Cientistas japoneses
Investigadores japoneses desenvolveram um dispositivo capaz de reduzir a dor dos pacientes com membros amputados ou paralisados...

O dispositivo torna possível “modular as atividades cerebrais relacionadas com os movimentos dos membros fantasma, que eram difíceis de alterar com a terapia existente”, explicou o professor adjunto da Universidade de Osaka Takufumi Yanagisawa, que lidera o projeto de investigação, à agência Efe.

Melhorar este novo aparelho “fará com que a dor do ‘membro fantasma’ seja tratável no futuro”, sublinhou.

A dor do membro fantasma é uma síndrome de que padecem pessoas que perderam membros – por amputação ou paralisia – e que continuam a experimentar as sensações desse membro ou dor, a qual geralmente não pode ser aliviada com analgésicos convencionais.

“Uma teoria popular mas cada vez mais controversa diz que [a dor] resulta de uma inadaptação à reorganização do córtex senso-motriz, o que sugere que a indução experimental de uma maior reorganização deveria afetar a dor, especialmente se resulta em restauração funcional”, refere o estudo, publicado na revista especializada Nature Communications.

As descobertas da investigação, de cientistas do Instituto Internacional japonês de Investigação de Telecomunicações Avançadas e da Universidade de Cambridge, “opõem-se à hipótese original”, explicou Yanagisawa, já que a restauração funcional não melhorou, mas antes intensificou a dor.

A equipa desenvolveu um programa de treino para mover uma mão artificial com uma interface cérebro-máquina que testou em dez pacientes que perderam o antebraço direito e comprovou que foi a dissociação entre a mão protésica e a ‘fantasma’ que reduziu a dor.

Isto demonstra “uma relevância funcional entre a plasticidade cerebral [faculdade do cérebro para se recuperar e reestruturar] e a dor”, o que pode abrir caminho a um tratamento.

Linha de apoio para todos
A linha de apoio SOS Estudante foi pensada para os alunos, mas atende chamadas de pessoas de todas as faixas etárias e agora...

Em vésperas de completar 20 anos, a SOS Estudante criou em outubro uma conta no ‘skype' (software que permite comunicação através da internet por voz, texto ou vídeo), à procura de chegar aos mais jovens, disse a direção da única linha de apoio emocional do país composta apenas por estudantes.

A opção de criar a conta no ‘skype' não está relacionada com a gratuitidade das chamadas, mas por a direção constatar que "os jovens preferem falar por mensagens" do que através de uma conversa telefónica, explica a tesoureira da SOS Estudante, Diana Callebaut.

Apesar de no ‘skype' não ser possível identificar tão facilmente o estado emocional das pessoas, os jovens têm hoje uma maior preferência pelas mensagens de texto, com as conversas por voz a poderem ser consideradas por estes "mais intrusivas", explica a estudante de medicina.

A iniciativa, lançada a título experimental, ainda não tem tido "grande procura", mas a publicidade deste novo meio para falar com os voluntários da SOS Estudante também não é muita, sublinha o presidente, Diego Prado.

A linha de apoio, que vai fazer 20 anos em abril de 2017, conta com mais de 600 chamadas por ano, numa média de duração de 20 a 30 minutos cada, atendidas por um dos 24 voluntários que garantem o funcionamento da SOS Estudante entre as 20:00 e a 01:00, todos os dias.

Nas chamadas, os principais problemas relatados estão relacionados com a solidão (24%), relacionamentos (20%), mas também a sexualidade ou a ideação suicidária (08%).

Apesar de a linha ter sido pensada para os estudantes, atualmente a maioria (44%) das pessoas que liga para a SOS Estudante tem mais de 50 anos e a quase totalidade são homens (90%), estima a linha de apoio, que funciona como secção cultural da Associação Académica de Coimbra.

Para participar na linha, os estudantes têm de passar por uma seleção e uma formação de 30 horas, onde aprendem "a escutar" e a aproximarem-se "do problema da pessoa", afirma Diego Prado.

"Chamamos-lhe uma escuta ativa ou empática", acrescenta Diana Callebaut.

Durante a chamada, não há espaço para conselhos ou julgamentos. "Em vez de orientarmos a pessoa para um caminho, tentamos que a pessoa perceba por ela própria o que quer fazer", explica.

"Uma boa chamada é quando compreendemos a pessoa e sentimos que a pessoa se sente compreendida", sublinha Diego Prado.

No entanto, escutar os problemas das pessoas "não é fácil" e a própria linha garante apoio aos voluntários que precisem "de desabafar", refere.

Ana Luís Garcia, antiga presidente da SOS Estudante, realça que na formação os voluntários aprendem "a escutar e a empatizar com a pessoa que liga. Despimos ao máximo as nossas opiniões e julgamentos para ouvir sem dar qualquer juízo de valor".

"Somos, acima de tudo, um ouvido. Muito mais um ouvido do que uma voz", realça a estudante de direito.

A SOS Estudante já está a assinalar os 20 anos de vida, com sessões de cinema e de debate.

Na quarta-feira, é exibido o filme "Três Cores: Azul", no Aqui Base Tango, e a 07 de dezembro é dinamizado um debate intitulado "A (des)construção da identidade", na Casa das Artes Bissaya Barreto.

Em 2017, a linha de apoio realiza mais duas sessões de cinema e duas sessões de debate em março e, em abril, acolhe o Encontro Nacional das Linhas de Apoio Emocional.

A linha está acessível através dos números 915246060, 969554545 e 239484020 e através do skype (nome de utilizador: sos.estudante).

Hospital de Santa Marta
Uma bebé com pouco mais de dois meses, que nasceu com um problema cardíaco grave, foi recentemente transplantado ao coração no...

A cirurgia realizou-se há cerca de dois meses no Hospital de Santa Marta, que pertence ao Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), e foi a solução para uma cardiomiopatia (doença dos músculos de coração) que tinha sido detetada na bebé, ainda durante a gravidez.

A bebé, oriunda do Porto, nasceu prematura e esteve hospitalizada desde que nasceu. Foi transplantada com 70 dias de vida, quando tinha 2,3 quilos.

O médico José Fragata, responsável da cirurgia cardiotorácica do Hospital de Santa Marta, disse à agência Lusa que a criança foi transferida para esta unidade de saúde, após o pedido de um hospital do Porto para lhe ser colocado um coração artificial.

O Hospital de Santa Marta foi pioneiro na colocação deste aparelho que permite ao doente estar vivo enquanto aguarda por um coração transplantado, tendo, em 2013, sido implantado este dispositivo num bebé de três meses e meio, a mais pequena criança a submeter-se a tal intervenção.

Porém, há cerca de dois meses, quando a bebé chegou ao Hospital de Santa Marta, chegou também um coração de dador, pelo que já não foi necessário o implante do coração artificial.

Sobre o transplante, o médico José Fragata referiu as dificuldades inerentes ao tamanho da criança: “Tudo é mais delicado, do trabalho anestésico ao cirúrgico, bem como o seguimento da criança após a cirurgia”.

Após a operação, que durou cerca de três horas, a bebé recebeu de todo o corpo clínico do hospital a atenção necessária a alguém tão pequeno e que, devido aos procedimentos relacionados com o transplante, está numa situação mais frágil.

José Fragata sublinha que é sinal de sucesso uma bebé tão pequena estar viva e com um coração a bater.

Nestes casos, recordou, as crianças beneficiam de uma janela imunológica que conta a seu favor e que se deve ao facto de estarem “virgens, apenas com a informação de base”, e sem o impacto da exposição aos vários elementos.

Sobre o pioneirismo de um transplante numa criança tão pequena, José Fragata considerou-o “mais um passo na ousadia do desenvolvimento”.

OMS diz
A Organização Mundial de Saúde anunciou que o vírus Zika, associado a graves anomalias cerebrais em recém-nascidos, deixou de...

“O vírus Zika continua a ser um problema extremamente importante a longo prazo (…), mas já não é uma emergência de saúde pública de alcance mundial”, declarou o presidente do comité de urgência da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o Zika, durante uma conferência de imprensa virtual.

A declaração de emergência sobre o vírus estava em vigor há nove meses e a organização vai agora apontar para uma abordagem a longo-prazo no combate ao Zika.

Só no Brasil, foram registadas mais de 2.100 malformações do sistema nervoso.

O Zika é disseminado principalmente por picada de mosquito, mas o contágio também pode ocorrer através de relações sexuais. Para a maioria dos infetados, os sintomas são febre, urticárias e dores nas articulações.

A decisão de retirar o estatuto de emergência, decretado a 01 de fevereiro, foi tomada durante a quinta reunião do Comité de Urgência, realizado em Bruxelas.

“Como a pesquisa demonstrou um vínculo entre o vírus e a microcefalia, o Comité de Urgência considerou que um mecanismo técnico sólido de longo prazo será necessário para organizar uma resposta global”, indicou, em comunicado, a OMS.

O Comité de Urgência considerou que o vírus Zika e as suas consequências são um desafio persistente e importante para a saúde pública, que exige uma intensa ação, mas já não é uma “emergência de saúde pública” como definida pelos regulamentos internacionais, explicou a OMS.

Desde 2015, 73 países foram afetados pelo vírus Zika, a maior parte dos quais na América Latina e Caraíbas, e cerca de 23 países anunciaram ter constatado casos de microcefalia ligados ao vírus.

“A infeção com Zika e as consequências a ele associadas vai continuar a ser acompanhada pela OMS, governos e outros parceiros da mesma forma que outras ameaças e doenças infeciosas”, refere, em comunicado, a organização.

Segundo a OMS, muitos aspetos da doença e consequências a ela associadas continuam a ser estudadas.

Duas vacinas contra o Zika estão atualmente a ser avaliadas, refere a OMS, sublinhando que e os resultados da primeira fase de ensaios clínicos já estão a ser examinados.

No Porto
O provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, propôs o projeto-piloto de uma comissão de proteção de...

Durante a cerimónia de inauguração das novas instalações da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares chamou a atenção, dirigindo-se ao primeiro-ministro, António Costa, para a “necessidade de se criarem condições legislativas para a existência, a exemplo das comissões de proteção de menores, de comissões de proteção de idosos”, disponibilizando-se assim para trabalhar com a Câmara Municipal do Porto nesse sentido.

Por seu lado, o vereador da Câmara Municipal com o pelouro da Ação Social, Manuel Pizarro, mostrou a “completa disponibilidade” da autarquia para um projeto desse tipo, dizendo-se certo de que “num período relativamente breve, num contexto daquilo que é a afirmação do Porto como cidade amiga das pessoas idosas haverá o desenvolvimento de projetos, nomeadamente com a Santa Casa da Misericórdia, nesse sentido”.

“Uma das prioridades da rede social é o reconhecimento que o aumento da longevidade - que é em si mesmo uma coisa boa - transporta novos problemas. Vivemos numa cidade onde há dezenas de milhares de pessoas com mais de 65 anos que vivem sós e reconhecemos que é necessário desenvolver programas especiais para que essas pessoas se sintam mais seguras”, declarou o vereador socialista.

António Tavares realçou que a Santa Casa da Misericórdia do Porto está disponível “para ajudar no debate que é inverter o paradigma do envelhecimento em Portugal”, dando prioridade a um “modelo de envelhecimento ativo com um novo tipo de serviço de apoio domiciliário onde se possa introduzir tecnologia, acrescentar serviços de saúde, com enfermeiro e médico em casa e se aumente o apoio aos cuidadores informais e às famílias”.

Ainda em declarações dirigidas ao primeiro-ministro, o provedor da Misericórdia do Porto propôs-se a ajudar o Governo no sentido de “produzir o voto em braille ou de dupla leitura”.

21 de Novembro - Dia Europeu da Fibrose Quística
A Associação Nacional de Fibrose Quística alertou para a necessidade de criar centros de referência que façam o seguimento...

A propósito do Dia Europeu da Fibrose Quística, que se assinala hoje, a coordenadora científica da Associação Nacional de Fibrose Quística (ANFQ), Celeste Barreto, lembra a necessidade de definição de Centros de Referência para o tratamento e acompanhamento de doentes com esta patologia, “um passo importante para o seguimento dos doentes e também para o desenvolvimento da investigação multicêntrica em Portugal”.

Estes centros têm a capacidade de garantir um alto nível de cuidados médicos que permite aos doentes beneficiar de todas as opções diagnósticas e terapêuticas que lhes possibilitem uma maior esperança de vida, melhor qualidade de vida e redução dos custos da doença.

No entanto salientou que Portugal tem, em relação a esta matéria, uma “posição muito avançada em relação a outros países da Europa”.

A responsável referia-se a um despacho deste ano, no qual o Governo confirma a necessidade de reconhecimento destes centros ainda durante 2016.

Trata-se do despacho que define que fibrose quística é uma área em que deve ser prioritário o seguimento destes doentes, afirmou, acrescentado que se aguarda agora o aviso de abertura para as candidaturas a centro.

Nessa altura serão definidos os critérios exigíveis para os hospitais e unidades que se candidatem, tais como número de doentes em seguimento, constituição das equipas multidisciplinares, apoios de especialidades, meios complementares de diagnóstico e seguimento, investigação, ligações a redes europeias e até se haverá ou não parceria entre hospitais.

“A comissão nacional dos centros de referência é que vai definir isso com a Direção Geral da Saúde, que também faz parte da comissão. As coisas estão a ser discutidas para rapidamente ser criado”, afirmou.

As equipas multidisciplinares têm que ter pessoas com experiencia na área e especialidades de apoio na área de diagnóstico e tratamento para complicações que surjam, sublinhou, explicando que para “seguir estes doentes que têm uma doença complexa, a experiencia é fundamental”.

Além da vertente de seguimento dos doentes, é fundamental que estes centros tenham também uma componente formativa e de investigação.

Estes centros têm ainda que obedecer a critérios exigíveis a nível da comunidade europeia, para que os doentes que se deslocam entre países saibam onde se devem dirigir para ter os apoios necessários, à semelhança do que já acontece com as doenças metabólicas.

No que respeita à investigação na área clínica, o objetivo é estabelecer uma parceria com instituições de ciência básica, em que a equipa de investigadores está afiliada com estes centros para fazer investigação onde estão doentes.

“Concentra-se o polo de acompanhamento com investigação”, frisou a responsável.

A fibrose quística é uma doença hereditária de elevada mortalidade que se caracteriza por uma produção anormal de secreções e que resulta numa série de sintomas, entre os quais a afeção do tubo digestivo e dos pulmões, provocando muitas vezes a morte ainda na juventude.

Estima-se que em Portugal existam entre 380 a 400 pessoas com esta doença.

Universidade de Aveiro
Um jogo de realidade virtual, desenvolvido na Universidade de Aveiro, ajuda a combater a fobia a aranhas e minimizar os...

O “Veracity”, desenvolvido por Bernardo Marques, durante o Mestrado Integrado em Engenharia de Computadores e Telemática (MIECT) da Universidade de Aveiro (UA), permite, através da realidade virtual, colocar quem sofre de fobia a aranhas em contacto visual com esses insetos, enquanto monitoriza as reações fisiológicas e comportamentais dos utilizadores.

Com capacidade para ser utilizado em vários outros tipos de fobias, os registos podem ajudar os psicólogos a ajustarem o processo terapêutico.

O jogo foi projetado com a colaboração de uma equipa multidisciplinar da UA, que envolveu investigadores do Departamento de Engenharia Eletrónica, Telecomunicações e Informática, do Departamento de Educação e Psicologia, do Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

O Veracity permite monitorizar a resposta fisiológica das pessoas (como é o caso dos batimentos cardíacos) e comportamental (como os movimentos da cabeça e das mãos) quando expostas a estímulos gerados através do uso de Realidade Virtual.

Partindo da terapia de exposição, que consiste em ir expondo o indivíduo fóbico ao elemento que lhe causa transtorno até que este aprenda a lidar com o seu medo, o Veracity tira partido da realidade virtual para efetivar a exposição de forma menos agressiva do que seria o confronto com o animal vivo.

O jogo está subdividido em vários níveis, onde o indivíduo fóbico é exposto gradualmente, e à velocidade decidida pelo terapeuta, aos estímulos alvo, permitindo encontrar objetos fóbicos e não fóbicos, sobre a forma de objetos 3D, em que a interação é feita através de gestos.

Uma vez na posse dos dados que registam as reações dos participantes, terapeutas e psicólogos podem acompanhar, avaliar e ajustar o tratamento ao longo do processo terapêutico.

Testado já em pessoas com medo a aranhas, o Veracity pode ser adaptado também à fobia a baratas ou mesmo a cobras e a outros elementos de pequeno porte.

Consumo de antibióticos diminuiu
Bactérias resistentes a três ou mais antibióticos, conhecidas como “super bactérias”, têm sido identificadas em Portugal,...

A propósito do Dia Europeu do Antibiótico, que se assinala hoje, a Direção-Geral da Saúde e o Infarmed organizaram uma conferência de imprensa para revelar os últimos dados relacionados com estes medicamentos e as infeções que, em parte, estão relacionadas com o uso indevido destes fármacos.

Manuela Caniça, do Departamento das Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), revelou que desde 1999 houve “uma progressão bastante elevada da resistência da Staphylococcus aureus à meticilina” (MRSA).

Em 1999, a percentagem dessa resistência situava-se nos 36,9 por cento e em 2011 atingiu os 54,6 por cento. Em 2014 esse valor era de 47,4%, descendo para os 46,8 por cento em 2015, uma descida que agrada às autoridades de saúde.

Contudo, a diminuição da suscetibilidade da bactéria Klebsiella pneumoniae aos carbapenemes (antibiótico) aumentou, passando de 0,7 por cento em 2008 para os 3,7 por cento em 2015.

Manuela Caniça manifestou apreensão com este dado, tendo em conta que os carbapenemes são “uma das últimas terapias em certas infeções”.

Carlos Palos, da direção do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), disse que, em relação à “Portugal tem vindo a fazer melhorias”, mas reconheceu que ainda são necessários mais avanços.

O presidente do PPCIRA, Paulo André Fernandes, reconheceu que existem várias bactérias como a MRSA identificadas, escusando-se a revelar o número de casos que costumam surgir anualmente.

O especialista adiantou que, embora resistentes a três ou mais antibióticos, estas bactérias acabam por sucumbir à intervenção que pode passar por maior quantidade de antibiótico ou o cruzamento de vários antimicrobianos. Há, “como em todas as bactérias”, casos em que o medicamento não funciona, disse.

Por esta razão, especificou, os antibióticos devem ser usados como as “joias terapêuticas” que são e assim evitar que infeções banais não consigam ser tratadas.

Ana Silva, do Infarmed, revelou que o consumo de antibióticos em Portugal diminuiu três por cento no primeiro semestre do ano, comparativamente a período homólogo de 2015.

Em meio hospitalar, o consumo de antibióticos aumentou 1,3% em 2015, tendo diminuído um por cento nos primeiros seis meses deste ano, face ao ano anterior.

Em ambulatório, em 2014 foi registado um aumento de 4,6%, mas no primeiro semestre de 2016 já ocorreu uma descida de 3,1 por cento, face a igual período de 2015.

O consumo de quinolonas – o “antibiótico que mais preocupa em meio hospitalar” – diminuiu 14,9% entre 2010 e 2015.

O presidente do PPCIRA, Paulo André Fernandes, enalteceu a descida das infeções que decorrem das intervenções cirúrgicas, exemplificando com o caso da operação ao cólon e reto que, em 2011, se situava nos 20,73 por cento e que no primeiro semestre do ano era de 18 por cento.

Dado menos positivo é o aumento da sépsis em unidades de cuidados intensivos neonatais: 11,4 por cento em 2015 e 12,6 por cento em outubro de 2016. A análise sobre este aumento ainda não está feita, mas Paulo André Fernandes recordou que hoje em dia a medicina consegue que sobrevivam bebés cada vez mais pequenos (pré-termo), os quais precisam de muito apoio técnico.

“Admitimos que esta cada vez maior sensibilidade e imunodepressão dos recém nascidos poderão justificar esta evolução”, adiantou.

Desequilíbrio da flora intestinal
Neste artigo, o gastroenterologista Jorge Fonseca fala-nos de um efeito secundário, bastante frequen
Diarreia e antibióticos

A diarreia é um efeito secundário frequentemente associado à toma de antibióticos e pode surgir durante a toma ou até 2 meses após o final do tratamento.

Num indivíduo saudável, o intestino está colonizado por diversas bactérias de diferentes espécies. Muitas destas bactérias são benéficas e contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal, antigamente chamada flora intestinal. A relevância do equilíbrio ecológico da microbiota intestinal para a saúde tem sido sobejamente demonstrada.

Os antibióticos são prescritos para combater infeções bacterianas, eliminando os microrganismos responsáveis pela infeção. No entanto, para além de eliminarem as bactérias nocivas, atuam num largo espectro de bactérias, levando a alterações do equilíbrio natural dos microrganismos intestinais. Como consequência pode ocorrer diarreia associada à toma do antibiótico. A incidência deste tipo de diarreia depende de inúmeros fatores tais como o antibiótico administrado, a duração do tratamento, o contacto com agentes infeciosos e a suscetibilidade do doente em questão.

Independentemente dos mecanismos envolvidos na etiologia da diarreia infeciosa, pode observar-se, habitualmente, um desequilíbrio da flora intestinal. O método principal de proteção do ecossistema intestinal contra a agressão microbiana é a ação sinérgica dos seus mecanismos de regulação e defesa (barreira microbiana, barreira imunitária, movimentos intestinais) que asseguram uma situação de equilíbrio. Estes são os principais meios de defesa do ecossistema intestinal contra as agressões de origem microbiana exógenas ou endógenas.

Como se trata a diarreia aguda?

Uma das principais consequências da diarreia é a desidratação, pelo que a primeira medida a implementar é a reposição de líquidos e sais para garantir a hidratação. Também se deve ter cuidado com a alimentação e ingerir alimentos que reduzam a diarreia. Se necessário, podem ser administrados medicamentos para alívio dos sintomas.

O tratamento com fármacos antidiarreicos com ação obstipante, apesar de ser muito comum, não traz benefícios práticos em casos de diarreia aguda. Estes medicamentos podem diminuir a frequência de dejeções, no entanto não aceleram a eliminação dos agentes patogénicos.

A utilização de antibióticos no tratamento da diarreia apenas é recomendada em casos muito específicos e requer sempre a avaliação médica.

Alguns microrganismos vivos (bactérias e leveduras), tais como Lactobacillus rhamnosus, Bifidobacterium bifidum e Saccharomyces boulardii, não patogénicos, são utilizados na prevenção e tratamento da diarreia provocada por diferentes agentes etiológicos. Para que estes microrganismos exerçam a sua ação benéfica no intestino, é necessário que os mesmos sejam resistentes à acidez do estômago, aos fluidos intestinais e à temperatura corporal (aproximadamente 37ᵒC). Estes microrganismos, ao modificarem a composição da microbiota intestinal, criam condições que limitam a multiplicação dos agentes patogénicos.

Saccharomyces boulardii – Tratamento da diarreia aguda e prevenção da diarreia associada à toma de antibióticos

A temperatura ideal para o Saccharomyces boulardii é entre os 22-30℃, no entanto esta levedura sobrevive aos 37℃, dando-lhe a vantagem de ser um dos microrganismos vivos utilizados que melhor resiste à temperatura do corpo humano.[1]

O efeito benéfico de S. boulardii é conseguido através de diversos mecanismos, entre os quais a adesão à superfície da mucosa intestinal, competindo com os agentes patogénicos; fortalecimento do efeito barreira da mucosa intestinal e estimulação das defesas imunitárias não específicas.

A associação de Saccharomyces boulardii à terapêutica com antibióticos, em crianças e adultos, reduz o risco de ocorrência de diarreia associada à toma de antibióticos.

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[1] World Journal of Gastroenterology, World Journal of Gastroenterology www.wjgnet.com Volume 16 Number 18 May 14 2010 

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
No Porto
Uma aplicação que auxilia diabéticos do tipo I (dependentes de insulina) na gestão da patologia foi desenvolvida por...

Para tal, a aplicação MyDiabetes possibilita ao utente a introdução diária de registos de glicemia, insulina, refeições, exercício físico e 'stress', entre outros, indicou o investigador Pedro Brandão.

De maneira a fornecer conselhos aos utentes, os envolvidos no projeto querem "embeber" na aplicação procedimentos para lidar com a doença que o médico endocronologista indica aos diabéticos nas consultas de modo a que, quando confrontado com a situação, o paciente possa recordar a ação a seguir.

Os dados que o utilizador insere diariamente na MyDiabetes são utilizados também para detetar padrões "mais subtis" nos registos efetuados, tendo em conta o que é o conhecimento médico inscrito na aplicação.

"Isto poderá refletir-se em avisos ao paciente sobre o padrão ou mesmo em novos conselhos que são criados baseados nas regras médicas", explicou.

Segundo o investigador, são estas funcionalidades que distinguem esta aplicação de outras existentes no mercado.

A tecnologia tem sido desenvolvida no âmbito de mestrados e de um projeto interno do Instituto de Telecomunicações, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Neste momento, estão envolvidos no projeto três professores do Instituto de Telecomunicações e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência - INESC TEC, um aluno de doutoramento da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, dois médicos endocronologistas e um enfermeiro do Hospital São João e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

26 de Novembro - Dia da Anemia
Foi ontem apresentada a campanha Uma saúde de Ferro é uma saúde sem Anemia no âmbito do Dia da Anemia, que se assinala no...

A deficiência de ferro, uma das principais causas de anemia, atinge cerca de um em cada três portugueses adultos, sendo essencial sensibilizar para a necessidade de prevenir a progressão para a condição mais grave - a anemia. Em Portugal 52.7% de todos os casos de anemia é devido a deficiência de ferro. No dia 26 de novembro (sábado) irá realizar-se um rastreio de Anemia e Deficiência de  ferro no Arrábida Shopping e no Centro Comercial Colombo.

O ferro é um nutriente essencial para o organismo, para a saúde física e mental e para manter os níveis de energia adequados à atividade. A deficiência de ferro pode provocar vários sintomas, como por exemplo a fadiga, tonturas, falta de ar, maior suscetibilidade para infeções, aftas, dores de cabeça, queda de cabelo, intolerância ao frio, etc. A anemia causada por deficiência de ferro tem um impacto significativo na saúde, aumentando o risco de morbilidade e mortalidade hospitalar. Os doentes com anemia apresentam sintomas de fadiga e têm uma qualidade de vida reduzida quando comparados com doentes não-anémicos, tendo um impacto negativo na sua produtividade.

Em Portugal, segundo o estudo EMPIRE, um em cada 5 portugueses são afetados por anemia em algum momento da sua vida e 84% dos afetados não tinha conhecimento de ter a patologia. Apenas 2% dos inquiridos estava a fazer tratamento no momento do inquérito.

Para Robalo Nunes, presidente do Anemia Working Group, “é essencial sensibilizar a população para este tema, pois normalmente subvalorizam um dos sintomas mais comuns - a fadiga - associando-o a outras situações. No entanto, a deficiência de ferro ou a anemia, quando não é tratada poderão ter implicações sérias na qualidade de vida do doente”.

Perante o diagnóstico o tratamento depende do que é mais adequado a cada situação e a cada doente.

Para mais informações sobre este tema consulte:

www.deficiênciadeferro.pt ou f/AWGP

Dia Europeu do Antibiótico
Apesar da utilização de antibióticos ter vindo a descer nos últimos anos, seis em cada dez portugueses ainda acreditam que...

“Os pais acreditam que se as crianças tomarem antibiótico vão melhorar mais rápido. Logo à partida vai destruir a flora intestinal que é essencial para o nosso sistema imunitário e provocar obstipação, prisão de ventre ou diarreia. Mas é a longo prazo que o impacto é mais grave. Estamos a criar uma geração mais resistente à ação dos antibióticos e a aumentar a proliferação de 'superbactérias', o que quer dizer que os antibióticos vão ser cada vez menos eficazes nos casos que são realmente necessários e os nossos filhos cada vez mais vulneráveis às bactérias”, explica o especialista no âmbito do Dia Europeu do Antibiótico que se assinala hoje.

A prescrição deste tipo de medicamento apenas para as doenças bacterianas é o primeiro passo para inverter esta tendência, mas também há uma parte preventiva do processo que se faz através do reforço do sistema imunitário. 

Sabia que há alimentos que destroem o sistema imunitário?
Há um ano, a OMS colocou as carnes processadas na lista de alimentos potencialmente cancerígenos, lado a lado com produtos como o tabaco ou o amianto. No entanto, este tipo de alimentos tem uma lista mais vasta de malefícios. “Obrigam o organismo a perder mais tempo a digeri-los, o que dificulta o processo digestivo e destroem o sistema imunitário devido aos químicos que têm na sua composição, 'entupindo' todos os órgãos que são 'filtros', como o rim, o fígado e até os intestinos”, ressalva Hélder Flor.

Segundo o técnico há também alguns alimentos e produtos que podem reforçar o sistema imunitário e que normalmente se encontram em forma de suplemento, como é o caso do cogumelo coriolus versicolor, com efeitos científicos comprovados no combate ao cancro, a angélica sinensis, a equinácia e até o ginseng, se a pessoa não for hipertensa. Além disso, na Medicina Tradicional Chinesa “há um ponto localizado na perna que ao ser estimulado pelo recurso à acupunctura melhora o sistema imunitário”, acrescenta Hélder Flor que recomenda vários alimentos que ajudam a fortalecer o sistema imunitário como o chá de gengibre e canela, a cenoura com o açúcar mascavado e o chá de limão com mel.

Resistência a antibióticos pode vir a matar milhões
Segundo a Organização Mundial de Saúde, se nada for feito mais efetivo do que até agora, em 2050 morrerão anualmente cerca de 390 mil pessoas na Europa e 10 milhões em todo o Mundo em consequência direta das resistências aos antimicrobianos. E apesar de Portugal estar a obter bons resultados na redução da ingestão de antibióticos, ainda tem um longo caminho pela frente no que respeita à informação, sendo que 60% dos portugueses ainda pensam que os antibióticos são eficazes no combate de vírus e 50% acreditam que são indicados para constipações e gripe.

Sea Quest Hero
Utilizadores estão a contribuir para a luta contra a doença de Alzheimer. Em seis meses, os investigadores conseguiram dados...

Mais de 2,4 milhões de pessoas descarregaram o jogo Sea Quest Hero desde maio, contribuindo para aquela que já é considerada a maior investigação sobre demência alguma vez feita. Ao ajudarem um idoso, ex-explorador dos oceanos, a recuperar as suas memórias entre mares e pântanos, os jogadores forneceram dados equivalentes a 9400 anos de pesquisa laboratorial.

Até agora foi possível saber que a capacidade de orientação espacial começa a perder-se após o início da idade adulta, que os homens têm um sentido de orientação ligeiramente melhor do que o das mulheres e que os países nórdicos superam todos os outros. É nos países costeiros que estão os melhores navegadores, escreve o Diário de Notícias.

Quem acede à aplicação para smartphones é convidado a viajar pelo mundo, perseguindo criaturas e recolhendo memórias. Durante o jogo, os dados de navegação espacial e sentido de orientação de cada jogador são recolhidos, de forma anónima, e depois combinados com os de outros jogadores, numa rede de dados. Seis meses depois de ter sido lançado, os resultados preliminares do Sea Quest Hero foram apresentados na conferência Neuroscience 2016, que terminou na quarta-feira, em San Diego. Segundo a BBC, os investigadores da University College London, que analisaram os dados, acreditam que os resultados podem vir a ajudar a desenvolver novas formas de diagnóstico da demência.

Os dados preliminares permitiram aos investigadores concluir que a capacidade de navegação espacial começa a entrar em declínio após a adolescência e vai sendo cada vez menor com o passar dos anos. Outro dado interessante é a forma como o processo de navegação varia nos cérebros das mulheres e dos homens. Diz a mesma publicação que o sexo masculino tem um sentido de orientação ligeiramente melhor do que o sexo feminino e que os países nórdicos superam todos os outros, embora ainda não existam explicações para isso.

As pessoas mais saudáveis, como aquelas que vivem nos países nórdicos, conservam as suas capacidades de navegação durante mais tempo e, no geral, as nações costeiras são aquelas onde existem melhores navegadores.

A diferença entre homens e mulheres não é propriamente uma novidade. "E refere-se à maioria dos homens e à maioria das mulheres", ressalva o neurologista Lopes Lima, lembrando que há exceções. "Os homens geralmente têm mais capacidade para ler mapas e se orientarem, enquanto as senhoras têm maior aptidão para fazer coisas minuciosas, para serem mais rigorosas", explica. Enquanto o hemisfério esquerdo do cérebro "tem mais a ver com a linguagem", o direito é "mais importante para a orientação espacial" e estes estão organizados de forma diferente entre homens e mulheres, o que explica as diferenças observadas no estudo.

Já no que diz respeito às capacidades dos nórdicos, o neurologista acredita que possam estar relacionadas "com a cultura viking, que é uma cultura de grande navegação e que naturalmente passou de pais para filhos", mas diz que não tem uma base científica.

Segundo o neurocientista Hugo Spiers, da University College London, este jogo poderá, no futuro, ajudar a desenvolver um diagnóstico precoce de demências como a doença de Alzheimer - que afeta a memória e a capacidade de orientação espacial - e poderá ser útil em ensaios clínicos de medicamentos relacionados com a demência.

Ainda não existe uma forma eficaz de diagnosticar precocemente a doença, mas Lopes Lima adverte que, embora "no futuro possa vir a ser útil, nesta altura não é". Isto porque, explica, "não há tratamento para evitar que a doença de Alzheimer apareça". Isso só iria piorar a vida de quem tivesse um diagnóstico positivo. "Quando houver tratamento, será importante que haja testes para detetar a doença o mais precocemente possível."

O jogo foi desenvolvido pela Deutsche Telekom e pela Alzheimer's Research UK, uma associação sem fins lucrativos que apoia a investigação nesta área.

Estudo
Crise no setor mantém-se: 69% das farmácias com contas no vermelho.

Cada farmácia regista em média um prejuízo anual de 10 mil euros por prestar o serviço de dispensa de medicamentos à população. Esta é a conclusão de um estudo económico da Universidade de Aveiro, que alerta para o facto da rede de farmácias correr riscos de desagregação, já que 69% destas micro e pequenas empresas registaram prejuízos.

A Universidade de Aveiro conclui que “a tendência de resultados negativos que se verifica no setor de farmácias, põe em causa o acesso da população ao medicamento e à assistência farmacêutica, um dos pilares fundamentais do nosso SNS e do direito à Saúde Consagrado na constituição da República Portuguesa”.

O estudo “Sustentabilidade Da Dispensa De Medicamentos Nas Farmácias Em Portugal” baseia-se nas demonstrações financeiras e volumes de faturação reais de 1.927 farmácias, nos anos 2014 e 2015.

18 de Novembro - Dia Europeu do Antibiótico
O Dia Europeu do Antibiótico assinala-se hoje e apesar do consumo em Portugal ter descido quatro por cento no último ano, ainda...

De acordo com dados da QuintilesIMS, empresa que resultou da fusão da consultora IMS Health e do produtor mundial de serviços de saúde integrados Quintiles, entre outubro de 2015 e setembro de 2016 foram vendidos em Portugal 8,5 milhões embalagens de antibióticos em farmácias.

A mesma fonte revela que a venda destes medicamentos ascendeu aos 61 milhões de euros, abaixo dos 65 milhões de euros registados no ano anterior.

Segundo a QuintilesIMS, estes dados indicam uma descida de quatro por cento, face ao ano anterior.

A empresa refere que a subclasse de penicilinas de largo espectro continua a liderar o consumo de antibióticos, representando no último ano 41 por cento das vendas em valor deste medicamento.

O Dia Europeu dos Antibióticos visa promover uma utilização adequada dos antibióticos e informar os doentes acerca dos riscos da automedicação com estes medicamentos.

Com este propósito, o Infarmed e a Direção-Geral da Saúde (DGS) associaram-se para promover uma campanha através da internet e das redes sociais, no âmbito de uma iniciativa do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) para chamar a atenção para o alarmante aumento da resistência aos antibióticos que é observado em toda a Europa.

Um relatório conduzido pelo economista Jim O’Neill, apresentado em maio, indica que a resistência aos antibióticos poderá vir a matar em 2050 mais dez milhões de pessoas por ano face ao que acontece atualmente, ou seja, uma pessoa em cada três segundos.

“É preciso que isso se torne uma prioridade para todos os chefes de Estado”, afirmou na altura O’Neill, citado pela agência France Presse, ao propor uma bateria de medidas a implementar.

O relatório apela à mudança drástica na maneira de utilizar os antibióticos, cujo consumo excessivo e má utilização favorece a resistência das “super-bactérias”.

A primeira investigação sobre a resistência aos antibióticos, publicada há um ano em Genebra, revelou que todas as pessoas podem um dia ser afetadas por uma infeção resistente a estes medicamentos.

Na apresentação deste estudo, a diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, referiu que o aumento da resistência aos antibióticos representa “um imenso perigo para a saúde mundial”.

Esta resistência, acrescentou Margaret Chan, “atinge níveis perigosamente elevados em todas as partes do mundo”.

A resistência ocorre quando as bactérias evoluem e se tornam resistentes aos antibióticos utilizados para tratar as infeções.

Este flagelo mundial é sobretudo devido ao consumo excessivo de antibióticos e à sua má utilização.

Cemitério de Agramonte
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto anunciou que vai realizar uma cerimónia, na próxima quarta-feira, para...

A cerimónia vai ter lugar às 15:00 no Serenarium do Cemitério de Agramonte, no Porto, local onde se encontram as cinzas dos dadores, no que a responsável pelo Departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Dulce Madeira, espera que seja um momento simbólico que passe a ter lugar uma vez por ano.

Para a professora catedrática da FMUP, a cerimónia vai ter duas finalidades: “A primeira é obrigar as pessoas, os meus colaboradores e os meus estudantes a parar meia hora que seja para pensar neste assunto. Penso que para muitos dos meus alunos é a primeira vez que vão entrar num cemitério e, portanto, só isso vale mais do que muitas horas que a gente gasta a explicar a importância da doação cadavérica e o respeito que tem que se ter pelos cadáveres”.

Por outro lado, Dulce Madeira destaca que o objetivo é também dirigir-se aos dadores que estão vivos e seus familiares para lhes mostrar que são lembrados, num ato “da mais elementar justiça”.

A também investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde realçou que este ano tem assistido a um aumento significativo do número de cadáveres recebidos pela FMUP, salientando que recebem, em média, um formulário de doação por dia.

Ao contrário dos órgãos - em que qualquer pessoa, em caso de morte, é dadora desde que não se tenha manifestado contra em vida - para doar o cadáver é preciso que uma pessoa “em vida e no seu estado de consciência normal [tenha decidido] voluntariamente entregar o seu corpo para fins de ensino e de investigação”, havendo também conhecimento e consentimento por parte da família.

“Até há pouco tempo diria que recebia menos de 5% das doações”, constatou Dulce Madeira, que frisou que o aumento registado recentemente pode significar que “as pessoas agora estão mais sensibilizadas, não só para dar como para compreender que os seus familiares deram e respeitar a sua vontade”.

Os cadáveres ficam na posse da FMUP durante diferentes períodos e, quando terminado o processo de estudo e investigação, são, em geral, cremados e depositados no Cemitério de Agramonte.

“A doação de cadáveres para estudo e investigação é um ato de generosidade e filantropismo. Contribui para formar melhores médicos, com conhecimentos mais sólidos e de maior humanismo e, portanto, mais aptos a tratar dos vivos. Com esta homenagem, singela no seu recorte mas de profundo significado social, pretende-se manifestar um universal reconhecimento por este exercício de grada solidariedade humana”, sublinhou a FMUP.

Cuidados a ter
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o aumento da resistência aos antibióticos representa u
Antibióticos e bactérias

O termo “antibiótico” significa literalmente “substância que mata organismos vivos”, mas na linguagem médica apenas se aplica às substâncias que afectam bactérias e não às que são usadas para combater outros tipos de micro-organismos, como os vírus, os fungos e os parasitas (chama-se antimicrobianos ao conjunto dos antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasitários).

Os antibióticos são substâncias químicas, de origem natural ou produzidas sinteticamente, capazes de destruir bactérias (antibióticos bactericidas) ou de impedir a sua multiplicação (antibióticos bacteriostáticos) sem afectar as células das pessoas, animais ou plantas aos quais são administrados.

Os antibióticos bacteriostáticos não matam directamente as bactérias, mas suspendem o seu crescimento ou a sua reprodução, dando tempo a que o organismo infectado tenha tempo para as destruir com os seus próprios sistemas de defesa, o que significa que só devem ser usados em doentes cujo sistema imunitário funcione correctamente .

Os antibióticos bactericidas matam directamente as bactérias, independentemente do funcionamento dos sistemas de defesa dos doentes, o que garante melhores resultados quando estes têm o sistema imunitário debilitado.

Existem centenas de antibióticos diferentes, que se dividem, conforme a sua estrutura química, em oito grandes grupos ou famílias e alguns grupos isolados. Os antibióticos actuam por diversos mecanismos, modificando a estrutura da parede das bactérias (o que promove a sua destruição) ou interfindo no seu metabolismo energético, na produção de proteínas ou na síntese do ADN bacteriano (o que condiciona a reprodução, o crescimento ou o funcionamento das bactérias, que se reproduzem muito depressa, quando estão activas).

Apesar da grande diversidade dos antibióticos e dos seus diferentes modos de acção, nem todos são eficazes contra todas as bactérias: os que são capazes de combater muitos tipos de bactérias designam-se por antibióticos de largo espectro, por oposição aos antibióticos de espectro reduzido, que atacam poucos tipos de bactérias.

Mesmo quando uma bactéria é naturalmente sensível a um dado antibiótico, ela pode desenvolver mecanismos de defesa contra a sua acção, tornando-se resistente. O problema da resistência das bactérias aos antibióticos é que estes mecanismos podem ser transmitidos à sua descendência e até a outras bactérias com as quais convivem, amplificando o processo e levando à criação de estirpes bacterianas multirresistentes, conhecidas como superbactérias o que constitui um grave problema de saúde pública e pode originar milhões de mortes.

Por outro lado, admite-se que as bactérias actualmente resistentes aos antibióticos conhecidos possam ser mortas ou inactivadas por outras substâncias (antibióticos naturais) que ainda desconhecemos ou que havemos de criar em laboratório, havendo um longo caminho a percorrer para se compreender melhor as bactérias e a forma de as combater, no pressuposto que a grande maioria das espécies bacterianas não provoca doenças. Sabe-se hoje que o nosso corpo aloja triliões de bactérias (ao todo pesam entre 2 e 3 Kg), que vivem em simbiose connosco, sobretudo na pele, no tubo digestivo e nas vias aéreas e são fundamentais para a nossa saúde. Em geral, apenas provocam doenças quando o nosso sistema imunitário falha e deixa de as controlar e/ou quando as bactérias acedem a órgãos sensíveis, como sucede nas queimaduras, nas feridas, nas cirurgias ou no uso de algálias, sondas, cateteres e tantos outros dispositivos médicos invasivos.

O primeiro antibiótico - a penicilina - foi descoberto em 1929 e usado pela primeira vez em 1942. Desde então, os antibióticos são largamente utilizados para tratar ou prevenir infecções bacterianas, tendo servido para salvar milhões de pessoas da morte provocada por pneumonias, tuberculose, difteria, meningites, septicémias, infecções de feridas e queimaduras e tantas outras infecções graves.

Tal como na medicina humana, os antibióticos são usados em veterinária para tratar ou prevenir infecções bacterianas em animais. Em ambos os casos, é importante que se faça um uso criterioso e rigoroso destas importantes armas terapêuticas, o que passa pela correcta identificação das doenças a tratar (não usar em infecções provocadas por vírus, fungos ou parasitas), pela escolha do antibiótico mais adequado a cada infecção (o de espectro de acção mais reduzido possível, que não ataque as bactérias que não provocam essas doenças), e pelo rigor na escolha e no cumprimento do esquema terapêutico (menor duração possível, tomas em horários certos, interacção com alimentos, álcool e outros medicamentos, etc.), de modo a reduzir o aparecimento de resistências.

O uso mais controverso dos antibióticos, e que muito tem contribuído para o aparecimento e desenvolvimento de estirpes bacterianas resistentes, é na agricultura (como pesticidas, para controlar infecções bacterianas de algumas plantas cultivadas) e sobretudo na produção animal (para prevenção indiscriminada de infecções, nomeadamente em aquacultura, e como promotores de crescimento na pecuária, ao adicionar antibióticos à ração de vacas, porcos ou galinhas). A dimensão deste fenómeno é tão grande que, apesar de estas práticas não serem permitidas na Europa, se calcula que cerca de 80% de todos os antibióticos produzidos mundialmente sejam destinados a estes fins e não para uso em medicina humana e veterinária.

Se queremos continuar a beneficiar dos antibióticos temos de reduzir ao mínimo o seu uso, promovendo a nossa saúde, prevenindo as doenças infeciosas, construindo um sistema imunitário robusto e, em caso de doença bacteriana, cumprir escrupulosamente os esquemas de tratamento que a ciência médica tenha como mais convenientes. Será necessário abolir o uso indevido dos antibióticos na agricultura e na produção animal e será preciso desenvolver novos antibióticos e talvez outras armas terapêuticas não químicas, como os vírus bacteriófagos, especialmente desenhados para atacar determinadas bactérias. O futuro é incerto, mas com certeza não queremos perder esta guerra!

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OMS alerta
A Organização Mundial de Saúde alertou hoje que a ameaça de uma pandemia continua real, apesar de terem sido alcançados muitos...

“Estamos atualmente melhor preparados para uma pandemia [surto de uma doença com distribuição geográfica muito alargada] de gripe do que há 10 anos, mas não devemos perder o impulso e ainda enfrentamos a ameaça de uma pandemia em 2016”, disse a subdiretora-geral de Sistemas de Saúde e Inovação da Organização Mundial de Saúde (OMS), Marie-Paule Kieny, numa conferência de imprensa.

“Ninguém pode prever” como será a próxima época de gripe, referiu a agência das Nações Unidas.

A OMS lançou em 2006 o Plano Global de Ação para aumentar o uso de vacinas sazonais com base em dados, no aumento da capacidade de produção e na promoção da investigação e do desenvolvimento.

Na altura, a capacidade de produção de vacinas estava centrada sobretudo em países de alto rendimento.

Atualmente, essa capacidade abrange 14 países, a maioria de alto-médio rendimento, mas também existem nações de baixo rendimento que “fazem esforços para fabricar as próprias vacinas”, assinalou Marie-Paule Kieny.

Em 2006, só 74 países tinham uma política nacional de imunização contra a gripe. Dez anos depois, o número cresceu para 115, incluindo nações de médio-baixo rendimento e uma de baixo rendimento.

Também foi registado um aumento na distribuição de vacinas sazonais em algumas regiões do mundo, em particular na América.

A representante da OMS destacou, no entanto, que estes avanços contrastam com os recuos ou com as diminuições registados em outras regiões do globo, “como a Europa, onde a resistência às vacinas é muito alta”.

Dados divulgados também hoje mostraram que a capacidade de produção global de vacinas contra a gripe pandémica registou melhorias: passaram de cerca de 1.500 milhões de doses em 2006 para cerca de 6.200 milhões de doses em 2015.

Mesmo assim, estes valores são insuficientes para cumprir o objetivo do Plano de Ação, que previa imunizar 70% da população com duas doses (10.000 milhões de doses).

Um dos reptos para o futuro é manter a capacidade de produção, uma vez que tem sido verificado um declínio.

Outro dos desafios identificados pelos especialistas da OMS é a necessidade de apresentar mais dados para projetar estratégias sazonais de vacinação, especialmente em grupos como as crianças e as grávidas e em países de médio-baixo rendimento.

Também será necessário intensificar a investigação sobre a resistência às vacinas para "entender porque as pessoas não estão a ser vacinadas e porque (alguns) médicos não recomendam as vacinas sazonais" contra a gripe, assinalou Marie-Paule Kieny.

Em média, são registados entre três a cinco milhões de casos de gripe e entre 150.000 a 500.000 mortes por ano, dependendo das metodologias.

“Como o vírus está em constante evolução, a ameaça de uma pandemia é real, pode ser amanhã ou daqui a cinco anos, e pode ser suave como em 2009, com a gripe A H1N1, ou muito grave, como a ‘gripe espanhola’ em 1918”, afirmou Wenqing Zhang, do Departamento de Doenças Pandémicas e Epidémicas da OMS.

Em Portugal, e desde outubro último, cerca de 1,2 milhões de doses de vacina contra a gripe estão disponíveis de forma gratuita no Serviço Nacional de Saúde.

A vacinação contra a gripe é gratuita para pessoas a partir dos 65 anos e para internados em instituições. Este ano, e segundo informou a Direção-Geral de Saúde (entidade coordenadora da campanha de vacinação contra a gripe), as vacinas são igualmente gratuitas para os doentes a aguardar transplante, sob quimioterapia, com trissomia 21, fibrose quística, doença neuromuscular e com défice de alfa-1 antitripsina.

De acordo com informações divulgadas esta semana por vários ‘media’, os casos de gripe deste ano podem vir a ser mais graves do que os registados no ano passado. A estirpe considerada mais perigosa (H3N2), associada a vários óbitos, está entre os vírus identificados nos primeiros casos e poderá tornar-se predominante neste inverno.

Dia do Não Fumador 2016
Considerado, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma doença aditiva crónica, o tabagismo é

O tabaco é um aerossol constituído por uma fase gasosa e uma fase de partículas. Para além da nicotina, já foram descritas mais de 4000 substâncias nocivas. Muitas existem na folha do tabaco, outras resultam da absorção pela planta de substâncias existentes no solo ou no ar, como pesticidas e fungicidas, outras são produzidas durante o processo de cura e de armazenamento da folha. Outras substâncias, como o mentol e o cacau, são adicionadas para tornar menos irritante ou aumentar a aceitabilidade, e podem potenciar o efeito aditivo da nicotina.

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma doença crónica aditiva com recaídas. Ao fumar, qualquer pessoa pode rapidamente se tornar dependente da nicotina, que funciona como uma poderosa droga psicoativa, com um ação cerebral apenas comparável à da heroína e da cocaína. Induz uma dependência psicológica que atua por mecanismos de reforços positivos: dá uma sensação de prazer, reduz o stress e a ansiedade, e diminui o apetite e regula o peso, um fator extremamente valorizado sobretudo pelas mulheres.

O tabagismo é uma toxicodependência que se define pelo forte desejo ou compulsão para consumir, a dificuldade em controlar o consumo, a síndrome de abstinência quando a substância não é consumida, o desenvolvimento de tolerância (é necessário doses cada vez maiores para produzir o mesmo efeito) e a persistência do consumo, mesmo com sintomas de doença.

Globalmente, o tabagismo é a principal causa evitável de morte e o mais grave problema de saúde pública a nível mundial, sendo que Portugal não é uma exceção. Se, por um lado, cerca de 2 milhões de portugueses são fumadores, o que corresponde a 20% da população portuguesa, por outro,  o número estimado de mortes associadas ao tabaco em 2013 foi de 12.350 pessoas. Isto significa que, nesse ano, 11% do total de mortes foi devido ao tabaco.

A potente dependência à nicotina torna extremamente difícil deixar de fumar pois a ausência desta substância induz um intenso síndrome de privação relacionado com a elevada dependência física que a ela está associada. Uma vez que o tabagismo está intimamente relacionado com morte prematura e perda de anos de vida saudáveis, a realidade em Portugal está aquém das necessidades relativamente ao número de consultas de cessação tabágica e comparticipação nos fármacos que são utilizados para deixar de fumar. De facto, o agravamento geral das condições socioeconómicas dos portugueses fez-se acompanhar nos últimos anos por uma diminuição na utilização de fármacos para a cessação tabágica.

A nível mundial, o consumo de tabaco ainda está a aumentar, de tal forma que, em apenas 2014, estimaram-se um total de quase 6 mil milhões de fumadores em todo o mundo. Em contraste, em alguns países como o Reino Unido, a Austrália e o Brasil, onde foi implementado um robusto pacote de medidas legislativas contra o tabagismo, verificou-se uma redução significativa no consumo do tabaco. Contudo, esta redução foi largamente compensada pelo aumento desmesurado do número de fumadores na China, que devido à sua grande massa populacional tem um forte impacto na prevalência do tabagismo. Também na Região Mediterrânia Oriental se tem vindo a assistir a um grande aumento no consumo de tabaco.

No que diz respeito a perspectivas e riscos futuros, há uma noção de que em África, onde o desenvolvimento económico e o crescimento populacional poderá vir a  surgir um aumento excecional do número global de fumadores, contribuindo para uma maior prevalência mundial do tabagismo.

Está bem documentada a relação entre o consumo de tabaco e um número considerável de doenças, com particular destaque para o cancro em diversas localizações, as doenças respiratórias, as doenças cardiovasculares, infertilidade e nascimento prematuro.

Na mulher os efeitos são ainda mais nefastos, uma vez que a mulher tem uma maior susceptibilidade ao tabaco e infelizmente, em Portugal, tem-se assistido a um aumento do número de mulheres que fumam. Na saúde reprodutiva da mulher, fumar tem inúmeros efeitos nefastos: aumenta o risco de infertilidade, torna mais difícil conseguir engravidar e reduz o efeito da fertilização assistida.

Cada vez se torna mais necessário intervir sobretudo na prevenção e reduzir o número de pessoas que experimentar fumar.

A maioria dos fumadores começa a fumar cedo, o que justifica atuar nos grupos de adolescentes e jovens através de medidas de informação e de educação como medida preventiva do tabagismo.

Pensando nos jovens que já iniciaram o hábito de fumar, fumar, uma das medidas que reconhecidamente tem mais impacto na redução do consumo neste grupo etário é o aumento anual do preço do tabaco.

É igualmente importante incentivar uma política livre do fumo do tabaco, reduzindo a exposição e aceitação do tabaco, e apostar em medidas publicitárias desmistificando uma eventual associação entre o tabaco e uma maior aceitação social.

Apesar de todos os malefícios do tabaco, ao deixar de fumar, é possível reverter alguns dos dados provocados e obter benefícios indiscutíveis.

Nos primeiros 20 minutos o ritmo cardíaco desce e normaliza, passadas 12 horas o monóxido de carbono no sangue diminui e 1 mês depois de deixar de fumar o risco de enfarte do miocárdio reduz-se.

Os benefícios continuam-se a sentir todos os anos que se está sem fumar e 15 anos após deixar de fumar o risco de doença coronária é quase igual ao de uma pessoa que não fumou.

Embora em qualquer idade seja benéfico deixar de fumar, quanto mais cedo, mais ganhos se obtém para a saúde, mais anos de vida se adquire e mais anos de vida saudável se consegue conquistar.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Simpósio da Sociedade Portuguesa de Oncologia
Uma especialista em oncologia defendeu hoje, na Figueira da Foz, a criação em Portugal de um grupo cooperativo de investigação...

Intervindo no primeiro dia de um simpósio promovido pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), Fátima Cardoso, que pertence à direção da Sociedade Europeia de Oncologia Médica e é especialista em cancro da mama do Centro Clínico Champalimaud, defendeu a criação de uma instituição que funcione como "chapéu" dos grupos de investigação de diversos tipos de cancro, argumentando que "num país pequeno como Portugal, não faz sentido não ter um [grupo] para tudo".

Fátima Cardoso adiantou que este organismo, a que chamou Grupo Português de Investigação Oncológica, poderia funcionar sob a égide da SPO, admitindo, no entanto, que países de dimensão aproximada a Portugal, como a Bélgica - onde também exerce funções diretivas na Organização Europeia de Investigação e Tratamento do Cancro (EORTC) - não possuem um grupo nacional de investigação.

"Mas tem uma rede de instituições com muita experiência, públicas e privadas", esclareceu.

O primeiro dia da reunião da Sociedade Portuguesa de Oncologia, que decorre até sábado, foi dedicado ao 1º Encontro de Internos e Jovens Especialistas, desafiados por Fátima Cardoso a contribuírem para a criação do grupo nacional: "isto deve ser feito pela nova geração", argumentou.

Antes, em resposta a uma questão suscitada na plateia, que defendia a existência de "tempo protegido" para investigação dissociado da prática clínica, Fátima Cardoso frisou que isso "não existe", nem em Portugal nem noutros países.

"Se estão à espera de ter tempo protegido para a investigação, então não vão fazer nada. [Esse tempo] será à noite, será aos fins de semana, será tempo tirado à família, não será tempo retirado à clínica. Eu nunca tive, nem aqui, nem na Bélgica, nem nos EUA. O que é preciso é simplificar a investigação, de forma a poder ser incorporada na prática clínica", disse a especialista.

O simpósio nacional da SPO é subordinado ao tema "Reflexões para o Futuro" e a comunidade oncológica nacional reúne-se para debater as inovações ao nível do diagnóstico e do tratamento do cancro.

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