Investigação
Cientistas norte-americanos descobriram que o ómega 3 demonstrou benefícios em doentes asmáticos, segundo uma investigação...

As principais fontes de ómega 3 são peixes como o salmão, atum, cavala, arenque, dourada sável, óleos vegetais como o de linhaça, nozes e sementes de chia e alguns hortícolas de cor escura, como espinafres, beldroegas ou brócolos.

Os asmáticos têm um desequilíbrio entre as moléculas que atenuam a inflamação e entre as que aumentam a inflamação. O uso de esteroides como tratamento controla a inflamação e alivia os sintomas mas não cura a doença.

A equipa de investigadores do centro de investigação Rochester Medical Center colheu sangue a 17 doentes asmáticos de um centro de tratamento e isolou as células imunes em laboratório para explorar o impacto de produtos derivados do ómega 3 sobre as moléculas IgE e outras que alimentam a doença.

Os resultados, divulgados na publicação científica Journal of Clinical Investigation, foram depois comparados com os de 17 outros doentes com células sanguíneas saudáveis.

A maioria dos pacientes que se voluntariaram para o estudo estava a tomar corticosteroides.

Os resultados mostraram que todos responderam aos ácidos gordos ómega 3, por exemplo evidenciando uma redução nos níveis de anticorpos IgE.

A descoberta desta equipa de cientistas coincide com outro estudo publicado no final de dezembro passado, que mostrava que a exposição pré-natal ao óleo ómega 3 reduziu o risco de sibilância e asma em crianças.

Contudo, o investigador principal deste novo estudo avisa que os consumidores devem ter cuidado ao comprar óleo de peixe, porque nem todo é igual nem tem a mesma qualidade, avisando que o óleo de peixe usado nesse estudo foi uma preparação especial de alta qualidade.

Os ácidos gordos com ómega 3 têm demonstrado ter vários benefícios para a saúde, convertendo-se em mediadores que contribuem para interromper infrações sem afetar o sistema imunitário.

Campanha Escola SaudávelMente
A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) vai entregar ao Ministério da Educação um contributo para a prevenção da indisciplina...

Francisco Rodrigues explicou que “o contributo do papel do psicólogo para o sucesso educativo”, que está em fase final, resulta de um trabalho com a Direção-Geral da Educação, que “prevê um conjunto de iniciativas de parte a parte”.

A questão da indisciplina em Portugal voltou a ser focada num estudo agora divulgado, que envolveu 47 agrupamentos escolares e perto de 54 mil alunos.

Segundo o estudo, no ano letivo 2015-2016, houve 11.127 participações disciplinares em apenas 5,4% da totalidade dos agrupamentos e escolas portugueses.

Para o bastonário dos psicólogos, “não há nada de surpreendente, nem muitas novidades” neste estudo.

“Podemos fazer todos os estudos e levantamentos possíveis, mas se não trabalharmos a mudança comportamental os resultados irão manter-se”, disse Francisco Rodrigues.

Para resolver os problemas, “são necessárias ações concretas, nomeadamente a contratação de psicólogos” para escolas, com vínculos que não sejam precários.

“Não é do interesse público, garantidamente, que as intervenções que os psicólogos fazem com muito esforço com os alunos nas escolas estejam sempre a ser descontinuadas, ano após ano”, uma vez que “a maior parte dos contratos duram entre outubro e julho, na melhor das hipóteses, disse Francisco Rodrigues.

Dados da ordem indicam que, atualmente, o rácio de psicólogo por aluno é de um para 1.700, sendo a meta atingir 1/1000.

O bastonário exemplificou que há agrupamentos formados por sete escolas, 150 professores e 70 operacionais, que têm um psicólogo a meio tempo para 2.000 alunos.

“Como é que isto é possível?”, questionou.

Para este ano, está prevista a contratação de 200 psicólogos, através de um protocolo assinado com a Direção-Geral da Educação.

Além da concretização desta contratação, Francisco Rodrigues disse que “é necessário perceber” as condições que estes profissionais vão ter para exercerem o seu trabalho e poderem contribuir para “o sucesso educativo” e combater a indisciplina.

A este propósito, alertou para a situação de “elevada precariedade” que estes profissionais vivem.

“Além dos parcos recursos decorrentes de só trabalharem meio tempo” ainda têm os gastos das deslocações entre as escolas do agrupamento, uma situação que considera “absolutamente insustentável”.

Para alertar para esta problemática, a OPP lançou a “Campanha Escola SaudávelMente” que apela ao reconhecimento e divulgação de boas práticas nas escolas para a promoção da saúde psicológica dos seus alunos

A campanha alerta ainda o Governo e outras entidades decisoras para a necessidade da existência de, pelo menos, mais 500 psicólogos nas escolas.

Legislação
Os constitucionalistas Maria Lúcia Amaral e Jorge Reis Novais defenderam hoje que a Constituição não impede a aprovação de...

Num colóquio organizado pelo PSD, intitulado “Eutanásia/Suicídio Assistido: dúvidas éticas, médicas e jurídicas”, na Assembleia da República, a antiga juíza conselheira e vice-presidente do Tribunal Constitucional Maria Lúcia Amaral defendeu que a ordem jurídica portuguesa “não pode permitir que o Estado imponha o dever de alguém viver em qualquer circunstância, em qualquer sofrimento”.

“Essa obrigação de viver pode ser um dever que nos seja imposto individualmente pelas regras filosófico-morais, mas não tenho a menor dúvida que num Estado laico não pode ser imposto pela lei do Estado”, disse.

Referindo-se ao artigo 24.º da Constituição, segundo o qual “a vida humana é inviolável”, Maria Lúcia Amaral afirmou que esse princípio tem de ser lido de forma apenas jurídica.

“Não pode ser uma leitura de tal modo extrapolada de outros ordenamentos morais, religiosos, filosóficos que redundem nessa imposição comunitária a cada indivíduo de um dever de viver em qualquer circunstância, em qualquer estádio de sofrimento”, afirmou, justificando que é esta leitura que faz com que já não seja penalizada a tentativa de suicídio.

No entanto, advertiu, o Código Penal português pune atualmente com três anos de prisão quem matar outro, mesmo a seu pedido expresso, ou quem incitar uma pessoa a suicidar-se ou lhe prestar auxílio nessa tarefa.

Por isso, defendeu, se a decisão política for no sentido de aprovar a despenalização da morte medicamente assistida, “há exigências constitucionais claras que decorrem do dever que a lei do Estado tem de proteger os mais vulneráveis”.

Também o constitucionalista Jorge Reis Novais defendeu que uma mudança da lei no sentido da despenalização da eutanásia não contraria o artigo da Lei Fundamental sobre a inviolabilidade da vida, dizendo que essa seria uma leitura simplista, e foi mesmo mais longe.

“Só é possível o Estado impor à pessoa o dever de viver em nome de uma certa conceção de vida, de uma certa moralidade, de uma certa conceção filosófica-religiosa (…) esta imposição seria inconstitucional à luz de um Estado de direito”, disse, justificando que tal imposição, em situações de extremo sofrimento, é inconstitucional por violar “o princípio da dignidade humana”.

Para o constitucionalista, os deputados têm, por estas razões, uma grande margem de ação nesta matéria: “Deixar permanecer a situação como existe, em meu entender, constitui a manutenção de uma inconstitucionalidade”.

Em sentido contrário, o constitucionalista Tiago Duarte, e membro do Conselho Nacional da Ética para as Ciências da Vida, sublinhou que Portugal “não é um estado individual de Direito, mas um Estado social de direito”, dizendo que não vigora a lei ‘cada um sabe de si’ e que o Estado já impõe a vida contra a vontade do cidadão, em obrigações como o uso de cinto de segurança ou de capacete para os motociclistas.

Tiago Duarte sublinhou ainda que a Constituição consagra não o direito à vida mas a inviolabilidade da vida.

“Não é o direito individual de cada um, mas a vida enquanto bem jurídico geral”, disse, considerando ainda que a vida se distingue dos restantes direitos pela sua irreversibilidade, caso seja retirada.

Os três constitucionalistas admitiram a realização de um referendo sobre a eutanásia, conforme já foi sugerido pelo CDS-PP.

Para Tiago Duarte, a consulta é admissível dado que não serão direitos fundamentais a estar em causa, mas sim uma alteração à lei para deixar de punir “como crime a eutanásia e o suicídio assistido” ou, como disse Reis Novais, “o que está em causa é uma alteração à lei penal”.

A ex-juiza do Tribunal Constitucional Maria Lúcia Amaral também considerou que nada impede que esta matéria seja sujeita a uma consulta popular, mas admitiu a dificuldade de fazer uma pergunta clara que resulte num “sim” ou “não” dos portugueses.

Genética
Estudo genético permitiu identificar 83 novas variantes genéticas raras que estão associadas à nossa estatura. A descoberta...

Uma equipa de cientistas analisou o ADN de mais de 700 mil pessoas de vários países e identificou 83 variantes genéticas raras que terão um impacto significativo na altura de um indivíduo. Até agora eram conhecidas centenas de alterações no ADN que foram associadas à estatura mas que se traduzem em menos de um milímetro de diferença. A diferença é que este novo estudo identifica variantes que, nalguns casos, podem significar mais dois centímetros de altura numa pessoa. O trabalho foi publicado na revista Nature.

A altura é uma característica fortemente hereditária. Acredita-se que o peso hereditário na estatura que temos seja na ordem dos 80%, com os restantes 20% a ficar a cargo do ambiente e dieta. Com alguma margem de erro, é possível fazer uma estimativa mais ou menos correcta sobre o tamanho que uma criança vai ter tendo em conta o tamanho dos pais. No entanto, ainda se sabe muito pouco sobre o processo que vai desde os cerca de 50 centímetros que temos ao nascer até à estatura da idade adulta.

Os investigadores já identificaram quase 700 variantes genéticas comuns que terão influência na altura de um indivíduo. Mas, o seu efeito será quase diminuto, expressando-se numa diferença que não ultrapassa um milímetro e que representa 20% da heritabilidade desta característica.

O novo estudo, que envolveu uma equipa de 300 cientistas de vários países, identificou 83 alterações em genes que, apesar de serem pouco frequentes na população, quando estão presentes no ADN podem significar mais dois centímetros de altura. Com estes resultados, os cientistas somaram mais 1,7% ao peso da componente hereditária.

Os investigadores recorreram ao Biobanco do Reino Unido e analisaram o ADN de 700 mil pessoas de 22 países (da China aos Estados Unidos, passando por vários países europeus que não incluem Portugal). Os cientistas centraram a sua análise especificamente nas alterações no ADN que interferem com proteínas. 

“As novas variantes genéticas que encontrámos são raras na população, mas o seu efeito significativo na altura revela importantes e novas perspectivas sobre o crescimento do esqueleto humano. Os genes identificados serão úteis para conseguir prever o risco de alguém desenvolver um problema associado ao crescimento. Existe aqui também alguma esperança de, um dia, sermos capazes de usar este conhecimento para desenvolver novas abordagens na medicina para responder a estes problemas”, refere Panos Deloukas, investigador da Universidade Queen Mary de Londres e um dos autores do artigo científico, num comunicado desta instituição sobre o estudo.

O Instituto de Bioinformática Suíço, que também participou no estudo, adianta, no seu comunicado sobre o estudo, o facto de terem sido identificadas alterações em genes que já foram associados à hormona de crescimento ou aos ossos. “Esperávamos algumas descobertas, mas o número de alterações no ADN que identificámos e o impacto que têm na estatura é espectacular”, considera Zoltán Kutalik, um dos principais investigadores deste estudo.

Entre as muitas variantes identificadas, os investigadores destacam duas alterações encontradas num gene chamado STC2. Segundo adiantam, apenas uma em cada mil pessoas tem uma das variantes identificadas neste gene, mas as que a têm são um ou dois centímetros mais altas. Investigadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, que também participam no estudo, defendem que estas alterações genéticas interferem na disponibilidade no sangue de factores de crescimento.

Assim sendo, este conhecimento poderá servir para desenvolver novas estratégias terapêuticas dirigidas aos cerca de 3 a 5 % das crianças que têm problemas graves de crescimento. Até porque, segundo os investigadores, na lista de genes com alterações que realmente parecem importar para o tamanho estão alguns dos genes que têm mutações em doenças associadas ao crescimento.

Planeamento Familiar
Os defensores da despenalização do aborto consideram que praticamente foram eliminadas as complicações associadas a esta...

Para Duarte Vilar, diretor executivo da Associação para o Planeamento da Família (APF), quem defendeu a despenalização – decidida no referendo que ocorreu faz sábado dez anos – e lutou pelo aborto legal e seguro “tinha toda a razão para o fazer”.

Dez anos depois, “os malefícios associados ao aborto clandestino diminuíram, baixou drasticamente o número de internamentos de mulheres por complicações graves, nomeadamente a perfuração de órgãos e as infeções por sepsis”.

Duarte Vilar sublinha que a partir de 2007 deixou de existir mulheres julgadas e expostas a essa indignação.

Por seu lado, e “ao contrário do que diziam os opositores da despenalização do aborto, este tem vindo a diminuir”.

Esta diminuição estará relacionada com a descida do número absoluto das mulheres em idade fértil, mas também pelos benefícios de um maior aconselhamento proporcionado aquando do processo da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) em meios legais.

“Antigamente as mulheres não tinham serviço de aborto legal e expunham-se aos circuitos ilegais. Não tinham referenciação, nem consulta ou aconselhamento”, disse.

Para Duarte Vilar, “a legalização melhorou a saúde reprodutora das mulheres, aumentou o uso dos contracetivos e de mulheres referenciadas para consultas de planeamento familiar”.

Ainda assim, Duarte Vilar defende um alargamento das dez para as 12 semanas (a contar desde a última menstruação) do prazo legal para a IVG a pedido da mulher, por acreditar que assim iria evitar que mulheres menos organizadas e desinformadas ficassem de fora da lei.

Para o economista João César das Neves, que durante a campanha do referendo vaticinou que a discriminação iria fazer com que o aborto passasse a ser uma coisa "tão normal como um telemóvel", a única medida que poderia melhorar a lei seria a sua revogação.

O pior da lei foi, na sua opinião, “a morte assistida de dezenas de milhar de crianças, precisamente no momento em que estão mais frágeis e inocentes”.

E quando questionado sobre aspetos positivos da lei, João César das Neves responde com outra interrogação: “Seria capaz de perguntar a alguém o que de melhor trouxe o holocausto, ou a escravatura?”.

“Estamos a falar de um morticínio desse tipo, onde é muito difícil ver coisas melhores”.

Sobre a evolução dos números do aborto em Portugal, que tem vindo a decrescer, o economista disse que estes são “muito elevados”.

“Medidos em percentagem dos nascimentos, estão a nível intermédio na Europa, acima de países como Alemanha, Finlândia e Itália, mas abaixo de países como a Suécia, Reino Unido, Dinamarca”, enumerou.

Para João César das Neves, esta evolução “podia ser pior, mas está longe de ser sequer razoável. Só uma insensibilidade aos direitos humanos dos fetos pode considerar razoável um aborto que seja”.

O economista considera que “a lei do aborto começou logo por constituir uma grande fraude jurídica, porque se fez um referendo sobre a liberalização da prática, mas o que realmente depois se aprovou foi a subsidiação e promoção do aborto”.

“Em todos os tempos, todos os opressores sempre defenderam a sua posição negando a humanidade das vítimas (escravos, índios, judeus, estrangeiros, mulheres, etc.) - como não são seres humanos, podem-se matar. É com horror que vejo isso ser feito, no Portugal democrático do início do século XXI, com os embriões e fetos humanos, só porque dá jeito aos pais”, disse.

Os dados oficiais da Direção-geral da Saúde de 2016 ainda não estão disponíveis, mas as estatísticas dos oito anos completos de despenalização da interrupção da gravidez (2008 a 2015) mostram uma tendência de decréscimo sobretudo a partir de 2012.

No último relatório com os registos de interrupção da gravidez, mostra-se que quanto ao aborto por opção da mulher, houve uma diminuição de 1,9% entre 2014 e 2015, tendo sido feitas 15.873 interrupções por decisão da grávida nesse ano.

Aborto
As interrupções da gravidez por opção da mulher atingiram em 2015 o número mais baixo desde 2008, primeiro ano completo desde...

O referendo que abriu caminho à lei que despenaliza a gravidez até às 10 semanas foi realizado há 10 anos, sendo o segundo feito em Portugal sobre interrupção da gravidez por opção da mulher.

Os dados oficiais da Direção-Geral da Saúde de 2016 ainda não estão disponíveis, mas as estatísticas dos oito anos completos de despenalização da interrupção da gravidez (2008 a 2015) mostram uma tendência de decréscimo sobretudo a partir de 2012.

No último relatório com os registos de interrupção da gravidez, mostra-se que quanto ao aborto por opção da mulher, houve uma diminuição de 1,9% entre 2014 e 2015, tendo sido feitas 15.873 interrupções por decisão da grávida nesse ano.

Trata-se do número mais baixo desde 2008, primeiro ano completo desde que entrou em vigor a lei que despenalizou o aborto até às 10 semanas de gravidez.

Entre 2008 e 2011 houve uma tendência de subida das interrupções, que começaram a descer depois a partir de 2012, com um decréscimo acentuado de 6,6% nesse ano. Também de 2013 para 2014 se verificou outra descida significativa, de 8,7%.

Em relação aos últimos dados disponíveis, relativos a 2015, o relatório mostra que metade das mulheres que abortaram por opção referiram ter um ou dois filhos, sendo que 42,3% ainda não era mãe, dados semelhantes aos verificados em anos anteriores.

Quanto a interrupções de gravidez anteriores, 70% das mulheres que decidiram abortar em 2015 nunca tinha realizado qualquer outro aborto, 21% já tinham feito uma intervenção, quase 6% tinha feito duas e 2,5% já tinham realizado três ou mais.

O documento da DGS exibe ainda que mais de sete em cada 10 abortos foram feitos em unidades oficias do Serviço Nacional de Saúde.

Noutro relatório da autoridade de saúde é ainda possível perceber que entre 2001 e 2014 foram reduzindo as complicações pelo aborto ilegal a partir de 2007/2008.

Verificou-se uma “redução significativa tanto do número total de complicações como do número de complicações graves a partir de 2008”, uma diminuição ainda mais nítida a partir de 2013.

Proposta
No âmbito do Dia Mundial do Doente, que se assinala a 11 de Fevereiro, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) alerta...

Luís Campos, presidente da sociedade, sublinha «que somos o país em que os cidadãos mais recorrem às urgências hospitalares. Cerca de sete em cada dez portugueses recorre a estes serviços, enquanto a média europeia é menos de metade deste valor. Além disso cerca de metade destes doentes poderia ter resposta fora das urgências».

Para o profissional «existe uma necessidade de diminuir os doentes nos serviços de urgência, mas para o conseguir é necessário ter noção da complexidade do problema».

A culpa do excesso de recurso às urgências é normalmente atribuída à falta de médicos de família, no entanto, admite que isso é um paradoxo, uma vez que Portugal é um dos países europeus com um maior rácio de médicos de família por mil habitantes.

Também o acesso não é um fator determinante porque as regiões onde existem mais Unidades de Saúde Familiares, onde os doentes têm melhor acesso ao seu médico de família, não existem menos admissões nas urgências. Pode -se depreender que uma das causas é falta de capacidade resolutiva dos cuidados primários.

Luís Campos refere ainda «que inquéritos concluem que os doentes procuram as urgências porque têm exames complementares, porque têm especialistas, pela proximidade, porque estão abertas 24 horas e porque confiam mais nos hospitais».

No entanto, os hospitais também têm alguma quota de responsabilidade, pois poderiam criar mais alternativas para os doentes agudos não-urgentes, dentro dos próprios hospitais, como estipularem vagas nas consultas para doentes não programados ou investirem mais nos hospitais de dia.

Afirma também que é preciso olhar para um grupo particular de doentes que são os grandes utilizadores das urgências mas também de todos os recursos na saúde, que são os doentes idosos, frágeis com polipatologia. Estes doentes são complexos, descompensam facilmente, e têm sido tratados de uma forma fragmentada, reativa, episódica e através das urgências.

O especialista sublinha assim que «se quisermos reduzir o recurso às urgências temos que aumentar a capacidade resolutiva dos cuidados primários, criar alternativas para os doentes agudos nos próprios hospitais, consciencializar os cidadãos para uma melhor utilização dos recursos em saúde e implementar programas que promovam uma resposta proativa, preventiva e de cuidados integrados, através de equipas que envolvam internistas, médicos de família e outras profissões, de forma a retirar os doentes das urgências».

Na sua opinião, estes programas teriam também a vantagem de diminuir os internamentos e isso é um objetivo prioritário porque o internamento hospitalar tem riscos acrescidos, como é o caso da infeção hospitalar, representa mais custos e seria uma forma de compensar o escasso número de camas em hospitais de agudos que Portugal apresenta em comparação com o resto da Europa.

Por outro lado, defende, deveriam criar-se alternativas ao internamento, em Centros de Medicina Ambulatória, que integrassem os hospitais de dia, programas de hospitalização domiciliária, unidades de diagnóstico rápido e os referidos programas de cuidados integrados.

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna mostra-se, deste modo, empenhada na implementação de formas inovadoras de cuidados que sejam melhores para os doentes e contribuam para sustentabilidade do sistema de saúde.

Compreender a afasia
Vários estudos apontam que cerca de 50% dos indivíduos que sofrem um AVC ficam com problemas de comu

A Afasia é uma perturbação da linguagem resultante de uma lesão cerebral que impede a pessoa de comunicar da mesma forma que fazia antes. Podem ficar afetas: a capacidade de expressar as ideias, pensamentos, de dizer o nome das coisas e das pessoas; a capacidade de compreender o que os outros dizem; e a capacidade de ler e escrever. A inteligência não está afetada e a pessoa continua a ser a mesma, com as mesmas opiniões, sentimentos, conhecimentos e memórias, no entanto, a perturbação da linguagem constitui um muro que limita a expressão das mesmas como antes, acabando por isolar a pessoa com afasia do mundo e dos outros. 

Principais causas da Afasia

A causa mais comum é o Acidente Vascular Cerebral (AVC) podendo também ocorrer devido a um tumor cerebral, traumatismo Crânio-Encefálico e de uma variedade de doenças neurológicas.

Sabe-se que o AVC é a principal causa de morte em Portugal tendo das taxas mais elevadas na União Europeia e pode ocorrer em várias idades. Vários estudos, noutros países, apontam que cerca de 50% dos indivíduos que sofrem um AVC ficam com problemas de comunicação. Apesar destes números parecerem ser bastante significativos, a afasia continua a ser desconhecida pela maioria das pessoas, comparativamente a outras patologias que apresentam taxas de incidência similares ou mais baixas, tais como a Doença de Parkinson ou a Paralisia Cerebral. Este desconhecimento acarreta consequências económicas, psicossociais e políticas, ou seja, menos fundos para a sua investigação, menos dinheiro para os serviços e menos empatia e compreensão para com os indivíduos com afasia que tentam reintegrar-se na comunidade. 

Quais as principais consequências da Afasia?

Quando há uma alteração na capacidade de comunicar de forma adequada e eficiente, reduzem-se as possibilidades de satisfação de necessidades básicas, relacionamento interpessoal e a aquisição ou continuação de desenvolvimento do potencial individual.

Assim sendo, a Afasia, proporcionalmente à sua gravidade, acarreta mudanças psicossociais com impacto na participação e na qualidade de vida dos indivíduos. Simples atividades diárias como ter uma conversa, atender o telefone, ver televisão, ir às compras, pagar uma conta, anotar um recado podem tornar-se, de um momento para o outro, uma fonte de profunda frustração e ansiedade, tanto para a pessoa com afasia como para as suas famílias, amigos e cuidadores.

Intervenção Terapêutica

A pessoa com afasia poderá beneficiar da avaliação e intervenção do terapeuta da fala que é o profissional habilitado para a reabilitação da comunicação, linguagem e fala. Passada a fase inicial, de intervenção focada nos défices linguísticos e quando estes estabilizam, mais que “falar melhor” o objetivo é que “comunique”. A intervenção terapêutica poderá ajudar a restabelecer a comunicação promovendo o uso de quaisquer meios para enviar e receber informação de forma a efetuar transações ou interações sociais, de acordo com as necessidades da pessoa e seus interlocutores. É valorizada a participação e o treino dos parceiros de comunicação. E parceiros de comunicação somos todos nós!

Instituto Português da Afasia

O Instituto Português da Afasia (IPA) é uma Associação sem fins lucrativos que promove a melhoria da qualidade de vida das pessoas com afasia e seus familiares e amigos, com atividades de participação e envolvimento social. É um projeto único em Portugal que traz abordagens terapêuticas que há mais de 30 anos são implementadas e largamente estudadas noutros países.

Então, como pode ajudar?

  • Respeite e encoraje a comunicação.
  • Dê tempo para a pessoa falar. Não a interrompa.
  • Fale frente a frente e devagar (mas não exagere!) Não precisa gritar.
  • Utilize frases curtas e palavras simples, mas adultas.
  • Certifique-se sempre que a pessoa está a compreender o que lhe está a dizer.
  • Ouça até ao fim. Não termine as frases da pessoa nem finja que percebeu. Peça-lhe para repetir ou confirme o que percebeu.
  • Use e incentive o uso de outras formas de comunicação: faça gestos, escreva palavras importantes (se a pessoa conseguir ler), faça perguntas simples às quais a pessoa com afasia só tenha de responder Sim ou Não.
  • Encoraje a sua autonomia. Pergunte-lhe a opinião. Deixe-a decidir.
  • Evite corrigir os erros da fala.
  • Aja e converse com naturalidade. É um adulto e deve ser tratado como tal.
  • Peça opinião ao terapeuta da fala porque “cada caso é um caso”, isto é, as mesmas estratégias não resultam de forma igual com todos.

Contactos:

O Instituto Português da Afasia tem sede em Via Adelino Amaro da Costa, 189 (4470-557 Maia).

Local das Atividades - Rua Nova do Estádio nº 244 Sra. da Hora (Matosinhos)

Contactos: geral@ipafasia.pt

Telef.: 910562189  (Dra. Paula Valente - Terapeuta da Fala e Presidente da Direção)

Para mais detalhes sobre a nossa instituição poderá aceder a toda a informação no nosso site e  Facebook

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Terapia
Um professor do 1.º Ciclo do Ensino Básico desenvolveu em Pedrouços, concelho da Maia, um projeto denominado "Clube de...

Para avançar com o projeto, o professor Manuel Monteiro contou à Lusa ter “juntado o voluntariado, que sucedeu ao facto de ter combatido uma doença do foro oncológico, com a sua formação em Reiki e em risoterapia".

"Propus à Associação de Apoio aos Doentes com Leucemia e Linfoma que acolhesse a minha ideia e nela envolvesse os doentes em regime de ambulatório ou que já acabaram os tratamentos", explicou o professor com formação em Matemática e Ciências da Natureza.

Clara Vieira, coordenadora do projeto na associação que acolheu o projeto, contou que o passo seguinte "foi procurar um espaço fora do hospital, para dar aos pacientes um novo ambiente em que pudessem desfrutar em pleno da risoterapia".

O espaço encontrado foi em Pedrouços, Maia, numa sala que fica perto do Hospital de São João.

Com duas sessões já cumpridas e com "15 pacientes a participarem na segunda", Manuel Monteiro vai manter o projeto pois, frisou, "ao nível dos benefícios, o riso aumenta em 40% o nosso sistema imunitário".

"O ioga do riso mistura as técnicas de respiração do ioga com a pranayama - exercícios de risoterapia", explicou o terapeuta que inicia as sessões de 25 minutos com "um aquecimento com palmas".

Seguem-se "quatro exercícios do riso, onde os presentes são convidados a rir de várias situações, algumas preparadas e outras fruto do momento", elencou Manuel Monteiro que deu como exemplo "quando transformou a angústia de uma paciente pelo montante da fatura da eletricidade num motivo para rirem".

"Os problemas são do tamanho que nós quisermos que sejam", salientou o professor, reconhecendo que "só ao fim de várias sessões é que os pacientes começarão a sentir os efeitos da risoterapia".

Segundo Clara Vieira, as sessões são abertas a familiares dos doentes, cuidadores e pessoal auxiliar do hospital "porque todos podem beneficiar da risoterapia, já que também contribui para elevar a autoestima e a confiança".

"As sessões são gratuitas porque temos identificados muitos casos de doentes com dificuldades económicas e sem recursos para mais uma despesa", esclareceu a coordenadora.

As terapias decorrem à segunda-feira, a partir das 17:00.

Direitos
A Linha Rara da associação Raríssimas lembrou os seus utentes – portadores de doenças raras – do direito ao atendimento...

A associação recorda que a recusa de atendimento prioritário permite pedir a presença da polícia e a apresentação de queixa às entidades competentes.

A Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras foi fundada em 2002 com o objetivo de apoiar doentes e familiares que vivem com doenças raras.

Estudo
O teor de sal no pão pode ser reduzido mais do que prevê a legislação, sem que os consumidores notem a diferença e sem que haja...

Entre junho e setembro do ano passado foram analisados quatro tipos de pães em 10 padarias de cinco distritos da região Norte de Portugal, um projeto que envolveu a Sociedade de Hipertensão, em colaboração com a Associação dos Industriais da Panificação e com o Instituto Ricardo Jorge.

Segundo Mesquita Bastos, presidente da Sociedade de Hipertensão, o pão da generalidade das padarias tem já o teor do sal ligeiramente abaixo do que determina a lei (1,4 gramas por 100 gramas de pão), mas o estudo demonstrou que “é possível descer ainda mais”.

“Demonstrámos que foi possível reduzir até às 1,1 gramas sem as pessoas terem notado à partida a redução de teor do sal, com a venda normal e sem alteração de sabor. E não houve impacto negativo”, afirmou o responsável em declarações à agência Lusa.

Para o estudo foram analisados pães de cinco padarias que serviam de controlo, tendo-se selecionado outras cinco para fazer uma intervenção com o propósito de reduzir ainda mais o sal na confeção, sem alterar outros elementos.

As padarias escolhidas pertenciam aos distritos de Vila Real, Braga, Viana do Castelo, Porto e Aveiro, tendo sido analisados quatro tipos de pão: carcaça, broa, regueifa e pão da avó.

Dos resultados da intervenção, que serão apresentados hoje no 11º Congresso Português de Hipertensão que decorre em Vilamoura, Mesquita Bastos conclui que é necessário “manter o estímulo de acompanhamento junto das padarias” para que se continue a promover uma redução do sal além do que determina a lei.

O médico cardiologista acredita que é possível que esta redução se faça a nível nacional e lembra o impacto positivo que terá na saúde, uma vez que o pão “é um elemento essencial na alimentação dos portugueses”.

Mesquita Bastos congratula-se com o que tem sido feito pela Associação dos Industriais da Panificação, ao promover voluntariamente uma redução de sal que vai além da que está legislada, considerando que outras indústrias devem ver aqui um exemplo a seguir.

A legislação que define um teor máximo de sal no pão está em vigor há mais de seis anos.

Doença oncológica
O tratamento do cancro na adolescência é um desafio maior devido a todas as mudanças características desta fase, mas aos...

A ideia foi transmitida à agência Lusa por Maria de Jesus Moura, diretora da unidade de psicologia do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa e que vai abordar o “impacto da doença na vida de um adolescente” no 3º Seminário de Oncologia Pediátrica que decorre em Lisboa, a 11 de fevereiro.

A especialista chama a atenção para o facto de a maioria dos adolescentes não ter contacto com doenças crónicas ou crónicas e complexas.

“A experiência que têm de saúde e doença é distinta e mais associadas a anginas ou otites”, disse.

Para Maria de Jesus Moura, “é preciso ajudar a compreender que um adolescente já percebe a doença, mas também precisa de tempo para integrar as mudanças que vão ocorrer na sua vida”. E são muitas e numa altura complicada da vida.

“Em criança, esperamos que a curva da autonomia seja exponencial, mas a doença vem trazer uma dependência súbita”, disse.

De repente, adiantou, “estes jovens ficam dependentes”. A doença também se avista como “um corte, a começar pelo ambiente escolar, numa altura em que mais precisam de estar com o grupo, de se envolver, de se sentirem integrados”.

A especialista ressalvou ainda que a vivência de uma doença como o cancro na adolescência “faz a diferença”, pois esta é a altura em que os jovens mais se isolam, mais estão fechados sobre si próprios, a chamada idade do armário”, que chega entre os 13 e os 14 anos nas raparigas e os 15 e 16 anos nos rapazes.

As equipas e famílias têm de encontrar estratégias integradas para lidar com a doença, pois “a adolescência é um mundo”.

Maria de Jesus Moura revelou que aos profissionais de saúde cabe transmitir várias mensagens. Primeiro, responsabilizar o adolescente para as questões de saúde.

“Se não gostam de ser tratados como crianças, então devemos explicar-lhes que a adesão à terapêutica é importante e responsabilizá-los por isso”.

Por outro lado, o objetivo das equipas é “normalizar o mais possível a vida destes jovens”.

“A doença é uma área da vida de uma pessoa, mas a pessoa é muito mais do que estar doente”, frisou.

E essa normalização deve passar por “maiores desafios: manter os hobbies, que às vezes têm de estar adaptados, manter as tarefas académicas, dar sentido de continuidade dos projetos e manter contactos com os outros”.

O outro, e maior propósito, destes profissionais que lidam com estes doentes é “o profundo respeito por esta etapa”.

O 3º Seminário de Oncologia Pediátrica para Pais, Familiares e Amigos de crianças e adolescentes com cancro é promovido pela Fundação Rui Osório de Castro e vai decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Neste seminário será anunciado o primeiro vencedor do Prémio Rui Osório de Castro/Millennium BCP, uma iniciativa que irá premiar com 15 mil euros um projeto que promova a melhoria dos cuidados prestados a crianças com doença oncológica.

Infarmed
Mais de 5.000 doentes com hepatite C ficaram curados nos últimos anos com as terapêuticas inovadoras para a doença, uma taxa de...

De acordo com as informações divulgadas no mês passado pelo Infarmed, o preço dos medicamentos inovadores para a hepatite C reduziu para mais de metade em menos de dois anos, um efeito que se deve à concorrência, num momento em que há já 13 mil doentes em tratamento.

Segundo disse na altura o presidente do Infarmed em entrevista à agência Lusa, a concorrência entre três laboratórios trouxe uma diminuição dos preços dos medicamentos para a hepatite C, um redução de “mais de metade” face ao acordo assinado há quase dois anos entre uma das farmacêuticas e o Estado.

O acordo entre o Estado e um dos laboratórios que fornece os fármacos inovadores para a infeção foi formalizado há quase dois anos, mas os dados do Infarmed abrangem também outros doentes tratados por medicamentos fora do âmbito deste acordo.

De acordo com a Autoridade do Medicamento, nos últimos dois anos 5.099 doentes com hepatite C ficaram curados na sequência do tratamento com as terapêuticas inovadoras.

Numa altura em que se assinalam os dois anos do acordo para o tratamento, o Infarmed mantém o plano terapêutico de acesso universal, mas agora com um total de quatro medicamentos, na sequência da aprovação recente da comparticipação de mais duas novas substâncias.

O contrato – assinado por dois anos e que será agora novamente negociado – prevê o pagamento por doente tratado e não por tempo de tratamento ou quantidade de medicamentos. A comparticipação do Estado português nos medicamentos abrangidos é de 100%.

O universo dos doentes potencialmente abrangidos foi logo definido em 13 mil pessoas.

Serviços médicos
O novo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, reafirmou o programa de reformas que se propôs fazer, nomeadamente a...

Miguel Guimarães tomou posse numa cerimónia que encheu o salão nobre da Academia das Ciências de Lisboa e na qual compareceram, além de muitos médicos, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

A “relação médico-doente está fortemente ameaçada”, com os médicos com excessivas tarefas burocráticas e administrativas, e a Ordem dos Médicos (OM) “não pode permitir esta situação”, disse o novo bastonário, acrescentando que a fixação de tempos mínimos de consulta é uma determinação que “pode e deve ser assumida pelos colégios de especialidade da OM”.

Miguel Guimarães pediu a cooperação do Ministério da Saúde no novo cargo e o ministro foi de colaboração que falou também, afirmando mesmo que as prioridades apresentadas pelo bastonário são em muita medida as mesmas do Governo.

“Estamos com o bastonário para dignificar o tratamento médico e a qualidade da relação com o doente”, disse no final da cerimónia, aos jornalistas, Adalberto Campos Fernandes, quando questionado sobre se aceitava a fixação de tempos mínimos de consulta.

José Miguel Guimarães, que venceu expressivamente as eleições e que era até agora o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, frisou que o médico de família tem de ter mais tempo para acompanhar os doentes, mas também para fazer investigação e formação.

E disse depois que é preciso que o Governo assegure a eficiência da gestão dos recursos tecnológicos e que é necessário aperfeiçoar as aplicações informáticas.

O bastonário criticou depois medidas como a equiparação do ato médico às terapêuticas não convencionais e a proibição dos apoios da indústria farmacêutica, que são importantes para a investigação.

Em resumo, exigiu mais qualidade na formação médica e propôs a revisão dos internatos médicos e a criação de uma bolsa de apoio à formação médica especializada, e pediu apoio para os médicos jovens e para as zonas longe dos grandes centros.

O bastonário foi aplaudido de pé e elogiado pelo ministro, mas também pelo Presidente da República, que elogiou igualmente o bastonário cessante e a classe médica em geral.

O médico, disse Marcelo Rebelo de Sousa, é “um fator de inclusão e de justiça social” e sem ela a democracia em Portugal não seria a mesma.

José Manuel Silva, que hoje deixou o cargo que ocupou por seis anos, um período que apelidou de “incessante montanha russa”, passou em revista o que de mais importante a Ordem fez (novos estatutos ou o acordo de cooperação com países de língua portuguesa, por exemplo), disse que era necessário melhorar a investigação clínica e lamentou “o esmagamento da pequena medicina privada”.

Lamentou também os “pouco éticos interesses que gravitam” à volta do Orçamento da Saúde e as “ameaças à qualidade da formação médica”.

Um discurso igualmente aplaudido de pé.

Investigação Médica
Uma análise ao sangue pode ajudar a despistar a doença de Parkinson face a patologias neurológicas semelhantes, conclui um...

Segundo o estudo, o teste sanguíneo poderá ser tão preciso quanto uma análise ao fluido cerebrospinal (do cérebro e da medula espinal) para tentar determinar, na fase inicial da patologia, se os sintomas são causados pela doença de Parkinson ou por distúrbios parkinsonianos atípicos, como degeneração corticobasal, atrofia de múltiplos sistemas e paralisia supranuclear progressiva (doenças raras relacionadas com o movimento tal como a de Parkinson e com sintomas parecidos).

Identificar o quanto antes estas doenças torna-se importante para os médicos, uma vez que as expectativas em relação à progressão das patologias e aos possíveis benefícios do tratamento diferem entre a doença de Parkinson e os distúrbios parkinsonianos atípicos.

"Descobrimos que concentrações de uma proteína do sistema nervoso no sangue podem distinguir estas doenças com a mesma exatidão que as concentrações da mesma proteína no fluido cerebrospinal", afirmou um dos autores do estudo, Oskar Hansson, da Universidade de Lund, na Suécia.

A proteína chama-se neurofilamento de cadeia leve e faz parte das células cerebrais (neurónios), podendo ser detetada tanto na corrente sanguínea como no fluido cerebrospinal quando estas células morrem.

Na investigação, os cientistas examinaram 504 pessoas de três grupos de estudo, incluindo 244 com a doença de Parkinson e 79 saudáveis.

Dois grupos, um no Reino Unido e outro na Suécia, tinham pessoas saudáveis e doentes com Parkinson ou com distúrbios parkinsonianos atípicos há quatro a seis anos. Um terceiro grupo englobava pessoas com estas doenças há três anos ou menos.

Os investigadores observaram que o teste sanguíneo era tão preciso quando a análise ao fluido cerebrospinal para diagnosticar se uma pessoa tinha Parkinson ou distúrbios parkinsonianos atípicos, quer na fase inicial da doença, quer quando vivia com a patologia há mais tempo.

Os níveis da proteína eram maiores nas pessoas com distúrbios parkinsonianos atípicos e menores nos doentes com Parkinson e nas pessoas saudáveis.

De acordo com o neurologista Oskar Hansson, as "baixas concentrações da proteína do sistema nervoso [neurofilamento de cadeia leve] no sangue dos doentes de Parkinson pode dever-se a uma menor lesão das fibras nervosas, quando comparada com a de pessoas com distúrbios parkinsonianos atípicos".

Uma limitação dos testes para a proteína em causa é que não permitem despistar os diferentes distúrbios parkinsonianos atípicos.

Descrita pela primeira vez pelo médico britânico James Parkinson, em 1817, a doença de Parkinson, que é crónica, afeta os movimentos corporais, levando a tremores, rigidez, lentidão, instabilidade na postura e a alterações da marcha.

A doença aparece quando os neurónios de uma determinada região cerebral, a substância negra, morrem, sendo que, quando surgem os primeiros sintomas, já há perda de 70 a 80 por cento destas células, descreve a Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, na sua página na internet.

Direitos
A Linha Rara da associação Raríssimas lembrou os seus utentes – portadores de doenças raras – do direito ao atendimento...

A associação recorda que a recusa de atendimento prioritário permite pedir a presença da polícia e a apresentação de queixa às entidades competentes.

A Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras foi fundada em 2002 com o objetivo de apoiar doentes e familiares que vivem com doenças raras.

Medicamentos
O uso abusivo de antibióticos na infância pode estragar permanentemente o sistema imunitário devido aos efeitos que tem nas...

"Está na altura de questionar práticas estabelecidas há décadas, quando ainda não sabíamos tanto", afirmou o neonatologista Hitesh Deshmukh, autor do estudo publicado na revista Science Transnational Medicine, em que se estudou os efeitos do uso de antibióticos em ratos jovens.

Os cientistas do hospital pediátrico de Cincinnati, nos Estados Unidos, concluíram que os antibióticos que servem para proteger das infeções prejudicam o desenvolvimento das bactérias comensais (úteis ao organismo), que vivem no intestino, tornando os ratinhos mais vulneráveis a pneumonias e, a longo prazo, causam danos no sistema imunitário.

Em quase todos os nascimentos por cesariana nos Estados Unidos são dados antibióticos às mães antes do parto para prevenir as mortais infeções por estreptococos, e 30 por cento dos recém-nascidos também recebem antibióticos preventivamente, sem que haja qualquer infeção confirmada.

"Para prevenir uma infeção numa criança, estamos a expor 200 aos efeitos indesejados dos antibióticos", afirmou Deshmukh, que defende "uma abordagem mais equilibrada".

Uma vez no corpo, os antibióticos combatem todas as bactérias, mesmo as comensais, que existem no sistema digestivo, e que contribuem para a formação do sistema imunitário.

Em reação à presença destas bactérias, o corpo produz células imunitárias que vão agir especificamente sobre os pulmões. Quando se afeta a população de bactérias comensais, as defesas dos pulmões sofrem.

Se se usassem antibióticos de forma mais limitada, as crianças teriam tempo de repor as suas bactérias comensais, mas mesmo assim demoraria meses, mesmo durante o período em que bebés desenvolvem o seu sistema imunitário.

Mas os cientistas salientam que há maneiras de restabelecer o equilíbrio e as defesas dos pulmões.

O uso excessivo de antibióticos poderá explicar por que razão algumas pessoas têm asma e outras doenças respiratórias apesar de não terem qualquer risco genético, argumentam.

Serviço Nacional de Saúde
O ministro da Saúde afirmou que tem de ser o médico a avaliar, com o doente, o tempo de atendimento necessário, alegando que...

De acordo com Adalberto Campos Fernandes, poucos minutos podem ser suficientes para cumprimentar um doente e passar uma receita, mas "para atender um doente oncológico não”.

O ministro reagia a uma ideia avançada ao jornal Público pelo novo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, de estabelecer tempos mínimos para atender os doentes.

O jornal noticiou hoje que a Ordem quer fixar tempos “mínimos aceitáveis” para as consultas nos hospitais e centros de saúde, que poderão variar consoante as especialidades.

Adalberto Campos Fernandes abordou hoje a questão durante um colóquio promovido pelo Forum Hospital do Futuro, em Lisboa.

Questionado pelos jornalistas no final do encontro, o ministro referiu que estará hoje presente na posse do bastonário e que haverá tempo para trabalhar esta questão com a organização representativa dos médicos.

“O que o senhor bastonário diz é definir níveis de segurança e termos de referência para uma prestação de cuidados de qualidade, que não tem tanto a ver com o tempo, mas com a dignificação da relação médico - doente”, declarou.

“Cada realidade é uma realidade, mas vamos trabalhar, depois da posse iremos ter muito tempo. Creio que é uma boa ideia que seguramente iremos ter muito tempo para analisar”, referiu.

O ministro disse ainda que há uma convergência de intenções e de princípios com os sindicatos dos médicos para a reposição das horas extraordinárias.

“Tivemos uma reunião com os sindicatos médicos e transmitimos qual era a posição do governo sobre esta matéria, aguardamos a publicação do decreto-lei de execução orçamental e haverá uma reposição faseada do trabalho extraordinário dos médicos, como aliás sempre dissemos que iria acontecer”, sustentou.

O objetivo, sublinhou, é “voltar a chamar os médicos mais diferenciados e mais qualificados ao trabalho, nomeadamente ao trabalho urgente, reduzindo ao mínimo indispensável o trabalho com recurso ao trabalho de empresas, muitas vezes com recursos não diferenciados”.

O segredo para uma vida saudável
O stresse, a poluição, a privação de sono ou a falta de atividade física são alguns dos fatores que

A má alimentação, o modo de vida adverso e as contaminações estão a matar-nos lentamente. Quem o afirma é a especialista em Nutrição Celular Activa e Nutrição Inteligente, Alexandra Vasconcelos, que recentemente lançou o livro “O Segredo para se manter Jovem e Saudável”.

A verdade é que, apesar de termos assistido ao aumento da esperança média de vida, estamos a envelhecer cada vez pior. “As doenças aparecem mais cedo e perdemos a qualidade de vida ainda muito novos”, refere a terapeuta biológica e ortomolecular.

“O grande desafio, talvez, seja aumentar a longevidade e conseguirmos viver bem até aos 120 anos”, acrescenta a especialista. É que, de acordo com vários investigadores, as células estão preparadas para viver até esta idade. “Então, porque não vivemos?”, questiona.

Segundo a terapeuta o mundo tem vindo a mudar a grande velocidade, excepto o nosso genoma, “que demoraria milhares de anos a adaptar-se a novas situações, não apenas alimentares”.

“As profundas alterações ambientais que ocorreram nos últimos dez mil anos, e que se iniciaram com a agricultura, são demasidado recentes numa escala evolutiva para que o genoma humano se tenha adaptado”, justifica admitindo que o homem não está geneticamente adaptado para viver em condições tão diferentes das dos seus antepassados.

A verdade é que, a forma como vivemos e sentimos, o stress e os impactos emocionais a que estamos sujeitos nada tem a ver com o homem primitivo. “Wi-fi, telemóveis, radiações, tablets, televisões e antenas criam campos magnéticos para os quais não estamos preparados. Os estímulos químicos também são enormes – desde os pesticidas, aditivos alimentares, conservantes, medicamentos ou hormonas”, exemplifica acrescentando que até o simples desodorizante que usamos diariamente ou a água que bebemos contêm substâncias inventadas e manipuladas pelo homem prejudiciais à nossa saúde.

Deste modo, Alexandra Vasconcelos conclui que estamos cada vez mais “intoxicados”, identificando como os principais motivos para o envelhecimentoo prematuro e o aparecimento de doenças, os elementos tóxicos, a desnutrição, o stresse, as infeções e a poluição.

De acordo com a especialista, atualmente, convivemos com grandes concentrações de novas substâncias, criadas pelo homem, que as nossas células não conseguem reconhecer.

“Estas substâncias são enviadas para o fígado, órgão que se encarrega da desintoxicação”, refere explicando que a sobrecarga hepática implica a acumulação de toxinas no organismo, que podem estar na origem de várias doenças.

Por isso, umas das recomendações que faz no seu novo livro é evitar a exposição a  elementos tóxicos. “Evite plásticos especialmente sujeitos a fontes de calor, produtos industrializados cheios de conservantes e aditivos alimentares”, diz.

Aconselha ainda a optar por uma alimentação biológica livre de pesticidas e outros agrotóxicos, a reduzir o excesso de radiações e de campos magnéticos produzidos por telemóveis, tablets, televisões e microondas e a dormir sem equipamentos eletrónicos no quarto.

Relativamente à alimentação, Alexandra Vasconcelos afirma que não comemos o que devíamos. “Faltam-nos nutrientes por muitas razões – porque ingerimos pouco, porque não existem em concentrações ótimas nos alimentos ou porque os absorvemos mal”, explica acrescentando que são as estas carências nutricionais que afetam o bom funcionamento celular. 

“As células necessitam de moléculas essenciais ao seu funcionamento, sem as quais não cumprem corretamente a sua função”, escreve.

Reforçando a necessidade de optar por produtos biológicos, a especialista recomenda a exclusão ou redução de produtos refinados brancos e do açúcar. “O consumo habitual de açúcares e farinhas refinados constitui um dos maiores perigos da dieta moderna”, esclarece.

Pede particular atenção ao sal, aos adoçantes artificiais e ao glúten. “Tenho tido vários pacientes com depressão, doença bipolar, dores de cabeça persistentes, normalmente medicados com antidepressivos e outros medicamentos para o efeito, que relatam melhorias impressionantes com a abolição do glúten da sua alimentação”, refere.

Carnes processadas e gorduras saturadas apresentam vários riscos para a saúde. Por outro lado, a terapeuta defende outras alternativas ao consumo do leite de vaca.

Outro grande inimigo da saúde é o stresse, que aliado à privação de sono, interfere com a toda a cascata hormonal.

“O stresse tem mais impacto na nossa saúde do que alguma vez imaginámos. Muitas pessoas vivem em stresse crónico, que muitas vezes não associam às alterações do estado de saúde. Normalmente associamo-lo a insónias, tensão alta e problemas cardíacos. Na verdade, o impacto do stresse é muito mais do que isso”, afirma.

A verdade é que a manutenção de altas concentrações de cortisol – a hormona do stresse – no organismo traz, em si, consequências nefastas para a saúde como o envelhecimento, perda de memória, alterações de peso ou défice no sistema imunitário. Por outro lado, para além de estar associado à degeneração cerebral, “é determinante para o aparecimento de cancro”.

Com o objetivo de despertar consciências e chamar a atenção para o que podemos fazer para melhorar o estado da nossa saúde, a especialista descreve no seu livro - “O Segredo para se manter Jovem e Saudável” - estes e outros perigos, aconselhando-nos a mudanças profundas no nosso estilo de vida.

“No contato diário com as pessoas apercebi-me que existe um défice de conhecimento sobre o corpo de cada um, sobre o estilo de vida e os comportamentos indispensáveis a uma vida saudável, sem dor ou mal-estar e com a maior qualidade possível”, justifica.

“Surgiu, assim, a vontade de partilhar a mensagem que transmito às pessoas que recorrem à consulta”, afirma reforçando que a forma como comemos, como vivemos, como dormimos ou onde vivemos são determinantes para o nosso bem-estar e processo de envelhecimento.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Adição
O período de crise económica e o aumento do desemprego tiveram impacto no consumo de drogas, nomeadamente em recaídas por parte...

“Houve um elevado número de pessoas que viram desmoronar a sua vida como um baralho de cartas”, afirmou João Goulão, referindo-se a muitos dos desempregados gerados pela crise económica e financeira dos últimos anos.

Pessoas com fraca resistência à frustração e que buscam nas substâncias ilícitas um alívio do sofrimento começaram a regressar aos consumos, admitiu o responsável em declarações aos deputados, durante a comissão parlamentar de Saúde, onde foram apresentados os relatórios anuais de 2015 referentes ao álcool e às drogas.

João Goulão não tem dúvidas de que a “crise teve impacto” nas reincidências, havendo até pessoas que se “viraram para atividades de tráfico [de droga] como forma de subsistência”.

O “período duríssimo de vida” que o país atravessou afetou as camadas mais vulneráveis da população e o presidente do SICAD reconhece que “há uma população crescente” a consumir em “contextos de desorganização” à semelhança dos tempos do Casal Ventoso nas décadas de 80 e 90 do século passado.

João Goulão adianta que o recrudescimento do consumo estará ligado sobretudo à heroína e à cocaína.

Contudo, sobre a globalidade do relatório anual das drogas referente a 2015, o responsável considera que as tendências genéricas “são animadoras”, apontando para uma “eficácia das intervenções” e para um aumento da consciencialização da sociedade para a perigosidade das drogas.

A cannabis continua a ser a substância ilícita mais consumida em Portugal, em relação à qual continua a haver muita “complacência social”, apesar de não estar isenta de riscos.

Aliás, João Goulão lembra que houve um aumento das situações de motivaram idas às urgências (como crises do foro ansioso) ligadas ao consumo de cannabis.

 

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