Estudo
Cientistas revelam imagens a três dimensões do cérebro de ratinhos onde se vêem os pontos de contacto entre as células nervosas...

A observação do que se passa no cérebro durante o sono resultou em dois estudos publicados esta sexta-feira na revista Science que se centraram especificamente nas sinapses, as zonas de contacto entre os neurónios. Durante cerca de quatro anos, uma equipa de cientistas analisou e mediu 6920 sinapses no cérebro de ratinhos para constatar que encolhiam durante o sono tornando as ligações sinápticas mais fracas. Outra equipa esclareceu como é que isso acontecia a nível molecular e bioquímico, identificando alguns genes importantes para o funcionamento deste mecanismo.

Os dois estudos publicados agora levam-nos à velha questão sobre a função do sono. Para que serve? Sobre isto, há duas teorias principais. E o mais provável, tal como referem dois neurocientistas num comentário publicado também na revista Science, é que ambas estejam correctas. Assim, há quem defenda que o sono serve sobretudo para “restaurar” o nosso cérebro, reparando a maquinaria celular, repondo energias e eliminando o lixo químico que acumulamos. Uma espécie de processo de limpeza e arrumação, portanto. Depois, há cientistas que valorizam mais o processamento da informação que fazemos quando dormimos, numa tarefa que nos possibilita armazenar dados e consolidar memórias. Aqui, estaremos num mais complexo processo de arquivamento e selecção de informação. Tal como já referimos, o mais provável é o sono sirva para isso tudo, limpar e arquivar.

Independentemente do propósito do sono, sabe-se que o cérebro funciona de forma diferente quando dormimos. Uma das ideias que estes dois estudos fortalecem tem a ver com o enfraquecimento das ligações sinápticas que “descansam” à noite para compensar a intensa actividade que lhe exigimos quando estamos acordados. Num dos trabalhos, os cientistas recorreram à microscopia electrónica para analisar o tecido cerebral do córtex motor e sensorial de ratinhos e conseguiram reproduzir bonitas imagens tridimensionais das extensões dos neurónios que recebem os impulsos, conhecidas como espinhas dendríticas. Ao estudar milhares destas imagens, perceberam que as sinapses encolhiam durante o sono e que depois, durante o próximo período de vigília, voltavam a expandir-se e crescer.

Segundo explicam no artigo, as sinapses encolhem cerca de 20% durante o sono, criando espaço para o dia seguinte. Mas nem todas. É que estes pontos de contacto entre os neurónios não são todos iguais. As maiores e mais fortes e que os investigadores acreditam que estão associadas a memórias mais estáveis, parecem permanecer ilesas sem sinais de encurtamento das suas espinhas dendríticas. Ainda assim, cerca de 80% das sinapses encolhem, conclui o estudo.

Mas para quê?

“Isto mostra, de forma estruturalmente inequívoca, que o equilíbrio do tamanho e da força das sinapses é perturbado durante o tempo que estamos acordados e restabelecido pelo sono”, refere Chiara Cirelli, investigadora no Centro do Sono e da Consciência da Universidade de Wisconsin, nos EUA, e uma das autoras do trabalho, num comunicado sobre o estudo. E acrescenta: “É impressionante que a maioria das sinapses no córtex passe por uma mudança tão grande de tamanho em poucas horas de vigília e sono.” 

Giulio Tononi, investigador da mesma universidade, faz a leitura que faltava: “Extrapolando dos ratinhos para os humanos, os nossos resultados significam que todas as noites, milhões de milhões de sinapses no nosso córtex podem ficar 20% mais fracas.”

A outra equipa de cientistas (da Universidade Johns Hopkins, nos EUA) que publica um artigo na mesma revista não só confirma este enfraquecimento das sinapses, como ajuda a explicar como acontece. Usando análises bioquímicas e moleculares, o estudo identifica um gene (homerla) importante para desencadear este enfraquecimento das sinapses durante o sono.

Apesar de os dois estudos confirmarem que a estrutura das sinapses muda durante o sono, ainda há muita coisa que fica por esclarecer, tal como constatam László Acsády (da Academia de Ciências Húngara) e Kenneth Harris (da University College de Londres), dois neurocientistas que escreveram um comentário na Science sobre estes trabalhos. “Apesar de termos mais provas sobre as mudanças na força sináptica durante o dia, a função precisa destas alterações permanece tão misteriosa como sempre”, referem. Ou seja, as sinapses mudam de tamanho, mas para quê?

A verdade é que o mistério do sono é, sem dúvida, sedutor para os cientistas. Numa rápida pesquisa sobre artigos centrados no sono nos últimos dias vemos, por exemplo, que um estudo em ratinhos demonstrou que a privação do sono prejudica a capacidade do cérebro em formar novas memórias. Ou que, num outro estudo que envolveu apenas mulheres na pós-menopausa, os problemas no sono podem interferir na qualidade da vida sexual. Ou ainda uma investigação que aconselha as pessoas que têm dificuldades em dormir a fazer um fim-de-semana de campismo no Verão para acertar o “relógio” biológico, comprovando que os nossos ritmos e hábitos “electrónicos” de vida nos podem tirar o sono. 

Principais mitos
Em Portugal, as mulheres ainda estão pouco informadas a respeito dos métodos contraceptivos de longa

Entende-se por contracepção de longa duração todo o método contraceptivo com duração de ação igual ou superior a três meses e cuja administração pode ser vigiada e controlada por uma equipa de saúde.

Sendo mais eficazes que os anticoncepcionais orais, ainda existem, no entanto, alguns mitos que impedem que mais mulheres optem por eles.

“Os principais receios das mulheres são que estes métodos possam vir a diminuir a fertilidade”, começa por dizer a especialista em ginecologia e obstetrícia, do Hospital Lusíadas Porto, Paula Ramôa.

No entanto, tal como explica, assim que “o DIU/SIU são retirados ou o implante removido, a mulher pode engravidar de imediato”.

“Os métodos de longa duração estão entre os métodos mais eficazes que existem. Sempre que um método contém uma hormona, o ciclo óvarico natural é interrompido e o útero obedece unicamente à quantidade de hormona presente no organismo. Portanto, não menstruar não significa um efeito adverso do método ou doença, mas ó um efeito colateral que desaparece mal o método é suspenso”, justifica.

De acordo com Paula Ramôa, estes métodos podem ser utilizados por qualquer mulher, sobretudo, “por quem tenha contraindicação para outros métodos, quem tem dificuldade em tomar a pílula todos os dias e por portadoras de algum grau de deficiência mental ou cognitiva”.

Não obstante, a escolha do método contraceptivo deve ter em conta inúmeros fatores e é importante que as mulheres estejam devidamente informadas sobre cada um deles.

“O conhecimento sobre todos os meios contraceptivos permite ao médico aconselhar o método mais apropriado para uma determinada pessoa ou casal”, sendo o método ideal aquele que está de acordo com o estilo de vida e que respeita as crenças pessoais “de forma a ser usado com sucesso e com baixa taxa de abandono”.

Deste modo, importa ter em conta eficácia, conveniência, duração de ação, reversibilidade, efeito sobre período menstrual, tipo e frequência dos efeitos colaterais e eventos adversos, custo, acessibilidade, proteção contra doenças de transmissão sexual, benefícios não contraceptivos e contraindicações médicas absolutas e relativas.

Alternativa à pílula

“É considerada contracepção de longa duração o Dispositivo Intrauterino de cobre (DIU) ou o Sistema Intrauterino com uma hormona chamada levonorgestrel (SIU)”, começa por enumerar a ginecologista.

“Temos também o Implante com levonorgestrel que se coloca debaixo da pele. Uma outra opção é a ampola injetável de medroxiprogesterona com duração de três meses. Os três últimos têm uma eficácia superior à pílula”, refere.

De acordo com especialista, o Dispositivo Intrauterino de cobre tem uma eficácia de 99,2% na utilização corrente, garantindo a contracepção entre cinco a sete anos, “ou até mais, dependendo dos casos”.

O DIU trata-se de um dispositivo em forma de T ou S inserido pelo especialista diretamente no útero. “Contém uma pequena porção de cobre que desencadeia um processo inflamatório no endométrio impedindo a nidificação, ou seja, a implantação do embrião”, explica.

Uma vez que não se trata de um método hormonal, pode ser utilizado em qualquer idade. “Só perde eficácia se se deslocar. Os ciclos mantêm-se com os intervalos anteriores à sua colocação”, adianta.

Como efeitos colaterais estão descritos o aumento da dores menstruais e do fluxo sanguíneo. Por outro lado, obriga a exames regulares para verificar se se mantém na posição correta e está desaconselhado “no caso de existirem múltiplos parceiros sexuais pelo facto de facilitar o aparecimento de doença inflamatória pélvica”.

“Está contraindicado em mulheres com alergia ao cobre, com malformações uterinas ou doença inflamatória pélvica”, afirma Paula Ramôa.

Combinando um dispositivo intrauterino, semelhante ao DIU, com uma hormona– levonorgestrel - que é libertada ao longo do tempo, o SIU (Sistema Intrauterino) é um método mecânico e hormonal que apresenta uma eficácia de 99,9%.

“Pode ser utilizado por todas as mulheres, em qualquer faixa etária. Os períodos menstruais tornam-se mais curtos ou mesmo ausentes, o que traz qualidade de vida e não tem contraindicações”, refere a médica especialista.

No entanto, por vezes pode ocorrer alguma retenção hídrica, caso se trate de um SIU com maior dosagem.

“Tal como o DIU não deve ser utilizado em mulheres com malformações uterinas e com doença inflamatória pélvica”, adverte.

“O Implante é um dispositivo de plástico flexível, de quatro centímetros de comprimento e dois milímetro de espessura. É colocado pelo médico debaixo da pele, geralmente no braço não dominante, usando um anestésico local. Contém um progestativo que se vai libertando lentamente, mantendo-se ativo ao longo de três anos”, explica Paula Ramôa acrescentando que este deve ser substituído ao fim deste período.

O Implante tem uma eficácia de 99,9% “independentemente do perfil da utilizadora”. Não perde eficácia quando há problemas gastrointestinais e pode ser utilizado por mulheres com contraindicação à toma de estrogénios.

“As contraindicações são idênticas às dos contraceptivos por via oral só com progestativo, ou seja, em mulheres portadoras de doença hepática grave, doença cardíaca isquémica, acidentes vasculares cerebrais e episódio agudo de tromboembolismo”, explica.

Como reação adversa, a especialista refere a irregularidade na menstruação, a retenção de hídrica e acne. 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Prémios e Galardões
As Medalhas de Honra das Mulheres da Ciência, que são hoje entregues, em Lisboa, distinguiram quatro investigadoras, por...

A distinção, que na prática é uma bolsa de investigação, foi atribuída a Maria Inês de Almeida (i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde), Isabel Veiga (Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde - Universidade do Minho), Ana Rita Marques (Instituto Gulbenkian de Ciência) e Patrícia Baptista (IN+ - Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento).

Maria Inês de Almeida está a trabalhar sobre a regeneração dos ossos e Isabel Veiga sobre a resistência do parasita da malária a fármacos, enquanto Ana Rita Marques está a estudar a estabilidade dos centríolos (estruturas celulares mais finas do que um fio de cabelo) e Patrícia Baptista a desenvolver uma ferramenta de avaliação de rotas numa cidade, consoante o tipo de utilizador e modo de transporte.

Cada uma das cientistas vai receber 15 mil euros. As Medalhas de Honra das Mulheres da Ciência, que vão na 13.ª edição, são promovidas pela L'Oréal Portugal, Fundação para a Ciência e Tecnologia e Comissão Nacional da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

As quatro premiadas foram selecionadas entre 80 candidatas, cujos projetos de investigação foram avaliados por um júri presidido pelo investigador e deputado Alexandre Quintanilha.

Em declarações à Lusa, a cientista Maria Inês de Almeida disse que vai testar uma nova terapia para a regeneração dos ossos, em alternativa às próteses, manipulando as moléculas de ácido ribonucleico (ARN) que não codificam proteínas.

A parte do ARN que não sintetiza as proteínas, em particular os microARN, consegue regular o funcionamento das células, a sua "proliferação, diferenciação", pelo que a sua manipulação pode regenerar o tecido ósseo em caso de dano, sustentou a investigadora do i3S, no Porto.

"Quando temos um defeito ósseo, há uma reação inflamatória, há uma proliferação e diferenciação das células do osso", assinalou.

No seu trabalho, Maria Inês de Almeida vai extrair microARN de culturas de células ósseas humanas e administrá-los, em diferentes níveis, a ratinhos, para induzir e acelerar a regeneração do osso com defeito.

Isabel Veiga, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, da Universidade do Minho, quer "perceber os mecanismos que o parasita da malária desenvolve" para que o medicamento artemisinina, atualmente usado no tratamento da doença, nem sempre surta efeito.

Para isso, a cientista vai modificar geneticamente o parasita para analisar, ao pormenor, as proteínas que existem nas células com capacidade para transportar os fármacos, as designadas 'proteínas transportadoras'.

Consoante as variações genéticas, estas proteínas são mais ou menos eficientes no transporte dos medicamentos para as células, esclareceu.

Os centríolos, que estão na base do estudo de Ana Rita Marques, do Instituto Gulbenkian de Ciência, "são importantes para que as células se consigam dividir corretamente", e, por conseguinte, são essenciais para o estudo da regeneração de tecidos e do cancro, de acordo com a investigadora.

Em concreto, a cientista vai analisar, socorrendo-se da mosca da fruta como modelo, os mecanismos de funcionamento de uma proteína, a polo, que regula o revestimento protetor dos centríolos.

Para desenvolver uma ferramenta de avaliação do trajeto mais adequado numa cidade, a investigadora Patrícia Baptista propõe-se construir uma base de dados com as variáveis utilizador e modo de transporte, partindo do caso de estudo de Lisboa.

A base de dados permitirá, por exemplo, comparar trajetos alternativos em função do tempo de viagem, do esforço físico da pessoa, da inalação de poluentes, do consumo de energia e da emissão de gases das viaturas ou do declive do terreno, explicou a cientista do IN+ - Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.

A ferramenta, que poderá ser uma aplicação para telemóvel, possibilitará ao utilizador, em especial com dificuldades de mobilidade, "fazer escolhas mais informadas no planeamento das suas deslocações, conhecendo previamente a rota mais adequada ao seu objetivo", esclareceu à Lusa.

As Medalhas de Honra das Mulheres da Ciência destinam-se a doutoradas, com menos de 36 anos, que realizam investigação em Portugal nas áreas da saúde e do ambiente.

Desde que foi lançada em 2004, a iniciativa apoiou 41 investigadoras.

A distinção é entregue hoje às quatro premiadas, numa cerimónia onde é esperada a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Investigação
Investigadores norte-americanos criaram um "chip" eletrónico que pode ser usado como um laboratório de diagnóstico em...

O estudo dos cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, na Califórnia, foi publicado hoje na revista da Academia Nacional das Ciências norte-americana.

O "laboratório num 'chip'" pode permitir diagnósticos médicos mais rápidos e mais baratos, beneficiando sobretudo países em desenvolvimento, onde poderão ser descobertos precocemente casos de cancro, malária, tuberculose ou VIH, cuja mortalidade é superior do que em países desenvolvidos.

Segundo o bioquímico e geneticista Ron Davis, este método poderá significar "uma revolução no diagnóstico médico" semelhante à que significou a descoberta da sequência do genoma humano.

O sistema usa microfluidos, eletrónica e impressão a jato: parte-se de um recipiente de silicone que pode conter células e de uma faixa eletrónica reutilizável.

Depois, a impressora de jato de tinta é utilizada para imprimir a faixa eletrónica numa lâmina de poliéster com uma tinta especial com nanopartículas.

"Desenhámo-lo para não ser preciso ter instalações esterilizadas e pessoal treinado para o fabricar: Cada 'chip' pode ser fabricado em 20 minutos", afirmou Rahim Esfandyarpour, o principal redator do estudo.

O “laboratório” pode ser usado para analisar tipos de células diferentes sem serem precisas etiquetas magnéticas ou fluorescentes normalmente usadas para as controlar.

É o próprio 'chip' que separa as células diferentes, tornando o processo mais preciso e rápido.

Casos de cancro poderão ser identificados detetando células que circulam na corrente sanguínea, por exemplo.

Estudo
Cientistas desenvolveram uma tecnologia que permite que uma prótese de braço possa detetar os sinais nervosos da espinal medula...

Para controlar a prótese robótica o paciente tem de pensar como se estivesse a controlar um braço fantasma e imaginar alguns movimentos simples, como beliscar com dois dedos. Sensores integrados na prótese interpretam os sinais elétricos, emitidos pelos neurónios da espinal medula, como uma ordem.

As próteses de braço atualmente no mercado são controladas pelo paciente através dos músculos que tenha no ombro ou no braço e que muitas vezes estão danificados. É uma tecnologia que apenas permite um ou dois movimentos de segurar, o que faz com que cerca de metade das pessoas a rejeite.

A equipa de investigadores que publica hoje o estudo na revista Nature Biomedical Engineering, disse que detetar sinais de neurónios motores espinais (na base do controlo dos músculos) em partes do corpo não danificadas pela amputação, em vez de usar fibras musculares remanescentes faz com que mais sinais possam ser detetados e mais comandos possam ser programados na prótese robótica, tornando-a mais funcional.

Dario Farina, do Imperial College London, departamento de bioengenharia, explicou que quando há uma amputação de um braço as fibras nervosas e os músculos também são cortados pelo que é muito difícil obter sinais para fazer uma prótese funcionar.

“Tentámos uma nova abordagem, movendo o foco dos músculos para o sistema nervoso. Isto significa que a nossa tecnologia pode detetar e descodificar sinais de forma mais clara, abrindo a possibilidade para próteses robóticas que podem ser mais intuitivas e úteis para os pacientes. É um momento muito interessante para se estar neste campo da pesquisa”, disse o responsável.

Os investigadores fizeram experiências em laboratório com seis voluntários que tinham sido amputados do ombro para baixo ou logo acima do cotovelo. E depois de algum treino de fisioterapia os pacientes conseguiram fazer uma mais ampla gama de movimentos do que nos casos do uso de uma prótese robótica clássica.

Os voluntários conseguiram mover a articulação do cotovelo e mesmo fazer movimentos radicais, movendo o pulso de um lado para o outro, ou até fechar a mão.

Ainda que seja necessário aprimorar e tornar a tecnologia mais robusta, os cientistas admitem que o modelo atual poderá estar no mercado nos próximos três anos.

Um milhão de euros
Um teste de picada no dedo que permite diagnosticar rapidamente uma infeção bacteriana e determinar se o paciente pode ser...

O teste, que apresenta o resultado em menos de dez minutos e deverá ser comercializado no próximo ano, foi desenvolvido pela Minicare HNL, um consórcio de investigação formado pela P&M Venge AB, da Suécia, e a Philips Electronics, da Holanda.

O prémio distinguiu um diagnóstico rápido e eficaz da natureza viral ou bacteriana das infeções com o objetivo de reduzir o uso de antibióticos pelos pacientes, tendo a Minicare batido as outras duas finalistas: a PulmoCheck, que está a desenvolver um dispositivo que reage num espaço de dois a seis minutos aos fluidos corporais resultantes de uma infeção bacteriana e a ImmunoPoc, que está a trabalhar num teste de picada no dedo que permitirá diferenciar as infeções bacterianas das virais num espaço de 15 minutos.

O prémio Horizonte 2020 para uma melhor utilização dos antibióticos, atribuído pela Comissão Europeia, foi entregue, na Universidade de Louvaina, pelo comissário da Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas.

Na mesma ocasião, o comissário europeu para a Saúde, Vytenis Andriukaitis, entregou os três prémios europeus da saúde para as organizações não-governamentais que lutam contra a resistência aos antibióticos no valor de, respetivamente, de 20 mil, 15 mil e 10 mil euros.

O primeiro prémio, no valor de 20 mil euros, foi atribuído à organização de consumidores europeus BEUC pela sua campanha de sensibilização “From Farm to You” que chamou a atenção para as causas da resistência aos antibióticos.

O segundo prémio, no valor de 15 mil euros, foi atribuído à Alliance to Save our Antibiotics pela campanha “Compassion in World Farming and the Soil Association” e o terceiro prémio, no valor de 10 mil euros, à World Alliance Against Antibiotic Resistance pela sua campanha “Acting to Preserve Antibiotics”.

A resistência aos antibióticos, causada pelo uso sistemático destes medicamentos, é uma grande preocupação de saúde pública na Europa e no mundo.

Nos EUA
Uma equipa de investigadores norte-americanos desenvolveu um método para identificar o cancro do pâncreas em fases iniciais,...

A técnica baseia-se na deteção de vesículas extracelulares, partículas formadas por uma camada lipídica e emitidas pela maioria das células vivas.

A equipa do investigador Tony Hu, do centro de diagnósticos personalizados da Virginia, Estados Unidos, criou um método para detetar as vesículas extracelulares derivadas de tumores que carregam uma proteína, conhecida como EphA2, que poderá permitir diagnosticar os sinais mais precoces de cancro do pâncreas.

"O cancro do pâncreas é um tipo de cancro em relação ao qual precisamos desesperadamente de um biomarcador de sangue precoce”, afirma Tony Hu, lembrando que é difícil neste tipo de tumor captar um sinal de diagnóstico quando não há sintomas.

O cancro do pâncreas mata anualmente cerca de 358 mil pessoas em todo o mundo.

Comissão Europeia
A Comissão Europeia considerou hoje que a qualidade do ar continua uma preocupação, com custos de saúde de 4.000 milhões de...

"A emissão de vários poluentes atmosféricos diminuiu significativamente" e as emissões atmosféricas situam-se dentro dos valores-limite nacionais, mas "a qualidade do ar em Portugal continua a ser motivo de preocupação", segundo a análise da aplicação da política e regras ambientais europeias por cada Estado membro, hoje divulgada.

Para 2013, a Agência Europeia do Ambiente estimou que "cerca de 6.070 mortes prematuras eram imputáveis às concentrações de partículas, 420 à concentração de ozono e 150 às concentrações de dióxido de azoto, o que se deve também a excedentes acima das normas de qualidade do ar da União Europeia" e em 2014, registaram-se excedentes de dióxido de azoto (NO2) acima das normas da UE nas zonas do Porto, Braga e Lisboa, recordou a Comissão Europeia (CE).

"Estima-se que os custos externos relacionados com cuidados de saúde decorrentes da poluição atmosférica em Portugal ultrapassem 4.000 milhões de euros por ano", nomeadamente devido dias de trabalho perdidos ou à necessidade de cuidados de saúde, avança.

As "violações persistentes" dos requisitos de qualidade do ar, que têm graves efeitos negativos na saúde e no ambiente, estão a ser fiscalizadas pela CE através de processos de infração que abrangem todos os Estados-Membros em falta, incluindo Portugal.

A CE sugere que Portugal deve manter as tendências decrescentes das emissões de poluentes, para cumprir os valores limite e reduzir os impactos adversos da poluição atmosférica na saúde, ambiente e economia.

Reduzir as emissões de óxidos de azoto para cumprir os valores limite nacionais de emissão atualmente em vigor e reduzir o dióxido de azoto e as concentrações de ozono, nomeadamente através dos transportes, em especial nas zonas urbanas, é outro conselho listado.

Quanto ao ruído, Portugal deve concluir a elaboração dos mapas e planos de ação para a gestão do ruído nas zonas urbanas.

"A aplicação da Diretiva Ruído Ambiente em Portugal está consideravelmente atrasada" e a elaboração de mapas de ruído "para a mais recente ronda de comunicação de dados", em relação ao ano de referência de 2011, "está concluída em apenas 33 % para as aglomerações, 68 % para os principais eixos rodoviários e 47 % para os principais eixos ferroviários", realça a CE.

A definição de mapas de ruído para os principais aeroportos "está 100% completa".

Foram aprovados planos de ação para a gestão do ruído para apenas 17% das aglomerações, 5% dos principais eixos rodoviários e nenhum para os principais eixos ferroviários.

"Relativamente aos aeroportos, as autoridades portuguesas cumpriram todas as suas obrigações", referiu a CE que diz ter contactado Portugal sobre os mapas de ruído e planos de ação em falta e "continua a acompanhar a situação".

O relatório salienta que o transporte individual "agrava os problemas sazonais associados à qualidade do ar e ao congestionamento do tráfego nas principais áreas metropolitanas portuguesas", como Lisboa e Porto, o que "conduz a custos de saúde e económicos".

O documento defende a necessidade de avançar uma "abordagem global para equacionar esta questão e, assim, gerar vantagens em termos ambientais, económicos e sociais", reduzindo, por exemplo, o número de camiões nos centros urbanos, referindo que o Compromisso para o Crescimento Verde já estabelece como objetivo o aumento da utilização dos transportes públicos.

Instituto Português do Sangue e da Transplantação
Mais de 2.000 doentes aguardam por um transplante renal, um aumento que se regista em Portugal, mas também um pouco por todo o...

João Almeida e Sousa falava aos jornalistas no final da apresentação dos dados da doação e transplantação de órgãos em 2016.

Estes dados indicam que o número de órgãos colhidos para transplante em 2016 foi o maior de sempre, tendo-se registado pela primeira vez transplantes com órgãos de dadores em paragem circulatória (“coração parado”).

Neste período registou-se um aumento de órgãos colhidos de dador falecido, que subiram de 896 em 2015 para 936 no ano passado. Destes, foram transplantados 784 órgãos, o que reflete uma taxa de utilização de 84% (79% no ano anterior).

Na sua intervenção após a apresentação destes indicadores, João Almeida e Sousa referiu que “a existência de listas de espera obriga a que se faça sempre melhor”.

“Não é admissível o desperdício de órgãos”, afirmou, considerando que “ainda existe nos hospitais portugueses um potencial de crescimento de doação”.

Para a coordenadora nacional da transplantação, Ana França, os dados de 2016 são muito positivos.

A responsável sublinhou as diferenças entre os dadores atuais e os de há 15 ou 20 anos. No passado, eram essencialmente doentes em morte cerebral que tinham sofrido um acidente de viação. Atualmente, são mais idosos e com situações de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Apesar deste aumento da idade dos dadores, com maiores probabilidades de doenças associadas, o número de órgãos colhidos tem subido.

Para o ministro da Saúde, presente na apresentação destes dados, os mesmos revelam “um sucesso”.

“É preciso agora apurar o nível de coordenação e melhorar estas metas que nos deixam orgulhosos”, disse

Dos 864 órgãos transplantados em 2016, o maior número ocorreu na transplantação renal (499), seguindo-se a hepática (272), a cardíaca (42), a pulmonar (26) e a pancreática (25).

Segundo a Coordenação Nacional da Transplantação, estes dados representam o “maior número de transplantes hepáticos e pulmonares de sempre” e refletem um “aumento da transplantação renal para valores superiores aos dos últimos quatro anos (2012-2016)”.

Pela primeira vez registaram-se transplantes de dadores em paragem circulatória, conhecidos como dadores de coração parado, num total de dez.

Estes dadores são pessoas falecidas a quem foi declarada a morte com base em critérios circulatórios, verificando-se a cessação irreversível das funções cardiocirculatórias. Os primeiros transplantes em paragem cardiocirculatória ocorreram em janeiro de 2016, no Hospital de São João (Porto).

Os dadores falecidos, os que se encontram em morte cerebral na altura da colheita do órgão continuam a representar a esmagadora maioria: 327, sendo 10 os dadores em paragem circulatória.

Bienio 2017-2018
O Prof. Manuel Monteiro-Grillo, diretor da Clínica Universitária de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Lisboa, foi...

A nova direção é, de resto, composta pelos oftalmologistas Elisabete Maria Vieira Brandão (Vice-Presidente), João Pereira Figueira (Tesoureiro) João Henriques Feijão (Secretário-Geral), Mário André Corrêa da Silva Melo Ornelas (Secretário-Geral Adjunto), Andreia de Faria Martins Rosa (Vogal) e João Nuno Melo Beirão (Vogal).

O novo presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) é doutorado em medicina e cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde atualmente desempenha o cargo de professor auxiliar. Desempenhou vários cargos e funções relacionados com a sua atividade, em 2004 foi membro do Grupo de Estudos para o Plano Nacional da Visão e desde 2005 é membro da Comissão Coordenadora para o Plano Nacional para a Saúde da Visão, ambos no Ministério da Saúde, para além de múltiplas atividades nomeadamente na Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

Segundo o Prof. Monteiro-Grillo, “a nova direção da SPO quer divulgar as atividades científicas da Oftalmologia portuguesa não só a nível nacional, mas também internacional. Pretende ainda dar a conhecer a SPO à população em geral e esclarecê-la sobre a importância do oftalmologista e dos seus parceiros (enfermeiros e técnicos de ortóptica) na saúde visual de quem o procura”.

A SPO foi fundada em 1939 com o objetivo de promover e contribuir para o desenvolvimento da oftalmologia nos seus diferentes aspetos: científico, pedagógico, informativo e de apoio à investigação, com respeito pela ética e deontologia profissional.

Colangite biliar primária
Já ouviu falar de colangite biliar primária? Provavelmente não. Paula, de 37 anos, também desconhecia esta doença rara de...

Depois de 20 anos sem qualquer inovação no tratamento desta patologia, a Agência Europeia do Medicamento aprovou recentemente um novo tratamento - o ácido obeticólico - que representa uma nova esperança para os cerca de 40% doentes que não respondem à terapêutica tradicional. A colangite biliar primária (CBP) era conhecida até 2015 como cirrose biliar primária, mas a sua designação foi alterada porque, erradamente, era associada do consumo de álcool, escreve o Diário de Notícias. Para desmistificar e divulgar a CBP junto da população e da comunidade médica, a Raríssimas tem a decorrer o projeto - (In)Forma Rara.

A CBP é causada por uma reação autoimune, que provoca uma inflamação constante nos pequenos canais biliares do fígado. "Se progredir sem tratamento, pode evoluir para cirrose ou mesmo cancro do fígado", diz Helena Cortez-Pinto, especialista em Gastrenterologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte/HSM. Afeta sobretudo mulheres - em cada dez doentes, nove são do sexo feminino - e entre os 40 e os 60 anos. Tem a particularidade de ter sintomas pouco específicos, que facilmente são confundidos com os de outras doenças.

Segundo a professora da Faculdade de Medicina de Lisboa, o tratamento que existia - o ácido ursodeoxicólico (UDCA) - "era bastante eficaz para a maioria dos doentes, mas existia uma percentagem - entre 30 a 40% - que não respondia". No ensaio clínico com o ácido obeticólico, metade desses doentes respondeu. "É uma nova esperança. Quando os doentes não respondiam ao tratamento, a progressão era rápida e muitos tinham que ser transplantados", destaca a especialista.

Ainda não é conhecida a causa da doença, mas sabe-se que é "mais frequente nos países mais desenvolvidos e em zonas fabris", em fumadores e nas pessoas com o sistema imunitário debilitado.

Falta de informação
Sem conseguir encontrar informação clara sobre a doença na internet, Paula, analista financeira, procurou apoio e esclarecimentos junto da Raríssimas, que tem agora a decorrer um projeto sobre a doença. "Mais informação significa melhor diagnóstico e melhor acesso à terapêutica", afirma Joana Neves, representante da associação.

Segundo a coordenadora da Linha Rara, foi feito material informativo para distribuir pelos doentes com CBP, folhetos e cartazes para deixar nas unidades de saúde e está a ser feito um vídeo para divulgação junto dos profissionais de saúde. Além disso, está a ser organizado um encontro de doentes. Para Paula, que hoje consegue viver o dia a dia normalmente, é importante "haver uma maior partilha de experiências e informação."

Segundo Joana Neves, doentes e familiares têm estado a "acolher muito bem" o projeto, que também visa acabar com o preconceito associado à doença.

Direção Geral do Orçamento
O Serviço Nacional de Saúde fechou o ano passado com um saldo negativo de 199 milhões de euros, uma melhoria de 172 milhões em...

De acordo com a explicação da execução orçamental de dezembro de 2016, a variação positiva da receita resultou principalmente do acréscimo de transferências correntes. Miguel Santos, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, afirma que "é preciso ver o que está por trás dos números" e que 2015 agravou-se em dezembro, no primeiro mês de gestão do atual governo.

Segundo a Execução Orçamental a variação positiva da receita registada em dezembro, em relação ao mês anterior, resultou principalmente de transferências vindas do Orçamento de Estado, referindo 301 milhões de euros, a que se somam as receitas das vendas de bens e serviços correntes. Do lado da despesa, o aumento deveu-se a custos com a reposição de vencimentos e mais profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Também subiram os encargos com exames, atenuado com a redução dos encargos com as parcerias público-privada.

No Parlamento, em janeiro, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, reafirmou que ia "ter o melhor saldo do SNS desde sempre. Nós não nos engamos 12 vezes, não passamos de 30 milhões de euros para menos 372 milhões de euros". Comparando com dados até 2010, à exceção de 2012 e 2013 em que o SNS fechou com saldo positivo - houve uma transferência de verbas para pagamento de dívidas em atraso superior a mil milhões de euros - este é para já o melhor défice.

Contudo, também é possível perceber na análise das execuções orçamentais que os valores são revistos a cada ano, resultando em melhorias ou agravamentos. Alguns substanciais como o de 2015, primeiro com um défice de 259 milhões de euros que passou a ser de 371 milhões.

O Diário de Notícias questionou o Ministério da Saúde sobre os valores conseguidos em 2016 , mas não obteve respostas.

No final de setembro, o ministério publicou um despacho que determinava que as administrações hospitalares pedissem autorização antes de assumirem compromissos financeiros. Manuel Delgado, secretário de Estado da Saúde, explicou então que o objetivo era evitar aceleramentos e derrapagens da despesa no final do ano.

Miguel Santos, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e membro da Comissão Parlamentar de Saúde, não questiona o saldo do SNS de 2016, mas afirma que "é preciso interpretar os dados e o que está por trás dos números". "O saldo de 2015 agravou-se durante dezembro, o primeiro mês de governação deste governo. Uma das primeiras decisões que tomaram foi antecipar para dezembro custos de 2016 e que diziam respeito ao medicamento inovador da hepatite C e por outro lado, havia receita que devia ter sido registada em dezembro e só foi registada em fevereiro de 2016, notas de crédito da indústria farmacêutica. Isso permitiu uma almofada para 2016 e mesmo assim, chegaram ao final do ano com um défice superior a 400 milhões de euros. Em dezembro receberam uma receita extraordinária das finanças de 200 milhões de euros e por isso o governo apresenta um resultado final de menos 199 milhões."

Miguel Santos acredita que este ano não trará melhores resultados. Pelo contrário: "Acho que há divida assumida que irá aparecer em 2017 e que se chegará ao final do ano com um défice de 400 milhões. O ministro prometeu que terminava 2016 com um número recorde de inovadores aprovados. Cumpriu, mas foram todos aprovados em dezembro. Agora vem a fatura. Isto é uma bola de neve e não sei se o governo tem noção do impacto financeiro que vai ter", aponta o deputado do PSD.

O economista da saúde Pedro Pita Barros considera que "no caso do SNS, a lógica de olhar para o saldo financeiro é pouco relevante". "Os objetivos do SNS são definidos em termos assistenciais e as decisões são de como cumprir esses objetivos dadas as limitações financeiras que são fixadas. Assim, o défice financeiro deve ser visto não como uma medida de desempenho e sim como um indicador sobre a qualidade da gestão micro e macro. Tem-se um problema de gestão micro se o orçamento global do SNS for à partida adequado para os objetivos traçados e acabar por se gastar mais. Tem-se um problema de gestão macro quando se sabe à partida que a verba para o SNS é incompatível com os objetivos que lhe são traçados", explica.

Relatório revela
O tabaco, o álcool e a obesidade são alguns dos principais fatores de risco da doença que é considerada a "epidemia"...

O número de casos de cancro está a aumentar, não há margem para dúvidas. Deve-se, sobretudo, ao incremento da esperança média de vida da população, aos métodos de deteção precoce e aos hábitos de vida.

Apesar deste aumento, é importante frisar que um em cada três cancros é provocado por causas evitáveis. Os dados constam da conclusão do relatório "Cancro em Espanha 2016", da Sociedade Espanhola de Oncologia Médica (SEOM), apresentado em Madrid na véspera do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se realiza todos os anos a 4 de fevereiro.

Por dia, em Portugal, 70 pessoas morrem com tumores malignos, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE). É o número mais elevado de sempre, escreve o Sapo.

Segundo dados do Eurostat, em Portugal, uma em cada quatro mortes em 2013 foram provocadas por cancro, proporção que chega a mais de duas em cada três (40%) nas pessoas com menos de 65 anos.

Em 2012 (últimos dados sistematizados disponíveis), 25.758 portugueses morreram de cancro. Os tumores malignos são a segunda causa de morte em Portugal - depois das doenças do aparelho circulatório (como o AVC) - e representam quase um quarto (24%) do total de óbitos registados no país. Há 20 anos, por exemplo, não chegavam a um quinto (19%).

Deixar de fumar, abandonar o álcool, fazer exercício físico e combater a obesidade continuam a ser as recomendações-chave para diminuir o risco de tumores malignos.

O envelhecimento da população é uma das principais explicações para o aumento da incidência do cancro. Os tumores malignos da laringe, traqueia, brônquios e pulmão são os que mais matam, com 4012 óbitos registados em 2012 (mais de dez por dia). O tabaco é a principal causa.

Todos os anos, cerca de 8 milhões de pessoas morrem de cancro em todo o mundo. Muitas destas mortes podem ser evitadas com maior apoio governamental e financiamento para programas de deteção, prevenção e tratamento. Estima-se que o número de casos de cancro e mortes relacionadas a nível mundial venha a duplicar nos próximos 20-40 anos, especialmente nos países em desenvolvimento, os menos equipados para lidar com o impacto social e económico da doença.

Governo
O despacho do governo, que estabelece as regras para os projetos-piloto, é hoje assinado. Vão ser criadas vagas para...

O governo apresenta esta segunda-feira as regras para a criação das primeiras experiências-piloto, da rede de cuidados continuados integrados de saúde mental.

Vão ser financiadas 25 iniciativas para jovens e adultos, com diversas tipologias, escreve a TSF.

Na infância e adolescência, o governo financia quatro projetos, repartidos entre unidades residenciais e unidades sócio ocupacionais.

Para adultos, serão apoiadas 13 unidades de internamento, de tipo residencial, cinco de reabilitação sócio ocupacional e ainda, três equipas de apoio domiciliário.

Em todos estes projetos, o objetivo é reabilitar e dar autonomia a quem é diagnosticada alguma incapacidade, tanto ao nível social como familiar, em termos de saúde mental.

A aposta é também, na inclusão das famílias e de outros cuidadores, no processo de integração na vida social.

O despacho é conjunto dos secretários de estado do Orçamento, Saúde e Segurança Social.

25 contratos
As instituições que vão ajudar o estado a criar a rede de cuidados continuados integrados de saúde mental, nesta fase piloto, já são parceiras do estado nesta área.

No total, são criados mais de 350 lugares, em instituições avaliadas a partir de experiências anteriores.

Por exemplo, no Norte, o Hospital Conde Ferreira, da Santa Casa da Misericórdia do Porto, é o principal, com 24 lugares para adultos e 15 para jovens.

No Centro, são disponibilizados 30 lugares residenciais pela Associação de Solidariedade Social de Lafões, no distrito de Viseu.

Na região de Lisboa, a Associação para o Estudo e Integração Psicossocial, garante uma resposta de 40 lugares.

No Alentejo, o Hospital S. João de Deus, em Montemor-o-Novo, com 16 lugares, e no Algarve, a Associação para a Saúde Mental do Algarve, em Loulé, com 20 vagas, garantem a restante cobertura do território continental.

O despacho conjunto dos três ministérios não refere os prazos de duração destes projetos-piloto, nem o momento do alargamento a outras instituições.

Coordenação Nacional da Transplantação
O número de órgãos colhidos para transplante em 2016 foi o maior de sempre, tendo-se registado pela primeira vez transplantes...

Os dados da doação e transplantação de órgãos em 2016, que serão hoje apresentadas pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), em Lisboa, apontam para um aumento de órgãos colhidos de dador falecido, que subiram de 896 em 2015 para 936 no ano passado.

Destes, foram transplantados 784 órgãos, o que reflete uma taxa de utilização de 84% (79% no ano anterior).

O número de órgãos (provenientes de dador falecido, vivo e sequencial) transplantados também aumentou: de 824 para 864.

Destes 864 órgãos transplantados, o maior número ocorreu na transplantação renal (499), seguindo-se a hepática (272), a cardíaca (42), a pulmonar (26) e a pancreática (25).

Segundo a Coordenação Nacional da Transplantação, estes dados representam o “maior número de transplantes hepáticos e pulmonares de sempre” e refletem um “aumento da transplantação renal para valores superiores aos dos últimos quatro anos (2012-2016)”.

Em relação aos dadores, o maior número (327) continua a ser de dadores em morte cerebral, ou seja, dadores falecidos a quem foi declarada a morte com base em critérios neurológicos, verificando-se a cessação irreversível das funções do tronco cerebral.

Os dadores vivos (pessoas que doam em vida um órgão, neste caso um rim ou porção de fígado) foram 65 no ano passado.

Nesse período registaram-se transplantes oriundos de 16 dadores sequenciais, os quais são recetores de um transplante de órgão (fígado), cujo órgão nativo pode ser considerado para transplantação noutro doente.

Pela primeira vez registaram-se transplantes de dadores em paragem circulatória, conhecidos como dadores de coração parado, num total de dez.

Estes dadores são pessoas falecidas a quem foi declarada a morte com base em critérios circulatórios, verificando-se a cessação irreversível das funções cardiocirculatórias. Os primeiros transplantes em paragem cardiocirculatória ocorreram em janeiro de 2016, no Hospital de São João (Porto).

Os dadores falecidos, os que se encontram em morte cerebral na altura da colheita do órgão continuam a representar a esmagadora maioria: 327, sendo 10 os dadores em paragem circulatória.

Em relação às causas de morte dos dadores, estas foram maioritariamente médicas (78%), sendo 22% traumáticas.

Os Acidentes Cerebrais Vasculares (AVC) foram responsáveis pela morte de 232 dadores, os Traumatismos Crânio Encefálicos (TEC) por 56, outras causas médicas estiveram na origem de 30 mortes e os TEC com origem em acidentes de viação de 19.

Segundo especialista
A perturbação obsessivo-compulsiva é uma doença tão frequente como a asma ou a diabetes, sendo mesmo mais prevalente que a...

Os estudos sobre esta doença psiquiátrica mostram atualmente que a prevalência é bastante maior do que se pensava há poucas décadas, estimando-se que se situe entre um a dois por cento da população geral.

António Ferreira de Macedo, psiquiatra do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, lembra que a perturbação obsessivo-compulsiva surge em quarto lugar em termos de prevalência entre as doenças psiquiátricas, à frente de “doenças mais conhecidas, como a esquizofrenia”.

O lugar da perturbação obsessiva compulsiva tem sofrido algumas transformações, na medida em que até há pouco tempo era considerada uma perturbação da ansiedade. Mas em 2013 a classificação das doenças mentais sofreu uma evolução e a perturbação obsessiva autonomizou-se.

Sendo muito prevalente é, contudo, uma doença silenciosa e pouco conhecida, apesar de ser até retratada em vários filmes como “Melhor é Impossível” ou “O Aviador”, como recorda o livro “Perturbação Obsessivo-Compulsiva, o insustentável peso da dúvida”.

A obra é dirigida essencialmente aos profissionais de saúde que lidam com questões de saúde mental e tenta compilar os dados mais importantes da doença.

António Ferreira de Macedo, um dos coordenadores do livro, admite que uma das razões para a doença ser silenciosa e pouco conhecida é a perceção que o próprio doente tem da sua patologia.

Enquanto que na esquizofrenia (protótipo da doença mental grave) há sintomas psicóticos que determinam que a pessoa não tem consciência de que está doente, quem sofre de perturbação obsessivo-compulsiva tem “uma crítica muito nítida dos seus sintomas”.

Encaram os sintomas muitas vezes como absurdos e têm vergonha da sua doença, de a comunicar e de pedir ajuda.

“Têm receio que as pessoas os vejam como loucos ou como pessoas perturbadas. Há esse secretismo. O que determina que possa correr um período muito grande, de cinco ou sete anos, entre o início dos sintomas e o pedido de ajuda”, explicou o especialista à agência Lusa.

Caracterizada pela presença de obsessões e/ou compulsões, a doença interfere significativamente no bem-estar e quotidiano do doente.

As obsessões são pensamentos, imagens ou medos de caráter recorrente e que geram grandes níveis de ansiedade, enquanto as compulsões são comportamentos repetitivos e estereotipados, praticados com o intuito de reduzir a ansiedade ou prevenir acontecimentos indesejados.

Podem envolver vários temas mas tipicamente estão relacionados com a sujidade e contaminação e também com a verificação ou contagem. A simetria e a precisão surgem igualmente como compulsões frequentes.

“Quando uma pessoa está 10 horas por dia a tomar banho, pode inclusivamente não conseguir trabalhar. E a compulsão da verificação também pode ser incapacitante”, refere António Ferreira Macedo, dando o exemplo de doentes que verificam continuamente em círculo vicioso as torneiras da água, os interruptores da luz ou os bicos do fogão.

Nos casos mais extremos, as compulsões podem mesmo determinar uma completa incapacidade do doente.

O início da perturbação obsessivo-compulsiva surge geralmente na adolescência ou início da idade adulta e tem uma evolução gradual, que tende a caminhar para uma sobreposição de sintomas.

António Ferreira Macedo explica que o tratamento farmacológico conjugado com psicoterapia específica é eficaz na maior parte dos casos, havendo outros tratamentos de segunda linha para as situações mais resistentes: a estimulação magnética e a cirurgia que realiza uma estimulação cerebral profunda.

A obra com o subtítulo “Insustentável peso da dúvida” pretende sublinhar um aspeto central da doença: a carga do sofrimento que tem a ver com dúvidas e medos, o que levou alguns autores clássicos a apelidarem a perturbação obsessivo-compulsiva como “a loucura da dúvida”.

União Humanitária dos Doentes com Cancro
O número insuficiente de unidades de cuidados paliativos e continuados para acolher doentes oncológicos é uma das situações que...

"Está a ser um fantasma ainda maior do que o próprio cancro, porque os cuidados continuados e paliativos não existem em Portugal em quantidade suficiente", afirmou Raquelinda Magalhães, porta-voz da União Humanitária dos Doentes com Cancro (UHDC), a propósito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se comemorou no sabádo.

Segundo Raquelinda Magalhães, "cada vez há mais casos de cancro em Portugal" e a UHDC "cada vez tem mais pedidos de ajuda" dos doentes e das suas famílias.

"Estamos de portas abertas para ajudar. Todos os dias temos muitas chamadas, mas não conseguimos dar resposta a muitas delas porque têm a ver com cuidados paliativos e continuados", contou, sublinhando a importância de ser dado "um final de vida digno" aos doentes.

A UHDC - que vive de donativos - dá apoio psicológico, médico e domiciliário aos doentes com cancro e seus familiares, gratuitamente e em regime de voluntariado.

"Infelizmente, só temos uma carrinha, precisávamos de mais. Gostaríamos de ajudar ainda mais os doentes, mas às vezes somos impotentes perante as situações, porque não temos os meios suficientes", lamentou.

Raquelinda Magalhães contou que os voluntários se deparam com situações como doentes que passam fome, maridos ou esposas que não sabem ultrapassar o drama do cancro e crianças que "ficam um bocadinho perdidas" e começam a ter dificuldades na escola.

"Eu só sei dar este testemunho porque estou a passar por isto desde 2002, daí conseguir perceber que esta entreajuda é muito necessária", frisou.

Dando resposta ao aumento de pedidos de ajuda dos doentes e seus familiares, a UHDC abriu um novo espaço em São Pedro de Penaferrim, Sintra, onde estará uma psicóloga à segunda-feira.

Um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre doenças oncológicas refere que os tumores malignos estiveram na origem de 26.640 mortes em Portugal no ano de 2015.

Raquelinda Magalhães referiu que se estima que, em 2030, a incidência do cancro aumente em mais de 20%.

Serviço Nacional de Saúde
As farmácias portuguesas vão reforçar os serviços de saúde pública, em articulação com o Serviço Nacional de Saúde, como no...

Um comunicado da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) refere que o reforço resulta de um acordo assinado na sexta-feira entre o Estado português e as associações de farmácias, Associação Nacional de Farmácias e Associação de Farmácias de Portugal, para o biénio 2017-18.

O acordo “prevê que as farmácias contribuam para a prestação de serviços que sejam enquadráveis nas prioridades para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, em particular, para as necessidades regionais e locais”, explica-se no comunicado, que exemplifica com os programas de troca de seringas ou o projeto-piloto de dispensa de medicamentos para infeção VIH/sida nas farmácias comunitárias.

Pretende-se também, entre outras medidas, a redução da despesa dos utentes com medicamentos, nomeadamente através do aumento da utilização dos medicamentos genéricos.

O acordo prevê ainda a criação “de programas experimentais integrados” que contribuam “para a referenciação correta dos utentes, otimizando a articulação com os cuidados de saúde primários”.

Na cerimónia, na qual esteve presente o ministro e o secretário de Estado da Saúde, foi também assinado um acordo com a Indústria Farmacêutica (APIFARMA) sobre princípios e metas dos encargos públicos com medicamentos, reafirmando-se o compromisso de sustentabilidade do SNS.

O acordo assinado com a APIFARMA é um aditamento ao acordo para o triénio 2016-2018 já assinado e define termos de colaboração para este ano.

“Serão desenvolvidas as condições para o acesso à inovação na continuidade dos resultados alcançados em 2016, ano em que foram aprovados 51 medicamentos inovadores e, em simultâneo, se alcançou uma quota de mercado (até novembro) de 47,4% de medicamentos genéricos, cuja utilização se pretende aumentar”, refere o comunicado.

A indústria farmacêutica compromete-se a disponibilizar ao SNS uma contribuição mínima de 200 milhões de euros, paga trimestralmente e ajustada em função da evolução da despesa com medicamentos.

Dia Mundial do Cancro
Para assinalar o Dia Mundial do Cancro, o oncologista Daniel Romeira escreve sobre a importância da

As doenças oncológicas perfilam-se como a segunda causa de morte mais frequente em Portugal, colocando-se imediatamente a seguir às doenças do aparelho circulatório. Em 2013, o Instituto Nacional de Estatística, constatou que a mortalidade por cancro corresponde a cerca de 113 408 potenciais anos de vida perdidos.

O diagnóstico de uma doença oncológica é um momento crítico na vida de uma pessoa. Constitui um confronto com a fragilidade da vida e invulnerabilidade perante a sua finitude. Tem um impacto físico, psicológico e social na vida de qualquer ser humano.

Nestes últimos anos, a evolução das novas tecnologias, possibilitou um acesso mais facilitado à informação por parte do doente. Este contacto estabelece-se através das redes sociais, dos motores de pesquisa, dos blogs e de inúmeros sites portugueses e estrangeiros.

A informação disponível, por vezes importante como complemento para a compreensão, para a troca de experiências e para o processo de aceitação da doença, nem sempre surge com a devida credibilidade, não sendo benéfica para o doente. Ainda existe uma certa tendênciapara a generalização da doença oncológica e da abordagem terapêutica.

Vivemos num período em que a investigação favorece a descoberta de novas tecnologias e terapêuticas inovadoras, o que permite uma personalização cada vez mais significativa da terapêutica oncológica.

A investigação científica e o surgimento de novas tecnologias ao serviço da ciência, nomeadamente da oncologia médica, têm possibilitado, na última década, a descoberta de novas alterações genómicas e moleculares, pondo a descoberto a complexidade biológica da célula tumoral. Esta (r)evolução trouxe-nos nos últimos anos a noção de heterogeneidade tumoral em que cada tipo de tumor é único.

Assim, os diferentes tipos de cancro são cada vez mais divididos em vários subtipos, tendo cada subtipo uma abordagem terapêutica diferente consoante a caracterização molecular.

Deste modo, é fundamental que o doente oncológico tenha confiança e acredite na equipa que o acompanha, partilhando regularmente as suas dúvidas, as suas preocupações, os seus medos e as suas vivências, de modo a receber toda a informação e apoio necessários, para gerir a sua doença e as expectativas associadas, mantendo-se informado a partir de fontes credíveis e adequadas. 

Neste Dia Mundial do Cancro reforço a importância da comunicação informada e cientificamente apoiada, que contribui para a tranquilidade do doente oncológico e dos que o rodeiam. 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Entidade Reguladora da Saúde
Os hospitais privados que realizem tratamentos oncológicos devem informar os utentes dos seus custos, de forma a estes...

A recomendação da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), consta de um parecer que esta emitiu a pedido do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa sobre o acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) de “doentes oncológicos com percurso terapêutico já iniciado noutra instituição de saúde”.

A questão colocada por este IPO refere-se exclusivamente a doentes com origem em unidades privadas, tendo em conta que “as transferências de doentes entre unidades do SNS são prática bem estabelecida há muitos anos, não ocasionando qualquer problema de princípio”.

Nos últimos anos têm sido muitos os doentes que, seguidos em instituições privadas, através de seguros de saúde de que são beneficiários, tiveram de interromper os tratamentos por o “plafond” da seguradora ser ultrapassado.

No parecer da ERS constam várias exposições de doentes que solicitaram ao IPO de Lisboa para serem seguidas, após iniciarem tratamento em instituições privadas.

Entre março e novembro de 2016 foram registadas pelo menos oito pedidos destes.

Segundo o IPO, numa exposição que consta do parecer da ERS, “o grande aumento de oferta de tratamento oncológico em instituições privadas, nos últimos anos, faz com que este caso não se possa considerar como um caso isolado, passível de solução extraordinária, mas um novo padrão de referenciação, que não está especificamente previsto na legislação em vigor”.

“Estes casos podem causar graves problemas nos centros oncológicos se não forem devidamente acautelados, por se poderem estabelecer como método sistemático de acesso prioritário e violação do ordenamento de lista de espera, contrariando todos os princípios éticos e de equidade no acesso ao tratamento”, prossegue a instituição.

O IPO de Lisboa “tem que tratar no tempo adequado os doentes já seguidos na instituição e com os quais se comprometeu com um plano terapêutico”.

“Acresce que, quando se trabalha no limite da capacidade de produção”, como é o caso deste IPO, “a gestão antecipada é essencial, havendo menor capacidade de acomodar casos não previstos”.

À ERS coube “identificar o âmbito de informação que deve ser prestada aos utentes que recorrem a estabelecimentos do setor privado ou social, e que é determinante para a fundamentação e legalidade do consentimento para a prestação de cuidados de saúde” e “determinar a forma como o SNS deve lidar com o acesso de utentes que já iniciaram um qualquer tipo de tratamento num estabelecimento do setor privado ou social e que pretendem ser transferidos para um estabelecimento do setor público”.

Nesse sentido, o regulador considera que “o utente deve saber, com o maior rigor e aproximação possível, qual o custo total do tratamento e da intervenção que lhe é proposta, por forma a poder confirmar se tem capacidade para suportar tais custos, por si próprio ou através de um qualquer subsistema ou contrato de seguro de que seja titular”.

Aos prestadores de cuidados de saúde que celebraram um contrato com uma entidade terceira, como subsistemas de saúde ou companhias de seguros, compete “prestar todas as informações necessárias e relevantes, designadamente sobre os preços dos serviços acordados, para que os utentes beneficiários possam tomar uma decisão quanto aos cuidados de saúde propostos”.

“Em especial, cumpre à entidade prestadora de cuidados de saúde informar os utentes sobre os cuidados de saúde que estão abrangidos pelo contrato celebrado com o subsistema ou companhia de seguros”.

A informação deve ainda contemplar “as responsabilidades financeiras destas entidades e dos próprios utentes, no que diz respeito ao pagamento do preço devido pelos cuidados prestados, ou ainda sobre os documentos, requisitos administrativos a preencher, autorizações ou outros procedimentos que se revelem necessários cumprir no âmbito do referido contrato”.

 

A ERS defende que o utente seja informado “que a transferência para outra unidade de saúde pode não implicar que o tratamento ou intervenção interrompida seja imediatamente retomada, nos tempos clinicamente desejáveis, quer porque a dita unidade pode ter a sua capacidade de resposta temporariamente esgotada e, assim, não reunir condições para receber o utente”.

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