Estudo
O bloqueio na produção de uma proteína que regula as conexões das células cerebrais, a Ephexin5, evitou perdas de memória em...

Uma investigação da Universidade de Medicina Johns Hopkins, de Baltimore, Estados Unidos, mostrou que a Ephexin5 parece ser elevada nas células cerebrais de doentes de Alzheimer e também em ratos com a doença.

Os investigadores da Universidade fizeram várias experiências com ratos e concluíram que a remoção da proteína evita que os animais desenvolvam perdas de memória, uma característica da doença.

Num relatório publicado no “The Journal Clinical Investigation”, os investigadores dizem que a descoberta poderá ser um avanço no desenvolvimento de medicamentos para a proteína e assim prevenir ou tratar os sintomas da doença.

“Ephexin5 é um alvo farmacêutico tentador, porque em adultos saudáveis a sua presença é mínima no cérebro”, disse Gabrielle Sell, da Universidade, acrescentando: “Isso significa que tirar a Ephexin5 pode ter poucos efeitos secundários”.

Em conjunto com Seth Margolis, da mesma instituição, o trabalho dos responsáveis partiu do princípio das características da doença, a formação de placas no cérebro compostas por uma proteína chamada beta amiloide, sendo a sua destruição o foco principal dos esforços para tratar a doença. No entanto, dizem os cientistas, não é a beta amiloide que leva à gravidade da doença mas sim a perda das chamadas sinapses excitatórias.

Embora não esteja claro como a beta amiloide e a perda das sinapses excitatórias estão ligadas, pesquisadores da Universidade da Califórnia mostraram há vários anos que os doentes de Alzheimer diminuíram os níveis cerebrais da uma proteína chamada EphB2. A Ephexin5 é regulada pela EphB2.

Os investigadores quiseram saber primeiro se a proteína poderia estar a ser mal regulada nos modelos animais e nos pacientes com Alzheimer. E descobriram que quando adicionavam beta amiloide às células de cérebros de ratos saudáveis essas células começaram a produzir Ephexin5 em excesso, o que parece indicar que a proteína que produz as placas características da doença também desencadeia um aumento da Ephexin5.

Em diversas experiências os investigadores concluíram que o excesso de Ephexin5 está associado à doença de Alzheimer e procuraram perceber se a redução de Ephexin5 iria impedir também os efeitos da doença.

Segundo o estudo, bloqueando a produção da proteína em ratos verificou-se que estes desenvolviam as placas mas não perdiam as sinapses excitatórias. E também não perdiam a memória, uma causa da doença.

Com esses resultados obtidos com os ratos os cientistas consideram que o aumento da Ephexin5 pode ser a razão pela qual os pacientes perdem as sinapses e por consequência a memória, e admitem que bloquear a proteína pode retardar ou interromper a doença.

Estudo
O diagnóstico da tuberculose poderá ser mais rápido e fiável com um novo teste sanguíneo para detetar a doença que só nos...

A investigação de académicos do Arizona, Texas e Washington usa a nanomedicina, com a qual pretende evitar diagnósticos errados baseados nos métodos atuais, assentes na análise da expetoração, culturas sanguíneas e biópsias invasivas aos pulmões e ao sistema linfático.

"Estes resultados podem ser falsos negativos e, além disso, podem demorar dias até haver confirmação" da doença, cujo tratamento deve começar o mais depressa possível. afirmou Tony Hu, da universidade do Arizona.

O novo método consegue medir a gravidade das infeções detetando a presença no sangue de quantidades ínfimas de duas proteínas que as bactérias da tuberculose produzem durante infeções ativas.

Apesar de todos os anos se gastarem milhares de milhões de euros para cuidar dos doentes e evitar infeções, a tuberculose continua a ser um dos maiores riscos de saúde mundiais, estimando-se que possa estar latente em um terço da população mundial.

Todos os anos, 10 milhões de pessoas contraem a doença e quase dois milhões morrem, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Os responsáveis pela investigação querem agora testar se o seu método se adapta a outra doenças e candidatar-se a testes clínicos na luta contra a tuberculose.

Faculdade de Engenharia
A Administração Regional de Saúde do Norte divulgou que está em fase de investigação e tratamento um surto de parotidite...

Em comunicado, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) aponta que, até esta data, estão confirmados quatro casos, estando sob investigação cerca de mais uma dezena e que o seu departamento de Saúde Pública teve conhecimento da ocorrência parotidite epidémica entre alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) na semana passada.

Contactada, a FEUP confirmou a ocorrência, mas remeteu todos os esclarecimentos para a ARS-Norte, apontando que o tratamento a esta situação está "completamente articulado" entre ambas as instituições.

Vulgarmente conhecida como papeira, a parotidite epidémica é uma doença infecciosa, provocada por um vírus, caraterizando-se pelo aparecimento de febre, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, seguindo-se o aumento de volume das glândulas parótidas (glândulas salivares).

A ARS-Norte explica que se trata de uma doença habitualmente benigna, que se transmite através das gotículas de saliva, durante a tosse, espirro ou a conversação, ou através da partilha de objetos e utensílios como copos, podendo a transmissão ocorrer ainda antes do aparecimento dos sintomas.

"Neste momento, a equipa responsável pela investigação do surto, sob a coordenação da ARS-Norte, está a trabalhar, em estreita colaboração, com os diferentes serviços de saúde e com a FEUP, de forma a conhecer a verdadeira dimensão do surto e a facilitar a implementação das medidas de prevenção e controlo", lê-se no comunicado.

O "afastamento social" dos doentes durante um período de nove dias a partir da data do aparecimento do aumento do volume das parótidas, a vigilância dos contactos próximos, a verificação do seu estado vacinal e a atualização da vacinação, sempre que tal se verifique necessário, são as medidas que estão a ser implementadas.

A FEUP também divulgou, internamente, informação da ARS-Norte com a indicação de que, perante a existência de sintomas sugestivos de parotidite epidémica, deverá ser contactada a Linha de Saúde 24 ou a equipa de saúde familiar e cumpridas todas as recomendações prescritas.

"A ARS-Norte e a FEUP continuarão atentas à evolução deste surto e a desenvolver as medidas consideradas necessárias ao controlo da situação", termina o comunicado.

O Programa Nacional de Vacinação contém a vacina contra a parotidite epidémica, associada à vacina contra o sarampo e a rubéola, designada como VASPR, sendo administrada em duas doses, uma aos 12 meses e outra aos cinco anos de idade.

De acordo com a ARS-Norte a vacinação contra a parotidite epidémica não evita todos os casos de doença, não sendo rara a ocorrência de surtos em populações com elevada proporção de vacinados, em ambientes em que o contacto interpessoal é próximo e frequente.

Também a Reitoria da Universidade do Porto, apontou estar a acompanhar a situação.

Fertilidade
A endometriose é uma doença tão dolorosa como desconhecida.

A procriação medicamente assistida pode ser a resposta adequada para os problemas de fertilidade destas mulheres. A vitrificação de ovócitos pode ser a solução para concretizar o projeto reprodutivo no futuro. Tanto para as mulheres que se submetem a uma cirurgia que possa comprometer a fertilidade, como para aquelas que simplesmente desejem adiar a maternidade. De facto, nos últimos 10 anos, mais de 300 mulheres procuraram o IVI com problemas de fertilidade derivados da endometriose.

Para João Calheiros Alves, ginecologista, especialista em medicina reprodutiva do IVI Faro, na atualidade o enfoque clínico em relação a esta doença está a mudar: “não houve nenhum avanço no tratamento sintomático da endometriose nos últimos nos, continua sem existir cura. A diferença é que agora o diagnóstico e início do tratamento são mais pragmáticos e isso ajuda a melhorar a qualidade de vida de quem padece endometriose.”

“Antes podia demorar até 6 anos até ser diagnosticada a endometriose a uma mulher e poucos médicos a tratavam”, explica o Dr. João Calheiros Alves. A idade média em que se deteta esta doença é aos 27 anos e calcula-se que cerca de 70% receberam anteriormente diagnóstico errado.

A falta de informação, junto com a ausência de consciencialização social sobre este problema, provoca que muitas destas mulheres se sintam sozinhas e incompreendidas em relação à dor.

“O nosso trabalho passa muito por consciencializar a sociedade de modo geral e os profissionais de saúde para a existência e consequências desta patologia na vida da mulher. Felizmente o nosso trabalho começa a surtir resultados, contudo começamos a deparar-nos com um outro problema, que é a falta de profissionais que compreendam verdadeiramente a doença e se dediquem a aprofundar os seus conhecimentos para acompanhar de forma adequada as portadoras desta patologia,” salienta Susana Fonseca, presidente da Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose.

A endometriose
Esta doença crónica ocorre quando o endométrio – a parte que reveste o interior do útero e se desprende em cada ciclo através da menstruação – se encontra noutros locais, mais frequentemente na pélvis. Uma vez na pélvis, e com os ciclos menstruais da mulher, produzem-se pequenos sangramentos, que se não forem corretamente eliminados pelo próprio organismo, serão responsáveis, em parte, pelo quadro de dor e infertilidade.

A importância de um bom diagnóstico
A endometriose é uma doença crónica, pelo qual é importante que se diagnostique o quanto antes e se trate de forma adequada. Uma vez que pode piorar, é importante que a mulher disponha de toda a informação possível desde o primeiro momento.

Apesar de depender da idade e do contexto clínico, calcula-se que nos casos de endometriose, sem importar que seja moderada ou severa, a taxa de gravidez espontânea por ciclo é inferior a 2% (e entre 2 e 4,5% nos casos mais leves), muito inferior aos 20% das mulheres que não padecem da doença.

Nos casos com maior sintomatologia recomendam-se medicamentos paliativos e, se necessário, pode efetuar-se uma cirurgia pélvica por via laparoscópica para eliminar as lesões, apesar de existirem casos em que é necessário retirar parte dos ovários ou inclusivamente os ovários por completo, prejudicado desta forma a fertilidade da paciente.

A presidente da MulherEndo reforça ainda que “apesar da fertilidade ser um fator de peso na vida da mulher, a Endometriose é muito mais do que uma doença que pode prejudicar a gravidez. A Endometriose é uma doença complexa que pode afetar vários órgãos e comprometer a qualidade de vida da paciente prejudicando a vida pessoal, familiar, profissional e social. A Endometriose é hoje um problema de saúde pública!”

7 Conselhos MulherEndo para melhorar a qualidade de vida das mulheres com endometriose

Uma vez diagnosticada a endometriose, a mulher deve considerar alguns aspetos que poderão melhorar a sua qualidade de vida. Nem sempre são fáceis de aplicar. Sobretudo deve investir algum tempo a interiorizá-los e depois ver como poderão ter aplicação prática na sua vida.

Apoio Psicológico
Esta é uma doença que causa sentimentos de incapacidade, culpa, medo, angústia, incerteza. Portanto é importante ter alguém que nos ajude a lidar com todas estas fases. O objetivo é que não tornemos algo que já é grande e complicado, em algo muito difícil de lidar. Uma mente serena e organizada, lida melhor com a situação, tem menos ansiedade e menos stress. Deste modo encontra respostas mais rapidamente e de forma mais acertada quando surgem os problemas. Já para não falar que o estado de stress e ansiedade causa mais inflamação e consequentemente mais dor!

Alimentação equilibrada – apoio nutricional adequado
A alimentação pode ser a chave para uma vida com menos dor. Não conseguimos controlar a doença pela alimentação, mas conseguimos controlar a sintomatologia. Uma alimentação anti-inflamatória, sem produtos processados, açúcares e com pouco glúten pode ser a chave para reduzir inchaço, perder o peso ganho com a toma de medicação e para que a sintomatologia da doença seja atenuada.

Desporto adaptado
Nem todos os desportos são adequados. Mas existem alguns que certamente nos farão sentir melhor. Yoga, pilates, caminhadas e natação são alguns exemplos. O importante é perceber qual é mais eficaz para cada uma de nós e mexer o corpo. Por menos vontade que se tenha. Um corpo parado é um corpo mais doente!

Tempo para mim
Há estudos que ligam a Endometriose a mulheres que se preocupam primeiro com todo o universo e só depois consigo. Mulheres que em vez de lerem um livro que lhes apetece estão preocupadas em como resolver os problemas dos amigos/familiares. Mulheres que em vez de verem uma série preferem ir fazer voluntariado e resolver os problemas do mundo. Não que este tipo de personalidade/vivências não seja positivo. É! Mas há que encontrar um equilíbrio. Precisamos de cuidar de nós. Ter tempo para ler, se nos apetecer, para ver uma série, para tomar um banho mais relaxado, para ir ao cinema, para não fazer nada! Desligar do mundo é essencial!

Saber parar
Nos dias de mais dor é importante parar. Deitar, colocar um saco de água quente/ou de gelo na zona que nos está a doer com mais intensidade ou tomar um banho quente relaxante.

Dormir bem
Se o nosso corpo/mente não descansa no mínimo 7/8h por dia todo o quadro de dor piora.

Gostar de mim
Eu não tenho culpa de ter uma doença crónica, de não poder ter filhos, de não conseguir exercer a minha profissão. Eu não tenho culpa e não me posso culpar por isso! Mas posso aprender a virar a página e a transformar o mau em algo positivo. Consequentemente é possível viver bem e feliz com Endometriose!

Fonte: 
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra organiza, nos dias 30 e 31 de março de 2017, o “Seminário EMC (Enfermagem Médico...

O seminário é uma iniciativa dos cursos de mestrado e de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica e da respetiva Unidade Científico-Pedagógica da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), que está aberto, gratuitamente, a toda a comunidade de Enfermagem.

A avaliação da via aérea em contexto pré-hospitalar, os dilemas éticos e a gestão da esperança em cuidados paliativos, ou as guidelines (recomendações) para a prática perioperatória nos domínios da assepsia cirúrgica, da segurança do doente e da equipa cirúrgica, da segurança de materiais e equipamento, assim como no domínio do “cuidar o doente”, são alguns temas em discussão nos dois dias de trabalhos.

O programa detalhado do seminário pode ser consultado em www.esenfc.pt/event/seminarioemc2017, o mesmo espaço reservado às inscrições.

Estudo
O projeto Menos TB Porto concluiu que relativamente às dinâmicas de transmissão da tuberculose, o Porto é “um reservatório...

A responsável Raquel Duarte salienta que, “embora a tuberculose tenha vindo a diminuir no país, concentra-se cada vez mais nos grandes centros urbanos em grupos vulneráveis. O Porto é a prova disso”.

“O Porto constitui-se assim como um importante modelo para a diminuição de incidência numa área endémica para tuberculose”, refere a investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e coordenadora do Centro de Referência Nacional para a Tuberculose Multirresistente.

O Projeto Menos TB Porto, que tem como objetivo principal estabelecer uma estratégia eficaz de diagnóstico e tratamento precoce de tuberculose, e identificar fatores de risco específicos para o desenvolvimento da doença nos grupos vulneráveis, nomeadamente junto dos sem-abrigo, encontra-se na sua fase final.

Resultou da colaboração entre o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, o Instituto de Ciências da Vida e da Saúde da Universidade do Minho, a ARS Norte, o ACeS Porto Ocidental e o ACeS Porto Oriental.

Os rastreios realizados pelas Unidades de Saúde Pública do Porto Oriental, do Porto Ocidental e do Centro de Diagnóstico Pneumológico (CDP), em parceria com as organizações de apoio aos sem-abrigo, permitiram rastrear 403 indivíduos e nestes identificar dois casos de tuberculose.

“A incidência de tuberculose na população em geral é de 20 casos por cada 100 mil habitantes, e só no Porto este projeto permitiu detetar dois casos em apenas 403 indivíduos, o que se traduz numa taxa de incidência de 496 por cada 100 mil sem-abrigo”, sublinha a responsável.

Raquel Duarte é a coordenadora deste projeto, diretora da Unidade de Gestão Integrada do Tórax e Circulação do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, coordenadora do Centro de Referência Nacional para a Tuberculose Multirresistente, assessora do diretor do Programa Nacional para a TB/VIH, para a área da tuberculose, e docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Os resultados do projeto sugerem que as equipas de rua têm um papel muito importante na proximidade com os sem-abrigo e outras populações vulneráveis, cuja articulação com as unidades de saúde pública e CDP são fundamentais.

Assim, salienta a responsável pela investigação, o término do projeto não deve implicar a diminuição destas sinergias e, por isso, foi proposto “um cronograma de rastreios para 2017, que visa a articulação, sensibilização e acompanhamento de casos entre os ACES do Porto e as equipas de rua”.

Os autores do estudo referem que a caracterização genética, aliada à georreferenciação, em conjunto com a informação epidemiológica, permitiram a identificação das cadeias de transmissão da doença.

Instituto Português de Sangue e Transplantação
O presidente do Instituto Português de Sangue e Transplantação afirmou hoje que o envelhecimento da população pode diminuir as...

Almeida e Sousa falava durante a cerimónia do Dia Nacional do Dador de Sangue, que decorre em Lisboa, durante a qual alertou para o impacto do envelhecimento da população nas dádivas de sangue.

A este propósito, recordou que os menores de 25 anos representam 12% dos dadores e que entre os 25 e os 34 essa percentagem é de 18 por cento.

“Temos de trazer mais gente jovem para a dádiva”, disse Almeida e Sousa, aproveitando para agradecer o empenho com que um conjunto de jovens elaborou um vídeo apelando a este ato, tendo para o efeito oferecido os seus serviços ao Instituto Português de Sangue e Transplantação (IPST).

Numa cerimónia dirigida aos dadores, com muitas palavras de agradecimento, o presidente do IPST reiterou que o aproveitamento máximo e sem desperdício do sangue doado pelos portugueses é a melhor forma de homenagear o dador.

O secretário de Estado e Adjunto do ministro da Saúde, Fernando Araújo, também agradeceu o altruísmo dos dadores e garantiu que a reposição da isenção do pagamento das taxas moderadoras nos centros de saúde para os dadores é uma medida “para ficar”.

Universidade do Porto
O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, da Universidade do Porto, anunciou hoje a criação de uma parceria com uma...

“Numa relação clara entre o setor clínico privado, a investigação em biologia e a investigação aplicada em bioengenharia, pretende-se desenvolver investigação em células estaminais de folículos capilares com vista à resolução da calvície”, afirma o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S).

O instituto esclarece, em comunicado, que o projeto assenta numa abordagem científico-tecnológica que seguirá duas vias complementares essenciais: “a exploração do potencial das células estaminais dos folículos capilares e o desenvolvimento de ambientes artificiais tridimensionais capazes de mimetizar o nicho estaminal do folículo, proporcionando assim o ambiente ideal para a multiplicação dessas células”.

“São muitos os laboratórios que procuram resolver a limitação do número de folículos saudáveis, mas no i3S podemos contribuir para resolver este problema, usando uma abordagem multidisciplinar, dado cruzarem-se várias áreas do conhecimento no nosso instituto, desde a biologia molecular e celular fundamental, até à bioengenharia aplicada”, sublinha o investigador do i3S Pedro Granja.

De facto, acrescenta Elsa Logarinho, também investigadora do i3S, “irão criar-se sinergias entre biologia básica das células estaminais do folículo capilar e a bioengenharia de produção de ambientes tridimensionais que permitam a melhor manutenção dessas estruturas até ao momento do implante no paciente”.

A alopecia, ou perda de cabelo acentuada, constitui um problema que ultrapassa a barreira das questões estéticas, causando muitos estigmas sociais e autodesvalorização pessoal.

A forma corrente de mitigar este fenómeno baseia-se na via farmacológica. Porém, em fases adiantadas, “o transplante capilar revela-se a única alternativa para a recuperação do bem-estar psicossocial dos indivíduos vítimas dessa condição”, salientam os investigadores.

“Os avanços tecnológicos são notórios, nomeadamente na robotização do transplante, embora o número de folículos de boa qualidade disponíveis seja um dos fatores limitativos. Os recentes avanços na medicina regenerativa podem ser a chave para resolver a disponibilidade de folículos capilares em número e qualidade suficiente para responder às necessidades. É precisamente isso que se pretende com este projeto de parceria”, acrescentam.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 50% da população masculina sofrerá de calvície até aos 50 anos. Existem também estudos que associam a queda de cabelo acentuada a complicações psicológicas, nomeadamente ansiedade e depressão.

Instituto Português do Sangue e Transplantação
"As reservas de sangue em Portugal são estáveis e estão dentro do necessário para satisfazer as necessidades",...

A propósito do Dia Nacional do Dador de Sangue - que se assinala hoje - aquele responsável não valoriza a diminuição de unidades de sangue colhidas no último ano: 302 877, menos 31 818 que em 2015. Segundo os dados disponibilizados ao Diário de Notícias pelo Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST), a verdade é que os stocks aumentaram, ainda assim. Em 2016 contabilizaram-se 210 878 unidades, o que significa um aumento de 22 827 face ao ano anterior.

Os números mostram também que há menos jovens a dar sangue, já que o instituto contabiliza as unidades de sangue colhidas no grupo etário abaixo dos 25 anos. E por isso é possível perceber que houve menos cerca de cinco mil jovens a contribuir durante as recolhas. Para doar sangue basta ter mais de 18 anos (e menos de 65), bom estado de saúde, hábitos de vida saudáveis, peso igual ou superior a 50 quilos. As mulheres podem fazer doação de quatro em quatro meses, enquanto nos homens a recolha pode ser feita de três em três meses.

Sangue, suor e dádivas
Martine Gonçalves esperou até aos 32 anos para se tornar dadora. Aconteceu na sexta-feira passada, numa recolha organizada pelos Bombeiros Voluntários da Mealhada, com o duplo objetivo de angariar sangue e dadores de medula óssea, motivados pela necessidade de transplante numa criança da região. "Desde que fiz 18 anos que sempre quis dar sangue. Cheguei a estar na fila e tudo, nas recolhas organizadas na minha cidade (Pombal). Mas à última hora acabei por desistir sempre. Tinha medo que fosse doer muito", confessou a nova dadora, que em breve receberá um cartão identificativo. Afinal, "correu tudo bem. É como se estivesse a fazer análises".

Martine saiu do gimnodesportivo da Mealhada com a sensação de "ter ajudado alguém, e isso é muito bom". É essa a sensação que invade Filipa Gameiro, de 33 anos, dadora desde os 18. Duas vezes por ano cumpre a missão, e desde 2008 tornou-se dadora de medula. O jornalista Paulo Pereira soma mais de dez anos a doar parte do seu sangue O+, duas ou três vezes por ano. "Tornei-me dador porque considero que é um ato de ajuda a todos nós. Como diz o slogan, "dar sangue é dar vida" e quem salva uma vida salva a Humanidade", acredita, ele que não tem "posto fixo" para dar sangue: já o fez com recolha na empresa onde trabalha, em campanhas nacionais ou no Hospital da Amadora.

O dia de hoje vai ser dedicado a homenagear muitos dos que passam a vida a salvar a dos outros, doando sangue. O presidente do IPST considera que "o aproveitamento máximo e sem desperdício do sangue doado pelos portugueses é a melhor forma de homenagear o dador", tal como disse este fim de semana em declarações. "Devemos homenageá-los pela sua dádiva altruísta, benévola e solidária", frisou.

"Todos os dias há colheitas de sangue em Portugal e as reservas estão sempre a ser repostas", destacou Almeida e Sousa, sublinhando que um dos objetivos do Instituto é "evitar que haja desperdício de sangue, que seja maximizado o seu aproveitamento. Esta é a forma mais objetiva de fazer esse reconhecimento [ao dador], do respeito pela dádiva de sangue dos portugueses". O presidente do IPST pretende que a homenagem seja complementada "com a lembrança do próprio movimento associativo, ligado à dádiva generosa e anónima em Portugal".

Por isso muitos dos representantes das associações de dadores foram convidados a marcar presença numa cerimónia agendada para a manhã desta segunda-feira, com a presença do ministro da Saúde, Adalberto Campos Ferreira. "É um movimento forte em Portugal, há dezenas e dezenas de associações de dadores, outros tipos de associações, empresas, associações humanitárias, grupos mais diversos que promovem a dádiva de sangue", salientou aquele responsável, sem esquecer os hospitais "que são parceiros do IPST e que muitos deles têm uma recolha de sangue muito relevante". Em março de 2016 entrou em vigor a alteração legislativa que devolveu a isenção de taxas moderadoras aos dadores de sangue, o que, na ocasião, revelou uma tendência crescente das dádivas. Os dados disponibilizados pelo IPST estabelecem apenas comparação com a situação em 2015, em que os dadores tinham perdido essa benesse, entretanto recuperada. Todas as informações sobre onde e quando doar sangue estão disponíveis no site doar.pt ou no Portal do Serviço Nacional de Saúde.

Estudo
Inquérito diz que mulheres ainda associam este cancro a elevada mortalidade e a fatores hereditários. Mas a predisposição...

Mais do que os acidentes vasculares cerebrais ou do que doenças degenerativas como o Alzheimer, o cancro ainda é a doença que mais preocupa as portuguesas. Dentro das doenças oncológicas, as mulheres elegem o cancro da mama como aquele que mais temem, seguindo-se os tumores do cólon e do reto.

Os dados fazem parte de um novo estudo sobre a perceção que as mulheres têm do cancro da mama, que mostra que a hereditariedade e a mortalidade ainda são dois dos fatores que as inquiridas mais associam à doença.

O trabalho, feito pela empresa de estudos de mercado GFK, a pedido da farmacêutica Roche, indica que, para 70% das mulheres que participaram no estudo, o cancro é a doença que merece mais preocupação. Em segundo lugar, e apenas com 5% das respostas, surge o Alzheimer e os acidentes vasculares cerebrais.

Entre os vários tipos de tumores malignos, seis em cada dez mulheres elegem o da mama como o que gera mais receio, atribuindo este medo aos antecedentes familiares (referidos por 27% das pessoas) e à elevada mortalidade (22%). O estudo contou com um total de 600 mulheres com mais de 18 anos e que nunca tiveram nenhum diagnóstico de cancro da mama. As entrevistas foram feitas por telefone a uma amostra representativa da população nacional em Fevereiro deste ano.

O oncologista Paulo Cortes, em declarações ao jornal Público a propósito dos resultados, lembra que há agora “muito boas perspetivas de sobrevivência” após um diagnóstico de cancro da mama. “Evoluímos muito e conseguimos diagnosticar o cancro em fases mais precoces e temos um número maior de curas. O segredo é mesmo o diagnóstico precoce”, defende o especialista, que coordena a Unidade de Oncologia do Hospital Lusíadas. “A maioria dos casos são diagnosticados em fases precoces e potencialmente curáveis”, prossegue. Anualmente, surgem em Portugal 6000 novos casos de cancro da mama.

72% fizeram mamografia
Os dados da GFK indicam que 78% das mulheres realizam o auto-exame da mama. As participantes dizem estar bem informadas sobre a doença, recorrendo sobretudo aos médicos, mas também a fontes como a Internet. Quem não faz o auto-exame explica que não pensa no assunto, mas também há quem não ache necessário ou não o saiba fazer. A medida de eleição para as inquiridas é mesmo a mamografia, referida por 83% das mulheres, ainda que só 72% afirmem que já realizaram este exame.

Apesar de alguns trabalhos defenderem que nem sempre as mamografias ajudam ao diagnóstico, Paulo Cortes contrapõe que “há questões economicistas” por detrás destas recomendações. “A mamografia e a ecografia mamária ainda são os métodos de eleição para um diagnóstico precoce.” Mas sublinha que o exame, regra geral, só precisa de ser feito depois dos 40 anos e com uma periodicidade que deve ser avaliada caso a caso.

Quanto ao facto de as mulheres associarem o cancro da mama a fatores hereditários, o médico alerta que quase nunca é assim: “A predisposição genética não ultrapassa os 10% a 15% dos casos. A esmagadora maioria dos casos não são de origem hereditária e têm que ver com outros fatores, como a parte da alimentação e do sedentarismo.”

Uma parte do estudo fez perguntas mais concretas sobre os tratamentos. Os institutos portugueses de oncologia (IPO) surgem à cabeça como o local de eleição, seguidos pelos hospitais públicos em geral. Após um diagnóstico, as mulheres antevêem que o caminho em termos de tratamentos passe pela quimioterapia e a radioterapia, desconhecendo alguns dos fármacos inovadores que existem na área.

Paulo Cortes diz que é natural este desconhecimento, já que só após um diagnóstico concreto as pessoas procuram informação. “Os tratamentos clássicos ainda são os mais comuns, mas estamos cada vez mais a individualizar o tratamento”, assegura.

 “Hoje em dia, e cada vez mais, nós tratamos do cancro da mama como uma quantidade de doenças que têm comportamentos muito diferentes”, explica o médico, acrescentando que é a análise biológica ao tumor que traça o melhor tratamento. “Tomamos decisões de tratamento quase em tempo real com análises ao sangue. Isto vai ser muito o futuro. Mas isso não quer dizer que o tratamento inovador seja o melhor para todas”, sintetiza.

Problemas nos rastreios
O oncologista Paulo Cortes considera que o rastreio é fundamental para garantir que o diagnóstico dos novos casos de cancro da mama é precoce. Mas diz que questões burocráticas têm travado estas ações, tanto na zona de Lisboa como na de Setúbal. Há um ano, a Liga Portuguesa contra o Cancro fez chegar à Assembleia da República uma petição com 25.000 assinaturas, que pretendia precisamente alertar para as desigualdades no acesso ao rastreio, diagnóstico e tratamento do cancro da mama. Nas contas da Liga, na região centro todas as mulheres estavam rastreadas, no Norte a cobertura era superior a 80% e o grande problema mantinha-se a sul, com metade das mulheres de fora.

Cancro da próstata
Um novo tratamento com células estaminais pode ajudar a combater a disfunção erétil em homens que tiveram cancro da próstata.

Um novo tratamento com células estaminais pode ajudar a combater a disfunção erétil em homens que tiveram cancro da próstata, noticia a France-Press. Na primeira fase de testes, 8 em 15 homens conseguiram ter sexo seis meses depois de terem feito um único tratamento, sem recurso a medicamentos ou implantes. De acordo com a agência noticiosa, esta é a primeira vez que um estudo, efetuado há apenas um ano, é capaz de mostrar que um tratamento é duradouro e seguro.

Para realizarem o tratamento, segundo o Observador, os médicos retiram células do abdómen dos pacientes, que são depois alvo de um curto tratamento que lhes permitirá transformarem-se em quaisquer células especializadas do corpo. “Não criamos as células e não as alteramos”, explicou à France-Presse a investigadora dinamarquesa Martha Haahr, que liderou o estudo, cujos resultados serão anunciados durante uma conferência em Londres, no domingo.

As células são depois injetadas com uma seringa no pénis, onde começam espontaneamente a transformar-se noutro tipo de células (nervosas, musculares, entre outras). O processo é feito com uma anestesia geral, e os homens recebem alta no dia seguinte, como explica a agência de notícias francesa. Os resultados dos primeiros tratamentos têm sido tão bons que as autoridades de saúde dinamarquesas já autorizaram a chamada fase três do estudo, durante a qual um grupo de homens será injetado com células estaminais e outro com placebos.

De acordo com a France-Presse, o cancro da próstata é responsável por cerca de 13% dos casos de disfunção erétil.

Laboratório Nacional de Engenharia Civil
Portugal vai ter um centro internacional para a água, com parceiros de todo o setor e de todo o mundo, para desenvolver...

"A ideia é criar, em Lisboa, em Portugal, um centro internacional dedicado às questões da água, o Lisbon International Centre for Water [Centro Internacional da Água de Lisboa], com o objetivo de desenvolver, numa rede internacional extensa, o melhor conhecimento existente no setor dos recursos hídricos e dos serviços de águas e passá-lo" para várias componentes da sociedade, avançou o coordenador do projeto.

Jaime Melo Baptista, investigador coordenador no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), realçou a importância de apoiar novas soluções técnicas, de produtos ou serviços, que contribuam para capacitar os responsáveis e profissionais e obter mais eficiência na utilização de um recurso decisivo para reduzir a pobreza, melhorar a saúde e o desenvolvimento.

O projeto, promovido pelo LNEC, obteve financiamento europeu, através do programa Teaming, que apoia a criação de centros de excelência e está integrado no Horizonte 2020, e "até final do ano vai estar pronto a funcionar", assegurou o especialista nesta área.

Com um investimento inicial de 400 mil euros, o centro tem previsto um orçamento de 15 milhões de euros, em sete anos, e 40 parceiros, número que Melo Baptista espera aumentar, mesmo em termos internacionais.

"Pretende passar o conhecimento sobre o setor da água em Portugal, na Europa e no mundo, para os decisores políticos, técnicos e empresariais, para que tomem melhores decisões, mas também para os profissionais da área da água, portugueses e estrangeiros, através de mecanismos de capacitação não tradicionais", baseados em ligações à distância, especificou o especialista.

O novo centro, diferente de tudo o que existe no mundo nesta área, segundo Melo Baptista, conjuga investigação, em laboratórios já existentes, com a aplicação dos resultados obtidos, por exemplo novos produtos ou equipamentos, na atividade industrial, e incentiva o desenvolvimento de 'startups'.

O projeto é baseado no LNEC, que tem instalações experimentais e laboratórios.

O centro, que é multidisciplinar, é apoiado pelos ministérios do Ambiente, Economia, Infraestruturas e Ciência, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), além de operadores do setor, como a Águas de Portugal, municípios e entidades privadas.

Tem também o apoio de associações do setor, como a Parceria Portuguesa para a Água, a Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Água (APDA), a Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais (APEMETA), a Direção Geral do Consumidor, a Deco, a Direção Geral de Saúde e universidades portuguesas.

A estas entidades nacionais juntam-se a Associação Internacional da Água, a UNESCO e várias universidades estrangeiras, como do Reino Unido, França, Espanha, Alemanha e Brasil.

"Queremos ter aqui investigadores estrangeiros, dar formação a portugueses, mas também a profissionais de outros países", acrescentou.

Melo Baptista, que foi presidente da Entidade Reguladora dos Serviços da Água e Resíduos (ERSAR), explicou que, na base da iniciativa estão "os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, em que a água é uma das 17 prioridades e cruza com praticamente todas as outras, sendo decisiva para reduzir a pobreza, melhorar a saúde e o desenvolvimento", mas também documentos da OCDE ou da Associação Internacional da Água.

O centro está vocacionado para ajudar os países a atingir aqueles objetivos, combinando política, gestão, tecnologia, economia, com aspetos jurídicos e sociais.

Na melhoria do acesso à água e da sua utilização, "a eficiência dos serviços é um tema imenso, mas também temos as alterações climáticas, a gestão de recursos, a componente social ou o desenvolvimento de tecnologias inovadoras", explicou ainda o coordenador do projeto.

Instituto Português de Sangue e Transplantação
O aproveitamento máximo e sem desperdício do sangue doado pelos portugueses é a melhor forma de homenagear o dador, cujo dia...

Almeida e Sousa sublinhou que “as reservas de sangue em Portugal, designadamente do Instituto Português de Sangue e Transplantação (IPST), são estáveis e estão dentro do necessário para satisfazer as necessidades”.

“Todos os parâmetros de segurança, em tempos de reserva, estão dentro do que é mais que aceitável”, adiantou, recordando que “todos os dias há colheitas de sangue em Portugal e as reservas estão sempre a ser repostas”.

A propósito do Dia Nacional do Dador de Sangue, que hoje se assinala, Almeida e Sousa considerou que a melhor forma de assinalar esta data é “homenagear os dadores de sangue, pela sua dádiva altruísta, benévola e solidária”.

“Queremos evidenciar oficialmente este reconhecimento e respeito pela dádiva de sangue”, adiantou Almeida e Sousa, para quem “o respeito pela dádiva de sangue começa exatamente pelo aproveitamento máximo e sem desperdício do sangue que é doado pelos portugueses”.

Um dos objetivos do instituto é precisamente “evitar que haja desperdício de sangue, que seja maximizado o seu aproveitamento. Esta é a forma mais objetiva de fazer esse reconhecimento, do respeito pela dádiva de sangue dos portugueses”.

Almeida e Sousa pretende que esta homenagem seja “complementada com a lembrança do próprio movimento associativo ligação à dádiva generosa e anónima em Portugal”.

“É um movimento forte em Portugal, há dezenas e dezenas de associações de dador, outros tipos de associações, empresas, associações humanitárias, grupos mais diversos que promovem a dádiva de sangue”, afirmou.

Isto “sem esquecer os hospitais que são parceiros do IPST e que muitos deles têm uma recolha de sangue muito relevante”.

"Krokodil"
Investigadores do Porto coordenam um grupo de investigação internacional que criou métodos para auxiliar os médicos e as forças...

Para a criação destes métodos, que permitem detetar a droga, designada por "krokodil", no sangue, na urina e nos órgãos dos usuários, os investigadores analisaram os efeitos aditivos e tóxicos associados à desomorfina, um estupefaciente presente nessa substância, explicou o investigador da Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário (CESPU), Ricardo Dinis-Oliveira, coordenador do projeto.

Esta droga, utilizada como "uma alternativa barata à heroína", pode ser produzida em casa, "não necessitando de ser traficada", escapando assim "ao controlo das forças de segurança", referiu o coordenador desta investigação, que resulta de uma colaboração entre a CESPU e as faculdades de Farmácia e de Medicina da Universidade do Porto.

De acordo com o também presidente da Associação Portuguesa de Ciências Forenses, a base de produção desta droga são medicamentos que contêm codeína (utilizada para o tratamento da tosse ou em analgésicos), possíveis de adquirir nas farmácias (com receita médica) e na Internet, e produtos de limpeza à venda nos supermercados.

Para o coordenador, nenhuma substância se equipara a "krokodil", cujos efeitos são considerados "mais fortes e rápidos" do que os associados à heroína, classificando-a assim como a droga "mais destrutiva" que existe atualmente, podendo o seu consumo levar à amputação dos membros dos usuários.

Quanto às consequências imediatas desta droga, aponta o aparecimento de úlceras, necroses (degeneração de um tecido pela morte das suas células), flebites (inflamações nas paredes das veias) e gangrena, nas áreas do corpo onde a droga é injetada, bem como lesões ósseas - nas cartilagens e músculos - e alterações na pressão sanguínea e na funções cardíaca, renal e hepática.

O toxicologista alerta ainda para as possíveis lesões neurológicas causadas pela "krokodil" (como alucinações, perda das capacidades cognitivas e da memória), resultando a morte dos utilizadores de múltiplas patologias, sobretudo de natureza infeciosa (como pneumonia), ou de depressão respiratória.

A "krokodil" surgiu há cerca de 15 anos na Rússia, país onde o número de consumidores ascende a um milhão, tendo-se expandido para a Geórgia e a Ucrânia e, nos últimos anos, para a Bélgica, a França, a Suécia, a Espanha, a Alemanha e a Noruega.

Em Portugal, segundo o investigador, a informação sobre o uso de "krokodil" "é escassa" e a sinalização desses casos "complexa", não existindo dados oficiais quanto ao número de usuários, embora algumas situações tenham sido descritas por médicos portugueses em reuniões científicas.

O coordenador acredita que, por esta ser uma "droga nova", "desconhecida" para as classes médica e farmacêutica, é importante ter profissionais "melhor informados", o que pode tornar a venda de alguns medicamentos "mais criteriosa".

Além dos investigadores portugueses, a equipa é composta por cientistas da Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro (Brasil), da Républica Checa, da Geórgia e da Holanda, inserindo-se este trabalho no âmbito de uma tese de doutoramento em Ciências Forenses.

A "krokodil" e os métodos desenvolvidos para a sua deteção são exemplos de temas que vão estar em debate nas Jornadas Científicas da CESPU e no II Congresso da Associação Portuguesa de Ciências Forenses, que decorrem a 30 e 31 de março, na Alfândega do Porto.

Cartas de condução
O Governo adiou para 15 de maio a obrigatoriedade de emissão dos atestados médicos informaticamente para cartas de condução,...

Numa nota de imprensa, o gabinete do secretário de Estado Adjunto e da Saúde justifica com a necessidade de ser concluída a validação das aplicações informáticas do setor privado e social para a criação dos novos centros de avaliação.

Fonte do Ministério da Saúde disse que estes centros podem ser públicos, privados ou sociais, desde que respeitem um caderno de encargos definido.

A decisão de os atestados médicos passarem a ser transmitidos eletronicamente pelo Ministério da Saúde foi anunciada no final do ano, no âmbito de mudanças na emissão de títulos de condução e integradas no programa “simplex”.

No comunicado, o Governo lembra que a avaliação física, mental e psicológica é obrigatória e realizada por médicos e psicólogos e que se reconhece que os condutores do grupo 2 (condutores de ambulância, por exemplo) requerem uma avaliação mais específica, que deve ser desenvolvida em Centros de Avaliação Médica e Psicológica (CAMP), “com estruturas e equipamentos específicos para efetuar essa avaliação”.

O Governo, acrescenta-se no comunicado, está a legislar para alterar o regulamento da habilitação legal para conduzir, criando os CAMP, “de forma a que a avaliação da aptidão física e mental e a avaliação da aptidão psicológica dos candidatos e condutores do grupo 2 seja efetuada obrigatoriamente nestes, os quais podem também preferencialmente efetuar a respetiva avaliação para os candidatos e condutores do grupo 1”.

A abertura e funcionamento do CAMP dependem da verificação de que cumpre os regulamentos por parte da Entidade Reguladora da Saúde e para que seja cumprida essa validação é adiada a entrada em vigor da lei.

A questão tem sido objeto de polémica, tendo mesmo a Ordem dos Médicos desafiado o Governo a criar os CAMP, justificado que a carga de testes implicaria uma sobrecarga do Serviço Nacional da Saúde e atrasos na revalidação da carta.

Na semana passada o Sindicato Independente dos Médicos já tinha dito que seria difícil cumprir a emissão de atestados médicos para as cartas nos Centros de Saúde.

Já em fevereiro um grupo de médicos de família tinha lançado um alerta público manifestando-se contra a emissão de atestados para a carta de condução nos centros de saúde, considerando que pode bloquear a atividade das unidades e que é incompatível com o seu trabalho.

Doença que "já não devia existir"
A incidência da tuberculose está a diminuir em todo o mundo, mas ainda há mil europeus que ficam doentes a cada dia, numa...

De acordo com a coordenadora do Programa Nacional para a Infeção VIH/sida e Tuberculose, Raquel Duarte, a tuberculose é uma “doença que não devia existir”, uma vez que há tratamento, há prevenção disponível e há meios para a sua deteção.

Contudo, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os dias ficam doentes com tuberculose cerca de mil europeus.

Portugal tem acompanhado a tendência mundial e europeia de descida da incidência da doença. Só entre 2006 e 2015 o número de casos em Portugal reduziu 36 por cento.

Segundo dados provisórios divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), Portugal registou 18 novos casos por 100 mil habitantes em 2016, voltando portanto a descer.

Para Raquel Duarte, estes números são animadores, mas fazem Portugal traçar uma nova meta, que é descer aos 10 novos casos por 100 mil habitantes.

Aliás, apesar da redução constante dos últimos anos, Portugal era em 2015 um dos países da europa ocidental com mais elevada taxa de incidência da doença.

Da análise dos novos casos em Portugal, 18% foram em nascidos fora do país, um aumento que levou as autoridades de saúde a desenvolver estratégias com outros organismos.

Na apresentação que decorreu sexta-feira em Lisboa para assinalar o Dia Mundial da Tuberculose, a responsável da DGS sublinhou que houve uma “redução sustentada da notificação e incidência da doença”, mas que foi menor entre a população imigrante.

Em comparação com outros países da europa ocidental, Portugal tem também uma das mais altas taxas de co-infeção de tuberculose e VIH/sida.

Raquel Duarte lembrou a ligação da tuberculose com causas ou determinantes sociais e económicos, como a situação de pobreza ou as condições de habitabilidade.

A especialista alertou ainda para a necessidade de se analisar o papel do consumo do tabaco e do álcool para esta doença, indicando também que continua a ser necessário pensar a tuberculose fora dos contextos dos grupos de risco (como toxicodependentes ou doentes com VIH).

Quanto à tuberculose multirresistente, Portugal surge com uma posição favorável à média europeia. Enquanto na Europa, mais de 4% dos casos da doença são na forma multirresistente, em Portugal em 2016 eram apenas 2,2%.

Satisfeito com os dados alcançados na tuberculose, o ministro da Saúde frisou que 2016 “foi um ano que sinaliza um forte aprofundamento da melhoria dos indicadores de saúde em Portugal”.

Adalberto Campos Fernandes, que falava na cerimónia que assinalou o Dia Mundial da Tuberculose, lembrou ainda que o Governo assinou com a Organização Mundial da Saúde e com o Observatório Europeu dos Sistemas de Saúde um plano de avaliação externa que está em curso.

Cartas de condução
A Ordem dos Médicos desafiou o Ministério da Saúde a criar Centros de Avaliação Médica e Psicológica para gerir a emissão de...

A partir de abril, os atestados médicos vão passar a ser transmitidos eletronicamente pelo Ministério da Saúde ao Instituto da Mobilidade e Transportes, permitindo o registo automático da avaliação médica efetuada ao condutor, com eventual registo das restrições.

Em comunicado, o Conselho Nacional da Ordem dos Médicos refere que tem vindo a negociar com o Ministério da Saúde esta questão, considerando que estão “estabelecidas as condições para que sejam criados os Centros de Avaliação Médica e Psicológica".

A Ordem dos Médicos (OM) adianta que os Centros de Avaliação Médica e Psicológica (CAMP) são “os centros de referência para a emissão do atestado médico” e são os “organismos vocacionados para emissão e revalidação das cartas de condução e outras licenças”.

Segundo a OM, a negociação com o Ministério da Saúde inclui também a simplificação no preenchimento da aplicação informática e novo adiamento da data de entrada em vigor da medida de desmaterialização e transmissão eletrónica do atestado médico, para que possa ser, entretanto, gerida a criação dos CAMP.

A OM justifica a criação dos CAMP com “a necessidade de realização de múltiplos exames e avaliações, com material específico e não universalmente disponível, dirigidas a formar um juízo sobre a adequação do estado de saúde” do requerente da carta de condução, o que implica “uma sobrecarga adicional ao Serviço Nacional de Saúde”.

“Adicionalmente, tais medidas comportariam prejuízos acrescidos para os cidadãos pelo facto de levarem a grandes esperas por consultas e pareceres e, consequentemente, atraso na revalidação de um título que pode ser crucial para a sua subsistência”, sustenta a Ordem, em comunicado.

A OM sublinha ainda que a atribuição e renovação da carta de condução “é uma matéria essencial para os cidadãos, e qualquer sistema disfuncional pode ter consequências graves na vida das pessoas”.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considerou que dificilmente será possível cumprir a emissão de atestados médicos para cartas de condução nos centros de saúde a partir de abril.

O presidente do SIM já escreveu ao diretor-geral da Saúde a avisar sobre os impedimentos que podem levar à não-emissão dos atestados para as cartas de condução.

Já em fevereiro, um grupo de médicos de família tinha lançado um alerta público manifestando-se contra a emissão de atestados para a carta de condução nos centros de saúde, considerando que pode bloquear a atividade das unidades e que é incompatível com o seu trabalho.

Estes médicos consideravam que os centros de saúde não estão vocacionados para fazer a avaliação para o atestado que está estipulada pela atual legislação, nomeadamente o exame de audição e de visão.

A importância da doação
As pessoas saudáveis têm o dever de ajudar as pessoas doentes, e neste dever de solidariedade inclui

O sangue

O sangue é um tecido muito importante do nosso organismo, constituído por uma parte líquida, o plasma, basicamente formado por água e proteínas (sobretudo albumina, globulinas e factores de coagulação) e por elementos celulares, os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas.

Como estas células se encontram em suspensão no plasma, o sangue tem o aspecto de um líquido espesso, viscoso, vermelho (mais ou menos escuro conforme a concentração de glóbulos vermelhos), que circula pelos vasos sanguíneos (artérias, capilares e veias), cumprindo inúmeras funções vitais para a vida:

- a hemoglobina dos glóbulos vermelhos, rica em ferro, transporta oxigénio dos pulmões para todos os órgãos e tecidos do corpo e recolhe o dióxido de carbono formado nos processos de combustão celular, transportando-o para os pulmões para ser eliminado;

- os glóbulos brancos (neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos) fazem parte do sistema imunitário, contribuindo para o combate a infecções e para o reconhecimento, neutralização e eliminação de células ou proteínas estranhas ao organismo (processos alérgicos, rejeição de órgãos);

- as plaquetas fazem parte do sistema de coagulação do sangue: quando há uma ferida, as plaquetas colam-se rapidamente umas às outras e formam uma espécie de rede que impede a hemorragia; é sobre esta rede que se forma depois o coágulo definitivo, por acção dos factores de coagulação presentes no plasma;

- o plasma transporta os nutrientes do aparelho digestivo para os seus locais de utilização ou armazenamento, recolhe os produtos de degradação do metabolismo para serem eliminados, transporta hormonas produzidas pelas glândulas endócrinas e veicula medicamentos e outros produtos químicos e biológicos;

- no seu todo, e por ser um fluido, o sangue contribui para a manutenção da pressão arterial e venosa (através da sua pressão osmótica e oncótica) e faz parte da reserva de água do organismo (um adulto médio tem entre 5 e 6 litros de sangue, o que equivale a cerca de 3 litros de plasma).

A produção das células do sangue (hematopoiese) é basicamente feita na medula óssea de alguns ossos (ilíacos, costelas, esterno, crânio, vértebras), cabendo ao baço e aos gânglios linfáticos a produção de linfócitos. A produção de glóbulos vermelhos é regulada principalmente por uma hormona produzida pelos rins (a eritropoietina) e necessita de proteínas, ferro, ácido fólico e vitamina B12 para ser eficaz. A produção de glóbulos brancos depende da presença de agentes infecciosos, tóxicos ou alergénicos. A produção de plaquetas também é regulada por uma hormona produzida pelo fígado e pelos rins (a trombopoietina), que aumenta nos processos inflamatórios e nas hemorragias.

Os glóbulos vermelhos têm uma vida média de 120 dias e as plaquetas de 10 dias. Os glóbulos brancos têm uma duração variável, de horas a meses. Quando chegam ao fim da sua vida, as células sanguíneas são destruídas, fundamentalmente no baço, no fígado e na própria medula óssea, e alguns dos seus componentes são reaproveitados para fabricar novas células, num processo contínuo, dinâmico e muito complexo.

Quem precisa de sangue

A grande complexidade do sangue, das suas funções e dos seus mecanismos de fabrico e destruição explica a grande quantidade de situações em que um doente tem falta de sangue e pode necessitar de uma transfusão (de sangue completo ou apenas de algumas das suas parcelas):

- perda aguda ou crónica de sangue por hemorragias, que podem ser naturais (menstruação), resultantes de cirurgias, acidentais (feridas, fracturas) ou patológicas (resultantes de falta de plaquetas, de deficiência de vitamina K e de doenças da coagulação, como a hemofilia);

- deficiente produção sanguínea, por insuficiência renal, por falta de ferro, vitaminas, hormonas ou proteínas, por doenças oncológicas (leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, mielodisplasia), por erros genéticos ou metabólicos e por efeito de radioterapia, infecções, toxinas ou medicamentos (especialmente os citostáticos, usados para tratar o cancro);

- situações em que as células do sangue se destroem mais que o normal, como sucede nas hemólises (destruição aumentada de glóbulos vermelhos, por reacções imunitárias, infecções, defeitos da estrutura celular, deficiências enzimáticas, medicamentos ou tóxicos)  e no hiperesplenismo (aumento do volume e actividade do baço, devido a insuficiência cardíaca, cirrose hepática, infecções, doenças metabólicas ou neoplásicas, etc.).

Quem pode doar sangue

Em princípio qualquer pessoa saudável, entre os 17/18 anos e os 60/65 anos (primeira vez/continuação), com peso superior a 50 Kg, valores de hemoglobina iguais ou superiores a 12.5 g/dl para mulheres e 13.5 g/dl para homens, frequência cardíaca entre 50 e 100 batimentos por minuto, tensão arterial sistólica entre 100 e 180 mm Hg e tensão arterial diastólica entre 60 e 100 mm Hg pode doar sangue.

Para além destes aspectos genéricos, existem muitos factores específicos a ser considerados para se aceitar ou recusar (temporária ou definitivamente) um dador de sangue: histórico de viagens, doenças actuais e passadas, alergias, vacinas, cirurgias prévias, mordeduras de animais, consumo de medicamentos, toxicodependência, hábitos sexuais, tatuagens, colocação de piercings, tratamentos de acupunctura ou mesoterapia, transfusões recebidas, gravidez, aleitamento, detenção em cadeias, participação em ensaios clínicos, etc.

Esta complexidade resulta da necessidade de proteger o dador (evitar que ele prejudique a sua saúde com a dádiva) e o receptor (minimizar os riscos de contágio de doenças infeciosas ou neoplásicas e de reacções transfusionais) e obriga a fazer consultas especializadas de triagem clínica de dadores, segundo normas rigorosas do Instituto Português do Sangue e da Transplantação, que garante e regula, em Portugal, a actividade da medicina transfusional, desde a colheita à administração do sangue e seus derivados, passando pelo seu processamento, armazenamento e distribuição.

A doação de sangue é um processo voluntário e altruísta (e por isso não remunerado), que passa por uma inscrição como dador, pelo preenchimento de um questionário pré-dádiva, associado ao consentimento informado, por uma avaliação clínica personalizada (consulta de triagem) e por análises clínicas, de modo a definir a elegibilidade do dador.

A doação de sangue

A doação em si mesma é em geral um processo rápido (dura cerca de 10 minutos), no qual se retira uma unidade de sangue do dador (cerca de 450 ml) (o que corresponde a cerca de 9% do total do seu sangue) para um sistema de sacos de recolha com anticoagulante, de modo a permitir o seu processamento posterior: o sangue é separado por centrifugação nos seus vários componentes (concentrado de glóbulos vermelhos, plasma, concentrado de plaquetas e crioprecipitado) podendo ainda fazer-se a transformação industrial do plasma em hemoderivados (albumina, imunoglobulinas, fibrinogéniocomplexos trombínicos e factores de coagulação). Os concentrados de glóbulos vermelhos e de plaquetas podem ser desleucocitados, por processos de filtração que retiram os glóbulos brancos, reduzindo a probabilidade de reacções de rejeição por parte do receptor. Em alguns casos pode fazer-se transfusões de concentrados de glóbulos brancos, mas sempre que possível administra-se factor de produção de neutrófilos, um medicamento que aumenta o fabrico destas células.

Pode ainda fazer-se uma recolha selectiva de partes do sangue (apenas plasma ou plaquetas), designada doação por aferese. Este processo é mais demorado que o da doação simples, pois obriga a recolher sangue do dador, separar a parcela a doar e reintroduzir a parte sobrante no dador. Isto permite aumentar a frequência das doações de plaquetas ou de plasma, que se regeneram mais rapidamente e não dependem da reposição das reservas de ferro.

Para uma doação de sangue, o dador deve estar em posição reclinada (para reduzir o risco de desmaio por descida da tensão arterial), deve estar repousado, não deve estar em jejum nem ter comido demais, deve beber água antes da dádiva e contrair os músculos abdominais e dos membros enquanto o sangue é recolhido, para melhorar a circulação do sangue. Quando feita em condições adequadas, a dádiva de sangue provoca poucos efeitos secundários imediatos no dador: descida da tensão arterial, aceleração do ritmo cardíaco e algum pequeno hematoma no local da punção venosa.

A médio prazo, a perda dos 200 a 250 mg de ferro que cada doação de uma unidade de sangue acarreta é compensada com uma alimentação correcta e, se necessário, com a suplementação com ferro oral. Assim, os dadores de sangue devem observar um período de 3 a 4 meses antes de dar sangue de novo, de modo a permitir a completa regeneração do sangue retirado e repor as reservas de ferro do organismo. Em geral os homens podem dar sangue 4 vezes por ano e as mulheres 3 vezes.

Os desafios actuais da hemoterapia

No século XX resolveram-se os principais problemas que limitavam as transfusões de sangue: a utilização de anticoagulantes seguros, a selecção do sangue consoante os grupos sanguíneos (especialmente os dos sistemas AB0 e Rh) e a conservação do sangue e derivados.

Nos últimos anos verificou-se uma redução acentuada da necessidade de fazer algumas transfusões de sangue, por melhoria das técnicas cirúrgicas, redução do número e gravidade dos acidentes rodoviários, utilização de medicamentos que promovem a produção de células sanguíneas, produção de componentes sanguíneos por engenharia genética (factor VIII recombinante…), recurso à esplenectomia (remoção do baço em casos selecionados de hiperesplenismo), medicação imunossupressora, transplantes de medula óssea, tratamento mais eficaz de leucemias, linfomas e outras neoplasias hematológicas, prevenção da doença hemolítica do recém-nascido e redução acentuada das complicações dos partos, entre outras.

Por outro lado, o aumento do número de idosos, o crescimento exponencial das doenças oncológicas (que obriga ao uso alargado de quimioterapia e radioterapia agressivas) e a sobrevivência de muitos doentes crónicos à custa de transfusões paliativas têm levado ao aumento das necessidades de sangue. Em sentido contrário, as restrições aos dadores de sangue são cada vez mais frequentes, devido ao número crescente de doentes com infecções crónicas (HIV/sida, hepatite B e C…), ao aparecimento de novas doenças infeciosas (dengue, Zika, Ébola…) e aos hábitos de vida de uma sociedade em que as pessoas viajam muito e por isso se infectam mais e têm de cumprir maiores períodos de quarentena, enquanto dadores.

Enquanto o “sangue artificial” não sair da fase experimental em que se encontra e for uma realidade que consiga suprir todas as necessidades de sangue, temos de continuar a apostar na boa vontade de tantos voluntários que, por todo o mundo oferecem um pouco do seu sangue para bem de quem dele precise.

É necessário manter uma rede de dadores regulares (que garantam a existência de reservas suficientes de sangue e seus componentes para uso corrente e para situações de emergência e possam responder a solicitações específicas e pontuais), sem descurar a captação de dadores ocasionais, alguns dos quais passarão seguramente a dadores regulares.

Não há que ter medo de dar sangue, porque o princípio da protecção da saúde do dador é soberano e os profissionais de saúde que avaliam o dador garantem o seu cumprimento. É mais fácil um dador ser recusado (mesmo que temporariamente) do que aceite até ao esclarecimento de qualquer dúvida sobre a sua capacidade de dar sangue. O sangue faz muita falta, mas nunca deve ser obtido à custa do prejuízo de quem dá.

Afinal, dar sangue faz bem e custa pouco!

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Bastonário da Ordem dos Médicos
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu na Covilhã que é importante fixar no país os jovens médicos que...

“A questão da fixação dos jovens médicos em Portugal é um desafio que eu pessoalmente já lancei ao senhor ministro da Saúde. É um desafio fundamental para subsistência do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) e é um desafio importante para a própria economia do país”, afirmou.

Miguel Guimarães falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, durante a cerimónia de entrega da Bata Branca aos alunos de terceiro ano do curso de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior.

Ao abordar a problemática da fixação de médicos no território nacional, este responsável lembrou que o país está a perder jovens médicos “todos os dias” e vincou que “nos últimos quatro anos já emigraram cerca de 3.500 médicos, sendo a sua maioria jovens”.

À emigração junta-se ainda a saída de médicos do SNS para o setor privado, o que tem “desnatado” o SNS português.

Segundo explicou, neste momento o número de médicos no SNS ronda apenas os 26.000 e desses mais de 9.000 são médicos em formação específica ou médicos internos do ano comum.

“Isso significa que faltam médicos no SNS apesar de nós termos uma capacidade de formação que ultrapassa claramente aquilo que são as necessidades do país”, afirmou.

Miguel Guimarães reiterou que a solução não passa por aumentar o número de vagas nas universidades, mas sim por encontrar uma estratégia para levar os que se formam em território nacional a não escolherem outras opções.

“Se eles não ficarem, perdemos a capacidade de inovação e a capacidade de acompanhar a medicina do futuro”, apontou, abordando ainda a questão do envelhecimento e da necessidade de renovar quadros.

A falar na Covilhã, o bastonário também defendeu que é necessário dar uma “atenção especial” para as áreas “mais carenciadas, mais periféricas e mais desfavorecidas” a nível dos serviços.

31 de março - Dia Nacional do Doente com AVC
O dia 31 de março foi estabelecido como o Dia Nacional do Doente com Acidente Vascular Cerebral, por

Mesmo antes de ser definido, pela World Stroke Organization (WSO), em 2006, um Dia Mundial dedicado a esta patologia (Dia Mundial do AVC, assinalado anualmente a 29 de outubro), o então Núcleo de Estudos das Doenças Vasculares Cerebrais da Sociedade Portuguesa de Neurologia, que viria a transformar-se posteriormente em Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), já via como premente alertar a população para as possibilidades de prevenção e tratamento desta doença, incentivando melhores cuidados de saúde aos sobreviventes de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Só em 2010, sete anos depois de implementado o Dia Nacional do Doente com AVC em Portugal, o AVC foi reconhecido internacionalmente como um problema de saúde pública major.

Mas porquê a existência de um Dia Nacional? Desde a década de 80 que é reconhecida, em Portugal, a elevada taxa de mortalidade associada ao AVC que, ao nível europeu, e mesmo comparativamente a outros países da Europa Ocidental, se destacava pela negativa. A partir da década de 90, fruto de campanhas de sensibilização da população no âmbito desta efeméride, de uma melhor organização dos cuidados de saúde no que respeita ao tratamento dos doentes com AVC e também devido à evolução dos próprios tratamentos utilizados nas primeiras horas após o aparecimento dos primeiros sintomas, tem-se verificado uma redução da incidência do AVC. Entre os anos de 1990 e 2000, a incidência de AVC era de 2,8 por 1000 habitantes ao ano. Entre 2000 e 2010, verificou-se uma redução para 2,0/1000/ano, ou seja, por ano, em cada 1000 habitantes, cada 2 sofrem um AVC.

Apesar da redução da incidência, verificou-se um aumento da prevalência de doentes que sofreram um AVC, uma vez que a taxa de sobreviventes aumentou substancialmente ao longo da última década. O AVC continua, pois, a ser a principal causa de morte e incapacidade permanente no nosso país. Por hora, três portugueses são vítimas de um AVC. Destes, um deles não sobreviverá e pelo menos metade ficará com sequelas incapacitantes.

Mantendo a posição tomada a propósito de um dia Mundial, Internacional ou Nacional dedicado a uma determinada doença, a SPAVC dedica esta data à população geral através de ações de esclarecimento, sensibilização e informação que terão lugar de norte a sul do país. Atividades desportivas, sessões de informação, rastreios a fatores de risco e distribuição de folhetos são algumas das ações que serão promovidas em Lisboa, Évora, Faro, Figueira da Foz, Loures, Macedo de Cavaleiros, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Franca de Xira, Ponte de Lima, entre outros locais ainda por confirmar. Os locais e respetivas atividades poderão ser consultados no website da SPAVC (www.spavc.ogr) ou através da página do evento criada no Facebook da SPAVC (www.facebook.com/soc.por.avc), onde as ações serão divulgadas em primeira mão.

Consciente do impacto da linguagem visual na assimilação dos conhecimentos e da consolidação da aprendizagem, este ano a SPAVC irá também lançar um vídeo didático em escolas e através de algumas instituições de saúde, que será potenciado através do website e redes sociais. Este formato multimédia tem como objetivo transmitir, de forma apelativa e ilustrada, os sinais de AVC (os chamados três F’s – falta de Força num braço, desvio da Face, dificuldade na Fala) e respetivos procedimentos no caso de aparecimento de um destes sinais.

Pretende-se, com as ações do dia 31 de março, que a população fique mais informada sobre a primeira causa de morte e de incapacidade em Portugal, e assim se torne mais exigente consigo própria e com quem tem obrigação de lhe proporcionar os meios de prevenção e de tratamento, sendo certo que os primeiros são preferíveis aos segundos.

A uma semana desta tão importante efeméride, apelo a que se tornem pró-ativos e apareçam nos locais assinalados e publicitados à escala nacional e local. Esta participação é essencial para vencermos o combate em que estamos empenhados desde a fundação da SPAVC. Compareçam, informem-se e utilizem os conhecimentos adquiridos para poder atingir uma velhice saudável.

Não nos esqueçamos que estamos perante uma doença gravíssima, mas que se pode prevenir e tratar. E a quem pertence a prevenção? Aos leitores desta mensagem: a população. Diariamente e durante todo o ano, devem ser postas em prática as medidas de prevenção amplamente divulgadas pela SPAVC através das mais variadas ações. Estas medidas dizem respeito ao combate aos fatores de risco de AVC, cujos mais importantes são a hipertensão arterial, o tabagismo, a diabetes, o sedentarismo, e a fibrilhação auricular (arritmia cardíaca). Vigiar os valores da tensão arterial e do ritmo cardíaco, não fumar, adotar uma alimentação saudável e praticar exercício físico regular são algumas medidas que nos devem acompanhar toda a vida. Vamos modificar o panorama do AVC no nosso país! A prevenção está nas vossas mãos!

Prevenir para evitar, melhor que tratar!

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

Páginas