Direção-Geral da Saúde
Pais que se esqueceram de vacinar filhos, pessoas em situação económica vulnerável ou imigrantes em situação irregular...

Pais que perderam a perceção do risco e se esqueceram de vacinar os filhos. Pais que têm difícil acesso à saúde por razões económicas ou estão em situação irregular em Portugal. Estrangeiros e portugueses que são contra as vacinas. Embora não se saiba o número exato, cerca de 5% das crianças e jovens até aos 18 anos não estão vacinados contra o sarampo, estima a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Tendo em conta que, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE), residiam em Portugal, em 2015, cerca de 1 milhão e 900 mil crianças e jovens até aos 18 anos, cerca de 95.600 indivíduos nessa faixa etária (os tais 5%) não estarão vacinados.

Este é o perfil de quem compõe as “bolsas de não-vacinados” que estão a preocupar os especialistas, numa altura em que os casos de sarampo confirmados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge já chegam aos 21, informou a DGS em comunicado esta segunda-feira à noite, e um ano depois de a doença ter sido declarada eliminada em Portugal. Vários outros doentes estão em investigação.

Ao final do dia de segunda-feira, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, questionou os “direitos e deveres” dos pais que não fazem vacinação dos filhos pois “essa decisão não põe em risco apenas as próprias crianças”, tem “um reflexo na comunidade”. Também disse que estava a ser estudada a hipótese de baixar a idade da primeira vacina para antes dos 12 meses.

Atualmente, a vacina do sarampo é administrada em duas doses: uma aos 12 meses e uma segunda aos cinco anos. O grupo mais vulnerável é o das crianças entre os 6 e os 12 meses, “pois já não têm os anticorpos maternos e ainda não fizeram a primeira dose”, afirmou ao jornal Público Maria do Ceú Machado, que foi Alta Comissária da Saúde e diretora do departamento de Pediatria do Hospital Amadora-Sintra e foi nomeada no mês passado para a presidência do Infarmed.

95% vacinados
Teresa Fernandes, da equipa de coordenação do Programa Nacional de Vacinação (PNV) da DGS, referiu ao jornal Público que a percentagem de 95% de pessoas vacinadas corresponde a uma média nacional, mas sublinhou que há pequenas comunidades, a nível local, com taxas mais altas de não-vacinados onde o risco aumenta.

Estas comunidades estão em bairros ou são famílias, são “pequenas populações”, afirmou. A DGS sabe onde estão as crianças que não cumpriram o PNV, mas ao jornal Público a especialista preferiu não especificar a sua dispersão geográfica para não lançar o pânico. “A nível local e regional estão a ser desenvolvidas ações” de sensibilização para conseguir a sua vacinação, acrescentou.

As “bolsas de não-vacinação” preocupam os especialistas, já que, como explicou Ricardo Mexia, da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, a existência de um grupo que não esteja vacinado aumenta a probabilidade de contágio e de propagação da doença.

Em 2001, a taxa de vacinação era de 98% e em 2007 tinha baixado para 95%, lembra Ricardo Mexia. A vacina do sarampo tem "imunidade de grupo", ou seja, têm de estar mais de 95% das crianças vacinadas para a população estar protegida, explica, por seu lado, Maria do Céu Machado.

Teresa Fernandes revelou ainda que as taxas mais baixas da cobertura da vacina foram detetadas sobretudo em crianças que tinham sete anos em 2016 e que não receberam a segunda dose.

Para esta especialista, apesar de, a nível europeu e mundial, existirem pais que não vacinam os filhos por serem contra, em Portugal esse fenómeno ainda não gera preocupação. Também Luís Varandas, da Comissão de Vacinas da Sociedade de Infecciologia Pediátrica e da Sociedade Portuguesa de Pediatria, não o considera problemático. “Podemos especular sobre as razões do reaparecimento [do sarampo] mas uma delas prende-se com a própria doença que é altamente contagiosa e não precisamos de muitos casos para se propagar”, comenta. “O outro aspeto são as bolsas de não-vacinação em termos europeus, porque há muito sarampo na Europa. E outro é a mobilidade: alguém que está em período de incubação e se desloque, facilmente transmite a doença. Se todos os anos temos 1% da população que não está vacinada, ao fim de cinco anos temos uma pool de pessoas não imune relativamente alto.”

“Clusters de estrangeiros"
Já Maria do Ceú Machado diz que há “clusters de estrangeiros (sobretudo belgas e alemães) e alguns portugueses que se dizem esclarecidos”, nomeadamente um grupo nos arredores de Lisboa, que opta pela não-vacinação.

Segundo o Centro Europeu de Controlo de Doenças, o sarampo cresceu na Europa e quase todos as situações terão ligação ao surto que começou na Roménia em Fevereiro de 2016, país que lidera o número de surtos com mais de quatro mil casos, diz a Lusa. A agência refere que nos primeiros quatro meses do ano houve mais casos de sarampo em Portugal do que na última década.

As razões do reaparecimento do sarampo em Portugal ainda estão a ser analisadas. Francisco George lembrou que é necessária uma pesquisa grande já que o período em que pode haver contágio antes de aparecerem as erupções na pele é de até quatro dias e a incubação pode chegar às três semanas.

Só a partir de 1990 é que a vacina do sarampo foi generalizada em Portugal – por isso quem nasceu entre 1974 e 1990, em princípio, só recebeu uma dose. Até 1974, quando foi introduzida a vacina do sarampo no PNV, a maioria dos adultos contraía sarampo, pelo que nessa faixa etária há mais pessoas imunes. Neste momento, as recomendações são uma dose para os adultos. Em caso de dúvida sobre se se está ou não vacinado, deve-se vacinar, aconselha Teresa Fernandes.

Grupos vulneráveis
Além das pessoas que não estão vacinadas e das crianças até aos 12 meses, os profissionais de saúde e pessoas que não tiveram segunda dose estão entre os grupos vulneráveis, afirma Luís Varandas. “E quanto maior o tempo de contacto, maior a probabilidade de contrair a doença.” 

A equipa do PNV está a chamar as crianças que não estão vacinadas. A vacinação não é 100% eficaz, mas a probabilidade de alguém vacinado apanhar sarampo baixa significativamente – além de se tornarem menos graves os sintomas, como febre, erupções cutâneas, tosse ou conjuntivite. O sarampo é uma das principais causas de morte de crianças no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). As encefalites, pneumonia e otites que degeneram em surdez são algumas das consequências mais perigosas.

A Teresa Fernandes, da DGS, rejeita a ideia de epidemia. Como a doença foi declarada eliminada pela OMS, “há um número de casos acima do esperado”. Também Luís Varandas não acredita num surto, mas diz que " vai haver mais casos”.

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte
A região Norte será a mais envelhecida do país a partir de 2033 e perderá o estatuto de mais populosa, segundo projeções feitas...

Estas projeções constam do primeiro número do novo boletim “Norte Estrutura” da Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDR-N), apresentado no Porto e elaborado com base nas projeções demográficas recentemente atualizadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que “evidenciam claramente uma tendência para a continuação do declínio da população residente e para o agravamento do envelhecimento demográfico”.

Os dados disponíveis para o Norte revelam que esta deverá ser a região “que mais contribui para a diminuição da população residente em Portugal” e que, “durante a década de 50, deverá deixar de ser a região mais populosa, passando esse papel a ser desempenhado pela Área Metropolitana de Lisboa”.

Menos de três milhões de pessoas em 2048
A partir de 2048, a região do Norte deverá passar a ter menos de três milhões de habitantes, face aos atuais 3,6 milhões, precisa a CCDR-N.

Adicionalmente, escreve o Sapo, a partir de 2033 o Norte deverá destacar-se como a região NUTS II portuguesa com a população mais envelhecida, ultrapassando o Alentejo, sendo que dentro de 50 anos a população até aos 64 anos cairá para cerca de metade e o índice de envelhecimento de 2052 até 2080 será de 398 e de 413 idosos (respetivamente) por cada 100 jovens.

Atualmente existem no Norte 140 idosos por cada 100 jovens, número que compara com os 50 a 60 idosos por cada 100 jovens registados no início da década de 90.

Para além das projeções demográficas para o período 2015-2080, o primeiro boletim “Norte Estrutura” analisou ainda a evolução do mercado de trabalho da região entre 2008 e 2016, tendo concluído que os movimentos migratórios de saída de população têm atuado “como um mecanismo de regulação, primeiro fazendo conter o crescimento do desemprego [entre 2008 e 2013] e depois, inversamente, potenciando a sua redução [entre 2013 e 2016]”.

Segundo os dados hoje divulgados, nos últimos oito anos a evolução do mercado de trabalho a Norte caracterizou-se pela diminuição da oferta de mão-de-obra em resultado do efeito combinado do decréscimo da população residente (em cinco sextos decorrente do saldo migratório), do envelhecimento demográfico e da queda das taxas de atividade em alguns grupos etários.

No período, 69% da redução da população ativa ocorreu entre a mão-de-obra masculina.

Se entre 2008 e 2013 houve no Norte uma destruição líquida de emprego, com as menos 236 mil pessoas empregadas na região a significar que dois em cada 15 empregos desapareceram, entre 2013 e 2016 houve uma inversão de ciclo e foram criados 50 mil empregos líquidos.

A indústria transformadora e o comércio foram os setores cujo nível de emprego exibiu uma evolução “marcadamente cíclica”, em oposição à saúde e educação, que quase não perderam ou mesmo aumentaram o emprego, sendo a tendência negativa do emprego “persistente no setor primário” e apresentado a construção e o alojamento/restauração um efeito tardio da inversão de ciclo, ao apenas começarem a aumentar os níveis de emprego em 2016.

De acordo com a CCDR-N, nos últimos três anos a taxa de emprego (dos 20 aos 64 anos) aumentou ao ritmo médio de 1,6 pontos percentuais por ano na região do Norte – mantendo-se, ainda assim, abaixo da média nacional desde 2002 – sendo que, “se nos próximos quatro anos fosse mantido este ritmo, a região chegaria a 2020 com uma taxa de emprego de 74,5%”.

A inexistência de uma “simetria perfeita” entre as variações do emprego e do desemprego no período permitem concluir que nem toda a destruição de emprego entre 2008 e 2013 se traduziu num aumento do desemprego, assim como nem toda a redução do desemprego de 2013 até 2016 foi por criação líquida de emprego: “A explicação reside na diminuição da população ativa”, por sua vez sobretudo explicada pelo saldo migratório, refere a comissão de coordenação.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Todo o território de Portugal continental está hoje com nível 'Elevado' de exposição à radiação ultravioleta, de...

O arquipélago da Madeira apresenta risco 'Muito Elevado' e o dos Açores um risco 'Elevado'.

Para as regiões com risco 'Muito Elevado' e 'Elevado', o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) recomenda o uso de óculos de sol com filtro ultravioleta (UV), chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('Moderado'), 6 a 7 ('Elevado'), 8 a 10 ('Muito Elevado') e superior a 11 ('Extremo').

Para hoje, o IPMA prevê para Portugal continental, períodos de céu muito nublado, apresentando-se em geral pouco nublado no Algarve. Condições favoráveis à ocorrência de aguaceiros e trovoada, em especial nas regiões do interior Norte e Centro e durante a tarde.

É ainda aguardada uma pequena subida da temperatura mínima, em especial na região Sul e uma pequena descida da temperatura máxima nas regiões do interior Norte e Centro.

Para os três grupos de ilhas dos Açores, o Instituto prevê períodos de céu muito nublado.

Na Madeira esperam-se períodos de céu muito nublado e uma pequena descida de temperatura.

Direção-Geral da Saúde
O número de casos confirmados de sarampo em Portugal aumentou para 15, havendo mais 11 em investigação, segundo os últimos...

Ontem, em declarações aos jornalistas, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, salientou no entanto que não há que temer “uma epidemia em grande escala” nem preocupante, porque pessoas com mais de 40 anos tiveram a doença e por isso estão imunes e os mais jovens também estão imunizados pela vacina.

Dos 15 casos confirmados, precisou o responsável, sete são no Algarve e os restantes na região de Lisboa e o único preocupante é o de uma jovem adolescente internada no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, e que corre perigo de vida.

O diretor-geral falou apenas de um caso grave e explicou que em média por cada 100 casos de sarampo há um “que pode não correr bem”. “A jovem está estável mas numa condição muito difícil em termos de prognóstico”, disse.

Francisco George aconselhou a vacinação das crianças a partir dos nove meses e defendeu que em Portugal se devia fazer um debate sobre a vacinação, para perceber se há pais que não vacinam os filhos e porque não o fazem.

José Gonçalo Marques, pediatra, da comissão técnica de vacinação da DGS, disse que as crianças são o grupo mais afetado no atual surto e salientou que não se trata de uma epidemia no sentido de que a população esteja em risco.

“O (combate ao) sarampo requer uma vacinação superior a 95%. Começamos a ter pais que recusam a vacinação dos filhos. Não atingindo os 95% pode afetar algumas pessoas, incluindo as que não podem ser vacinadas, como grávidas ou imunodeprimidos”, explicou.

O especialista também defendeu que é preciso debater a questão da vacinação em Portugal, nomeadamente o direito que os pais têm de não vacinar os filhos mas também o direito que as crianças têm de ser vacinadas.

Estudo
Os norte-americanos consideram que é mais seguro usar canábis do que opioides para aliviar a dor, segundo resultados de uma...

Um novo estudo da Yahoo/Marist mostra que dois terços dos entrevistados consideram que drogas opioides sintéticas, provenientes do ópio e da heroína e que atuam nos recetores neuronais, como o ‘Vicodin’ ou o ‘OxyCoutin’, são “mais arriscadas” do que a canábis, mesmo quando os medicamentos são prescritos por um médico.

Um quinto dos entrevistados considerou a canábis mais arriscada do que os opioides, enquanto os restantes não tinham a certeza.

A maioria dos que responderam à pesquisa disse que a canábis deveria ser legal para uso médico. No entanto, não estavam confortáveis com as crianças e mulheres grávidas que poderiam usar esta droga para tratar problemas médicos.

A pesquisa foi realizada por telefone a 1.122 adultos em março passado e teve uma margem de erro de cerca de 2,9 pontos percentuais.

Mês do Pulmão
Dispneia, falta de ar, tosse ou cansaço respiratório são os principais sintomas da Doença Pulmonar O

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é actualmente uma das principais causas de doença respiratória, limitando a capacidade para as actividades físicas diárias com consequente perda de qualidade de vida, sendo que as suas agudizações resultam muitas vezes em recurso a consultas urgentes, idas ao serviço de urgência ou internamento.

Em Portugal, a DPOC é a 4ª causa de morte e a 2ª por doença respiratória.

A prevalência da DPOC é semelhante à diabetes, a mortalidade durante o internamento é similar à do enfarte do miocárdio e, no entanto, o conhecimento e valorização da DPOC pelos doentes e famílias é incomparavelmente menor que nessas doenças.

A DPOC resulta da exposição a partículas e gases nocivos, principalmente ao fumo do tabaco.

Cerca de 50% dos fumadores vêm a desenvolver DPOC e 90% dos doentes com DPOC são ou foram fumadores.

Os principais sintomas da DPOC são a dispneia, a tosse e a expectoração.  A tosse e expectoração mantida dias ou semanas é sinal de alerta de que algo não está bem com os seus pulmões.

No entanto, é a dispneia, a falta de ar ou o cansaço respiratório o principal sintoma.

As actividades do dia-a-dia passam a ser difíceis de realizar, por pequenos que sejam os esforços, e cada um vai diminuindo a sua actividade (vai pelo elevador em vez de subir a escada) ou alterando o seu padrão de vida tornando-se mais sedentário, entrando-se num círculo vicioso de menor capacidade e consequente menor actividade.

A perda de capacidade para andar ou subir uma rua ou umas escadas, andar mais lento que os amigos porque se fica com a sensação de sufoco, respiração ofegante ou falta de ar devem conduzir a uma consulta médica o mais breve possível.

Nessa altura, deverá realizar um exame da sua função respiratória - uma espirometria - que irá medir a sua capacidade respiratória, comprovar o diagnóstico e avaliar a gravidade da sua DPOC.

O tratamento da DPOC passa em primeiro lugar pela cessação tabágica, pela vacinação anual (gripe e pneumonia), pela promoção e manutenção da actividade física diária e pelo tratamento farmacológico com medicação inalatória de broncodilatadores.

A combinação destes tratamentos resulta em menor probabilidade de agudizações que são episódios responsáveis pela evolução e agravamento da doença.

O tratamento com broncodilatadores por via inalatória é fundamental na melhoria da dispneia e da capacidade de exercício.

Quando a dispneia e o cansaço respiratório são significativos e comprometem a normal vida diária, sob tratamento farmacológico, deve ser instituída reabilitação respiratória, que consiste em efectuar cinesiterapia (“ginástica”) respiratória e programa de treino de exercício. Este tipo de tratamento é muitas vezes crucial para se recuperar a capacidade funcional para as actividades da vida diária.

Infelizmente, na fase mais avançada da DPOC surge a insuficiência respiratória, em que o pulmão já não consegue oxigenar o organismo de forma adequada.

Nesta altura, a DPOC tem de ser tratada com recurso a Oxigenoterapia de Longa Duração (pelo menos 16 horas por dia).

Actualmente, com o desenvolvimento tecnológico existem equipamentos muito leves e portáteis que proporcionam que o doente faça a sua vida do dia-a-dia praticamente sem limitação.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Doenças oportunistas em debate no 4º Congresso de Medicina Tropical
As infeções oportunistas mais visíveis nas últimas quatro décadas associam-se à síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA)....

A infeção por VIH continua a aumentar entre os homens que têm sexo com homens (HSH) em Portugal, bem como na Europa e em muitos outros países. No entanto, assiste-se a uma revolução: um comprimido por dia como profilaxia pré exposição, provou ser eficaz na redução da infeção por VIH, nos ensaios clínicos e nos estudos já realizados em diversos países, uma temática que será abordada na palestra “Profilaxia Pré-Exposição” (PrEP) na prevenção da infeção de VIH” por Maria José Campos, médica do checkpointlx, em Lisboa.

Doenças consideradas novas na sua forma de apresentação aparecem em doentes imunocomprometidos, como resultado de uma situação patológica de base, como é o caso da infeção por VIH, ou de tratamentos que induzem imunossupressão na oncologia e transplantação.

Pneumonia por Pneumocystis jirovecii, tuberculose, toxoplasmose e criptococose, são algumas das doenças oportunistas para as quais a terapêutica antirretrovírica de combinação diminuiu substancialmente a sua incidência, continuando, no entanto, a causar morbilidade e mortalidade nos doentes infetados por VIH.

Os desafios passam por definir e quantificar as populações em risco, desenvolver técnicas de diagnóstico e terapêuticas melhores, bem como estratégias de prevenção.

“Neste 4º Congresso de Medicina Tropical as palestras nas áreas da infeção por VIH e das principais doenças oportunistas associadas, têm objetivos de caráter científico e social ao disseminar a informação existente sobre o estado do conhecimento nestas áreas, quer em Portugal quer nos países da CPLP; ao proporcionar uma plataforma de debate sobre estes temas tão atuais e pertinentes; e ao dedicar-se ao esclarecimento da população em geral e especialmente dos doentes infetados por VIH”, refere a Professora Olga Matos, Vice-presidente do congresso. E reforça: “Estes objetivos fazem, também, parte da missão técnica, científica e pedagógica do Instituto de Higiene e Medicina Tropical e do seu Centro de Investigação sobre Saúde Global e Medicina Tropical (GHTM – Global Health and Tropical Medicine)”.

Risco cardiovascular e diabetes
A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal e a Sociedade Portuguesa de Cardiologia assinaram no dia 13 de abril um...

As pessoas com diabetes têm um risco acrescido, cerca do dobro da população não diabética, de doença cardiovascular. A prevalência das complicações cardiovasculares está relacionada com a duração e controlo da diabetes e da presença de algumas complicações microvasculares, em especial a nefropatia, mas em particular com o controlo dos restantes fatores de risco, como a dislipidémia e a hipertensão arterial, a que se juntam o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade.

O acordo assinado pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Miguel Mendes e pelo presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), José Manuel Boavida, tem previsto diversas atividades desde a promoção da investigação científica e de registos, divulgação de estudos e de resultados de investigação, bem como a promoção do debate sobre temas relacionados com a patologia cardiovascular na pessoa com diabetes.

Esta parceria prevê ainda a colaboração científica na organização de ações de formação conjunta, de carácter anual, eventualmente inserida nas respetivas Áreas de Formação Avançada, como a Academia Cardiovascular (SPC) e a Escola da Diabetes.

De acordo com o relatório “Diabetes: Factos e Números” do Observatório Nacional da Diabetes, em 2015, a prevalência estimada da Diabetes na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) foi de 13,3%, isto é, mais de 1 milhão de portugueses neste grupo etário têm Diabetes. A este número juntam-se mais de 2 milhões de pessoas com pré-diabetes. De referir ainda, que 30% dos internamentos por AVC são em pessoas com Diabetes, tendo a sua importância relativa aumentado 4.4 p.p. nos últimos 10 anos.

“Com os números que a diabetes atinge em Portugal e no mundo só uma abordagem multidisciplinar poderá ser capaz de lhe responder. A tríade colesterol, hipertensão e diabetes é hoje incontornável na abordagem das doenças cardiovasculares, enquanto causa maior de mortalidade e de morbilidade. Desde os anos 70 que a Cardiologia foi uma das maiores preocupações da APDP. Depois de garantida a sobrevivência, importou prevenir as complicações e aumentar a qualidade de vida das pessoas com diabetes.

Este protocolo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia é esse reflexo. A proximidade das duas especialidades e o trabalho comum será um importante passo na luta contra a diabetes, quer na sua prevenção quer no seu controlo. É esse o desafio a que queremos responder.”, explica o presidente da APDP, José Manuel Boavida.

Segundo o presidente Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Miguel Mendes, “o combate à diabetes, nas suas vertentes de prevenção e tratamento é provavelmente o principal desafio a vencer na próxima década em Portugal. Preocupa-nos que as atuais gerações jovens devido ao aumento da obesidade e do sedentarismo que condicionam um risco muito elevado de diabetes, possam ver reduzida a sua esperança de vida face à geração atual e que o controlo farmacológico da diabetes já tenha um peso muito significativo na despesa do SNS.”

“Por outro lado, o controlo da diabetes tem sido alvo de mudanças frequentes devido ao lançamento muito frequente de novas classes terapêuticas. Para enfrentarmos este combate, consideramos não ter melhor parceiro que a APDP pela sua história, impacto e profundo conhecimento de que dispõe neste campo”, conclui o responsável pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia. 

Associação de Jovens Diabéticos de Portugal
No próximo dia 22 de Abril, às 15h00, a Associação de Jovens Diabéticos de Portugal organiza, no Mundo Património em Campo de...

A iniciativa pretende motivar as pessoas numa aprendizagem sobre as formas mais saudáveis e divertidas de se cozinhar e fazer contagem de hidratos de carbono. Pretende também o convívio e a partilha de experiências.

Paula Klose, presidente da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) refere “A população está cada vez mais interessada em aprender mais sobre a alimentação saudável e equilibrada para manter a sua saúde. É importante que se desmistifique alguns mitos relacionados com a alimentação, ou seja por exemplo podemos comer comida saborosa e saudável. Para as pessoas que vivem com diabetes, tanto o tipo 1 como o tipo 2, a alimentação, para além do exercício físico, são uma parte fundamental para a gestão da sua diabetes.”

Esta iniciativa é dirigida a pessoas interessadas com todas as idades e as inscrições estão abertas até 19 de Abril, quarta-feira.

Os interessados podem inscrever-se gratuitamente através do seguinte email [email protected] indicado o seu nome e idade.

Centro Europeu de Controlo de Doenças
Pelo menos 14 países europeus têm registado surtos de sarampo desde o início deste ano, com a Roménia a liderar o número de...

Segundo o Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa), o número de países europeus com casos de sarampo foi crescendo no início deste ano e quase todos eles terão ligação ao surto que começou na Roménia em fevereiro de 2016.

Além de Portugal, que tem até hoje 23 casos notificados de sarampo, registaram surtos de sarampo a Áustria, Bélgica, Bulgária, Espanha, Dinamarca, França, Alemanha, Hungria, Islândia, Itália, Suíça e Suécia.

De acordo com o site do ECDC, Portugal reportou a 31 de março um caso de sarampo importado da Venezuela e um outro não relacionado, num bebé de 11 meses, que em princípio terá sido infetado por um familiar que vive noutro país europeu e estava de visita a Portugal.

Nos primeiros quatro meses do ano houve mais casos de sarampo em Portugal do que na última década anterior.

De acordo com os vários relatórios sobre doenças de declaração obrigatória, entre elas o sarampo, entre 2006 e 2014 Portugal registou 19 casos de sarampo – quase todos importados - quando desde janeiro deste ano até hoje já houve 23 casos notificados.

Em 2016, Portugal recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS), um diploma que oficializava o país como estando livre de sarampo, até porque os poucos casos registados nos últimos anos tinham sido contraídos noutros países.

O sarampo é uma das infeções virais mais contagiosas, habitualmente é benigna mas pode ser grave e até levar à morte.

A vacinação é a principal medida de prevenção contra o sarampo e a vacina é gratuita e está incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV). As crianças devem ser vacinadas aos 12 meses e repetir a vacina aos cinco anos.

Relatórios revelam
O número de casos de sarampo em Portugal ultrapassou, nos primeiros quatro meses deste ano, os da última década, segundo dados...

De acordo com os vários relatórios sobre doenças de declaração obrigatória, entre elas o sarampo, entre 2006 e 2014, Portugal registou 19 casos de sarampo – quase todos importados – quando, desde janeiro deste ano até hoje, já houve 23 casos.

Em 2016, Portugal recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS), um diploma que oficializava o país como estando livre de sarampo, até porque os poucos casos registados nos últimos anos tinham sido contraídos noutros países.

Com a vacinação gratuita das crianças, a partir de 1974, e sobretudo com a introdução de uma segunda dose de vacina em 1990, o sarampo acabou por se tornar quase uma doença esquecida ou invisível.

Mas entre 1987 e 1989 tinham sido notificados em Portugal 12 mil casos, contabilizando-se 30 mortes.

Aliás, o sarampo é uma das infeções virais mais contagiosas e, apesar de habitualmente ser benigna, pode ser grave e até levar à morte, avisa a Direção-Geral da Saúde (DGS).

A doença manifesta-se pelo aparecimento de pequenos pontos brancos na mucosa oral cerca de um ou dois dias antes de surgirem erupções cutâneas, que inicialmente surgem no rosto.

Segundo a norma clínica emitida pela DGS na semana passada, as complicações do sarampo podem incluir otite média, pneumonia, convulsões febris e encefalite.

Os adultos têm, normalmente, doença mais grave do que as crianças e os doentes imunocomprometidos podem não apresentar manchas na pele.

O sarampo, que é evitável pela vacinação, transmite-se por via aérea e pelo contacto direto com secreções nasais ou da faringe de pessoas infetadas.

Com um período de incubação que pode variar entre sete a 21 dias, o contágio dá-se quatro dias antes e quatro dias depois de aparecer o exantema (erupções cutâneas).

Consideram-se já protegidas contra o sarampo as pessoas que tiveram a doença ou que têm duas doses da vacina, no caso dos menores de 18 anos, e uma dose quando se trata de adultos.

A vacinação é a principal medida de prevenção contra o sarampo, sendo gratuita e incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV). As crianças devem ser vacinadas aos 12 meses e repetir a vacina aos cinco anos.

“Alerta-se, desde já, para a necessidade de os pais vacinarem os seus filhos sem hesitação, uma vez que as vacinas estão disponíveis no país”, referiu a DGS numa nota hoje emitida, um alerta que tem repetido de forma constante.

A vacinação organizada contra o sarampo em Portugal iniciou-se em 1973, com uma campanha de vacinação de crianças entre os um e quatro anos, que vigorou até 1977. Em 1974, a vacina contra o sarampo foi incluída no PNV e em 1990 foi introduzida uma segunda dose da vacina.

Mais de 500 casos de sarampo foram reportados só este ano na Europa, afetando pelo menos sete países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que avisa que muitos dos casos de sarampo ocorrem por causa de pais que não querem vacinar os seus filhos.

Estudo
A conclusão é de um estudo da Universidade do Cairo, no Egito, publicado e apresentando no início deste mês num congresso da...

O estudo observacional contou com a participação de 545 homens adultos que foram submetidos a uma angiografia coronária por tomografia computorizada multicorte por suspeita de doença das artérias coronárias. A investigação foi apresentada no congresso EuroPrevent 2017 em Málaga, Espanha, entre 6 e 8 de abril.

Segundo a análise científica, escreve o Sapo, os pacientes foram divididos em subgrupos segundo a presença ou ausência de doença das artérias coronárias e a quantidade de cabelo branco. Foram recolhidos dados relativos a fatores de risco cardiovasculares típicos como diabetes, hipertensão, hábito tabágicos, dislipidemia e histórico familiar de doença das artérias coronárias.

A quantidade de cabelo branco foi avaliada por dois observadores independentes e qualificada da seguinte forma: 1 = cabelo preto; 2 = mais cabelo preto que branco; 3 = igual quantidade de cabelo preto e branco; 4 = mais cabelo branco que preto; 5 = cabelo branco.

De acordo com o estudo, concluiu-se que uma presença elevada de cabelo branco (3 ou mais) estava associada a um risco mais elevado de doença das artérias coronárias, independentemente da idade cronológica e dos fatores de risco cardiovasculares.

Os pacientes com doença das artérias coronárias apresentavam estatisticamente uma pontuação relacionada com o cabelo branco significativamente superior , bem como uma maior calcificação das artérias coronárias, quando comparados com os participantes sem este tipo de doença.

"O envelhecimento é um fator de risco coronário inevitável e está associado a sinais dermatológicos que podem assinalar um risco acrescido", comentou Irini Samuel, médica cardiologista e autora do estudo.

Pediatra
O pediatra Mário Cordeiro lamenta a negligência dos pais que não vacinam os seus filhos, considerando que deviam ser...

“Se morrer alguma criança não vacinada porque os pais não quiseram, não será isso passível de acusação de ‘morte por negligência, como seria se morresse por andar de carro sem cadeirinha ou cinto de segurança?”, questiona Mário Cordeiro.

Atualmente, o Programa Nacional de Vacinação constitui uma recomendação das autoridades de saúde, mas as vacinas não são obrigatórias. O surto de sarampo que atinge neste momento a Europa tem sido relacionado com casos de pessoas que não querem vacinar os filhos.

Mário Cordeiro chegou a fazer parte de um grupo de trabalho que na Direção-Geral da Saúde estudou a possibilidade de tornar obrigatórias as vacinas.

“Não é possível porque qualquer obrigatoriedade exige apuramento de responsabilidades, que é muito complexo numa situação destas, e também coimas ou equivalentes, que iriam penalizar os mais desfavorecidos ou menos abrangidos pela informação”, afirmou o médico.

Para Mário Cordeiro, a solução não passa por tornar obrigatório, mas antes por ser mais incisivo em “desmontar as enormidades e falsidade que se dizem e propagam pelas redes sociais contra as vacinas”.

“Dizer mal das vacinas é um luxo de um país que já não tem, como há bem pouco tempo tinha, casos diários de meningite ou mortes por sarampo, como [aconteceu] em 1994. A memória é demasiado curta e a arrogância demasiado grande”, declarou.

Segundo o pediatra, o fenómeno de pais que não querem vacinar os seus filhos deve-se a uma mistura de mal-entendidos e teorias da conspiração associados a uma ignorância história e fraca memória.

“Acho que é altura de se mostrar que estas teorias e estas pessoas são, também, responsáveis por estes surtos [como o do sarampo]. Chegou a altura de a sociedade não ter medo de denunciar esta ‘ciência do Facebook’”, sugere Mário Cordeiro, para quem a Direção-Geral da Saúde (DGS) tem feito um bom trabalho nesta área da vacinação e dos alertas à população.

Alguns pais usam o argumento de que as vacinas ‘mexem’ com a imunidade das crianças, usando-o como justificação para não as vacinarem.

Perante isto, Mário Cordeiro explica que é isso mesmo que se pretende, mas indicando que se trata de uma coisa positiva, porque a criança fica com a imunidade para a doença sem sofrer os malefícios dela.

“Aliás, todos os dias, a criança contacta com ‘N’ agentes microbianos na escola, em casa, na sociedade, que ‘mexem’ com a sua imunidade e a fortalecem”, recorda o especialista.

Mário Cordeiro lamenta ainda que Portugal, que sempre teve elevadas taxas de vacinação, volte a ter casos de sarampo: “É pena que um país que foi declarado ‘livre de sarampo’ há cerca de seis meses e que foi apontado como um exemplo na Europa e no mundo, volte a ter um surto de sarampo autóctone. Mais cedo ou mais tarde ter-se-ia de pagar o preço da ignorância e do ‘não-te-rales’”.

Desde janeiro foram notificados 23 casos de sarampo em Portugal e mais de 500 casos de sarampo foram reportados só este ano na Europa, afetando pelo menos sete países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde alertou hoje para a necessidade de os pais vacinarem os filhos “sem hesitação” e revelou que desde...

Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), dos 23 casos notificados, 11 foram confirmados pelo Instituto Ricardo Jorge e os restantes 12 estão ainda em fase de investigação.

A imprensa no fim de semana revelou que há seis casos de internamento por sarampo na região de Lisboa, um dos quais uma adolescente que teve de ser transferida em estado grave de Cascais para o Hospital D. Estefânia.

Segundo divulgou o Expresso no domingo à noite, a transferência foi feita para o Hospital D. Estefânia porque era a única unidade “com quartos de pressão negativa e cuidados intensivos necessários para este tipo de situações”.

Citando a diretora-geral do Hospital de Cascais, o Expresso revelou ainda que a jovem faz parte de um grupo de seis casos de menores que deram entrada em Cascais com sarampo.

A primeira infeção terá sido detetada numa criança de 13 meses, não vacinada, que deu entrada no hospital a 27 de março, tendo depois contagiado cinco funcionárias, que como estavam vacinadas tiveram a doença mas de forma mais leve.

A DGS informou ainda que hoje, pelas 18:30, emitirá um comunicado pormenorizado sobre este assunto.

O sarampo é uma das doenças infeciosas mais contagiosas, podendo provocar doença grave ou mesmo a morte. É evitável pela vacinação e está, há vários anos, controlada em Portugal.

Consideram-se já protegidas contra o sarampo as pessoas que tiveram a doença ou que têm duas doses da vacina, no caso dos menores de 18, e uma dose quando se trata de adultos.

Mais de 500 casos de sarampo foram reportados só este ano na Europa, afetando pelo menos sete países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Estudo
Investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra descobriram uma forma de melhorar os...

Um grupo de especialistas do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), liderado por Ana Cristina Rego, “melhorou os sintomas da doença de Huntington em ratinhos ao ativar uma enzima envolvida na energia das células”, afirma a da Universidade de Coimbra (UC).

“A ativação da enzima desidrogenase do piruvato melhora a saúde das células mutantes presentes na doença de Huntington, através de compostos específicos”, concluíram os investigadores no estudo, que já foi publicado na revista científica oficial da Sociedade Americana de Neurociências (The Journal of Neuroscience).

“O funcionamento da desidrogenase do piruvato foi melhorado por via do bloqueio da atividade de outro grupo de enzimas, desacetilases das histonas, que regulam a expressão dos genes”, refere a UC.

“O aumento da atividade da desidrogenase do piruvato permitiu melhorar a produção de energia da célula (através da função das mitocôndrias, que são a “fábrica” de energia das células) e recuperar a função motora em ratinhos com a doença”, acrescenta.

Ana Cristina Rego esclarece ainda que “a doença apresenta alterações na transcrição de genes, um processo muito importante para que as células possam funcionar normalmente”.

“Utilizámos compostos que afetam a epigenética da célula, ou seja, a forma como a célula regula a transcrição de genes importantes para o seu funcionamento”, explicita a investigadora, adiantando que “os compostos inibem a atividade das desacetilases das histonas, aumentando os níveis de transcrição de genes, levando à ativação da desidrogenase do piruvato”.

A investigação comparou células e ratinhos com doença e controlos (sem doença), procurando perceber se os grupos tratados com compostos que induzem a ativação da desidrogenase do piruvato, através do aumento da transcrição de genes, apresentavam uma melhoria da função das mitocôndrias e de sintomas motores que se aproximassem dos grupos controlo.

“Os compostos poderão ser usados clinicamente para atrasar a progressão da doença de Huntington”, sublinha Ana Cristina Rego, citada pela UC.

“Uma vez que a enzima desidrogenase do piruvato parece ser um alvo terapêutico muito promissor, poderão ser encontradas outras formas de tratar a disfunção desta enzima”, sustenta a investigadora, que também é docente da Faculdade de Medicina da UC.

A doença de Huntington é uma doença neurodegenerativa hereditária que afeta o movimento e não possui cura, recorda a UC.

Vários grupos de investigação de diferentes instituições, incluindo este grupo do CNC, já mostraram que as fábricas da energia das células (as mitocôndrias) têm um papel importante na perda neuronal e neurodegenerescência, que ocorre nesta e noutras doenças neurodegenerativas.

O estudo foi desenvolvido em colaboração com o Centre for Molecular Medicine and Therapeutics, Child and Family Research Institute, University of British Columbia de Vancouver, no Canadá, que cedeu os ratinhos transgénicos estudados.

O financiamento do grupo de investigação foi obtido através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, do COMPETE (Programa Operacional Fatores de Competitividade), do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), do Programa Operacional Potencial Humano, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (através da primeira edição do prémio Mantero Belard) e da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento).

Diário da República
As cantinas e refeitórios públicos estão a partir de junho obrigados a oferecer todos os dias pelo menos uma opção de comida...

De acordo com a lei hoje publicada e que entra em vigor em junho, esta regra aplica-se às cantinas e refeitórios dos órgãos de soberania e dos serviços e organismos da Administração Pública, em especial aos que se encontrem instalados em unidades integradas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), lares e centros de dia, escolas de ensino básico e secundário, estabelecimentos de ensino superior, prisões e centros educativos e serviço sociais.

Para combater o desperdício alimentar, a legislação prevê dispensar escolas e unidades do SNS desta opção caso não haja procura. Se a procura for reduzida, admite que as entidades gestoras destas cantinas possam estabelecer um regime de inscrição prévia para a opção vegetariana.

“As ementas vegetarianas são programadas sob orientação de técnicos habilitados e têm em conta a composição da refeição, garantindo a sua diversidade e a disponibilização de nutrientes que proporcionem uma alimentação saudável”, acrescenta o diploma.

A fiscalização do cumprimento deste diploma fica a cargo da Autoridade para a Segurança Alimentar e económica (ASAE).

O diploma define ainda um período de transição que pode ir até aos seis meses para as entidades gestoras que fazem administração direta das cantinas ou refeitórios.

“Nos demais casos, quando os contratos respeitantes ao fornecimento de refeições em execução na data de entrada em vigor da presente lei não prevejam a obrigação de o prestador fornecer refeições vegetarianas, a respetiva entidade gestora está dispensada do fornecimento dessa opção até ao final do período de execução do referido contrato”, acrescenta.

A lei que define a obrigatoriedade de oferecer pelo menos uma opção de refeição vegetariana nas cantinas e refeitórios públicos foi aprovada em março na Assembleia da República.

Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), as dietas vegetarianas têm benefícios importantes, como a redução da prevalência de doença oncológica, obesidade, doença cardiovascular, hiperlipidemias (gorduras no sangue), hipertensão, diabetes.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Doze regiões do continente e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira apresentam hoje risco ‘Muito Elevado’ de exposição à...

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), estão com risco "Muito Elevado" as regiões de Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Faro, em Portugal Continental, a ilha do Faial (Açores) e as ilhas de Porto Santo e da Madeira.

Já as regiões de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa e Setúbal apresentam um risco 'Elevado' à exposição à radiação ultravioleta (UV).

Para as regiões com risco 'Muito Elevado' e 'Elevado', o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('Moderado'), 6 a 7 ('Elevado'), 8 a 10 ('Muito Elevado') e superior a 11 ('Extremo').

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se geralmente muito nublado no litoral a norte do Cabo Raso até ao meio da manhã. A partir da tarde, haverá um aumento gradual de nebulosidade do litoral para o interior.

Há ainda a possibilidade de ocorrência de aguaceiros e trovoada nas regiões do interior Norte e Centro durante a tarde.

Está igualmente prevista, para o continente, uma pequena subida da temperatura máxima no litoral a sul do Cabo Mondego e no interior Norte e Centro.

As temperaturas deverão subir até aos 30.º em Beja, Évora e Santarém, aos 28.º em Castelo Branco e Lisboa, 27.º em Bragança e Portalegre e 26.º em Vila Real, Viseu, Coimbra e Faro.

Na Madeira, para onde estão previstos períodos de céu muito nublado e vento fraco a moderado, a temperatura máxima vai subir e chegar aos 25.º (Funchal) e nos Açores, onde haverá períodos de céu muito nublado e vento fraco, a temperatura máxima prevista é de 18 graus.

Lei do tabaco
Os novos produtos de tabaco, como o tabaco aquecido, estão a dividir opiniões, com a indústria a apresentá-los como uma forma...

O Governo pretende regulamentar esses produtos na lei que os deputados da comissão parlamentar de Saúde debatem na quarta-feira mas a questão é polémica e a lei pode mesmo não ser aprovada.

O tabaco aquecido entrou em Portugal em 2015 (foi o quarto país do mundo) pela mão da multinacional Philip Morris, da qual a Tabaqueira é subsidiária. É comercializado hoje em 20 mercados e em Portugal foi adotado por 15 mil fumadores, 78% a usarem apenas esse produto, segundo números da empresa.

Basicamente consiste em tabaco que é aquecido eletronicamente e que por não chegar à combustão é apresentado pela multinacional como um produto de risco reduzido. Segundo fonte oficial da empresa o cigarro aquece até cerca de 350 graus (a ponta de um cigarro aceso atinge os 900) e ao não haver combustão não há fumo nem cinza, além de que deixa menos cheiro.

“Aquecer o tabaco, em vez de o sujeitar a um processo de combustão, reduz a formação de muitos dos constituintes nocivos e potencialmente nocivos que são produzidos às temperaturas elevadas associadas à combustão”, sendo que há uma redução desses constituintes na ordem dos “90 a 95%”, incluindo de 15 químicos classificados como substâncias carcinogénicas, diz a fonte da Tabaqueira.

João Curto, da Associação Portuguesa para o Estudo das Drogas e Dependências diz à Lusa que a associação “admite uma política de redução de danos” e afirma que o produto “parece não ser tão nocivo, pelos primeiros estudos” e pode ser “uma boa solução” para quem quer deixar de fumar.

Mas as associações e entidades que se declaram contra o novo produto não são poucas.

Emília Nunes, diretora do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo na Direção-Geral da Saúde, até aceita que haja uma eventual redução de danos mas salienta que pode haver outros danos, além de que não está claro “o grau de adição do produto”, pelo que “a redução de danos pode ser muito limitada”.

Numa audição no Parlamento a responsável afirmou mesmo que uma redução de 95% de compostos químicos “não é necessariamente uma redução de 95% de doenças” e lembrou que em janeiro o Parlamento Europeu propôs uma atitude de prevenção sobre estes produtos.

Diz a fonte da Tabaqueira que o tabaco aquecido e outros novos produtos resultam de “década e meia de investigação” por parte da empresa, e responde Emília Nunes e associações, como a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) ou a Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo (CPPT), que faltam provas científicas.

“Não há evidência científica que fundamente a redução do risco. Se estamos a lidar com produtos claramente nocivos não queremos a redução do risco, queremos a eliminação do risco”, disse o presidente da CPPT, Emanuel Esteves, salientando que os produtos de tabaco devem ser tratados todos por igual.

“Apresentam estudos encomendados por eles, não são independentes. Não há nenhuma evidência científica que possa sustentar a ideia de que o tabaco aquecido não é tão prejudicial como os outros”, diz Emanuel Esteves, para quem a questão dos 300 graus é “uma falácia”, porque a essa temperatura já aconteceram as mudanças no tabaco.

José Pedro Boléo-Tomé, pela SPP, assume que tem dificuldade em acreditar na indústria do tabaco e acrescenta que “em ciência não podem ser as entidades interessadas a fazer um estudo. Os estudos (da Philip Morris) não têm validade científica nenhuma”.

Às dúvidas e acusações responde a Tabaqueira que “a avaliação científica está em curso” e que a mesma segue “métodos comparáveis aos da indústria farmacêutica” e submetidos a normas internacionais, e fala de mais de 200 publicações em revistas científicas que “constituem um exercício de validação”.

“Também estão em curso processos de validação externa da responsabilidade de agências europeias com competências similares nos Países Baixos, no Reino Unido e em França”, diz a fonte da empresa, que convida “qualquer entidade pública ou privada” a conhecer os estudos e colaborar neles.

Se a empresa insiste na redução de risco e se tem a seu favor opiniões médicas de alguns países, que aceitam os novos produtos (das várias industrias de tabaco), Hilson Cunha Filho, conselheiro científico em adições, especialista em saúde pública e cessação tabágica, salienta que se desconhece que doenças provoca o tabaco aquecido a longo prazo e frisa que “o risco continua”.

“A nicotina é o principal problema porque leva as pessoas ao consumo descontrolado, a base de todo o problema é a adição”, acrescenta.

Emanuel Esteves tem a mesma ideia: “Estamos a lidar com uma substância perigosa, claramente. E perigosa também pela criação de uma dependência”.

A fonte da Tabaqueira-Philip Morris admite a presença da nicotina nos novos cigarros mas diz que não é ela que está relacionada com as doenças atribuíveis ao consumo de cigarros. A empresa, diz a fonte, tem a noção que o produto que comercializa “é nocivo, além de aditivo”, pelo que quer agora “contribuir positivamente, mediante a disponibilização de alternativas de potencial de risco reduzido” para adultos que não querem ou não conseguem deixar de fumar.

E tem como objetivo transferir todos os fumadores para os produtos a que chama de “risco reduzido”, ainda que agora o tabaco aquecido represente apenas 1% das vendas globais da empresa.

Hilson Cunha Filho responde à posição da Tabaqueira afirmando que “acomunidade tem um grande problema com a indústria do tabaco, que antes de mais diz respeito à transparência e integridade”.

Com o novo tabaco, diz, vai haver substituição de produtos mas não menos fumadores e a indústria vai ganhar mais dinheiro.

E se a lei não regular os novos produtos, avisa Emanuel Esteves, os jovens que hoje não podem comprar cigarros normais podem comprar tabaco de aquecer, pelo que esse pode ser o início do consumo de tabaco para as novas gerações.

Fumadores
A proposta de alteração à lei do tabaco, em discussão no Parlamento, está a provocar polémica mas há 10 anos outra proposta...

Há uma década foi aprovada a lei que proibia que se fumasse em espaços públicos fechados e a mudança, de acordo com especialistas ouvidos pela Lusa, representou uma das maiores “revoluções” de hábitos e é hoje consensual na sociedade.

Susana Henriques, investigadora do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa, disse que essa foi uma revolução com “benefícios significativos para todos”, com reduções de consumo nomeadamente, e que o tema merecia um estudo aprofundado, que 10 anos passados ainda está por fazer.

Até há 10 anos podia fumar-se por exemplo nos locais de trabalho, em restaurantes, em diversos locais de diversão, em centros comerciais, algo que hoje é assumido como naturalmente proibido, até por fumadores.

E se hoje são estranhas imagens do passado como as de fumadores a apresentarem os noticiários televisivos, são estranhas também imagens do Portugal de antes da lei de agosto de 2007 (que entrou em vigor a 01 de janeiro de 2008), quando praticamente se fumava em todos os lugares.

Susana Henriques explica a aceitação da mudança com “o facto de se tratar de uma questão de saúde pública e de respeito pelos outros, os não fumadores”, o facto de a medida já existir em outros países também poderá ter contribuído.

Além disso, acrescentou, a mudança não aconteceu de um dia para o outro mas foi sendo construída, com outras medidas tomadas antes e a publicidade da lei muito tempo antes também. “Houve todo um clima de preparação que teve responsabilidade na forma como a lei foi aceite”.

A investigadora salientou que a tendência na sociedade é haver sempre alguma resistência à mudança mas que no caso das restrições ao tabaco houve além do “clima de preparação” a questão da “desejabilidade social”, o que explica que as pessoas continuem a fumar nas suas casas e automóveis.

Hilson Cunha Filho, conselheiro científico em adições que há décadas estuda a matéria lembrou também à Lusa que desde o ano 2000 que se começou a falar da proibição e que a mesma só não foi aprovada em 2005 por mudança do Governo.

“A lei foi aceite pela maior parte da população porque havia dois anos que estávamos sensibilizados. Mas ainda assim é uma grande mudança porque apesar de ser pequena a percentagem de fumadores o convívio com não fumadores era intenso”, nos restaurantes, nos teatros e em muitos outros locais.

E depois, diz ainda o investigador, “faz parte da cultura portuguesa a civilidade, a grande capacidade de adaptação e assimilação”.

Hilson Cunha e Filho está satisfeito com a situação, assim como está satisfeito Emanuel Esteves, o presidente da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, que reúne dezenas de associações da área da Saúde, da Educação e Ambiente.

Sentado numa esplanada de um café de Lisboa sem um único cinzeiro nas mesas José Pedro Boléo-Tomé, pneumologista no Hospital Fernando Fonseca e dirigente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, apelida a mudança também de “grande revolução” e lembra que hoje a população “acha inconcebível como há 10 anos se fumava em determinados locais”.

Eram praticamente todos os locais públicos fechados. Hoje, os que “sobreviveram” à lei de 2007, com salas para fumadores, também têm os dias contados, os dias que faltam até 2020, quando for totalmente proibido o tabaco em locais públicos fechados, sem exceção.

Entidades da Saúde lamentam oportunidade perdida
A revisão da lei do tabaco proposta pelo Governo suscitou polémica e sensibilidades e deverá ser esvaziada pelo Parlamento, com...

O Partido Socialista (PS) e o Bloco de Esquerda (BE) querem eliminar a norma do diploma que proíbe fumar perto de hospitais ou escolas e vão apresentar propostas nesse sentido na reunião da comissão parlamentar de Saúde, quando na quarta-feira a proposta for apreciada na especialidade. Vários deputados socialistas também são contra a equiparação dos novos produtos de tabaco (como o aquecido) aos normais cigarros, como previa a proposta.

As alterações ao diploma do Governo são, para entidades ligadas à Saúde contactadas, uma “vitória” para a indústria e uma oportunidade perdida para melhorar a lei.

O Governo apresentou no ano passado uma proposta de alteração da lei que começa por lembrar que o tabaco contribui para a morte de 27 pessoas por dia (10 mil por ano) e contempla a proibição do consumo junto a locais como escolas e hospitais e equipara ao tabaco tradicional os novos produtos como o tabaco aquecido.

“Num contexto da defesa da saúde pública, deve aplicar-se o princípio da precaução, monitorizando e regulando a comercialização deste produto (tabaco aquecido) e interditando o seu consumo nos mesmos locais onde seja proibido fumar”, diz o legislador, ainda que admitindo que esse produto possa “ter o seu interesse”, embora não sejam conhecidos e comprovados cientificamente todos os efeitos.

O grupo de trabalho do tabaco, dentro da Comissão de Saúde, ouviu uma dezena de entidades e recebeu mais de três dezenas de pareceres e contributos, mas a questão mais polémica foi mesmo a do tabaco aquecido, que a indústria apresenta como um produto de redução de riscos, embora os deputados também questionassem o porquê de se proibir fumar a menos de cinco metros de hospitais, escolas, jardins-de-infância ou farmácias, por exemplo.

José Pedro Boléo-Tomé, pneumologista e coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia diz que não está otimista quanto ao futuro da lei.

“Foi um mau sinal logo desde o início, quando a primeira entidade que a Comissão ouviu foi a Tabaqueira e a segunda o SICAD” (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, que promove a redução do consumo de drogas), como se estivesse “a promover um produto novo, quase como se fosse uma espécie de metadona”, disse o responsável.

Os deputados, no entender do médico, foram “muito influenciados pela indústria e por outros argumentos, como os económicos”. E na lei, “que nem sequer é muito restritiva”, pelo menos “deviam aprovar a proibição de fumar à porta dos hospitais e das escolas. O resto, admito que seja necessário um período maior de tempo”, disse.

Se por outro lado João Curto, da Associação para o Estudo das Drogas e Dependências, diz que há “algum exagero” na lei, que devia antes prever “desincentivos junto dos jovens”, o investigador Hilson Cunha Filho diz que era fundamental legislar e que os deputados já foram com posições assumidas para a o grupo de trabalho.

“O que houve foi uma sensibilização dos deputados ao tabaco eletrónico e aquecido, foi feito ´lobbying´ junto dos deputados, que assumiram a informação da indústria do tabaco como verdadeira e a defenderam”, o investigador do Centro de Ciências Sociais, da Universidade Nova de Lisboa.

Emanuel Esteves, médico e presidente da Confederação Portuguesa para a Prevenção do Tabagismo, diz ter receio que o Parlamento aprove “alguns recuos”, apesar de a proposta de diploma “não ir tão longe” como devia face às evidências científicas do malefício do tabaco.

“Se vamos pegar numa lei que já não é completa e vamos torná-la mais branda vamos recuar em vez de progredir”, disse, adiantando acreditar que ainda assim algo seja aprovado, até por compromissos com a União Europeia.

Nuno Jonet, responsável pelos assuntos institucionais da Tabaqueira (que há vários anos pertence à multinacional Philip Morris), disse aos deputados, quando foi ouvido em janeiro, que via “com interesse” uma legislação que diferenciasse o tabaco em função do contributo para a redução da nocividade, manifestando-se contra a equiparação de todos os produtos de tabaco.

Mas Emanuel Esteves adverte que aprovar só parte da lei é perder uma oportunidade e só se está a proteger a estratégia da Tabaqueira, que há 50 anos tenta “produzir substancias afirmando-as como inocentes ou de muito baixo risco”.

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