Estudo
Mais de 20% dos adolescentes portugueses já se automutilaram por se sentirem tristes, saturados e nervosos, um tipo de...

De acordo com o estudo "Health Behaviour in School-aged Children" (HBSC) 20,3% dos jovens entre os 13 e os 15 anos já tiveram comportamentos auto lesivos, principalmente as raparigas, em que 23,7% das inquiridas assumiram ter-se magoado a si próprias de propósito mais do que uma vez, contra 16,3% de rapazes que afirmaram o mesmo.

O inquérito HBSC, feito para a Organização Mundial da Saúde, inquiriu mais de 6.000 alunos de todo o país, dos 6.º, 8.º e 10.º anos, tendo as últimas entrevistas decorrido em 2014 e refletindo já as alterações que decorreram desde o último que tinha sido realizado, em 2010.

Comparando os resultados dos dois inquéritos, a investigadora Margarida Gaspar de Matos, da Universidade de Lisboa, demonstrou hoje no Fórum dedicado à Saúde Mental, que decorreu na Gulbenkian, que os comportamentos auto lesivos infligidos nos últimos 12 meses subiram de 15,6% em 2010 para 20,3% em 2014.

Quanto aos motivos que levaram os adolescentes a ter estes comportamentos, a grande maioria relata sentir-se triste, saturado e nervoso (59%, 52,3% e 47,1%, respetivamente).

Quase 40% disseram ter-se automutilado por se sentirem desiludidos, 37% por se sentirem zangados e 27,3% por estarem desesperados.

Ainda no contexto da crise económica, o relatório revela que 7,7% dos jovens inquiridos admitiram “ir para a escola ou para a cama com fome por não haver comida em casa.

Os adolescentes revelaram ainda mal-estar físico e psicológico, principalmente nervosismo (44,1%) e exaustão (42,7%), mas também dor de cabeça (31,3%), dor de estômago (22,1%), tristeza (24,7%) e medo (20,1%).

No contexto familiar, o inquérito HBSC revela que a maioria dos pais dos adolescentes portugueses têm muito baixa escolaridade e que o desemprego dos pais afeta a perceção de bem-estar físico e psicológico dos filhos, sobretudo quando é o pai que não tem emprego.

No geral, as raparigas sentem maior mal-estar físico e mental e os rapazes fazem um maior desinvestimento nos estudos e no futuro, acompanhados de mais consumo de substâncias.

A socióloga Anália Torres, também participante no Fórum de Saúde Mental, corroborou os dados que apontam para uma maior fragilidade mental e física das raparigas e das mulheres.

Segundo a investigadora do Centro de Investigação e Estudo de Sociologia, o risco de as mulheres terem depressão é 50,7% superior aos homens em Portugal (47,1% na Europa).

Estudo
Um estudo concluiu que um comprimido de placebo, sem substância ativa, pode aliviar a dor de doentes com lombalgia crónica,...

"As pessoas que tomaram o comprimido placebo, sabendo que era um placebo, obtiveram um alívio da dor na ordem dos 30% por comparação com um grupo controlo que eram pessoas que continuaram o seu tratamento habitual", disse Cláudia Carvalho, investigadora do ISPA-Instituto Universitário.

"Penso que este estudo alerta para a necessidade de se revalorizar a relação médico-doente porque ela contém em si o potencial de despoletar o efeito placebo" com alívio sintomático, defendeu.

O trabalho, que foi publicado na revista científica internacional da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), pretendia testar a eficácia da utilização do que se designa o "placebo honesto", ou seja, um comprimido que não tem uma substância ativa.

"Queríamos saber se as pessoas tomando este comprimido que não tem substância ativa, experimentariam alívio dos sintomas", neste caso, se pessoas que sofriam de lombalgia crónica, teriam alívio da dor e da incapacidade associada à dor, explicou a investigadora.

Os doentes foram divididos em dois grupos, um com pessoas que faziam o seu tratamento habitual, com analgésicos e anti-inflamatórios consoante as suas necessidades, e outro que, além do seu tratamento habitual, tomavam o comprimido placebo todos os dias, durante 21 dias.

O efeito placebo, explicou, é muito mais do que a simples toma do comprimido e "há vários fatores que o despoletam", sendo definido como o efeito positivo de alívio sintomático da toma desse comprimido.

"Pensamos que o efeito placebo tem a ver com vários fatores que ultrapassam a simples toma do comprimido, tem a ver com o ritual terapêutico, com a esperança engendrada no paciente, com a qualidade da comunicação médico-paciente, com a resposta de condicionamento que é ativada quando a pessoa toma uma cápsula", especificou Cláudia Carvalho.

Esta situação relaciona-se com uma aprendizagem prévia, realizada ao longo da vida, de que a toma do fármaco gera alívio.

"É essencialmente psicológico, há aqui um pressuposto de que mente e corpo estão, de algum modo, relacionados", adiantou a investigadora.

A cientista do ISPA recorda a importância da relação médico-doente, estudada nas faculdades de medicina, mas pensa que "se perdeu algum do valor que se dá a essa relação devido à tecnologia médica".

Ao mesmo tempo dos "avanços fantásticos" da medicina, disse, "houve uma certa perda na qualidade da relação, [pois] os médicos têm um tempo de consulta muito limitado, têm de cumprir imensa burocracia, durante a própria consulta têm de olhar para o computador".

No entanto, o contacto médico-doente "tem valor terapêutico em si mesmo", realçou Cláudia Carvalho.

O efeito placebo é a melhoria do paciente através de fatores que "não são os do princípio ativo do fármaco ou do procedimento terapêutico, são fatores não específicos", que têm a ver com a relação médico-doente e com o ritual terapêutico, referiu a investigadora, acrescentando que o efeito placebo está intimamente relacionado com a expetativa de melhora.

O estudo envolveu 97 pacientes com lombalgia crónica há, pelo menos, três meses.

Estudo Dawn 2
Dawn2 é um estudo global que analisa atitudes, desejos e necessidades das pessoas com diabetes e também dos familiares e...

Em Portugal o DAWN2 será conduzido pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) em parceria com a Novo Nordisk Portugal e arranca a 26 de Novembro com a distribuição de questionários na Festa da Diabetes, evento promovido pela APDP no Pavilhão Desportivo do Casal Vistoso, no Areeiro em Lisboa.

“Os resultados do estudo serão usados para identificar formas de melhorar a assistência e o apoio a pessoas com diabetes e às pessoas que lhes são próximas. Os resultados serão partilhados com instituições e associações que acompanham estas pessoas. A participação de Portugal neste estudo faz todo o sentido tendo, especialmente, em atenção que é o país da Europa com a mais alta prevalência de diabetes”, comenta João Raposo, diretor clínico da APDP.

Uma rede de especialistas e organizações internacionais, como a Federação Internacional de Diabetes (IDF), a Aliança das Organizações Internacionais de Doentes (IAPO), o Centro de Diabetes Steno e parceiros de vários países, com o apoio da Novo Nordisk, iniciaram em 2011 o projeto DAWN com o objetivo de aumentar o conhecimento e a sensibilização sobre as necessidades por satisfazer das pessoas com diabetes e dos seus familiares, para facilitar o diálogo e a colaboração e fortalecer o envolvimento dos doentes, aumentando a autogestão e o apoio psicossocial no tratamento da diabetes.

Os dados recolhidos a nível internacional mostram que muitas das pessoas que têm diabetes ainda enfrentam vários desafios em áreas como a autogestão da doença, a adesão à terapêutica, o acesso e o envolvimento nos cuidados. Os resultados do Dawn2 referentes a 17 países  (Canadá, China, Dinamarca, França, Alemanha, India, Itália, Japão, México, Holanda, Polónia, Rússia, Espanha, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos da América), mostram que a doença tem um impacto negativo em vários aspetos do quotidiano e na qualidade de vida das pessoas com diabetes e dos seus familiares. O estudo evidencia, ainda, que a educação desempenha um papel vital para melhorar a condição e a qualidade de vida das pessoas com diabetes, contudo cerca de metade dos participantes do estudo nunca frequentaram um programa educacional. Para além disso, o Dawn2 revelou que 1 em cada 5 pessoas com diabetes já se sentiram discriminados devido à sua condição. 

“Os dados dos restantes países que integram o Dawn2 mostram-nos que existe, ainda, um longo caminho a percorrer no que concerne à diabetes. Para além da auscultação junto de pessoas com diabetes e dos seus familiares, um dos fatores distintos que torna este estudo tão completo é que também envolve os profissionais de saúde. Estamos muito entusiasmados com a inclusão de Portugal neste estudo e expectantes para sabermos se os resultados a nível nacional estão alinhados com as evidências dos restantes países”, refere o especialista.

Certificação
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou oficialmente Cabo Verde livre de poliomielite, mas aconselha o país a manter-se...

A certificação de país livre de poliomielite foi oficializada na quinta-feira em Acra, no Gana, pela Comissão Regional de Certificação da Polio em África (CRCA), anunciou hoje a OMS numa nota enviada à comunicação social.

A CRCA, órgão independente para supervisionar o processo de certificação da OMS na região africana, esteve reunida em Acra, no Gana, onde uma equipa cabo-verdiana apresentou a documentação necessária à certificação.

"Cabo Verde foi avaliado positivamente e, por conseguinte, declarado livre da poliomielite", adianta a OMS, considerando que este resultado "representa um ganho significativo no plano nacional e internacional".

Atualmente a poliomielite é endémica apenas no Paquistão e Afeganistão e a OMS sustenta que a erradicação desta doença em todo o mundo depende principalmente da interrupção da sua transmissão nestes países.

A OMS aconselhou o país a "permanecer vigilante" e a "reforçar a vacinação das populações para preservar os resultados registados".

A poliomielite é uma doença "altamente infeciosa", causada pelo pólio vírus que afeta principalmente as crianças com idade inferior a cinco anos.

Este vírus invade o sistema nervoso central e, em poucas horas, pode causar a paralisia de um ou mais membros.

Infeta apenas os seres humanos e transmite-se pela eliminação de fezes contaminadas que entram em contacto direto com pessoas não vacinadas.

Propaga-se rapidamente e o período de incubação varia entre 7 e 14 dias.

Segundo a OMS, Cabo Verde não notifica casos de poliomielite há mais de quinze anos consecutivos

 

Ciência e tecnologia
Todos os hospitais dependentes da Administração Regional de Saúde no Norte (ARS-Norte) estão a implementar uma tecnologia...

"Este 'software' é único em Portugal e, provavelmente, numa geografia bem mais ampla", disse à Lusa o líder do grupo de investigação em Informática da Saúde do Cintesis - centro de investigação sediado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), responsável pela criação do sistema, Ricardo Correia.

O ObsCare é um sistema 'web', instalado nos servidores dos hospitais, que "se integra facilmente" com os programas inseridos nessas entidades e regista os elementos das consultas das mulheres seguidas durante a gravidez, os dados do parto, dos recém-nascidos e dos seus primeiros dias de vida.

"Há entidades hospitalares que já nos solicitaram que registássemos ainda os dados referentes às primeiras consultas das crianças nos centros de saúde" e que "desenvolvêssemos um módulo para registo das informações relativas às técnicas de procriação medicamente assistida", indicou.

Estes dados congregados pelo ObsCare vão permitir, ao longo prazo, verificar se as crianças concebidas dessa forma apresentam diferenças relativamente às restantes, em termos de desenvolvimento e parto, por exemplo.

As informações recolhidas pelo 'software' são também utilizadas para discutir casos clínicos pelas equipas de saúde, com base em informações objetivas, "o que promove ativamente a melhoria dos cuidados prestados aos pacientes".

De acordo com o investigador, neste momento, a ARS-Norte está a receber os primeiros resultados fruto da comparação dos dados dos diferentes hospitais públicos do norte do país, sobretudo no que se refere às cesarianas, mas não só.

Esta tecnologia deu origem à 'startup' VirtualCare, dedicada à criação de sistemas de informação clínica e de análise de dados de saúde, cujos sistemas visam "facilitar a tomada segura de decisão por parte dos profissionais de saúde através da aquisição, processamento, validação e apresentação de dados dos pacientes com qualidade".

O grupo de investigação, que conta agora com sete elementos, "era, muitas vezes, solicitado para desenvolver 'software' para hospitais, nomeadamente produtos com características específicas e que incluíam componentes de índole científica, que as empresas "tradicionais" não produzem", explicou Ricardo Correia.

Entre outros produtos, a VirtualCare instalou, no Centro Hospitalar de São João e na Fundação Champalimaud, um 'software' para registo clínico de cancro da mama. Também no São João, têm soluções a operar nas áreas da Anestesiologia e da Psiquiatria.

Na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, têm a funcionar um piloto sobre Farcamovigilância dentro dos hospitais, com o objetivo de promover a notificação das reações adversas aos medicamentos junto do INFARMED e zelar pela segurança dos pacientes.

Futuramente, pretendem instalar o ObsCare em todos os hospitais do país.

Organizações de Saúde
Especialistas e políticos de três continentes reúnem-se na próxima semana em Lisboa para discutir o planeamento em saúde, um...

Organizado pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), em parceria com a Fundação Friedrich Ebert, o Seminário Sobre Planeamento em Saúde reúne cerca de 30 especialistas nacionais e internacionais na temática, assim como políticos e governantes ligados à gestão da saúde.

Em causa está um setor que "tem andado relativamente esquecido", tanto ao nível das universidades como dos técnicos e peritos, mas também dos decisores políticos, em especial governantes e deputados, disse à Lusa Jorge Simões, do IHMT e membro da Comissão Científica do seminário.

Professor universitário em organização de sistemas de saúde, gestão em saúde, planeamento em saúde e regulação em saúde, Jorge Simões defendeu que "o planeamento é fundamental e é fundamental em tudo", a começar pelos recursos humanos.

O planeamento permite antecipar, por exemplo, quantos e que médicos e enfermeiros serão necessários em 2040, ou onde será mais eficaz construir um novo hospital, explicou o ex-presidente da Entidade Reguladora da Saúde.

"Só para responder a estas questões é preciso um conjunto transversal de conhecimentos, que vai desde as áreas da saúde no sentido mais estrito até ao ordenamento território, acessibilidades, ao conhecimento de oferta pública e privada na área da saúde" e até a aspetos relacionados com o ambiente ou a agricultura, explicou o investigador.

O planeamento em saúde, acrescentou, "é das áreas em que se exige mais cultura, mais conhecimento e mais informação".

No entanto, esta área tem estado arredada do foco público, "porque o enfoque tem sido colocado nos aspetos financeiros, nos aspetos relacionados com os dinheiros necessários para assegurar o mínimo de recursos para o sistema de saúde".

"Os governos preocupam-se com o dia-a-dia, com o dia seguinte, na melhor das hipóteses preocupam-se em ganhar as eleições", lamentou, defendendo que, sem retirar importância à questão financeira, é preciso "ir mais atrás" e investir mais no planeamento.

Esse investimento num bom planeamento permitirá por seu lado fortalecer e solidificar a sustentabilidade financeira, destacou o especialista, que em 2009/2010 foi um dos dois coordenadores nacionais do novo Plano Nacional de Saúde.

A consequência da atual falta de investimento no planeamento em saúde é que hoje existe "um difícil entendimento em relação aos recursos humanos" que é preciso formar e que são necessários no sistema de saúde em geral e no serviço nacional de saúde em particular.

Também em relação à construção de hospitais, falta conhecimento: "Porquê aqui e porque não acolá", questionou Jorge Simões.

"Quando estamos com a preocupação do dia seguinte em relação a aspetos financeiros, estamos a adiar permanentemente uma visão mais estratégica e mais global das questões da saúde", alertou, sublinhando que, com bom planeamento, as decisões são mais eficientes e menos suscetíveis de serem respostas a grupos de pressão" políticos, partidários ou autárquicos.

Para tentar inverter a situação, o IHMT reúne entre segunda e terça-feira "pessoas que têm uma reflexão relevante", na Europa, África e América Latina, e que irão discutir, "mas também tentar encontrar soluções".

As conclusões serão depois úteis aos governos, atuais e futuros, de Portugal, mas também de outros países que têm representantes no encontro: Angola, representada pelo ministro da Saúde, Luís Sambo; Moçambique, representado pelo vice-ministro da Saúde, Mouzinho Saíde; ou Cabo Verde, que envia a diretora Nacional de Saúde, Maria da Luz Lima.

Entre os especialistas presentes, Jorge Simões destacou Nigel Crisp, membro da Câmara dos Lordes, no Reino Unido, considerado uma figura central na área do planeamento em saúde a nível global; assim como Josep Figueras, do Observatório Europeu em Sistemas de Saúde, ou o próprio Luís Sambo, que foi diretor executivo da Organização Mundial de Saúde África.

Serviço Nacional de Saúde
O médico João Paulo Almeida e Sousa é o novo presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), disse à...

João Paulo Almeida e Sousa, que é diretor da Unidade de Gestão Intermédia Urgência e Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, vai iniciar funções no próximo dia 01 de dezembro.

O médico vai ocupar o lugar de Helder Trindade, que solicitou ao ministro da Saúde a sua substituição, alegando razões “pessoais e familiares” para a sua saída.

Quando foi conhecido este pedido de substituição, Helder Trindade esclareceu: “Sou um médico que pertence ao mapa de pessoal da instituição e, como presidente do IPST, todo o trabalho que desenvolvi durante o meu mandato foi no sentido de pugnar pelo melhor cumprimento da missão do IPST”.

Antes de assumir a direção do IPST, em 2011, Hélder Trindade era diretor do Centro de Histocompatibilidade do Sul e responsável do Registo Português de Dadores de Medula Óssea.

O desaproveitamento de parte do plasma recolhido em Portugal, o mau estado em que estavam milhares de amostras do Banco Público de Sangue do Cordão Umbilical e pontuais quebras de dádivas, acompanhadas pela polémica na perda de isenção do pagamento de todas as taxas moderadoras para os dadores foram alguns dos casos com que Helder Trindade enfrentou no seu mandato.

 

Tratamentos médicos
Os níveis elevados de casos de infeção nos hospitais portugueses têm um reflexo negativo no turismo da saúde, indicou à Lusa o...

"Há um nuvem negra a ensombrar" a vinda de estrangeiros para certos tratamentos, como as termas e as intervenções cirúrgicas, devido ao facto de Portugal ser considerado o país com maior taxa de infeções hospitalares, apesar de "economicamente mais vantajoso", indicou.

Este dado, divulgado num relatório do Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças (European Centre for Disease Prevention and Control) - ECDC, em 2013, posiciona Portugal na pior posição, dentro de um conjunto de países avaliados.

Para o presidente da associação, embora este número possa ser relevante para a opinião pública e para as escolhas feitas na área da turismo da saúde, o inquério que deu origem a estes dados é voluntário, o que pode influenciar os resultados.

"Em Portugal, por exemplo, responderam 101 hospitais, os quais, para evitar uma amostragem demasiado significativa, foram reduzidos para 57, de modo aleatório", referiu, acrescentando que há, para outros países, uma taxa de adesão "muito pobre", dificultando assim a comparação.

Francisco Brito defende que existe "muita dificuldade" em juntar e cruzar informações, mas acredita que esse é o caminho para "baixar os níveis" de infeções, que têm vindo a aumentar de ano para ano.

"Existem dados em termos nacionais mas não conseguimos discriminar exatamente onde estão os problemas e que tipologias de hospitais é que os têm. Há falta de informação", lamenta, reforçando que "faria todo o sentido que estas avaliações tivessem um caráter obrigatório, porque só conseguimos melhorar se conseguirmos medir".

Estes depoimentos são avançados pelo presidente na véspera das Jornadas Técnicas, evento que decorrre na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), na sexta-feira, com o objetivo de discutir as conclusões dos investigadores sobre o comportamento de ligas metálicas, iões metálicos e óxidos para controlo da contaminação de superfícies em ambiente hospitalar.

Nesta inciativa vão ser apresentados resultados e possibilidades de aplicação desses materiais, bem como um caso prático de uso de ligas de cobre antimicrobianas num hospital.

Segundo um comunicado daquela institução de ensino superior, sendo as mãos o meio principal de transmissão da infeção, por contacto com superfícies contaminadas, é sobre estas que grande parte da atenção da engenharia da saúde se concentra, procurando revestimentos ou tratamentos com características bacteriostáticas ou bactericidas.

"Desde a década de 70 que as organizações governamentais têm acompanhado a problemática das infecções associadas aos cuidados de saúde e têm vindo a divulgar uma série de recomendações no sentido de conter as infecções e prevenir a sua transmissão".

Na Europa, segundo dados dos Inquéritos de Prevalência de Infecção (IPI), a prevalência das IACS oscila entre 5% e 10%, registando-se em Portugal, segundo dados realizados em 2003 e 2009, 8% e 10%, respectivamente, lê-se ainda na nota informativa.

A Jornada Técnica é uma ação conjunta da Associação de Técnicos de Engenharia Hospitalar Portugueses (ATEHP) e da Comissão de Ligação à Indústria da FEUP.

 

Barómetro
A esmagadora maioria dos adultos diabéticos inquiridos sobre a doença afirma que a perda de visão afetou as suas atividades...

De acordo com as conclusões do Barómetro da Retinopatia Diabética, que serão hoje apresentadas na sede da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), as limitações da perda de visão foram reportadas por 94 por cento dos inquiridos.

O Barómetro resulta de inquéritos realizados a 4.340 adultos diabéticos e 2.329 profissionais de saúde de 41 países. Em Portugal, responderam ao inquérito 73 adultos diabéticos e 80 profissionais de saúde.

Outra conclusão do barómetro indica que 48% dos doentes apontaram os longos tempos de espera para uma consulta como “uma barreira para exames oftalmológicos”.

Mais de um quarto (27 por cento) dos inquiridos nunca discutiu a saúde ocular com o seu médico ou só o fizeram após aparecerem sintomas associados, enquanto um pouco menos (24%) estão inscritos em programas de gestão da diabetes.

Dos diabéticos com retinopatia diabética e edema macular diabético, um quarto afirma que as alterações da visão dificultaram a gestão da diabetes.

Uma larga maioria (83%) dos inquiridos com doença ocular diabética já tive dias com debilidade física ou psicológica.

Quase um quarto (23%) dos profissionais de saúde inquiridos “não tem protocolos escritos disponíveis para a gestão da diabetes”.

De acordo com o Observatório da Diabetes, em 2014 a prevalência estimada da doença na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) foi de 13,1 por cento.

No mesmo ano, 8.320 foram identificadas para tratamento da retinopatia diabética.

Impacto da crise
O coordenador do estudo sobre o impacto da crise na saúde mental lamentou hoje que Portugal não tenha aproveitado "para...

"As crises são momentos que se devem aproveitar para fazer as mudanças e as reformas que devem ser feitas. No princípio da crise, tinha-se começado a implementar um plano de reforma da saúde mental, aprovado em 2008. O que aconteceu é que, em 2011, o plano foi suspenso", afirmou à Lusa o professor universitário José Caldas de Almeida, presidente do Lisbon Institute of Global Mental Health, instituição que realizou o estudo.

A investigação, feita com base num inquérito a uma amostra da população portuguesa - 911 pessoas - e no seguimento de um trabalho anterior, com entrevistas a 2.060 pessoas, concluiu, segundo dados preliminares, que os problemas de saúde mental, sobretudo os mais graves, aumentaram em Portugal com a crise económica, entre 2008 e 2015.

José Caldas de Almeida foi coordenador nacional para a Saúde Mental, tendo sido responsável pela aplicação do Plano Nacional de Saúde Mental, entre 2008 e 2011.

Para o docente da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, "a saúde mental deixou de ser uma prioridade dos governos", quer dos anteriores de direita, quer do atual de esquerda, atendendo a que "todo o esforço de reforma, de restrutura dos serviços foi suspenso".

Segundo o psiquiatra, medidas que constavam no Plano Nacional de Saúde Mental, como o desenvolvimento de serviços de comunidade, para acompanhamento de doentes, com equipas multidisciplinares, "foram interrompidas".

José Caldas de Almeida enalteceu, no entanto, "o profissionalismo muito grande, a dedicação" de médicos e enfermeiros, que evitou "o colapso" do sistema de saúde na resposta ao aumento das perturbações mentais.

"O sistema aguentou-se, não deu de si, não houve nenhuma situação dramática", advogou, salientando o "aumento significativo" do número de consultas, muito embora, apontou, a redução do orçamento para a saúde mental e a diminuição de médicos e enfermeiros nos serviços públicos, a "paragem de novas contratações".

O coordenador do estudo sublinhou que, apesar da capacidade de resposta do sistema de saúde, as dificuldades no acesso a consultas e a tratamentos adequados aumentaram entre 2008 e 2015.

O Lisbon Institute of Global Mental Health é uma associação privada sem fins lucrativos, que conta com a participação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, que acolhe o instituto, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.

A instituição propõe-se contribuir "para o desenvolvimento de políticas e serviços de saúde mental a nível global, com especial ênfase nos países de baixo e médio rendimento, através de atividades e prestação de serviços".

Estudo Saúde Mental
Os problemas de saúde mental em Portugal, sobretudo os casos mais graves, aumentaram com a crise económica, atingindo quase um...

Trata-se dos resultados preliminares do projeto “Crisis Impact”, que estuda os efeitos da crise económica sobre a saúde mental das populações em Portugal, e que será apresentado hoje, durante o Fórum Gulbenkian de Saúde Mental.

O estudo, da autoria de José Caldas de Almeida, presidente do Lisbon Institute of Global Mental Health, baseia-se numa atualização do estudo nacional de saúde mental de 2008-2009, permitindo comparar os dados do início da crise com os do final de 2015.

A conclusão que mais ressalta do estudo é o “aumento significativo da prevalência de problemas de saúde mental durante este período”, evidenciando uma relação estreita com os fatores sociais e económicos resultantes da crise.

Segundo os dados preliminares, os problemas de saúde mental passaram de uma prevalência de 19,8% em 2008, para 31,2% em 2015, um aumento que se verificou em todos os níveis de gravidade, mas sobretudo nos casos de maior gravidade.

Nos problemas ligeiros passou-se de 13,6% para 16,8% (um aumento de três pontos percentuais), nos problemas moderados de 4,4% para 7,6% (3,2 pontos percentuais), e nos problemas mais graves de 1,8% para 6,8% (5 pontos percentuais).

A prevalência de problemas de saúde mental em 2015 foi mais elevada entre as mulheres, os idosos, os viúvos e separados e as pessoas com baixa escolaridade.

Quanto à relação destes problemas com a crise económica - nomeadamente a diminuição de rendimentos, o desemprego, a privação financeira e a descida de estatuto socioeconómico – o estudo demonstra que estão significativamente associados, revelando igualmente elevados padrões de perturbações depressivas e de ansiedade.

Mais de 40% das pessoas da amostra do estudo reportaram descida de rendimentos desde 2008, cerca de metade por corte de salários e pensões, 14% por desemprego, 6% por mudança de emprego e 5% por reforma.

Os que referem não ter rendimentos suficientes para pagar as suas despesas são quase 40% da amostra e apresentam uma prevalência significativamente mais elevada de problemas de saúde mental do que as que não sentem privação financeira.

A situação agrava-se quanto maior é a privação, sendo especialmente marcada no grupo de pessoas que não conseguem pagar as despesas básicas (comida, eletricidade, água) e que têm dívidas.

Pelo contrário, a existência de um elevado suporte social e o viver em bairros onde as pessoas se sentem seguras e bem integradas provaram ser fatores protetores em relação ao risco de ter problemas de saúde mental.

No que respeita ao uso de medicamentos, acompanha a tendência crescente da prevalência de problemas mentais, tendo-se verificado uma subida progressiva das percentagens de pessoas que usam psicofármacos, sobretudo antidepressivos e ansiolíticos.

Em valores absolutos, o uso destes medicamentos é muito mais elevado entre as mulheres, mas verificou-se um aumento particularmente elevado no consumo por parte dos homens, especialmente ansiolíticos.

Relativamente aos tratamentos, nos últimos cinco anos 27,9% das pessoas procuraram ajuda, sobretudo junto dos médicos de medicina geral, seguidos dos psiquiatras e psicólogos.

No geral, o sistema de saúde revelou capacidade de resposta, embora com alguns problemas a nível do acesso aos cuidados e sobretudo a nível da continuidade e da qualidade dos cuidados.

Se entre 70% e 80% das pessoas conseguiram ter acesso a cuidados, apenas 40% tiveram acesso aos cuidados adequados, sendo as dificuldades em cobrir os custos e em marcar consultas os principais obstáculos apontados.

Distinção
O Hospital Garcia de Orta (HGO) venceu o primeiro prémio na 10.ª Edição do Encontro do Prémio de Boas Práticas em Saúde, pela...

O projeto desenvolvido no Hospital Garcia de Orta foi distinguido quarta-feira com o prémio atribuído pela 10.ª edição do Encontro do Prêmio de Boas Práticas em Saúde, organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (APDH), a Direção-Geral da Saúde, Administração Central do Sistema da Saúde e as Administrações Regionais de Saúde.

Pioneiro em Portugal, este serviço do Hospital Garcia de Orta é um modelo de assistência hospitalar que se caracteriza pela prestação de cuidados no domicílio a doentes agudos, desde que as condições biológicas, psicológicas e sociais dos pacientes o permitam.

A opção pelo internamento domiciliário, como refere uma nota de imprensa do Hospital Garcia de Orta, pode ser colocada "na admissão do doente no serviço de urgência, na consulta externa e no Hospital de Dia, e exige um diagnóstico claro, a estabilidade clinica e a possibilidade de controlar as co-morbilidades no domicílio".

Os doentes referenciados são submetidos a uma avaliação multidisciplinar em três eixos - médico, enfermeiro e assistente social - para se verificar se reúnem condições necessárias para usufruírem do serviço prestado pela Unidade de Hospitalização Domiciliária.

Desde que iniciou a atividade no final de 2015, a UHD disponibiliza um serviço com o mesmo rigor clínico do hospital para alguns doentes que, apesar dos problemas de saúde que apresentam, não necessitem de permanecer do hospital para prosseguirem os tratamentos necessários.

De acordo com o Hospital Garcia de Orta, a UHD já admitiu um total de 270 doentes que beneficiam daquele serviço, em média, cerca de oito dias e meio. Os principais beneficiários são doentes com infeções (rim/vias urinárias e da pele), insuficiência cardíaca e patologias respiratórias.

O Hospital Garcia de Orta revela ainda que os dados disponíveis evidenciam uma redução na taxa de complicações, nomeadamente infeções, e um elevado grau de satisfação dos doentes e das famílias com este serviço hospitalização domiciliária.

Programa "Anos Incríveis"
Os programas para a promoção da saúde mental, que foram aplicados durante o último ano em Coimbra, com “resultados muito...

Os programas ‘Anos incríveis para a promoção da saúde mental’, que foram aplicados em escolas do ensino pré-escolar e em centros de saúde do distrito de Coimbra, deveriam ser alargados a todo o país “porque os resultados são muito positivos”, disse à agência Lusa Maria João Seabra Santos, uma das coordenadoras da execução do plano.

Os resultados da aplicação em Coimbra dos programas, destinados a pais e a profissionais de educação e de saúde, vão ser debatidos numa conferência, na sexta-feira, a partir das 09:30, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC).

Visando diminuir desigualdades sociais e promover a saúde mental em crianças em idade pré-escolar, os ‘Anos incríveis’, que já tinham sido testados com sucesso em Portugal, foram agora executados por uma equipa de especialistas da FPCEUC em “60 jardins-de-infância de zonas carenciadas do distrito de Coimbra”.

A aplicação dos programas, coordenada por Maria João Seabra Santos e Maria Filomena Gaspar, foi possível graças a um financiamento internacional, no âmbito do 'Iniciativas de saúde pública’, do European Economic Area Grants (EEA-Grants), um mecanismo financeiro do espaço económico europeu, que conta com a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega como países doadores.

O alargamento do projeto a todo o território português implicaria, no entanto, a disponibilização de “meios materiais e, sobretudo, humanos”, reconhece Maria João Seabra Santos, que também é professora da FPCEUC.

Ao “dar formação e fornecer instrumentos” aos profissionais de educação e de saúde para “lidarem melhor com as crianças e famílias”, o programa promove “a melhoria das práticas”, que “se traduzem no desenvolvimento de competências sócio-emocionais e na diminuição de comportamentos problemáticos”, como se verificou em Coimbra, sublinha a especialista.

Mas os resultados alcançados “não são novidade”, pois, refere Maria João Seabra Santos, correspondem aquilo que já se tinha intuído, designadamente em função do que foi verificado noutros países.

Depois das ações desenvolvidas no âmbito dos ‘Anos incríveis’, “os técnicos sentiram-se mais capazes”, assegura a especialista, sublinhando que se registaram “grande adesão” e “elevados níveis de satisfação por parte dos profissionais” junto dos quais o programa foi aplicado.

O projeto ‘Anos incríveis para a promoção da saúde mental’ é encerrado na sexta-feira com uma conferência na FPCEUC, durante a qual vai ser debatido (considerando, designadamente, os resultados alcançados com a sua aplicação no distrito de Coimbra) por especialistas portugueses e estrangeiros, técnicos de educação e de saúde e dirigentes políticos e da administração pública, ligada à educação, à saúde e à segurança social.

Diabetes
Portugal vai participar no maior estudo mundial sobre as necessidades das pessoas com diabetes que analisa atitudes, desejos e...

Trata-se do estudo “Dawn2”, uma investigação mundial que envolve mais de 15 mil pessoas de 18 países e vai contar pela primeira vez com a participação de Portugal, o que “faz todo o sentido”, tendo em conta que “é o país da Europa com a mais alta prevalência de diabetes”, segundo o diretor clínico da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), João Raposo.

O estudo arranca sábado e, em Portugal, será conduzido pela APDP.

“Os resultados do estudo serão usados para identificar formas de melhorar a assistência e o apoio a pessoas com diabetes e às pessoas que lhes são próximas”, adiantou João Raposo.

Os resultados do “Dawn2”, referentes a 17 países (Argélia, Canadá, China, Dinamarca, França, Alemanha, India, Itália, Japão, México, Holanda, Polónia, Rússia, Espanha, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos da América), mostram que “a doença tem um impacto negativo em vários aspetos do quotidiano e na qualidade de vida das pessoas com diabetes e dos seus familiares”.

“A educação desempenha um papel vital para melhorar a condição e a qualidade de vida das pessoas com diabetes”, adiantam os resultados do estudo já conhecidos e ainda sem a participação de Portugal.

Outra conclusão já conhecida é que “cerca de metade dos participantes do estudo nunca frequentaram um programa educacional”.

O Dawn2 revelou que uma em cada cinco pessoas com diabetes já se sentiram discriminados devido à sua condição.

Prémio Iniciação à Investigação
Adriana Vieira, da Universidade do Minho, criou um modelo matemático capaz de prever o número diário de pacientes que recorre...

O projeto valeu a Adriana Vieira o “Prémio Iniciação à Investigação”, que será atribuído pela Sociedade Portuguesa de Estatística esta segunda-feira, dia 28, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

No âmbito desta investigação, já foi desenvolvido um software que está em fase de testes no Hospital de Braga para implementação futura. Concluiu-se que o número de pacientes admitidos nas urgências tem vindo a aumentar ao longo do tempo.

As entradas nas urgências variam consoante o dia da semana, o mês do ano e o facto de um determinado dia ser feriado ou não. “O número de admissões tem o seu pico à segunda-feira, decrescendo durante a semana. Regista-se menos afluência em dias de feriado. Nos serviços de urgência geral e obstétrica, as admissões são mais frequentes nos meses quentes, ao contrário do que acontece com a pediatria”, afirma a jovem de 22 anos, natural de Vieira do Minho (Braga).

A análise dos dados fornece dados relevantes para o bom funcionamento de estruturas hospitalares, como a quantidade de profissionais de saúde ou de camas necessárias em determinado dia da semana ou época do ano. Este modelo matemático é pioneiro a nível nacional, destacando-se pela capacidade de prever em tempo real e de forma dinâmica a informação pretendida.

Inovação premiada

O “Prémio Iniciação à Investigação” distingue anualmente os melhores trabalhos desenvolvidos em Probabilidades e Estatística, no âmbito de dissertações de mestrado. “Este galardão representa uma recompensa pela dedicação no desenvolvimento deste estudo. Reconhece também a qualidade do ensino da UMinho e o trabalho de cooperação desta instituição com entidades externas de referência”, afirma Adriana Vieira.

O trabalho “Modelação de Admissões e Internamentos na Urgência do Hospital de Braga” contou com a coordenação de Inês Sousa, professora da Escola de Ciências da UMinho, e Sónia Dória, diretora de produção do Hospital de Braga.

 

Excesso de carga horária laboral
Em Portugal, ao contrário do resto da Europa, trabalha-se cada vez mais horas, especialmente quadros e chefias, e o fenómeno...

O aumento da permanência no local de trabalho tem vindo a aumentar e isso tem implicações na saúde, aumentando a hipertensão, as doenças cardiovasculares ou a diabetes, mas também os casos de depressão, ansiedade e insónia, disse o especialista à Lusa.

Pedro Afonso é o orador num debate organizado hoje pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), sobre o tema "O impacto do excesso de carga horária laboral na saúde psíquica e na vida familiar".

Professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina de Lisboa, no Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica e na AESE-Business School, Pedro Afonso cita um estudo desenvolvido na Escola de Negócios segundo o qual 53% dos inquiridos trabalhava mais do que a carga horária média.

A AESE é a primeira "Business School" de Portugal e dedica-se à formação específica em direcção e gestão de empresas. Segundo Pedro Afonso para o estudo foi utilizada o critério da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que indica as 48 horas por semana como máximo, sendo que a maioria dos portugueses inquiridos trabalhava 54.

"Parece ser um fenómeno cultural português e em todas as profissões. De tal maneira que quem não fica mais horas a trabalhar é censurado, quer pelos seus pares quer pelas chefias", disse.

Ainda citando o estudo, que será divulgado em breve, são os cargos de chefia que mais trabalham, "pelo que o fenómeno é transmitido de cima para baixo".

E dos inquiridos, disse Pedro Afonso, "11% tomava ansiolíticos e antidepressivos, o que é muito tendo em conta que a média etária rondava os 40 anos". Uma situação, acrescentou, "que talvez explique porque é que Portugal é o principal consumidor per capita de psicotrópicos"

O psiquiatra compara o fenómeno a uma "nova escravatura", porque acaba por destruir a família ("o escravo era o que não tinha direito a constituir família"), já que "o excesso de carga horária aumenta o risco de divórcio". E depois, adiantou, "como os escravos, o excesso de trabalho coloca em risco a saúde a própria vida".

Pedro Afonso defendeu ainda que as novas tecnologias não vieram reduzir a carga horária mas que pelo contrário "invadiram a vida privada" e que a "pressão vertical" para se trabalhar mais é "cada vez maior", dando como exemplo as sociedades de advogados, onde por norma se trabalha horas a mais.

"Hoje é mal visto quem sai a horas. Não interessa a produtividade. Nos países nórdicos trabalham menos e não consta que tenham menos produtividade. Estar presente não está obrigatoriamente relacionado com o aumento da produtividade", disse.

Ao contrário, acrescentou o psiquiatra, o cérebro tem limites e com o aumento das horas de trabalho o rendimento diminui e aumenta a probabilidade de erro. E também é comprometida a qualidade de vida e uma adequada conciliação entre o trabalho e a família.

 

Estudo revela
A população da União Europeia (UE) vive cada vez mais anos, mas nem sempre com boa saúde, conclui um relatório conjunto da OCDE...

"Temos que investir na vida das pessoas e no capital humano, na educação e no desenvolvimento de habilidades, e também na saúde e na assistência", destacou o comissário europeu de Saúde, Vytenis Andriukaitis, em conferência de imprensa. "Não devemos ver esta despesa como inevitável, mas como um investimento no futuro", acrescentou.

O envelhecimento da população e o aumento das doenças crónicas, assim como os limites orçamentais, fazem com que seja "necessário" que haja uma mudança no fornecimento de assistência médica, afirma a Comissão, baseando-se no relatório realizado com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre a situação da saúde e o acesso aos cuidados médicos na Europa.

A proporção de pessoas com mais de 65 anos na União Europeia passou de menos de 10% em 1960 para cerca de 20% em 2015, e pode chegar a 30% em 2060, de acordo com as projeções.  Em 18 estados do bloco (só um do leste, a Eslovénia), a esperança média de vida é superior a 80 anos. Porém, isso nem sempre é sinal de boa saúde, visto que na União Europeia há cerca de 50 milhões de pessoas com doenças crónicas, indica o relatório.

Além disso, cerca de meio milhão de europeus em idade ativa morrem todos os anos por doenças crónicas, o que gera perdas de cerca de 115 mil milhões de euros. Os gastos de saúde na União Europeia representam 9,9% do PIB em 2015, em comparação com 8,7% em 2005.

Andriukaitis lamenta ainda que "um grande número de pessoas morram a cada ano por doenças evitáveis relacionadas com fatores de risco como o tabaco ou a obesidade".

Na União Europeia, uma em cada cinco pessoas é fumadora, e 16% dos adultos são obesos, em comparação com 11% em 2000.  A obesidade, tal com o consumo excessivo de álcool, são problemas cada vez mais comuns na Europa, a região onde mais se consome álcool no mundo, indica o relatório.

Desigualdades entre estados

"Ainda há muito para fazer para reduzir as desigualdades em matéria de acesso aos cuidados de saúde e da qualidade destes", afirma Angel Gurría, secretário-geral da OCDE.

A duração média de um internamento hospitalar passou de 10 dias em 2000 para oito dias em 2014. Em alguns tratamentos, as diferenças entre os países continuam a ser significativas.

Após um ataque cardíaco, por exemplo, os pacientes permanecem internados, em média, menos de cinco dias na Bulgária, Dinamarca, Suécia e Eslováquia, em comparação com os 10 dias da Alemanha. Estas diferenças também refletem as variações nas práticas hospitalares e nos sistemas de pagamento, segundo o relatório.

No Reino Unido, Alemanha, Holanda e Eslováquia, predomina o uso de medicamentos genéricos, que representam mais de 70% dos produtos vendidos. Na Itália, Luxemburgo e Grécia, esta taxa é de menos de 20%. Em quatro países - Chipre, Grécia, Bulgária e Roménia - mais de 10% da população não tem cobertura médica básica.

Contração involuntária da musculatura origina pressão desnecessária
Com a chegada dos dias mais frios e a aproximação do inverno, aumentam os primeiros sintomas de dores musculares, de...

“Quando saímos à rua e sentimos frio, todos temos tendência a ‘encolher’ o corpo, levantar os ombros e projetá-los para a frente e, muitas vezes, para permanecer longos períodos nessa mesma posição que repetimos várias vezes ao dia. A pressão provocada sobre a coluna e articulações é desnecessária e responsável por que as mesmas fiquem ‘doridas’ ao final da jornada de trabalho, contribuindo para dores de costas mais regulares”, introduz Luís Teixeira, médico ortopedista e presidente da Associação Portuguesa Spine Matters. 

A circulação sanguínea mais fraca, também resultado deste tipo de contração do corpo, poderá ainda originar uma desacelaração do metabolismo, diminuição da força e da massa muscular, limitação articular e até uma maior dificuldade na realização de alguns movimentos que exijam uma maior flexibilidade. “A não correção de algo que assumimos como natural e que nem sempre associamos às dores consequentes, tem impacto em todos estes pontos do nosso organismo e conduz, inclusive, a alterações posturais mais prolongadas, que irão manter todas estas reações”, continua o especialista em ortopedia que salienta que são precisamente as pessoas menos ativas a sofrer ainda mais,”idosos, pessoas com doenças degenerativas como artrites e artroses, pessoas com fraturas ou recém-operadas.”  

Para prevenir e combater este tipo de condição, Luís Teixeira recomenda a realização de alguns exercícios de alongamento diário, numa repetição matinal e nocturna de 5 minutos mínimos em cada, como o espreguiçar. Para quem treina, e que tem tendência também a reduzir a intensidade no inverno, a recomendação é clara: “No inverno, devemos continuar a treinar. O facto de nos mantermos ativos, e o mais possível, é fundamental para evitar lesões. Além disso, os alongamentos ativam a circulação”, explica o médico que recomenda também que as pessoas se movimentem “já que assim irão estimular a produção de líquido sinovial, responsável pela lubrificação das articulações” e que mantenham as extremidades do corpo aquecidas, nomeadamente o pescoço, de forma a prevenir contraturas musculares. 

 

 

Métodos de contraceção
A grande maioria das portuguesas em idade fértil (94,1%) utiliza um método contracetivo para evitar uma gravidez não desejada....

Mas, segundo a “Avaliação das Práticas Contracetivas das Mulheres em Portugal”, desenvolvida pela Sociedade Portuguesa da Contracepção e pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia em 2015, apesar da maioria das mulheres (58%) utilizar pílula como contracetivo regular, cerca de 22% destas admitem que se esquecem de tomar a pílula todos os ciclos ou mais de uma vez por mês. E, das mulheres que se esquecem, 38% refere que não faz absolutamente nada para evitar uma gravidez.

Quando analisamos a utilização do preservativo, os dados são semelhantes. De acordo com o relatório português do Estudo Health Behaviour in School-aged Children 2014, coordenado internacionalmente pela Organização Mundial de Saúde, 21,6% dos jovens portugueses afirmam não ter utilizado preservativo na primeira relação sexual e 20,3% na última relação sexual, apontando para isso várias razões, entre as principais não ter pensado nisso, não ter o preservativo consigo, o facto de ser um método caro ou de estarem alcoolizados no momento do ato. Um outro estudo, desenvolvido por uma marca de preservativos, aponta que cerca de 40% dos jovens sexualmente ativos na faixa etária dos 16-24 anos afirmou ter relações sexuais com mais do que uma pessoa sem preservativo e 61% não costuma sequer pensar em preservativos até ao momento em que precisa de um.

Para Teresa Bombas, médica especialista em ginecologia e obstetrícia e presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC), “a utilização inconsistente dos métodos contracetivos é arriscada e deve ser evitada. Os jovens tem um índice de fertilidade muito elevado e têm a ideia de que se encontram protegidos, mas é uma falsa perceção, a possibilidade de uma gravidez não planeada ou de uma doença sexualmente transmissível, essa sim, é muito real. É por isso, essencial alertar que só um uso correto da contraceção permite reduzir o risco de falha do método e, consciencializar que, caso haja uma falha, existe ainda a possibilidade de fazer contraceção de emergência, para evitar uma gravidez não desejada e o recurso ao aborto”.

Contraceção de Emergência – uma segunda oportunidade quando algo corre mal

Quando uma mulher não quer engravidar, preocupa-se com uma possível falha na sua contraceção regular. Por isso, é importante que saiba que, perante, por exemplo, o esquecimento da toma da pílula contracetiva, retenção ou rotura ou não utilização do preservativo tem uma segunda oportunidade – a pílula de emergência, que pode adquirir de forma simples e sem receita na farmácia.

No mesmo estudo, conclui-se que as portuguesas conhecem já a pílula de emergência, uma vez que a quase totalidade das inquiridas no estudo – 87% - refere conhecer este método contracetivo de emergência1. Mas, quando se analisa a utilização deste método, verificamos que apenas 17% das mulheres sexualmente ativas que afirma conhecer este método já tiveram de recorrer a ele para evitar uma possível gravidez não desejada1. E as utilizadoras são, essencialmente, as mulheres mais jovens, que ainda não querem constituir família.

A pílula do dia seguinte deve ser tomada o mais rapidamente possível após uma relação sexual não protegida ou uma falha no método contracetivo utilizado. EllaOne® (acetato de ulipristal) representa um avanço na contraceção de emergência. Atua no bloqueio temporário da ovulação, inclusivamente no momento de maior risco de gravidez (a meio do ciclo menstrual da mulher) e com uma eficácia mantida até 120 horas após a relação sexual 6 , ou seja, o tempo de vida que os espermatozoides permanecem vivos no aparelho reprodutor feminino, impedindo assim que óvulo e espermatozoides se encontrem e que a gravidez ocorra.

Universidade do Colorado
Os fumadores têm um risco muito maior do que os não fumadores de morrer por qualquer causa. Mas se também sofrem de diabetes,...

Não há qualquer dúvida que fumar é muito prejudicial para a saúde – dos fumadores e de quem os rodeia.

O tabagismo é, como avisam inúmeros estudos e especialistas, o primeiro fator de risco para sofrer uma morte prematura. Mas este risco pode agravar-se bastante quando o fumador tem uma doença crónica associada.

É o caso das pessoas portadoras de VIH, para as quais fumar encurta mais a esperança de vida do que o próprio vírus. O mesmo acontece com a diabetes. Um estudo realizado pela Universidade do Colorado, em Denver nos Estados Unidos, mostra que o risco de morrer por qualquer causa na população fumadora, já por si elevado, chega a duplicar em caso de diabetes, podendo tornar-se uma combinação fatal.

Como reporta o ABC, os resultados deste estudo mostraram que, por si só, a diabetes está associada a um risco até duas vezes maior de mortalidade por qualquer causa, assim como um tumor não localizado no pulmão, na população fumadora.

Páginas