Duas a nove pessoas em cada 100 têm epilepsia
Caracterizando-se por uma descarga anormal de alguns ou todos os neurónios, a Epilepsia é uma doença

“A Epilepsia é uma doença cerebral que se caracteriza pela ocorrência de crises epiléticas e pela predisposição existente no cérebro, permanente ou duradoura para gerar estes eventos de forma espontânea”, começa por explicar Carla Bentes, Neurologista e autora do manual “Epilepsia - Conceitos, Diagnóstico e Tratamento”, editado pela LIDEL.

De acordo com a especialista, estas crises epiléticas ocorrem quando, de forma súbita, existe uma atividade elétrica excessiva “ou muito síncrona” de um grupo de células cerebrais ou neurónios.

“Este eventos são em geral transitórios, autolimitados e dão origem a diferentes sintomas ou sinais clínicos”, que dependem da localização cerebral da atividade elétrica anómala.

No entanto, chama a atenção para o facto desta doença ser muito mais do que as crises que a definem, “pelo que se incluem nesta definição de doença também as suas possíveis consequências físicas, cognitivas, psicológicas, comportamentais ou sociais”.

Embora possa surgir em qualquer faixa etária existem, no entanto, dois picos de incidência para a epilépsia, um na infância e outro no adulto com mais de 65 anos. “Tem havido uma tendência progressiva para o aumento da incidência de epilepsia depois dos 65 anos nos países industrializados”, esclarece a especialista.

As causas podem ser diversas, desde genéticas a adquiridas, “e cuja importância varia com a idade do paciente”.

“Na maioria das crianças e adolescentes a epilepsia é devida a defeitos de gene existentes nos neurónios, que fazem com que estes se desorganizarem na sua atividade normal. Nos adultos e idosos, habitualmente as causas são traumatismos cranianos devido a acidentes motorizados e outros”, acrescenta José Pimentel, neurologista e diretor da Consulta de Epilepsia no Hospital de Santa Maria.

Acidentes Vasculares Cerebrais, infeções e tumores do sistema nervoso central e ainda as doenças neurodegenerativas estão entre os principais os fatores de risco “para uma epilepsia adquirida”.

“Numa percentagem importante de doentes, a causa pode não ser conhecida”, revela a responsável pelo Laboratório de EEG/Sono no Departamento de Neurociências e Saúde Mental, do Serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria.

Quanto aos principais sintomas, Carla Bentes esclarece que “as crises epilépticas não são todas iguais”, podendo manifestar-se de forma diferenciada.

No entanto, destaca as mais conhecidas: as convulsões. “O doente perde a consciência e tem movimentos bilaterais e simétricos dos membros, assumindo posturas anormais e tendo abalos rítmicos”, refere acrescentando que estas crises significam que a descarga neural anormal se encontra difundida pelos dois hemisférios cerebrais.

“Contudo, muitas crises são frequentemente mais subtis e as suas manifestações dependem da zona cerebral onde a atividade neural anómala se inicia ou se propaga”, justifica.

Para além de fenómenos motores, podem ocorrer ainda sintomas sensitivos, visuais, cognitivos ou emocionais. 

“Depois da crise muitos doentes mantêm por um período variável de tempo (chamado período pós-crítico) alguns sintomas como desorientação, alterações da fala, cefaleias, ou sonolência”, acrescenta a neurologista.

Embora possam existir algumas complicações associadas à Epilepsia, ligadas à própria crise, como os traumatismos  (maiores ou menores) ou “ligados ao facto da pessoa ser epiléptica, como, por exemplo, a depressão (dificuldades de inserção social, de emprego) ou efeitos acessórios da própria medicação”, a verdade é que, em regra, o doente pode ter uma vida igual tão normal quanto possível.

Os medicamentos antiepiléticos orais integram o tratamento mais frequente para a epilepsia e o seu uso deve prolongar-se entre dois a quatros anos, “conforme a idade da pessoa ou outras circunstâncias mais particulares sem qualquer crise”.

De acordo com José Pimentel, a suspensão da medicação deve ser encarada com especial cuidado. “É necessário que o doente seja avisado que tem uma possibilidade de 25 a 30% de voltar a ter crises. Significa portanto, que a medicação é suspensa com sucesso numa percentagem muito considerável de casos”, refere.

“Outras modalidades de tratamento são as dietas especiais (ditas citogénicas), mais frequentemente dadas nas crianças com epilepsias muito graves e a cirurgia. Esta, cada vez mais realizada, nomeadamente no nosso país, não pode ser extensiva a todos os casos, na realidade, apenas uma pequena parte, cerca de 10% das pessoas, têm indicação para tal”, acrescenta o coordenador e co-autor do manual “Epilepsia- Conceitos, Diagnóstico e Tratamento”.

Não obstante o tipo de tratamento indicado, o doente deve ter alguns cuidados como não beber álcool, dormir bem e fazer sempre a medicação prescrita pelo médico. “É evidente que este regime pode ser aligeirado de acordo com muitas circunstâncias mas as regras foram feitas para serem cumpridas”, reforça o neurologista.

Por outro lado, deve evitar algumas práticas desportivas, como mergulho, escalada, desportos motorizados ou paraquedismo.

“A condução em pessoas com epilepsia está regulamentada mas a perspectiva de reiniciar a condução é grande na maioria dos casos”, acrescenta.

O que fazer perante uma crise epiléptica?

De acordo com Carla Bentes é essencial manter a calma, tentar proteger o doente do perigo e registar a duração da crise.

De acordo com a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia, se testemunhar uma crise convulsiva generalizada, com queda e abalos musculares generalizados:

1. Permaneça calmo e vá controlando a duração da crise, olhando periodicamente para o relógio;

2. Coloque a toalha ou um casaco dobrado debaixo da cabeça da pessoa;

3. Quando os abalos (convulsões) pararem coloque a pessoa na posição lateral de segurança;

4. Permaneça com a pessoa até que recupere os sentidos e respire normalmente;

5. Se a crise durar mais do que cinco minutos, chame uma ambulância,

Não introduza qualquer objeto na boca nem tente puxar a língua.

Não tente forçar a pessoa a ficar quieta.

Não lhe dê de beber.

“No entanto, o que deve fazer também deverá ser adaptado ao tipo de crise. Se a crise epilética for mais súbtil, por exemplo somente com perturbação do contacto e alguns movimentos automáticos, deve permanecer junto da pessoa, não restringindo os seus movimentos, excepto em caso iminente de perigo, e afastar atecipadamente o perigo da pessoa”, reforça Carla Bentes.

Quando a crise dura mais de cinco minutos ou ocorre uma repetição sucessiva de crises sem que que exista recuperação da consciência no  seu intervalo, deve contatar as linhas de emergência.

Foi a pensar na complexidade de uma doença que incide sobre 65 milhões de pessoas em todo o mundo, que o manual “Epilepsia – Conceitos, Diagnóstico e Tratamento”, foi pensado.

Escrito com a participação de 38 especialistas, o novo livro da LIDEL pretende contribuir para o enriquecimento e aquisição de novos conhecimentos sobre a patologia, possibilitando a todos uma melhoria na qualidade de vida.

Com uma crescente observação do aumento de internamentos de doentes em Crises Epiléticas nas enfermarias de medicina ou neurologia, e com um aumento exponencial de consultas de Epilepsia em Portugal, este novo livro ensina a viver com a doença e com as suas múltiplas consequências que passam tanto por défices cognitivos, perturbações psicológicas ou mesmo estigmatização social.

“Calcula-se que duas a nove pessoas em cada 100 têm epilepsia. Em Portugal, estima-se que existam pelo menos 50 mil casos”, conclui a neurologista Carla Bentes.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Sociedade de Medicina do Viajante
A Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante divulgou recomendações sobre o surto de febre-amarela no Brasil, informando que...

Em comunicado, a Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante (SPMV) refere que os viajantes com destino ao Brasil devem avaliar o risco de contrair febre-amarela numa consulta de medicina do viajante e sublinha que “só os viajantes com destino às zonas consideradas de risco e às novas zonas afetadas por este surto devem, e na ausência de contraindicações, ser vacinados” contra a doença.

As áreas afetadas podem ser conhecidas no Portal da Saúde do Governo brasileiro (http://portalsaude.saude.gov.br).

“A 05 de janeiro de 2017, o Ministério da Saúde do Brasil começou a receber notificações de possíveis casos de doença, tendo sido notificados, até 10 de fevereiro de 2017, 1.170 casos suspeitos, tendo sido confirmados 230, descartados 93 e permanecendo os restantes sob investigação”, refere a Sociedade.

O comunicado sublinha que as viagens não essenciais de cidadãos imunodeprimidos, mulheres grávidas e lactentes com idade inferior a nove meses, com destino às zonas afetadas, deverão ser ponderadas.

A febre-amarela é uma doença febril aguda, transmitida por picada de mosquito, sem tratamento específico e com uma elevada taxa de mortalidade associada.

Segundo a SPMV, a vacinação é a medida mais eficaz de prevenção, até porque uma dose da vacina administrada em qualquer altura da vida confere imunidade vitalícia.

Um comunicado divulgado este mês pelo Governo brasileiro indica que o atual surto, que já fez pelo menos 65 vítimas mortais, é o pior desde que existe registo estatístico da doença, em 1980.

A maioria dos casos mortais está a ocorrer no estado de Minas Gerais.

Na sexta-feira
Os responsáveis da petição contra o peso das mochilas escolares, que já reuniu mais de 40.000 assinaturas, vão entregar o...

A petição pública "Contra o Peso Excessiva das Mochilas Escolares em Portugal" foi lançada no passado mês de janeiro, 13 anos depois de um estudo da associação de defesa dos consumidores DECO ter identificado que mais de metade das crianças dos 5.º e 6.º anos de escolaridade transporta peso a mais nas suas mochilas escolares.

Os signatários desta petição, que tem o apoio dos diretores das escolas, pais, especialistas em ortopedia, entre outros, pedem urgência na resolução do problema.

Propõem, entre outras medidas, que se legisle no sentido de definir que o peso das mochilas escolares não deve ultrapassar os 10% do peso corporal das crianças, tal como sugerido por associações europeias e americanas.

Na petição defende-se a obrigatoriedade de as escolas pesarem as mochilas das crianças semanalmente, de forma a avaliarem “se os pais estão conscientes desta problemática e se fazem a sua parte no sentido de minimizar o peso que os filhos carregam”.

“Para tal, cada sala de aula deverá contemplar uma balança digital, algo que já é comum em muitas escolas, devendo ser vistoriada anualmente”, acrescentam os signatários.

A existência de cacifos em todas as escolas públicas e privadas para que os alunos possam deixar alguns livros e cadernos, evitando transportar tanto peso nas mochilas, e a utilização por parte das editoras de papel de menor gramagem na elaboração dos manuais são algumas das propostas apresentadas pelos signatários da petição.

Sugerem igualmente que as editoras possam criar livros escolares divididos em fascículos retiráveis segundo os três períodos escolares e que os conteúdos dos manuais sejam o mais concisos e sintéticos possível.

Entretanto, numa nota enviada na semana passada às redações, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros manifestou-se solidária com a preocupação e diz que os editores escolares “têm investido bastante na procura das melhores soluções no que diz respeito aos manuais”.

“Ao longo dos últimos anos, os editores escolares tomaram algumas medidas, como a divisão de alguns dos seus manuais em dois ou três volumes, pese embora isso constitua um acréscimo adicional nos custos de produção que não se reflete no preço final dos livros escolares”, recorda a APEL.

Outra das medidas apontadas pela APEL é o investimento noutras soluções, para além da criação de volumes, “tais como o tipo de papel, utilizando papéis mais leves, sem nunca afetar a qualidade dos manuais e a sua utilização plena, nomeadamente, no que concerne à leitura”.

Os editores e livreiros manifestam ainda a “total abertura e disponibilidade para colaborar na definição das melhores soluções” e dizem que irão continuar a “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para responder à questão do peso das mochilas e minimizar ao máximo as consequências negativas no presente e no futuro dos alunos portugueses”.

As associações de pais e os diretores de escolas defendem que o ideal seria a aposta nos livros digitais para aliviar o peso nas mochilas dos alunos, mas até lá concordam que o aumento do número de cacifos nas escolas já ajudava.

Diretor-Geral da Saúde
O diretor-geral da Saúde, Francisco George, afirmou, no Funchal, que o país tem "motivos acrescidos" para estar...

Francisco George participou na cerimónia de entrega dos diplomas de acreditação a dez unidades do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM), que decorreu no Hospital Central do Funchal, destacando-se a Unidade de Cuidados Paliativos, a primeira reconhecida ao nível nacional.

O processo de acreditação está baseado no Modelo da Agência de Qualidade Sanitária da Andaluzia (ACSA, sigla em espanhol), que foi adotado pela União Europeia.

"É exatamente por isso que temos motivos acrescidos para estar orgulhosos", disse Francisco George, sublinhando a importância de uma Unidade de Cuidados Paliativos ter recebido, pela primeira vez no país, o nível de acreditação internacional.

Para além desta, foram acreditados quatros centros de saúde (Ribeira Brava, na zona oeste, Caniço e Machico, na zona leste, e Santo António, no Funchal), bem como os serviços do Hospital Central do Funchal de Anestesiologia, Medicina Intensiva, Ginecologia-Obstetrícia, Cirurgia Cardiotorácica e Patologia Clínica.

"São critérios sobretudo clínicos, de respeito pela intimidade dos doentes, redução da probabilidade de infeções e qualidade dos serviços prestados em todas as suas dimensões", esclareceu Francisco George.

Por outro lado, o secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, salientou que a entrega dos certificados, que coincidiu com o Dia Mundial do Doente, é também uma mensagem para a população da região autónoma, no sentido de que "pode ter confiança" no Serviço Regional de Saúde.

"Em termos de acreditação, isto significa que à nossa instituição [o SESARAM], auditada por agentes externos, foi-lhe conferida capacidade de qualidade, qualidade para cuidar, qualidade para tratar, qualidade para humanizar", realçou.

Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde
Mais de 7.500 portugueses têm registado o seu testamento vital, documento onde se manifesta o tipo de tratamento e de cuidados...

De acordo com os dados oficiais do Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde, em menos de quatro anos, desde 2014, há registo de 7.548 testamentos vitais.

O Registo Nacional do Testamento Vital entrou em vigor em julho de 2014 e, nesse ano, teve mais de 880 pessoas a quererem deixar o seu documento antecipado de vontade.

Dos mais de 7.500 testamentos vitais registados no total, entre julho de 2014 e fevereiro deste ano, 4.800 são de mulheres e 2.745 de homens, não havendo uma diferença muito significativa entre os maiores ou menores de 65 anos.

O testamento vital é um documento onde se pode manifestar o tipo de tratamento ou cuidados de saúde quando uma pessoa já não está capaz de manifestar a sua vontade e permite igualmente a nomeação de um ou mais procuradores de cuidados de saúde.

O registo do testamento vital permite que os médicos tenham informação atempada e constante sobre a vontade do doente. Numa situação de urgência ou de tratamento específico, o médico assistente pode consultar o testamento vital através de um portal específico para os profissionais de saúde.

A vontade expressa pelo doente pode produzir efeitos quando lhe tiver sido diagnosticada uma doença incurável em fase terminal, quando não houver expetativas de recuperação na avaliação clínica feita pelos membros da equipa médica ou em situação de doença neurológica ou psiquiátrica irreversível, complicada por intercorrência respiratória, renal ou cardíaca.

O utente pode escolher não ser submetido a reanimação cardiorrespiratória, não ser submetido a meios invasivos de suporte artificial de funções vitais ou a medidas de alimentação e hidratação artificiais que apenas visem retardar o processo natural de morte.

É ainda possível decidir não ser submetido a tratamentos que se encontrem em fase experimental, pedir assistência religiosa quando se interrompam os meios artificiais de vida ou solicitar a presença de determinada pessoa que deve ser especificada pelo utente.

Apesar de ter várias hipóteses sujeitas a preenchimento através de cruz, o documento tem um espaço em branco para outras opções que o utente deseje colocar.

O modelo do testamento vital pode ser descarregado através do Portal da Saúde, devendo ser preenchido e entregue num agrupamento de centros de saúde com balcão de Registo Nacional de Testamento Vital (RENTV). Atualmente existem 75 destes balcões em Portugal continental, nove nos Açores e um na Madeira.

O utente deve entregar o documento antecipado de vontade em papel, com assinatura reconhecida pelo notário ou com assinatura presencial junto de um funcionário de um balcão de Registo de Testamento Vital.

Para que o testamento vital seja válido, basta ter o documento assinado e reconhecido pelo notário. Contudo, é necessário que esteja registado no RENTEV para que se garanta que o médico assistente tem conhecimento da vontade deixada pelo doente.

Além da parte em que são indicados os tratamentos a que se deseja ou não submeter, o testamento vital prevê que se possa nomear um procurador de cuidados de saúde, que é a pessoa chamada a decidir em nome do utente.

Contudo, se um doente manifestar na diretiva antecipada de vontade uma proposta contrária à do procurador de cuidados que nomeou, prevalece o que está expresso pelo utente no testamento vital.

Infarmed
A Agência Europeia do Medicamento iniciou a revisão da segurança dos antibióticos quinolonas e fluoroquinolonas, usados no...

O anúncio foi feito pela agência portuguesa do medicamento (Infarmed), que publicou no seu portal uma circular informativa.

A revisão da segurança não suspende o uso dos antibióticos de acordo com o respetivo resumo das características do medicamento aprovado.

A Agência Europeia do Medicamento vai avaliar a duração dos efeitos adversos graves, em particular os que afetam os músculos, as articulações e o sistema nervoso.

O processo irá determinar se é necessário aplicar medidas adicionais para minimizar riscos ou alterar o modo de utilização dos antibióticos, refere a circular informativa, assinada pelo presidente do conselho diretivo do Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde.

A revisão da segurança dos antibióticos quinolonas e fluoroquinolonas, utilizados por exemplo no tratamento de infeções urinárias e pulmonares mais graves, foi desencadeada pela agência alemã do medicamento, com base em "notificações de efeitos adversos de longa duração e na literatura publicada".

Os efeitos adversos em causa "são conhecidos e constam no resumo das características do medicamento", mas ganham "uma importância especial" quando os antibióticos "são utilizados em infeções menos graves", assinala o Infarmed.

Neste grupo de antibióticos, administrados por via oral, injetável e inalatória, incluem-se a ciprofloxacina, a levofloxacina, a moxifloxacina, a norfloxacina, a ofloxacina e a prulifloxacina, comercializadas em Portugal.

Na revisão não estão englobados os medicamentos aplicados diretamente na pele, nos olhos e nos ouvidos.

Dia Mundial do Doente
No Dia Mundial do Doente, a especialista em Medicina Interna, Ana Pedroso, relembra os direitos daqu

Hoje celebra-se mais um dia Mundial, desta vez do Doente. Aquele que todos nós podemos ser a qualquer momento, o que faz deste dia, um dia de todos nós.

A ideia desta celebração veio do Papa João Paulo II, que iniciou esta celebração em 1992. Nessa altura, relembrou que este é “um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de apelo dirigido a todos para reconhecerem na face do irmão enfermo a Santa Face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, operou a salvação da humanidade”.

É assim, um dia católico, celebrado em Portugal através da celebração de missas e outro tipo de acções para sensibilizar a população para as necessidades deste grupo especial.

No ano passado o Papa Francisco relembrou a importância do cuidador acrescentando que este dia é “Onde a experiência da doença e da tribulação, bem como a ajuda profissional e fraterna contribuem para superar qualquer barreira e divisão”.

Para mim, como médica, o dia do doente é todos os dias, já que dedico os meus dias aos doentes e para com a doença. Não esqueço e tento sempre dignificar o doente, que embora deitado numa maca não perde direitos.

Este dia serve também para relembrar os direitos dos doentes:

-Direito à saúde sem discriminação;

-Direito a receber cuidados apropriados ao seu estado de saúde: preventivos, curativos, de reabilitação ou terminais;

- Direito à dignidade e a uma atitude apropriada por parte dos prestadores de cuidados de saúde;

- Direito à privacidade na prestação de todos os actos clínicos;

- Direito ao sigilo e à protecção da vida privada;

- Direito à livre escolha dos prestadores de cuidados de saúde;

- Direito à segunda opinião;

- Direito à informação sobre o estado de saúde, prognóstico, alternativas de tratamento e custos aproximados;

- Direito a um relatório que reflicta pormenorizadamente o seu estado de saúde;

- Direito ao consentimento;

- Direito à recusa de cuidados ou tratamentos;

- Direito a receber cuidados continuados;

- Direito ao respeito pelo tempo do doente;

- Direito a não sofrer dor ou sofrimento desnecessários;

- Direito à segurança e compensação;

- Direito a apresentar sugestões, queixas e reclamações.

Serão estes direitos respeitados ou temos muito ainda que trabalhar em sociedade para os concretizar?

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Pesquisa
Uma investigação com ratinhos concluiu que as bactérias intestinais podem acelerar o desenvolvimento da doença de Alzheimer,...

Cientistas da universidade sueca estudaram ratinhos saudáveis e com a doença de Alzheimer e descobriram que os roedores doentes tinham uma composição diferente de bactérias intestinais comparativamente aos que eram saudáveis.

Por outro lado, verificaram que os ratinhos que não tinham bactérias possuíam uma quantidade significativamente mais pequena de placas beta-amiloide (massas da proteína beta-amiloide) no cérebro, caraterísticas da doença de Alzheimer.

Para clarificar a relação entre a flora intestinal e o aparecimento da doença de Alzheimer, os investigadores transferiram bactérias de ratinhos doentes para ratinhos sem bactérias e observaram que estes últimos desenvolveram mais placas beta-amiloide no cérebro do que quando receberam as bactérias de ratinhos saudáveis.

"Os resultados significam que podemos agora começar a procurar formas de prevenir a doença e atrasar o aparecimento dos sintomas", sustentou a investigadora Frida Fåk Hållenius.

A doença de Alzheimer, que não tem cura, é um tipo de demência associada ao envelhecimento que provoca uma deterioração progressiva e irreversível da memória, atenção, linguagem e do pensamento.

Competição "Hinos da Fruta"
A APCOI - Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil divulgou esta manhã os vídeos, apelidados de “Hinos da Fruta”,...

Nesta divertida competição nacional que hoje começa, as crianças partilham a cantar as lições que aprenderam ao longo do projeto sobre a importância dos hábitos saudáveis e convidam os adultos para votar no “Hino da Fruta” da turma ou da escola.

 A votação aberta a todo o público tem início hoje e decorre até às 23:59 do dia 10 de março no site www.heroisdafruta.com e vai apurar 80 hinos finalistas: os 3 mais votados, bem como o mais partilhado de cada distrito ou região autónoma.

Mário Silva, presidente e fundador da APCOI e mentor do projeto "Heróis da Fruta - Lanche Escolar Saudável" lembrou que “cada voto em qualquer hino da fruta reverte como donativo para a «Missão 1 Quilo de Ajuda» um fundo social que permite à APCOI distribuir gratuitamente cabazes semanais nas escolas para apoiar a inclusão de fruta no lanche escolar dos alunos mais carenciados do país”.

Mário Silva, acrescentou ainda que “todas as pessoas que votarem nos hinos da fruta ficarão também habilitadas a ganhar fantásticos prémios. São mais de mil experiências à escolha para parques aquáticos, zoológicos, museus, aquários, centros de ciência viva e parques de diversões. Além disso, há um super prémio: uma viagem de sonho aos Açores”.

Estudo
Investigadores de uma universidade norte-americana descobriram que as bagas da árvore da pimenta do Brasil (Schinus...

As bagas da árvore, característica do Brasil e invasora em algumas regiões do mundo, "contêm um extrato com o poder de desarmar a perigosa bactéria Staphylococcus aureus, resistente a antibióticos", refere uma informação hoje divulgada pela universidade Emory, em Atlanta, estado norte-americano da Georgia.

O estudo, publicado na revista especializada Scientific Reports, "pode ter potencial para novas formas de tratamento e prevenção de infeções resistentes a antibióticos, um problema mundial crescente".

Os curandeiros tradicionais da Amazónia usaram durante centenas de anos a árvore da pimenta do Brasil para tratar infeções da pele e dos tecidos moles.

No estudo hoje divulgado, os cientistas separaram os elementos químicos das bagas e testaram-nos contra a bactéria para descobrir o mecanismo medicinal da planta, relatou a coordenadora do trabalho Cassandra Quave.

A equipa da investigadora do centro para o estudo da saúde humana e do departamento de dermatologia da faculdade de medicina da universidade demonstrou que a substância extraída das bagas inibe a formação de lesões na pele de ratinhos infetados com 'staphylococcus aureus', responsável por infeções cutâneas e respiratórias graves.

A substância não mata a bactéria, mas reprime um gene que permite que as suas células comuniquem entre si. Ao bloquear esta comunicação, é possível evitar que as células consigam uma atuação coletiva.

"Essencialmente desarma a bactéria MRSA [staphylococcus aureus], evitando que segregue as toxinas que utiliza como armas para danificar os tecidos", explicou Cassandra Quave, acrescentando que o sistema imunitário normal tem assim mais oportunidade de curar a ferida.

Matar as bactérias com medicamentos está a contribuir para aumentar o problema da resistência aos antibióticos, já que algumas delas, mais fortes, podem sobreviver a estes medicamentos e proliferar, transmitindo nos seus genes essa resistência.

Este trabalho segue-se a outro de 2015, também do grupo de Cassandra Quave, segundo o qual as folhas do castanheiro europeu também contêm elementos que desarmam a mesma bactéria, sem aumentar a resistência aos medicamentos.

No ano passado, as Nações Unidas referiram as infeções multirresistentes como sendo "uma ameaça fundamental" para a saúde e segurança globais, citando estimativas que apontam para que causem, pelo menos, 700 mil mortes por ano, podendo aumentar para 10 milhões em 2050.

No âmbito do Dia Nacional do Doente Coronário
A Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) irá promover no próximo dia 14 de Fevereiro, Dia Nacional do Doente Coronário, no...

Para o efeito serão analisados os níveis de colesterol total e glicemia, avaliada a pressão arterial, medido o peso e altura para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC) e ainda avaliado o perímetro abdominal. Estes são os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, que são atualmente a principal causa de morte em Portugal.

A realização de rastreios cardiovasculares é um dos projetos que a FPC desenvolve anualmente no sentido de sensibilizar a população portuguesa para a importância do controlo dos principais fatores de risco cardiovasculares, a hipertensão arterial, hipercolesterolemia, tabagismo, diabetes, sedentarismo, stress psicossocial e promover a adoção de estilos de vida mais saudáveis.

Para Elsa Feliciano, Assessora de Nutrição da FPC, “a realização desta iniciativa de prevenção nos mercados, um espaço cada vez mais na moda em Lisboa, permite ter contacto com todos aqueles que têm o excelente hábito de fazer as suas compras nos mercados municipais e sensibilizar para a prevenção das doenças cardiovasculares”.

Durante os rastreios será distribuído a todos os participantes um folheto especificamente desenvolvido para esta ocasião com alguns conselhos para a realização de compras mais saudáveis.

Atualmente as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade entre a população portuguesa, sendo que o ataque cardíaco é responsável pela morte de cerca de quatro mil portugueses todos os anos. Os rastreios aos fatores de risco cardiovascular podem contribuir para alertar para determinados hábitos e ajudar a aumentar a qualidade de vida do doente.

Para além deste rastreio, a Fundação Portuguesa de Cardiologia irá ainda assinalar o Dia Nacional do Doente Coronário com a realização do 2º Encontro de Doentes Cardíacos em Lisboa, no Porto e em Coimbra, este ano dedicado aos doentes com Insuficiência Cardíaco. 

Projeto “Mundo a Sorrir”
Um projeto dinamizado desde 2009 pela associação do Porto “Mundo a Sorrir” prestou até ao final de 2016 cuidados dentários a 4...

Envolvendo 73 médicos dentistas voluntários, na sua maioria recém-licenciados, o projeto CASO (Centro de Apoio à Saúde Oral), da Mundo a Sorrir - Associação de Médicos Dentistas Solidários Portugueses, permitiu ainda a colocação aos utentes de 369 próteses oferecidas pelos laboratórios parceiros.

"Temos ainda uma lista de 30 a 40 pessoas à espera de próteses", disse à Lusa a responsável.

Entre os assistidos no âmbito do projeto, que funciona em instalações do Centro Hospital do Conde Ferreira, há "crianças e jovens institucionalizados, idosos, ex-toxicodependentes, sem-abrigo, imigrantes, vítimas de violência doméstica, pacientes portadores de doença mental, de doenças infetocontagiosas e com debilidade intelectual e cognitiva e vítimas de tráfico humano", segundo a "Mundo a Sorrir".

"O medo de ir ao dentista, nas pessoas que assistimos, em alguns casos está até exacerbado. Acontece, por exemplo, em vítimas de violência doméstica e, por vezes, há reações de pânico na cadeira", descreveu Ana Simões.

Frisando que o "tratamento “é igual” como se se fizesse no setor privado, a coordenadora referiu que os voluntários "têm de ter um cuidado especial nas abordagens, por exemplo com quem consumiu substâncias ou é portador de doença mental".

"Ainda hoje nos chegam pessoas, com 40 ou 50 anos, que nunca foram ao dentista, pessoas para quem a mesma escova serve toda a família e a quem a primeira coisa que os nossos médicos dentistas fazem é ensinar a higiene oral", relatou também Ana Simões.

Em média, segundo a responsável, "cada paciente submete-se a tratamentos superiores a seis meses, ainda que haja casos que chegam ao ano de duração".

De acordo com a responsável, "as parcerias são revistas anualmente, sendo que mais de 40 instituições particulares de solidariedade social já colaboraram com o projeto CASO”.

"Sem qualquer apoio do Estado", frisou a responsável, os utentes "pagam uma verba simbólica para terem direito ao tratamento, sendo que há sempre o apoio das instituições por trás e noutros casos, quando são crianças institucionalizadas ou menores, a própria instituição assegura esse pagamento", explicou.

Para Ana Simões, nos 11 anos de existência da associação, "trabalhou-se todos os dias para que a ‘Mundo a Sorrir’ deixe de existir, pois tal significaria que o Estado dava uma resposta universal na saúde oral".

Com voluntários na Guiné-Bissau, Cabo Verde, Porto, Braga e no Algarve, a "Mundo a Sorrir" "aposta numa comunicação forte" para atrair sempre mais gente para o projeto.

"Marcamos presença em seminários, nas faculdades, em congressos e noutros eventos científicos, mas também temos uma rede de parceiros, amigos e conhecidos que passam a palavra, pelo que as pessoas já nos vão conhecendo", argumentou.

Segundo Ana Simões, duas vezes por ano, a organização promove "uma sessão para formar voluntários permitindo-lhes não só conhecer a 'Mundo a Sorrir' e os seus projetos".

Logo nesse momento "deixamos claro a quem quiser ser voluntário que devem olhar para q sua função aqui como um todo e não pensar apenas num determinado trabalho ou zona geográfica", argumentou.

Estudo
A combinação de duas proteínas do parasita da malária pode servir de base para uma vacina eficaz contra a doença, revela um...

O estudo, conduzido pelo Instituto Wellcome Trust Sanger, do Reino Unido, concluiu que uma proteína que existe na superfície do parasita, a P113, captura uma outra proteína, a RH5, e forma uma 'ponte' molecular entre o parasita e o glóbulo vermelho (célula do sangue).

Por isso, uma vacina que combine a RH5, a P113 e outras proteínas poderá ser mais eficaz, defendem os cientistas.

Numa investigação anterior, peritos do mesmo instituto descobriram que, para invadir os glóbulos vermelhos, o parasita da malária, o 'Plasmodium', necessita da proteína RH5 para ligar-se a um recetor na superfície das células sanguíneas.

Contudo, desconheciam como a RH5 estava ligada à superfície do parasita.

Os cientistas descobriram agora que a RH5 liga-se a um recetor nos glóbulos vermelhos quando é 'apanhada' à superfície do parasita pela P113, permitindo que o 'Plasmodium' invada as células sanguíneas.

Em teoria, de acordo com um dos autores do estudo, Julian Rayner, um anticorpo que bloqueie a P113 poderá impedir a ação da RH5 e evitar que o parasita ataque os glóbulos vermelhos.

A malária é uma doença infeciosa, disseminada em regiões tropicais e subtropicais, como Ásia, América Central e do Sul e África Subsariana, que se transmite através da picada de uma fêmea do mosquito 'Anopheles' infetada pelo parasita.

Dores de cabeça e nas articulações, febre, calafrios, vómitos, anemia, hemoglobina na urina, lesões na retina e convulsões são alguns dos sintomas, depois de o parasita entrar na corrente sanguínea, viajar até ao fígado, onde se multiplica, e penetrar nos glóbulos vermelhos.

Especialistas alertam
Cerca de 25% da população tem miopia. Especialistas dizem que estar muito tempo em espaços fechados faz aumentar doença.

Quando andava no 10.º ano, Ana Amorim, 23 anos, começou a achar que via mal para o quadro. "Ou menos bem do que os meus colegas." Foi a uma consulta e detetaram-lhe uma "pequena miopia". "A minha graduação foi sempre mais ou menos estável. Cerca de uma dioptria em cada olho", diz ao DN a estudante do programa doutoral de Optometria e Ciências da Visão na Universidade do Minho. Mesmo antes de saber que o uso de dispositivos móveis ou que passar muito tempo em casa tinham influência na progressão da miopia, Ana já tinha alguns cuidados: "Nunca gostei de estar muito tempo ao computador, por exemplo."

Cerca de 2,5 milhões de portugueses sofrem de miopia. Ana Amorim diz que "é um dos maiores problemas de saúde pública e tem vindo a crescer cada vez mais". Um estudo que envolveu alunos da Universidade do Minho mostrou que, em 12 anos, entre 2002 e 2014, houve um aumento da prevalência da miopia de 23% para 42%. Outros estudos feitos a nível mundial mostram que tem existido um crescimento brutal da doença. Uma investigação recente feita pela University College of London revelou que 54% das pessoas com mais de 40 anos têm erros de refração, quando na década de 60 apenas 10% sofriam de miopia. A perceção dos especialistas contactados pelo DN é de que, em Portugal, a prevalência também está a aumentar.

Mais tempo a olhar para livros e dispositivos eletrónicos e cada vez menos tempo ao ar livre ajudam a explicar o aumento da incidência deste problema de visão. Os resultados obtidos na Universidade do Minho confirmam uma tendência que se tem verificado a nível mundial. Jorge Jorge, professor na Escola de Ciência da Universidade do Minho e investigador no laboratório de investigação em optometria clínica e experimental do Centro de Física da UMinho, diz ter sido detetado que "havia um aumento do número de horas no uso de computadores e outros dispositivos móveis". Os fatores de risco que se conhecem até agora, prossegue, são "o excesso de trabalho em visão de perto", nomeadamente a ler, ao computador, tablet e telemóvel, e "a falta de atividade ao ar livre". "Em 2008 um grupo de investigadores australianos verificou que as crianças míopes passam menos tempo em atividades ao ar livre do que as outras crianças. Desde essa data todos os estudos realizados chegaram à mesma conclusão", sublinha o investigador.

O que falta perceber é de que forma é que as atividades ao ar livre têm influência no desenvolvimento da miopia. Jorge Jorge diz que têm sido estudados vários fatores: "A influência da luz solar no processamento da vitamina D e produção de dopamina; a diminuição do diâmetro pupilar e consequente diminuição das aberrações periféricas; o espectro de radiação da luz solar."

Taxa sobe nos mais jovens

Nos países asiáticos a prevalência da miopia chega a ser de 90% a 95% entre as crianças e adolescentes. Em Portugal, o presidente da Associação de Profissionais Licenciados em Optometria (APLO), Raul Alberto de Sousa, diz que "rondará cerca de 30% na população de jovens adultos entre os 18 e os 25 anos" e "será de aproximadamente 25%" na população em geral. Face ao aumento exponencial verificado nos países asiáticos, o representante alerta que "devemos considerar que é um assunto preocupante e que devemos analisar e tomar medidas para evitar ou prevenir a ocorrência da mesma "pandemia" em Portugal.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), Manuel Monteiro-Grillo, não conhece estudos feitos em Portugal que mostrem um aumento da prevalência da miopia. "Mas existe essa perceção. Temos essa noção", indica. Também se verifica, prossegue, que numa altura em que a doença tinha tendência a estabilizar, por volta dos 20 anos, "encontramos gente jovem na qual continua a aumentar". Isto pode estar relacionado com o uso "de computadores, tablets, smartphones". E, por outro lado, "com o facto de passarmos cada vez mais tempo fechados".

Na maioria dos casos, a miopia surge durante a infância e adolescência, mas também pode ser congénita, ou seja, aparecer logo à nascença. "É um obstáculo à aprendizagem, ao desenvolvimento indi- vidual e integração na sociedade das atuais crianças e adultos do futuro", alerta Raul Alberto de Sousa, destacando que "as miopias de maior potência, também chamadas de miopias patológicas, apresentam maior predisposição para sofrer patologias oculares secundárias/associadas". Muitas vezes, diz Manuel Monteiro-Grillo, são os pais que se apercebem de que a criança vê mal ao longe, porque se aproxima muito da televisão, por exemplo. Quando surge na adolescência, é mais fácil ser o próprio a aperceber-se.

Reduzir horas em visão de perto

Nos tempos atuais, a miopia é corrigida com o recurso a óculos, lentes de contacto e cirurgia. Nos últimos anos, surgiram também lentes de contacto que permitem reduzir a progressão da doença. Além destas, o investigador Jorge Jorge considera que é necessário "reduzir o número de horas passadas em visão de perto e aumentar o número de horas ao ar livre" para combater este problema de saúde pública.

Destacando a importância da "vigilância precoce e assídua", Raul Alberto de Sousa reforça que "os pais, educadores e todos os profissionais de saúde devem promover hábitos de higiene visual tal como os descansos regulares nas tarefas prolongadas de visão ao perto (leitura, estudo, etc.) e tentar que as crianças (aquelas em quem habitualmente a miopia progride mais rapidamente) tenham hábitos de lazer ao ar livre, e evitar que estejam sempre em espaços fechados". Recentemente, a APLO deu o seu contributo sobre esta matéria para o Referencial para a Educação para a Saúde. "A escola é o local e veículo ideal para a consciencialização dos cuidados para com a visão, com o seu rastreio e adoção de boas normas de ergonomia e comportamento visuais."

Rede de cuidados
O coordenador do Observatório Português dos Cuidados Paliativos, Manuel Luís Capelas, defende um plano estratégico mais...

"Precisamos de um plano estratégico centrado nas pessoas e não em questões administrativas, como saber as taxas de ocupação de camas e permanência médica nos serviços, que não são medidores de qualidade", disse o responsável à agência Lusa, à propósito do congresso ‘Enfermagem em Cuidados Paliativos’, que decorre hoje naquela cidade.

Manuel Luís Capelas falará ainda hoje em Coimbra sobre "Novos desafios para os cuidados paliativos em Portugal. Reforma dos Cuidados Paliativos no SNS", numa mesa redonda que discutirá os "Cuidados Paliativos em Portugal: passado, presente e futuro".

Segundo o coordenador do Observatório Português, existem em Portugal três tipos de rede de cuidados paliativos, que deviam integrar o mesmo sistema de referência "centrado nas necessidades do doente".

O especialista defende a mudança de "chip" para que os cuidados paliativos atuem o mais precoce possível e "possam ir de encontro ao doente, porque muitos deles nem precisam de estar hospitalizados".

"É também necessário fazer uma monitorização do número de doentes acompanhados por equipas de cuidados paliativos, que mostre à sociedade os impactos que têm junto dos doentes, porque há dificuldade em medir o seu impacto na melhoria da qualidade de vida do doente", sublinhou.

De acordo com um estudo realizado em 2015, citado por Manuel Luís Capelas, 90% dos doentes com prognóstico de vida inferior a 15 dias não estão referenciados para cuidados paliativos, porque os médicos ainda têm uma perspetiva de cura.

O estudo foi efetuado em 11 hospitais do Serviço Nacional de Saúde, envolvendo 1.273 doentes e 182 médicos, com uma margem de erro inferior a três por cento.

Para o coordenador do Observatório Português, terá de haver "maior capacidade dos profissionais de saúde para saberem sinalizar situações e referenciar doentes para as equipas certas".

"É uma questão de formação e de alteração da forma de trabalhar", frisou o especialista, que criticou a "obstinação terapêutica" quando os doentes estão já numa fase terminal.

Investigação
Investigadores da Universidade de Aarhus, Dinamarca, descobriram uma técnica que permite diagnosticar lesões nos rins de forma ...

O estudo foi hoje publicado na revista Scientific Reports e anunciado em comunicado pela universidade.

De acordo com a investigação serão necessários apenas 45 minutos para chegar a um diagnóstico, usando amostras de sangue ou urina para testar a presença de uma enzima chamada ‘fumarase’.

A fase seguinte é examinar o rim, usando um scanner para indicar em que parte do tecido se encontra a lesão, de acordo com um dos investigadores, Per Mose Nielsen.

“A enzima ‘fumarase’ é libertada das células danificadas por fatores externos. Descobrimos que quanto maior a lesão renal, maior o nível da enzima detetado. Isso significa que podemos de forma rápida e exata identificar o rim lesionado. É possível detetar a lesão após 30 minutos [da sua formação] e até cerca de uma semana depois”, disse Per Mose Nielson.

Até ao momento, a técnica foi apenas testada em ratos com lesões renais agudas, mas os investigadores esperam que o método seja transponível para humanos muito em breve.

“Estamos a fazer testes em sangue e urina humanos, mas ainda não começámos a fazer exames em scanner aos pacientes. De momento, estamos a analisar amostras de sangue de pacientes em diálise com níveis diferentes de lesões renais. Se isto funcionar, podemos, em princípio, avançar em breve diretamente para a prática médica com as medições de ‘fumarase’”, explicou o investigador.

Estudo
O risco de queda acontece a partir dos 50 anos e não apenas nos idosos, revela um estudo que concluiu que “mais de 30% da...

O projeto FallSensing apresenta na sexta-feira, em Coimbra, os resultados do primeiro ano de investigação, que mostra que “o risco de queda acontece logo a partir dos 50 anos e não apenas na população idosa”, afirma a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), em nota enviada hoje à agência Lusa.

“Mais de 30% da população acima dos 50 anos sofreu um acidente no espaço de um ano”, concluiu o estudo, no âmbito do qual “investigadores estão a desenvolver um sistema de rastreio de quedas, com a criação de soluções tecnológicas que auxiliam o rastreio do risco de queda e o desenvolvimento de planos de prevenção adaptados ao nível de risco da população”.

Financiado pelo programa comunitário ‘Portugal 2020’ e pelo Fundo de Desenvolvimento Regional da União Europeia, o projeto FallSensing (que resulta de um consórcio entre a ESTeSC, a empresa Sensing Future Technologies e a associação sem fins lucrativos Fraunhofer Portugal) procura “criar soluções tecnológicas que auxiliem o rastreio do risco de queda na população adulta” e “planos de prevenção de quedas, que contribuam para um envelhecimento ativo e saudável”.

Os resultados da investigação são apresentados na sexta-feira, na ESTeSC, durante o primeiro Meeting FallSensing 2017, que ali decorre, a partir das 09:30, com a participação de especialistas nacionais e estrangeiros na área da fisioterapia.

O estudo mostra que “a população a partir dos 50 anos evidencia o mesmo risco de queda que a população idosa, revelando a necessidade de uma intervenção preventiva mais precoce”, sustenta Anabela Correia Martins, docente da ESTeSC e investigadora principal do projeto.

Os dados existentes “apontam para a mesma percentagem, mas a partir dos 65 anos”, refere Anabela Correia Martins, sublinhando a importância das conclusões desta investigação.

Outro dado a reter é que parte da população abrangida pela pesquisa tem uma vida ativa e com atividade profissional, a qual, “à partida”, não é considerada população de risco, acrescenta a investigadora.

Quanto ao local onde os acidentes ocorrem, “os dados obtidos confirmam o que já se pensava: é na própria habitação que ocorrem a maioria das quedas”, afirma a ESTeSC, adiantando que os locais com mais probabilidades de acidente são escadas, casa de banho e cozinha, enquanto as causas das quedas são “multifatoriais e prendem-se com fatores ambientais, capacidade funcional e fatores pessoais”, como, por exemplo, “o medo de cair”.

Durante o rastreio, que abrangeu 450 indivíduos, “foi desenvolvida uma plataforma portátil e usados sensores, agregados a um protocolo de rastreio e avaliação do risco, e uma aplicação informática de registo dos dados, que está a ser validada e que vai permitir criar uma base de dados de risco de queda representativa da população portuguesa”, refere Anabela Correia Martins.

“O próximo passo é o desenvolvimento de programas de intervenção ajustados ao nível de risco da população”, que deverão passar designadamente por exercício físico (para “fortalecimento muscular e equilíbrio”), programas educacionais e “modificações ambientais”, adianta a ESTeSC.

O objetivo final do projeto, que termina em outubro de 2018, é que “todos os utilizadores considerados em risco de queda tenham a possibilidade de minimizar este risco e prevenir as quedas”.

De acordo com Anabela Correia Martins, as quedas “são um problema muito grave de saúde pública e têm um impacto estrondoso”, salientando que elas “são a causa de metade das hospitalizações na população idosa”.

Cancro
Investigadores norte-americanos desenvolveram uma análise matemática para identificar os fatores que determinam a melhor...

“As pessoas morrem quando as suas infeções ou tumores se tornam resistentes a medicamentos”, afirma um dos autores do estudo, acrescentando que os investigadores analisaram quando pode ser melhor usar drogas para conter em vez de eliminar o tumor.

Segundo os investigadores das universidades do Michigan e de Penn State, há situações nas quais a contenção através de medicamentos permite manter o doente vivo mais tempo, mas noutros casos significa piorar a situação.

Na investigação, publicada hoje na revista PLOS Biology, os peritos compararam duas estratégias de tratamento com o objetivo de maximizar a quantidade de tempo do doente até ao tratamento falhar devido ao desenvolvimento de resistência aos medicamentos.

Os investigadores concentraram-se em dois fatores principais que influenciam se uma infeção ou tumor vai desenvolver resistência aos medicamentos.

A primeira é a velocidade à qual as células, inicialmente sensíveis ao tratamento, se tornam resistentes. O segundo fator, denominado como “supressão competitiva”, está relacionado com o facto de a propagação da resistência, quando aparece, poder ser retardada com recurso a células sensíveis ao tratamento.

“A prática padrão tem sido tratar os tumores tão agressivamente quanto possível para minimizar o risco de as células se tornarem resistentes”, afirmou Andrew Read, um dos autores do estudo.

Mas esta análise mostra que, em muitas situações, conter o tumor pode aumentar o período até que o tratamento falhe.

Segundo os investigadores, é importante fazer uma análise em face de cada caso.

Gripe
A atividade gripal é esporádica e a mortalidade por todas as causas continua com valores acima do esperado, de acordo com o...

O Boletim elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) refere que a taxa de incidência de síndroma gripal foi de 16,4 por 100.000 habitantes, o que indica uma “atividade gripal esporádica com tendência decrescente”.

Até à semana 05, foram analisados no Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios, 862 casos de síndroma gripal, dos quais 466 (54%) positivos para o vírus da gripe [464 do subtipo A(H3), 1 do subtipo A(H1)pdm09 e um do tipo B da linhagem Victoria].

Em 86 dos casos de síndroma gripal foram detetados outros vírus respiratórios.

No mesmo período foram analisados laboratorialmente oito casos de síndroma gripal, dos quais dois positivos para o vírus da gripe A(H3).

A taxa de admissão por gripe em unidades de cuidados intensivos foi estimada em dois por cento. “Apesar de se ter verificado uma ligeira subida em relação às semanas anteriores, o valor estimado mantém-se próximo da linha de base”, lê-se no Boletim.

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
Menos de um por cento dos doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) têm acesso a “reabilitação respiratória”, uma...

No dia que comemora o 10.º aniversário, a Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas (Respira) defende “a implementação e igualdade de acesso aos centros de reabilitação respiratória” em Portugal.

A Reabilitação Respiratória é um programa que tem como objetivo promover, através de diversas estratégias realizadas por equipas multidisciplinares, estilos de vida saudáveis.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Respira, José Albino, salientou a importância desta técnica para “a melhoria da capacidade respiratória e qualidade de vida dos doentes”, além da redução de sintomas e exacerbações da doença.

Contudo, lamentou José Albino, são ainda “muito poucos” os centros de reabilitação respiratória no país.

Outras das lutas da associação passa pela disponibilização em todos os agrupamentos dos centros de saúde de espirometrias, um exame de diagnóstico que permite avaliar a função dos pulmões e a quantidade de ar que entra e sai e que é essencial para diagnosticar a DPOC

O programa “já está no papel, já existe alguns polos em Portugal, e pensamos” que arranque no final deste ano, disse o responsável, destacando a importância da medida para efetivar “o diagnóstico precoce” a nível nacional.

Apesar de a DPOC ter “uma prevalência muito grande”, ainda é desconhecida para muitas pessoas e muitas vezes desvalorizada, disse José Albino, que descobriu que tinha a doença há 16 anos, quando tinha 50 anos.

“As pessoas não ligam ao cansaço que sentem, pensam que é um problema de estarem mais velhos ou por estarem mais gordos ou porque têm um problema cardíaco” e não se queixam ao médico, disse.

Segundo dados do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias da Direção-Geral da Saúde, a DPOC é, atualmente, a quarta causa de morte no mundo e um problema de saúde pública em Portugal.

Afeta cerca de 800 mil portugueses e apesar de ser muitas vezes apontada como uma doença associada aos mais idosos, estima-se que 50% dos doentes tenham menos de 65 anos.

Criada há precisamente 10 anos, a Respira foi a primeira associação fundada em Portugal dirigida às pessoas com DPOC e outras doenças respiratórias crónica.

Foi fundada por de um pequeno grupo de pessoas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica para combater “a lacuna existente ao nível da saúde respiratória em Portugal”.

Sob o lema “Para que não se sinta só a respirar” a Associação assumiu a missão de contribuir para o conhecimento, prevenção e tratamento das doenças respiratórias crónicas e para a promoção e defesa dos direitos dos doentes.

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