Maioria não procura ajuda
Um levantamento científico recente conclui que muitos profissionais da aviação comercial não procuram ajuda médica por temerem...

Centenas de pilotos podem sofrer de depressão, mas optam por não procurar ajuda por medo do impacto negativo nas suas carreiras, aponta um estudo mundial publicado este mês.

Mais de um em cada dez pilotos que participaram deste levantamento de forma anónima, realizado através da Internet, mostraram sinais de depressão, de acordo com o estudo realizado pela Universidade de Harvard e publicado no jornal científico "Environmental Health".

"Descobrimos que muitos pilotos atualmente em atividade apresentam sintomas de depressão e pode ser que não estejam à procura de tratamento médico devido ao medo do potencial impacto negativo na carreira", frisa Joseph Allen, coautor do estudo. "Existe um véu de sigilo em torno de questões de saúde na cabine do piloto", acrescenta.

De 1.850 pilotos de mais de 50 países que responderam ao inquérito, escreve o Sapo, 12,6% apresentaram sinais de depressão e cerca de 4% dos entrevistados relataram ter tido pensamentos suicidas nas duas últimas semanas.

O estudo conclui ainda que os que mais sinais de depressão apresentam são os que tomam mais doses de medicamentos para dormir e também os que mais sofrem casos de assédio sexual ou moral.

O estudo surge um ano e meio depois da queda de avião da Germanwings em março de 2015, nos Pirenéus, causada por um copiloto com problemas psiquiátricos. Nenhuma das 150 pessoas que seguiam a bordo da aeronave sobreviveu.

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, criou um dispositivo eletrónico que se liga a um telemóvel e...

A academia transmontana explicou hoje, em comunicado, que com este “sistema inovador” o condutor apenas terá de soprar para um sensor ligado via Bluetooth a um 'smartphone' dotado de uma aplicação que lhe dará a indicação da quantidade de álcool que ingeriu.

O trabalho foi desenvolvido no Departamento de Engenharias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), no âmbito do mestrado em engenharia eletrotécnica e de computadores realizado por Ana Patrícia Queirós Gomes, sob a orientação dos investigadores Lio Fidalgo Gonçalves e Raul Morais dos Santos.

Segundo a universidade, os investigadores criaram um alcoolímetro “smartwatch wearable” complementado por uma aplicação móvel que possibilita a “rápida e fácil estimativa da taxa de alcoolemia por analogia à quantidade de álcool detetado na respiração”.

E, de acordo com os responsáveis, o sistema final mostrou resultados “bastante consistentes e proporcionais” e cuja precisão já foi confirmada através da sua comparação com o aparelho atualmente utilizado pelo comando da Polícia de Segurança Pública de Vila Real”.

Os investigadores destacaram que, com esta aplicação, “o condutor pode aferir a taxa de alcoolemia a qualquer hora” e consideraram ainda que, através desta monitorização, podem “resultar grandes progressos na prevenção de acidentes rodoviários”.

“Pretende-se que este sistema seja portátil, de fácil manuseamento e razoavelmente discreto de forma a ser transportado com o utilizador no seu dia-a-dia permitindo um cómodo acompanhamento e controlo daquele que poderá ser um problema de saúde ou apenas uma situação esporádica”, referiram ainda.

O sistema proposto deverá ser capaz de, em primeiro lugar, recolher amostras de sopro, processá-las e apresentar os resultados num curto espaço de tempo.

Segundo os responsáveis, o dispositivo ‘hardware’ será acompanhado por uma aplicação Android que permitirá o registo de resultados de forma discreta.

 

Desta forma, acrescentaram, pretende-se que o sistema proposto represente “um passo em frente, embora ainda pequeno, no combate à mortalidade associada aos acidentes rodoviários, bem como à doença que representa o alcoolismo que faz parte da realidade portuguesa”.

Celina Turchi
A epidemiologista brasileira Celina Turchi foi distinguida pela revista Nature como um dos cientistas mais influentes de 2016...

"Incluímos Celina Turchi na lista dos 10 da Nature deste ano pelo seu papel no estabelecimento da associação entre as infeções pelo vírus do Zika e a microcefalia, na qual os bebés nascem com cabeças e cérebros anormalmente pequenos", disse o editor da revista Richard Monastersky, em resposta por email à agência Lusa.

A revista científica escolhe anualmente as 10 pessoas mais influentes do ano na investigação, escreve o Sapo, intitulando-as as "dez pessoas que importam na ciência". "Os dez deste ano foram selecionados na base de que estão entre as pessoas que foram mais influentes ou mais importantes na ciência ao longo do ano no mundo", explicou Monastersky.

Da lista constam a porta-voz do LIGO (Laser Interferometer Gravitational-wave Observatory), Gabriela Gonzalez, pela descoberta das ondas gravitacionais, considerada pela Nature como uma das maiores histórias científicas do ano; o astrónomo Guillem Anglada-Escudé por descobrir um planeta com tamanho semelhante à Terra a orbitar a Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol.

Demis Hassabis, cofundador da empresa de inteligência artificial DeepMind, foi distinguido pelo programa informático AlphaGo, que derrotou um campeão do jogo de estratégia Go, "um avanço que demonstra o potencial crescente da inteligência artificial".

Filhos de três pais
O especialista em fertilidade John Zhang foi outro dos cientistas reconhecidos, pelo anúncio de uma técnica de substituição mitocondrial que mistura o ADN de três pessoas e que permitiu fazer nascer um bebé saudável com três pais.

A equipa da Nature escolheu também Kevin Esvelt, que alertou para os perigos de uma técnica controversa que ajudou a inventar e que permite forçar um gene a espalhar-se mais depressa do que o normal por uma população; bem como Terry Hughes, que fez soar o alarme sobre a catastrófica descoloração dos corais da Grande Barreira de Coral, na Austrália.

O químico atmosférico Guus Velders foi eleito por lançar as fundações de um acordo internacional que forçará os países a pararem de produzir e usar os gases com efeito de estufa chamados HFC; enquanto a física Elena Long foi escolhida pela sensibilização para a discriminação de que são vítimas os físicos que provêm de minorias sexuais e Alexandra Elbakyan pelo seu site Sci-Hub, que desafiou as publicações científicas convencionais ao disponibilizar ilegalmente na Internet 60 milhões de artigos.

"Os cientistas na lista dos 10 da Nature de 2016 são um grupo diverso", disse Monastersky, citado num comunicado da revista.

"Mas todos tiveram papéis importantes em grandes acontecimentos científicos este ano, com potencial para provocar a mudança a uma escala global", concluiu.

Publicada em Diário da República
A lista de substâncias e métodos proibidos no âmbito do Código Mundial Antidopagem foi publicada ontem em Diário da República,...

A lista publicada em Diário da República (DR), revoga a Portaria n.º 411/2015, de 26 de novembro. O texto oficial da Lista de Substâncias e Métodos Proibidos é mantido pela Agência Mundial Antidopagem (AMA) e é publicado em Inglês e Francês, sendo que, em caso de conflito entre a versão portuguesa e as versões originais, a versão em Inglês prevalece, escreve o Sapo.

De entre as substâncias e métodos proibidos em competição e fora de competição figuram como substâncias proibidas aquelas que não aprovadas oficialmente, agentes anabolizantes, hormonas peptídicas, fatores de crescimento e substâncias relacionadas e miméticos (entre as quais EPO, CERA e Hormona de Crescimento), hormonas e moduladores metabólicos, como diuréticos e agentes mascarantes.

Como métodos proibidos encontra-se a manipulação do sangue e de componentes do sangue, bem como a manipulação química e física, dopagem genética.

O álcool (etanol) é proibido somente em competição, no Automobilismo (FIA), em Desportos Aéreos (FAI), em Motonáutica (UIM) e no Tiro com Arco (WA).

 

A deteção será realizada pelo método de análise expiratória e/ou pelo sangue. O limite de deteção para considerar um caso como uma violação antidopagem é o equivalente a uma concentração de álcool no sangue de 0,10 g/L.

Associação Americana de Cientistas Farmacêuticos
O vírus Zika sobrevive fora do organismo humano, mantendo-se altamente contagioso durante pelo menos oito horas em superfícies...

A descoberta é revelada pela Associação Americana de Cientistas Farmacêuticos (AAPS).

Os cientistas concluem que o agente infeccioso pode ser transmitido através de agulhas contaminadas ou pelo contacto do vírus com cortes abertos na pele.

Os investigadores asseveram que o vírus permanece altamente contagioso durante oito horas e sobrevive em superfícies duras e não porosas, escreve o Sapo.

"A notícia boa é que desinfetantes comuns, como o álcool isopropílico, são eficazes para matar o vírus nesse tipo de ambientes em apenas 15 segundos", comentou o autor do estudo, Steve Zhou, diretor de virologia e biologia molecular nos Laboratórios Microbac, em Pittsburgh.

O estudo mostrou ainda que a água sanitária e o ácido paracético também são eficazes na eliminação do vírus.

No entanto, quando o vírus está em contacto com sangue, as duas substâncias perdem esse efeito.

O vírus é transmitido principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti e por relações sexuais.

 

O Zika está também associado a casos de microcefalia em recém-nascidos.

Estudo
Sondas fluorescentes em nanoescala que são ativadas na presença de células cancerosas ajudaram cirurgiões a remover tumores em...

A tecnologia potencialmente revolucionária funciona para todos os tipos de cancro, garantem os investigadores à agência de notícias France Presse.

De acordo com os cientistas, a inovação será programada para ser testada em humanos em 2017. Os resultados foram publicados na revista científica Nature Biomedical Engineering.

Nas experiências, sondas microscópicas foram injetadas em ratos, com o objetivo de se iluminarem quando entrassem em contacto com a acidez das células cancerosas, escreve o Sapo. "Os cancros humanos são um pouco mais ácidos do que o tecido normal e estamos a aproveitar essa potencialidade", explica o coautor do estudo Baran Sumer, cirurgião do Southwestern Medical Center da Universidade do Texas.

Em vários tipos de cancro, a cirurgia é a principal opção de tratamento. Garantir que todas as células cancerosas sejam retiradas durante a operação e evitar a remoção de tecido saudável continuam a ser os grandes desafios.

As técnicas atuais de imagem não são sensíveis o suficiente para distinguir células cancerosas de não cancerosas.

A nova técnica usa um corante fluorescente clinicamente aprovado que é compatível com câmaras padronizadas usadas em centros cirúrgicos de todo o mundo.

Como um transistor, que liga quando a voltagem sobe acima de um determinado limiar, as nanossondas acendem na presença de pH ácido.

Quando as nanossondas foram usadas para remover tumores de cabeça e pescoço de ratos, os cirurgiões descobriram que os dispositivos lhes deram uma "especificidade e sensibilidade sem precedentes". As sondas sintéticas iluminaram nódulos tumorais com menos de um milímetro de diâmetro.

 

"Isso fornece aos cirurgiões uma imagem clara dos limites do tumor durante a cirurgia", concluiu Sumer.

Época festiva
De acordo com Associação Nacional de Segurança Rodoviária, em Dezembro de 2015 ocorreram em Portugal 2742 acidentes rodoviários...

Se esta é uma realidade pouco falada, Luís Teixeira, Presidente da Associação Portuguesa Spine Matters e médico ortopedista, defende que é importante olharmos também para estes números, sendo que em média 30% dos acidentes rodoviários ligeiros são responsáveis por lesões da coluna cervical, nem sempre atempadamente diagnosticadas. O alerta é feito pela Associação Portuguesa sem fins lucrativos que reforça a importância da prevenção e enumera alguns cuidados a ter antes de ir para a estrada.

“A lesão por Whiplash (chicote cervical) é o processo mecânico de hiperflexão e hiperextensão bifásicas. O que acontece é uma compressão dos músculos do pescoço de um lado, enquanto se distendem do oposto, voltando de imediato à sua posição inicial. As suas consequências podem variar muito, desde cervicalgias, que podem ser muito debilitantes, a diversas manifestações músculo-esqueléticas e neurológicas, sendo que os sintomas podem aparecer apenas 12 a 14 horas depois do impacto".

Sinais e sintomas a que devemos estar atentos depois de um acidente de viação:

- Dor e rigidez no pescoço, ombros, parte superior ou inferior das costas
- Cefaleias
- Tonturas, visão turva, dor no maxilar ou a engolir
- Cansaço, irritabilidade ou dificuldades de concentração

"Os problemas na coluna afetam não só o condutor, mas também qualquer passageiro que viaje dentro do veículo, sendo que é importante ter alguns cuidados de forma a proteger a coluna quando conduzimos. São exemplos disso, a postura, a inclinação do corpo, estarmos ou não mais relaxados, tudo isso pode ter uma correlação direta com as lesões dos acidentes ligeiros de viação", acrescenta o especialista, Luís Teixeira, que deixa também alguns conselhos práticos:

- Inclinação do banco: É importante regular a inclinação do banco para estar num ângulo entre 100 a 120º. Uma inclinação excessiva pode ser prejudicial, mas também um banco demasiado reto, que deixe os músculos tensos e desconfortáveis, pode ser igualmente perigoso. Certifique-se de que a sua coluna lombar e costas estão totalmente apoiadas no encosto do banco e nunca conduza só com um braço, que leva a uma maior tendência de inclinação do corpo, o que no momento do embate pode ser muito grave.

- Distância do assento: A distância do assento deve ser ajustada de forma a que a coluna esteja totalmente apoiada no banco, com as pernas e braços levemente fletidos. Na pressão dos pedais de travagem e embraiagem, os joelhos devem permanecer ligeiramente fletidos. Este pormenor é muito importante uma vez que se os joelhos estiverem esticados no momento do impacto a energia pode provocar uma fratura nas pernas, bacia ou mesmo na base da coluna vertebral. No entanto, se dobrar demasiado os joelhos, irá potenciar uma má circulação do sangue, o que é negativo quando conduz muitas horas seguidas, mas também pode uma lesão séria numa colisão.

- Ajuste do volante: Quando existe essa opção no veículo, o volante deve ser posicionado de forma a que o condutor tenha visibilidade do painel sem ter que mover a cabeça para ler alguma informação. No entanto, o mesmo não deve tocar nas coxas. Deve, ainda, segurar-se o volante com as duas mãos. O condutor deve estar na posição correta para que o encosto de cabeça absorva o impacto causado pelo efeito chicote.

 

- Fazer pausas a cada duas horas e alongar o corpo: válido para todas as viagens longas mas também para quem trabalha sentado o dia todo – a possibilidade de hérnia discal é maior, pela sobrecarga lombar.

Fraunhofer Portugal AICOS
Uma nova tecnologia que envolve dança tradicional e tai chi e permite aos idosos treinar a força e o equilíbrio em casa,...

O programa, criado para utilização ao domicílio através de um equipamento ligado ao televisor e um conjunto de quatro sensores, colocados nos braços e nas pernas, pode auxiliar os idosos na prevenção de quedas, situação que, segundo o centro de investigação, é responsável por 50% dos casos de idosos hospitalizados.

Este é um projeto que visa "a promoção da atividade física na terceira idade", disse o gestor de projetos do centro, António Santos, acrescentando que estas modalidades foram escolhidas pela "componente lúdica e de entretenimento que lhes estão associadas".

Apesar de ter sido desenvolvido para uso nos domicílios, nos centros de dia ou nos lares, os investigadores não pretendem que "as pessoas se mantenham sempre em casa", existindo no projeto, para esse efeito, uma componente que serve para estimular a conectividade social.

A recomendação é que este programa, resultante de um trabalho iniciado há seis meses, seja utilizado duas a três horas por semana, "de forma a haver um impacto real na condição física da pessoa", explicou António Santos.

Neste momento, a tecnologia está a ser validada pelos seniores da Rede Colaborar, um grupo de cerca de mil idosos que participam voluntariamente na validação das tecnologias desenvolvidas pelo Fraunhofer Portugal AICOS.

Os voluntários desta rede, com cerca de cinco anos, têm testado a tecnologia no LivingLab, um laboratório do centro, criado em 2011, com o intuito de proporcionar "um espaço acolhedor" e que permita receber as pessoas associadas ao projeto, "muito importantes no teste e na validação de toda a tecnologia" desenvolvida, referiu a investigadora Inês Sousa.

Jorge Mendonça, do Porto, faz parte da Rede Colaborar há cerca de cinco anos e voluntariou-se porque gosta de participar na melhoria da tecnologia. "Sinto-me bem e sempre que possível venho cá".

Através da participação neste grupo, tem "visto coisas importantíssimas", como as aplicações orientadas para a saúde. "Acho bem o que fazem aqui no LivingLab, visto que há pessoas que não podem sair de casa, por qualquer motivo, e desta forma têm ginástica através da televisão", concluiu.

Segundo a investigadora Sílvia Rego, os seniores gostam de participar nestas atividades, que lhes permite estar a par do que tem sido desenvolvido no centro ao nível de tecnologia, aprender coisas novas, beneficiar do convívio com uma equipa jovem e por sentirem que fazem de algo importante para o futuro, que vai ajudar pessoas da mesma idade.

A Fraunhofer Portugal, fruto de um protocolo com a Universidade do Porto, iniciou a atividade em 2008 e, desde então, tem desenvolvido iniciativas na área das tecnologias de informação e comunicação.

"Trabalhamos no apoio à comunidade mais sénior", através das tecnologias para a vida assistida, que ajudam esta população a ter uma vida mais ativa", auxiliando-as "em questões relacionadas com a saúde e com a alimentação, por exemplo", indicou o diretor dos serviços partilhados da Fraunhofer Portugal, Pedro Almeida.

Para além da detenção de quedas e da atividade física, da gestão das doenças crónicas e do bem-estar e da criação de ambientes assistidos, desenvolvem tecnologias direcionadas para os países em desenvolvimento, que passam por soluções móveis que auxiliem as pessoas no seu dia-a-dia, disse ainda Inês Sousa.

O projeto que deu origem a esta tecnologia tem uma duração de três anos.

Estudo
Um estudo do Centro de Neurociências e Biologia Celular revela que a doença de Alzheimer e o envelhecimento cerebral estão...

Uma investigação do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), coordenado por Ana Ledo, evidencia que a doença de Alzheimer “apresenta uma produção desregulada de moléculas mensageiras, o que pode, em último caso, comprometer a produção de energia no cérebro”, afirma a UC numa nota enviada hoje à agência Lusa.

Publicada na revista científica Neurobiology of Aging, a investigação sugere que na Alzheimer “a comunicação entre neurónios, através das sinapses, apresenta falhas caracterizadas pela redução da produção de um mensageiro químico especial que, ao contrário dos mensageiros clássicos, se move entre as células de modo muito rápido”.

A produção do “mensageiro químico óxido nítrico apresenta na doença de Alzheimer alterações muito diferentes das registadas num envelhecimento normal”, refere Ana Ledo, citada pela UC.

Além de comprometer a comunicação entre células, “estas alterações poderão diminuir a capacidade das células produzirem energia para suportar o funcionamento regular do cérebro”, acrescenta a especialista.

“O óxido nítrico, uma molécula muito simples constituída apenas por dois átomos, é essencial à formação de memória e à aprendizagem no hipocampo”, zona cerebral analisada nesta investigação, sublinha a UC.

Mas “a desregulação na sua produção, acompanhada da geração de outras espécies químicas com as quais o óxido nítrico pode reagir, pode induzir alterações moleculares e celulares que estão associados aos mecanismos de morte celular” na doença de Alzheimer.

“Os papéis “positivos” ou “negativos” do óxido nítrico dependem, assim, da sua concentração nos tecidos cerebrais”, entre outros aspetos.

Numa primeira fase da patologia, o óxido nítrico é produzido em grandes quantidades num local específico do hipocampo, de modo a compensar as falhas de comunicação entre neurónios.

A progressão da doença é associada, no entanto, a “uma redução do óxido nítrico disponível para mediar o processo de comunicação, que se poderá explicar em parte pelo desvio da sua bioatividade”, refere a UC, adiantando que, “neste contexto, o óxido nítrico reage dentro das células, produzindo-se moléculas com potencial tóxico”.

A coordenadora do estudo defende que “um melhor conhecimento dos processos bioquímicos, moleculares e celulares subjacentes ao desenvolvimento da doença de Alzheimer permite desenhar novas estratégias terapêuticas, no sentido de travar a progressão da doença ou reverter os seus sintomas”.

A investigação foi realizada num modelo animal da doença de Alzheimer, que desenvolve, ao longo da sua vida, características da doença semelhantes às observadas no ser humano.

A evolução da patologia foi investigada através da observação do tecido do hipocampo de animais jovens, de meia-idade e idosos.

O estudo foi financiado por fundos comunitários, designadamente através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), com apoio dos programas Mais Centro e Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE), através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Direção-Geral da Saúde
O novo Programa Nacional de Vacinação entra em vigor em janeiro, introduzindo a vacina contra a tosse convulsa para mulheres...

Uma nota hoje emitida pela Direção-Geral da Saúde recorda que o novo Programa de Vacinação traz novos esquemas vacinais gerais em função da idade e ainda novos esquemas específicos para grupos de risco ou em circunstâncias especiais.

É o caso das grávidas entre as 20 e as 36 semanas de gestação, que passam a ser vacinadas contra a tosse convulsa - com a vacina contra o tétano, a difteria e a tosse convulsa.

A partir de janeiro, as crianças entre os dois e os seis meses levarão uma vacina com seis valências: contra a hepatite B, contra a doença invasiva que pode provocar meningites e sepsis, contra a difteria, tétano e tosse convulsa.

A vacina BCG contra a tuberculose passa a ser dada apenas a crianças e pessoas com risco acrescido para determinadas doenças.

É introduzida ainda a vacina contra a meningite B (‘neisseria meningitidis’) mas é também dada apenas a crianças consideradas de risco para certas doenças.

Aos cinco anos passa a ser administrada a segunda dose da vacina combinada contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola.

Aos 10 anos de idade as raparigas passam a fazer a primeira dose da vacina contra infeções pelo HPV (vírus do papiloma humano).

Há ainda alterações nos reforços contra o tétano, difteria e tosse convulsa em adultos e adolescentes: a primeira dose é aos 10 anos de idade e há continuação com reforços aos 25, 45, 65 anos e depois de 10 em 10 anos.

Governo garante
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, garantiu hoje que vão ser inscritos mais 80 médicos de família até...

O governante avançou que esta medida vai ao encontro do objetivo do Governo de "dotar todas as famílias de equipas de proximidade até ao final da presente legislatura".

Fernando Araújo disse que este ano surgiram mais 243 médicos de família no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e acrescentou que foram gastos 15 milhões de euros na construção ou remodelação de 36 centros de saúde em todo o país.

"Temos cerca de 60% das medidas do Governo na área da saúde executadas ou com a execução iniciada", referiu o governante, defendendo que "2016 representa um ano de viragem para o SNS".

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde falava esta manhã em Gondomar, distrito do Porto, no lançamento da primeira pedra das futuras instalações do centro de saúde de Baguim do Monte, um equipamento que quer o presidente da câmara, Marco Martins, quer o da junta, Nuno Coelho, descreveram como "muito ansiado pela população".

Também no concelho da Trofa foi assinalado esta manhã o arranque das obras do centro de saúde de Santiago de Bougado que, de acordo com nota da câmara local liderada por Sérgio Humberto, vai servir a população de quatro freguesias: Santiago de Bougado, S. Martinho de Bougado, Covelas e Muro, num total de mais de mais de 20 mil utentes.

Estes dois centros de saúde representam um investimento superior a três milhões de euros, sendo que este ano, e de acordo com informações da Autoridade Regional de Saúde do Norte, a verba total gasta em equipamentos nesta zona ronda os 8,3 milhões.

À Trofa e a Gondomar somam-se empreitadas em Vilar do Andorinho, Vila Nova de Gaia, Martim, Barcelos, Campo, concelho de Valongo, bem como Batalha, Porto.

Associação do Porto
Uma associação do Porto de apoio ao doente mental vai lançar em janeiro de 2017 uma aplicação para telemóvel de autogestão de...

Segundo Raquel Almeida, coordenadora da Associação Nova Aurora na Reabilitação e Reintegração Psicossocial (ANARP) o projeto denominado "I Cope", "Eu lido com", em português, visa "dar às pessoas que sofrem de esquizofrenia autonomia, mas sempre com o apoio de profissionais".

"A ideia é ser capaz de dar uma resposta para além do período entre as 09:00 e as 17:00 em que as instituições estão abertas, dando-lhes um novo elo de ligação em casos de crise à noite ou ao fim de semana, dispondo sempre de um grupo de apoio", explicou a responsável.

O projeto integra, além da Raquel Almeida, um técnico do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC) e estudante da Terapia Ocupacional da Escola de Saúde do Porto e destina-se a utentes da ANARP e da Rede de Apoio da Reabilitação Psicossocial da Área Metropolitana do Porto (AMP).

A aplicação divide-se em quatro módulos: automotivação do sintoma, diário, gestão de stresse e, por último, controlo de medicação e resolução de problemas.

"Fizemos um inquérito a nível nacional que teve mais de uma centena de respostas e em que se percebeu que cerca de 60% dos inquiridos querem utilizar a aplicação", sublinhou a coordenadora que destacou "a boa resposta também ao nível dos técnicos que trabalham na área".

A fim de financiar a aquisição de ‘smartphones’ para quem os não tem "foi pedido um apoio de cinco mil euros ao Instituto Nacional para a Reabilitação", explicou a coordenadora de uma aplicação, que "representa um investimento total de 6.500 euros".

Projeto "pioneiro em Portugal", Raquel Almeida revelou que aplicações ligadas à esquizofrenia, “só se conhecem no Reino Unido e nos Estados Unidos".

"A aplicação vai estar em fase de projeto piloto entre fevereiro e abril para depois avançar à escala da AMP, numa parceria entre a ANARP, a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e o Instituto Superior de Engenharia (ISEP)", disse.

Na ANARP, o projeto vai, para já, chegar a 20 utentes, mas a ideia é também envolver a associação Encontrar+se, o serviço de psiquiatria do Hospital São João, do Hospital Magalhães Lemos e a Associação dos Familiares, Utentes e Amigos do Hospital Magalhães Lemos (AFUA).

Criada em 1986 por um grupo de familiares de pessoas com doença mental a ANARP "atendeu no seu centro de reabilitação 157 pessoas com problemas de esquizofrenia e de depressão, atendendo diariamente 50 utentes", revelou a responsável.

"São cada vez mais jovens as pessoas que nos chegam", disse a responsável de uma associação que possui há dois anos uma casa de autonomização e que aponta à disponibilização de outra para apoiar os utentes que "não tem família de suporte".

Do processo de reabilitação psicossocial consta, acrescentou Raquel Almeida, "a procura ativa de emprego", revelando "terem sido vários os utentes que entraram no mercado de trabalho, quer através de protocolos ou de estágios profissionais".

Estudo
Inquérito feito a 2700 alunos portugueses revela que, à medida que crescem, jovens vão perdendo a autoestima e confiança em si...

Até que ponto a consciência social e os valores pessoais podem funcionar como travão ao sucesso de um jovem, em termos académicos mas também de saúde e bem-estar? A capacidade que um jovem possa ter para criar empatia com os outros e com os problemas à volta atua no sentido contrário ao do bem-estar? Estas são duas das perguntas que, segundo o jornal Público, ficaram a pairar na cabeça da psicóloga Margarida Gaspar de Matos, coordenadora portuguesa de um estudo que, após um inquérito a 2700 jovens portugueses entre os 16 e os 29 anos, chegou a conclusões aparentemente pouco animadoras: por um lado, as raparigas demonstram ter uma consciência social mais apurada do que os rapazes, mas depois aparecem como menos otimistas e propensas a sentimentos de mal-estar físico e psicológico; por outro lado, os jovens com um estatuto socioeconómico mais elevado são os que menos valores e consciência social parecem ostentar mas também os mais confiantes e otimistas e os que mais facilmente se percecionam como bons alunos.

“Fica-se com a sensação que um jovem ou é competentíssimo e confiante mas muito pouco preocupado com os outros e com a realidade – portanto, autocentrado e egoísta, ou cria empatia com o que o rodeia e sofre por causa disso e torna-se menos bem-sucedido”, cogita Margarida Gaspar de Matos. Mas estas são elaborações para fazer no futuro. Por enquanto o que o estudo “Be Positive” que é apresentado esta segunda-feira, na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, faz é o “raio x” da situação em termos de saúde pública dos jovens, segundo a teoria dos 5’C’s do norte-americano Richard Lerner, segundo o qual há características básicas nos jovens – Confiança, Competência, Conexão, Cuidados e Carácter – que são determinantes nos seus comportamentos, em termos académicos, de saúde, bem-estar e qualidade de vida, entre outros aspetos.

“É como se estes 5 C’s fossem um software, uma maneira de agir na vida”, ajuda a compreender Margarida Gaspar de Matos. Coordenadora desde há muitos anos do projecto Aventura Social, que se dedica à promoção da saúde dos jovens, e membro da equipa do Health Behaviour in School-aged Children, da Organização Mundial de Saúde, a psicóloga foi convidada a integrar a rede do Desenvolvimento Positivo dos Jovens (Positive Youth Development, conhecido internacionalmente pela sigla PYD) que se propôs fazer a validação à escala mundial dos 5 C’s, enquanto instrumento aferidor do comportamento dos jovens. O estudo, liderado pela Universidade de Bergen, na Noruega, decorreu simultaneamente em mais de 20 países, nesta primeira fase em que Portugal também participou (outros países se juntaram entretanto). E, numa altura em que ainda não é possível comparar os resultados entre países nem chegar aos porquês, os inquéritos feitos online aos 2700 jovens, levantam desde já várias interrogações.

Os 5 C’s ao pormenor
O propósito da validação da teoria dos 5 C’s é perceber a que ponto a reunião destas cinco características num jovem funciona como indicador de que ele será bem-sucedido. A confiança remete para a questão da autoestima, a competência refere-se ao desempenho académico mas também em termos sociais e de saúde, a conexão mede a relação com a escola, família, amigos, vizinhança e comunidade em geral, o cuidado que apela ao sentimento de compaixão e justiça social e para a noção de pluralidade e inclusão e, por ultimo, o carácter que é, em ultima instância, que leva cada um a procurar fazer o que está certo.

Quanto mais velhos, mais tristes e menos saudáveis
Desde logo, os níveis de confiança, que remetem para a questão da autoestima e para a existência de uma identidade positiva e sensação de bem-estar, parecem diminuir à medida que os jovens crescem. “Podia-se pensar que quanto mais velhos mais competências destas têm, mas é o contrário: quando mais velhos pior. Quando andam, por exemplo, no 10º ano, os miúdos têm muito mais boa impressão sobre si e sobre as suas competências e, à medida que vão ficando mais velhos, vão ficando não sei se mais realistas se mais pessimistas”, admirou-se Margarida Gaspar de Matos, para quem se trata de “um dado preocupante, do ponto de vista da saúde do bem-estar dos jovens”, e que levanta a questão de saber “o que é que a sociedade em geral, mas também a escola e a universidade, podem fazer para ajudar os jovens a crescer sem terem que sucumbir e ficar mais tristes e menos saudáveis”.

Se esta mudança é exclusiva da sociedade portuguesa ou decorre do amadurecimento dos jovens, e de uma maior noção que estes possam ganhar das dificuldades que os esperam na vida adulta, é cedo para concluir. “Daqui para a frente vamos discutir com os jovens para perceber como é que eles interpretam isto. Em segundo lugar, vamos comparar os resultados a nível internacional, mas isso só poderá ser feito daqui por um ano, o mais tardar”, explica a psicóloga para quem esta conclusão terá também de se relacionar com o que já se sabe quanto à adoção em idades mais avançadas de comportamentos de risco como a ingestão de álcool e o tabaco e as relações sexuais desprotegidas.

Raparigas sentem mais “o peso” do outro
Habituada a estudos sobre a saúde dos jovens que tradicionalmente caracterizam os rapazes como sendo mais propensos a comportamentos de risco e as raparigas a estados de mal-estar físico e psicológico, o “Be Positive” surpreendeu Margarida Gaspar de Matos porque não mostrou grandes diferenças entre homens e mulheres nestas cinco competências. “É dos primeiros estudos que tenho em mãos em que não há diferenças de género, a não ser na questão da consciência social que se inscreve no C do carácter. As raparigas parecem ter mais consciência social, mas depois sabemos, pelos outros estudos que conhecemos sobre a saúde dos jovens, que os rapazes são mais otimistas e conseguem fazer muito melhor, ou seja, o potencial e os processos são idênticos entre rapazes e raparigas, mas, em termos de output, daquilo que é possível concretizar, eles saem-se melhor. É uma nova maneira de ver as diferenças de género e que levanta a questão de perceber a que ponto a consciência social, a capacidade de cada um se preocupar com os outros, conseguem empatar o bem-estar e a descontração de quem possui estas características”, explica a psicóloga, a quem interessa agora perceber até onde é que “nas raparigas o peso dos outros é um fator negativo”. Dito de outro modo, “se esta consciência social faz com que elas fiquem penalizadas no seu desempenho”. E, por outro lado, se este efeito decorre de elas estarem mais alertas para os problemas mas incapazes de atuar e produzir mudanças.

Mais sucesso igual a menos solidariedade?
Outra conclusão a justificar análise mais minuciosa é a que relaciona o estatuto socioeconómico com uma menor preponderância dos valores pessoais e da consciência social. “Os jovens mais privilegiados têm melhor desempenho em tudo, menos nos valores pessoais em que ficam mais abaixo do que os outros”. Haverá entre eles uma ausência de necessidade de criarem empatia com os problemas à volta? “Parece que sim”, admite a psicóloga, para justificar que o padrão se repete relativamente à perceção da competência escolar. “Os jovens que têm estes 5 C’s robustecidos sentem-se menos aborrecidos e menos pressionados com a escola. Mas, na questão da perceção da competência académica, os que se saem melhor são os que têm os melhores 5 C’s, com exceção dos valores pessoais, ou seja, também não é preciso ter grandes valores pessoais para ter uma boa perceção de si enquanto aluno”.

 

Este ano, Margarida Gaspar de Matos fez um exercício com os seus alunos de 19 anos, no primeiro ano da faculdade, e concluiu que “a grande preocupação da vida deles é acabar o curso e arranjar um emprego”. “Todas as outras preocupações não existem. Eles veem o futuro como uma coisa tão nebulosa que não conseguem sair deles e preocupar-se com mais nada”. Depois disto, a conclusão de que os jovens mais competentes e mais confiantes são os menos preocupados com os outros e com a realidade, não a surpreendeu grandemente. “Mas se assim é, se concluímos que para sermos bem-sucedidos temos de pôr umas palas de individualismo, não saímos nada bem na fotografia”, preocupa-se, para chegar a uma das grandes questões que vai merecer uma análise mais apurada no futuro: “Perceber se as pessoas, para serem bem-sucedidas no que diz respeito à competência académica e ao estatuto socioeconómico, têm realmente que ser menos simpáticas ou menos solidárias ou dar provas de menos coesão social”.

Associação Zero
Os portugueses consomem 4,4 vezes mais carne, ovos e pescado que o necessário, o que prejudica a saúde, o ambiente e o...

"Verificamos que os portugueses consomem 4,4 vezes acima daquilo que seria necessário deste componente, da carne, ovos e pescado", disse Susana Fonseca, da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero.

Num ano, "devíamos consumir à volta de 33 quilogramas do conjunto de carne, ovos e pescado e estamos a consumir muito acima disso, cerca de 178 quilogramas, portanto 145 quilogramas a mais", avançou a especialista, e realçou que, na saúde, "o excesso de proteína causa vários problemas, e não é de todo benéfico em termos ambientais".

No final deste Ano Internacional das Leguminosas, e numa época festiva "que tende a propiciar exageros de alimentação", a Zero analisou as recomendações da Direção Geral de Saúde para o consumo de carne, ovos e pescado e comparou com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as quantidades destes produtos na alimentação dos portugueses.

"Para produzir uma quilocaloria de carne de vaca, por exemplo, precisamos de 174 quilocalorias", principalmente de alimentos para os animais, "o que é mais do que o necessário quando são consumidos alimentos vegetais e leguminosas", justificou Susana Fonseca.

Também no consumo de carne, o impacto em termos de consumo de água é 100 vezes superior àquele que é necessário para produzir leguminosas, além de implicar mais emissões de metano, um gás com efeito de estufa que agrava as alterações climáticas.

As leguminosas, como feijão, grão, lentilhas, favas ou ervilhas, fazem parte da dieta mediterrânica e da cultura gastronómica portuguesa, são, segundo a Zero, "uma excelente fonte de proteína e podem ser usadas como alternativa a este consumo de proteína animal".

Para o orçamento familiar, "fica mais caro [o uso de proteína animal], sabemos que a componente de proteína é das que acaba por ter mais peso" na despesa com a alimentação, especificou a especialista da Zero.

Assim, "estamos a desperdiçar dinheiro, estamos a consumir proteína que nos está a fazer mal, está a fazer mal ao ambiente e está a retirar-nos recursos financeiros", resumiu.

A Zero listou algumas mudanças que podem fazer a diferença e facilitar a mudança para o consumo de leguminosas, começando por uma alteração das políticas públicas, embora exista um plano para uma alimentação saudável, "que é importante", e a Direção-Geral da Saúde tenha vindo a fazer um "trabalho interessante" nesta área.

Na lista de propostas da Zero está o trabalho com as escolas, nomeadamente nas cantinas, para que as porções servidas respeitem o princípio das leguminosas e haja maior disponibilidade de refeições de base vegetariana.

A sensibilização e informação aos consumidores, por exemplo, acerca da forma de produção da carne, como já acontece com os ovos, a criação de incentivos para o cultivo de leguminosas, até porque Portugal, porque não é autónomo nestes produtos e "uma parte significativa é importada", a par com a redução dos apoios à produção intensiva de carne, canalizando estes recursos para formas de agricultura mais amigas do ambiente, são outras mudanças apontadas.

"Se consumirmos só a proteína animal de que precisamos, gastamos menos dinheiro e vamos ter uma parte do rendimento disponível para comprar com maior qualidade", salientou Susana Fonseca.

Administradores
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares reconhece que os casos sociais continuam com “tempos de...

“Nos hospitais portugueses desempenhamos também um papel de natureza social e, muitas vezes, quando não existem respostas da comunidade ou outros tipos de resposta, os hospitais acabam por assumir alguma responsabilidade sobre o acompanhamento de doentes que não necessitam de cuidados clínicos”, disse Alexandre Lourenço.

Por esta razão, “continuamos a ter tempos de estadias nos hospitais muito elevados” de doentes que esperam por uma resposta da Segurança Social, dos cuidados continuados ou da família, uma situação que “deve ser evitada” e “resolvida, porque leva a problemas graves dentro das instituições”.

Entre os problemas, Alexandre Lourenço apontou o risco da infeção hospitalar: “Quanto mais tempo um doente estiver no hospital, maior a probabilidade de ser infetado por um vírus, uma bactéria ou um fungo”, o que obrigará a uma continuidade de cuidados.

Outro problema prende-se com a ocupação das camas, o que pode impedir que outros doentes tenham acesso a cuidados de saúde.

“Muitas vezes, quando falamos de tempos de espera para cirurgia devemos ter em consideração que, cada vez que um doente estiver a ocupar uma cama, outro doente não poderá ser operado”, elucidou.

Por outro lado, esta ocupação leva a uma utilização excessiva de recursos que podem ser utilizados em outras áreas da prestação de cuidados de saúde com “melhor efetividade”, defendeu Alexandre Lourenço.

Só este ano, até novembro, o Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) registou, nas suas seis unidades hospitalares (S. José, S. Marta, D. Estefânia, S. António dos Capuchos, Curry Cabral e a Maternidade Alfredo da Costa), 198 casos de doentes que tiveram a sua alta adiada por motivos sociais, situações que demoraram, em média, 21 dias a ser resolvidas.

Em 2015, foram registados 290 casos, mais dois face ao ano anterior.

As dificuldades das famílias em assumir o papel de cuidador, problemas económicos, “falta de resposta atempada” da rede social formal e a dependência física e cognitiva dos doentes são motivos apontados pelo centro hospitalar para estas situações.

Quando se trata de crianças e jovens, os motivos prendem-se principalmente com a aplicação de medidas de proteção, a inexistência de rede social informal (família, amigos, vizinhos) e desestruturação familiar.

Para solucionar estes casos, os assistentes sociais procuram a integração em lares, o acolhimento em instituições de menores e subsídios para o cuidador, apoio domiciliário e centro de dia.

Este problema também se regista no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), que engloba os hospitais de S. Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz, onde foram contabilizados, até novembro, 60 casos. Em 2014 tinham sido 46 e no ano seguinte 69.

Segundo o CHLO, estes casos foram encaminhados para instituições de solidariedade social.

Já no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António encontram-se 35 doentes com alta clínica à espera de solução para sair do hospital.

“Muitos são idosos residentes no centro histórico do Porto e sem retaguarda familiar”, cuja solução passa pelo encaminhamento para instituições da Segurança Social.

O Centro Hospitalar de São João informou que, até à data, não tem conhecimento de doentes com alta clínica que permaneçam no hospital sem que alguém os venha buscar.

Administradores
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares avançou que irá ser realizada uma caracterização dos...

“Estamos a reabilitar um processo de revisão da utilização em que o objetivo é, para a grande maioria dos doentes que estão internados, fazer uma caracterização clara sobre quais são os que estão internados por motivações sociais ou por motivações clínicas”, explicou Alexandre Lourenço.

Com este processo, pretende-se também calcular “o número de dias que os doentes estão nos hospitais sem necessidade”, “identificar situações e encontrar as melhores alternativas na comunidade, em conjunto com as famílias e com os doentes”, adiantou.

Os hospitais debatem-se com situações de doentes que têm de permanecer internados, após alta clínica, à espera de resposta da segurança social ou de outras soluções encontradas pela família.

Nestes casos, encontram-se situações de abandono, de idosos que vivem sozinhos e de doentes que requerem mais cuidados em casa, mas as famílias não têm capacidade para os prestar, contou o responsável.

Alexandre Lourenço realçou “o papel essencial” que as famílias desempenham nestes casos, mas reconheceu as dificuldades que muitas têm em organizar-se e a ter recursos para acolher, principalmente, os mais idosos, em casa, e prestar-lhes os melhores cuidados.

Mas, advertiu, “a hospitalização não é o caminho seguramente, porque prestamos maus cuidados e colocamos risco para o próprio doente”.

Relativamente ao levantamento a fazer, o presidente da associação disse que arrancará em 2017, com a preparação e a formação de médicos e administradores hospitalares nesta matéria.

“Tem de se fazer uma análise exaustiva de todos os processos”, a começar pelo processo de informação. A partir daí, as instituições que quiserem podem desenvolver este trabalho.

“Creio que o Ministério da Saúde também está muito interessado no desenvolvimento destes mecanismos”, disse, convicto de que o processo será facilmente espalhado a todas as instituições do Serviço Nacional de Saúde.

Este levantamento também é necessário para perceber se a forma como os cuidados estão a ser prestados e organizados podem ser alterados, para se conseguir “prestar cuidados de saúde com melhor qualidade e segurança aos doentes”.

“Existe um esforço muito grande dos assistentes sociais dos hospitais e da Segurança Social, mas não é suficiente e, com o envelhecimento da população e com o aumento da prevalência das doenças crónica, nós temos de encontrar alternativas a estas situações”, defendeu Alexandre Lourenço.

A resposta passa pelo “desenvolvimento do hospital”, através de parcerias com organizações da comunidade que possam prestar cuidados mais perto de casa.

Por outro lado, esta situação também tem custos: “Cerca de três a quatro dias de internamento nas áreas médicas é excessivo quando comparamos com outros países e o nosso objetivo é reduzir esses dias”, frisou.

Contudo, não se pode estar apenas preocupado com o custo, mas em utilizar os recursos da melhor forma.

“Muitos dos problemas que atravessamos hoje das urgências hospitalares é pelo facto de não conseguirmos trazer os doentes das urgências para os internamentos, porque eles também estão cheios por casos de natureza social”, elucidou.

Aos 96 anos
O cirurgião norte-americano Henry Heimlich, que inventou a “manobra de Heimlich”, que permite salvar as pessoas quando estão...

Henry Heimlich morreu no sábado de manhã no Hospital de Cincinnati, depois de no início da semana ter tido um ataque cardíaco, segundo informações avançadas pelo filho e divulgadas pela agência de notícias Associated Press.

A “manobra de Heimlich” foi descrita pela primeira vez em 1974 pelo médico norte-americano que apresentou este método pré-hospitalar de desobstrução das vias aéreas superiores ao induzir uma tosse artificial na vítima, que assim acaba por expelir o objeto que está preso na traqueia.

Encontro com o Presidente da República
As ordens profissionais do setor da saúde defenderam a criação de uma lei de programação na saúde, forma de o investimento e a...

“Precisamos de uma lei de programação na saúde”, à semelhança de outros setores, como a lei de programação militar, disse aos jornalistas a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins.

As ordens profissionais da saúde foram recebidas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem apresentaram um plano de emergência para o setor que implica um financiamento de 1.2 milhões de euros.

O encontro juntou os bastonários das ordens dos médicos, médicos dentistas, farmacêuticos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos.

No final da audiência Ana Paula Martins disse que Marcelo Rebelo de Sousa está sensibilizado para a questão e que a reunião foi “produtiva”.

E os bastonários, disse a responsável, estão dispostos a trabalhar com o Ministério da Saúde e não prescindem de chamar a atenção e participar num planeamento necessário do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que tem de ser a longo prazo.

“Nos últimos 15 anos as verbas não foram suficientes”, assegurou, acrescentando que são “determinantes” os investimentos na prevenção e promoção da saúde.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, considerou como “razoável” o plano das ordens, ainda que o orçamento não o comporte. O ministro disse ainda que Portugal tem “obrigações internacionais que são muito relevantes para o conjunto do país” e que as ordens também devem ajudar no combate ao desperdício.

As ordens “acolhem positivamente” esse desafio, disse.

Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, salientou, também em declarações aos jornalistas, que haver alimentos e profissionais nos hospitais não chega se não houver medicamentos e equipamentos, porque “não é colocar as pessoas nos hospitais que lhes dá segurança” e “neste momento as pessoas não estão seguras”.

Referindo-se a recentes casos na área da saúde, como a detenção do ex-administrador da Octapharma (empresa de derivados de sangue ou plasma), a responsável defendeu que os hospitais comprem plasma ao Instituto Português do Sangue e Transplantação.

José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, disse que os profissionais do setor veem com tristeza os casos de corrupção mas ao mesmo tempo estão satisfeitos por as autoridades estarem a atuar.

Em 2017
O Governo quer lançar em 2017 uma plataforma nacional que reúna todos os dados sobre doenças oncológicas, indicou o secretário...

"Na mesma lógica em que os rastreios ajudam a perceber se conseguimos ou não identificar e minimizar casos, com a plataforma nacional teremos uma capacidade diferente de dar resposta a estas doenças. Queremos tornar mais eficaz a intervenção médica na área", disse Fernando Araújo.

O governante, que falava em Valongo, distrito do Porto, na cerimónia de lançamento de um projeto-piloto de rastreios ao cancro do cólon e reto, explicou que atualmente está em discussão uma proposta de lei e que a plataforma "avançará seguramente em 2017".

O objetivo é reunir os registos que todos os núcleos regionais dispõem sobre doenças oncológicas, elencando dados sobre diagnóstico, rastreios, incidência e tratamentos, entre outras vertentes.

Quanto ao projeto-piloto, este é dinamizado pela Administração Regional de Saúde do Norte em quatro concelhos do Grande Porto - Valongo, Maia, Póvoa de Varzim e Vila do Conde -, sendo ambição estendê-lo, depois de analisado, ao restante território nortenho.

Nesta fase estão abrangidos dez centros de saúde e cerca de 6.000 pessoas, sendo o público-alvo utentes com idades entre os 50 e os 74 anos.

Governo
O secretário de Estado da Saúde anunciou que o governo está a preparar um concurso com negociação privilegiada entre...

"Temos em curso, com o SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde), um processo de validação de um concurso, através daquilo que se chama uma negociação privilegiada entre concorrentes, de forma a termos um diálogo concorrencial, que permita montar um esquema que evite, sobretudo, o monopólio na oferta deste tipo de produtos [derivados de sangue]. Isto, provavelmente, em meados do próximo ano estará pronto e entrará em vigor", disse Manuel Delgado.

O governante explicou que já foram seleciondas três entidades que estão em condições de fazer o trabalho.

"Essas três entidades vão entrar agora no processo de negociação concursal, o chamado diálogo concorrencial, de forma a fazer um caderno de encargos e, posteriormente, selecionar a empresa ou as empresas que estão em condições de ir a concurso", acrescentou o secretário de estado da Saúde, depois de presidir à cerimónia comemorativa dos 25 anos do Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal.

Manuel Delgado adiantou ainda que o governo está também a preparar um despacho sobre os procedimentos que os hospitais públicos deverão adotar no tratamento do sangue, tendo em vista o aproveitamento do plasma, e prometeu novidades neste domínio já para a próxima semana.

Confrontado com o desperdício de dinheiros públicos na aquisição de plasma e com as suspeitas de que houve um favorecimento da Octapharma neste negócio, que poderá ter lesado o estado em cerca de 100 milhões de euros, o secretário de Estado da Saúde disse que o monopólio daquela empresa se tem prolongado devido a "controvérsias técnicas".

"Essas questões têm de ser esclarecidas do ponto de vista jurídico, e com certeza que nós não temos nada a ver com isso, mas as razões porque este processo se arrasta há anos sem uma solução - e este governo vai adotar uma solução - é porque há controvérsias de natureza técnica que não permitem tomar uma decisão que afaste dúvidas sobre desperdícios de dinheiro, de plasma, etc.".

O ex-administrador da Octapharma, Paulo Lalanda de Castro, que se demitiu dos cargos que ocupava naquela farmacêutica, e o ex-presidente da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo e do INEM, Luí Cunha Ribeiro, foram detidos na semana passada no âmbito de uma investigação do Ministério Público ao negócio do plasma.

Para o secretário de estado da saúde, uma coisa são as questões jurídicas, que não cabe ao Ministério da Saúde resolver, outra coisa são as questões técnicas que têm de ser devidamente consideradas, porque o sangue e seus derivados são produtos que podem afetar a segurança e a vida das pessoas.

"O que queremos fazer e vamos fazer já na semana que vem é, de uma vez por todas, acabar com esses bloqueios de natureza científica e tomar uma decisão politica que garanta aos portugueses não só qualidade nos produtos de sangue e produtos derivados que consome, mas também para o erário público cem termos económicos", acrescentou Manuel Delgado.

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