Operação Nariz Vermelho
O Natal é a época da tradição, da família, da união e como forma de demonstração de todos estes valores queremos oferecer os...

A Operação Nariz Vermelho (ONV) disponibiliza no seu site - a Lojinha da ONV - um espaço online dedicado à venda de produtos oficiais, com vista à angariação de verbas que continuem a ajudar a Instituição a levar sorrisos às crianças hospitalizadas. Por isso, neste Natal ofereça realmente prendas que façam a diferença!

Para oferta nesta época natalícia destacamos a Agenda ONV 2017-2020, o CD com uma coletânea de Músicas dos Doutores Palhaços: Ai Senhores Doutores e a coleção de Postais de Natal ONV. No entanto, na Lojinha da ONV tem muitas outras opções, pode consultar aqui: http://www.narizvermelho.pt/Lojinha. Os pagamentos podem ser feitos por transferência bancária, por multibanco ou por Paypal e as entregas são realizadas por correio ou fazendo o levantamento dos artigos nas instalações da Operação Nariz Vermelho ou ainda por transportadora/estafeta.

Os resultados, compilados no livro intitulado “Rir é o melhor remédio?”, comprovam que 92% das crianças esqueceram-se que estão num hospital quando são visitadas pelos Doutores Palhaços da ONV. O objetivo destas sessões nos hospitais é partilhar com a comunidade médica as mais-valias do trabalho destes profissionais. Entre os familiares e acompanhantes das crianças a satisfação também é evidente. Entre os inquiridos para esta investigação, em vários hospitais do país visitados pela ONV, 99% dos pais sentem gratidão pelos Doutores Palhaços. Ainda, 98% dos pais consideram que os Doutores Palhaços são uma parte importante da equipa de cuidados das crianças hospitalizadas e 99% referem que gostariam que os Doutores Palhaços visitassem as crianças com mais frequência.

Investigador da ESEnfC
Teoria desenvolvida vem tornar acessível um conjunto de elementos que facilitam a interpretação compreensiva dos adolescentes...

Um professor da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) construiu “um modelo teórico compreensivo das experiências e processos adaptativos dos adolescentes com doença onco-hematológica durante o tratamento”, que vai permitir, segundo se espera, a prestação de cuidados mais adequados aos doentes.

Manuel Henriques Gameiro, especialista em Enfermagem de Saúde da Criança e do Adolescente, desenvolveu uma “teoria fundamentada nos dados”, tendo por base 27 testemunhos sobre as experiências de 23 adolescentes com leucemia ou linfoma, a qual vai facilitar “uma maior compreensão empática dos adolescentes em situação e uma intervenção cuidativa mais esclarecida e efetiva, por parte dos enfermeiros, dos restantes profissionais envolvidos e, igualmente, dos pais”, explica o investigador.

“Os testemunhos referem-se, sobretudo, às experiências vividas e aos processos de enfrentamento, ajustamento e adaptação à situação de doença e tratamentos. Estes processos são fundamentais para manter a esperança e a disposição para ‘continuar a lutar’ durante o longo e penoso tempo de tratamento”, afirma Manuel Gameiro.

Uma vez que “cada adolescente experiencia a doença de modo diverso e desenvolve esforços de adaptação próprios”, o modelo teórico agora construído “pode ajudar a fazer previsões, não propriamente sobre a probabilidade estatística das ocorrências e situações, mas sim sobre o seu sentido e possibilidade humana, que necessita sempre de ter em conta cada ser humano como indivíduo em situação, isto é, que não dispensa a sua escuta e a interpretação da sua narrativa”, esclarece o professor da ESEnfC.

Segundo este modelo, e no confronto com experiências de mal-estar, de stresse intenso e de sofrimento na doença, há “três movimentos adaptativos fundamentais, complementares e interativos” a que os adolescentes recorrem e que Manuel Gameiro designa por “Esforços de autorregulação e ajustamento à situação de doença”, “Esforços para promover e manter um estado disposicional positivo” e “Esforços para lidar com situações referenciais de sofrimento”.

Entre as estratégias gerais para enfrentar e superar a situação de doença e tratamento, os adolescentes analisados no estudo procuram, por exemplo, desconcentrar-se da doença, manter o contacto com amigos, preservar um “autoconceito positivo” e conceber “novos motivos para lutar”.

Já quanto a estratégias específicas para promover um “estado disposicional positivo”, os adolescentes procuram divertir-se, manter projetos, atividades e papéis relevantes, atribuir significados positivos a coisas e acontecimentos comuns, pensar de forma positiva, controlar as emoções negativas e prezar o bem-estar relacional e afetivo.

A amostra do estudo foi composta por 23 adolescentes, com idades compreendidas entre os 12 e os 19 anos, 17 dos quais referenciados no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital Pediátrico de Coimbra. A maioria encontrava-se ainda em fase de tratamento, alguns na fase final (dita de manutenção) ou nos primeiros meses após o termo do tratamento. Alguns testemunhos foram obtidos através de entrevistas. Outros adolescentes, tratados em diversos hospitais do país, postaram os respetivos testemunhos em sítios na Internet relacionados com a oncologia. Os achados foram obtidos entre 2013 e 2014.

Este trabalho de investigação de Manuel Gameiro conduziu à tese de doutoramento “Processos e Experiências de Transição Adaptativa dos Adolescentes com Doença Onco-Hematológica Durante o Tratamento”, defendida em outubro último na Universidade de Lisboa.

Atualmente, mais de 85% dos adolescentes com este tipo de cancros sobrevivem.

Governo
A Entidade Reguladora da Saúde está a analisar casos de doentes de estabelecimentos privados que chegam aos hospitais públicos,...

Em entrevista à rádio TSF, o secretário de Estado da Saúde, Fernando Araújo, disse “estar preocupado” com a situação, salientando que os “doentes não podem ser prejudicados” e, prometendo “para breve regras que definam, com transparência e equidade, o acesso destes utentes que vêm do setor privado”.

“Estamos preocupados. Temos estado atentos, através da entidade reguladora, que tem aqui funções e responsabilidades muito específicas, e também temos de discutir com a Ordem dos Médicos porque também aqui do lado dos médicos, (…) temos de perceber qual é a informação que é dada aos doentes nalguns privados e o grau de compromisso que é assumido, de modo a percebermos se a relação médico/doente não está a ser colocada em causa nesta abordagem”, adiantou.

De acordo com Fernando Araújo, todos os hospitais estão a ser confrontados com casos de doentes que chegam a meio de tratamentos dos hospitais privados por terem atingido os limites dos ‘plafonds’ dos seguros de saúde, nomeadamente em casos de oncologia e outros relacionados com patologias com tratamentos mais caros.

“É transversal a todos os hospitais. Fala-se muito em oncologia, mas temos outras patologias com terapêuticas mais dispendiosas. Temos de ter uma abordagem transversal neste âmbito. O doente não pode ser o prejudicado. Se alguma coisa correu mal neste processo temos que saber porquê, tentar reverter ou impedir novos casos semelhantes, mas não podemos prejudicar o utente”, disse.

No entender de Fernando Araújo, os utentes “terão prioridade dentro do nível de tratamento e dentro do tempo que precisam para as diferentes etapas”.

“Temos de ter a clara abordagem e a clara informação sobre o que é referido ao doente, o tipo de compromisso assumido, a responsabilidade e perceber no âmbito global do SNS [Serviço Nacional de Saúde] como isto tem de ser tratado com justiça, mas sobretudo com enorme transparência”, disse.

Sobre o facto de existirem doentes a passar à frente de outros, o secretário de Estado diz que todos “estão a ser prejudicados”.

“Prejudicam-nos a todos a começar pelo doente que eventualmente poderá ter sido mal informado aquando do início do tratamento, que tinha a perceção que ia fazer um tratamento integrado em determinada instituição de saúde e chega a meio e é informado de que não pode continuar lá e tem de ir para outro médico, outra instituição. No caso do doente com uma neoplasia essa sensibilidade e o impacto dessa informação por vezes é dramático”, concluiu.

Programa Nacional para a Coesão Territorial
O ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, disse que o Governo olha para o interior como “uma prioridade” e que, através do Programa...

“O que distingue este Programa de Coesão Territorial é colocar a competitividade e a coesão territorial no centro das políticas do Governo”, afirmou o ministro.

Numa cerimónia em Beja, para apresentar o Programa Nacional para a Coesão Territorial (PNCT), Eduardo Cabrita frisou que, para o Governo, “olhar para o interior” não compreende uma visão “fatalista”, nem “assistencialista”.

“É uma prioridade do Governo”, contrapôs, explicando que “o que é diferente” no PNCT, em comparação com planos de anteriores de combate às assimetrias regionais, é que assenta numa “visão global, transversal” e não envolve “intenções”, mas sim “medidas concretas”.

“Este programa integra 164 medidas concretas que foram trabalhadas com todos os ministérios e integra, sobretudo, uma forma diferente de olhar para o interior”, como uma zona “próxima dos mercados ibéricos e do mercado europeu, como uma zona de qualidade de vida e de competitividade”, referiu.

Segundo o Governo, o PNCT visa o desenvolvimento dos territórios do interior e o combate à tendência de desertificação dos últimos anos nestas regiões.

O ministro, que se deslocou a Beja acompanhado pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, referiu que o plano está, agora, a ser posto “em pleno funcionamento”, com medidas que “já estão no terreno” e outras que, no “1.º semestre de 2017, serão concretizadas”.

Como exemplo de iniciativas concretas, o ministro aludiu à área da Saúde, que esteve em foco na sessão de apresentação realizada em Beja, lembrando que o Governo aprovou incentivos à fixação de médicos no interior.

“Estamos a falar de cerca de mil euros de remuneração adicional para os médicos que se desloquem para onde fazem falta, em zonas do interior”, assim como “mais condições de trabalho para os familiares e condições de acesso ao ensino para os descendentes”, acrescentou.

Para quem se quer fixar no interior, lembrou Eduardo Cabrita, “talvez a primeira preocupação” seja “a qualidade dos serviços de saúde”.

“Queremos garantir, aqui e em toda a faixa interior, a igualdade de oportunidades de acesso a este direito fundamental” e que “a qualidade de serviço é a mesma” que se encontra em Lisboa ou no Porto, afirmou Eduardo Cabrita.

O ministro da Saúde, por seu turno, prometeu “olhar com muita atenção para o interior do país”, porque este foi “muito descaracterizado e desqualificado”, mas também porque a Saúde é “um pilar essencial para a confiança” e “para os investidores” se poderem fixar nestas regiões.

No caso da atração de clínicos para o interior, aproveitou para destacar Adalberto Campos Fernandes, os incentivos incluem uma compensação monetária, mas os médicos “não se mobilizam apenas por dinheiro, isso é uma ideia errada”.

Com o PNCT, continuou, “trata-se de criar condições para que jovens médicos optem por fazer uma carreira diferente, que pode ser até mais rápida do ponto de vista da sua diferenciação e dos seus objetivos de vida do que se ficassem num grande centro como Lisboa, no meio de centenas de colegas que lá estão”.

Na sessão, perante perguntas da assistência, o ministro da Saúde assegurou que o novo hospital central previsto para a vizinha cidade de Évora “não é uma ameaça” para Beja e anunciou vários investimentos para o Baixo Alentejo, como equipamento de ressonância magnética para o hospital e novos centros de Saúde e a requalificação de outros no distrito.

Universidade do Minho
Uma investigadora da Universidade do Minho recebeu a bolsa NARSAD, "uma das mais prestigiadas" na investigação em...

Em comunicado, a academia minhota explica que a bolsa atribuída a Neide Vieira, de 32 anos e a o pós-doutoramento no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde (ICVS), na Escola de Medicina da Universidade do Minho, em Braga, distingue os jovens investigadores "mais promissores do mundo" naquela área de estudo.

Segundo o texto, a investigadora pretende "apoiar novas estratégias para prevenir, retardar e reduzir" o declínio cognitivo.

"Os mecanismos moleculares subjacentes ao envelhecimento e a doenças associadas, como as neurodegenerativas, não são ainda completamente conhecidos. Acredita-se que se prendam em parte com a desregulação do equilíbrio proteico no interior das células, ou seja, que diferentes proteínas se apresentem em maior ou menor quantidade, conduzindo a uma disfunção celular", explica a investigadora no texto.

A UMinho explica que "o estudo das proteínas envolvidas na manutenção daquele equilíbrio é, por isso, essencial" pelo que um dos objetivos da investigação de Neide Vieira é "compreender como a expressão e função de certas proteínas muda durante o envelhecimento e na presença de fatores ambientais de risco".

Em concreto, "de que forma estas alterações podem afetar negativamente o sistema nervoso central, nomeadamente a memória e a aprendizagem, através da desregulação da neurotransmissão", sustenta a investigadora cujo estudo, que inclui testes com roedores, vai ser realizado em colaboração com o Instituto de Biologia Molecular e Celular de Singapura.

A "NARSAD Young Investigator Grant" foi atribuída pela Brain & Behavior Research Foundation (EUA), a entidade que mais apoia a pesquisa em neurobiologia no mundo, tendo o júri de avaliação incluido dois Prémios Nobel.

Neide Vieira nasceu em 1984 em Pretória (África do Sul), filha de portugueses, tendo-se licenciado em Biologia Aplicada.

A investigadora doutorou-se em Ciências Biológicas pela UMinho, em parceria com a Universidade de Aberdeen (Reino Unido) e conta com trabalhos desenvolvidos no Instituto Jacques Monod e na École Normale Supérieure (França).

A cientista fez depois um pós-doutoramento na Universidade de Nova Iorque (EUA) e desenvolve outro em Neurociências na UMinho, contando ainda com cursos avançados na Arménia, Suíça, Grécia, Espanha.

Em Matosinhos
A Unidade Móvel do Instituto Português do Sangue e da Transplantação volta a marcar presença no parque exterior, junto à...

Numa época em que o espírito de partilha e solidariedade se acentuam, as duas entidades voltam a lançar o apelo de dar sangue, um ato que pode salvar uma vida.

Afirma a responsável de programação e colheitas do Centro de Sangue e Transplantação do Porto, Ofélia Alves, que se impõe a necessidade de “haver dádivas de sangue todos os dias”. Apesar de 2016 ainda não ter terminado, a responsável refere: “Até outubro, voltámos a sentir uma tendência de quebra na ordem dos 5% a nível nacional e temos que conseguir alterar essa realidade, sendo que iniciativas como esta, nunca são de mais. E como estamos no mês do Natal, uma época tradicionalmente pautada pelos presentes, ser dador de sangue pode significar uma oferta para a vida”, acrescenta Ofélia Alves.

Pelo quinto ano consecutivo, o MAR Shopping e o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) mantêm a parceria, da qual resultaram, aproximadamente, 470 inscritos para recolhas voluntárias de sangue.

O psicólogo e a Saúde Mental dos portugueses
Falta de recursos humanos e financeiros, desigualdade na distribuição geográfica ou más condições de

Tendo em conta os dados recentes, que demonstram que as perturbações mentais têm vindo aumentar, como vê a Saúde Mental dos portugueses?

A saúde mental dos portugueses depende seguramente de uma maior quantidade e de uma melhor e mais diversificada distribuição dos técnicos de saúde, incluindo os psicólogos pelas diferentes zonas do país e pelos diferentes serviços de saúde e não só. Mas depende sobretudo da qualidade de vida decorrente do investimento que se faz nas pessoas: no acesso e na qualidade da educação, dos cuidados de saúde, particularmente durante a infância e a juventude, bem como no combate eficaz à pobreza.

No mais recente relatório da OCDE (reportado a 2013), entre os 30 países com rendimentos mais desiguais, Portugal é o país mais desigual da Europa e o 7º da OCDE.

Quais as principais causas? E quais as consequências desta situação?

As principais causas desta situação são, obviamente, as opções dos decisores políticos e as consequentes políticas associadas a modelos de desenvolvimento económico e social que estão subjugados ao poder financeiro e à obtenção do lucro, a qualquer preço, sem que a riqueza produzida seja mais justa e socialmente distribuída.

As consequências são a degradação progressiva da qualidade de vida das pessoas e do tecido social. Nestas circunstâncias, não é de admirar que a saúde -  incluindo a saúde mental - das populações se degrade e que os relativamente poucos recursos financeiros que lhe são afectados sejam cada vez mais insuficientes.

No relatório da OCDE, atrás citado, 40% da população em Portugal integrava (2013) o grupo dos mais pobres, isto é, dos que tinham acesso a 19,5% da riqueza produzida. Segundo o mesmo relatório, esta situação põe em risco a coesão social e o crescimento do país.

Porque é que a saúde mental continua a ser desvalorizada ou deixada para segundo plano, apesar dos avanços a que se vem a assistir, na área dos cuidados, nos últimos anos?

Por medo ancestral, por ignorância, por desconhecimento, e por más opções dos decisores políticos.

A doença mental é tradicionalmente uma área que – tal como a morte - gera desconforto generalizado nas pessoas. A resposta mais comum, quando nos confrontamos com a situação, é, para além do medo, resultante da ignorância e do desconhecimento, também a vergonha. Esta atitude só se pode combater com a educação, com a luta contra os estereótipos que lhes estão associados, por acções de esclarecimento e acções cívicas de combate à descriminação das pessoas em sofrimento ou com doença mental.

As políticas de baixo investimento na prevenção através da educação e de acções de formação e esclarecimento revelam a pouca inteligência e visão do futuro que caracteriza os nossos decisores políticos.

Considera que o investimento em saúde mental que tem sido feito, aos pouco até aqui, e que resulta de um conjunto de medidas que preconizam uma maior ligação entre os cuidados diferenciados de saúde mental e os cuidados gerais de saúde, tem sido suficiente?

A este respeito limito-me a citar o Plano Nacional de Saúde Mental 2007—2016:  

O nível modesto de recursos disponíveis para a saúde mental em Portugal é certamente um dos factores que tem dificultado o desenvolvimento e a melhoria dos serviços neste sector. Ao contrário do que sucede noutros países, os grupos de utentes e familiares nunca tiveram uma voz activa na sociedade portuguesa. A perspectiva de saúde pública e a cultura de avaliação de serviços sempre foram frágeis na área da saúde mental em Portugal. Resultado: os recursos atribuídos à saúde mental são indiscutivelmente baixos”.

Qual a sua opinião relativamente às unidades de cuidados continuados de saúde mental? Qual a sua importância?

A maior eficácia das práticas de apoio à saúde mental na comunidade e próxima das residências das pessoas que dele necessitam é reconhecida na Europa e no mundo ocidental desde pelo menos a década de setenta do século passado. Exemplo disso foram os movimentos de desinstitucionalização (hospitalar) das pessoas com diagnóstico de doença mental ou em situação de sofrimento mental crónico, e o desenvolvimento de projectos de saúde mental comunitários. Esses movimentos, embora com altos e baixos na sua concretização, foram-se consolidando até aos dias de hoje.

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) celebrou recentemente (junho 2016) dez anos de existência. Segundo noticias divulgadas nos meios de comunicação social pelo seu coordenador, as unidades de saúde mental só agora terão começado a abrir (1 de julho 2016). Não se percebe porque é que só agora chegam, dez anos depois.

As carências nesta área são enormes e fazem-se sentir particularmente nas zonas urbanas de Lisboa e Porto.

A necessidade de formar os “cuidadores” – familiares ou prestadores de serviços – e de garantir a qualidade do exercício destas funções é de particular importância. A esta necessidade não são alheios os psicólogos e a urgência de os fazer participar neste processo.

Também segundo o seu coordenador, Portugal dedica 0,6% do Produto Interno Bruto a este tipo de cuidados, em termos gerais e não especificamente em relação à saúde mental. A média europeia da verba afetada é de 2 a 3%. Por aqui se vê o escasso investimento que fica reservado para a saúde mental.

Quais as principais falhas do sistema relativamente à Saúde Mental?

É a falta de recursos financeiros, a sua fraca implantação no terreno e desigual distribuição geográfica, bem como a falta de colocação e as baixas remunerações e más condições de contratação e de trabalho dos agentes e técnicos especializados (incluindo psicólogos) que são afetados ao sistema.

Considera que os restantes profissionais de saúde estão despertos para questões relativas à saúde mental?

Os restantes profissionais de saúde genericamente estarão despertos para as questões relativas à saúde mental. Mas nunca será de mais promover o conhecimento actualizado das questões que envolvem os cuidados e as boas práticas nesta matéria.

Qual a importância do psicólogo na sociedade?

A formação em Psicologia é de largo espectro nos seus conhecimentos científicos e na sua aplicabilidade. O mesmo acontece com a profissão de psicólogo cuja actividade é aplicável em largos e diversificados sectores de actividade, desde os tradicionais – clinica e saúde, escola e educação, administração da justiça, organizações empresariais e outras, trabalho e recursos humanos. Mas também em áreas mais específicas de intervenção como na prevenção e gestão de incidentes de violência no apoio às forças policiais e de segurança, em situações de risco e catástrofe, em contextos de liderança, nos media e em muitos outros.

Qual o estado atual da profissão?

É uma pergunta aparentemente simples, mas de resposta muito complexa.

Não temos estudos actualizados que possam suportar com segurança a nossa reflexão sobre este tema. Podemos, no entanto, utilizar como analisador, a situação dos psicólogos na saúde e na educação (escolas) e a forma como os decisores políticos consideram a importância da psicologia e dos psicólogos na sociedade. Desde logo centrando-nos no tipo de reconhecimento da sua relevância.

Já em março de 2008, numa carta de interpelação ao Governo, o Grupo Parlamentar “Os Verdes” (alertado pelo Sindicato Nacional dos Psicólogos) chamava a atenção para a grave carência de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde. No Serviço Nacional de Saúde existiam 553 psicólogos, o que equivalia a cerca de 1 psicólogo / 18 mil utentes. O que é certo é que, hoje em dia, a situação não está muito diferente, com os cerca de 600 psicólogos que trabalham no SNS. A gravidade desta situação é evidente se tivermos em conta que na Comunidade Europeia se preconiza o racio – ainda assim muito aquém do que seria desejável - de 1 psicólogo /5000 habitantes. Muitos centros de saúde e muitos serviços hospitalares continuam sem psicólogos.

No que diz respeito à intervenção dos psicólogos na educação e nas escolas, limito-me a citar uma notícia (Jornal de Notícias 2016 09 28) recentemente divulgada e comentada pelo Sindicato Nacional dos Psicólogos:

“Segundo dados do recente relatório do Conselho Nacional de Educação, o número de psicólogos nas escolas desceu brutalmente nos últimos anos. De um número de 1584 em 2010-2011, passaram a 489 em 2014 -2015.” (...) “Na realidade das escolas falamos de um psicólogo para cada 1700 alunos”, quando o rácio adequado seria de 1 psicólogo / 500 alunos.

Um segundo analisador interessante para nos ajudar a pensar sobre o o estado atual da profissão tem a ver com o ensino da psicologia em Portugal.

Sabemos que existem, no nosso país, cerca de 30 cursos superiores de psicologia, com configurações programáticas diversas. Não me vou debruçar sobre a qualidade dos seus currícula, e assuntos relacionados. O facto de os cursos da rede nacional de ensino superior terem que ser acreditados pelas entidades competentes do Ministério da Educação, dispensa-me essa abordagem, que também, pela sua complexidade, não se enquadraria na necessária limitação desta resposta.

Também não existem estudos que nos permitam ter uma visão concreta da relação existente entre a quantidade (cerca de 1500 diplomados por ano) e diversidade de formação dos psicólogos que saem diplomados das nossas universidades e institutos, e as necessidades do país. Mas sempre direi que - ao contrário do que muitas vezes vejo referido e ouço dizer a entidades interessadas nestes assuntos - que estamos longe de atingir o número de psicólogos de que o país seguramente carece. Não só para o desempenho das funções que tradicionalmente lhes são atribuídas, mas também pelo largo espectro de atividades e aplicações sociais e cívicas que a formação superior em psicologia permite. Nem todos os diplomados em psicologia terão necessariamente que exercer a profissão de psicólogo. Isso não será necessariamente negativo, nem para os próprios, nem para a sociedade.

Um terceiro, e por agora último analisador para ajudar a nossa reflexão sobre este tema será o reconhecimento e a confiança que a sociedade tem na psicologia e nos psicólogos.

A este respeito também não temos estudos actualizados que nos indiquem com precisão qual a representação social que os portugueses têm da psicologia e, sobretudo, do psicólogo. Mas a minha intuição, forjada em mais de 40 anos de atividade profissional como psicólogo exercendo em diferentes contextos, nomeadamente nas áreas da saúde e da justiça, e como professor universitário, é a de que o psicólogo - e as suas funções – é genericamente reconhecido e respeitado. Como em todas as profissões, uns serão mais do que outros, pelas suas qualidades pessoais e competências profissionais diversas. Mas sempre sofrerão os efeitos dos estigmas relacionados com os estereótipos sociais e de exclusão que muito frequentemente o associam à doença e ao sofrimento mental.

 

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Ministério da Saúde
As últimas cinco Unidades de Saúde Familiar previstas passar de modelo A para modelo B ainda durante este ano foram homologadas...

Segundo uma nota enviada pelo Ministério da Saúde, no âmbito do programa de expansão, reforço e qualificação da rede de Cuidados de Saúde Primários, foram homologadas, no dia 2 de Dezembro, cinco novas Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo B, com efeitos a 16 de Dezembro, totalizando 25 USF que iniciam atividade nesta modalidade em 2016.

O modelo B de USF é aquele em que equipas com maior amadurecimento organizacional e maiores exigências de contratualização, garantem maior disponibilidade e flexibilidade para atingir níveis avançados de acesso para os utentes, elevado desempenho clínico e eficiência económica, explica a tutela.

O número de USF que passaram a modelo B em 2016 representa “uma taxa de execução de 100% face ao objetivo traçado inicialmente” e o maior dos últimos anos: 19 em 2013, 12 em 2014 e 15 em 2015.

As últimas cinco USF modelo B a serem homologadas são as de Penela e Fernando Namora, em Condeixa-a-Nova (ARS Centro), Lusitânia, em Évora (ARS Alentejo), S. João de Braga e Montelongo, em Fafe (ARS Norte).

No total, as 25 USF distribuem-se por todas as ARS: 14 na ARS Norte, 4 na ARS Centro e 4 na ARS LVT, 1 na ARS Alentejo e 2 na ARS Algarve.

No entanto, esta distribuição não cumpre exatamente o que estava previsto no despacho que definiu as USF para este ano: o norte ganhou mais duas (uma vez que tinha previstas 12) e o Centro e o Alentejo perderam uma cada (estava previsto ganharem, respetivamente, 5 e 2 USF modelo B).

Segundo a tutela, este processo de transição que agora se completa permite um “ganho de cobertura de aproximadamente mais 10.369 cidadãos com atribuição de uma equipa de saúde familiar e efetivos ganhos assistenciais e em saúde”.

Associação para o Planeamento da Família
Associação para o Planeamento da Família reage a propostas de novo Referencial de Educação para a Saúde, que prevê, por exemplo...

Um documento elaborado pelas Direcções-Gerais da Educação e da Saúde – e que não tem carácter vinculativo – sugere que a educação sexual seja introduzida mais cedo nas escolas, logo no pré-escolar, e que assuntos como a interrupção voluntária ou involuntária da gravidez sejam abordados a partir do 5.º ano. O diretor-executivo da Associação para o Planeamento da Família (APF) garante que algumas das ideias não são novas. Mesmo concordando com as propostas, Duarte Vilar alerta para outro problema: “temos sido muito bons a pôr as coisas no papel, mas o que falta nas escolas são meios para a educação sexual”.

O especialista da APF, em declarações ao jornal Público, comentava algumas das propostas do novo Referencial de Educação para a Saúde, um documento elaborado pelas Direções-Gerais da Educação e da Saúde, mas que é meramente orientador e sem carácter vinculativo, como avançou o Jornal de Notícias. No entanto, para Duarte Vilar, mais do que olhar para o que pode ser feito de novo, é preciso perceber o que não é feito e que devia estar já a acontecer. Tanto a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas como a Confederação Nacional das Associações de Pais, ouvidas pelo mesmo jornal, também questionavam não tanto o conteúdo do documento mas os meios existentes nas escolas.

Concretamente para o pré-escolar, que no ensino público é garantido a partir dos quatro anos, propõe-se no novo referencial que os alunos mais novos tomem “consciência da identidade de género e dos papéis sociais” e que identifiquem “diferentes papéis socioculturais em função do sexo”. Espera-se também que consigam identificar as suas próprias emoções e que as saibam comunicar, assim como saibam identificar as dos outros. Há ainda propostas no sentido de se abordar as mudanças corporais ao longo da vida.

"O cantinho das meninas e o cantinho dos meninos"
Sobre a educação sexual no pré-escolar, Duarte Vilar diz que essa ideia já está prevista pelo Ministério da Educação desde 1997, aquando da publicação das orientações para a educação pré-escolar. O diretor da APF diz que é preciso desmontar o que se pretende: “é algo tão simples, e que os educadores já costumam fazer, como deixar de promover espaços como o cantinho das meninas e o cantinho dos meninos”.

Já no 2.º ciclo, ou seja, a partir do 5.º ano de escolaridade, o referencial propõe “identificar as mudanças físicas que o corpo sofre ao longo da vida e “valorizar a diversidade dos corpos, incluindo aquela resultante de deficiência”. A ideia passa, ainda, por abordar temas como “gravidez, infertilidade, adoção e contraceção” e “distinguir interrupção voluntária da gravidez de interrupção involuntária gravidez”. Para os mais velhos, no ensino secundário, os desafios passam por “agir para a promoção da igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres”. Espera-se também que respeitem as “diferentes opções individuais face à sexualidade, nomeadamente a abstinência”.

Duarte Vilar defende que “há várias formas de abordar os temas”. “Temos que adaptar os conteúdos a cada um dos ciclos. Posso falar de contraceção no 5.º ano e no 9.º ano e adaptar a informação às necessidades do momento”. O representante da APF, lembra que perda gestacional faz parte da história de muitas famílias, pelo que o tema não será novo para os alunos.

Porém, Duarte Vilar mostra-se mais preocupado com o que não está a ser feito do que com as novas ideias e alerta que, com o fim de disciplinar como Área de Projeto ou Educação Cívica, muitas escolas não estão a encontrar espaços para dar o básico da educação sexual.

Menos uso do preservativo
Consequências? O especialista diz que ainda é cedo para avaliar efeitos, mas aponta para dados que já merecem preocupação. Os dados mais recentes do estudo internacional Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) da Organização Mundial de Saúde, publicado em Março e coordenado pela investigadora Margarida Gaspar de Matos, mostram que Portugal ainda é o sétimo país, de um total de 43, em que há mais relações sexuais protegidas nos adolescentes de 15 anos.

No entanto, há algumas tendências que são motivo de preocupação. Se, por um lado, entre 2006 e 2014 caiu o número de jovens desta idade que já teve relações sexuais, por outro, há menos adolescentes a usar preservativo. Em 2010 só 10% diziam não usar e em 2014 o valor subiu para 25%. Para Duarte Vilar, esta mudança pode ser reflexo do desinvestimento na educação sexual nos últimos anos, com a perda de um tempo letivo próprio nas escolas para abordar estes assuntos.

Estudo
Em 16 países europeus, 50,8% dos que têm mais de 50 anos fazem balanço de vida “muitas vezes” feliz. Em Portugal, só 26,9% olha...

É duro envelhecer em Portugal: apenas um quarto das pessoas com 50 ou mais anos olham frequentemente para o passado "com alegria”, quando são convidadas a fazer um balanço da sua vida, enquanto nos 16 países europeus avaliados mais de metade dos mais velhos sentem "muitas vezes" que têm tido uma vida feliz. Ao mesmo tempo, os portugueses são também os que admitem ter “expectativas mais baixas quanto ao futuro” em comparação com espanhóis, checos e suecos.

Passado difícil, futuro incerto, presente complicado: Portugal é também o país onde os inquiridos na última ronda de um estudo comparado sobre envelhecimento na Europa dizem ter mais dificuldades em fazer chegar o dinheiro até ao fim do mês. Mais ainda do que os cidadãos da República Checa, cujos rendimentos anuais médios são substancialmente inferiores, escreve o jornal Público.

São dados que emergem do estudo Envelhecimento em Lisboa, Portugal e Europa: uma perspetiva comparada, recentemente publicado pelo Instituto do Envelhecimento do Instituto de Ciências Sociais, que inquiriu amostras de seniores (50 a 64 anos) e idosos (65 ou mais) de Lisboa e de Portugal, Espanha, República Checa e Suécia. Os dados foram também comparados com os resultados do último inquérito do SHARE (Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe) que abrangeu 16 países, em que foram inquiridas 58.489 pessoas. Já em Portugal, o estudo contou com uma amostra de 2080 participantes com uma média de idades de 66 anos. Em Lisboa, a amostra incluiu 501 inquiridos, com aproximadamente 68 anos.

Do ponto de vista subjetivo, é “indiscutível” que para os portugueses é “mais duro ou mais difícil” envelhecer, comenta o sociólogo e coordenador do estudo, Manuel Villaverde Cabral, que é diretor do Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa. Os dados não deixam margem para dúvidas: só 26,9% dos portugueses mais velhos afirmam ter tido uma vida feliz “muitas vezes” contra mais de metade (50,8%) dos inquiridos nos 16 países.

"Raramente" ou "nunca" foram felizes
Olhando para os quatro países aqui avaliados em detalhe, percebe-se também que são muito mais os espanhóis e até os checos que olham com frequência para o passado com alegria (41,9% e 35,1%, respetivamente). Voltando a Portugal, mais de um quinto dos inquiridos admitem mesmo que só "raramente" ou "nunca" olham para o passado com alegria.

Em síntese, na maior parte das variáveis relativas aos seniores e idosos, Portugal "fica significativamente abaixo do desempenho dos países mais desenvolvidos como a Suécia, mas próximo de um país como Espanha e frequentemente acima de um país do alargamento a Leste como a República Checa". Sem surpresa, a população inquirida na cidade de Lisboa apresenta em geral valores mais favoráveis do que a do resto do país e, mesmo frequentemente, acima da própria média europeia. É nos indicadores mais subjetivos que os portugueses pontuam pior.

Os resultados comprovam também que o nível de escolaridade acaba por condicionar de forma determinante a qualidade do envelhecimento. Mais anos de escolaridade tendem a corresponder a maior satisfação com a vida, a melhor perceção do estado de saúde e a um maior envolvimento em atividades sociais.

O grau de escolaridade tem um grande peso no curso de vida. E logo aqui os portugueses surgem numa situação desfavorável: estudaram menos de seis anos, em média, quando nos outros países europeus a média é dez anos. Já os lisboetas frequentaram a escola durante cerca de oito anos e há muito mais seniores e idosos que completaram o 12.º ano, o ensino superior e o ensino pós-graduado do que no resto do país.

Mas se os habitantes da capital estão em melhor posição em quase todas as variáveis analisadas no estudo, a sua situação é “marcadamente pior” do que a média europeia e do que o próprio padrão nacional nas questões específicas da mobilidade e das capacidades funcionais, como por exemplo andar, subir escadas, fazer compras. “As limitações físicas ao desempenho de atividades do dia-a-dia são em Portugal muito superiores à média europeia e em Lisboa ainda mais, requerendo esta realidade apoios específicos da parte das autarquias”, concluem os autores do estudo.

Este trabalho, defende Villaverde Cabral, reúne “uma informação quase inesgotável para a aplicação de políticas de todo o tipo dirigidas aos mais velhos, tanto ao nível de Lisboa como do país em geral”.

Poucos dizem ter boa saúde
Um indicador em que Portugal se destaca também pela negativa é o da auto-perceção do estado de saúde. Tanto em Lisboa como em Portugal no seu conjunto, apenas cerca de 40% dos inquiridos declararam que a sua saúde é boa, enquanto para o conjunto da população dos vários países estudados a percentagem é de 60%.

Sem surpresa e no que respeita ao estado de saúde mental, Portugal surge igualmente com piores resultados: 36% dos inquiridos com 50 ou mais anos apresentam sintomas de depressão, de fadiga, dificuldade de dormir, pessimismo, sobretudo as mulheres, comparativamente com 31% no conjunto do estudo. Toda esta “morbilidade tendencial” está ligada a um consumo de medicamentos “claramente mais elevado em Portugal”, mas “não tem sido objeto de investigação específica”, lamentam os investigadores.

De resto, mais de metade da população (51,9%) acima dos 50 anos está reformada em Portugal e tem em média dois filhos. Portugal é o país com mais casados, Espanha o que tem mais solteiros e mais viúvos, e é nestes dois países que os avós têm menos netos.

No trabalho, os suecos são quem menos horas passa por semana no emprego, em média (33 horas), enquanto nos outros países a carga horária oscila entre 36 e 37 horas semanais. Os suecos são também os que estão mais satisfeitos com o seu trabalho e os que deixam de trabalhar mais tarde, aos 62 anos em média (58 anos é a média para Portugal).

Em 2 anos
São sobretudo doentes com cancro ou doenças infecciosas que têm acesso precoce a remédios inovadores.

Em dois anos cerca de 500 doentes tiveram acesso a medicamentos não aprovados através de um mecanismo que permite que os tratamentos cheguem a pacientes com doenças graves e em potencial risco de vida que não têm alternativas eficazes disponíveis ou que não podem esperar pela conclusão do processo de aprovação. A medicação entregue através dos programas de acesso precoce - sem custos para o Estado - foi sobretudo para o tratamento de cancros (384) e doenças infecciosas.

"A área terapêutica com mais programas autorizados é a de oncologia. Foram também autorizados programas para utilização de anti-infecciosos", diz o Infarmed ao Diário de Notícias. Esta foi uma das soluções em 2015 para tratar os doentes com hepatite C quando os inovadores ainda não estavam aprovados pelo Infarmed. Na altura 115 doentes tiveram acesso ao programa, entretanto fechado desde que foi estabelecido um preço e a comparticipação. Quase todos ficaram curados.

O Infarmed contabilizou 384 tratamentos dados a doentes com vários tipos de cancro através dos programas de acesso precoce. A larga maioria, de acordo com os dados enviados ao DN, foram para doentes com cancro do pulmão (242). Esta tem sido uma das áreas com maior investigação clínica e por isso têm surgido novos inovadores. Também foram dadas medicações para 82 doentes com melanoma, 30 com mieloma múltiplo e 30 com leucemia linfocítica crónica e linfoma.

Para alguns doentes pode não ser a cura, mas são o salva vidas perante a urgência de uma resposta quando não há mais alternativas. "Os programas de acesso precoce preveem a utilização de medicamentos que se encontram em desenvolvimento num grupo de doentes que sofram de uma doença crónica, doença gravemente debilitante ou de uma doença considerada potencialmente mortal. Os doentes em causa não poderiam ser satisfatoriamente tratados com um medicamento autorizado ou não poderiam esperar por uma Autorização de Introdução no Mercado para serem tratados", explica o Infarmed. França e Estados Unidos são dois dos vários países com programas semelhantes.

O programa aplica-se a fármacos sem aprovação pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) ou com a aprovação desta, mas ainda sem aprovação do Infarmed. E a terapêuticas aprovadas que não têm comparticipação. "A avaliação é efetuada tendo em consideração a informação submetida que comprove a qualidade, segurança e eficácia do medicamento, tendo por base a sua especificidade e utilização pretendida. A eficácia e segurança do medicamento, bem como a relação benefício-risco favorável devem ser garantidas". A farmacêutica Abbvie, por exemplo, tem um programa a decorrer para cinco doentes com um medicamento, que tem mostrado aumento da sobrevida, para a leucemia linfocita crónica e que espera ver aprovado pela EMA em breve. Dois doentes já estão a ser tratados.

Vítor Veloso, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, classifica o programa de útil. "De outra maneira os doentes não teriam acesso ao medicamento. Há uma dificuldade grande na aprovação de novas moléculas e as autorizações especiais de utilização não chegam em tempo útil", aponta.

Maria José Passos, oncologista do IPO de Lisboa, explica que existem "critérios muito precisos e rigorosos nestes processos". "Estes programas são de incentivar porque é a maneira de termos um conjunto de doentes tratados." Os medicamentos que têm sido desenvolvidos "têm mostrado resultados muito promissores com aumento da sobrevida. Não quer dizer que a pessoa fique curada, mas é possível controlar a doença e viver melhor. São uma esperança", diz.

Sem custos para o Estado
Os medicamentos dados aos doentes através do programa de acesso precoce não têm custos para o Estado, por serem dispensados gratuitamente pelos laboratórios. É também uma forma destes darem a conhecer o novo produto e os resultados alcançados nos ensaios clínicos. A proposta de dar tratamentos é feita diretamente pelos laboratórios ao Infarmed, que tem de a autorizar. No pedido tem de constar toda a informação sobre o medicamento, número previsto de doentes a tratar, critérios de inclusão e exclusão, como será feita a vigilância dos doentes.

O pedido de acesso à medicação é feita pelos hospitais através da submissão de "um pedido de autorização de utilização excecional ao Infarmed, que avalia o pedido tendo em consideração a situação concreta", adianta a autoridade do medicamento, que diz que não existem dados que permitam perceber qual a poupança que o programa gerou.

António Oliveira e Silva, presidente da administração do Centro Hospitalar de S. João, reconhece que os programas de acesso precoce "ajudam" no equilíbrio de contas dos hospitais. Mas que "é fulcral, principalmente para os doentes". "O consumo de medicamentos deve ser feito por razões clínicas, de eficiência e eficácia. A partir do momento em que há razões de prescrição o doente deve ter acesso no mais curto espaço de tempo e com todas as facilidades", defende.

Médicos tranquilizam
Alterações no organismo reduzem atividade da doença. Neurologistas explicam que ter um filho não agrava a situação.

António está a poucos dias de fazer 4 meses. Enche o coração e o tempo de Patrícia Rangel de Lima Moreira, 40 anos. Um sonho antigo que demorou a chegar e que trouxe novos desafios. E alguns receios superados. Patrícia tem esclerose múltipla, doença crónica inflamatória e degenerativa que afeta o sistema nervoso central. "Tenho a doença, mas não vivo para ela. A gravidez compensa tudo e o bebé... até me esqueço que tenho a doença", diz.

É esta a mensagem que, segundo o Diário de Notícias, o grupo de estudos para esclerose múltipla da Sociedade Portuguesa de neurologia quer passar a doentes e médicos de outras especialidades: ter um filho não agrava a doença. "Queremos que as mulheres tenham todos os filhos que desejarem e desmitificar este estigma", diz José Vale, diretor do serviço de neurologia do hospital de Loures.

Estima-se que em Portugal existam sete mil a oito mil pessoas com esclerose múltipla (EM), a maioria mulheres (três por cada homem). A doença tem maior incidência entre os 20 e os 40 anos e é a segunda mais incapacitante nos adultos jovens. E quando se quer ter um filho, as dúvidas são muitas: se o bebé pode ter a doença, se há mais riscos de um surto, se podem ou não engravidar? "A doença não tem nenhuma influência na fertilidade. Em algumas famílias há dois ou três casos, o que denuncia fatores genéticos. Esta é uma doença rara e, embora exista uma componente genética, é pouco significativa. Não é condicionante para não terem filhos", explica José Vale.

Vários estudos mostraram que durante a gravidez quase não existem sinais da doença. "Reduz a prevalência de surtos em 70%, melhor do que qualquer medicamento. Há um estudo que mostra que as mulheres com mais de duas gravidezes têm melhores resultados funcionais do que as que nunca estiveram grávidas. Havia a preocupação que após a gravidez houvesse um agravamento neurológico, o que levou obstetras e médicos de família a dissuadir as doentes de terem filhos."

O especialista explica que "os surtos que possam existir não são mais graves nem diferentes daqueles antes da gravidez". A medicação suspensa recomeçada após o parto, que pode ser natural ou de cesariana, seguindo as recomendações dos obstetras. São estas as razões que levaram o grupo de estudos da EM a preparar recomendações para acabar "esse estigma".

Sem arrependimentos
Quando descobriu que estava doente - os sintomas foram dormências nos braços e pernas -, em 2004, Patrícia não sabia nada sobre EM. Com a ajuda da neurologista e da associação de doentes SPEM percebeu que o sonho de ser mãe não estava impedido. "Queria muito ter um filho e ia ter. A neurologista era a favor, os meus pais e o médico de família tinham receio por causa de um surto. Não tive nenhuma recaída." Voltou à medicação e sabe que pode contar com o marido e os pais para a ajudarem caso a doença lhe pregue uma partida. "Vale a pena ser mãe, mesmo com a doença", afirma.

Isabel Alves, 48 anos, recorda as palavras do médico quando lhe perguntou se podia ser mãe. "Disse que nada invalidava, que a gravidez era a altura melhor porque não temos surtos. Disse-lhe "vou fazer uma equipa de futebol". Teve apenas Luísa, mas só porque o destino assim o quis. Suspendeu a medicação durante a gravidez com a recomendação de voltar após o parto. "Só me lembrei quando tive um surto e fiquei sem andar", conta, referindo as principais preocupações quando descobriu que estava grávida. "Perguntei se havia hipótese de a minha filha ter EM. O médico disse que era pouco provável." Por causa da doença vê mal e precisa de cadeira elétrica para se deslocar. É a filha que lhe dá forças e que explica aos colegas o que a mãe tem. "Diz que a mãe tem na cabeça fios que entram em curto-circuito e não passam a mensagem ao resto do corpo", conta Isabel.

Aceitam-se propostas até 28 de fevereiro
O Governo criou um grupo de trabalho para identificar os constrangimentos do turismo termal, cuja missão é apresentar até ao...

O grupo foi criado na passada terça-feira, por despacho do Governo, publicado em Diário da República, mas este mesmo diploma adiou em um mês a data limite de entrega do relatório final que vai ser elaborado pelo grupo de trabalho e que, 20 dias antes, também por despacho publicado, esteve agendado para 31 de janeiro. Os dois despachos, de 09 e de 29 de novembro, são praticamente iguais, escreve o Sapo, sendo as únicas diferenças o adiamento por quase um mês da data de entrega do referido relatório e a composição do grupo de trabalho.

No primeiro despacho, que acabou substituído pelo despacho de 29 de novembro, o Governo incluía apenas quatro representantes no grupo de trabalho: o Instituto de Turismo, a Ordem dos Médicos, a Associação Nacional de Municípios e a Associação das Termas Portugal. No segundo despacho, o único atualmente em vigor, o Governo acrescentou um quinto representante ao grupo de trabalho, oriundo da Direção-Geral de Energia e Geologia, sendo por isso o secretário de Estado da Energia também chamado a assinar o despacho, além dos seus homólogos das pastas da Saúde, Comércio e Turismo.

No diploma, o Governo lembra que a implementação de programas de combate à sazonalidade, através da dinamização de produtos turísticos específicos, nomeadamente o turismo de saúde, é uma prioridade para o turismo, entre outras.

Turismo termal a perder receita
Em Portugal, apesar da ligeira melhoria nos resultados de 2015, o turismo termal tem registado indicadores decrescentes desde 2011. “Para contrariar essa tendência, importa fazer uma avaliação do impacto económico da atividade termal e identificar constrangimentos e instrumentos que permitam dinamizar esta atividade”, justifica o executivo.

O Ministério da Economia, num comunicado distribuído hoje para divulgar a criação do grupo de trabalho, e no qual omite a alteração da sua composição e da data de entrega do relatório, afirma que existem neste momento 40 termas em funcionamento em Portugal, que foram responsáveis por cerca de 420 mil dias de tratamentos termais no ano passado e que empregam direta e indiretamente cerca de 3.500 pessoas.

Nos Estados Unidos
Pedro Costa, doutorado em Engenharia Biomédica pela Universidade do Minho, foi recentemente galardoado em Winston-Salem, nos...

O prémio internacional visa destacar o trabalho desenvolvido por jovens cientistas nesta área. "Este galardão deixou-me extremamente orgulhoso e ainda mais entusiasmado para continuar a apostar em novas ideias e a trabalhar intensivamente. Nos últimos anos tive a sorte de conhecer profissionais extraordinários que generosamente se dispuseram a ajudar-me, como no Grupo 3B’s da Universidade do Minho (UMinho), berço da minha carreira científica", afirma o vizelense de 34 anos, agora investigador da Universidade de Utrecht, na Holanda.

Pedro Costa tem vindo a trabalhar principalmente no desenvolvimento de modelos de tecidos humanos, também chamados “tecidos-em-chips” ou “órgãos-em-chips”, escreve o Sapo.

Trata-se da reprodução “simplificada” de tecidos e órgãos como o fígado, o rim, o osso, a cartilagem, entre outros. Os modelos, incorporados em pequenos dispositivos (chips), poderão vir a ser usados na descoberta de fármacos, substituindo os estudos efetuados em animais. “Podem ser expostos a grandes variedades de moléculas, com o objetivo de identificar os tratamentos mais eficazes no combate a variadas doenças que afetam drasticamente a qualidade de vida de milhões de pessoas no mundo, tais como doenças do foro cardiovascular, musculosquelético ou cancro”, realça.

Pedro Costa é licenciado em Biologia Aplicada e doutorado em Engenharia Biomédica pela UMinho e pós-doutorado pela Universidade Técnica de Munique, na Alemanha. Esteve oito anos no Grupo 3B’s, desenvolvendo métodos e tecnologias agora patenteados. Coordena um mestrado em Biofabricação e uma unidade de investigação desta área na Universidade de Utrecht.

É vice-presidente do comité para a comercialização, regulação e empreendedorismo na Sociedade Internacional de Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa (TERMIS) e representa os jovens cientistas da Holanda na Sociedade Europeia de Biomateriais (ESB).

 

Venceu o “Prémio de Investigação Translacional” e “Prémio Europeu de Doutoramento”, ambos pela ESB, entre diversas distinções. Já submeteu seis pedidos de patentes, soma dezenas de publicações científicas, comunicações e capítulos de livros, teve projetos aprovados é orador convidado em conferências internacionais e tem colaborado com instituições e empresas de renome, como o Institute of Health and Biomedical Innovation (Austrália), a Universidade de Stanford (EUA) e a Materialize NV (Bélgica).

Menos do que há um ano
O Banco Alimentar Contra a Fome recolheu 2.129 toneladas de alimentos no fim de semana, mais do que as 1.921 toneladas da...

Os alimentos vão agora ser distribuídos por um total de 2.700 instituições de solidariedade social, abrangendo mais de 426 mil pessoas “com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confecionadas” indica o Banco Alimentar.

A campanha, que se realizou pela 50.ª vez, contou com 42 mil voluntários e envolveu mais de 2.000 superfícies comerciais de todo o país, segundo o Sapo.

“Os milhares de quilos de alimentos doados e o número de voluntários envolvidos mostram que as pessoas responderam uma vez mais ao apelo, partilhando com as famílias que não têm pão na sua mesa. Apesar das grandes dificuldades pelas quais passam ainda muitas famílias portuguesas, inúmeros são aqueles que não se conformam e estão disponíveis para partilhar e assim ajudar a minorar as dificuldades dos seus concidadãos”, afirmou Isabel Jonet, Presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome, citado no comunicado.

Além dos produtos básicos como leite, arroz, massas, enlatados e cereais, foram também doados nesta campanha “alimentos que permitirão alegrar a mesa de Natal”, como bacalhau, chouriço ou chocolates.

A campanha que decorreu no fim de semana é prolongada online até ao dia 11, sendo possível contribuir através da página www.alimentestaideia.pt.

As campanhas do Banco Alimentar decorrem duas vezes por ano, contando também a organização com contributos da indústria agroalimentar, agricultores, cadeias de distribuição e operadores dos mercados abastecedores, que doam excedentes alimentares.

Em 2015, os 21 bancos alimentares a operar do país distribuíram 27.370 toneladas de alimentos.

Na terça-feira
Cerca de 15.000 psicólogos escolhem na terça-feira o novo bastonário para os próximos quatros anos, entre três candidatos:...

Concorrem às eleições para os órgãos nacionais e regionais da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), para o mandato 2017-2020, três listas.

A Lista A "Psicologia Plural" é encabeçada por Vítor Moita, a Lista B "Elevar a Psicologia", por Vítor Coelho, e a Lista C Mobilizar os Psicólogos", por Francisco Miranda Rodrigues.

Em declarações, Francisco Miranda Rodrigues assumiu-se com um candidato de continuidade, afirmando que a sua lista pretende “aproveitar muito bem a experiência” dos seis anos da ordem.

“Somos uma lista que pretende dar continuidade ao trabalho que tem vindo a ser feito, mas simultaneamente temos um programa muito ambicioso, com muitas medidas que se diferenciam claramente àquilo que tem vindo a ser feito, porque encaramos este próximo mandato de quatro anos como um novo ciclo”, disse Francisco Miranda Rodrigues

Segundo o candidato, a ambição da sua equipa é tornar a OPP “bastante mais forte” e “cada vez mais próxima dos psicólogos”.

Já o candidato rival Vitor Moita disse que a candidatura da sua lista se deveu a considerar que o trabalho da ordem não correspondeu às expectativas criadas.

“Nos últimos seis anos o trabalho feito pela ordem trouxe avanços, mas ficou aquém das expectativas, que eram muito elevadas quando a Ordem dos Psicólogos foi criada”, explicou.

Por esta razão, defendeu, “queremos uma ordem que faça mais e melhor e que tenha uma gestão financeira rigorosa de forma a não onerar tanto o que os psicólogos pagam”, uma vez que têm “vencimentos baixos” e “contratos muito precários”.

Também a Lista B, liderada por Vítor Coelho, pretende “mudar o estilo de governação” que tem sido seguido nos últimos seis anos.

“É uma governação muito hierarquizada e centrada na pessoa do bastonário e muito preocupada com a estrutura”, disse Vítor Coelho, sublinhando que é “um estilo de governação que distancia a ordem das necessidades e dos problemas dos psicólogos do dia-a-dia”.

O que a lista de Vítor Coelho preconiza é “uma reviravolta total na aproximação ao apoio aos psicólogos, à identificação dos seus problemas e a uma resposta eficaz”.

Os cerca de 15 mil membros registados nos cadernos eleitorais da Ordem dos Psicólogos Portugueses vão poder, pela primeira vez, escolher por voto eletrónico, além da habitual forma presencial, os órgãos nacionais e regionais da Ordem dos Psicólogos Portugueses para o mandato 2017-2020.

Época natalícia
O presidente da Ordem dos Médicos/Norte alertou para os "constrangimentos espectáveis" nos Serviços de Urgência...

Falando a propósito do Juramento de Hipócrates de 170 futuros médicos, o presidente da Secção Norte da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, apontou ainda como "imperioso e impreterível" que se faça uma "aposta séria" em campanhas de literacia em Saúde de forma a evitar o recurso ao Serviço de Urgências por doentes que deviam procurar serviços de cuidados primários.

Para o responsável, um dos "graves problemas" do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é a saída de médicos para outros países e o facto de aqueles profissionais preferirem exercer no setor privado, pelo que aconselha a que "sejam criadas condições apelativas" para os clínicos optem pelo serviço público, o que "não passa necessariamente e apenas" pelos vencimentos.

"No Natal e no Ano Novo e em alturas de surtos nomeadamente de gripe que se esperam é recurso às urgências hospitalares aumenta e muito e os serviços não estão devidamente preparados para isso pelo que há constrangimentos expectáveis", disse.

Miguel Guimarães considerou que esta não é uma situação que se deve dar atenção "apenas nestas alturas" pelo que defendeu que devem ser tomadas medidas para solucionar o problema: "Não podemos estar a ter esta conversa todos os anos. É preciso tomar medidas para que isto seja evitado nomeadamente evitar o recurso em excesso a empresas de contratação temporárias de médicos".

Segundo explicou, "o recurso a médicos temporários pode até agravar o problema uma vez que quando os médicos falham a culpa não é de ninguém e apenas se podem aplicar multas às empresas", por isso, apontou, " a resolução passa por optar sempre pela contratação de clínicos para os quadros ou da contratação direta de profissionais".

Outro problema apontado é o aumento da afluência aos serviços de urgência de utentes que, disse, "deviam ser tratados pela rede de cuidados primários mas que muitas vezes não sabem onde se devem dirigir acabando por isso nas urgências".

De forma a combater aquele "recurso em excesso" às urgências hospitalares, Miguel Guimarães afirmou ser "imperioso e impreterível uma aposta séria em campanhas de informação a longa duração".

Ou seja, considerou, "não basta uma ou duas semanas de campanha perto do Inverno porque isso não é suficiente para combater a iliteracia em saúde da população que tem que aprender que com sintomas de gripe não deve recorrer a um serviço de urgência".

Questionado sobre se faltam médicos no SNS, Miguel Guimarães explicou que "falta um bocadinho de tudo".

 

"Faltam médicos, falta organização e falta sobretudo investimento nos recursos humanos. Temos assistido nos últimos anos à saída de centenas de médicos para o estrangeiro e ao pedido de reformas de milhares. É preciso criar condições para que quem está agora a iniciar a carreira fique no SNS e não opte por emigrar ou por exercer no setor privado. É preciso garantir a dignidade no acesso e no exercício à profissão, não passa necessariamente e apenas por uma questão de vencimentos", disse.

ONG europeias
Organizações da Europa, incluindo a portuguesa Zero, apelaram aos decisores europeus para que retirem do mercado as amálgamas...

"A Europa é a maior utilizadora do mundo de amálgama e as ONG [Organizações Não Governamentais] de defesa do consumidor, da saúde e do ambiente, bem como muito profissionais de medicina dentária, apelam a que a sua utilização seja proibida", refere uma informação da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero.

Na terça-feira, representantes da Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu vão discutir o texto do Regulamento Europeu sobre Mercúrio, incluindo o seu uso nos cuidados dentários.

Segundo a Zero, a Europa é a maior utilizadora do mundo de amálgama e o seu impacto ambiental "é significativo" tanto no ar como na água e no solo, mas também representa um risco para a saúde humana.

Se não for filtrado nas águas residuais, o mercúrio acaba por chegar ao mar e ser absorvido pelos peixes que entram na alimentação.

A amálgama dentária com mercúrio "está identificada como um risco de 'envenenamento secundário' pela Comissão Científica de aconselhamento da Comissão Europeia, pois acaba por entrar na cadeia alimentar humana através do pescado", explica a Zero.

O Comité de aconselhamento da Comissão Europeia na área da saúde recomendou que seja banido o seu uso em crianças e mulheres grávidas.

A associação portuguesa Zero cita a posição de Elena Lymberidi-Settimo, do European Environment Bureau, a defender o fim das amálgamas e lembrar que "mais de 66% dos tratamentos dentários na União Europeia são realizados sem recorrer a mercúrio, pelo que é mais do que tempo dessa passar a ser a norma".

Susana Fonseca, da Zero, recorda também que, numa consulta pública organizada pela Comissão Europeia, "88% dos participantes recomendaram o fim da utilização da amálgama e 12% solicitaram que fosse retirada de forma faseada".

A amálgama já foi muito usada pelos dentistas, mas tem vindo a ser progressivamente abandonada, e alguns países proibiram mesmo a sua utilização, como a Suécia, enquanto em outros não chega a 5%, como na Finlândia, Dinamarca ou Holanda, acrescenta a associação portuguesa.

As organizações, nomeadamente de dentistas, realçam a existência de alternativas disponíveis, acessíveis em termos económicos e eficazes nos tratamentos.

Universidade Nova de Lisboa
O Serviço Nacional de Saúde está a ser suportado pelo esforço dos médicos e profissionais que aceitam “trabalhar mais por menos...

Coordenado pelos investigadores Raquel Varela e Renato Guedes, da Universidade Nova de Lisboa, o estudo científico aponta para a crescente precariedade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma espécie de regresso ao passado, a situações anteriores à década de 1960.

“Devido ao aumento das tarefas, do trabalho e da diminuição do rendimento, estamos a rebentar com as pessoas e estamos a rebentar com o Serviço Nacional de Saúde ”, sustentou Raquel Varela.

Segundo a historiadora, no mínimo, vão ser precisos “trinta anos para corrigir a situação”, caso exista vontade política.

“Hoje, o que faz funcionar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) com menos dinheiro é o facto de os médicos receberem menos e trabalharem mais. Não são modificações de gestão, melhores condições de trabalho ou controlo de gastos. O que manteve a prestação dos cuidados de saúde são os médicos que passaram a trabalhar mais por menos”, acentuou.

“É como se o Serviço Nacional de Saúde (SNS) voltasse ao registo anterior a 1960, em que os hospitais eram centros de tratamento de pobres e, por essa via, de formação – sendo que os médicos após essa especialização passam a atender nos consultórios privados e em clínicas”, conclui o estudo encomendado pelo Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos.

As conclusões da investigação apontam para uma “evolução miserável” do número de médicos a exercer no SNS, sobretudo tendo em conta os profissionais formados pelo Estado, mas também para a degradação dos cuidados primários.

“O número de profissionais médicos a exercer no SNS teve uma evolução miserável se considerarmos o potencial em número de médicos formados desde a década de 1970, em particular, desde a criação do SNS. Verifica-se, nas nossas conclusões, a evolução negativa nos cuidados primários de saúde. Isto é, são formados muito mais médicos pelo SNS do que aqueles que ficam a trabalhar nele”, indica o documento.

O estudo estabelece também uma relação entre as várias investigações já realizadas sobre o “burnout” (esgotamento) a que os médicos estão sujeitos desde a aplicação das medidas impostas pela troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), através do Memorando de Entendimento (17 de maio de 2011).

O ritmo de produtividade, refere o texto, está a ser marcado pela utilização da força de trabalho “até níveis próximos do seu limite”.

Em perspetiva, o trabalho indica também que, em Portugal, o sistema de saúde “de ponta” só foi alcançado após a revolução de 1974.

“A revolução, isto é, a luta política organizada, que gerou uma transferência de 18 por cento do rendimento do capital para o trabalho, em grande medida na criação de um Estado Social, impôs a junção entre previdência e assistência dando o passo fundamental para a criação do SNS, que se oficializou em 1979", conclui a investigação.

Esta situação, prossegue o estudo, criou “de facto” uma "elevação" salarial significativa, permitindo “resultados extraordinários”, do ponto de vista do acesso a cuidados de saúde, “colocando Portugal entre os melhores, mais eficientes tecnicamente e mais justos sistemas de saúde do mundo”.

A segunda parte do estudo analisa as formas de privatização do sistema público de saúde britânico que criou uma “indústria de cuidados de saúde”, transformando um “serviço público essencial em lucro”.

Além dos académicos portugueses, o estudo incluiu as participações de quatro cientistas sociais anglo-saxónicos: Ursula Huws, Stewart Play, Colin Leys e Peter Kennedy, que se debruçam sobre as formas e consequências da privatização do National Health Service, no Reino Unido.

Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla
Afetando mais mulheres, estima-se que em Portugal existam cerca de 5 mil doentes com Esclerose Múlti

A esclerose múltipla muitas vezes denominada esclerose em placas é uma doença inflamatória, crónica do sistema nervoso central que se caracteriza por uma resposta anormal do organismo desencadeando um ataque imunológico contra determinadas células do sistema nervoso. A mielina é um dos alvos deste ataque imunológico. Trata-se duma bainha que cobre os neurónios isolando-os e fazendo com que o impulso eléctrico da transmissão nervosa se torne mais rápido. A sua lesão caracteriza-se por uma inflamação e posteriormente cicatrização, resultando numa interrupção da transmissão de ordens quer no cérebro ou na medula espinhal e surgem assim os sintomas da doença.

Não existe uma única causa identificada, na sua génese encontram-se vários factores genéticos e ambientais que juntos parecem contribuir para o desenvolvimento da doença.

Atinge mais frequentemente mulheres e as manifestações surgem entre os 30 e os 40 anos.

Sintomas:

Vários são os sintomas atribuíveis a esta patologia dos quais os mais frequentes são: alterações da visão (perda da visão num dos olhos ou visão dupla), diminuição da força ou da sensibilidade, vertigem e desequilíbrio na marcha.

Como diagnosticar:

O diagnóstico é suspeitado com base num exame neurológico anormal (exame clínico em que são testadas as várias funções do sistema nervoso central). A realização duma ressonância magnética encefálica e medular identifica as lesões resultantes quer da inflamação activa quer cicatrizes de lesões prévias e permite excluir outras doenças que podem ter os mesmos sintomas. A uma punção lombar pode detectar inflamação no líquido céfalo raquidiano (líquido que cobre o sistema nervoso).

Tipos de Esclerose Múltipla:

De acordo com as características clínicas podemos classificar a Esclerose múltipla em formas surto-remissão e formas primária e secundariamente progressivas.

A forma surto remissão é a mais frequente e caracteriza-se por défices neurológicos que surgem abruptamente (surto) que podem durar até 3 semanas e que recuperam totalmente após este tempo (por vezes a recuperação é parcial mas a incapacidade é mínima).

A forma secundariamente progressiva diz respeito à fase da doença para a qual pode progredir a anterior, isto é, após um curso surto remissão os surtos podem ser menos frequentes e a incapacidade começar a progredir de forma constante.

A forma primariamente progressiva caracteriza-se por incapacidade progressiva e cumulativa desde a fase inicial sem surtos clinicamente identificáveis.

Os estudos mostram que a taxa de progressão duma forma surto remissão para uma forma secundariamente progressiva aumenta ao longo do tempo (aos 25 anos de doença cerca de 80% dos doentes têm uma forma secundariamente progressiva). Existem casos que não progridem e atingem uma fase de remissão permanente

Os termos de Esclerose múltipla benigna e maligna dão-nos uma noção do comportamento da doença ao longo do tempo com base no grau de atividade e incapacidade da doença.

Estes termos aplicam-se a qualquer uma das fases anteriormente descritas mas podem ser traiçoeiros pois determinado doente cuja doença se tem apresentado como benigna a qualquer momento pode passar a ter um curso maligno.

Até à data não existe nenhum marcador biológico que nos permita saber que curso vai tomar a doença em determinado doente nem podemos antecipar nenhum surto. No entanto sabemos que a exposição prolongada a temperaturas excessivamente elevadas assim como a mudança brusca de temperatura podem aumentar a probabilidade de surtos ou agravar os sintomas preexistentes.

Tratamento:

Podemos dividir o tratamento destes doentes em tratamento modificador da doença, tratamento dos surtos e tratamentos de outros sintomas associados à doença.

O tratamento modificador da doença tem como objectivo diminuir a inflamação e degeneração do sistema nervoso central diminuindo o número e gravidade dos surtos assim como a incapacidade a longo prazo. Nos últimos anos assistiu-se a uma grande evolução neste tipo de terapêuticas e actualmente existem vários tratamentos disponíveis no mercado com bons resultados.

No tratamento dos surtos são usadas altas doses de corticoides cuja acção resulta numa diminuição da inflamação e numa recuperação mais rápida das crises.

Existem ainda os tratamentos sintomáticos que reduzem outros sintomas que vão surgindo com a doença como as dores, fadiga, depressão, rigidez muscular ou incontinência urinária e que melhoram a qualidade de vida destes doentes.

Viver com a doença

Saber em idade jovem que se tem uma doença crónica e potencialmente incapacitante é bastante difícil. Uma grande parte dos doentes tem medo de falar da doença pelo estigma social que representa.

A incapacidade não resulta do facto de ter a doença mas dos sintomas e sinais que se vão acumulando com o decorrer dos anos.

Os novos tratamentos diminuem significativamente a incapacidade associada a esta doença e muitos são os doentes que se mantem activos e autónomos com o passar dos anos.

Estes doentes necessitam de tempo para se tratarem. A inflexibilidade de horários e funções laborais acaba, por vezes, por levar à incapacidade para o trabalho. Alguns doentes têm possibilidade de adaptar funções e horários trabalhando a tempo parcial ou no domicílio.

Manter seguimento por neurologia e cumprir a medicação prescrita são alguns dos aspectos que o doente não deve descurar, assim como adoptar estilos de vida saudáveis com horários de sono, evicção tabágica, prática regular de exercício físico e alimentação equilibrada.

 

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

Páginas