Estudo
Estudo do Instituto de Saúde Pública do Porto, que abrangeu 1495 médicos, adianta que 40% pondera antecipar a reforma por...

É apenas um manifestar de intenções, mas, se estas se concretizassem, assistiríamos a uma autêntica debandada dos médicos que hoje trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Três em cada quatro médicos da região Norte inquiridos num estudo sobre a carreira e os fatores de saída do SNS admitiram a hipótese de deixar o sector público para trabalhar exclusivamente no privado. Mais: cerca de 40% dizem considerar a possibilidade de antecipar a reforma por exaustão e um terço até equaciona a hipótese de emigrar.

É grande a insatisfação e a desmotivação manifestada pelos 1495 médicos especialistas que responderam ao questionário online (10,8% do total dos inscritos na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos) que constituiu a base do estudo de Marianela Ferreira, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (UP). Uma insatisfação que, segundo o jornal Público, se reflete em várias dimensões do exercício da medicina: a maior parte dos inquiridos está descontente com a sua remuneração (76,7%), queixa-se de ultrapassar o horário de trabalho com frequência e não acredita ter boas perspetivas de carreira no SNS (63,3%). O estudo foi apresentado esta quinta-feira.

Na prática, porém, mais de metade (54,4%) destes médicos já acumulam atualmente o trabalho no SNS com o privado, o que, no entender da investigadora, “poderá facilitar uma eventual transição para o trabalho em exclusivo neste sector”. O certo é que quase 87% dos inquiridos exerceu sempre funções no SNS desde que começou a trabalhar, apesar de 69,1% não ter dedicação exclusiva ao sector público.

Por que não deixaram já o SNS?
O que ficou por perguntar foi por que razão é que estes profissionais não deixaram já o SNS para enveredar por uma carreira em exclusivo no privado. Marianela Ferreira (que é também investigadora do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da UP) adiantou que pretende igualmente perceber o grau de satisfação dos que já fizeram esta opção, numa segunda fase deste estudo, que já está em curso.

A remuneração, uma das dimensões identificadas como geradora de insatisfação, é inferior a três mil euros por mês (rendimento bruto) para quase metade (46,9%) dos inquiridos. E, se mais de três quartos admite estar insatisfeito com o dinheiro que ganha no SNS, ainda há muitos (27,9%) que assumem que poderiam considerar o adiamento da saída do sector público por reforma em caso de aumento de remuneração.

O dinheiro não é a única fonte de insatisfação, porém. “Os recursos económicos e financeiros são determinantes, mas há dimensões de insatisfação expressa pelos médicos que não têm relação direta com a remuneração”, fez questão de sublinhar Alexandra Lopes, coordenadora do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. “A progressão na carreira, a gestão das organizações e o processo de tomada de decisões emergiram também como questões muito importantes”, enfatizou.

O que fica claro é que os profissionais “estão claramente insatisfeitos e, se saírem do SNS, vamos ter um problema muito maior”, sintetizou. “O SNS está seguramente ameaçado”, corroborou Marianela Ferreira, que define os médicos como um grupo profissional “missionário” que “gosta de exercer medicina”. 

Realizado com o apoio do Gabinete de Estudos da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, o estudo já dá pistas importantes sobre os níveis de insatisfação dos médicos, mas esta é ainda uma primeira fase da investigação que tem objetivos mais ambiciosos, nota a investigadora. Numa segunda fase, já em curso, estão a ser inquiridos médicos que saíram do SNS para perceber o seu grau de satisfação e também os profissionais que estão a fazer o internato de especialidade. Ainda este ano ou no próximo, Marianela Ferreira pretende replicar o estudo nas outras secções regionais da OM, no Sul e no Centro. Há mais de 50 mil profissionais inscritos na Ordem dos Médicos a nível nacional.

Os dados foram recolhidos entre Julho e Novembro, período durante o qual o questionário esteve disponível online na plataforma eletrónica da Universidade do Porto. Dos 13.801 médicos especialistas inscritos na Secção Regional do Norte da OM responderam 2070, tendo sido validadas as respostas de 1.495 profissionais a trabalhar no SNS.

Estudo
Uma experiência laboratorial com ratos levada a cabo pelo Inserm - Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale,...

Um estudo levado a cabo por uma equipa de investigadores do Inserm - Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale, em França, põe a hipótese das lâmpadas tradicionais por LED, sigla inglesa de light-emitting diode, díodo emissor de luz em português, poderem fazer mal à vista. De acordo com os especialistas, que fizeram uma experiência com ratos em laboratório, a radiação que emitem tem um impacto tóxico na visão, escreve o Sapo.

Depois de expor os mamíferos a uma luminosidade muito forte (6 000 lux) com diferentes tipos de lâmpadas durante 24 horas, os cientistas notaram que os animais ficavam com a retina dilatada e sofriam uma rutura de retina. Quando diminuíam a intensidade da luz para valores médios (500 lux), apenas as lâmpadas LED produziam efeitos nocivos nos ratos. «Não acontecia com as outras», garante a investigadora Alicia Torriglia.

50% dos sobreviventes de AVC sofre de Afasia
Apesar de não existirem dados sobre a sua incidência, em Portugal, estima-se que a Afasia atinja cer

Descrita como uma perturbação da linguagem que resulta de uma lesão cerebral “localizada nas estruturas que se supõe estarem envolvidas no processo de linguagem”, a afasia impede a pessoa de comunicar da mesma forma que fazia antes. Esta pertubação pode afetar a capacidade de se expressar ideias ou pensamentos, a capacidade de compreender o que os outros dizem e ainda a capacidade de ler e escrever.

“A inteligência não fica afetada e a pessoa continua a ser a mesma, com as mesmas opiniões, sentimentos, conhecimentos e memórias, no entanto, a perturbação da linguagem constitui um muro que limita a expressão das mesmas como antes, acabando por isolar a pessoa com afasia do mundo e dos outros”, começa por explicar Paula Valente, diretora do Instituto Português da Afasia.  

Dependendo da localização e extensão da lesão, os doentes apresentam diferentes quadros de afasia “com base nos sintomas de perturbação da linguagem apresentados”.

Sendo mais frequente nas pessoas idosas, poderá surgir, no entanto, em pessoas mais jovens e crianças, uma vez que pode ter inúmeras causas.

A causa mais comum desta pertubação é o Acidente Vascular Cerebral. “A instalação da afasia após um AVC é caracterizada pela perda repentina da fala e das capacidades linguísticas”, revela a especialista em terapia da fala.

Os traumatismos crânio-encefálicos, os tumores intracranianos, bem como a infeção cerebral, a epilepsia ou outras doenças neurológicas progressivas associadas ao envelhecimento são outras das causas da afasia.

“Por hora, três portugueses sofrem um AVC, dos quais sobrevivem dois terços. Metade dos sobreviventes poderão ficar com afasia para toda a vida”, refere a terapeuta estimando que surjam, todos os anos, cerca de oito mil novos casos desta perturbação.

Embora não existam dados estatísticos oficiais, “calcula-se que a prevalência de pessoas com afasia em Portugal ronde os 40 mil”.

“O principal tratatamento da afasia é a terapia da fala que, embora eficaz em muitos casos, não consegue, frequentemente, evitar as sequelas psicológicas e sociais associadas à afasia”, explica Paula Valente.

De acordo com esta especialista,  “na terapia da fala tradicional o terapeuta avalia os défices linguísticos ou de fala, utilizando métodos e técnicas para cada caso ou patologia. Este tipo de intervenção é individualizado e centrado nos défices, sem considerar o papel da família, do contexto social e sem considerar os aspetos relacionados com a eficácia comunicativa funcional ou expectativas do utente”.

Paula Valente reforça, deste modo, a necessidade existir uma abordagem mais ampla que permita uma maior integração social. “A abordagem social assume-se como uma forma de complementar a intervenção tradicional”, afirma explicando que esta “visa a habilitação do indivíduo para que este possa voltar a participar nas atividades e contextos significativos para ele, ensinando-lhe, bem como aos seus parceiros comunicativos, estratégias comunicativas que lhes permitam uma comunicação eficaz e satisfatória no dia-a-dia”.

Para a diretora do IPA, os tratamentos disponíveis em Portugal, focados na intervenção tradicional, e acessíveis em contextos clínicos clínicos e hospitalares, têm-se mostrado insuficientes para minimizar as consequências da afasia.

“Infelizmente, numa grande maioria dos casos, os defeitos linguísticos não são totalmente reversíveis e, por este mesmo motivo, é fundamental que sejam disponibilizadas terapias focadas no bem-estar da pessoa com afasia e seus familiares, na retoma da uma vida satisfatória, participada e ativa apesar da presença da afasia”, explica.

“A missão é devolver a qualidade de vida” aos doentes

Criado em 2015, o Instituto Português da Afasia (IPA), constituído como uma  Associação sem fins lucrativos, tem como missão “devolver a esperança e a qualidade de vida às pessoas com afasia e seus familiares”, com a implementação de abordagens terapêuticas comprovadas cientificamente e que se centram nos objetivos pessoais de participação social e nas atividades que são significativas para a pessoa com afasia.

“Mediante as suas necessidade e objetivos de vida, prestamos apoio, quer individual ou em grupo, às pessoas com afasia e seus familiares no sentido de promover uma maior compreensão da afasia propriamente dita, e suas consequências biopsicossociais, através da aprendizagem de estratégias para melhorar a comunicação, interação e confiança entre a díade (pessoa com afasia – familiar/cuidador)” explica Paula Valente.

Nos chamados grupos de intervenção são trabalhadas questões como a identidade positiva, reconhecimento e treino de competências, aumento de confiança, gestão de stress ou apoio emocional. “Por fim, mas não menos importante, a criação de uma rede de interajuda entre todos os participantes”, acrescenta.

Formação profissonal

Para além dos programas destinados aos doentes e seus familiares – o programa Introdutório e o Programa Revelo-me -, o Instituto Português de Afasia dispõe de um programa de formação único em Portugal “que permite aos profissionais adquirirem conhecimentos, ferramentas e estratégias para melhor compreender, diagnosticar, informar, comunicar e intervir com pessoas com afasia e seus familiares” com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços que prestados a esta população.

“As formações por módulos, de curta duração, à semana, têm apenas uma hora e meia de duração e pretendem  facilitar a participação dos profissionais que possuem, muitas vezes, um horário de trabalho que lhe impossibilita a realização de formação contínua”, começa por dizer a diretora.

Estas formações destinam-se a todos os profissionias que contatem com pessoas com afasia, como é o caso dos terapeutas, médicos, psicólogos, enfermeiros ou assistentes sociais, excepto os módulos que são exclusivos para terapeutas da fala.

Para consultar a programação destes cursos basta aceder à página do Instituto Português de Afasia e consultar as condições. “A inscrição poderá ser realizada através dos formulários disponíveis no site”, refere.

“Está já agendada para Mafra uma formação para terapeutas da fala e alunos do último ano do curso de terapia  da fala”, para os próximos dias 4 de Fevereiro e 1 de Abril entre as 10 e as 18h00.

“De facto, observa-se uma procura casa vez maior, por parte dos terapeutas da fala em aprofundar os conhecimentos em áreas de intervenção específicas de forma a proporcinarem um atendimento com maior qualidade junto dos seus pacientes”, justifica Paula Valente para concluir.

 

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
A atividade gripal manteve-se, na semana passada, moderada, com tendência estável, revela o Boletim de Vigilância...

Segundo o relatório, publicado semanalmente, às quintas-feiras, a taxa de incidência registada, entre 02 e 08 de janeiro, foi de 82,4 casos por cem mil habitantes, o que indica "uma atividade gripal de intensidade moderada, com tendência estável".

Na semana anterior, de 26 de dezembro a 01 de janeiro, a taxa de incidência verificada foi inferior, de 63,8 casos por cem mil habitantes, mas, ainda assim, apontava para uma atividade gripal moderada, com tendência estável.

Tal como na última semana de dezembro, na primeira semana de janeiro a mortalidade "por todas as causas" teve valores "acima do esperado".

Há uma semana, a responsável pela Rede Médicos-Sentinela, Ana Paula Rodrigues, indicou que a epidemia da gripe, provocada pelo vírus A (H3), e o frio, mais acentuado do que o habitual, contribuíram para a mortalidade ser maior do que o esperado.

Entre 02 e 08 de janeiro, o valor médio da temperatura mínima do ar foi 5,4ºC, "superior ao normal para janeiro".

Contudo, para a semana em curso e a próxima estão previstas temperaturas médias abaixo do normal, ressalva o boletim.

Desde que começou a época gripal - que vai de outubro a maio - morreram 11 pessoas entre as 95 admitidas com gripe em unidades de cuidados intensivos dos hospitais que reportaram a informação. A maior parte dos doentes internados tinha mais de 64 anos e uma patologia crónica, e apenas 24 estavam vacinados. O vírus predominante foi o A (H3).

Na semana passada, foram reportados 14 novos casos de gripe pelas unidades de cuidados intensivos hospitalares, mas nenhum óbito.

Governo
O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, considerou que as Unidades de Farmacovigilância, como a que foi ontem à tarde...

"Estes pontos de observação são uma marca relevante em termos de saúde pública, desde logo porque o consumo de medicamentos é uma questão de saúde pública, na medida em que podemos estar a usar fármacos errados para doenças que temos e fármacos certos para doenças que não temos. Portanto, há aqui todo um processo de recolha de informação sobre o efeito efetivo dos medicamentos nos doentes que é muito relevante", sublinhou.

Manuel Delgado falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, na inauguração da Unidade de Farmacovigilância que ficará instalada na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior.

Esta unidade integrará o Sistema Nacional de Farmacovigilância, que é gerido pelo Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde - e pretende contribuir para aumentar a segurança na utilização de medicamentos, dando resposta aos distritos de Castelo Branco, Guarda e Viseu, num total de cerca de 735.000 pessoas abrangidas.

Entre as atribuições da nova estrutura estão a recolha, processamento e análise de reações adversas a medicamentos que sejam comunicadas, por exemplo, por médicos ou doentes, a realização de estudos de farmacoepidemiologia ou segurança de medicamentos, a colaboração na deteção de sinal de segurança e/ou qualidade e a realização de atividades de divulgação e promoção do sistema.

Uma ação que "contribuirá para aumentar a confiança dos utentes nos medicamentos", bem como para "facultar aos profissionais de saúde mais informação sobe o real efeito dos fármacos que receita", apontou Manuel Delgado.

O governante lembrou que entre as mais-valias desta unidade está também a questão económica e do uso dos recursos, na medida em que o relato das reações adversas pode ir de encontro, por exemplo, do facto de uma pessoa estar a tomar medicamentos em excesso, podendo-se assim reduzir a quantidade e eventualmente poupar nos custos do utente e do Estado.

Por outro lado, Manuel Delgado também sublinhou a importância da criação desta unidade resultar de uma "parceria virtuosa" entre o Infarmed, as unidades de saúde e a universidade.

"Esta é uma marca muito importante na evolução do serviço de saúde, cujo desenvolvimento tem de passar também pela constante ligação ao conhecimento, à investigação e às universidades", apontou.

Uma ideia que também foi defendida pelo presidente do Infarmed, Henrique Luz Rodrigues, que explicou que esta unidade também contribuirá para "organizar e estruturar melhor o sistema", permitindo assim melhorias na assistência.

O reitor a UBI, António Fidalgo, destacou que esta parceria é um bom exemplo da responsabilidade social que a instituição tem de acompanhar e ajudar a encontrar respostas para a comunidade.

Mau tempo
A Administração Regional de Saúde do Centro apelou à população para evitar as urgências, "sempre que possível", e...

O Departamento de Saúde Pública (DSP) da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) afirmou, em comunicado, que as pessoas que tenham como sintomas dores musculares, dores de cabeça ou tosse e febre devem recorrer "ao médico do seu centro de saúde" ou ligarem para a Linha Saúde 24, evitando, "sempre que possível", uma ida à urgência do hospital.

O DSP reforça também os "conselhos a ter com o frio", principalmente por parte de grupos vulneráveis, como bebés ou idosos, refere a ARSC.

Para os bebés, o departamento aconselha a que estes não saiam de casa nos dias "de frio intenso", e, no caso de sair, a cabeça, as mãos, orelhas e pés devem estar bem agasalhados, os pais devem utilizar várias camadas de roupa no bebé, dar de beber regularmente e verificar que a criança está bem protegida do frio no carrinho onde é transportada.

Para os idosos, o DSP do Centro sublinha o papel importante que os familiares, amigos e vizinhos podem ter, "devendo manter um acompanhamento de proximidade, sempre que possível, de pessoas idosas sós ou isoladas", com um telefonema ou um contacto pessoal "pelo menos uma vez por dia".

Como medidas para esta faixa etária, o Departamento de Saúde Pública sublinha que os idosos devem manter a casa quente e o corpo hidratado, usar "várias camadas de roupa", evitando usar roupas demasiados justas "que dificultem a circulação sanguínea", e proteger as "extremidades do corpo" com luvas, gorro, meias quentes e cachecol.

Como medidas de prevenção para a generalidade da população, o DSP sugere que as pessoas lavem as mãos "muitas vezes", quando se assoam, espirram ou tossem, e devem "tapar o nariz e a boca sempre" que tossirem ou espirrarem, usando um lenço de papel ou o braço.

Sobrinho Simões
O patologista Sobrinho Simões alertou hoje que se diagnosticam demasiados cancros que se deviam "deixar sossegados",...

Falando à margem de uma palestra promovida pelo International Club de Portugal, Manuel Sobrinho Simões afirmou que "a maluqueira quer de doentes quer de alguns médicos é que está a dar mau resultado", sobretudo nos cancros da tiroide, mama e próstata, "de longe os que têm mais sobrediagnóstico".

"Estamos a fazer diagnósticos de cancros muito pequeninos, que não iam dar chatices" porque não conseguiriam desenvolver-se no tempo de vida restante das pessoas, a maior parte delas idosas, salientou.

Colocando-as no ciclo de tratamentos como a radiologia, os médicos estão, nesses casos, a "desgraçar os doentes", considerou, defendendo que cabe aos médicos serem razoáveis quando as pessoas os procuram para ir numa "caça ao cancro".

Quando um médico fala de cancro a um doente, "é difícil, depois de começar o processo", dizer-lhe depois que o cancro que se detetou é demasiado pequeno para justificar tratamento, reconheceu.

O investigador português, considerado um dos patologistas mais influentes no mundo, defendeu no entanto a necessidade de continuar a fazer-se rastreios à população, essenciais para o diagnóstico precoce: "isso é importantíssimo", reforçou.

Só que "há cancros muito agressivos e outros pouco agressivos", destacou.

Num país como a Coreia do Sul, começou a rastrear-se o cancro da tiroide, que passou para quarto tipo de cancro mais frequente, acionando tratamentos e extrações da tiroide que são "caríssimos para o serviço nacional de saúde", mas a mortalidade mantem-se exatamente igual.

Por seu lado, no Japão optou-se por não operar e esperar, repetindo exames anualmente. "Se não crescer, não fazem nada. Têm a mesma mortalidade do que a Coreia do Sul e gastam cem vezes menos", destacou.

Manuel Sobrinho Simões afirmou perante a plateia do International Club que as doenças "ajudaram a apurar a espécie humana porque matavam os menos aptos, ficando os mais inteligentes e os mais capazes", mas que as doenças modernas não ajudam a apurar nada, porque "acontecem mais tarde na vida" e não interferem com a capacidade reprodutiva.

Além do cancro, a obesidade, a sida, a tuberculose e a depressão são reflexos de uma civilização de mamíferos que vivem hoje numa sociedade de abundância mas cujos genes foram moldados por condições extremamente difíceis, frisou.

"Não mudámos nenhum gene nos últimos 100 anos", afirmou, notando que os humanos mantêm o apetite que os selecionou como espécie de sucesso há centenas de milhares humanos mas que comer "111 quilos de carne" por ano, como acontece com os portugueses, tem "custos na água, na energia, na saúde, no planeta".

Linha Saúde 24
Um terço dos utentes com sintomas de gripe que ligaram para a Linha Saúde 24, desde novembro, foram encaminhados por este...

De acordo com Sérgio Gomes, que coordena esta linha de atendimento telefónico (808242424), desde que o módulo Inverno do Plano de Contingência para as Temperaturas Extremas Adversas entrou em vigor, a 01 de novembro, a Linha Saúde 24 recebeu 150.329 contactos.

Em relação a igual período do ano passado, a linha realizou mais 27% de atendimentos.

Destas chamadas, 18,7 por cento das recebidas em janeiro foram para avaliação de síndrome gripal, 15,2 por cento em dezembro de 2016 e 0,23 por cento em novembro.

As chamadas para o atendimento por gripe cresceram 150 por cento comparativamente ao período homólogo do ano passado: 16.027 em 2016/2017 e 6.405 em 2015/2016.

Sobre os doentes atendidos por gripe e que foram encaminhados pelos profissionais da Linha de Saúde 24, Sérgio Soares revelou que, desde novembro, um terço (5.236) foi orientado para os cuidados de saúde primários, 10,1 por cento (1.615) para a urgência hospitalar e 0,1 por cento (11) para o INEM.

A maioria dos atendimentos por gripe (9.165) foi orientada para autocuidados, num total de 57,1 por cento dos 16.027 atendimentos por gripe.

O módulo Inverno do Plano de Contingência para as Temperaturas Extremas Adversas entrou em vigor está acionado até 31 de março.

Em 2016
A Administração Regional de Saúde do Centro destacou hoje o investimento superior a cinco milhões de euros efetuado em 2016 na...

"A entrada em funcionamento dos novos centros de saúde de Oliveira do Bairro, Pombal e Pampilhosa da Serra, e das unidades de Esgueira, Costa Nova, Maceda e S. Romão, constituíram mais um significativo reforço na acessibilidade dos utentes a melhores cuidados de saúde primários na região Centro", salientou, em comunicado, o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC).

No balanço ao investimento em saúde realizado na região, José Tereso, citado no documento, realçou a aposta e a prioridade na área dos cuidados de saúde primários, "considerados a porta de entrada do cidadão na saúde".

Segundo o responsável, durante este ano a ARSC vai dar continuidade a novos projetos "que beneficiam utentes e profissionais", como é o caso da construção do novo Centro de Saúde Fernão de Magalhães, em Coimbra, e do edifício que acolherá o Centro de Saúde da Murtosa, no distrito de Aveiro.

José Tereso adiantou ainda que está em fase de finalização um conjunto de obras de construção, remodelação e ampliação de instalações na região, que totalizam um investimento na ordem dos 3,5 milhões de euros.

Nas intervenções em curso, destacam-se os edifícios dos centros de saúde de Mortágua e Pedrógão Grande, dos polos de Souselas e Alhadas, da Unidade de Saúde Familiar de Santo André e as novas unidades de saúde de Oiã e Válega.

De acordo com José Tereso, "a ARSC continuará, em 2017, a promover a melhoria da qualidade e efetividade na primeira linha de resposta do Serviço Nacional de Saúde".

Época gripal
Centros de saúde vazios, em contraste com urgências hospitalares entupidas, têm sido registados nesta epidemia de gripe,...

A situação foi hoje lamentada pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, à margem de uma visita a alguns serviços do Hospital Dr. Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), conhecido como “o calcanhar de Aquiles” das urgências durante a época gripal.

Segundo o governante, e ao contrário do que aconteceu no passado, este ano “não se registaram situações de caos nas urgências devido à gripe”, ainda que muitos utentes tenham tido de esperar várias horas para ser atendidos.

No Amadora-Sintra, por exemplo, os doentes com pulseira amarela (urgentes) chegaram a aguardar 11 horas para serem atendidos nos dias 27 de dezembro e 04 de janeiro.

Nesses dias, os doentes com pulseira verde (pouco urgentes) aguardaram perto de 19 horas por um atendimento.

Num dia, este serviço atendeu 1.189 doentes: entre as 12:00 do dia 03 de janeiro e as 12:00 do dia seguinte.

Com equipas fixas de 12 médicos nas urgências, este hospital tem encaminhado doentes transportados pelo INEM para outras unidades de saúde (hospitais de São José e Santa Maria, em Lisboa), medida prevista para esta época gripal e que está em vigor até quarta-feira.

O hospital tem 700 camas de internamento, que se encontram ocupadas, e 55 no Serviço de Observação (SO), também lotadas.

Manuel Delgado congratulou-se com a ausência do caos nas urgências, mas reconheceu os longos tempos de espera que os utentes tiveram de suportar, pedindo desculpas por isso.

Para o governante, o sistema não tem falhado e mesmo o encaminhamento de doentes (entre hospitais) tem-se revelado uma medida positiva para as unidades de saúde mais procuradas.

No entanto, o secretário de Estado da Saúde lamentou que os centros de saúde – que nesta época têm o horário alargado – não estejam a ser procurados pelos utentes.

Trata-se de uma situação que provoca algum “desespero”, afirmou, acrescentando: “Temos centros de saúde com as condições adequadas, com médicos e outros profissionais de saúde, mas que estão vazios”.

Para Manuel Delgado, trata-se de uma “questão cultural” que urge alterar, talvez com mais informação.

A urgência hospitalar tem sido “uma porta de entrada para todo o tipo de exames necessários. Por esta razão, estamos a aumentar as valências dos centros de saúde de forma a estes se tornarem mais atrativos”, adiantou.

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) vai divulgar hoje o Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, com os dados mais recentes da doença.

O boletim da semana passada apontava para uma taxa de incidência de síndroma gripal de 63,8 por 100 mil habitantes, tratando-se, segundo este organismo, de “uma atividade gripal de intensidade moderada, com tendência estável”.

Ao nível da mortalidade, esta apresentava valores acima do esperado.

Investigadora do Porto
Uma investigadora do Porto está a estudar as alterações da marcha nos portadores da Doença dos Pezinhos para criar uma...

Com este projeto, a equipa pretende "descrever detalhadamente o padrão da marcha" nos portadores de Polineuropatia Amiloidótica Familiar (Doença dos Pezinhos), integrando estudos de captura de movimento 3D, ativação muscular e cerebral, disse a investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) Maria do Carmo Vilas-Boas.

Esta patologia, "rara", "muito complexa", "tipicamente portuguesa" e primeiramente descrita pelo médico português Corino de Andrade, é causada por uma mutação genética denominada TTR Val30Met.

De acordo com a investigadora, a ideia para o projeto surgiu enquanto trabalhava como assistente de investigação na Unidade Corino de Andrade, no Hospital de Santo António, e percebeu que "ainda faltava saber muita coisa" sobre a doença.

"Por me interessar muito pelo movimento do corpo e pelas consequências motoras das doenças, e por achar que cada vida vale por si só, independentemente da sua condição, comecei a investigar mais e a tentar arranjar uma forma de poder ser útil a estes doentes, principalmente numa perspetiva de manter e prolongar uma qualidade de vida que lhes permitisse manterem-se ativos", explicou.

Os primeiros dados para este estudo, que se prevê finalizar em julho de 2018, foram recolhidos através de avaliações feitas a 21 doentes, no Hospital de Santo António e no Laboratório de Biomecânica do Porto - LABIOMEP, com recurso a diferentes equipamentos quantitativos.

Deste projeto, denominado "FAPMOVE - Avaliação dos danos motores na Polineuropatia Amiloidótica Familiar", fazem parte Maria do Carmos Vilas-Boas, o professor João Paulo Cunha, do INESC TEC e a neurologista do Hospital de Santo António Teresa Coelho, estes últimos como orientadores do trabalho.

A doença, que foi pela primeira vez identificada na população portuguesa na área da Póvoa do Varzim, não está atualmente limitada ao norte do país, aparecendo em mais de metade dos concelhos de Portugal Continental (58%) e já também muito distribuída pelos concelhos do centro e sul.

Um estudo recentemente divulgado e que foi o vencedor do Prémio de Investigação Científica Professora Doutora Maria Odette Santos-Ferreira, atribuído em setembro de 2016, revelou a existência de 2.013 doentes em 58% do país.

Aliás, adianta o estudo, em 25 concelhos (15%), a paramiloidose já não é uma doença rara e só na área da Póvoa do Varzim/Vila do Conde a sua prevalência mais do que duplicou (aumento de 125%) em menos de 30 anos.

Em média, estima-se a identificação de cerca de 70 novos doentes e cerca de 65 novos casos de portadores assintomáticos, apresentando uma tendência decrescente.

Este estudo tem como autora principal a farmacêutica Filipa Duarte-Ramos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e decorreu do projeto conducente à tese de doutoramento da investigadora Mónica Inês, do Instituto de Medicina Molecular (IMM).

A paramiloidose é uma doença hereditária rara que, em Portugal afeta maioritariamente pessoas em idade jovem e ativa, de ambos os sexos, e que se não for tratada tem uma progressão rápida, causando a morte geralmente na primeira década após a manifestação dos sintomas.

Projeto “Sin Azucar”
As quantidades de açúcares aparecem nos rótulos dos alimentos, mas muitas pessoas não os leem ou não sabem a que correspondem.

Meio litro de Coca-Cola contém 13,25 cubos de açúcar, o equivalente a 53 gramas; uma garrafa de meio litro de Powerade tem 38; quatro bolachas Chips Ahoy com pepitas de chocolate XL têm 34; um iogurte de fruta Danone "0%" contém 16; oito bolachas Maria, 12 gramas. No âmbito do projeto espanhol SinAzúcar.org, Antonio R. Estrada fotografou estes e outros alimentos ao lado dos cubos de açúcar correspondentes, para denunciar a quantidade de açúcar presente nos produtos que se compram nos supermercados.

O fotógrafo quis, assim, alertar a população para o açúcar escondido nos alimentos e que, em quantidades excessivas, pode provocar diabetes, obesidade, cáries, doenças cardiovasculares.

Isto porque as pessoas não têm consciência do açúcar que consomem. "É um produto barato e que está em toda a cadeia alimentar. É quase omnipresente. Há açúcar por todo o lado e a maior parte dos encarregados de educação não têm ideia da quantidade de açúcar presente em certos alimentos", alerta Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o consumo de açúcares simples adicionados à nossa alimentação deve estar abaixo dos 10% da energia consumida diariamente e de preferência aproximar-se dos 5%. Sendo 2000 kcal o valor médio de energia consumida, não devem ser ingeridos mais do que 50 gramas de açúcares por dia, mas o ideal é que sejam consumidos apenas 25. O certo é que, em Portugal, os dados de 2013-2014 apontavam para um consumo na ordem dos 96 gramas por dia.

Haverá consciência disso? "Não, claramente. Se houvesse essa consciência, porventura não eram consumidas as quantidades que são", frisa Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas. Uma pessoa que beba três cafés por dia e que use o pacote de 5 gramas de açúcar consome logo aí mais de metade da quantidade ideal. Os açúcares, prossegue a nutricionista, são calorias "consideradas vazias, que empobrecem nutricionalmente o produto".

Obesidade e diabetes tipo II são duas das doenças que mais facilmente se associam ao seu consumo. Segundo os dados mais recentes, de 2014, um milhão de portugueses sofrem de obesidade e 3,5 milhões tem excesso de peso. "São números muito assustadores." Para a bastonária, é preciso "encarar o problema do açúcar de frente", o que requer medidas legislativas e de incremento da literacia na área.

Os refrigerantes são, segundo os especialistas ouvidos pelo Diário de Notícias, um dos principais veículos de açúcar. E, diz Pedro Graça, "o açúcar nas bebidas é provavelmente mais perigoso do que nos sólidos, pois é absorvido de forma mais rápida".

Nuno Borges, da direção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, reforça que, "nos refrigerantes, as pessoas não têm noção da quantidade de açúcar que ingerem". Mas nos néctares também existem grandes quantidades: "Se a pessoa beber um litro de sumo de laranja por dia, pode estar tão em risco como se beber um litro de Coca-Cola." Por isso, o nutricionista destaca a importância de projetos como o Sin Azucar: "Se é algo que está meio oculto, tudo o que se puder fazer para aumentar a consciência das pessoas é bom. Se for com uma vertente artística, tanto melhor."

Além de alimentos já associados ao açúcar, como refrigerantes ou doces, dá a conhecer as quantidades presentes em molhos, no pão, nas papas dos bebés. O autor, Antonio R. Estrada, explicou ao diário El País que o objetivo é mostrar "o açúcar oculto nos alimentos processados, de uma forma simples e rápida", que facilmente possa ser difundida nas redes sociais.

Para Davide Carvalho, endocrinologista, é preciso não ficar com a ideia de que "os alimentos só têm açúcar", pois pode ser redutora. Ressalvando que o açúcar "tem calorias e muitas vezes desprovidas de outros nutrientes", o especialista diz que não se deve diabolizar. "É importante que as pessoas saibam aquilo que comem, analisem a composição dos alimentos e façam escolhas saudáveis. Se num dia de festa comerem um alimento com mais açúcar, não há problema. O problema é se comem todos os dias."

Pedro Graça destaca que, de acordo com dados referentes a 2014, publicados em 2015, "os hábitos alimentares inadequados - onde entra o consumo de açúcar e de sal - continuam a ser dos principais responsáveis pela perda de anos saudáveis entre os portugueses". Mais do que o tabaco ou os acidentes de viação, por exemplo.

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
Três em cada dez doentes que chegam às urgências dos hospitais portugueses podiam ver o problema tratado noutro lugar....

“O uso indevido de serviços de urgência é dispendioso e potencialmente nocivo para os doentes.” O alerta é feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) num relatório publicado esta quarta-feira que destaca que Portugal está a fazer uma utilização “desadequada” das urgências hospitalares, estimando-se que em pelo menos 31% das situações os doentes poderiam ter resolvido o seu problema de outra forma. Para a OCDE esta situação pode reverter-se com o pagamento de incentivos às instituições que tratem os doentes no lugar certo, premiando-se a qualidade e não a quantidade. Dependendo dos dados reportados por cada país, o relatório estuda este sector nos últimos cinco anos.

O relatório Tackling Wasteful Spending on Health olha para várias áreas em que os países estão a desperdiçar dinheiro no sector da saúde e identifica a utilização excessiva das urgências como um dos principais exemplos, escreve o jornal Público. Os portugueses surgem no topo da tabela quando se olha para o número de visitas. Em média, por cada 100 mil habitantes, 70 vão anualmente às urgências.

No entanto, o problema está longe de ser um exclusivo de Portugal: em 14 dos 19 países sobre os quais a OCDE conseguiu recolher dados, o número de pessoas a dirigir-se aos serviços de urgência aumentou nos últimos anos. O segundo lugar na utilização destes serviços por cada 100 mil pessoas é ocupado por Espanha e o terceiro pelo Chile, que mesmo assim não chegam às 60 visitas. Entre os mais moderados, com dez ou menos visitas por cada 100 mil pessoas, aparecem países como a República Checa, Alemanha, Nova Zelândia e Holanda.

Precisavam de ir à urgência?
Numa segunda parte do trabalho, a OCDE aprofunda a análise sobre este tema e em vez de olhar apenas para o número de doentes que foram às urgências tenta distinguir os casos em que as pessoas precisavam mesmo daquele tipo de acompanhamento e as situações em que os doentes deveriam ter resolvido o problema noutro local, nomeadamente nos centros de saúde. O valor mais elevado foi encontrado na Eslovénia e na Bélgica, onde mais de metade dos doentes que vai a uma urgência não precisava na realidade de um serviço tão diferenciado. Na Austrália o valor é de 32%, em Portugal de 31% e em países como os Estados Unidos da América e o Reino Unido não chega aos 12%. Muitos dados dizem respeito ainda a 2014, como é o caso de Portugal, mas a verdade é que neste Inverno, em Dezembro, alguns hospitais registaram um acréscimo de 20% na procura.

Quanto a Portugal e à Grécia, a OCDE avisa que as taxas moderadoras cobradas nos cuidados de saúde primários acabam por levar a que os doentes prefiram dirigir-se a um serviço de urgência, onde encontram uma gama completa de serviços a funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana. Se o acesso aos centros de saúde fosse gratuito a situação seria diferente, acredita a OCDE.

Os casos de pobreza, de poucos apoios sociais (de que é exemplo a falta de uma rede abrangente de cuidados continuados) são outras das situações que o relatório aponta como estando associadas a uma excessiva procura das urgências. A fraca divulgação da rede de centros de saúde abertos até mais tarde ou ao fim-de-semana é outro dos problemas referidos. Paradoxalmente, ao mesmo tempo, o documento reconhece que o aumento das taxas moderadoras nas urgências (feita ainda pelo anterior ministro da Saúde e que o atual Governo voltou a reduzir) não ajudou a afastar as pessoas dos hospitais.

Nas recomendações aos vários países, a OCDE lembra que os “incentivos também importam” e aconselha os decisores políticos a “criar um ambiente de recompensa pela prestação dos serviços certos em vez de pela quantidade”. Neste campo, Portugal é citado como um dos países em que se tem avançado para formas de pagamento que têm em consideração a qualidade e não só a quantidade.

Aliás, como o jornal Público noticiou há uma semana, o Ministério da Saúde vai passar a pagar aos hospitais um valor fixo por cada doente que atenderem nas urgências e um valor variável, de acordo com o desempenho. Ao mesmo tempo, vão avançar três projetos-piloto no Centro Hospitalar de São João, no Porto, no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental e no Centro Hospitalar de Leiria. A ideia é que estes hospitais passem a contar com uma equipa fixa na urgência e que os gestores tenham mais autonomia. Em contrapartida, o valor que o hospital e que os profissionais de saúde vão receber vai depender em parte do resultado do trabalho que fizerem.

Outras ideias do relatório

Cirurgias sem internamento
O aumento do número de cirurgias de ambulatório, em que os doentes são operados sem a necessidade de ficarem internados, é apontado como um bom exemplo de gestão de recursos na Saúde. A OCDE destaca o crescimento que Portugal tem tido nesta área ao longo dos últimos anos, reconhecendo que o aumento destas intervenções reflete vários fatores, desde os avanços técnicos à necessidade dos hospitais resolverem o problema das listas de espera em várias áreas, como as cirurgias de cataratas.

Mais genéricos
A aposta no consumo de genéricos, em vez de medicamentos de marca, é outra das recomendações feitas aos vários países no relatório. Também aqui a OCDE elogia o percurso que Portugal tem feito, salientando algumas campanhas públicas feitas junto da população para passar a mensagem de que os medicamentos de marca branca são tão eficazes e seguros como os originais. “Em Portugal, a quota de mercado dos genéricos cresceu de praticamente zero em 2000 para 41,3% em volume em 2015”, lê-se no documento, que destaca as alterações que o país fez na forma de pagamento às farmácias para incentivar a dispensa dos fármacos mais baratos.

Poucas cirurgias do joelho
As discrepâncias entre os vários países ou mesmo dentro de um determinado país é motivo de preocupação para a OCDE. Por exemplo, nas cirurgias do joelho, os peritos apontam que existem zonas de Portugal onde este procedimento é cinco vezes mais comum – uma diferença que os peritos acreditam que está mais relacionada com o acesso aos serviços de saúde e com os critérios médicos do que com as necessidades da população, que a OCDE não acredita que possam ser tão díspares.

Relatório revela
Relatório da Comissão Europeia diz que sustentabilidade do sistema de saúde poderá estar em causa. Bruxelas quer mais impostos...

É um sério aviso para os decisores políticos: nas próximas décadas, a população dependente, com limitações no seu dia-a-dia devido a problemas de saúde e a necessitar de cuidados de longa duração, vai aumentar substancialmente em Portugal. Em 2060, calcula-se que 1,1 milhões de pessoas vão estar nessa situação.

Tendo em conta o decréscimo populacional estimado (as projeções apontam para 8,2 milhões residentes em Portugal em 2060), mais de 13% da população estará então dependente de cuidados de terceiros. Este cenário preocupante é traçado num relatório da Comissão Europeia sobre cuidados de saúde, cuidados de longa duração e sustentabilidade das contas públicas, que esta quarta-feira foi debatido na Nova School of Business and Economics, em Lisboa.

Nas próximas décadas, devido ao acelerado envelhecimento e inovação tecnológica, Portugal será um dos países onde as despesas com saúde mais crescerão, 2,5 pontos percentuais do PIB (Produto Interno Bruto) contra 0,9, na média europeia, escreve o jornal Público. O que, conjugado com o previsível débil crescimento económico, ameaça pôr em risco a sustentabilidade do sistema de saúde, que inclui o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Elaborado pela Direcção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia e pelo Comité de Política Económica do Conselho da União Europeia (especificamente o grupo de trabalho que estuda o envelhecimento populacional), o documento elenca uma série de medidas para enfrentar os  desafios que este fenómeno implica. Mas olhemos para os dados: as projeções indicam que Portugal terá uma população de 8,2 milhões em 2060, menos 22% do que em 2013. Ao mesmo tempo, estima-se que a população na União Europeia cresça 3% neste período.

Europeus vão viver mais
As mudanças demográficas terão um impacto profundo. Os europeus vão viver muito mais em 2060: 84 anos, em média, para os homens (contra 77, em 2013) e 89 anos para as mulheres (83, em 2013). Uma enorme conquista, o envelhecimento coloca desafios aos sistemas de saúde e aos cuidados de longa duração, porque as pessoas mais velhas necessitam não só de mais cuidados, mas também de cuidados mais dispendiosos.

Além disso, as inovações na tecnologia tenderão a encarecer os custos, colocando riscos adicionais à despesa com a saúde que já absorve uma significativa e crescente fatia dos recursos dos Estados membros, 8,7% do PIB em 2015.

Da lista de recomendações destaca-se a continuação na aposta nos cuidados de saúde primários, aumentando o número e melhorando a distribuição dos médicos de família e dos enfermeiros (nestes dois indicadores estamos bem abaixo da média da União Europeia) e alargando os horários dos centros de saúde de forma a diminuir a pressão sobre os hospitais.

Os especialistas recomendam ainda a aposta assertiva na promoção da saúde e na prevenção. Portugal, lembram, gasta apenas 0,1% do PIB em prevenção, metade da média europeia, e uma das sugestões para aumentar as receitas para esta área promete causar polémica: aumentar os impostos sobre o tabaco, o álcool e refrigerantes.

Idosos: cada um cuida do outro
Nos cuidados de longa duração, em que se estima que a despesa pública passe dos 1,7% do PIB na União Europeia em 2015 para 2,7% em 2060, o conselho é conter os gastos em institucionalização e investir mais em cuidados domiciliários.

A aposta deve ser feita na formação de cuidadores formais (profissionais), por um lado, e no apoio aos cuidadores informais, através de políticas que podem passar por horários de trabalho flexíveis, subsídios para compensar a perda de rendimentos, por assegurar que os incentivos no emprego e na carreira não diminuem por este motivo e por garantir que as mulheres não são encorajadas a abandonar o mercado de trabalho.  

Questionado sobre este fenómeno, o especialista da Direcção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia, Santiago Calvo Ramos, que apresentou os dados sobre Portugal, enfatizou que o país está ainda muito dependente dos cuidadores informais e que há até "muitos casais idosos onde cada um cuida do outro”. 

Um estudo da Organização Mundial do Trabalho já destacava em Setembro de 2015 que Portugal é um dos países menos “generosos” da Europa nos cuidados de longa duração da população idosa. Além do número reduzido de profissionais dedicados a esta tarefa, tem uma das despesas públicas nesta área das mais reduzidas entre os 46 países analisados. 

Questionado sobre este fenómeno, o responsável da Direcção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia, Santiago Calvo Ramos, que apresentou os dados sobre Portugal, enfatizou que o país está ainda muito dependente dos cuidadores informais e que há muitos casais idosos onde cada um cuida do outro.

Um estudo da Organização Mundial do Trabalho já enfatizava em Setembro de 2015 que Portugal é um dos países menos “generosos” da Europa nos cuidados a longo prazo da população idosa. Além de ter um número reduzido de profissionais dedicados especificamente a esta tarefa, tem uma das despesas públicas nesta área das mais reduzidas entre os 46 países analisados. São os cuidadores informais, habitualmente familiares dos mais velhos e quase sempre mulheres, que asseguram este tipo de cuidados, sem serem remunerados.

Estudo
Estudo envolveu 236 mulheres de uma região da África do Sul e revela que algumas bactérias que existem na vagina aumentam a...

Uma equipa de investigadores norte-americanos acompanhou 236 mulheres infetadas com VIH da cidade de Umlazi, na África do Sul, durante 336 dias e concluiu que há comunidades de bactérias na flora vaginal que estão associadas a um risco quatro vezes superior de infeção pelo vírus da sida. As bactérias identificadas pelos cientistas são comuns nas mulheres sul-africanas saudáveis e diferem do tipo dominante da população bacteriana encontrada nas mulheres de países desenvolvidos. O trabalho abre portas para novas estratégias de prevenção.

A comunidade bacteriana (microbioma) mais comum no trato genital de mulheres sul-africanas é (agora) considerada de alto risco para a infeção pelo VIH. No artigo científico publicado esta terça-feira na revista Immunity, escreve o jornal Público, uma equipa de investigadores nos EUA não só associa este tipo de flora vaginal a um maior risco de contrair o VIH mas também a um aumento da inflamação e da quantidade de linfócitos T CD4 que são o principal alvo do vírus da sida.

“Foi demonstrado que um número mais elevado de células-alvo do VIH no local inicial de exposição aumenta o risco de infeção e, portanto, é um provável mecanismo biológico para o aumento observado no risco de VIH”, diz Douglas Kwon, do Instituto Ragon do Hospital Geral do Massachusetts e um dos autores do artigo, num comunicado sobre esta investigação.

O estudo envolveu mulheres com idades entre os 18 e 23 anos e com teste negativo para o VIH, que participaram num programa de redução da pobreza em Umlazi, uma cidade da província de KwaZulu-Natal, com elevadas taxas de infeção. Segundo dados de 2016 divulgados pelo Programa das Nações Unidas para a Sida (UNAids), a prevalência de VIH na África do Sul está nos 19,2% mas em KwaZulu-Natal atinge uns impressionantes 40% (em Portugal é de cerca de 0,6%).

Usando métodos avançados para a sequência do microbioma vaginal, os cientistas perceberam que mais de 60% das mulheres tinham comunidades bacterianas vaginais diversificadas (Prevotella, Sneathia, Gardnerella, Shuttleworthia, Megasphaera), enquanto uma minoria (menos de 10%) tinha o tipo dominante Lactobacillus, que é encontrada em 90% das mulheres brancas saudáveis nos países desenvolvidos. Depois de agrupar as amostras em quatro tipos de flora vaginal, concluíram ainda que dois desses tipos eram caracterizados por populações bacterianas diversas e com baixo índice de Lactobacillus.

Apesar da intensa campanha de prevenção feita por estes especialistas, durante o estudo com a duração de cerca de um ano 31 mulheres foram infetadas com VIH. Confrontaram ainda os dados obtidos com as taxas de infeção pelo vírus durante o ano seguinte e encontraram uma incidência quatro vezes maior de VIH nas mulheres com comunidades bacterianas diversas, em comparação com a minoria das mulheres do estudo com microbiomas dominados por Lactobacillus. Especificamente, os cientistas identificaram as bactérias Prevotella e Sneathia como as que mais “favoreceram” a infeção do vírus.

Escolher as bactérias
“Estamos muito entusiasmados com estas descobertas. Usámos abordagens moleculares modernas para caracterizar o microbioma vaginal e ligar bactérias específicas ao risco de aquisição de VIH em mulheres jovens que vivem na África subsariana, onde o VIH está mais instalado”, sublinha Christina Gosmann, investigadora do Instituto Ragon e outra das autoras do artigo.

Antes deste estudo, Douglas Kwon já tinha demonstrado que certas infeções sexualmente transmissíveis, como a clamídia, aumentavam a inflamação e o risco de contrair o VIH. Num outro artigo publicado naImmunity em 2015, o cientista revelou que certas bactérias presentes em mulheres sul-africanas instigavam a inflamação genital. O trabalho agora publicado dá um passo em frente e associa os microbiomas predominantes nesta região a um aumento significativo de infeção pelo VIH.

Não existe (ainda) uma explicação para as diferenças na flora vaginal entre as mulheres subsarianas e as dos países desenvolvidos. A genética pode explicar uma parte da história e, talvez, as variáveis ambientais, como o comportamento sexual, métodos contracetivos usados, hábitos de higiene ou até a dieta, expliquem o resto. No entanto, para já, os cientistas não conseguiram identificar qualquer associação comportamental ou ambiental.

O trabalho envolveu ainda experiências com ratinhos que comprovaram estes resultados, mostrando que a introdução destas bactérias vaginais faz aumentar o número de linfócitos T CD4, o principal alvo do VIH. “Estas descobertas demonstram a importância de considerar o microbioma genital no desenvolvimento de novas estratégias para reduzir a infeção do VIH em mulheres que vivem na África subsariana”, refere Christina Gosmann no comunicado sobre o estudo. “Ao identificar comunidades bacterianas e espécies bacterianas associadas ao risco de VIH, podemos fornecer alvos específicos para o desenvolvimento de novas estratégias preventivas e melhorar a eficácia das medidas existentes.”

Nesta investigação, é também identificado um novo mecanismo que pode ajudar a fazer com que a flora vaginal destas mulheres seja dominada pela comunidade de bactérias considerada “saudável” (a Lactobacillus). Reduzindo a inflamação vaginal que estes microbiomas diversos promovem, será também reduzido o risco de ficar infetado pelo VIH. Porém, os cientistas notam que a mudança do microbioma que se exige é ainda difícil de fazer. Mesmo com uma redução da carga microbiana conseguida com antibióticos, experiências anteriores (nomeadamente em estudos de transplantes do microbioma fecal) mostram que as populações de bactérias acabam por regressar ao lugar de origem.

Aliás, Douglas Kwon defende não só é preciso fazer mais investigação no campo da alteração de microbiomas mas também será importante olhar para outras comunidades bacterianas existentes noutras partes do organismo e que podem também ter um papel na vulnerabilidade dos indivíduos ao VIH. Mas, além das possíveis implicações no combate ao VIH, Douglas Kwon acredita que as diferenças nas populações de bactérias vaginais também podem ajudar em áreas como a medicina materno-infantil, uma vez que estes organismos aumentam o risco de inflamação e, por isso, podem causar problemas reprodutivos, como partos prematuros e outras complicações na gravidez.

Especialista do sono revela
Vários estudos já mostraram que quem tem um sono mau e irregular numa base crónica corre maior risco de desenvolver doença...

Café e chá devem sair do menu depois do almoço para os adultos de meia idade e idosos. Banir a televisão, telemóvel e computador do quarto também é essencial para garantir que vai pregar olho. Deixar o gato e o cão fora do quarto igualmente.

Sestas à tarde devem ter no máximo meia hora para garantir que à noite consegue completar as sete ou oito horas de sono. Esta é, aliás, a quantidade de horas necessária para o ser humano se manter mentalmente saudável de acordo com especialistas do Global Council on Brain Health ou a Associação Americana do Sono, escreve o Sapo.

James Goodwin salienta que de uma coisa é difícil safarmo-nos: com a idade a qualidade do sono declina. Problemas como a apneia do sono surgem com o passar dos anos e o conceito de sono profundo tende a desaparecer a partir dos 30 e 60 anos.

Vários fatores que perturbam o sono podem ser ambientais, como a temperatura do quarto, o estilo de vida, refeições tardias ou o consumo de determinados medicamentos.

"Dormir bem é necessário à medida que envelhecemos, para nos protegermos de doenças que afetam o cérebro mas também o corpo", recorda o especialista que deixa vários conselhos ao jornal inglês Mirror:

  • Acorde todos os dias à mesma hora, mesmo ao fim de semana.
  • Exponha o seu corpo à luz natural durante o dia.
  • Não pense em beber álcool para o ajudar a adormecer.
  • Jante três horas antes de se deitar.
  • Evite cafeína depois do almoço.
  • Não olhe para os ecrãs de aparelhos electrónicos antes de dormir, como telemóveis, tablets, computadores.
  • Evite discussões ou problemas antes de dormir. Não vá a reuniões de condomínio depois das 20h00.
  • Não durma com animais no seu quarto.
  • Faça sestas não mais longas do que 30 minutos.
  • Use meias (que não apertem os tornozelos) para o ajudar a adormecer ao facilitar a circulação sanguínea e ao manter os pés quentes.
  • Combata o excesso de medicamentos, estes podem alterar os ciclos de sono.
Gabinete de Estratégia e Planeamento
Quase um milhão de portugueses não consegue andar ou subir escadas, quase 28 mil são cegos e perto de 27 mil são surdos, além...

Segundo estes dados, incluídos na publicação “Estatísticas sobre Deficiências ou Incapacidades”, existem em Portugal 980 mil pessoas que não conseguem andar ou subir escadas, além de 27.659 pessoas que não conseguem ver ou 26.860 que não conseguem ouvir.

Por outro lado, há 68.029 pessoas que não conseguem compreender os outros ou fazer-se compreender, além de quase 30 mil que têm muita dificuldade em tomar banho ou vestir-se sozinhos, escreve o Sapo.

De acordo com o Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP), 65% das pessoas com mais de 65 anos e com pelo menos uma dificuldade são mulheres, sendo que as pessoas com 65 ou mais anos de idade representam 56% da população com pelo menos uma dificuldade.

O GEP conseguiu também apurar que 13.950 pessoas com deficiência frequentam os Centros de Atividades Ocupacionais (CAO), 12.667 estão registados como desempregados e 78.175 crianças e alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) frequentam escolas regulares de ensino.

A publicação “Estatísticas sobre Deficiências ou Incapacidades” traz uma compilação das principais informações dos Censos de 2011 sobre a população com deficiência, bem como informação mais atual sobre Educação, Emprego, Prestações Sociais e Respostas Sociais.

É possível, por isso, ficar a saber que ano letivo 2015/2016 havia mais de 78 mil crianças com NEE, sendo que 81% delas frequentavam o ensino básico, com 21 mil no primeiro ciclo, 17 mil no segundo ciclo e 24 mil no terceiro ciclo.

No mercado de trabalho registaram-se, entre 2011 e 2015, 1,16 vezes mais desempregados, passando de 10.408 pessoas registadas em 2011 para 12.667 em 2015.

Os apoios à contratação de pessoas com deficiência aumentaram 34 vezes, aumentando de 32 em 2011 para 1.098 em 2015.

Em 2015 havia 4.183 pessoas com deficiência a desenvolver trabalho socialmente necessário, o que representa o triplo das que o faziam em 2011, quando eram 1.365.

Também em matéria de medidas de transição para a vida ativa, houve seis vezes mais pessoas em 2015 (1.566) do que em 2011 (253) abrangidas em medidas de estágio.

Olhando para as prestações sociais, havia, em 2015, mais de 13 mil pessoas a receber o subsídio mensal vitalício, destinado a pessoas com deficiência com mais de 24 anos, sendo que 52,1% dos beneficiários eram homens.

Por outro lado, mais de 87 mil pessoas recebiam a bonificação do Abono de Família para crianças e jovens com deficiência, mais 3,7% do que em 2010.

No subsidio por educação especial, registaram-se em 2015 9.716 beneficiários, 66,3% dos quais do sexo masculino.

Em 2015 havia 791 respostas sociais, com 23 mil lugares disponíveis, entre CAO, Lares residenciais, residências autónomas ou serviço domiciliário.

Estes dados, publicados pelo GEP, integram as edições produzidas no âmbito do Programa do Ano do Centenário do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Estudo
Cientistas acreditam ter descoberto como o 'stress' faz aumentar o risco de doenças cardiovasculares, concentrando-se...

Os investigadores descobriram uma ligação entre a atividade nas amígdalas cerebelosas, localizadas no sistema límbico, e um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares.

Já se sabia que esta zona do cérebro é mais ativa em pessoas com perturbações como 'stress' pós-traumático, mas nas conclusões do estudo avança-se que as amígdalas ordenam à medula óssea a produção de mais glóbulos brancos, que depois de libertados no sangue provocam a inflamação das artérias.

Será esse processo que aumenta o risco de ataques cardíacos, angina de peito, insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais ou doença periférica arterial, sugerem, salientando que é precisa mais investigação para sustentar esta hipótese, uma vez que o estudo foi feito num universo reduzido de pessoas.

Os cientistas já sabiam que as amígdalas cerebelosas são mais ativas em pessoas que sofrem de 'stress' pós-traumático, ansiedade ou depressão.

Durante o estudo, que durou vários anos, 293 pessoas foram acompanhadas com exames regulares para ver se desenvolviam problemas cardiovasculares e 22 delas tiveram-nos.

Em 13 das pessoas acompanhadas, que já tinham 'stress' pós-traumático, foi identificada atividade elevada nas amígdalas e o aumento de produção de uma proteína que indica inflamações no corpo.

Com as conclusões do estudo, os autores esperam conseguir tratar melhor o risco cardiovascular associado ao 'stress'.

"Eventualmente, o 'stress' crónico poderá ser considerado um grande fator de risco nas doenças cardiovasculares, monitorizado e tratado como outros fatores importantes", declarou Ahmed Wwakol, médico e académico da universidade de Harvard.

A holandesa Ilze Bot, da universidade de Leiden, notou que "na última década, cada vez mais pessoas sofrem cronicamente 'stress' psicossocial diário", com "cargas horárias elevadas, insegurança laboral ou pobreza", o que pode levar a depressões.

Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
A região de Lisboa e Vale do Tejo terá dez novas Unidades de Saúde Familiar modelo A em 2017, ano em que estarão em construção...

Em comunicado, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) acrescenta que vai passar oito Unidades de Saúde Familiar (USF) já existentes a modelo B, que contempla equipas com maior amadurecimento organizacional e maiores exigências de contratualização, garantem maior disponibilidade e flexibilidade para atingir níveis avançados de acesso para os utentes, elevado desempenho clínico e eficiência económica.

O modelo A de USF corresponde a uma fase de aprendizagem e de aperfeiçoamento do trabalho em equipa de saúde familiar, ao mesmo tempo que constitui um primeiro contributo para o desenvolvimento da prática da contratualização interna.

Lisboa e Vale do Tejo terá este ano 22 novos centros de saúde em construção: Algés, Ourém, Pinhal Novo, Peniche, Corroios, Sesimbra, Agualva, Algueirão, Queluz, Sintra, Torres Novas, Ventosa, Barcarena, Rossio ao Sul do Tejo, Benedita, Águas Livres, Venteira, Cadaval, Chamusca, Mafra Leste, Mafra Norte e Nazaré.

Segundo a ARSLVT, cinco destes centros de saúde – Algés, Queluz, Barcarena, Benedita e Mafra Leste -, “irão abrir ainda este ano”, enquanto a abertura dos restantes está prevista para 2018.

A nota refere que vão ser elaborados projetos de execução para oito novos centros de saúde, em parceria com as respetivas autarquias: Setúbal, Almargem do Bispo, Mina de Água, Samora Correia, Caldas da Rainha, Vialonga, Baixa da Banheira e Santa Iria da Azoia.

No concelho de Lisboa devem estar concluídos os projetos para cinco novos centros de saúde, em parceria com a autarquia lisboeta: Campo de Ourique, Campolide, Montinho de S. Gonçalo (Alta de Lisboa), Parque das Nações e Benfica.

Em 2017, a ARSLVT pretende aumentar a cobertura da população com médico de família, reforçar as consultas de médico-dentista nos centros de saúde, alargar os rastreios de saúde de base populacional iniciados em 2016, e lançar novos programas, nomeadamente de rastreio dos cancros da mama, cólon e reto e colo do útero.

Outros dos objetivos é o de prosseguir a dotação dos centros de saúde da região com meios complementares de diagnóstico e terapêutica, designadamente radiologia, eletrocardiograma, análises clínicas, espirometria e retinografia.

A ARSLVT tem a intenção de este ano proceder também à renovação e modernização da rede de climatização em unidades de três agrupamentos de centros de saúde, assim como a reestruturação do parque informático e a aquisição de 2.500 novos computadores.

Num balanço de 2016, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo diz que “aprofundou o trabalho de reforma, modernização e reforço da prestação integrada de cuidados de saúde aos cidadãos na região”.

Entre as medidas desenvolvidas está o “aumento da cobertura da população da região (3,6 milhões) por médico de família; mais 142 médicos de medicina geral e familiar, o que permitiu, segundo a ARSLVT, “aumentar a taxa de cobertura para 81,4% (relativamente a 2015)”.

Em 2016, foram abertas dez novas USF modelo A, quatro USF modelo B, concretizou-se a abertura de quatro novos centros de saúde e foram elaborados 20 projetos de execução de novos centros de saúde, na sua maioria em parceria com os municípios locais.

Relatório alerta
Em pouco mais de 30 anos, milhões de pessoas em países em desenvolvimento poderão não conseguir comprar e comer peixe, alerta...

O documento, “À pesca de proteínas - Qual o impacto das pescarias marinhas na segurança alimentar global até 2050”, analisa a quantidade de peixe que pode ser retirada dos mares de forma sustentável até meio do século.

A análise prevê que muitas pessoas terão de exportar o peixe em vez de o comer e não terão acesso a alternativas que substituam a fonte de proteína.

No relatório os responsáveis a organização começa por alertar para a necessidade de se duplicar as necessidades globais de alimentos nos próximos anos, face ao aumento populacional, e lembram que mil milhões de pessoas passam fome todos os dias, por problemas de distribuição alimentar e de pobreza.

O peixe, diz-se no documento, alimenta com pelo menos 20% das necessidades de proteína mais de 3,1 mil milhões de pessoas e é responsável pelo fornecimento de 17% da proteína consumida no mundo.

Adicionalmente cerca de 500 milhões de pessoas vivem da pesca, sendo que nem sempre para consumo. O peixe é frequentemente a única fonte disponível de proteínas nas regiões costeiras de países em desenvolvimento mas no mundo o peixe é menos consumido nos países mais pobres (10 quilos por pessoa/ano) e tem um consumo acima da média na Ásia, América do Norte e Europa.

Até meio do século, diz o estudo da World Wide Fund for Nature (WWF), é necessário uma captura sustentável e uma melhor gestão das pescas, o que permitiria peixe suficiente para toda a população (12 quilos por pessoa/ano). Mas perante uma escassez em 2050 os países ricos irão preferir importar peixe dos países em desenvolvimento, que optarão por vender a fonte de proteína em vez de a comer.

Nesse ano, diz-se no estudo, países pobres de África e da América Latina não conseguirão satisfazer a suas procuras internas por exportarem para os países ricos.

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