Rede de cuidados

Observatório Português dos Cuidados Paliativos defende plano estratégico centrado no doente

O coordenador do Observatório Português dos Cuidados Paliativos, Manuel Luís Capelas, defende um plano estratégico mais centrado nas necessidades do doente e não em questões administrativas.

"Precisamos de um plano estratégico centrado nas pessoas e não em questões administrativas, como saber as taxas de ocupação de camas e permanência médica nos serviços, que não são medidores de qualidade", disse o responsável à agência Lusa, à propósito do congresso ‘Enfermagem em Cuidados Paliativos’, que decorre hoje naquela cidade.

Manuel Luís Capelas falará ainda hoje em Coimbra sobre "Novos desafios para os cuidados paliativos em Portugal. Reforma dos Cuidados Paliativos no SNS", numa mesa redonda que discutirá os "Cuidados Paliativos em Portugal: passado, presente e futuro".

Segundo o coordenador do Observatório Português, existem em Portugal três tipos de rede de cuidados paliativos, que deviam integrar o mesmo sistema de referência "centrado nas necessidades do doente".

O especialista defende a mudança de "chip" para que os cuidados paliativos atuem o mais precoce possível e "possam ir de encontro ao doente, porque muitos deles nem precisam de estar hospitalizados".

"É também necessário fazer uma monitorização do número de doentes acompanhados por equipas de cuidados paliativos, que mostre à sociedade os impactos que têm junto dos doentes, porque há dificuldade em medir o seu impacto na melhoria da qualidade de vida do doente", sublinhou.

De acordo com um estudo realizado em 2015, citado por Manuel Luís Capelas, 90% dos doentes com prognóstico de vida inferior a 15 dias não estão referenciados para cuidados paliativos, porque os médicos ainda têm uma perspetiva de cura.

O estudo foi efetuado em 11 hospitais do Serviço Nacional de Saúde, envolvendo 1.273 doentes e 182 médicos, com uma margem de erro inferior a três por cento.

Para o coordenador do Observatório Português, terá de haver "maior capacidade dos profissionais de saúde para saberem sinalizar situações e referenciar doentes para as equipas certas".

"É uma questão de formação e de alteração da forma de trabalhar", frisou o especialista, que criticou a "obstinação terapêutica" quando os doentes estão já numa fase terminal.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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