Agência do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
A Agência para a Prevenção do Trauma e da Violação dos Direitos Humanos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra...

"Falamos muito em Portugal sobre violência sobre menores e mulheres, mas falamos ainda muito pouco sobre a violência sobre idosos, quando estes começam a ser a maior faixa da população do país", disse Duarte Nuno Vieira, presidente do conselho científico da agência.

Segundo o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, "investe-se muito na prevenção da violência sobre menores e sobre mulheres, mas investe-se muito pouco neste domínio da violência sobre os idosos".

Outra das prioridades da agência, de acordo com Duarte Nuno Vieira, passa pelo estudo da violência em centros de privação da liberdade, "onde alguém esteja detido contra a sua vontade", quer sejam centros educativos e tutelares de menores, de internamento compulsivo ou de acolhimento de imigrantes.

A Agência para a Prevenção do Trauma e da Violação dos Direitos Humanos, criada em 2014, constituiu ainda grupos de trabalho para analisar a violência no namoro e em contexto de serviços de saúde, com o objetivo, em todas as áreas trabalhadas, de propor medidas preventivas.

Duarte Nuno Vieira revelou ainda que está a ser preparado um curso de pós-graduação em violência, em colaboração com várias faculdades da Universidade de Coimbra, para proporcionar formação aos profissionais e cidadãos que se queiram envolver nestas áreas.

O psiquiatra João Redondo, coordenador executivo da estrutura, anunciou ainda que estas cinco áreas de intervenção vão ser discutidas na sexta-feira, no segundo encontro sobre "Trauma, medo e violência. Direitos Humanos, hoje!", que vai decorrer no auditório da Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra.

A iniciativa conta com a participação dos presidente da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, e da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, João Lázaro, do diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Celso Manata, e da antiga ministra da saúde Maria de Belém Roseira, entre outros intervenientes.

Ministério do Ambiente
O Ministério do Ambiente esclareceu que, do total de 6.000 edifícios públicos identificados como tendo amianto, somente 3.700...

"Dos cerca de 6.000 edifícios, onde foi identificada a presença de materiais contendo amianto, apenas cerca 3.700 apresentam necessidade de remoção de materiais", refere o ministério liderado por João Matos Fernandes.

Os restantes edifícios "estão a ser monitorizados, não apresentam necessidade de qualquer intervenção ou já foram intervencionados", acrescenta.

A associação ambientalista Quercus estimou hoje ser necessário gastar pelo menos 750 milhões de euros para remover os materiais com amianto dos edifícios que poderão conter a substância e que refere serem cerca de seis mil.

"Na sequência das declarações do ministro do Ambiente sobre a estimativa de edifícios da administração pública suspeitos de estarem contaminados com amianto, a Quercus estima que seja necessário gastar pelo menos 750 milhões de euros para garantir a remoção da totalidade dos materiais" com aquelas fibras cancerígenas.

Um comunicado da associação de defesa do ambiente avançava que "os 300 milhões de euros atualmente disponíveis [para aquela tarefa] apenas conseguirão assegurar a remoção das coberturas em fibrocimento".

Os ambientalistas referiam a intervenção do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, na quarta-feira, na comissão parlamentar de Ambiente, dizendo que poderão existir muito mais que os 2.700 edifícios públicos, como escolas, hospitais ou bibliotecas, da lista já elaborada e divulgada e que podem chegar a seis mil.

O Ministério vem esclarecer que nem todos os 6.000 edifícios que contêm amianto têm de ser intervencionados.

Os materiais com amianto só se tornam perigosos se estiverem degradados, havendo o risco de a substância ser libertada para o ar.

A Quercus recordou que a variedade de produtos que incorporaram o amianto é muito grande e é fundamental identificar e referenciar a sua totalidade, que se estima rondar os 3.000 artigos diferentes.

Além das coberturas, é possível encontrar amianto em pavimentos, tetos falsos e revestimentos de condutas de edifícios.

A exposição dos seus ocupantes a este tipo de fibras poderá ter efeitos na saúde, tais como o desenvolvimento de doenças benignas (asbestose) ou malignas (cancro do pulmão, mesotelioma, laringe, ovários e gastrointestinal), explica.

O amianto é uma fibra mineral natural, abundante na natureza, com boas propriedades físicas e químicas, como resistência mecânica às altas temperaturas, durabilidade, facilidade de ser trabalhada como um tecido, e com baixo custo, por isso, foi muito utilizada na construção até aos anos 90.

Tecnologia
Uma nova aplicação informática é capaz de dizer aos diabéticos que impacto é que cada refeição pode ter nos níveis de açúcar do...

Cientistas do centro universitário norte-americano de medicina de Columbia desenvolveram um algoritmo, que pode ser personalizado para dizer a cada pessoa qual o impacto que determinado alimento tem nos seus níveis sanguíneos de açúcar e que foi associado à aplicação 'Glucoracle'.

"Embora saibamos o efeito genérico de diferentes alimentos na glucose sanguínea, os efeitos em pormenor podem variar muito de pessoa para pessoa e ao longo do tempo", afirmou o principal investigador, David Albers.

O algoritmo que criaram inclui um modelo matemático da resposta de cada pessoa à glucose, atualizado com dados de análises ao sangue e informação nutricional, capaz de fazer previsões mais exatas.

"Os dados são continuamente atualizados com o que o utilizador come e com medições do nível de glucose sanguínea, personalizando o modelo para esse indivíduo", indicou a coautora Lena Mamykina.

Os utilizadores do 'Glucoracle' podem enviar medições de glucose para a aplicação, bem como fotografias de cada refeição, recebendo uma previsão sobre os níveis de açúcar no sangue depois de a comer.

Antes de fazer previsões, aplicação precisa de cerca de uma semana para "conhecer" o utilizador e a maneira como reage a determinados alimentos.

Em Portugal
A Fundação La Caixa, dona do espanhol CaixaBank, que controla o BPI, vai investir 50 milhões de euros por ano em ação social em...

António Costa, ladeado da ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, e do secretário de Estado adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, recebeu ontem, em São Bento, o presidente da Fundação La Caixa, Isidro Fainé, mas também o presidente honorário do BPI, Artur Santos Silva, o futuro presidente executivo do BPI, Pablo Forero, e o ainda presidente executivo do BPI - que passará a presidente não executivo ('chairman') - Fernando Ulrich.

“Fruto da nossa aliança com o BPI, Portugal será o epicentro do nosso compromisso social”, afirmou Isidro Fainé, acrescentando que a Fundação La Caixa “vai dedicar 50 milhões à ação social em Portugal”.

O investimento na área social será feito em programas ligados à inserção no mercado de trabalho de pessoas em exclusão social (o ‘Incorpora’), mas também de apoio aos idosos (com atividades de desenvolvimento ativo) e de oferta de cuidados paliativos.

Artur Santos Silva, que é presidente honorário do BPI, mas que também representará a Fundação La Caixa em Portugal, acrescentou que o investimento de 50 milhões de euros será feito anualmente e, além da área social, prevê também apoiar o acesso ao microcrédito, o desenvolvimento da ciência, da inovação e área cultural.

Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, destacou “o investimento tão importante que o CaixaBank fez no BPI ao longo do último ano, ultrapassando o impasse acionista e dotando o banco dos capitais necessários para ser um pilar importante do sistema financeiro e ao serviço da economia” portuguesa.

Além disso, o chefe do Governo congratulou-se pelo facto de “o compromisso com o país não se ter limitado ao investimento no setor financeiro, mas por ter trazido a Fundação La Caixa (maior fundação privada da Europa continental) para Portugal”.

António Costa sublinhou ainda o facto de a Fundação La Caixa “vir apoiar a cultura, a ciência, o desenvolvimento regional, mas numa área de central importância: o combate as desigualdades e o desenvolvimento da coesão social” em Portugal.

O primeiro-ministro destacou ainda o “esforço muito grande” que a Fundação La Caixa terá de fazer para, “numa velocidade de cruzeiro poder distribuir 50 milhões por ano em Portugal”.

E resumiu: “É um dia para mim particularmente feliz que, depois de um ano e meio de trabalho em conjunto, temos não só um problema financeiro resolvido, mas sobretudo uma enorme oportunidade para a redução das desigualdades”.

Artur Santos Silva, que ficará responsável pela implementação dos programas de ação social da Fundação La Caixa em Portugal, disse que terá de ser delineado ainda um plano de investimento, mas insistiu na “velocidade de cruzeiro” para o investimento de 50 milhões de euros em Portugal.

Quercus
A associação ambientalista Quercus estimou que será necessário gastar pelo menos 750 milhões de euros para remover os materiais...

"Na sequência das declarações do ministro do Ambiente sobre a estimativa de edifícios da administração pública suspeitos de estarem contaminados com amianto, a Quercus estima que seja necessário gastar pelo menos 750 milhões de euros para garantir a remoção da totalidade dos materiais" com aquelas fibras cancerígenas.

Um comunicado da associação de defesa do ambiente avança que "os 300 milhões de euros atualmente disponíveis [para aquela tarefa] apenas conseguirão assegurar a remoção das coberturas em fibrocimento" e voltou a defender a necessidade de definir um plano.

Os ambientalistas referem-se à intervenção do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, na quarta-feira, na comissão parlamentar de Ambiente, dizendo que poderão existir muito mais que os 2.700 edifícios públicos, como escolas, hospitais ou bibliotecas, da lista já elaborada e divulgada e que podem chegar a seis mil.

A Quercus recordou que a variedade de produtos que incorporaram o amianto é muito grande e é fundamental identificar e referenciar a sua totalidade, que se estima rondar os 3.000 artigos diferentes.

Além das coberturas, é possível encontrar amianto em pavimentos, tetos falsos e revestimentos de condutas de edifícios.

A associação considera importante definir um Plano Nacional de Ação para o Amianto, com o levantamento exaustivo dos edifícios e a avaliação dos riscos de exposição a esta fibra cancerígena.

A exposição dos seus ocupantes a este tipo de fibras poderá ter efeitos na saúde, tais como o desenvolvimento de doenças benignas (asbestose) ou malignas (cancro do pulmão, mesotelioma, laringe, ovários e gastrointestinal), explica.

Segundo a Quercus, em Portugal, são 39 os casos de mesotelioma referenciados, indiciando que "muitos casos são mal diagnosticados ou não é feita a correta relação causa-efeito entre a doença e a exposição a este contaminante".

O amianto é uma fibra mineral natural, abundante na natureza, com boas propriedades físicas e químicas, como resistência mecânica às altas temperaturas, durabilidade, facilidade de ser trabalhada como um tecido, e com baixo custo, por isso, foi muito utilizada na construção até aos anos 90.

Boletim polínico
Os pólenes em suspensão no ar vão estar em níveis muito elevados nos próximos dias em Portugal continental, informou a...

No boletim polínico divulgado a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) prevê que entre 28 de abril e 04 de maio, estarão em níveis muito elevados os pólenes de árvores como o pinheiro, bétula, oliveira, azinheira ou carvalho e das ervas como a urtiga, gramíneas, parietária e tanchagem.

Nos arquipélagos dos Açores e da Madeira prevêem-se níveis baixos de pólenes em suspensão.

Os pólenes das árvores e das ervas provocam na primavera reações alérgicas em muitas pessoas, caracterizadas normalmente por espirros, comichões ou falta de ar. Em algumas pessoas podem provocar rinite, conjuntivite ou asma.

Fundação Portuguesa de Cardiologia
A Fundação Portuguesa de Cardiologia quer pôr o desporto a salvar de mortes por AVC e doenças coronárias, pondo-o no centro do...

O presidente da Fundação, Manuel Carrageta, apontou as duas doenças que mais matam em Portugal para ilustrar o risco que afeta toda uma sociedade com tendência para o sedentarismo e acumulação de calorias.

Uma solução simples é o desporto, entendido como atividade física que todos podem fazer, que deve estar presente na vida das pessoas com pelo menos "meia hora a pé todos os dias", defendeu.

O cardiologista reiterou que o exercício beneficia os níveis de colesterol, a tensão arterial, a diabetes e ajuda a evitar o cancro do cólon e da mama, reduzindo o risco de morte prematura.

Para passar esta mensagem, a Fundação promove durante o mês de maio atividades como um torneio de golfe, outro de futebol de cinco e várias reuniões científicas, bem como rastreios e um peditório nacional.

No dia 27 de maio, há rastreios gratuitos e atividades desportivas no Jardim da Estrela, em Lisboa, no Festival do Coração.

Durante o mês, a Fundação divulga uma campanha pelo desporto como forma de ter saúde, apelando à atividade física para todos, sem pensar no aspeto competitivo.

"Não importa se não nasceste para o desporto, desde que o faças com o coração" é o mote da campanha.

Candidatura aprovada
O Conselho de Ministros aprovou hoje a candidatura de Portugal a sede da Agência Europeia do Medicamento, pretendendo instalá...

No ‘briefing’ do Conselho de Ministros de hoje, a ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, anunciou que Portugal pretende "ganhar esta agência para o espaço nacional", sendo intenção do Governo que a Agência Europeia do Medicamente seja instalada em Lisboa.

"A saída do Reino Unido da União Europeia determina a relocalização das agências europeias sediadas em Londres, entre as quais a EMA [European Medecines Agency], uma das maiores e mais importantes agências europeias, que tem como missão promover a excelência científica na avaliação, supervisão e monitorização da segurança dos medicamentos cuja utilização se destine à União Europeia e Espaço Económico Europeu", pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros.

Maria Manuel Leitão Marques explicou que Portugal decidiu "apresentar a candidatura de Portugal a este projeto", considerando que o país tem "capacidades técnicas e científicas, afirmadas a nível europeu pela qualidade da autoridade reguladora nacional em matéria de medicamento e o seu currículo internacional nesta matéria".

"Temos também uma boa posição geográfica para este efeito e portanto vamos lutar para ganhar esta agência para o espaço nacional, mas naturalmente teremos que rivalizar com outras cidades europeias - penso que Barcelona será uma delas que apresentará candidatura à possibilidade desta agência", assegurou.

A sede da Agência Europeia do Medicamento - cuja decisão da nova localização será tomada em dezembro pela União Europeia - é, segundo o Governo, "um fator de prestígio para o país que a acolhe e tende a atuar como polo de atração da presença da indústria farmacêutica, potenciando, em particular, as áreas de investigação e desenvolvimento e os ensaios clínicos".

Lisboa, de acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, "reúne as condições adequadas para acolher uma agência com este perfil, tendo nomeadamente uma excelente localização geográfica, com boas acessibilidades, incluindo aéreas, e capacidade hoteleira instalada".

"Portugal acolhe neste momento a Agência Europeia da Segurança Marítima e o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, sendo este último, dentro das agências europeias, um dos principais parceiros da Agência Europeia de Medicamentos".

No espaço de um mês, esta é a segunda vez que o Governo aprova em Conselho de Ministros resoluções relativas às consequências do Brexit, tendo a 30 de março dado luz verde à criação de uma estrutura de missão temporária, sob dependência do primeiro-ministro, com o objetivo de atrair para Portugal investimentos que pretendam permanecer na União Europeia após a saída do Reino Unido.

Na conferência de imprensa de hoje, a ministra da Presidência foi ainda questionada pelos jornalistas se o Governo tinha discutido a tolerância de ponto nos serviços públicos a 12 de maio, a propósito da visita do papa Francisco a Portugal.

"Não foi uma questão tratada no Conselho de Ministros", respondeu apenas.

Fonte do executivo avançou na quarta-feira à agência Lusa que o Governo vai conceder tolerância de ponto nos serviços públicos a 12 de maio, dia em que o papa Francisco chega a Portugal para o centenário das "Aparições" de Fátima.

União Europeia
O comissário europeu da Saúde manifestou-se preocupado com o que diz ser o “vergonhoso” impulso dos movimentos anti-vacinas na...

Vytenis Andriukaitis alertou para o perigo do ténue mas constante decréscimo de população vacinada na União Europeia, que atribui em parte à “criação da sensação de que há multinacionais que fazem negócio, mas não se preocupam com a saúde das pessoas”.

“As pessoas estão saudáveis, no geral, e não sentem o perigo”, afirmou o comissário europeu numa entrevista à agência espanhola Efe, numa altura em que vários países europeus assistem a uma atividade epidémica de sarampo.

Andriukaitis, que é cirurgião de formação, advoga uma harmonização dos diferentes calendários de vacinação entre os países da União Europeia e “um número de vacinas obrigatórias”.

Atualmente, o sarampo afeta pelo menos 18 países europeus, entre os quais Portugal, onde, até quarta-feira, havia 25 casos confirmados da doença.

Estudo
Um estudo internacional, no qual participaram investigadores do Instituto de Saúde Pública do Porto, concluiu que, ao contrário...

Os resultados são considerados “surpreendentes”, uma vez que, de acordo com os investigadores, “o peixe é rico em ácidos gordos da série ómega 3 e este tipo de ácidos gordos promove a produção de um tipo de substâncias com propriedades anti-inflamatórias”.

“Pensávamos que este mecanismo anti-inflamatório poderia atuar como protetor para o desenvolvimento de doenças respiratórias nas crianças, o que não se observou, juntando dados de diferentes populações”, explicou Andreia Oliveira, uma das investigadoras do ISPUP envolvida neste estudo internacional, juntamente com Henrique Barros.

A investigação envolveu 60.779 mães e crianças, pertencentes a 19 coortes (estudos longitudinais) - 18 europeias e uma dos Estados Unidos - que integram a rede europeia CHICOS, a qual visa melhorar a saúde infantil na Europa, através da investigação integrada de coortes mãe-filho no espaço europeu.

O estudo integrou uma sub-coorte de cerca de 400 grávidas da Geração 21 – coorte que avalia o crescimento e desenvolvimento de mais de oito mil crianças da cidade do Porto, desde o seu nascimento - que tinha sido inquirida sobre consumo de peixe durante a gravidez, utilizando um questionário de frequência alimentar especificamente validado para Portugal. Foi também fornecida informação relativa à prevalência de sintomas respiratórios, asma e rinite alérgica nos primeiros anos de vida das crianças, dos 0 aos 2, dos 3 aos 4 e dos 5 aos 8 anos.

Os dados portugueses foram integrados com a informação proveniente das restantes coortes, e harmonizados, com o objetivo de se fazer, posteriormente, uma estimativa conjunta, que permitisse retirar conclusões a nível europeu.

“A vantagem deste tipo de estudos reside no facto de juntarmos informação de diferentes coortes que são muito heterogéneas. Existem coortes em que as mães consomem muito peixe e outras em que consomem pouco peixe. Como tínhamos um âmbito de variação da exposição bastante alargado, e dada a plausibilidade biológica conhecida, esperávamos encontrar uma associação entre o consumo de peixe durante a gravidez e a saúde respiratória da criança”, referiu Andreia Oliveira.

Contudo, os resultados não apontam para que exista evidência de um possível efeito protetor do consumo de peixe, de pelo menos uma vez por semana durante a gravidez, e o desenvolvimento de pieira, asma e rinite alérgica, durante a infância.

“Como não o conseguimos mostrar após harmonização e pooling de informação de mais de 60 mil pares de mãe-criança, podemos dizer que, de facto, não parece existir essa associação”, sublinhou a investigadora do Instituto de Saúde Pública do Porto (ISPUP).

Os investigadores analisaram ainda o consumo por tipo de peixe (gordo ou magro) e fizeram algumas análises de sensibilidade (retirando uma coorte de cada vez, analisando o efeito por área geográfica das coortes, por exemplo), mas não conseguiram mostrar qualquer associação.

Para além da coorte portuguesa, o estudo contou com a participação de coortes provenientes dos Países Baixos, Dinamarca, Bélgica, Itália, Noruega, Espanha, Irlanda, França, Grécia, Reino Unido e Estados Unidos.

Os resultados do estudo constam do artigo designado “Fish and seafood consumption during pregnancy and the risk of asthma and allergic rhinitis in childhood: a pooled analysis of 18 European and US birth cohorts”, publicado no “International Journal of Epidemiology”, considerado “o mais importante” jornal dedicado à investigação epidemiológica.

Asma afeta 700 mil portugueses
No dia 2 de Maio assinala-se o Dia Mundial da Asma, doença respiratória crónica que afeta 700 mil portugueses e 300 milhões de...

Cada nove em 10 doentes com asma não controlada tem perceção errada do estado de controlo da sua doença, o que pode dificultar a procura de melhor tratamento e controlo. Uma das consequências do mau controlo são as agudizações de asma com necessidade de internamento, consultas de urgência e o absentismo à escola e ao trabalho. Atualmente, as principais dificuldades no controlo da doença são a inadequada adesão ao tratamento regular e contínuo e a utilização incorreta dos dispositivos inalatórios. E isto leva a que quase metade dos asmáticos portugueses não tenham a doença controlada (43% da população geral e 51% da população pediátrica).

Esta campanha conta com a participação de José Mata como protagonista de um vídeo de sensibilização para o diagnóstico e controlo da asma que será divulgado nas redes sociais e em spots de TV. A iniciativa pretende, desta forma, chamar a atenção destes doentes para o facto de existir uma solução para o seu problema respiratório crónico. É responsável por frequentes faltas ao trabalho ou escola e limitações na participação nas atividades habituais do dia-a-dia, bem como na qualidade de vida dos doentes. Estes custos sócio-económicos ocorrem especialmente, quando o insuficiente controlo da patologia origina a necessidade de cuidados de saúde urgentes e/ou de internamento hospitalar.

De um modo geral, em Portugal, os doentes com asma menos controlada caracterizam-se por serem de classes socioeconómicas mais desfavorecidas, terem menor grau de escolaridade, serem de idade pediátrica ou idosos e terem um índice de massa corporal aumentado.

Importantes avanços têm ocorrido no conhecimento da fisiopatologia destas doenças e atualmente existem fármacos eficazes, bem como consistentes orientações para o seu tratamento.

Mário Morais de Almeida, alergologista e presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos, explica que "a asma é uma doença crónica que pode e deve estar controlada. E está nas mãos do asmático e dos seus cuidadores alcançar este objetivo que reduz custos e aumenta a qualidade de vida".

Esta campanha conta com o apoio da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a Fundação do Pulmão, a Associação Portuguesa de Asmáticos (APA) e do Grupo de Trabalho de Problemas Respiratórios (GRESP) da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).

Estudo
A região de Lisboa concentra a maioria dos médicos do Serviço Nacional de Saúde, com 250 profissionais por 100 mil habitantes,...

Excluindo os médicos internos, a Área Metropolitana de Lisboa concentra a maioria dos médicos do SNS, enfermeiros (496 por 100.000) e farmacêuticos (145 por 100.000), enquanto a região Norte concentra a maior parte dos dentistas (94 por 100.000), refere o relatório ‘Health Systems in Transition (HiT)’.

Segundo o ‘HiT’, realizado pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), no âmbito do Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde, o Alentejo é a região que sistematicamente regista o rácio mais baixo de médicos do SNS (100 por 100.000)”, enfermeiros (273 por 100.000) e dentistas (36 por 100.000).

O Alentejo também regista o rácio mais baixo de médicos de família (41 por 100.000), bastante abaixo da área de Lisboa (69 por 100.000).

Para os autores do estudo, “a continuidade da reforma dos cuidados de saúde primários e a atribuição de um médico de família a todos os utentes do SNS”, é “fundamental para combater iniquidades e desajustes no acesso aos cuidados de saúde em Portugal”.

O Alentejo e o Algarve também têm o rácio mais baixo de psiquiatras (dois por 100.000), enquanto Lisboa tem sete psiquiatras por 100.000 habitantes.

“A área da saúde mental representa um problema importante nas áreas mais isoladas em Portugal, como o Alentejo, o que significa que a distribuição de profissionais de saúde não atende com rigor às necessidades da população”, observa o estudo coordenado em Portugal pelo economista Jorge Simões, do IMHT.

De acordo com o ‘HiT’, “apenas as cidades mais importantes do interior ou litoral interior” - Braga, Coimbra, Viseu, Leiria e Santarém – “revelam ser capazes de atrair alguns médicos, deixando a maior parte do território, sobretudo áreas rurais com população envelhecida, com escassez de profissionais”-

Relativamente aos cuidados de saúde primários, o relatório afirma que, “apesar dos progressos registados, o objetivo de atribuir a todos os cidadãos um médico de família numa unidade de cuidados de saúde primários do SNS não foi alcançado até agora”.

Contudo, a criação de Unidades de Saúde Familiar representou “um passo importante na prestação de cuidados de saúde primários”.

Sobre a reorganização e racionalização da rede hospitalar, o relatório afirma que “está ainda para ser concretizada” e defende que “a reforma deve visar a redução de excessos de capacidade em algumas regiões e a transferência de recursos para áreas com menor oferta, permitindo, ainda, uma otimização global dos recursos”.

O estudo assinala também o aumento da oferta do setor privado e a procura crescente destes serviços, explicado, em grande parte, pelos tempos de espera relativamente longos para consultas e cirurgias no SNS.

Dados do relatório indicam que o número de pessoas com seguro aumentou de aproximadamente de 500 mil pessoas em 1990 para quase 2,6 milhões em 2015, abrangendo mais de um quarto da população.

Relatório
A saúde em Portugal representa quase dois terços da despesa total do Estado, mas está entre as mais baixas da União Europeia,...

Segundo o relatório, a despesa pública com a saúde em Portugal totaliza 64,7% do total dos encargos do Estado, enquanto a média da UE é de 76%.

Elaborado pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), no âmbito do Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde, o relatório ‘Health Systems in Transition (HiT)’ faz uma descrição detalhada do sistema de saúde de cada país, bem como das reformas e iniciativas políticas em curso ou em processo de desenvolvimento.

Segundo o relatório, “o sistema de saúde português é dos mais eficientes da Europa, pela melhoria da esperança de vida e da contenção da despesa total”, sobretudo por restrição de preços e custos.

Mas a crise económica e o programa de ajustamento económico e financeiro provocou mudanças na despesa total em saúde, tendo-se observado “um decréscimo significativo da despesa pública em saúde em Portugal (-9.7%)”, entre 2010 e 2014.

“O programa de ajustamento económico e financeiro impôs cortes na despesa pública em saúde, tendo uma parte desses cortes sido dirigidos ao setor privado”, refere o ‘HiT’, coordenado em Portugal pelo economista Jorge Simões, do IMHT.

Desde 2010, a despesa total em saúde diminuiu e a despesa pública em percentagem da despesa total em saúde (64,7%) está entre as mais baixas da UE, cuja média é de 76,0%.

Já o encargo das famílias com a saúde, que já era significativo antes da crise, foi agravado por algumas políticas, representando os pagamentos diretos 26,8% do PIB em 2014 e 27,6% em 2015, valores que estão entre os mais elevados da União Europeia (UE).

A maior parte das despesas de saúde privadas é contabilizada como despesa das famílias, sob a forma de pagamentos diretos feitos pelos cidadãos para aquisição de medicamentos, exames de diagnóstico e consultas de especialidade.

“O financiamento dos cuidados de saúde em Portugal é, de forma geral, ligeiramente regressivo, devido à elevada proporção das despesas das famílias, juntamente com uma pesada importância dos impostos indiretos” sobre bens e serviços, que representaram 42,3% das receitas totais do governo em 2015, enquanto a média europeia é de 34,7%.

Sobre a despesa com medicamentos vendidos em ambulatório, o relatório refere que “diminuiu 12% entre 2011 e 2015”, resultado de “uma grande descida dos preços” dos fármacos que “conseguiu contrariar o aumento do consumo sobre a despesa total e sobre a despesa pública em medicamentos”.

Por outro lado, a procura crescente por seguros de saúde levou a um aumento da oferta, um fenómeno que se deve em parte aos tempos de espera para consultas e cirurgias no Serviço Nacional de Saúde (SNS), "pelo que a sustentabilidade do SNS é um dos maiores desafios que o governo enfrenta".

Sobre a sustentabilidade financeira do SNS, o 'HiT' afirma que “estão, aparentemente, esgotadas as medidas tomadas pelo governo anterior: diminuição do preço do trabalho dos profissionais, dos medicamentos e dos preços dos prestadores privados com financiamento público”.

"A sustentabilidade financeira do SNS reside, fundamentalmente, no crescimento” do seu orçamento e “na melhoria da eficiência no funcionamento das unidades públicas de saúde, que compreende a melhoria na utilização das tecnologias de informação e comunicação”, defende.

Inquérito
Mais de dois terços dos portugueses vivem vidas sedentárias, com menos de hora e meia de exercício semanal, e a maioria...

Dos 67 por cento dos inquiridos que são considerados sedentários, metade (49%) afirma que o exercício não é importante ou interessante para si, um aumento de seis pontos percentuais em relação a 2015, ano do inquérito anterior.

Entre os inquiridos sedentários, as caminhadas (25%) e o futebol (10%) são apontadas como atividade física favorita, mesmo que não sejam praticantes, mas uma percentagem de 36% diz que não gosta de qualquer exercício.

A percentagem de ativos diminuiu de 36% em 2015 para 33% em 2017, o que se atribui à descida na população com 45 ou mais anos, visível especialmente no Grande Porto e no Alentejo, com o Algarve a registar a única subida regional na população ativa.

Quanto aos 33% da população que são ativos mais de uma hora e meia por semana, 46% dizem que praticam exercício andando a pé, enquanto 17% escolhem o ginásio ou musculação e 12% o futebol.

Entre os ativos, 49% vê o exercício como uma obrigação, algo que sentem que devem fazer.

Em média, 25% dos ativos passa cerca de duas horas a correr, um número que desceu desde 2015, quando o tempo médio semanal passado em corrida ultrapassava as três horas.

Entre mais de mil pessoas entrevistadas, chegou-se à conclusão de que o tempo médio passado sentado é de 4,3 horas diárias, com uma percentagem significativa (29%) a admitir que está sentado entre cinco e dez horas por dia.

O inquérito foi apresentado publicamente hoje em Lisboa, no dia em que a Fundação Portuguesa de Cardiologia anuncia também a programação para as cinco semanas do Mês do Coração 2017, que se assinala em maio.

O objetivo é destacar as vantagens do exercício físico para a prevenção de doenças cardiovasculares.

No estudo, realizado pela empresa Gfk Metris, foram entrevistadas no mês de abril 1216 pessoas que responderam a um questionário, selecionadas para ter uma amostra abrangente baseada nos critérios de idade, sexo, região e dimensão do agregado familiar.

Ordem dos Médicos Veterinários
A propósito dos recentes casos de ataques de cães potencialmente perigosos, a Ordem dos Médicos Veterinários vem alertar para a...

De acordo com Jorge Cid, Bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, “Há de facto raças com um maior potencial de agressividade e perigosidade, contudo tudo depende da educação que o animal recebe do dono, treinador ou criador. A fiscalização deve ser assim mais apertada e não se cingir apenas às denominadas raças perigosas, pois aqui também encontramos cães sociáveis e afetuosos”.

A Ordem dos Médicos Veterinários defende por um lado, que essa fiscalização deverá começar pelos criadores destas raças averiguando se a seleção genética que estão a fazer é correta. Seguidamente o acompanhamento das respetivas ninhadas e o modo como os seus novos detentores estão a cumprir as normas que já estão estipuladas na Lei. Refere ainda que estes animais devem ser socializados e treinados desde muito cedo para que se possam tornar cães sociáveis e afetuosos. Deve ainda haver um seguimento regular quer do cão quer do seu tutor para se poder comprovar a sua correta evolução comportamental.

As raças potencialmente perigosas apresentam condições específicas para a sua posse e circulação, estando previstas por lei, coimas para quem não as cumprir. São considerados cães de raça potencialmente perigosa, aqueles que, possam causar lesões ou a morte de pessoas ou animais, devido ao seu comportamento mais agressivo ou tamanho e potência da mandíbula. Para se poder ter um cão de uma das raças potencialmente perigosas, o seu responsável deverá ser maior de 16 anos, terá de ter uma licença aprovada anualmente, pela junta de freguesia da sua área de residência, a vacina antirrábica, assim como o microchip e seguro de responsabilidade civil.

Parlamento
A Associação Nacional de Municípios Portugueses vai hoje defender, no parlamento, um “levantamento rigoroso” dos diferentes...

O Conselho Diretivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) reuniu na quarta-feira para abordar as competências que o Estado pretende passar para as autarquias, na véspera de uma audição pelo grupo de trabalho que está a ouvir os vários intervenientes nesta descentralização.

No final do encontro, o presidente da ANMP, Manuel Machado, afirmou que a associação de municípios defende um “levantamento rigoroso” dos diferentes aspetos da transferência de competências da administração central para evitar depois uma “insuficiente resposta” das autarquias na prestação dos novos serviços públicos.

O autarca do PS, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, preconizou que deve haver da parte do legislador “preocupação para expressar com exatidão o que é efetivamente objeto de transferência” para os municípios.

“A nossa preocupação é evitar que haja áreas em que as missões se sobreponham e depois gerem dificuldades” na sua execução, “em áreas tão sensíveis” como a saúde, a segurança social e educação, entre outras, acrescentou.

O presidente do conselho diretivo da ANMP salientou a necessidade de fazer corresponder as novas atribuições e competências das autarquias a um reforço dos recursos humanos e financeiros, a fim de evitar “situações de insuficiente resposta”, omissões ou “terras de ninguém” na prestação dos serviços à população.

Alguns dos seis grupos de trabalho que estão a preparar a transferência de competências já “começaram a trabalhar”, mas não têm condições para terminar o processo negocial até ao fim de maio, como esteve previsto, adiantou.

Após a audição da ANMP, o grupo de trabalho vai ainda ouvir no parlamento os representantes das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.

Na passada quinta-feira, o grupo ouviu também uma delegação da Associação Nacional de Freguesias (Anafre), cujo presidente, Pedro Cegonho (PS), afirmou que estas autarquias "estão confortáveis" com as propostas do Governo para a descentralização de competências, que permitirá reforçar a autonomia do poder local.

No início de abril, o grupo aprovou a realização de cerca de “cerca de 20 audições”, de natureza temática, algumas com centenas de participantes.

Escola Nacional de Saúde Pública
Um estudo sobre o financiamento da saúde mental em Portugal propõe pagar mais aos hospitais por paciente se conseguirem tratar...

Os autores do estudo da Escola Nacional de Saúde Pública recomendam também a criação de incentivos para as equipas de cuidados de saúde primários para seguirem durante os três primeiros anos de vida crianças em risco ou com necessidades especiais.

O estudo “Modelos de Pagamento Inovadores para o Sistema de Saúde Mental Português", que será divulgado hoje em Lisboa, faz uma avaliação dos mecanismos atuais de pagamento dos prestadores no sistema de saúde mental e propõe um novo modelo de financiamento.

Para os autores do estudo, “o modelo de financiamento dos hospitais não favorece as melhores práticas em saúde mental, principalmente porque incentiva o volume de serviços e não o seguimento continuado dos doentes”.

“Adicionalmente, não há incentivos à articulação entre outros atores do sistema de saúde mental e os cuidados na comunidade”, refere o estudo.

O modelo de financiamento dos cuidados de saúde primários também “não favorece a sua implicação na saúde mental”, porque “incentiva os médicos a terem longas listas de utentes”.

Além disso, “os recursos humanos são insuficientes e pouco apoiados para intervir na saúde mental” e “ pagamento pelo desempenho não inclui nenhum indicador específico de saúde mental”.

“O envolvimento insuficiente dos cuidados de saúde primários na saúde mental tem repercussões na prevenção” destes problemas no início da vida, na deteção de perturbações de saúde mental na infância e na adolescência, e no tratamento de perturbações leves e moderadas nos adultos”, sublinha a investigação.

Em declarações, o coordenador do estudo, Julian Perelman, apontou “as graves” dificuldades de acesso aos cuidados de saúde mental como um dos “principais problemas” nesta área.

Segundo um estudo da Universidade Nova, apenas 15% do total das pessoas que precisam de cuidados de saúde mental têm acesso a estes.

Julian Perelman apontou como outros problemas o “excesso de hospitalizações”, a falta de implementação de serviços na comunidade, a precária coordenação entre os diferentes prestadores de cuidados, que dificultam a continuidade do tratamento, e o sub-financiamento crónico desta área.

“Muitas das pessoas com problemas de saúde mental não sabem onde dirigir-se e quando sabem muitas vezes não encontram respostas, principalmente nos cuidados de saúde primários que não estão muito bem preparados para dar o seguimento para este tipo de problemas”, sublinhou.

Por outro lado, “quando há problemas graves há uma tendência grande para hospitalizar as pessoas em vez de tentar tratá-las na comunidade”.

Para combater estas dificuldades, o estudo defende” incentivos para a prevenção de perturbações mentais no início da vida e a sua deteção na infância e na adolescência” e um modelo para o tratamento da depressão nos cuidados de saúde primários.

Para a prevenção das perturbações mentais no início da vida, o estudo sugere o pagamento de um valor fixo anual à equipa de família, equivalente a 12 consultas por ano.

Para os hospitais, propõe ”um pagamento integrado, centrado no doente, para as perturbações mentais graves”, para que seja seguido e tratado na comunidade.

“Se não lhe damos um sinal de que vão ser compensados pelo trabalho adicional então há pouca probabilidade que façam este trabalho”, disse Julian Perelman.

Para os autores do estudo, “as fortes lacunas do sistema de saúde mental”, em termos de acesso e qualidade, “requerem uma ação forte, rápida, sustentada e inovadora”.

Nesse sentido, sugerem que a proposta seja aplicada como projeto-piloto, acompanhado de “uma avaliação séria e detalhada da sua efetividade e custo-efetividade”.

Vacinação
O diretor-geral da Saúde condenou a “moda bizarra” de não vacinar as crianças, indicando que isso tem tido consequências, e...

“Não é tolerável que as mães ou pais possam dispor do destino dos seus filhos no que respeita à vacinação. É um direito das crianças estarem protegidas. A mãe e o pai têm o dever de tratar da criança”, afirmou Francisco George aos deputados da comissão parlamentar da Saúde.

O diretor-geral da Saúde foi ontem ouvido no parlamento, a pedido do PCP, sobre o atual surto de sarampo e foi questionado sobre a obrigatoriedade ou não da vacinação, tendo optado por insistir que considera as vacinas “um dever”.

Sobre a cobertura vacinal, Francisco George indicou que Portugal tem “muito poucos cidadãos abaixo dos 18 anos que estejam vulneráveis”, mas adiantou que os serviços de saúde têm indicação para convocar os menores quando não estão a cumprir o calendário vacinal do Programa Nacional.

O diretor-geral admitiu que a imunidade de grupo não é totalmente homogénea no país, havendo zonas ou agrupamentos de centros de saúde com menores níveis, uma situação que está a ser averiguada pelas autoridades.

Contudo, Francisco George afirma que Portugal continua a ter imunidade de grupo e que o sarampo “não tem condições de se propagar facilmente” ou para “provocar uma epidemia de larga escala”.

Atualmente o país está perante uma “atividade epidémica”, que a Direção-Geral da Saúde acredita que será confinada. Até ao momento há 25 casos confirmados de sarampo, um deles levou à morte de uma jovem de 17 anos que não estava vacinada.

Direção-Geral da Saúde
O diretor-geral da Saúde defende que a vacinação é um dever mas não considera necessário torná-la obrigatória para se...

Francisco George foi ouvido pelos deputados na comissão parlamentar de Saúde, a pedido do PCP, sobre o recente surto de sarampo em Portugal e que também se verifica em vários países europeus.

Os grupos parlamentares quiseram saber a posição do diretor-geral da Saúde sobre a necessidade de tornar obrigatórias as vacinas do Programa Nacional, mas Francisco George foi remetendo essa questão para uma eventual decisão da Assembleia da República.

Mas no final da comissão, em declarações aos jornalistas, disse que considera que não é necessário tornar as vacinas obrigatórias para se ter níveis muito elevados de vacinação.

Contudo, Francisco George frisa que a vacinação é um dever para qualquer mãe, pai ou educador: “é um dever assegurar a proteção dos filhos das doenças evitáveis pela vacinação”.

O diretor-geral considerou mesmo que as vacinas são um dever equivalente aos cuidados que uma mãe ou um pai têm em não deixar uma criança sozinha num carro enquanto vão às compras.

"A obrigatoriedade deve dar lugar a um dever social", disse aos jornalistas.

Ainda assim, o diretor-geral da Saúde considera que deve ser a Assembleia da República a fazer um debate sereno sobre a necessidade de tornar ou não obrigatórias as vacinas.

A este propósito recordou que os deputados vão apreciar na especialidade a lei de saúde pública, já aprovada na generalidade, documento que tem uma secção dedicada à vacinação. Por isso, George entende que neste âmbito pode ser tomada uma decisão sobre a obrigatoriedade ou não do Programa Nacional de Vacinação.

No final da reunião com os deputados, a socialista Maria Antónia Almeida Santos, que ontem assumia a presidência da comissão parlamentar de Saúde, lembrou ao diretor-geral que nem a comunidade científica, nem a Direção-Geral da Saúde nem qualquer entidade fez chegar à comissão qualquer recomendação para se legislar sobre a obrigatoriedade das vacinas.

Viver com doença pulmonar crónica
Foi na sequência de um episódio de dispneia aguda que Luís Gottschalk descobriu que sofria de Doença

Considerada como umas das principais causas de morbilidade e mortalidade em todo o mundo, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica é, de acordo com João Almeida, Pneumologista e membro da Fundação Portuguesa do Pulmão, “uma doença respiratória que causa diminuição do calibre das vias aéreas respiratórias e destruição do tecido pulmonar”. Tosse, expetoração e dificuldade respiratória são os principais sintomas.

“No meu caso, a doença é resultado do tabagismo. Fumei desde a adolescência, talvez desde os 15 anos até ao momento do diagnóstico”, começa por contar Luís que chegou a fumar, em média, 80 cigarros por dia.

Cansaço, descontrolo na respiração, dor no peito, “ataques convulsivos de tosse acompanhada de náusea” eram sintomas de uma doença que o acompanhava já há vários anos. “Porém até ter sofrido um primeiro episódio de dispneia aguda, eu conseguia dominar estes sintomas, melhor ou pior, interrompendo o esforço e descansando”, explica admitindo que “para quem soubesse (e quisesse) reconhecê-los, os sintomas estavam presentes vários anos antes do diagnóstico”.

Foi, porém, a sensação de falta de ar “quase incontrolável” e o pânico que a acompanhou que levaram este antigo professor de filosofia a procurar ajuda médica.

“Para um pneumologista os sintomas descritos são suficientes para um diagnóstico”, diz. No entanto, os exames – as provas da função respiratória e a TAC – permitem confirmá-lo e avaliar a gravidade da doença.

Luís tinha 45 anos quando em 1993 foi diagnosticado com DPOC. “Tinha uma vaga ideia de que a bronquite era resultado do fumar, mas não um conhecimento preciso da sua natureza, gravidade ou consequências. Quanto ao enfisema não tinha nenhuma ideia do que pudesse ser. O facto é que não me apercebi da gravidade da doença, nem imaginava até que ponto podia ser incapacitante”, recorda.

Talvez por isso tenha tido, na sua opinião, uma reação “inteiramente inadequada” quanto a este diagnóstico, ignorando completamente todos os conselhos médicos.  “Nem deixei de fumar, nem passei a praticar regularmente atividade física. Limitei-me a cumprir a medicação prescrita”, refere.

“Mesmo quando os episódios de dispneia aguda se repetiam, em considerava-os estados passageiros atribuindo-os a constipações ou gripes, sem assumir que eram o sinal evidente do agravamento progressivo da doença”, acrescenta admitindo que, durante anos, não foi capaz de assumir que sofria de uma doença grave nem de relacionar as crises que ia vivendo com a DPOC.

Para Luís, os sintomas que experimentava deviam-se a tudo menos aos hábitos tabágicos que, entretanto, foi incapaz de deixar. “Como o médico me disse um dia, eu estava a apagar o fogo com petróleo”, recorda.

O agravamento da doença: “há males que vêm por bem”

“Nos 10 anos que se seguiram ao diagnóstico (entre 1993 e 2003) o meu estado foi-se agravando e, as crises esporádicas tornaram-se cada vez mais frequentes e a doença acabou por afetar de modo permanente toda a minha vida”, conta.

No início de 2003 Luís já não conseguia subir escadas, tinha dificuldades em falar – ao ponto de lhe ser cada vez mais difícil dar aulas – sofria de ataques de pânico em espaços apertados (mesmo dentro do seu próprio carro) e andar, ainda que distâncias curtas, passou a ser tarefa quase impossível. “A luta para conseguir respirar tornou-se constante, os músculos das costas, ombros e pescoço estavam permanentemente tensos”, recorda.

Porém, na sequência de uma forte gripe, nesse mesmo ano Luís decidiu deixar de fumar. “Há males que vêm por bem. Durante os 5 ou 6 dias em que estive doente decidi-me, não propriamente a deixar de fumar, mas adiar por um dia a retomar o hábito. Sempre e apenas por um dia. Esse dia. E, no dia seguinte, a mesma decisão. Até hoje”, explica.

Apesar da melhoria significativa do seu estado de saúde, a verdade é que, os danos causados pelo enfisema no tecido pulmonar eram já irreversíveis. “Um ano depois de deixar de fumar sofri um pneumotórax. No meu caso, por causa da DPOC, não resultaram as técnicas habituais para cicatrização e tornou-se necessária uma intervenção cirúrgica. E sendo necessária a cirurgia, os médicos propuseram-me remover a parte do tecido pulmonar disfuncional e inútil para que o restante pudesse cumprir mais eficazmente a sua função”, acrescenta admitindo que este foi o verdadeiro início da sua reabilitação.

Tratamento que ensina a respirar

O tratamento da DPOC depende dos sintomas e da gravidade da doença. De acordo com os especialistas muitos doentes não necessitam de tratamento crónico, necessitando apenas de recorrer a terapêutica aconselhada nos períodos de exacerbação da doença.

Os doentes com sintomas regulares necessitam habitualmente de tratamento com inaladores, que reduzem o estreitamento das vias aéreas, relaxando os músculos destas vias.

Já os doentes com obstrução grave das vias aéreas e com exacerbações frequentes podem ser tratados com corticosteróides inalados, na tentativa de redução da frequência destas exacerbações, podendo mesmo fazer corticosteróides orais nas exacerbações mais graves.

Nesta situações pode, igualmente, ser necessária a utilização de oxigénio, quer por pequenos períodos, quer de forma contínua quando há insuficiência respiratória crónica.

Para Luís Gottschalk, tão importante quanto a terapêutica, é a reabilitação respiratória. Um parte integrante do tratamento da doença mas que “infelizmente não está ainda suficientemente desenvolvida no nosso país e é pouco conhecida”.

“Basta dizer que durante os 10 ano anteriores à cirurgia a que fui submetido desconhecia por completo esta terapia e a sua importância para a manutenção da qualidade de vida”, justifica o doente.

A verdade é que, para um doente que sofre de enfisema e cuja capacidade se encontra diminuída é essencial manter os brônquios desobstruídos. “O terapeuta tem aqui uma função indispensável, não só porque aplica técnicas de drenagem, como ensina os exercícios respiratórios que o doente pode utilizar em casa, sozinho, diariamente, para assegurar a desobstrução”, afirma Luís.


A prática regular de exercício físico melhora o desempenho diário do doente

Por outro lado, acrescenta, que existem formas de respiração que facilitam e optimizam a utilização da parte saudável dos pulmões que necessitam de se apreendidas. “No meu caso, a aprendizagem da respiração diafragmática foi essencial. O controlo do ritmo da respiração e a sua sincronização com o esforço também é importante, mas necessita de ser aprendido”, explica.

Nos 10 anos que se seguiram à cirurgia e à reabilitação Luís, confessa, viveu um período excepcional, praticando exercício intensamente e sentindo-se como nunca.

No entanto, no final de 2013 é vítima de uma infeção respiratória que lhe traz de volta alguns dos sintomas controlados. “Voltei a recorrer à terapia de reabilitação respiratória”, recorda.

“Infelizmente, talvez porque não sou suficientemente cuidadoso a resguardar-me do frio, que raramente sinto, tive outras duas infeções no espaço de um ano (entre Janeiro de 2016 e Janeiro de 2017), estas mais graves e debilitantes e que exigiram ambas um curto período de internamento”, acrescenta referindo que, nos últimos dois anos,  se viu obrigado a reduzir a atividade física “quase que apenas à terapia, com uma frequência variável, dependendo da gravidade dos sintomas”.

Ao dar o seu testemunho, Luís Gottschalk espera sensibilizar fumadores e não fumadores para uma patologia que afeta mais de 600 mil portugueses.

“Deixar de fumar é a condição primeira para readquirir a qualidade de vida. Não tenho qualquer dúvida de que os meus dias estavam contados ou que, pelo menos, iria em breve ficar incapacitado para exercer qualquer atividade, qualquer esforço, por mínimo e corriqueiro que fosse”, refere.

“Não se resignem à perda de qualidade de vida. A medicina e a reabilitação respiratória são uma opção real que pode recuperar, ao menos em grande medida, essa qualidade que dá à vida o seu sentido”, aconselha.  

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

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