Estudo
Um estudo do Centro de Neurociências e Biologia Celular revela que a doença de Alzheimer e o envelhecimento cerebral estão...

Uma investigação do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), coordenado por Ana Ledo, evidencia que a doença de Alzheimer “apresenta uma produção desregulada de moléculas mensageiras, o que pode, em último caso, comprometer a produção de energia no cérebro”, afirma a UC numa nota enviada hoje à agência Lusa.

Publicada na revista científica Neurobiology of Aging, a investigação sugere que na Alzheimer “a comunicação entre neurónios, através das sinapses, apresenta falhas caracterizadas pela redução da produção de um mensageiro químico especial que, ao contrário dos mensageiros clássicos, se move entre as células de modo muito rápido”.

A produção do “mensageiro químico óxido nítrico apresenta na doença de Alzheimer alterações muito diferentes das registadas num envelhecimento normal”, refere Ana Ledo, citada pela UC.

Além de comprometer a comunicação entre células, “estas alterações poderão diminuir a capacidade das células produzirem energia para suportar o funcionamento regular do cérebro”, acrescenta a especialista.

“O óxido nítrico, uma molécula muito simples constituída apenas por dois átomos, é essencial à formação de memória e à aprendizagem no hipocampo”, zona cerebral analisada nesta investigação, sublinha a UC.

Mas “a desregulação na sua produção, acompanhada da geração de outras espécies químicas com as quais o óxido nítrico pode reagir, pode induzir alterações moleculares e celulares que estão associados aos mecanismos de morte celular” na doença de Alzheimer.

“Os papéis “positivos” ou “negativos” do óxido nítrico dependem, assim, da sua concentração nos tecidos cerebrais”, entre outros aspetos.

Numa primeira fase da patologia, o óxido nítrico é produzido em grandes quantidades num local específico do hipocampo, de modo a compensar as falhas de comunicação entre neurónios.

A progressão da doença é associada, no entanto, a “uma redução do óxido nítrico disponível para mediar o processo de comunicação, que se poderá explicar em parte pelo desvio da sua bioatividade”, refere a UC, adiantando que, “neste contexto, o óxido nítrico reage dentro das células, produzindo-se moléculas com potencial tóxico”.

A coordenadora do estudo defende que “um melhor conhecimento dos processos bioquímicos, moleculares e celulares subjacentes ao desenvolvimento da doença de Alzheimer permite desenhar novas estratégias terapêuticas, no sentido de travar a progressão da doença ou reverter os seus sintomas”.

A investigação foi realizada num modelo animal da doença de Alzheimer, que desenvolve, ao longo da sua vida, características da doença semelhantes às observadas no ser humano.

A evolução da patologia foi investigada através da observação do tecido do hipocampo de animais jovens, de meia-idade e idosos.

O estudo foi financiado por fundos comunitários, designadamente através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), com apoio dos programas Mais Centro e Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE), através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Direção-Geral da Saúde
O novo Programa Nacional de Vacinação entra em vigor em janeiro, introduzindo a vacina contra a tosse convulsa para mulheres...

Uma nota hoje emitida pela Direção-Geral da Saúde recorda que o novo Programa de Vacinação traz novos esquemas vacinais gerais em função da idade e ainda novos esquemas específicos para grupos de risco ou em circunstâncias especiais.

É o caso das grávidas entre as 20 e as 36 semanas de gestação, que passam a ser vacinadas contra a tosse convulsa - com a vacina contra o tétano, a difteria e a tosse convulsa.

A partir de janeiro, as crianças entre os dois e os seis meses levarão uma vacina com seis valências: contra a hepatite B, contra a doença invasiva que pode provocar meningites e sepsis, contra a difteria, tétano e tosse convulsa.

A vacina BCG contra a tuberculose passa a ser dada apenas a crianças e pessoas com risco acrescido para determinadas doenças.

É introduzida ainda a vacina contra a meningite B (‘neisseria meningitidis’) mas é também dada apenas a crianças consideradas de risco para certas doenças.

Aos cinco anos passa a ser administrada a segunda dose da vacina combinada contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola.

Aos 10 anos de idade as raparigas passam a fazer a primeira dose da vacina contra infeções pelo HPV (vírus do papiloma humano).

Há ainda alterações nos reforços contra o tétano, difteria e tosse convulsa em adultos e adolescentes: a primeira dose é aos 10 anos de idade e há continuação com reforços aos 25, 45, 65 anos e depois de 10 em 10 anos.

Governo garante
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, garantiu hoje que vão ser inscritos mais 80 médicos de família até...

O governante avançou que esta medida vai ao encontro do objetivo do Governo de "dotar todas as famílias de equipas de proximidade até ao final da presente legislatura".

Fernando Araújo disse que este ano surgiram mais 243 médicos de família no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e acrescentou que foram gastos 15 milhões de euros na construção ou remodelação de 36 centros de saúde em todo o país.

"Temos cerca de 60% das medidas do Governo na área da saúde executadas ou com a execução iniciada", referiu o governante, defendendo que "2016 representa um ano de viragem para o SNS".

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde falava esta manhã em Gondomar, distrito do Porto, no lançamento da primeira pedra das futuras instalações do centro de saúde de Baguim do Monte, um equipamento que quer o presidente da câmara, Marco Martins, quer o da junta, Nuno Coelho, descreveram como "muito ansiado pela população".

Também no concelho da Trofa foi assinalado esta manhã o arranque das obras do centro de saúde de Santiago de Bougado que, de acordo com nota da câmara local liderada por Sérgio Humberto, vai servir a população de quatro freguesias: Santiago de Bougado, S. Martinho de Bougado, Covelas e Muro, num total de mais de mais de 20 mil utentes.

Estes dois centros de saúde representam um investimento superior a três milhões de euros, sendo que este ano, e de acordo com informações da Autoridade Regional de Saúde do Norte, a verba total gasta em equipamentos nesta zona ronda os 8,3 milhões.

À Trofa e a Gondomar somam-se empreitadas em Vilar do Andorinho, Vila Nova de Gaia, Martim, Barcelos, Campo, concelho de Valongo, bem como Batalha, Porto.

Associação do Porto
Uma associação do Porto de apoio ao doente mental vai lançar em janeiro de 2017 uma aplicação para telemóvel de autogestão de...

Segundo Raquel Almeida, coordenadora da Associação Nova Aurora na Reabilitação e Reintegração Psicossocial (ANARP) o projeto denominado "I Cope", "Eu lido com", em português, visa "dar às pessoas que sofrem de esquizofrenia autonomia, mas sempre com o apoio de profissionais".

"A ideia é ser capaz de dar uma resposta para além do período entre as 09:00 e as 17:00 em que as instituições estão abertas, dando-lhes um novo elo de ligação em casos de crise à noite ou ao fim de semana, dispondo sempre de um grupo de apoio", explicou a responsável.

O projeto integra, além da Raquel Almeida, um técnico do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC) e estudante da Terapia Ocupacional da Escola de Saúde do Porto e destina-se a utentes da ANARP e da Rede de Apoio da Reabilitação Psicossocial da Área Metropolitana do Porto (AMP).

A aplicação divide-se em quatro módulos: automotivação do sintoma, diário, gestão de stresse e, por último, controlo de medicação e resolução de problemas.

"Fizemos um inquérito a nível nacional que teve mais de uma centena de respostas e em que se percebeu que cerca de 60% dos inquiridos querem utilizar a aplicação", sublinhou a coordenadora que destacou "a boa resposta também ao nível dos técnicos que trabalham na área".

A fim de financiar a aquisição de ‘smartphones’ para quem os não tem "foi pedido um apoio de cinco mil euros ao Instituto Nacional para a Reabilitação", explicou a coordenadora de uma aplicação, que "representa um investimento total de 6.500 euros".

Projeto "pioneiro em Portugal", Raquel Almeida revelou que aplicações ligadas à esquizofrenia, “só se conhecem no Reino Unido e nos Estados Unidos".

"A aplicação vai estar em fase de projeto piloto entre fevereiro e abril para depois avançar à escala da AMP, numa parceria entre a ANARP, a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e o Instituto Superior de Engenharia (ISEP)", disse.

Na ANARP, o projeto vai, para já, chegar a 20 utentes, mas a ideia é também envolver a associação Encontrar+se, o serviço de psiquiatria do Hospital São João, do Hospital Magalhães Lemos e a Associação dos Familiares, Utentes e Amigos do Hospital Magalhães Lemos (AFUA).

Criada em 1986 por um grupo de familiares de pessoas com doença mental a ANARP "atendeu no seu centro de reabilitação 157 pessoas com problemas de esquizofrenia e de depressão, atendendo diariamente 50 utentes", revelou a responsável.

"São cada vez mais jovens as pessoas que nos chegam", disse a responsável de uma associação que possui há dois anos uma casa de autonomização e que aponta à disponibilização de outra para apoiar os utentes que "não tem família de suporte".

Do processo de reabilitação psicossocial consta, acrescentou Raquel Almeida, "a procura ativa de emprego", revelando "terem sido vários os utentes que entraram no mercado de trabalho, quer através de protocolos ou de estágios profissionais".

Estudo
Inquérito feito a 2700 alunos portugueses revela que, à medida que crescem, jovens vão perdendo a autoestima e confiança em si...

Até que ponto a consciência social e os valores pessoais podem funcionar como travão ao sucesso de um jovem, em termos académicos mas também de saúde e bem-estar? A capacidade que um jovem possa ter para criar empatia com os outros e com os problemas à volta atua no sentido contrário ao do bem-estar? Estas são duas das perguntas que, segundo o jornal Público, ficaram a pairar na cabeça da psicóloga Margarida Gaspar de Matos, coordenadora portuguesa de um estudo que, após um inquérito a 2700 jovens portugueses entre os 16 e os 29 anos, chegou a conclusões aparentemente pouco animadoras: por um lado, as raparigas demonstram ter uma consciência social mais apurada do que os rapazes, mas depois aparecem como menos otimistas e propensas a sentimentos de mal-estar físico e psicológico; por outro lado, os jovens com um estatuto socioeconómico mais elevado são os que menos valores e consciência social parecem ostentar mas também os mais confiantes e otimistas e os que mais facilmente se percecionam como bons alunos.

“Fica-se com a sensação que um jovem ou é competentíssimo e confiante mas muito pouco preocupado com os outros e com a realidade – portanto, autocentrado e egoísta, ou cria empatia com o que o rodeia e sofre por causa disso e torna-se menos bem-sucedido”, cogita Margarida Gaspar de Matos. Mas estas são elaborações para fazer no futuro. Por enquanto o que o estudo “Be Positive” que é apresentado esta segunda-feira, na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, faz é o “raio x” da situação em termos de saúde pública dos jovens, segundo a teoria dos 5’C’s do norte-americano Richard Lerner, segundo o qual há características básicas nos jovens – Confiança, Competência, Conexão, Cuidados e Carácter – que são determinantes nos seus comportamentos, em termos académicos, de saúde, bem-estar e qualidade de vida, entre outros aspetos.

“É como se estes 5 C’s fossem um software, uma maneira de agir na vida”, ajuda a compreender Margarida Gaspar de Matos. Coordenadora desde há muitos anos do projecto Aventura Social, que se dedica à promoção da saúde dos jovens, e membro da equipa do Health Behaviour in School-aged Children, da Organização Mundial de Saúde, a psicóloga foi convidada a integrar a rede do Desenvolvimento Positivo dos Jovens (Positive Youth Development, conhecido internacionalmente pela sigla PYD) que se propôs fazer a validação à escala mundial dos 5 C’s, enquanto instrumento aferidor do comportamento dos jovens. O estudo, liderado pela Universidade de Bergen, na Noruega, decorreu simultaneamente em mais de 20 países, nesta primeira fase em que Portugal também participou (outros países se juntaram entretanto). E, numa altura em que ainda não é possível comparar os resultados entre países nem chegar aos porquês, os inquéritos feitos online aos 2700 jovens, levantam desde já várias interrogações.

Os 5 C’s ao pormenor
O propósito da validação da teoria dos 5 C’s é perceber a que ponto a reunião destas cinco características num jovem funciona como indicador de que ele será bem-sucedido. A confiança remete para a questão da autoestima, a competência refere-se ao desempenho académico mas também em termos sociais e de saúde, a conexão mede a relação com a escola, família, amigos, vizinhança e comunidade em geral, o cuidado que apela ao sentimento de compaixão e justiça social e para a noção de pluralidade e inclusão e, por ultimo, o carácter que é, em ultima instância, que leva cada um a procurar fazer o que está certo.

Quanto mais velhos, mais tristes e menos saudáveis
Desde logo, os níveis de confiança, que remetem para a questão da autoestima e para a existência de uma identidade positiva e sensação de bem-estar, parecem diminuir à medida que os jovens crescem. “Podia-se pensar que quanto mais velhos mais competências destas têm, mas é o contrário: quando mais velhos pior. Quando andam, por exemplo, no 10º ano, os miúdos têm muito mais boa impressão sobre si e sobre as suas competências e, à medida que vão ficando mais velhos, vão ficando não sei se mais realistas se mais pessimistas”, admirou-se Margarida Gaspar de Matos, para quem se trata de “um dado preocupante, do ponto de vista da saúde do bem-estar dos jovens”, e que levanta a questão de saber “o que é que a sociedade em geral, mas também a escola e a universidade, podem fazer para ajudar os jovens a crescer sem terem que sucumbir e ficar mais tristes e menos saudáveis”.

Se esta mudança é exclusiva da sociedade portuguesa ou decorre do amadurecimento dos jovens, e de uma maior noção que estes possam ganhar das dificuldades que os esperam na vida adulta, é cedo para concluir. “Daqui para a frente vamos discutir com os jovens para perceber como é que eles interpretam isto. Em segundo lugar, vamos comparar os resultados a nível internacional, mas isso só poderá ser feito daqui por um ano, o mais tardar”, explica a psicóloga para quem esta conclusão terá também de se relacionar com o que já se sabe quanto à adoção em idades mais avançadas de comportamentos de risco como a ingestão de álcool e o tabaco e as relações sexuais desprotegidas.

Raparigas sentem mais “o peso” do outro
Habituada a estudos sobre a saúde dos jovens que tradicionalmente caracterizam os rapazes como sendo mais propensos a comportamentos de risco e as raparigas a estados de mal-estar físico e psicológico, o “Be Positive” surpreendeu Margarida Gaspar de Matos porque não mostrou grandes diferenças entre homens e mulheres nestas cinco competências. “É dos primeiros estudos que tenho em mãos em que não há diferenças de género, a não ser na questão da consciência social que se inscreve no C do carácter. As raparigas parecem ter mais consciência social, mas depois sabemos, pelos outros estudos que conhecemos sobre a saúde dos jovens, que os rapazes são mais otimistas e conseguem fazer muito melhor, ou seja, o potencial e os processos são idênticos entre rapazes e raparigas, mas, em termos de output, daquilo que é possível concretizar, eles saem-se melhor. É uma nova maneira de ver as diferenças de género e que levanta a questão de perceber a que ponto a consciência social, a capacidade de cada um se preocupar com os outros, conseguem empatar o bem-estar e a descontração de quem possui estas características”, explica a psicóloga, a quem interessa agora perceber até onde é que “nas raparigas o peso dos outros é um fator negativo”. Dito de outro modo, “se esta consciência social faz com que elas fiquem penalizadas no seu desempenho”. E, por outro lado, se este efeito decorre de elas estarem mais alertas para os problemas mas incapazes de atuar e produzir mudanças.

Mais sucesso igual a menos solidariedade?
Outra conclusão a justificar análise mais minuciosa é a que relaciona o estatuto socioeconómico com uma menor preponderância dos valores pessoais e da consciência social. “Os jovens mais privilegiados têm melhor desempenho em tudo, menos nos valores pessoais em que ficam mais abaixo do que os outros”. Haverá entre eles uma ausência de necessidade de criarem empatia com os problemas à volta? “Parece que sim”, admite a psicóloga, para justificar que o padrão se repete relativamente à perceção da competência escolar. “Os jovens que têm estes 5 C’s robustecidos sentem-se menos aborrecidos e menos pressionados com a escola. Mas, na questão da perceção da competência académica, os que se saem melhor são os que têm os melhores 5 C’s, com exceção dos valores pessoais, ou seja, também não é preciso ter grandes valores pessoais para ter uma boa perceção de si enquanto aluno”.

 

Este ano, Margarida Gaspar de Matos fez um exercício com os seus alunos de 19 anos, no primeiro ano da faculdade, e concluiu que “a grande preocupação da vida deles é acabar o curso e arranjar um emprego”. “Todas as outras preocupações não existem. Eles veem o futuro como uma coisa tão nebulosa que não conseguem sair deles e preocupar-se com mais nada”. Depois disto, a conclusão de que os jovens mais competentes e mais confiantes são os menos preocupados com os outros e com a realidade, não a surpreendeu grandemente. “Mas se assim é, se concluímos que para sermos bem-sucedidos temos de pôr umas palas de individualismo, não saímos nada bem na fotografia”, preocupa-se, para chegar a uma das grandes questões que vai merecer uma análise mais apurada no futuro: “Perceber se as pessoas, para serem bem-sucedidas no que diz respeito à competência académica e ao estatuto socioeconómico, têm realmente que ser menos simpáticas ou menos solidárias ou dar provas de menos coesão social”.

Associação Zero
Os portugueses consomem 4,4 vezes mais carne, ovos e pescado que o necessário, o que prejudica a saúde, o ambiente e o...

"Verificamos que os portugueses consomem 4,4 vezes acima daquilo que seria necessário deste componente, da carne, ovos e pescado", disse Susana Fonseca, da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero.

Num ano, "devíamos consumir à volta de 33 quilogramas do conjunto de carne, ovos e pescado e estamos a consumir muito acima disso, cerca de 178 quilogramas, portanto 145 quilogramas a mais", avançou a especialista, e realçou que, na saúde, "o excesso de proteína causa vários problemas, e não é de todo benéfico em termos ambientais".

No final deste Ano Internacional das Leguminosas, e numa época festiva "que tende a propiciar exageros de alimentação", a Zero analisou as recomendações da Direção Geral de Saúde para o consumo de carne, ovos e pescado e comparou com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as quantidades destes produtos na alimentação dos portugueses.

"Para produzir uma quilocaloria de carne de vaca, por exemplo, precisamos de 174 quilocalorias", principalmente de alimentos para os animais, "o que é mais do que o necessário quando são consumidos alimentos vegetais e leguminosas", justificou Susana Fonseca.

Também no consumo de carne, o impacto em termos de consumo de água é 100 vezes superior àquele que é necessário para produzir leguminosas, além de implicar mais emissões de metano, um gás com efeito de estufa que agrava as alterações climáticas.

As leguminosas, como feijão, grão, lentilhas, favas ou ervilhas, fazem parte da dieta mediterrânica e da cultura gastronómica portuguesa, são, segundo a Zero, "uma excelente fonte de proteína e podem ser usadas como alternativa a este consumo de proteína animal".

Para o orçamento familiar, "fica mais caro [o uso de proteína animal], sabemos que a componente de proteína é das que acaba por ter mais peso" na despesa com a alimentação, especificou a especialista da Zero.

Assim, "estamos a desperdiçar dinheiro, estamos a consumir proteína que nos está a fazer mal, está a fazer mal ao ambiente e está a retirar-nos recursos financeiros", resumiu.

A Zero listou algumas mudanças que podem fazer a diferença e facilitar a mudança para o consumo de leguminosas, começando por uma alteração das políticas públicas, embora exista um plano para uma alimentação saudável, "que é importante", e a Direção-Geral da Saúde tenha vindo a fazer um "trabalho interessante" nesta área.

Na lista de propostas da Zero está o trabalho com as escolas, nomeadamente nas cantinas, para que as porções servidas respeitem o princípio das leguminosas e haja maior disponibilidade de refeições de base vegetariana.

A sensibilização e informação aos consumidores, por exemplo, acerca da forma de produção da carne, como já acontece com os ovos, a criação de incentivos para o cultivo de leguminosas, até porque Portugal, porque não é autónomo nestes produtos e "uma parte significativa é importada", a par com a redução dos apoios à produção intensiva de carne, canalizando estes recursos para formas de agricultura mais amigas do ambiente, são outras mudanças apontadas.

"Se consumirmos só a proteína animal de que precisamos, gastamos menos dinheiro e vamos ter uma parte do rendimento disponível para comprar com maior qualidade", salientou Susana Fonseca.

Administradores
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares reconhece que os casos sociais continuam com “tempos de...

“Nos hospitais portugueses desempenhamos também um papel de natureza social e, muitas vezes, quando não existem respostas da comunidade ou outros tipos de resposta, os hospitais acabam por assumir alguma responsabilidade sobre o acompanhamento de doentes que não necessitam de cuidados clínicos”, disse Alexandre Lourenço.

Por esta razão, “continuamos a ter tempos de estadias nos hospitais muito elevados” de doentes que esperam por uma resposta da Segurança Social, dos cuidados continuados ou da família, uma situação que “deve ser evitada” e “resolvida, porque leva a problemas graves dentro das instituições”.

Entre os problemas, Alexandre Lourenço apontou o risco da infeção hospitalar: “Quanto mais tempo um doente estiver no hospital, maior a probabilidade de ser infetado por um vírus, uma bactéria ou um fungo”, o que obrigará a uma continuidade de cuidados.

Outro problema prende-se com a ocupação das camas, o que pode impedir que outros doentes tenham acesso a cuidados de saúde.

“Muitas vezes, quando falamos de tempos de espera para cirurgia devemos ter em consideração que, cada vez que um doente estiver a ocupar uma cama, outro doente não poderá ser operado”, elucidou.

Por outro lado, esta ocupação leva a uma utilização excessiva de recursos que podem ser utilizados em outras áreas da prestação de cuidados de saúde com “melhor efetividade”, defendeu Alexandre Lourenço.

Só este ano, até novembro, o Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) registou, nas suas seis unidades hospitalares (S. José, S. Marta, D. Estefânia, S. António dos Capuchos, Curry Cabral e a Maternidade Alfredo da Costa), 198 casos de doentes que tiveram a sua alta adiada por motivos sociais, situações que demoraram, em média, 21 dias a ser resolvidas.

Em 2015, foram registados 290 casos, mais dois face ao ano anterior.

As dificuldades das famílias em assumir o papel de cuidador, problemas económicos, “falta de resposta atempada” da rede social formal e a dependência física e cognitiva dos doentes são motivos apontados pelo centro hospitalar para estas situações.

Quando se trata de crianças e jovens, os motivos prendem-se principalmente com a aplicação de medidas de proteção, a inexistência de rede social informal (família, amigos, vizinhos) e desestruturação familiar.

Para solucionar estes casos, os assistentes sociais procuram a integração em lares, o acolhimento em instituições de menores e subsídios para o cuidador, apoio domiciliário e centro de dia.

Este problema também se regista no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), que engloba os hospitais de S. Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz, onde foram contabilizados, até novembro, 60 casos. Em 2014 tinham sido 46 e no ano seguinte 69.

Segundo o CHLO, estes casos foram encaminhados para instituições de solidariedade social.

Já no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António encontram-se 35 doentes com alta clínica à espera de solução para sair do hospital.

“Muitos são idosos residentes no centro histórico do Porto e sem retaguarda familiar”, cuja solução passa pelo encaminhamento para instituições da Segurança Social.

O Centro Hospitalar de São João informou que, até à data, não tem conhecimento de doentes com alta clínica que permaneçam no hospital sem que alguém os venha buscar.

Administradores
O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares avançou que irá ser realizada uma caracterização dos...

“Estamos a reabilitar um processo de revisão da utilização em que o objetivo é, para a grande maioria dos doentes que estão internados, fazer uma caracterização clara sobre quais são os que estão internados por motivações sociais ou por motivações clínicas”, explicou Alexandre Lourenço.

Com este processo, pretende-se também calcular “o número de dias que os doentes estão nos hospitais sem necessidade”, “identificar situações e encontrar as melhores alternativas na comunidade, em conjunto com as famílias e com os doentes”, adiantou.

Os hospitais debatem-se com situações de doentes que têm de permanecer internados, após alta clínica, à espera de resposta da segurança social ou de outras soluções encontradas pela família.

Nestes casos, encontram-se situações de abandono, de idosos que vivem sozinhos e de doentes que requerem mais cuidados em casa, mas as famílias não têm capacidade para os prestar, contou o responsável.

Alexandre Lourenço realçou “o papel essencial” que as famílias desempenham nestes casos, mas reconheceu as dificuldades que muitas têm em organizar-se e a ter recursos para acolher, principalmente, os mais idosos, em casa, e prestar-lhes os melhores cuidados.

Mas, advertiu, “a hospitalização não é o caminho seguramente, porque prestamos maus cuidados e colocamos risco para o próprio doente”.

Relativamente ao levantamento a fazer, o presidente da associação disse que arrancará em 2017, com a preparação e a formação de médicos e administradores hospitalares nesta matéria.

“Tem de se fazer uma análise exaustiva de todos os processos”, a começar pelo processo de informação. A partir daí, as instituições que quiserem podem desenvolver este trabalho.

“Creio que o Ministério da Saúde também está muito interessado no desenvolvimento destes mecanismos”, disse, convicto de que o processo será facilmente espalhado a todas as instituições do Serviço Nacional de Saúde.

Este levantamento também é necessário para perceber se a forma como os cuidados estão a ser prestados e organizados podem ser alterados, para se conseguir “prestar cuidados de saúde com melhor qualidade e segurança aos doentes”.

“Existe um esforço muito grande dos assistentes sociais dos hospitais e da Segurança Social, mas não é suficiente e, com o envelhecimento da população e com o aumento da prevalência das doenças crónica, nós temos de encontrar alternativas a estas situações”, defendeu Alexandre Lourenço.

A resposta passa pelo “desenvolvimento do hospital”, através de parcerias com organizações da comunidade que possam prestar cuidados mais perto de casa.

Por outro lado, esta situação também tem custos: “Cerca de três a quatro dias de internamento nas áreas médicas é excessivo quando comparamos com outros países e o nosso objetivo é reduzir esses dias”, frisou.

Contudo, não se pode estar apenas preocupado com o custo, mas em utilizar os recursos da melhor forma.

“Muitos dos problemas que atravessamos hoje das urgências hospitalares é pelo facto de não conseguirmos trazer os doentes das urgências para os internamentos, porque eles também estão cheios por casos de natureza social”, elucidou.

Aos 96 anos
O cirurgião norte-americano Henry Heimlich, que inventou a “manobra de Heimlich”, que permite salvar as pessoas quando estão...

Henry Heimlich morreu no sábado de manhã no Hospital de Cincinnati, depois de no início da semana ter tido um ataque cardíaco, segundo informações avançadas pelo filho e divulgadas pela agência de notícias Associated Press.

A “manobra de Heimlich” foi descrita pela primeira vez em 1974 pelo médico norte-americano que apresentou este método pré-hospitalar de desobstrução das vias aéreas superiores ao induzir uma tosse artificial na vítima, que assim acaba por expelir o objeto que está preso na traqueia.

Encontro com o Presidente da República
As ordens profissionais do setor da saúde defenderam a criação de uma lei de programação na saúde, forma de o investimento e a...

“Precisamos de uma lei de programação na saúde”, à semelhança de outros setores, como a lei de programação militar, disse aos jornalistas a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins.

As ordens profissionais da saúde foram recebidas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem apresentaram um plano de emergência para o setor que implica um financiamento de 1.2 milhões de euros.

O encontro juntou os bastonários das ordens dos médicos, médicos dentistas, farmacêuticos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos.

No final da audiência Ana Paula Martins disse que Marcelo Rebelo de Sousa está sensibilizado para a questão e que a reunião foi “produtiva”.

E os bastonários, disse a responsável, estão dispostos a trabalhar com o Ministério da Saúde e não prescindem de chamar a atenção e participar num planeamento necessário do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que tem de ser a longo prazo.

“Nos últimos 15 anos as verbas não foram suficientes”, assegurou, acrescentando que são “determinantes” os investimentos na prevenção e promoção da saúde.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, considerou como “razoável” o plano das ordens, ainda que o orçamento não o comporte. O ministro disse ainda que Portugal tem “obrigações internacionais que são muito relevantes para o conjunto do país” e que as ordens também devem ajudar no combate ao desperdício.

As ordens “acolhem positivamente” esse desafio, disse.

Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, salientou, também em declarações aos jornalistas, que haver alimentos e profissionais nos hospitais não chega se não houver medicamentos e equipamentos, porque “não é colocar as pessoas nos hospitais que lhes dá segurança” e “neste momento as pessoas não estão seguras”.

Referindo-se a recentes casos na área da saúde, como a detenção do ex-administrador da Octapharma (empresa de derivados de sangue ou plasma), a responsável defendeu que os hospitais comprem plasma ao Instituto Português do Sangue e Transplantação.

José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, disse que os profissionais do setor veem com tristeza os casos de corrupção mas ao mesmo tempo estão satisfeitos por as autoridades estarem a atuar.

Em 2017
O Governo quer lançar em 2017 uma plataforma nacional que reúna todos os dados sobre doenças oncológicas, indicou o secretário...

"Na mesma lógica em que os rastreios ajudam a perceber se conseguimos ou não identificar e minimizar casos, com a plataforma nacional teremos uma capacidade diferente de dar resposta a estas doenças. Queremos tornar mais eficaz a intervenção médica na área", disse Fernando Araújo.

O governante, que falava em Valongo, distrito do Porto, na cerimónia de lançamento de um projeto-piloto de rastreios ao cancro do cólon e reto, explicou que atualmente está em discussão uma proposta de lei e que a plataforma "avançará seguramente em 2017".

O objetivo é reunir os registos que todos os núcleos regionais dispõem sobre doenças oncológicas, elencando dados sobre diagnóstico, rastreios, incidência e tratamentos, entre outras vertentes.

Quanto ao projeto-piloto, este é dinamizado pela Administração Regional de Saúde do Norte em quatro concelhos do Grande Porto - Valongo, Maia, Póvoa de Varzim e Vila do Conde -, sendo ambição estendê-lo, depois de analisado, ao restante território nortenho.

Nesta fase estão abrangidos dez centros de saúde e cerca de 6.000 pessoas, sendo o público-alvo utentes com idades entre os 50 e os 74 anos.

Governo
O secretário de Estado da Saúde anunciou que o governo está a preparar um concurso com negociação privilegiada entre...

"Temos em curso, com o SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde), um processo de validação de um concurso, através daquilo que se chama uma negociação privilegiada entre concorrentes, de forma a termos um diálogo concorrencial, que permita montar um esquema que evite, sobretudo, o monopólio na oferta deste tipo de produtos [derivados de sangue]. Isto, provavelmente, em meados do próximo ano estará pronto e entrará em vigor", disse Manuel Delgado.

O governante explicou que já foram seleciondas três entidades que estão em condições de fazer o trabalho.

"Essas três entidades vão entrar agora no processo de negociação concursal, o chamado diálogo concorrencial, de forma a fazer um caderno de encargos e, posteriormente, selecionar a empresa ou as empresas que estão em condições de ir a concurso", acrescentou o secretário de estado da Saúde, depois de presidir à cerimónia comemorativa dos 25 anos do Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal.

Manuel Delgado adiantou ainda que o governo está também a preparar um despacho sobre os procedimentos que os hospitais públicos deverão adotar no tratamento do sangue, tendo em vista o aproveitamento do plasma, e prometeu novidades neste domínio já para a próxima semana.

Confrontado com o desperdício de dinheiros públicos na aquisição de plasma e com as suspeitas de que houve um favorecimento da Octapharma neste negócio, que poderá ter lesado o estado em cerca de 100 milhões de euros, o secretário de Estado da Saúde disse que o monopólio daquela empresa se tem prolongado devido a "controvérsias técnicas".

"Essas questões têm de ser esclarecidas do ponto de vista jurídico, e com certeza que nós não temos nada a ver com isso, mas as razões porque este processo se arrasta há anos sem uma solução - e este governo vai adotar uma solução - é porque há controvérsias de natureza técnica que não permitem tomar uma decisão que afaste dúvidas sobre desperdícios de dinheiro, de plasma, etc.".

O ex-administrador da Octapharma, Paulo Lalanda de Castro, que se demitiu dos cargos que ocupava naquela farmacêutica, e o ex-presidente da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo e do INEM, Luí Cunha Ribeiro, foram detidos na semana passada no âmbito de uma investigação do Ministério Público ao negócio do plasma.

Para o secretário de estado da saúde, uma coisa são as questões jurídicas, que não cabe ao Ministério da Saúde resolver, outra coisa são as questões técnicas que têm de ser devidamente consideradas, porque o sangue e seus derivados são produtos que podem afetar a segurança e a vida das pessoas.

"O que queremos fazer e vamos fazer já na semana que vem é, de uma vez por todas, acabar com esses bloqueios de natureza científica e tomar uma decisão politica que garanta aos portugueses não só qualidade nos produtos de sangue e produtos derivados que consome, mas também para o erário público cem termos económicos", acrescentou Manuel Delgado.

Compromisso
O Governo está empenhado em implementar os cuidados continuados integrados em saúde mental, que serão “uma realidade a curto...

Manuel Delgado – que falava na sessão de abertura da 18.ª reunião plenária da Comissão Nacional para os Direitos Humanos (CNDH), subordinada ao tema da saúde mental – assumiu, perante representantes de vários organismos da administração pública e de duas dezenas de organizações da sociedade civil, que “faltou colocar no terreno” os recursos que permitem cumprir com o compromisso dos cuidados continuados integrados em saúde mental.

O governante reconheceu que a saúde mental é “uma das áreas mais vulneráveis”, ainda rodeada de “estigma”, e assumiu a “escassez de recursos” e a “somatização dos doentes”, sublinhando, porém, “o empenho das novas gerações de profissionais” em dar respostas que garantam “um maior respeito pelos direitos humanos”.

Na mesma sessão de abertura da 6.ª reunião em formato alargado à sociedade civil, falou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, reconhecendo que a saúde mental “ainda é demasiado invisível na agenda internacional dos direitos humanos” e que é, por isso, “uma discussão pertinente”.

O ministro aproveitou para traçar as linhas da política externa portuguesa e destacar “a centralidade dos direitos humanos na orientação e na ação” da diplomacia nacional.

Realçando que os direitos humanos são “uma construção humana” e não “uma realidade fechada e estática”, Santos Silva defendeu um “debate franco e aberto” sobre a sua aplicação.

O ministro – que diz ter pedido, mal tomou posse, para participar na primeira reunião da CNDH em formato alargado – apelou à sociedade civil que faça “um acompanhamento crítico e implacável” das políticas nacionais em matéria de direitos humanos.

“O contributo da sociedade civil é essencial”, disse, deixando um apelo à participação e às organizações que não fazem parte da lista de contactos da diplomacia para o assinalarem junto dos serviços.

A Comissão Nacional para os Direitos Humanos é tutelada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e realizou, desde que foi criada, em 2010, seis reuniões alargadas à sociedade civil.

Portugal “é dos países com melhor desempenho” a nível de direitos humanos, frisou Santos Silva, reconhecendo que também há “problemas de violação ou não realização de direitos, problemas que são graves”, como a violência contra mulheres, a discriminação racial, as condições nas prisões e os atrasos na justiça.

Autoridade de Saúde do Norte lança
A Administração Regional de Saúde do Norte lançou hoje um projeto-piloto de rastreios ao cancro do cólon e reto que, após...

O cancro do cólon é o terceiro com maior incidência em Portugal e por dia morrem em média dez pessoas com cancro retal, sendo, indicaram os responsáveis da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) numa cerimónia que na manhã levou a Valongo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, acrescentando que a taxa de incidência na região Norte é "significativa" o que ajuda a explicar o facto do número de colonoscopias ter duplicado em dois anos.

Assim, a ARS-Norte decidiu financiar rastreios em Valongo, Maia, Póvoa de varzim e Vila do Conde, num total de dez centros de saúde e podendo chegar a cerca de 6.000 pessoas.

Para realizar este projeto, a estrutura conta com a colaboração do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e da Unidade de Saúde Local de Matosinhos, aos quais caberá avançar com consultas e tratamentos após uma primeira abordagem nas unidades de saúde familiares.

O público-alvo dos rastreios são pessoas com idades entre os 50 e os 74 anos e existem dois modelos de captação: convite personalizado feito pelos profissionais da unidade de saúde e carta-convite enviada para casa.

"O objetivo é pelo menos chegar a 60% da população elegível para este piloto. Queremos também garantir que são feitas colonoscopias nos 60 dias posteriores ao rastreio. Nos resultados positivos, avançaremos com marcação de consultas e cirurgias", resumiu o responsável do departamento de estudos e planeamento da ARS-Norte, Fernando Tavares.

Já o secretário de Estado avançou esperar que este projeto seja alargado a outras regiões do país, considerando "urgente" apostar na prevenção e doenças oncológicas quer por razões sociais mas a também lembrando que o Serviço Nacional de Saúde procura "sustentabilidade".

Esta afirmação foi ao encontro da convicção do representante português da Associação Europa Cólon, Vítor Neves, que ao aplaudir o lançamento deste projeto, apontou que com ele o Ministério da Saúde pode "poupar em tratamentos futuros".

O "piloto" que abrange a partir de hoje quatro concelhos do Grande Porto vai durar cerca de cinco meses, sendo após análise a largado à região.

O folheto sobre esta iniciativa indica que em Portugal são diagnosticados, por ano, cerca de 7.000 novos casos de cancro do cólon e reto mas, vinca a informação, "é possível prevenir esta doença".

O consumo diário de frutas e verduras e a prática de exercício físico regular, bem como a realização do exame de rastreio que é gratuito são alguns dos concelhos que constam do folheto.

Pediatras dizem
Os pediatras defenderam hoje a realização de refeições em família e sem qualquer dispositivo móvel como forma de evitar a...

No âmbito da 23.ª edição das Jornadas de Pediatria de Leiria e Caldas da Rainha, organizado pelo Centro Hospitalar de Leiria, a pediatra do Centro Hospitalar Lisboa Central, Júlia Galhardo, afirmou que os "’tablet’, ‘iphone’ e demais ‘is' não podem estar na mesa".

"Se a criança estiver distraída não vai sinalizar que já está saciada e vai continuar a comer. As refeições devem ser feitas em família e devagar. Conversando sobre como correu o dia come-se mais devagar e o organismo tem tempo para fazer a sinalização [saciedade]".

Júlia Galhardo criticou ainda a forma como as refeições decorrem nas escolas, onde são feitas a correr. "Quem comer a sopa primeiro é que ganha. Está errado. Quem come a sopa devagar, é que deve ser premiado”.

A mesma opinião tem a pediatra do Hospital da CUF, no Porto, Carla Rêgo, que considerou ainda as creches o "lugar mais catastrófico" na questão da alimentação.

Esta pediatra recomenda ainda a proibição do uso do biberão a partir dos 12 meses, pois "permite a ingestão sem controlo de volumes brutais de leite", assim como o "leitinho noturno", onde vão ser ingeridas proteínas "sem serem gastas".

A ingestão frequente de água, fazer cinco a seis refeições diárias, com poucas porções, comer devagar e não repetir são outros conselhos deixados. "Deve-se estimular a variedade e evitar proteínas e hidratos de carbono ao jantar. A partir da adolescência, o jantar pode ser apenas água, sopa e fruta".

Júlia Galhardo considerou que os sabores são outro aspeto que pode influenciar o excesso de peso, pelo que recomendou que o bebé comece a ingerir primeiro a sopa e só mais tarde a papa. "Se comer primeiro a papa, que é mais doce, vai ter mais dificuldade em introduzir o [sabor] amargo”.

Outra sugestão deixada por esta pediatra é recorrer a atividades do dia-a-dia para "pôr as crianças a mexerem-se". Por exemplo, "participar na limpeza da casa, ouvindo música e dançando ao mesmo tempo ou brincando com um animal de estimação".

Defendendo que "não é preciso ser fundamentalista" nas regras, Carla Rêgo considerou que a preocupação "não deve ser apenas com o ‘fast food'", pois "as bolachas, as barritas e outros alimentos processados têm muito açúcar e gordura".

A prevalência nacional da obesidade em idade pediátrica em Portugal é de 31,4%, revelou ainda Carla Rêgo, adiantando que o "valor mais elevado verifica-se no Norte".

Jornadas de Pediatria
A prevenção e o envolvimento da família no tratamento são a chave no combate ao excesso de peso e obesidade na idade pediátrica...

"A criança está inserida numa família, que, por sua vez, está inserida numa sociedade local. Para perceber o que se passa com aquele menino, é preciso perceber toda a dinâmica que está por detrás daquela criança e daquela família. Não direcionamos a consulta para a criança, mas para o agregado familiar", afirmou a pediatra do Centro Hospitalar Lisboa Central, Júlia Galhardo, que lamentou a "falta de tempo" nas consultas.

A pediatra do Hospital da CUF, no Porto, Carla Rego, acrescentou que o "tratamento do excesso de peso e obesidade baseia-se na prevenção".

"Estas consultas requerem tempo para ir ‘descascando a cebola' e conhecer a criança que está à nossa frente", reforçou Júlia Galhardo.

Segundo esta pediatra, a obesidade poderá causar problemas em vários órgãos. "O fígado é o primeiro estadio. A obesidade e o excesso de açúcares e de gordura acabam em cirrose, como o álcool", revelou.

Adiantando que só uma pequena percentagem do excesso de peso está associado a causas genéticas, Júlia Galhardo deixou o alerta para os pediatras darem especial atenção quando "uma criança é obesa e tem baixa estatura", pois aqui "podem estar problemas endócrinos".

A pediatra referiu ainda que, culturalmente, "quando se diz que o bebé está gordinho, é traduzido como um sinal de que a criança é bem tratada, porque há uma cultura de períodos de fome". No entanto, esta perceção "é errada", pois "má nutrição também engloba excesso de peso".

Carla Rêgo precisou que apenas 01% das causas da obesidade é monogénica e 02 a 04% referem-se a obesidade secundária. "Noventa e sete por cento das causas é comportamental e o tratamento reside na história familiar, da introdução dos alimentos e nos hábitos de exercício”.

As pediatras salientaram ainda que a intervenção terá mais sucesso quanto mais precoce for. "O insucesso na adolescência é brutal", acrescentou Carla Rêgo, considerando que a grande base do tratamento é "comportamental" e deve "envolver o pediatra, o psicólogo, o nutricionista e o técnico do exercício: um luxo que não temos".

Provedor de Justiça alerta
O Provedor de Justiça, José de Faria Costa, adverte que existem regulamentos municipais de piscinas que utilizam conceitos que...

Na sequência de uma queixa que recebeu sobre este assunto, o Provedor de Justiça verificou que, por alegadas razões de saúde pública, “um número considerável” de regulamentos municipais de utilização das suas piscinas condiciona o acesso dos utentes à apresentação de declaração médica comprovativa da não portabilidade de doenças contagiosa, infetocontagiosa ou transmissível”.

A queixa era relativa ao "uso em regulamentos municipais de conceitos respeitantes a condições higiossanitárias de acesso a piscinas suscetíveis de discriminar pessoas com risco agravado de saúde, designadamente pessoas portadoras de Sida/VIH".

“Ora, como a designação escolhida não contempla a forma efetiva de transmissão dessas mesmas doenças pode revelar-se não só desadequada como excessiva em face do fim prosseguido: a proteção da saúde dos demais”, afirma José de Faria Costa num comunicado publicado no site do Provedor de Justiça.

Na sequência da instrução do procedimento de queixa, o Provedor de Justiça consultou a Ordem dos Médicos (OM) acerca da “viabilidade de substituir as expressões empregues por outras que, não inculcando acréscimo de risco para a saúde pública, possam afastar toda e qualquer prática discriminatória”.

Para os Colégios da Especialidade de Doenças Infecciosas e de Saúde Pública da OM, as “exigências ou proibições” são vagas e infundadas e “a exigência de declaração médica pontual é extemporânea e apenas cobre aquele momento, nada garantindo que a pessoa não se irá infetar posteriormente”.

“A expressão que refere em concreto as pessoas portadoras de VIH/Sida foi classificada como claramente discriminatória e sem qualquer fundamento clínico”, sublinham os pareceres da OM.

A OM salienta ainda que esta situação mais não consubstancia do que uma transferência das responsabilidades das entidades gestoras dos equipamentos para o cidadão, quando o enfoque deveria estar na “garantia da qualidade da água em termos de segurança física e microbiológica mediante o escrupuloso cumprimento das normas técnicas aplicáveis”.

Considerando que “os condicionamentos de admissão às piscinas dever-se-iam limitar à apresentação de exame médico que comprove a aptidão física do praticante”, o Provedor de Justiça consultou 73 municípios acerca das medidas que ponderavam adotar para garantir a conformidade das normas dos respetivos regulamentos com o disposto na lei em matéria de prática desportiva.

Até agora, já recebeu resposta de 45 municípios, dos quais 34 prontificaram-se para rever imediatamente ou alterar os regulamentos municipais em conformidade com as observações do Provedor de Justiça.

Estudo
Novo estudo comprova que a felicidade conduz a uma maior longevidade.

Um estudo levado a cabo pela Agência Inglesa de Estudos Longitudinais (ELSA) garante que a visão do mundo e da vida condiciona o bem-estar e, apesar de a felicidade ser um estado de espírito que difere de pessoa para pessoa, quando alcançada, pode prolongar a vida e reduzir a mortalidade por qualquer causa.

O estudo, segundo o Sapo, analisou vários episódios de felicidade entre 2002 e 2006 para perceber se esse número influenciava a mortalidade. Para o efeito, foram avaliados relatos de 10 mil pessoas, tanto homens como mulheres, com 50 anos de idade ou mais.

Apesar do estudo ser "observacional" e, por essa mesma razão, não poder apresentar conclusões de causa-efeito, os resultados trazem uma "nova dimensão para a compreensão do bem-estar subjetivo", no que diz respeito à importância que este tem para a saúde das pessoas.

Além de as mulheres terem relatado momentos de maior felicidade e prazer do que os homens, os participantes que eram casados, com uma melhor formação escolar, mais dinheiro, jovens e com um emprego estável foram aqueles que se apresentaram mais felizes e mais saudáveis.

Por outro lado, as situações de stress e os historiais depressivos foram apontados como os casos de menor longevidade, juntamente com os diagnósticos de doenças coronárias, diabetes, artrite, acidentes vasculares cerebrais e doenças pulmonares crónicas.

Os resultados demonstraram que a taxa de mortalidade precoce foi 24% menor para as pessoas mais felizes.

Estudo
Investigadores do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa descobriram que um composto químico a ser testado no tratamento de...

O composto, com a designação técnica de CX-4945, está a ser testado, em ensaios clínicos, no tratamento do mieloma múltiplo (cancro da medula óssea).

A equipa liderada pelo cientista Bruno Silva-Santos descobriu que o uso deste composto pode ser eficaz no tratamento da leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, um cancro do sangue agressivo e frequente em crianças.

Os linfócitos T são um grupo de glóbulos brancos, células do sangue responsáveis pela defesa do organismo contra agentes agressores.

No caso da leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, os linfócitos T geram, eles próprios, cancro.

O CX-4945 compromete o funcionamento de uma proteína-cinase, a CK2, que, segundo Bruno Silva-Santos, é um "determinante fulcral" para a sobrevivência dos linfócitos T.

Na leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T, estas células, em particular um subtipo, as gama-delta, estão "muito dependentes" da proteína CK2.

O que o composto CX-4945 faz é matar os linfócitos T saudáveis, ao impedir o funcionamento da CK2, mas também os 'maus', os que geram a doença.

Nesse sentido, o CX-4945 pode "ser muito útil para as leucemias das crianças", sustentou à Lusa Bruno Silva-Santos, assinalando que a molécula pode ser um alvo "potencial para uma nova terapia" contra a leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T.

O composto químico foi testado, no estudo, em amostras de células de crianças com leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T e em células saudáveis do timo (glândula localizada por cima do coração e responsável pela produção de linfócitos T) - estas últimas também de crianças, que tiveram de ser operadas ao coração e às quais foi retirada parte do timo.

Posteriormente, o CX-4945 foi injetado num ratinho com o mesmo tipo de leucemia, tendo o grupo de cientistas conseguido "impedir o crescimento" da doença.

O estudo, no qual participou a equipa do investigador do Instituto de Medicina Molecular João Taborda Barata, é publicado hoje na revista científica Leukemia.

Especialistas dizem
A saúde mental em Portugal, tema que será debatido hoje na Comissão Nacional para os Direitos Humanos, apresenta índices...

Em declarações telefónicas, Maria João Moniz, presidente da direção da Federação Nacional de Entidades de Reabilitação de Doentes Mentais, considera que “o mais grave problema de direitos humanos” em matéria de saúde mental são as “estatísticas muito elevadas” de “institucionalização de pessoas por razões associadas à sua saúde mental”, nomeadamente de institucionalização de longo prazo e de institucionalização da população mais idosa.

“Temos pessoas que viveram 40 anos ou mais da sua vida institucionalizadas, por não terem soluções alternativas. Este, sim, é talvez o mais grave problema de direitos humanos”, aponta a responsável da federação que integra 25 associações em todo o país.

Maria João Moniz – que hoje estará presente na reunião plenária alargada à sociedade civil promovida pela Comissão Nacional para os Direitos Humanos, sob tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros – destaca ainda que “há um perfil de prescrição muito elevado”.

A sobremedicação de pessoas com perturbações mentais é considerada uma violação de direitos humanos. Mas, assinala Filipa Palha, presidente da direção da associação Conhecer-Se, falta assegurar que os compromissos são cumpridos.

“Nós não pagamos multas, por, por exemplo, uma pessoa com uma doença mental só ter acesso a tratamento farmacológico e psiquiátrico”, quando também precisa de psicoterapia e outras respostas, exemplifica.

Portugal tem “30 anos de atraso” nesta matéria, considera. “Chega de papel, chega de recomendações, estamos a fazer a recomendação do já recomendado x vezes”, critica a especialista, que não vai participar na reunião de hoje, no Palácio das Necessidades.

O plano de saúde 2004-2010, recorda Palha, alertava para a existência de “doentes em risco de hospitalização por falta de alternativa”, o que representa uma “violação de direitos humanos”.

Noutro relatório, feito dez anos depois, reconhecia-se que o tempo de espera para consulta facilitava os reinternamentos e obstaculizava a recuperação.

O Plano Nacional de Saúde Mental foi aprovado em 2007 e identificava, nessa altura, “graves lacunas”, lembra ainda. “Estamos em 2016 e sabemos que nada foi feito”, critica.

“Os direitos são violados diariamente, quando não permitimos que as pessoas acedam aos cuidados de saúde e às respostas de que precisam para ter uma vida com dignidade”, sustenta.

“Temos um bom plano nacional para a reforma dos serviços de saúde mental”, considera Moniz, acrescentando, porém, que este, por si só, não garante o cumprimento dos direitos das pessoas com perturbações mentais. “Não há razão nenhuma para que, em nenhum ponto do país, haja pessoas institucionalizadas apenas por questões sociais”, sustenta, defendendo que é preciso “prevenir a institucionalização”.

Moniz considera que “as instituições psiquiátricas estão obsoletas” e que se devem "reduzir ao mínimo os internamentos psiquiátricos”. Os cuidados continuados em saúde mental são uma “nova oportunidade”, acredita. Porém, deviam ter arrancado a 1 de julho e isso “não aconteceu”, assinala Palha, sublinhando que é preciso distinguir “boas intenções” e a realidade.

A Comissão Nacional para os Direitos Humanos – criada em 2010, que integra representantes de vários ministérios, para assegurar “o cumprimento das obrigações de direitos humanos” assumidas por Portugal – reúne-se hoje, em reunião plenária, com duas dezenas de organizações da sociedade civil, para discutir o tema da saúde mental.

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