Os cinco projetos piloto, que decorreram em Viana do Castelo, Évora e Beja, foram na área da principal doença respiratória, a DPOC, ao longo de 7 meses de acompanhamento de centenas de doentes.

O resultado foi uma “significativa redução” nas idas às urgências, nas hospitalizações (menos 60%), no número de dias de internamento (que passou de uma média de 276 dias para 105 dias). Foi possível ainda atrasar o começo das complicações das doenças.

A forma de o doente passar a aceder às consultas a partir de casa vai depender da doença e dos equipamentos que de que possa dispor.

“O aparelho mais acessível é a televisão, mas o que pretendemos é poder usar as boxes de televisão para conseguir passar alguma informação e literacia em saúde”.

Segundo Artur Mimoso, o acordo previu usar esses aparelhos em casa de pessoas com menos meios e menos literacia e, numa segunda fase, a possibilidade de colocar as operadoras a funcionar não só com a box de televisão, mas incorporar componentes de medicina através da box e não introduzir mais aparelhos: maximizar aparelhos que já existem em casa mas dar-lhes novas funcionalidades.

Com esta tecnologia será possível tornar o SNS acessível a todos, mesmo quem vive em zonas rurais ou do interior, cabendo ao doente, por exemplo, inserir os seus dados para fazer a medição diária da tensão arterial, da oximetria (quantidade de oxigénio no sangue), da temperatura e do número de passos dados (pedómetro).

Os dados inseridos pelo doente seguem para o call center clínico, composto por uma equipa de técnicos de cardiopneumologia, enfermeiros e farmacêuticos, que fazem a gestão dos dados em tempo real e, em função do estado de saúde do doente, é emitido um alerta no sistema de monitorização e analisado o encaminhamento necessário.

O médico especialista faz a avaliação dos dados e, em casos graves, pode marcar consulta ou direcionar para as urgências.

Fenprof e Observatório da Deficiência
A Federação Nacional dos Professores e o Observatório da Deficiência e dos Direitos Humanos vão realizar um estudo para...

Em comunicado, as duas entidades referem que em Portugal há pouca informação em estudos científicos ou estatísticas públicas sobre números de docentes com deficiência nas escolas, pelo que se propõem realizar em 2017 "um estudo de caracterização dos docentes com deficiência em Portugal, bem como as representações e práticas da comunidade educativa em relação a estes professores”.

O estudo servirá também para “identificar obstáculos, facilitadores e boas práticas no que respeita à inclusão dos docentes com deficiência e a sua relação com a escola” e para propor medidas ao Governo e ao parlamento com vista a que os espaços educativos sejam inclusivos para todos, incluindo para os professores.

Atualmente, dizem ambas as organizações, há falta de adequação de condições para docentes com deficiências exercerem em pleno a sua atividade e só medidas pontuais adotadas por algumas escolas permitem ”atenuar as dificuldades acrescidas sentidas por estes docentes”.

A organização Internacional de Educação, que representa mais de 36 milhões de trabalhadores de Educação em todo o mundo, aprovou no seu último congresso a necessidade de haver mais atenção para com professores com deficiência, respondendo este estudo a esse apelo.

Na próxima semana, a 12 e 13 de dezembro, realiza-se o primeiro encontro do Observatório da Deficiência e dos Direitos Humanos para discutir os vários problemas com que se debatem as pessoas com deficiência.

Quando anunciou a realização deste encontro, o observatório que está integrado no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa lembrou que União Europeia um em cada seis cidadãos da União Europeia tem uma deficiência, o que representa cerca de 80 milhões de pessoas.

Por outro lado, a taxa de pobreza entre as pessoas com deficiência é 70% superior à das pessoas sem deficiência, “em parte devido às limitações no acesso ao emprego”, sendo que a “taxa de emprego das pessoas com deficiência se situa nos 50%”.

Economista Daniel Bessa diz
O economista Daniel Bessa realçou, em Coimbra, que a saúde é a única área de atividade em Portugal que se afirma como...

Na área da investigação e desenvolvimento (I&D), “Portugal está muito aquém da média comunitária, com uma exceção, que é a saúde”, disse o antigo ministro da Economia, ao intervir numa sessão do 59.º Congresso Português de Oftalmologia, que terminou sábado, no Convento São Francisco.

Na sua opinião, importa que a inovação nas diferentes áreas da saúde “seja levada ao termo da cadeia de valor” e que se traduza “em resultados para os utentes”.

Insistindo no “potencial enorme” da saúde para criar emprego e rendimento, Daniel Bessa disse que “o país pode chegar facilmente à receita” apostando na inovação.

O economista participava numa sessão sobre o futuro da saúde em Portugal, em que o professor Joaquim Murta, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), apresentou o projeto do Subcluster em Oftalmologia, a criar no âmbito do Health Cluster Portugal (HCP).

Joaquim Murta, diretor do Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia do CHUC, disse que a proposta, concebida sob a sua coordenação, visa “tornar a oftalmologia alavanca do reconhecimento global” da medicina portuguesa.

Ideia lançada há menos de um ano, o futuro Subcluster da Oftalmologia envolve diversos hospitais públicos e privados, empresas do setor, instituições científicas e de ensino e o Ministério da Educação.

Dos contactos efetuados com o ministro da Saúde, os promotores do projeto concluem que Adalberto Campos Fernandes “está particularmente interessado em envolver as estruturas” públicas que integram o Serviço Nacional de Saúde, sublinhou Joaquim Murta.

“Avaliar os resultados dos diferentes centros oftalmológicos nacionais, validando eficiências e racionalização de custos sem perda de qualidade, deslocando o foco da remuneração das unidades do volume para os resultados, criando valor para o doente, criando uma cultura de autoavaliação e melhoria”, é outro dos objetivos.

Frisando que “em oftalmologia é mais fácil quantificar”, Joaquim Murta afirmou que os pagadores (Estado, companhias privadas ou indústria) “beneficiarão significativamente através deste sistema de cuidados de saúde baseado no valor”.

A proposta de ‘cluster’ prevê a criação de uma rede de investigação clínica em Portugal, reconhecida na União Europeia, “em torno de projetos concretos de grande envergadura na área das doenças oftalmológicas”.

Essa rede, segundo o professor da Universidade de Coimbra, “possibilitará, paralelamente, um consistente relacionamento” com as empresas, ao nível dos ensaios clínicos, I&D da indústria farmacêutica e biotecnologia.

O Congresso Português de Oftalmologia foi organizado pela Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, presidido pela especialista de Coimbra Maria João Quadrado.

Ordem dos Médicos do Norte
A Ordem dos Médicos do Norte pediu hoje ao Governo uma alteração legislativa para que os atestados médicos eletrónicos para a...

Em comunicado, o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) considera “importante repor a criação dos Centros de Avaliação Médica e Psicológica como organismo vocacionado para a emissão e revalidação das cartas de condução e devidamente apetrechado em termos humanos e materiais".

O responsável diz estar preocupado com a “sobrecarga de trabalho” que os médicos de família vão ter a partir de janeiro, devido à obrigatoriedade de atestados médicos eletrónicos para a carta de condução serem passados por profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"O processo ficou muito mais complexo, mais burocrático e pode mesmo estar dependente de avaliações externas ao médico de família, como avaliações de cardiologia, oftalmologia ou endocrinologia só para citar três exemplos", alerta o presidente do CRNOM.

De acordo com Miguel Guimarães, "embora a nova legislação tenha sido apresentada como um processo simplificador na emissão ou revalidação das cartas de condução, a verdade é que ficou muito mais lento".

Tal representa um " claro prejuízo para o médico de família, que terá ainda de lidar com as potenciais situações conflituosas” relacionadas com a “morosidade do processo e até ao expectável aumento do número de atestados médicos com parecer negativo".

Por isso, Miguel Guimarães propõe que "o Governo proceda a uma alteração legislativa” do novo modelo de carta de condução em formato eletrónico, “no sentido de não serem os médicos de família a decidirem e comunicarem a inibição de conduzir".

"Tem sido entendimento do Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos, já de há uns anos a esta parte, que a obtenção de licenças individuais como a carta de condução, a carta de caçador, a licença ou o reconhecimento de aptidão física para a prática desportiva não constituem uma obrigação para o médico que trabalha no SNS", lembra o responsável.

Miguel Guimarães recorda que, em 2009, o Governo adotou um caminho que considera “mais correto”, com um decreto-lei “que estabelecia a criação dos Centros de Avaliação Médica e Psicológica (CAMP)", mas que nunca chegou a avançar.

“Estes centros, que nunca chegaram a sair do papel, tinham como principal missão gerir de forma integrada a emissão e revalidação das cartas de condução, sendo responsáveis pela avaliação física, mental e psicológica dos candidatos”, descreve.

"A criação destes centros não só simplificava o processo, como permitia libertar os médicos de família de uma obrigatoriedade que em nada contribui para uma melhoria da prestação de cuidados de saúde à população por parte dos especialistas em Medicina Geral e Familiar", defende.

Para o responsável, “estes especialistas já estão sujeitos a uma elevada pressão diária, sendo de lamentar esta sobrecarga clínica e administrativa".

O desafio da década
Os hábitos dos consumidores estão a mudar e as doenças civilizacionais são o novo desafio da indústria seguradora. Como...

A indústria tem de antecipar situações e, nessa ótica, a grande questão é saber que doenças antecipa, num futuro próximo, e de que forma poderão vir a afetar a cobertura?
A perspetiva de futuro é o crescimento das doenças civilizacionais, por exemplo as que derivam da má qualidade do ar e da má alimentação tais como a obesidade, diabete, cancro e doenças cardíacas e doenças respiratórias. A cobertura da maior incidência destas doenças levará os seguradores a terem de ajustar o “pricing” por um lado, mas também a apostar mais na prevenção e deteção precoce evitando custos mais gravosos no futuro. Do lado dos seguros de vida estas doenças resultarão em mais doenças crónicas incapacitantes que poderão agravar o número de situações de invalidez.

O uso abusivo de antibióticos e a consequente resistência aos mesmos é uma preocupações?
Os seguros de saúde cobrem já as situações oncológicas, desde que não sejam situações preexistentes. A questão levanta-se é se os capitais seguros contratados na maioria dos seguros são suficientes. Muitas pessoas valorizam ainda no seguro de saúde, as coberturas que, na verdade, não são, na sua essência, seguro, tais como dentes, óculos e medicamentos, e nem sempre tem perceção que o importante é garantir proteção para as situações em que o orçamento familiar pode ser insuficiente ou gravemente afetado, como é o caso de doenças graves, que implicam custos muitos elevados com cirurgias, internamentos e tratamentos muito dispendiosos. undi simus mos ne ped quatur?

E a existência de sintomas que possam levar a doenças já podem ser cobertos? E do lado dos clientes, terão estes a perceção do que efetivamente está coberto e da suficiência ou não dos capitais seguros?
A grande maioria das pessoas seguras não tem realmente uma noção muito concreta do que está efetivamente seguro, por falta de informação e correto esclarecimento. Esta é uma área em que se tem de apostar fortemente na comunicação para que as decisões de contratação de um seguro e dos capitais a segurar estejam adequadas às necessidades e perspetivas de cada pessoa.

Como devem e podem ser segurados os riscos de doenças mais graves?
As doenças graves estão, de uma forma geral, cobertas pela maioria dos seguros. Existem, no entanto, hoje dia produtos mais vocacionados para a cobertura de patologias mais graves, sejam pelo reforço de capitais, sejam pela inclusão de meios de prevenção e acompanhamento especializado quando surgem estas situações.

E as alterações climáticas que estão a criar alergias persistentes têm coberturas?
As alergias não são uma exclusão das apólices de seguro. No entanto, alguns medicamentos de prevenção, como vacinas podem não estar contemplados na maioria dos Planos de Saúde.

Qual a perspetiva e em que condições poderão estar cobertas as doenças pré-existentes?
Já existem seguradores que cobrem doenças pré-existentes, nomeadamente as de cariz mutualista. Nos seguros de grupo de maior dimensão também é possível assegurar a sua cobertura pela dispersão do risco. Para as restantes situações, esta cobertura só será viável se os seguros passarem a ter uma característica de complementariedade semi-obrigatória (como se verifica em alguns países) permitindo dimensão e economias de escala que absorva a inclusão dos riscos preexistentes.

A existência das chamadas doenças do século, como os AVC, a diabetes tem cobertura nos seguros de saúde?
Sim, estas doenças têm cobertura nos seguros atuais para a maioria dos seus tratamentos. O que pode muitas vezes não estar ajustado são, mais uma vez, os capitais seguros. Por exemplo, o capital de internamento pode não ser suficiente para uma situação prolongada numa unidade de cuidados intensivos.

Que garantias é possível fazer nos dias de hoje para acautelar a generalidade desse tipo de sinistros?
Sim, estas doenças têm cobertura nos seguros atuais para a maioria dos seus tratamentos. O que pode muitas vezes não estar ajustado são, mais uma vez, os capitais seguros. Por exemplo, o capital de internamento pode não ser suficiente para uma situação prolongada numa unidade de cuidados intensivos.

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde está a monitorizar os casos de gripe em Portugal, embora neste momento não exista qualquer epidemia,...

"Ainda estamos dentro da atividade basal da gripe, ainda não há epidemia, há casos esporádicos, no entanto, até agora, de facto, os vírus encontrados são H3N2, que são o tipo de vírus mais capaz de se propagar e que dá epidemias mais intensas", declarou aquela responsável, à margem de um seminário realizado na Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve.

Segundo aquela responsável, o número de vírus que até agora foi identificado "ainda é muito pequeno" para que as autoridades possam ter a certeza de que o H3N2 venha a ser o vírus dominante nesta época, mas, caso seja, é um tipo de vírus "mais competente" e que se propaga "com muita facilidade", originando "epidemias grandes", alertou.

"Os que foram identificados até agora são [H3N2]. Pode acontecer que seja uma época gripal de grande intensidade", afirmou, sublinhando que este é um tipo de vírus que afeta muita gente e, como tal, "a percentagem de pessoas que tem uma doença grave, que é internada ou que morre acaba por ser proporcional a esse número de pessoas afetadas".

Recordando que, este ano, já foram registadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) quatro mortes causadas pela gripe, de um total de dez pessoas internadas em Cuidados Intensivos, Graça de Freitas ressalvou, contudo, que esse número está "dentro do padrão habitual", uma vez que se tratavam de pessoas de risco, idosas, com patologias ou que não tinham sido vacinadas.

A subdiretora-geral da Saúde esclareceu ainda que a época gripal dura entre oito a doze semanas, coincidindo, habitualmente, em Portugal, com o final de dezembro e o início de janeiro.

"Nós só sabemos que atingimos o pico [da gripe] quando começamos a descer, mas ainda não atingimos a atividade epidémica clara, ainda não iniciámos a subida", concluiu.

A taxa de incidência gripal entre 28 de novembro e 04 de dezembro foi de 30 por 100.000 habitantes, com tendência crescente, segundo o Boletim de Vigilância Epidemiológica divulgado esta semana pelo Instituto Nacional Ricardo Jorge.

Segundo o boletim, na semana compreendida entre 28 de novembro e domingo passado (04 de dezembro) “foram analisados 10 casos de síndrome gripal, dos quais seis positivos para gripe A(H3).

No Reino Unido
A investigadora portuguesa Mariana Monteiro integra um consórcio europeu de desenvolvimento de novas terapêuticas para a...

Mariana Monteiro, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), do Porto, tem contribuído com os dados da investigação clínica realizada na Universidade do Porto para este estudo de larga escala que está a decorrer no Center for Obesity Research da University College of London (UCL), no Reino Unido.

O estudo pretende “identificar os marcadores genéticos que permitem prever o resultado de um determinado tratamento da diabetes associada à obesidade de modo a permitir que no futuro possa vir a ser aconselhada a terapêutica que melhor se adequa às características de cada doente, tornando-a assim mais eficaz e personalizada”, explica o ICBAS, em comunicado.

Um objetivo adicional desta investigação é “identificar a resposta hormonal que ocorre após a cirurgia da obesidade ou cirurgia bariátrica responsável pela melhoria e remissão prolongada da diabetes, para identificar potenciais alvos para desenvolvimento de novos medicamentos que dentro de alguns anos possam ser administrados aos doentes com diabetes (tipo2) com a mesma eficácia e dispensando a necessidade da cirurgia”.

Neste consórcio, sediado e coordenado no Reino Unido, estão integrados 14 investigadores de diferentes nacionalidades (Portugal, Inglaterra, França e Itália) e conta um financiamento a rondar os seis milhões de libras (6,7 milhões de euros) do National Institute for Health Research (NIHR)

O programa de investigação em curso na UCL combina técnicas de ciência básica com a investigação clínica em voluntários saudáveis e pacientes obesos com diabetes tipo 2.

Em Portugal, a prevalência da diabetes situa-se nos 12,9% da população, dos quais 5,6% não estarão diagnosticados.

Atualmente, para além desta investigação, Mariana Monteiro mantém as funções de Diretora da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica do ICBAS (UMIB) e coordena uma equipa de investigação em Endocrinologia Clínica e Experimental na mesma unidade.

O Center for Obesity Research já tem produzido “avanços consideráveis” que têm sido publicados regularmente em periódicos de referencia mundial e assim como divulgados nos meios de comunicação britânica, tais como a BBC News.

Em Matosinhos
A plataforma terá informações destinadas a consumidores de estupefacientes e a todos os que tenham dúvidas sobre estas questões...

"A plataforma surgiu da perceção que tivemos de que era preciso chegar a um público mais jovem", de uma forma "mais atrativa" e com informações destinadas não só a consumidores de estupefacientes, mas também a todos os que tenham dúvidas sobre estas questões, explicou Lurdes Queirós, presidente da direção da ADEIMA.

A também vereadora da ação social da Câmara de Matosinhos referiu ainda ser esta plataforma uma "espécie de equipa de rua digital", que pode dar respostas em tempo real às questões colocadas por jovens, pais e educadores sobre questões ligadas aos comportamentos aditivos e à toxicodependência, escreve o jornal Público.

"A plataforma não deixa de ser uma rede social para tratar estas questões", realçou a responsável, indicando ainda que por detrás da plataforma estará sempre uma equipa de técnicos, pronta para dar as respostas através de salas de 'chat'.

Será ainda "um instrumento de proximidade onde os jovens poderão, de forma anónima e confidencial, usar de um espaço de atendimento não presencial e onde pais e professores poderão também contactar com técnicos especializados", refere a Câmara de Matosinhos em comunicado.

A plataforma "MC", com o nome inspirado no mestre-de-cerimónias da música rap, será também um espaço de debate e partilha de informações e experiências disponível para todos os que tenham acesso à Internet, quer por um computador, quer por um telemóvel.

Promovida pela ADEIMA, e co-financiado pelo SICAD -- Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências e pela Câmara Municipal de Matosinhos, a plataforma "MC" teve um custo de sete mil euros e surge como uma extensão da intervenção.

A "MC -- Metas Comunica" será oficialmente lançada na segunda-feira, pelas 11:00, na Câmara Municipal de Matosinhos.

Universidade do Minho
Projeto envolve 130 crianças e revelou que o recurso a umas lentes de contacto com um desenho especial pode ter 60% de eficácia...

Estas lentes de contacto não travam por completo a miopia, nem tão pouco a conseguem curar fazendo com que regrida. Isso será para um futuro melhor que ainda está por vir. O que estas lentes serão capazes de fazer – e já não é pouco – é conseguir que a normal progressão da miopia aconteça bem mais devagar. São lentes de contacto “especiais” porque têm “um desenho diferente”, explica José González Méijome, director do Laboratório de Investigação em Optometria Clínica e Experimental (CEORLab) da Universidade do Minho, onde se realizam testes clínicos com um grupo de 25 crianças.

As crianças que durante dois anos experimentaram estas lentes de contacto com um desenho especial progrediram de uma dioptria para “2,5 ou menos do que isso”. No mesmo período, o grupo de controlo que usou as lentes de contacto convencionais aumentou de uma dioptria para quatro. O projeto no CEORLab começou em 2012, quando as crianças tinham entre oito e dez anos, e os bons resultados obtidos fizeram com se decidisse prolongá-lo por mais dois anos. Nesta segunda fase, as 25 crianças envolvidas nos ensaios vão usar as lentes especiais e beneficiar do efeito de retenção observado na primeira fase do projeto.

“O problema da miopia é que o olho cresce de mais. Se passar de uma bola redondinha a uma bola de râguebi que estica numa direção, a imagem vai ficando mais desfocada”, explica o investigador ao jornal Público.

O tamanho do olho importa e uma diferença de meio milímetro pode parecer insignificante, mas não é. “Um milímetro de crescimento de olho pode significar três dioptrias ou mais nas suas lentes de contacto”, nota José González Méijome. A miopia moderada e alta inicia-se geralmente entre os cinco e os dez anos e progride de forma significativa até aos 16, altura em que tende a desacelerar. Assim, é sobretudo para crianças e jovens que a inovação pode ser eficaz.

“No grupo das crianças que usavam as lentes o olho cresceu menos 60 %”, explica o diretor do CEORLab, que exemplifica: “No grupo de controlo que usou lentes de contacto convencionais um olho com 20 milímetros cresceu, passados dois anos, para 21.” No grupo que usou estas lentes especiais passou para 20,4, acrescenta.

Mas afinal o que é que estas lentes têm de especial? “O seu desenho ótico, o modo como as dioptrias da lente são distribuídas à frente do olho”, responde o investigador. “Se uma criança tem duas dioptrias de miopia, a lente ‘normal’ tem a correção de duas dioptrias em toda a sua área de visão para proporcionar uma visão nítida”, explica José González Méijome. Nestas lentes, contrapõe, “o que se faz é uma manipulação ótica da distribuição da potência das dioptrias”.

As novas lentes de contacto hidrofílicas estão a ser testadas por 130 crianças em quatro centros de investigação em todo o mundo, incluindo o CEORLab em Portugal, num projeto associado a uma empresa multinacional norte-americana e já são comercializadas. O projeto de investigação em curso e que só terminará no final de 2018 serve para demonstrar a segurança e eficácia das lentes e, se necessário, corrigir o seu desenho.

Os alertas para o aumento da miopia na população mundial são conhecidos e há especialistas que defendem que a doença está a assumir “proporções epidémicas”. Um artigo na revista Nature, de Março de 2015, referia que, até ao final desta década, cerca de 2500 milhões de pessoas de todo o mundo terão miopia – ou seja, mais de um terço da população mundial. Neste momento, na Europa e nos Estados Unidos, cerca de metade dos jovens têm este problema. É o dobro dos valores registados há 50 anos.

 

O que é que nos está a deixar míopes? Não há uma resposta simples. “Conseguimos identificar fatores que estarão a contribuir para isso, como hábitos de visão, a exigência educativa, a exposição a um trabalho visual a uma distância muito curta, a menor exposição à luz solar.” Depois há, claro, os fatores genéticos que aumentam a probabilidade de ser míope.

Universidade do Minho
Investigadores da Universidade do Minho estão a fazer testes clínicos para validar a segurança e eficácia de lentes semi...

Chamam-se lentes esclerais porque ficam apoiadas na região escleral (a parte branca) do olho. São, por isso, maiores do que as lentes de contacto convencionais. Também não são gelatinosas, como as que são usadas para compensar a miopia ou astigmatismo, mas semi-rígidas. Cientistas do Laboratório de Investigação em Optometria Clínica e Experimental (CEORLab) da Universidade do Minho estão a testar estas lentes de contacto em pessoas com problemas na córnea e registaram uma recuperação de visão de 30% em média, escreve o jornal Público.

Quando a córnea, a parte transparente e protetora do olho, sofre algum tipo de lesão, a visão é afetada. “A córnea é o principal elemento que vai contribuir para formar a imagem dentro do olho, na retina, se algo a afetar é como se tivéssemos uma janela arranhada ou distorcida e, por isso, vai distorcer tudo o que vemos à nossa volta”, explica José González Méijome, diretor do CEORLab. É como se mergulhássemos num mundo desfocado e os nossos olhos estivessem debaixo de água. Os óculos ou as lentes de contacto convencionais não conseguem compensar esta distorção e, se o fazem, essa reabilitação é muito tímida, diz o especialista.

Os ensaios clínicos no laboratório da Universidade do Minho estão a ser feitos com as lentes esclerais, um produto que já existe no mercado mas que, neste caso, está a ser adaptado e otimizado. “Estas lentes que estamos a testar estão aprovadas pela FDA [a agência norte-americana que regula os medicamentos e alimentos], mas ainda não estão a ser comercializadas. Há já outras lentes esclerais no mercado. Mas estas não existem”, diz o diretor do CEORLab, que está a validar a sua segurança e eficácia num projeto que une a ciência à indústria e que é realizado em parceria com uma empresa norte-americana que vai produzir estas lentes. “Temos a capacidade de redesenhar estas lentes e modificar os seus parâmetros, como o raio de curvatura, a potência, o diâmetro, a correção do astigmatismo, o grau de assimetria. São umas novas lentes”, sublinha José González Méijome.

No laboratório da Universidade do Minho os testes clínicos já decorrem há cerca de um ano. Atualmente, os investigadores estão avaliar um grupo de 50 pessoas com idades entre os 18 e 67 anos que estão a usar estas lentes. Cerca de 25 destes doentes já as usam há um ano. O projeto ainda está em curso e o processo de recrutamento só deverá terminar em Janeiro quando conseguirem juntar 60 doentes. “Já percebemos que as lentes conseguem aumentar a capacidade visual e, em muitos casos, duplicam-na”, refere José González Méijome. O ganho, especifica, é de três a cinco linhas de acuidade visual comparando com a visão que a pessoa tinha quando usava outro método de compensação, fossem outras lentes de contacto ou óculos.

Para usar uma linguagem pouco científica mas que as pessoas estão habituadas numa consulta com um especialista, “isto significa que em média as pessoas entram no consultório a ver qualquer coisa como 30 a 40% e saem a ver 80 a 90%”, explica o investigador. Cada linha de acuidade visual representa cerca de 10% de melhoria na visão. Em média, a melhoria observada pelos investigadores é na ordem dos 30%, mas pode ser superior. “Temos casos em que observámos pessoas que não tinham mais do que 20% da visão e conseguiram chegar a 80 %”, confirma. “Parece apenas um número mas esta diferença pode mudar vidas”, diz José González Méijome, lembrando que “uma pessoa que vê abaixo dos 50% pode nem sequer estar habilitada para a conduzir um carro”.

As lesões na córnea podem surgir na sequência de acidentes, complicações cirúrgicas ou patologias (uma das mais frequentes é o chamado “queratocone”, quando a córnea adota uma forma muito bicuda, que afetará 1 em cada 2 mil pessoas.). Existem também problemas que surgem na sequência de cirurgias usadas, por exemplo, para compensar a miopia, diz o especialista. “A cirurgia a laser é um método altamente eficaz mas, por vezes, a córnea sofre uma descompensação e começa a degenerar. Há uma perturbação da visão e o doente não consegue ver, nem com óculos nem com lentes de contacto normais.”

Além de quantificar a melhoria da visão com o uso destas lentes esclerais, o projeto do CEORLab também quer estudar a “reação da superfície ocular a estes dispositivos e se é possível utilizá-las durante longos períodos de tempo”, diz José González Méijome. “Na segunda parte do projeto, que agora se inicia, também iremos avaliar as diferentes propriedades biológicas da lágrima e dos tecidos oculares para perceber o impacto destes dispositivos.” A investigação é ainda o trabalho de doutoramento de Rute Araujo, uma aluna da Universidade do Minho que, atualmente, é a única instituição de ensino no país que garante desde a licenciatura ao grau de doutoramento na área da optometria.

Para explicar como funcionam estas lentes, o investigador usa a imagem de um acidente. “É como se tivéssemos um carro amolgado, enchêssemos com massa a parte da amolgadela e déssemos uma tinta por cima. Aparentemente, está novo mas por baixo a superfície está achatada, colocámos à sua frente um material rígido que, de alguma forma, disfarça a irregularidade”, diz. Assim, quando a luz chega ao nosso olho, em vez de encontrar uma superfície deformada, já encontra uma superfície regular com a qual já pode focar outra vez a imagem na retina. "São lentes de contacto terapêuticas. Elas não estão só a tirar os óculos da frente da cara por questões cosméticas, podem ser a única solução para recuperar a visão.”

Nos últimos anos, as lentes esclerais, um material rígido permeável aos gases, têm sido muito exploradas, beneficiando dos avanços tecnológicos nos materiais (polímeros) e no desenho e fabrico deste tipo de dispositivos. “Este projeto visa sistematizar as observações que se estão a fazer no terreno clínico. O que queremos é padronizar e demonstrar, com uma amostragem suficiente e estatisticamente representativa, que são seguras e eficazes. Por outras palavras, provar que não fazem mal à córnea e que conseguem reabilitar a visão do olho”, resume o diretor do CEORLab.

A culpa é dos genes
O estreitamento da pélvis da mulher é uma das principais razões que levam especialistas em ginecologia/obstetrícia a recomendar...

Contrariando mas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), as cesarianas são um procedimento cada vez mais comum nos hospitais e maternidades, quer por desejo da mãe, que por indicação médica.

Os casos dos bebés com dificuldades em passar pelo canal de parto são também cada vez mais e aumentaram de 30 para 36 em cada 1000 nascimentos desde 1960, escreve o Sapo.

Esta situação despertou o interesse de Philipp Mitteroecker, médico do Departamento de Biologia Teórica, na Universidade de Viena, que aponta para a necessidade de compreender a questão relativa à evolução humana. "Sem a intervenção médica moderna, estes problemas seriam frequentemente fatais, segundo uma perspetiva evolucionista", comenta o médico.

Sem a cirurgia, os genes destas mulheres não seriam passados à geração seguinte, já que tanto o bebé como a mãe morreriam no parto. Ao serem submetidas a cesarianas, estas mulheres passam às filhas genes que codificam uma pélvis igualmente estreita. E assim sucessivamente.

O médico sublinha que a intenção do estudo não é criticar a intervenção cirúrgica, mas compreender que existe um efeito evolutivo associado à mesma.

Em conclusão, os investigadores da Universidade de Viena, na Áustria, dizem que esta passagem de genes pode afetar o curso natural da evolução humana.

Em Portugal a taxa de cesarianas é elevada. Segundo dados de 2015, o setor público tem uma taxa de 28%, enquanto nos privados a taxa atinge os 66%.

Saúde Animal 24
A Saúde Animal 24 é a primeira linha telefónica de assistência em saúde veterinária, que nasce através de dois médicos...

São dez horas da noite e o cão decide roer as pilhas do comando da televisão. A família está de férias e o gato é picado por uma abelha. Há um bebé prestes a nascer e um “irmão” de quatro patas tão ou mais ansioso do que os pais. Uma viagem programada para breve e uma mala cheia de perguntas sobre as vacinas e burocracias necessárias para transportar o animal de estimação.

Estas são situações reais e bem familiares para quem um animal de companhia, escreve o Sapo. Imprevistos que surgem fora das consultas veterinárias e que por isso deixam os donos inseguros, com dúvidas e sem saberem o que fazer.

A partir de agora todas estas dúvidas podem ter uma resposta rápida e à distância de um simples telefonema: a Saúde Animal 24 acaba de se lançar no mercado e é a primeira linha telefónica de assistência em saúde veterinária, que nasce com o objetivo de esclarecer as questões que surgem fora de horas, ou que não se enquadram no âmbito das consultas veterinárias.

Disponível 24 horas por dia através do número 760 450 911, este serviço está preparado para responder a dúvidas dentro das áreas da nutrição, comportamento, intoxicações, viagens e ainda a questões de saúde pública encaminhando os clientes, sempre que se justifique, para uma clínica ou hospital veterinário da sua freguesia de residência. Inovadora e pioneira em Portugal e na Europa, a linha Saúde Animal 24 é a solução que faltava aos pet lovers e um apoio muito útil para os médicos veterinários.

Ao longo do nosso percurso profissional, apercebemo-nos que os donos dos animais têm muitas dúvidas e que na maioria das vezes estas não ficam devidamente esclarecidas”, explica Salvador Falcão, médico veterinário e cofundador da Saúde Animal 24.

“Por acharem que o problema em causa não justifica a marcação de uma consulta, por se sentirem inibidos em perguntar ao médico veterinário, ou porque até ligaram para a clínica, mas o feedback acabou por chegar através da assistente pois o médico estava ocupado, há situações que ficam sem uma resposta atempada e adequada, podendo comprometer a saúde do animal”, afirma Salvador Falcão.

"Sabemos que cerca de 70% dos gatos e entre 30 a 40% de cães nunca foram vistos por um veterinário ou que foram apenas a uma única consulta durante toda a vida do animal. Com este serviço acreditamos que vamos conseguir aproximar a população dos médicos veterinários: através do aconselhamento telefónico podemos alertar para os principais cuidados de saúde, incentivar a marcação de uma visita ao veterinário e demonstrar a gravidade e complexidade de uma situação que por vezes pode passar despercebida pelos donos”, conclui Carolina Rebelo, cofundadora do projeto, e médica veterinária.

A Saúde Animal 24 está disponível para todas as pessoas que têm, trabalham ou convivem com animais. As chamadas têm um custo de 0,60€ + IVA, independentemente da sua duração e são atendidas por uma equipa de enfermeiros veterinários devidamente formada para o efeito, apoiada por uma equipa técnica de médicos veterinários, responsáveis por supervisionar o serviço.

 

A Saúde Animal 24 conta ainda com um website que disponibiliza informação relativa às principais questões e dúvidas relacionadas com todas as áreas acima referidas: www.saudeanimal24.pt.

A culpa é das dietas pouco variadas
O escorbuto, uma doença historicamente associada à Época dos Descobrimentos, reapareceu na Austrália.

Causada pela deficiência de vitamina C, a condição era uma "maldição" comum - e muitas vezes fatal - para os marinheiros que passavam longos meses em alto-mar sem consumir frutas nem vegetais frescos.

Considerado atualmente uma doença rara, escreve o Sapo, o escorbuto ressurgiu na sequência de maus hábitos alimentares continuados, segundo Jenny Gunton, que dirige o Centro de Investigação sobre Diabetes, Obesidade e Endocrinologia do Instituto Westmead em Sydney. A médica e investigadora redescobriu a doença após observar feridas que não cicatrizavam em vários pacientes.

"Quando lhes perguntei sobre as suas dietas, uma pessoa disse que comia poucas frutas e vegetais frescos e o resto comia quantidades adequadas de vegetais, mas cozinhavam-nos demais, destruindo a vitamina C", disse a cientista. "Isso mostra que uma pessoa até pode ingerir muitas calorias e mesmo assim não receber os nutrientes suficientes", acrescentou.

O diagnóstico de escorbuto em 12 pacientes foi feito com base em exames de sangue e sintomas. Todos ficaram curados a partir da ingestão de boas quantidades de vitamina C.

A falta de vitamina C pode levar a uma formação deficiente de colagénio na organismo, causando hematomas, sangramento nas gengivas, manchas vermelhas na pele, dores nas articulações e dificuldades de cicatrização. Entre os alimentos que evitam o aparecimento do escorbuto estão as laranjas, morangos, brócolos, kiwis, pimentão e toranja, mas a sua cozedura excessiva pode destruir nutrientes essenciais.

Gunton, que publicou a investigação na revista Diabetic Medicine, informa que os doentes obesos ou com excesso de peso também podem vir a sofrer da patologia.

O artigo relata que não há nenhum padrão social na incidência da doença e que os pacientes com dietas pobres parecem ter origens socioeconómicas variadas.

"Esse resultado sugere que, apesar da grande quantidade de recomendações de dieta, ainda há muitas pessoas (...) que não estão a receber as mensagens", comenta Gunton. "O corpo humano não consegue sintetizar vitamina C, por isso temos de comer alimentos que a contenham", advertiu ainda.

Congresso Nacional de Oftalmologia
A diabetes é a temática principal do Congresso Nacional de Oftalmologia. Com os casos de retinopatia diabética a aumentar,...

Estão a aumentar os casos de diabetes ocular (retinopatia diabética) e de miopia. No fundo, Portugal segue uma tendência mundial. A retinopatia diabética afeta mais de 16% dos diabéticos e é mesmo a principal causa de cegueira neste grupo de pessoas. Por isso, a diabetes é a temática principal do Congresso Nacional de Oftalmologia, que arrancou ontem no Convento de São Francisco, em Coimbra.

Mais de 1400 médicos oftalmologistas juntam-se no Convento de São Francisco para tentar ver como será o futuro da oftalmologia em Portugal, escreve a TSF. Com os casos de retinopatia diabética a aumentar, importa discutir a temática. "A diabetes é uma epidemia a nível mundial, tem aumentado, e as repercussões a nível ocular são imensas".

Maria João Quadros é a presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. Adverte que um dos problemas são os casos não identificados. "Cerca de 50% dos diabéticos não estão identificados e se a diabetes não for detetada a tempo, a retinopatia diabética também não o é".

É por isso possível que seja na consulta de oftalmologia que o doente fique a saber que é diabético.

Outro problema no centro das atenções, refere a presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, é o aumento mundial dos casos de miopia, muito devido à falta de exposição à luz solar. "É outra das epidemias do século XXI. Serão abordadas causas e formas de tratamento".

Ainda não está definida a causa do aumento da miopia, mas apontam-se alguns caminhos. "Cada vez mais estudamos mais horas e passamos tempo dentro de casa, as crianças não brincam na rua, e esta será uma das causas para o aumento da miopia".

A oftalmologia portuguesa está na linha da frente a nível mundial, defende Maria João Quadros, a Presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.

A responsável acrescenta que Portugal tem médicos oftalmologistas suficientes.

Joaquim Murta coordena um simpósio sobre o futuro da oftalmologia em Portugal, que pretende avaliar também o que se tem vindo a fazer em termos cirúrgicos e médicos.

O 59º Congresso de Oftalmologia decorre em Coimbra até ao próximo sábado.

Governo
Governo admite dificuldades, mas está a estudar uma hipótese reclamada por muitas mulheres que querem ser mães. Hoje, no...

A garantia foi dada numa resposta enviada por escrito ao grupo parlamentar do PCP que dizia, na questão enviada ao Governo, que muitas mulheres têm contestado o atual idade limite que se fica pelos 40 anos.

O assunto é, contudo, polémico e nem entre os especialistas reúne consenso. Na resposta, o Ministério da Saúde acrescenta que o tema está a ser analisado no plano assistencial e científico, apesar de admitir que o "aumento da idade limite implica uma eficácia menor destas técnicas", pelo que é "preciso ter em conta efeitos negativos nos tempos de espera".

O problema anterior é, aliás, uma das preocupações do presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, que tem contestado o aumento desta idade limite, escreve a TSF.

Eurico Reis admite que agora a questão é mais complicada porque há mulheres como as lésbicas ou as mulheres sem parceiro que, pela primeira vez, por lei, podem aceder a estas técnicas.

Contudo, o presidente deste conselho sublinha que, apesar da "compaixão" que sente por esta mulheres, "a verdade é esta: todo o tempo e meios concentrados em mulheres com idade acima de 40 anos vão ter uma eficácia marginal ou baixíssima, impedindo que mulheres mais novas tenham acesso a estes tratamentos".

Pior, defende Eurico Reis, é que "quando chegar a vez das mulheres mais novas a probabilidade de sucesso será menor, sendo que hoje já estão prejudicadas pelas listas de espera".

A posição anterior é contudo contestada pela Associação Portuguesa de Fertilidade que argumenta que não é inútil usar a procriação medicamente assistida em mulheres depois dos 40 anos.

Filomena Gonçalves acrescenta que "40 anos continua a ser muito limitativo pois há muitas mulheres que pensam nestes assuntos em cima dessa idade".

A associação tem ainda conhecimento de casos de mulheres que após dois ou mais anos em lista de espera chegam aos 40 anos e são afastadas pelo serviço público porque atingiram o limite de idade.

Recorde-se que, no privado, estes tratamentos custam milhares de euros, pelo que a Associação Portuguesa de Fertilidade aplaude a notícia de que o Governo está a estudar este eventual alargamento da idade máxima de acesso.

A TSF tem tentado obter um comentário do Ministério da Saúde sobre este tema, mas até ao momento não obteve resposta.

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