Métodos de contraceção

22% das portuguesas esquece-se de tomar a pílula todos os meses

A grande maioria das portuguesas em idade fértil (94,1%) utiliza um método contracetivo para evitar uma gravidez não desejada. Este dado coloca Portugal numa das posições cimeiras da tabela europeia no que respeita à taxa de utilização de métodos contracetivos regulares nas mulheres em idade fértil.

Mas, segundo a “Avaliação das Práticas Contracetivas das Mulheres em Portugal”, desenvolvida pela Sociedade Portuguesa da Contracepção e pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia em 2015, apesar da maioria das mulheres (58%) utilizar pílula como contracetivo regular, cerca de 22% destas admitem que se esquecem de tomar a pílula todos os ciclos ou mais de uma vez por mês. E, das mulheres que se esquecem, 38% refere que não faz absolutamente nada para evitar uma gravidez.

Quando analisamos a utilização do preservativo, os dados são semelhantes. De acordo com o relatório português do Estudo Health Behaviour in School-aged Children 2014, coordenado internacionalmente pela Organização Mundial de Saúde, 21,6% dos jovens portugueses afirmam não ter utilizado preservativo na primeira relação sexual e 20,3% na última relação sexual, apontando para isso várias razões, entre as principais não ter pensado nisso, não ter o preservativo consigo, o facto de ser um método caro ou de estarem alcoolizados no momento do ato. Um outro estudo, desenvolvido por uma marca de preservativos, aponta que cerca de 40% dos jovens sexualmente ativos na faixa etária dos 16-24 anos afirmou ter relações sexuais com mais do que uma pessoa sem preservativo e 61% não costuma sequer pensar em preservativos até ao momento em que precisa de um.

Para Teresa Bombas, médica especialista em ginecologia e obstetrícia e presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC), “a utilização inconsistente dos métodos contracetivos é arriscada e deve ser evitada. Os jovens tem um índice de fertilidade muito elevado e têm a ideia de que se encontram protegidos, mas é uma falsa perceção, a possibilidade de uma gravidez não planeada ou de uma doença sexualmente transmissível, essa sim, é muito real. É por isso, essencial alertar que só um uso correto da contraceção permite reduzir o risco de falha do método e, consciencializar que, caso haja uma falha, existe ainda a possibilidade de fazer contraceção de emergência, para evitar uma gravidez não desejada e o recurso ao aborto”.

Contraceção de Emergência – uma segunda oportunidade quando algo corre mal

Quando uma mulher não quer engravidar, preocupa-se com uma possível falha na sua contraceção regular. Por isso, é importante que saiba que, perante, por exemplo, o esquecimento da toma da pílula contracetiva, retenção ou rotura ou não utilização do preservativo tem uma segunda oportunidade – a pílula de emergência, que pode adquirir de forma simples e sem receita na farmácia.

No mesmo estudo, conclui-se que as portuguesas conhecem já a pílula de emergência, uma vez que a quase totalidade das inquiridas no estudo – 87% - refere conhecer este método contracetivo de emergência1. Mas, quando se analisa a utilização deste método, verificamos que apenas 17% das mulheres sexualmente ativas que afirma conhecer este método já tiveram de recorrer a ele para evitar uma possível gravidez não desejada1. E as utilizadoras são, essencialmente, as mulheres mais jovens, que ainda não querem constituir família.

A pílula do dia seguinte deve ser tomada o mais rapidamente possível após uma relação sexual não protegida ou uma falha no método contracetivo utilizado. EllaOne® (acetato de ulipristal) representa um avanço na contraceção de emergência. Atua no bloqueio temporário da ovulação, inclusivamente no momento de maior risco de gravidez (a meio do ciclo menstrual da mulher) e com uma eficácia mantida até 120 horas após a relação sexual 6 , ou seja, o tempo de vida que os espermatozoides permanecem vivos no aparelho reprodutor feminino, impedindo assim que óvulo e espermatozoides se encontrem e que a gravidez ocorra.

Fonte: 
Vânia Martins
Nota: 
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