Direção-Geral da Saúde
Os pais das crianças não vacinadas vão ser convocados para ir ao centro de saúde onde serão esclarecidos sobre a importância...

A orientação da Direção-Geral da Saúde (DGS), publicada na sexta-feira à noite, é de que as escolas referenciem os serviços de saúde nos casos de crianças que no momento da matrícula não estejam vacinadas.

"O que se pretende é que haja um reforço das medidas que já são habitualmente tomadas, porque agora estamos na altura das matrículas. Por isso, a publicação da orientação conjunta das secretarias de estado da educação e da saúde, da direção geral dos estabelecimentos escolares e da Ordem dos Enfermeiros, para que haja um reforço para a sensibilização de vermos quem está ou não vacinado", explica Graça Freitas.

No caso de ser identificada uma criança não vacinada, as escolas informam "os delegados de saúde coordenadores do respetivo Agrupamento de Centros de Saúde", refere a orientação. Estes serviços serão os responsáveis por "enviarem aos pais um convite - por sms, carta ou telefonema -, que é uma convocatória", para "se quiserem ir ao centro de saúde e aí serem esclarecidos das vantagens e desvantagens (que quase não existem), da vacinação e terem uma noção dos riscos da não vacinação", esclarece a responsável da DGS.

Graça Freitas sublinha, no entanto, que não são muitos os pais chamados, por ano, para conhecerem as vantagens da vacinação, escreve o Diário de Notícias. "Temos uma taxa de vacinação elevada em Portugal, a taxa de cobertura ultrapassa os 95%, por isso, os números da sensibilização não são muito elevados." Para a subdiretora da Saúde, esta sensibilização é "dar mais uma oportunidade para que as crianças sejam vacinadas". "Os portugueses reagem muito bem à vacinação, normalmente não existem bolsas de resistência, o que acontece é que houve alguma falha ou esquecimento ou acharam que já tinha passado o tempo de ser vacinado para determinada doença, mas depois de serem esclarecidos há uma boa adesão à vacinação."

Este alerta foi reforçado este ano na sequência do surto de sarampo que em Portugal matou uma jovem de 17 anos, há um mês. Desde janeiro e até 16 de maio (data da última atualização) tinham sido confirmados 29 casos de sarampo. Destes, 14 foram internados e 17 não estavam vacinados. Além dos casos confirmados, as autoridades receberam 145 notificações de casos suspeitos. Os casos têm vindo a diminuir nas últimas semanas.

Estudo
Os cigarros "light" são mais perigosos para a saúde do que os normais e têm contribuído para um aumento dos casos de...

Cientistas de cinco centros de investigação sobre cancro dos Estados Unidos concluíram que os cigarros vendidos como "light", que têm filtros perfurados, explicariam o aumento dos casos de adenocarcinoma pulmonar nos últimos 50 anos. Este tipo de cancro é o mais comum atualmente entre os fumadores.

Os resultados confirmam as suspeitas dos investigadores e vão contra a posição da indústria do tabaco que defende que os cigarros light são menos nocivos, escreve o Sapo.

Os filtros com furos de ventilação foram lançados no mercado há meio século. "Foram projetados para enganar os fumadores e as autoridades de saúde pública", afirmou Peter Shields, diretor adjunto do Centro Oncológico Integral da Universidade do Estado de Ohio, um dos principais autores do estudo publicado na revista do Instituto Nacional do Cancro.

"A análise dos nossos dados sugere claramente uma relação entre o número de buracos agregados aos filtros dos cigarros [light] e um aumento das taxas de adenocarcinomas pulmonares nos últimos 20 anos", afirma o cientista.

Para Shields, "é particularmente preocupante o facto de estes filtros com buracos estarem em praticamente todos os cigarros vendidos atualmente".

Os cientistas avaliam que os filtros perfurados fazem inalar mais fumo, com taxas mais concentradas de agentes carcinogénicos. "Estes filtros modificam a combustão do tabaco, o que produz mais agentes carcinogénicos na forma de partículas finas que chegam às partes mais profundas dos pulmões, onde costumam desenvolver-se os adenocarcinomas", acrescentou Shields.

Organização Mundial da Saúde
O alerta é da diretora da Organização Mundial da Saúde, a chinesa Margaret Chan, que termina o mandato em junho.

"O mundo está mais preparado, mas não o suficiente", disse Chan na abertura da Assembleia Geral da Saúde (22 a 31 de maio), na véspera da eleição do seu sucessor. "Prometi trabalhar incansavelmente e foi o que fiz", ressaltou.

Em janeiro, segundo o Sapo, Margaret Chan lançou a criação de um grupo de trabalho encarregado de realizar um novo sistema para "desenvolver vacinas a um custo acessível para agentes patogénicos prioritários identificados pela OMS". "A cronologia do VIH, da tuberculose e das epidemias da malária indicam relações diretas e existentes entre as mudanças nas estratégias técnicas da OMS e a transformação na situação da doença", afirmou.

Doenças negligenciadas
No discurso, Margaret Chan também elogiou o trabalho da Organização Mundial da Saúde (OMS) na luta contra doenças tropicais negligenciadas, o que permitirá eliminar um grande número destas num "futuro muito próximo".

A respeito disto, recordou o trabalho da OMS na luta contra o vírus Ébola no oeste africano. A terrível epidemia atingiu esta área do planeta entre o final de 2013 e 2016 e causou mais de 11.300 mortos entre os cerca de 29.000 casos relatados. Mais de 99% destes casos foram detetados na Guiné, na Libéria e na Serra Leoa.

"A OMS foi capaz de controlar as três estirpes dar ao mundo a primeira vacina contra o Ébola, o que representa uma proteção importante. Isto aconteceu sob a minha supervisão e eu sou pessoalmente responsável", disse.

Durante a epidemia, a OMS foi criticada pela falta de decisão contra a gravidade da crise, já que o organismo levou vários meses para declarar guerra contra o Ébola. Nesta segunda-feira, Chan reconheceu que "o surto apanhou todos, incluindo a OMS, de surpresa."

Estudo
Um estudo britânico considerou o Instagram como a rede social que mais prejudica a saúde mental dos jovens devido aos níveis de...

As redes sociais têm tanto de bom como de mau. Fazem parte do dia-a-dia de (quase) todas as pessoas mas são os mais novos aqueles quem mais uso lhes dão, seja para publicarem uma selfie ou para falarem com os amigos.

Contudo, uma utilização constante pode provocar danos no utilizador e, segundo um estudo britânico levado a cabo pela Royal Society of Public Health (RSPH) e pela Universidade de Cambrige, o Instagram é a rede social que mais afeta a saúde mental dos mais jovens, provocando grandes níveis de ansiedade e levando, em especial as raparigas, a ter problemas com o próprio corpo.

Os jovens que passam mais tempo por dia em redes sociais como o Facebook, Twitter ou o Instagram são mais propensos a sofrer problemas de saúde mental, sobretudo angústia e sintomas de ansiedade e depressão – pode ler-se no estudo levado a cabo pela RSPH

O estudo contou com a análise das reações de 1.500 britânicos, entre os 14 e os 24 anos, a conteúdos das diversas redes sociais, escreve o Observador. Foram avaliado 14 fatores, positivos e negativos, nos quais estas redes podem ter influência na vida das pessoas. O estudo concluiu que os jovens consideram o Instagram como algo negativo para a sua autoestima, para as horas de sono e no medo de exclusão por não estarem em determinado evento.

O Instagram surge em último lugar da lista uma vez que provoca, em maior número, vários sentimentos e preocupações que não são saudáveis. Os problemas relacionados com a imagem corporal são dos fatores mais marcados na rede social. A partilha de corpos considerados perfeitos pode levar a que muitas pessoas, em especial no sexo feminino, se sintam pior com o seu próprio corpo. Logo depois vem os problemas de sono, seguidos pelo bullying, ansiedade e depressão.

Das cinco redes sociais (YouTube, Twitter, Facebook, Snapchat e Instagram) apenas a plataforma de vídeos conseguiu alcançar resultados positivos para a saúde, uma vez que permite uma maior expressão por parte do utilizador, proporciona mais entretenimento, companhia (semelhante à televisão), entre outros fatores.

O Twitter e o Facebook afetam sobretudo o sono e provocam o aumento do cyberbullying, aliado ao medo de se sentir excluído de algum evento. Sendo que ambas são plataformas onde são partilhadas diversas informações e pensamentos, permitem um grande nível de expressão e que as pessoas se relacionem umas com as outras; no entanto, facilita o lado negativo, oferecendo a proteção atrás de um ecrã.

O Snapchat aparece logo de seguida com o maior fator de risco a ser apontado para o medo de exclusão e a falta de sono, uma vez que esta rede social permite a divulgação de pequenos vídeos e fotos de um evento que está a decorrer e leva os utilizadores a sentir um aumento de ansiedade por não poderem estar presentes no evento. Também o cyberbulling e os problemas ligados à imagem corporal são fatores aumentados pela utilização do Snapchat.

Segundo dados avançados pelo estudo britânico, cerca de 90% dos jovens entre os 16 e os 24 anos utilizam a Internet maioritariamente para estarem nas redes sociais. Os valores de ansiedade e depressão aumentaram cerca de 70% nos últimos 25 anos e um fator que está diretamente ligado a estes valores são as redes sociais. Além disso, também o sono é afetado devido a uma espécie de círculo vicioso.

Se a pessoa se sentir preocupada, ansiosa ou stressada vai ter dificuldades em descansar em condições. A falta de sono vai provocar um cansaço acima do normal que gera dificuldades em cumprir as tarefas do dia-a-dia. O facto de não conseguir realizar determinadas tarefas vai afetar a autoestima do utilizador e isso vai gerar mais preocupação.

Através do estudo é possível concluir ainda que o cyberbullying está a crescer cada vez mais, com sete em cada 10 jovens a admitirem que já o experienciaram. No entanto, nem tudo é mau, uma vez que os utilizadores das redes sociais indicam que recebem um maior apoio emocional através dos seus contactos online.

Maio Mês do Coração
Sociedade Portuguesa de Transplantação deixa a certeza: exercício físico melhora a qualidade de vida dos doentes transplantados.

No mês em que se celebra o coração, a Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) junta a sua voz à de quem alerta para o problema das doenças cardiovasculares. E quando o tema em destaque é “O Coração no Desporto”, aproveita para reforçar a ideia da necessidade de uma vida mais saudável, que deve incluir a prática regular de exercício físico. Uma máxima que é também válida para quem já fez um transplante.  

Os vilões que impedem um coração saudável são bem conhecidos. Ou deviam ser: tabagismo, alimentação incorreta, consumo excessivo de álcool ou o sedentarismo  contribuem para os problemas cardiovasculares. E é sobre este último que este ano recai o enfoque, alertando para a necessidade de nos mexermos. No caso dos transplantados, o exercício físico tem também a capacidade de melhorar o estado de saúde de quem tem um novo órgão. E é por isso, reforça a SPT, que deveria fazer parte integrante da reabilitação.

A prática de exercício físico ajuda a afastar o fantasma das doenças, contribui para uma melhoria dos sintomas que podem estar associados ao transplante e faz bem, não só ao corpo, mas também à mente, permitindo que o doente transplantado recupere mais rapidamente e melhore a sua qualidade de vida. O exercício físico tem muitas vantagens, mas não fica por aqui. A estas junta-se outra: ajuda a reduzir o risco das doenças cardiovasculares e da diabetes associado a alguns medicamentos imunossupressores. 

“O início da prática de exercício físico depende da capacidade funcional de cada doente transplantado e deve ser adaptado individualmente. Antes de iniciar a atividade desportiva o doente transplantado deve aconselhar-se com o médico que o segue no pós-transplante e na maioria das situações deve ser praticado de preferência após seis meses. No entanto, se for possível a caminhada poderá iniciar-se mais cedo” aconselha Susana Sampaio, presidente da SPT, que salienta ainda que o tipo de exercício escolhido não deve também ser deixado ao acaso, devendo evitar-se os desportos que impliquem risco de contacto violento mas, claro que também depende do tipo de transplante.

A nível mundial existem os “World Transplant Games”, que se assemelha às olimpíadas dos doentes transplantados, realizados de dois em dois anos, envolvendo 1500 atletas transplantados de 69 países. No nosso país o Grupo Desportivo de Transplantados de Portugal dedica-se a promover ações de divulgação para incentivo ao desporto e exercício físico entre transplantados e candidatos a transplante, organizar torneios e competições nacionais, selecionar e criar equipas que representem o grupo a nível nacional e internacional.

Sistema Nacional de Avaliação em Saúde
Dos 160 hospitais em Portugal, 126 (79%) obtiveram classificação de excelência clínica e, destes, 112 conseguiram a atribuição...

De acordo com os resultados do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS), referentes à primeira avaliação deste ano relativos à dimensão excelência clínica, dos 160 estabelecimentos atualmente abrangidos pelo SINAS@Hospitais, 126 (79%) obtiveram classificação nesta dimensão, dos quais 112 (89%) conseguiram a atribuição da estrela correspondente ao primeiro nível de avaliação.

No âmbito da dimensão excelência clínica são avaliadas as áreas de angiologia e cirurgia vascular, cardiologia, cirurgia de ambulatório, cirurgia cardíaca, cirurgia geral, cuidados intensivos, cuidados transversais, ginecologia, neurologia, obstetrícia, ortopedia e pediatria.

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) refere que, quanto ao segundo nível de avaliação (‘rating’), verificou-se, de uma forma global, a melhoria nos valores médios dos indicadores avaliados, a que corresponde uma melhoria do cumprimento de indicadores de processo associados a diferentes áreas cirúrgicas: ginecologia, cirurgia do cólon e cirurgia vascular, nomeadamente nos relacionados com a seleção, administração e interrupção da antibioterapia profilática.

Melhoraram igualmente os valores médios de alguns indicadores de processo das seguintes áreas: pediatria (pneumonias), neurologia (relativos ao acidente vascular cerebral), cirurgia de ambulatório, cardiologia (enfarte agudo do miocárdio), unidade de cuidados intensivos e cuidados transversais e tromboembolismo venoso no internamento.

O SINAS é um sistema de avaliação da qualidade global dos estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde, desenvolvido pela ERS.

Este regulador refere que, ao longo dos anos, se tem registado “um aumento gradual do desempenho médio em indicadores de processo, alguns dos quais com patamares de cumprimento entre os 90% e os 100% em diferentes áreas como a ortopedia, a ginecologia, a cirurgia do cólon, a cirurgia de revascularização do miocárdio e a cirurgia cardíaca, a cirurgia de ambulatório, o enfarte agudo do miocárdio, o acidente vascular cerebral, a obstetrícia e a unidade de cuidados intensivos.

31 de maio - Dia Mundial Sem Tabaco
“Orgulho sem tabaco” é o movimento que a Comissão de Trabalho de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia lança no...

Como explica José Pedro Boléo-Tomé, Coordenador da área de tabagismo da SPP “este ano a mensagem é dirigida a todos aqueles que, assumidamente, não fumam e que com uma atitude positiva, podem não só dar o exemplo como partilha-lo, promovendo assim este movimento que revela o orgulho de quem não fuma”.

Dirigida, sobretudo, a mulheres este é um movimento que procura chegar às cerca de 0,6 milhões de mulheres fumadoras que fazem parte dos estimados cerca de 1,8 milhões de fumadores existentes em Portugal. Segundo José Pedro Boléo-Tomé, “ainda que os últimos dados de 2014 do INS1 revelem uma redução global no número de fumadores, importa reter que, comparativamente aos dados de 2005/2006, assistiu-se a um acréscimo de mulheres fumadoras. Esta é uma situação que é importante reverter, pelo que este ano é, sobretudo, às mulheres que esta campanha se dirige, remetendo-as para duas realidades muito próprias: elas próprias enquanto mulheres e enquanto mães”.

Um estudo2 sobre comportamentos de risco observados em mulheres, que se dirigiram a serviços de saúde do sector público para uma consulta de vigilância pré-natal, revela que a prevalência de consumo de tabaco durante a gravidez é de cerca de 17% e que cerca de 60% das mulheres que fumavam no início da gravidez mantiveram o consumo. Para Paula Rosa, da Comissão de Trabalho de Tabagismo da SPP e médica especialista em cessação tabágica, “o tabagismo na mulher grávida é um importante fator de risco para complicações na mulher e para a criança, tanto no período intra-uterino como na vida futura; é fundamental motivar as mulheres em idade fértil para deixarem de fumar antes de engravidarem e prevenir as recaídas após o parto”.

Consumo de tabaco apresenta determinantes sociais de saúde, refletindo as desigualdades sociais e de saúde

Historicamente a evolução da epidemia do tabagismo é influenciada por fatores culturais e pelo próprio contexto socioeconómico e geopolítico, que acaba por se refletir na relação que se tem com o tabaco. No caso das mulheres, o tabagismo está relacionado com a emancipação e o papel social que a mulher tem vindo a adquirir ao longo dos anos. O consumo de tabaco é um fenómeno recente e crescente nas mulheres, tendo surgido nos anos sessenta, particularmente após o fim da ditadura e a integração de Portugal na União Europeia que veio melhorar as condições socioeconómicas e do nível de educação da população portuguesa. Durante várias décadas o tabagismo entre as mulheres manifestou-se, sobretudo, nas classes sociais mais elevadas e com níveis de formação superior. Estudos recentes3 revelam que, atualmente, são as classes mais desfavorecidas, com baixos índices de educação, em situações de fragilidade social (p.e. desemprego, divorcio, famílias destruturadas…) e com baixos níveis de formação que mais fumam.

Como explica José Pedro Boléo-Tomé “o consumo de tabaco concentra-se, sobretudo, nos grupos socioeconómicos mais baixos, que acabam por ser os que apresentam menores taxas de cessação tabágica. Estas diferenças resultam do facto de as classes mais desfavorecidas acabarem por ter menor acesso à informação assim como uma menor compreensão dos riscos inerentes ao consumo de tabaco”.

1 PORTUGAL Prevenção e Controlo do Tabagismo em Números 2015
2 ARAPINHA L, RIBEIRO C, LAVADO E ET AL. O consumo de tabaco na gravidez. Lisboa: Divisão de Estatística e Investigação. Direção de Serviços de Monitorização e Informação. Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), 2015. Disponível em: http://www. sicad.pt/BK/EstatisticaInvestigacao/EstudosConcluidos/Lists/SICAD_ESTUDOS/Attachments/157/ Relatorio_Divulgacao_EstudoAlcoolGravidez.pdf
3 Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA); Inquérito Nacional de Saúde 2014; Instituto Nacional de Estatística, I.P.;

Estudo
Investigadores do Porto descobriram uma forma de aumentar a resposta ao tratamento do cancro do pulmão através da inibição de...

"Quando as células de linhas celulares de cancro do pulmão são impedidas de produzir a proteína 'spindly', estas passam a responder de forma mais eficiente ao paclitaxel", um medicamento usado em quimioterapia, disse o professor da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico Universitário (CESPU) Hassan Bousbaa, um dos responsáveis pelo projeto.

A função do paclitaxel, segundo o investigador, é impedir o crescimento das células cancerígenas, uma vez que inibe a divisão celular, sendo aplicado em casos de cancro do pulmão, dos ovários e da mama, por exemplo.

Este estudo mostrou que a supressão da 'spindly' atrasa a saída mitótica (que se dá quando uma célula se divide mesmo na presença do fármaco que, em princípio, deveria inibir a sua divisão) e leva à autodestruição das células cancerígenas, quando tratadas com esse medicamento, explicou.

Sendo uma proteína necessária para a divisão das células normais, a sua supressão pode ter efeitos negativos, referiu o professor, acrescentando que o paclitaxel também tem, visto que interfere com a divisão celular normal. Espera-se", no entanto, que estes efeitos "sejam revertíveis no fim do tratamento".

Com este projeto os investigadores pretendem "dar uma nova vida aos medicamentos mais usados e com uma longa história de sucesso no combate ao cancro, mas aos quais algumas células do cancro conseguem adaptar-se e sobreviver", referiu Hassan Bousbaa.

O objetivo, continuou o professor, "é impedir esta adaptação, ajudando estes medicamentos convencionais a combater melhor as células do cancro".

De acordo com o responsável, esta a estratégia mostrou-se eficaz em células de cancro produzidas em laboratório, sendo o próximo passo o teste com animais, projeto que prevê iniciar em janeiro de 2018.

Este trabalho, cuja primeira autora é a investigadora da CESPU Patrícia Silva, foi cofinanciado pela Fundação para a Ciência e para a Tecnologia (FCT) e contou com a participação de Helena Vasconcelos, do IPATIMUP/i3S, do Porto, e de Álvaro Tavares, da Universidade do Algarve.

O estudo teve a duração de dois anos e foi publicado recentemente na revista científica Cancer Letters.

Estudo
Um estudo feito pela Unidade Local de Saúde de Castelo Branco revelou que a incidência anual de fraturas do fémur em mulheres...

"Os resultados deste estudo são preocupantes e demonstram a importância da problemática que constituem as fraturas do fémur, sobretudo em mulheres pós-menopáusicas, entre as quais as taxas de incidência e mortalidade associadas são significativas", refere em comunicado o presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR), José Canas da Silva.

Segundo a SPR, o estudo realizado pelo reumatologista da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULSCB) Pedro Abreu, entre janeiro de 2014 e dezembro de 2015, envolvendo doentes internadas naquela unidade de saúde por fratura do fémur de baixa energia, coloca em evidência "o grave problema" das fraturas do fémur e do subdiagnóstico da osteoporose no distrito de Castelo Branco.

"A análise, levada a cabo pela ULSCB, revelou que a incidência anual de fraturas do fémur, a consequência mais séria da osteoporose, em mulheres com idade igual ou superior a 65 anos é de 922,4 por 100 mil habitantes", lê-se no documento.

Apurou-se ainda que 32,3% dos casos apresentavam antecedentes de fratura e 8,8% tinham registo de dois ou mais episódios prévios de fratura, mas em apenas 11,6% das mulheres haviam sido diagnosticadas previamente com osteoporose e somente 7,8% estavam medicadas com tratamento anti-osteoporótico.

O documento adianta ainda que, um ano após fratura, a taxa de mortalidade verificada foi de 16,3%.

"Apesar de se tratar de uma patologia muito divulgada entre profissionais de saúde e até na população em geral, existem ainda muitas deficiências na prevenção, diagnóstico e tratamento da osteoporose, mesmo com a existência de recomendações nacionais e internacionais", sustenta José Canas da Silva.

Este responsável sublinha que esta é uma situação que se repercute por todo o país, com lacunas na prevenção, diagnóstico e tratamento da doença que afeta mais de 800 mil portugueses.

“Saúde.come”
Dois terços dos idosos portugueses são sedentários, sendo a camada da população mais inativa e com comportamentos que revelam...

O projeto “Saúde.come”, que tem como um dos objetivos caraterizar os estilos de vida população portuguesa, analisou mais de 10.600 portugueses representativos da população, entre os quais mais de 2.300 pessoas com mais de 65 anos.

“A população idosa apresenta vários comportamentos que revelam um estilo de vida menos saudável. Tendencialmente é a população mais sedentária e revela maus hábitos alimentares, tabágicos e de consumo de álcool”, sintetiza Helena Canhão, investigadora principal do “Saúde.com”.

A partir das entrevistas feitas à população com mais de 65 anos, os investigadores concluíram que os últimos cinco a seis anos de vida dos portugueses são cumpridos com má qualidade ao nível da saúde.

São mais de 66% os idosos portugueses que são sedentários, um número que Helena Canhão considera “muito elevado”.

O projeto realizou ainda uma comparação com a população norueguesa. Apesar de Portugal ter mais sol, os idosos da Noruega praticam “muito mais atividade física” do que os portugueses.

Em relação ao uso da tecnologia, 80% dos idosos portugueses não utilizam computador, mas são 60% os que veem mais de três horas de televisão por dia.

Helena Canhão refere que a televisão se mostra, nesta população, como um meio importante para transmitir conhecimentos e até para encorajar à atividade física.

Outro dado que os investigadores consideram relevante é o facto de mais de 77% dos idosos portugueses terem apenas até quatro anos de escolaridade.

O retrato mais detalhado da população com mais de 65 anos vai ser apresentado em Lisboa na quinta-feira, numa sessão que contará com a presença do reitor da Universidade Nova de Lisboa.

Vai ser ainda apresentado um manual que pretende ser prático, com um programa de três meses para promover estilos de vida saudáveis entre os mais velhos.

O livro “Viver com Saúde depois dos 60 anos”, que terá distribuição gratuita, pretende ajudar “de forma económica e sustentável” a alcançar uma vida mais saudável.

Terá conselhos e exemplos sobre exercício físico, receitas de cozinha, exercícios de memória, estímulo aos sentidos e outras informações sobre sexualidade, segurança ou sono.

O projeto "Saúde.come" é financiado pelo Programa Iniciativas de Saúde Pública, EEA-Grants, que resulta do memorando de entendimento celebrado entre o Estado Português e os países doadores (Islândia, Liechtenstein e Noruega) do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu.

Estudo
Uma investigação da docente Nádia Osório, da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, identificou proteínas...

O estudo, que vai ser apresentado hoje em livro, partiu da necessidade de compreender o comportamento das bactérias face aos antibióticos e conhecer os mecanismos de resistência envolvidos.

"Se soubermos que mecanismos a bactéria desenvolve, ou passa a expressar quando se adapta ao antibiótico, podemos desvendar novos alvos para o desenvolvimento de novos antibióticos ou de outros compostos químicos ou terapêuticas que depois atuem neles", explica a investigadora, citada em comunicado da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC).

Segundo Nádia Osório, esta é "uma necessidade urgente, dado que cada vez mais as pessoas estão restritas à utilização de antibióticos e que, num futuro próximo, estes podem ser ineficazes e gerar um maior descontrolo no combate a infeções".

A investigadora salienta que o uso excessivo ou mal aplicado de antibióticos é hoje considerado um problema de saúde pública, "na medida em que existe uma resistência cada vez maior por parte de bactérias e, consequentemente, maiores dificuldades no combate a infeções".

"As pessoas tomam antibióticos errados, em quantidades erradas, porque se automedicam ou então porque às vezes alguém prescreve um antibiótico de largo espetro para erradicar a bactéria sem saber sequer qual é a bactéria ou seu antibiograma", explica a docente da ESTeSC.

O estudo conseguiu identificar proteínas envolvidas no ganho de resistência bacteriana na espécie estudada, "que pode vir a ajudar no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas neste âmbito".

Para Nádia Osório, a investigação veio reforçar que é fundamental uma aplicação regrada dos antibióticos, que "só deveriam ser aplicados em situações muito concretas e devidamente estudadas".

"Seria mais assertivo na prática clínica tentar reduzir a aplicação de antibióticos nas situações mais fáceis de tratar. Deveria ser totalmente impeditivo a aquisição de antibióticos sem prescrição, tanto para a veterinária como para a saúde humana, e a população deveria ser constantemente informada das consequências negativas que estes comportamentos podem gerar", sublinhou.

Em laboratório, a investigadora concluiu que o uso inadequado de antibióticos cria maior resistência e dificuldades no combate das infeções bacterianas, que anteriormente eram facilmente eliminadas.

O lançamento do livro, que resulta da tese de doutoramento de Nádia Osório em microbiologia, decorre hoje, às 16:00, na ESTeSC, inserido na Coleção "Ciência, Saúde e Inovação - Teses de Doutoramento".

15.ª edição do Congresso da Sociedade Ibérica de Citometria
A citometria de fluxo e seus avanços tecnológicos são o tema central da 15.ª edição do Congresso da

Desde há muitos anos que a citometria de fluxo, fruto da sua capacidade de estudar vários parâmetros simultaneamente numa única célula, se tem afirmado como uma ferramenta de utilidade reconhecida na área clínica, nomeadamente no diagnóstico, prognóstico e monitorização terapêutica das hemopatias malignas, na monitorização da infecção pelo VIH, e também na investigação aplicada à clínica e na investigação básica.

O aparecimento de novos citometros de fluxo, com uma maior capacidade multiparamétrica e de processar uma grande quantidade de células em menor tempo, associado a softwares de análise mais versáteis e capazes de realizar uma análise automática de todas as populações celulares presentes numa amostra e, acima de tudo, capazes de cruzar a informação obtida nessa amostra com uma base de dados representativa da maioria das hemopatias malignas, vai reduzir de forma significativa a subjectividade diagnóstica dependente do “expertise” de quem analisa e permitir, através da estandardização dos painéis de diagnóstico e de calibração dos equipamentos, que se obtenha, para uma mesma amostra processada em laboratórios diferentes, o mesmo resultado.

Estes avanços irão, seguramente, colocar a citometria de fluxo numa posição de maior relevo na área clínica das hemopatias malignas, quer ao nível do diagnóstico, quer no aumento da sensibilidade para a pesquisa da doença mínima residual. Estes mesmos avanços tecnológicos em citometria de fluxo serão igualmente uma mais-valia no que respeita ao diagnóstico das imunodeficiências primárias.

Perspectivam-se, também, novas áreas de intervenção da citometria de fluxo, nomeadamente no estudo de alterações periféricas (numéricas ou funcionais) que ocorrem nas células do sistema imune, após terapêutica imunomoduladora, em particular as com base em anticorpos monoclonais, e que estão a ser cada vez mais utilizadas no tratamento de tumores.

Finalmente, fruto da capacidade que alguns citometros de fluxo têm de funcionar como separadores celulares (“cell sorters”), e cuja utilização é já uma realidade, em alguns laboratórios clínicos, poder-se-ão estabelecer interfaces de colaboração e de complementaridade com outras tecnologias, também importantes na área do diagnóstico das hemopatias malignas, como a hibridação in situ de fluorescência (FISH) e a biologia molecular, em particular, e ainda em fase de implementação, a sequenciação de nova geração (NGS). Estes separadores celulares já são largamente utilizados por muitos grupos de investigação, sendo uma ferramenta fundamental para os novos avanços científicos em diferentes áreas.

Estes e outros avanços serão abordados na 15.ª edição do Congresso da Sociedade Ibérica de Citometria (SIC), que vai ter lugar entre os dias 25 e 27 de maio, em Lisboa. Os detalhes sobre o evento poderão ser consultados no website oficial: http://www.transalpino-eventos.com.  

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Iniciativa
No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Esclerose Múltipla, a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM) vai...

No dia 24 de maio, a partir das 10h30, terá lugar uma sessão inaugural em que Susana Protásio, vice-presidente da SPEM, vai apresentar os “Sete Princípios da Qualidade de Vida das Pessoas com EM”, um documento que contribui para o movimento internacional em prol das pessoas com EM e compilado pela Federação Internacional das associações de doentes, organização a que a SPEM pertence. Ainda nesta manhã, o Dr. Carlos Capela neurologista do Centro Hospitalar Lisboa Central, vai apresentar a perspetiva clínica de como é “Viver com EM” e uma doente vai partilhar o seu testemunho. 

Na “Casa da EM” são duas as divisões representadas e aquelas onde, normalmente, passamos mais tempo, a sala de estar e a cozinha. Na sala, a experiência de atravessar um tapete com barbatanas calçadas pretende sensibilizar para a dificuldade que estes doentes têm em levantar os pés e a falta de equilíbrio; na cozinha, sentir uma onda de calor ao abrir o frigorífico mostra como as pessoas que sofrem de EM reagem às alterações bruscas de temperatura. Ao afetar o sistema neurológico central, a EM origina uma multitude de perturbações físicas e sensoriais.

Ainda no âmbito desta iniciativa, no dia 27 de maio, vai realizar-se uma sessão gratuita de cinema, também no Centro Colombo, para visionar o filme “100 Metros” que conta a história de um homem diagnosticado com EM e que mesmo assim, desafiando o prognóstico e as limitações impostas pela doença, conseguiu concluir o IronMan, uma das provas mais duras do planeta. Esta sessão realiza-se no sábado, pelas 19h00 e os bilhetes1 podem ser solicitados às promotoras junto da “Casa da EM”.

Nas palavras de Susana Protásio, “É muito importante conseguirmos transmitir à população em geral, media e tutela, o que é viver com EM. A correta gestão da doença não é apenas responsabilidade da pessoa afetada. Depende de toda a sociedade assegurar que estas pessoas, jovens e em idade ativa, possam fazer face à doença e continuar as suas vidas apesar deste diagnóstico, com os mesmos direitos e oportunidades. Esta iniciativa pretende promover a igualdade e desafiar o estigma em torno da EM.”

 

Semana Internacional da Tiroide
Sondagem internacional revela que quase um terço das mulheres não consegue explicar o que é um distúrbio da tiroide.

Todos os anos se assinala, a nível global, a Semana Internacional da Tiroide que integra o Dia Mundial da Tiroide, cujo objectivo é destacar algumas das características menos conhecidas das doenças tiroideias e garantir que as pessoas tenham as informações necessárias para saber identificar possíveis sintomas de uma doença que em Portugal afecta cerca de 1 milhão de portugueses (cerca de 10% da população), estando grande parte ainda por diagnosticar.

“Não é você: é a sua tiroide” é o tema central da campanha global de sensibilização da 9ª edição da Semana Internacional da Tiroide, que este ano decorre de 22 a 28 de maio, e que destaca as semelhanças que existem entre os sintomas dos distúrbios da tiroide com os efeitos do estilo de vida acelerado dos nossos dias. Esta campanha baseia-se nos resultados de um inquérito internacional que revela que muitas mulheres se culpam a si próprias, e às escolhas relativas ao seu estilo de vida, com sintomas como alterações de peso, irritabilidade, ansiedade, insónias e fadiga, não compreendendo que uma doença da tiroide pode ser a causa subjacente.

Para Maria João Oliveira, médica endocrinologista e membro do Grupo de Estudo da Tiroide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) “este estudo revela que a doença tiroideia pode, secretamente, ser a responsável por detrás dos sintomas que muitos de nós atribuímos ao estilo de vida sobrecarregado da atualidade e com cada vez menos tempo para descansar a motivos como o cansaço excessivo, a má concentração, a falta de motivação, a depressão, a perturbações do sono ou até mesmo à dificuldade em conseguir engravidar, não percebendo que um distúrbio da tiroide pode ser a causa subjacente. Daí que promover o conhecimento sobre a doença é fundamental para que os sintomas não sejam negligenciados e haja uma diminuição de casos por diagnosticar”.

Principais sintomas 

Regula o humor, o peso e a memória, mas se produzir hormonas em excesso ou por defeito – hipertiroidismo e hipotiroidismo – desregula o metabolismo.

Alguns dos sintomas relacionados com baixos níveis de hormonas tiroideias (hipotiroidismo) são obstipação, falta de motivação, falta de concentração, depressão ou aumento de peso. Os sintomas relacionados com níveis aumentados de hormonas tiroideias (hipertiroidismo) incluem perda de peso e irritabilidade.

Quer o hipotiroidismo, quer o hipertiroidismo podem causar ansiedade, irregularidades menstruais e alterações do sono. A maioria das mulheres que participaram nesta sondagem desconhece que sintomas podem ser resultado de um problema subjacente da tiroide.

Hospital Todos os Santos
A Câmara de Lisboa vai discutir a venda ao Ministério da Saúde, por 4,2 milhões de euros, de cinco parcelas de terreno, em...

A proposta, que será apreciada na reunião privada de quinta-feira, recorda que esta venda decorre do acordo celebrado em dezembro de 2007 entre o Ministério da Saúde e o município para a criação do Hospital Todos os Santos.

Nessa altura, o Estado comprou várias parcelas municipais de terreno (que totalizavam 100.561,00 metros quadrados) por 13.394.725,20 euros.

Entretanto, estão a decorrer “estudos técnicos tendo em vista o lançamento do concurso público para a conceção/construção” deste equipamento de saúde, nos quais se verificou “que a área de terreno de que o Estado é atualmente proprietário para a construção do hospital é insuficiente”.

Isto porque “não permite uma adequada implementação dos volumes nem os melhores acessos, ao mesmo tempo que não garante reserva mínima de expansão, sempre aconselhável nestas situações”, revela a proposta assinada pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, e à qual a Lusa teve hoje acesso.

Salientando que é “do interesse público e da maior relevância para a cidade de Lisboa que o futuro hospital seja dotado de todas as condições para presente e futuro e que possa, a todos os níveis, ser uma unidade de referência”, o autarca propõe a alienação de terrenos contíguos aos já vendidos.

Em causa estão terrenos sem “caráter estratégico” para o município, localizados na Rua Engenheiro Ferreira Dias e na Avenida Dr. Augusto Castro, freguesia de Marvila, que perfazem uma área total de 28.000,00 metros quadrados.

Ao todo, serão vendidos por 4.172.000,00 euros, tendo um valor unitário de 149 euros por metro quadrado (isto já considerando o ajuste ao Índice de Preços no Consumidor).

“Com os referidos terrenos será, sem dúvida, possível desenvolver um programa de intervenção e preparar o procedimento de contratação do futuro hospital em muito melhores condições, quer do ponto de vista técnico, quer em termos urbanísticos, com significativa mais-valia para o interesse público”, sublinha Manuel Salgado.

De acordo com o responsável, o “Ministério da Saúde manifestou a sua anuência à formalização do negócio nos termos descritos, do qual também foi dado conhecimento à Direção-Geral de Tesouro e Finanças”.

A proposta visa também uma cedência complementar de terrenos - do domínio público para o domínio privado do município - para que possam ser vendidos, visando que este equipamento de saúde avance com a “máxima urgência”, nota Manuel Salgado.

Abrangido será um troço da antiga Azinhaga do Ferrão, também em Marvila, com 779 metros quadrados, o que implica o pagamento de 3.895,00 euros, adianta a proposta, que será depois submetida à apreciação da Assembleia Municipal.

SNS
Liberdade de escolha no SNS está a funcionar desde junho de 2016. Mais de 166 mil escolheram o hospital para ter consulta.

Mais de 166 mil utentes já escolheram um hospital diferente do da sua área de residência para terem uma primeira consulta da especialidade. Números que representam 10,5% do total das primeiras consultas realizadas entre junho do ano passado, quando o livre acesso e a liberdade de escolha dentro do SNS entrou em vigor, e abril deste ano. "Estão a fazê-lo nas especialidades tradicionalmente com maiores dificuldades de resposta: oftalmologia, ortopedia, dermatologia e otorrinolaringologia", adianta ao DN Ricardo Mestre, vogal da Administração Central do Sistema de Saúde.

O mesmo explica que nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e no Norte a maioria dos utentes escolhe hospitais alternativos dentro da região. Já o Centro "tem capacidade de atrair mais pedidos do que os que deixa sair da região". A medida faz parte do plano do Ministério da Saúde de melhorar a organização e rentabilização da resposta do SNS. Exigência maior quando os tempos máximos de resposta garantidos para primeiras consultas foi reduzido de 150 para 120 dias. A portaria entra em vigor em junho, embora o prazo antigo se mantenha em vigor até ao final do ano.

A reação à liberdade de escolha, explica Rui Nogueira, presidente da Associação dos Médicos de Família, "tem sido boa, quer quando os doentes nos interpelam quer quando lhes propomos poderem ir para outro hospital". Da sua experiência as escolhas acontecem muitas vezes em ortopedia e otorrino. A razão fundamental de ambos os lados é uma: conseguir menores tempos de espera. "Quando voltam ao consultório dizem-nos "ainda bem que fui para lá". Acho que a medida está a funcionar muito bem e que só peca por tardia", diz, referindo que a qualidade dos serviços em geral é boa e por isso o que leva o doente a escolher outra solução é o acesso. "Nós temos uma qualidade nos serviços médicos muito boa. Onde temos défice é na organização e no planeamento, que se reflete na capacidade de resposta", aponta.

Manuel Vilas Boas, do Movimento de Utentes da Saúde, considera que a "medida foi uma saída para os constrangimentos". Mas "o ideal seria que houve resposta no hospital da zona. Esta é uma saída de emergência que tem dado algum resultado e o que interessa aos utentes é terem o problema resolvido". Manuel Vilas Boas salienta que há outros problemas que também gostariam de ver resolvidos como a falta de médicos em algumas especialidades. "Deixamos um apelo ao ministro para ver se consegue reivindicar mais verba do Orçamento para a saúde."

Para o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, o que existe não é uma verdadeira liberdade de escolha. "O que faria sentido, se os doentes tivessem acesso aos cuidados, era discutir a qualidade dos diferentes serviços e dos diferentes hospitais de forma a competirem entre eles e estimular a fazer melhor. Este seria o espírito da liberdade de escolha. Ter liberdade por causa do acesso é uma liberdade."

Mais investimento

O livre acesso faz parte de um plano que passa também pelo reforço do investimento e maior articulação entre as unidades do SNS. "Já foi publicado um despacho que dá orientação aos hospitais para reforçar a articulação entre as unidades para garantir os tempos máximos de resposta e rentabilizar o SNS. Estão a ser feitos investimentos significativos nas instalações e equipamentos em quase todos os hospitais e centros de saúde, temos mais profissionais - mais mil médicos e mais dois mil enfermeiros no primeiro trimestre de 2017 em comparação com 2016 - e estamos a avançar com a implementação da plataforma eletrónica de gestão partilhada de recursos, em que quem tem coloca o que pode oferecer e quem não tem pode recorrer a uma destas unidades. A ideia é partilhar atividade - consultas, cirurgias e exames - e equipamento", explica Ricardo Mestre. O objetivo é que todas as instituições do SNS estejam ligadas à plataforma até ao final de setembro.

Debate
O médico e investigador Sobrinho Simões, que defende a despenalização da eutanásia, disse hoje que será objetor de consciência...

“Por um lado acho que as pessoas têm todo o direito a terem acesso à eutanásia, mas eu não a farei e serei objetor de consciência”, afirmou Sobrinho Simões, um dos subscritores de um apelo ao Presidente da República e ao presidente da Assembleia da República a defender uma lei “que permita a cada um encarar o final da vida de acordo com os seus valores e padrões”.

O médico falava no primeiro de um conjunto de debates promovidos pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) e que irá percorrer dez cidades de Portugal com o tema “Decidir sobre o final da Vida”.

Neste primeiro painel, participaram Sobrinho Simões, o filósofo José Gil, o especialista em ética Walter Osswald e a ex-ministra da Saúde Maria de Belém Roseira, cabendo a moderação ao médico Miguel Oliveira da Silva.

A autonomia foi um dos temas em redor do qual os oradores se pronunciaram, com a jurista Maria de Belém Roseira a assumir-se como “defensora do aprofundamento da autonomia no âmbito da pessoa e da pessoa em sociedade”.

Sobre a autonomia, Walter Osswald referiu que a legalização do suicídio assistido ou da eutanásia irá precisamente reforçar a autonomia do médico.

“Só o médico é que pode determinar as condições do doente. Há um reforço do poder do médico e não do doente”, afirmou.

Já em relação às crianças, este especialista em ética alertou: “Os pais são tutores, mas não são os seus donos”.

O filósofo José Gil referiu-se às mudanças na sociedade portuguesa, o que “afastou os mortos das instituições”.

“Quanto mais os vivos apagam os mortos da sua vida, mais empobrecidos ficam”, disse, considerando que a eutanásia é “uma maneira da sociedade os acolher”.

No debate foi ainda abordada a aplicação da eutanásia em países como a Bélgica e a Holanda, para alguns considerados maus exemplos, tendo em conta a sua aplicação em crianças ou menores deficientes.

O próximo debate do CNECV realiza-se no Porto, a 05 de Junho. Este primeiro contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Estudo
De acordo com os resultados globais da atividade dos centros de PMA em 2015, divulgados pelo Conselho Nacional de Procriação...

De acordo com os resultados globais da atividade dos centros de PMA em 2015, divulgados pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), desde 2013 estão registadas 1.316 dadoras, das quais resultaram 1.856 dádivas.

A maioria das dadoras (66,6%) fez um ciclo de doação, 22,8% dois ciclos e 10,6% três.

No mesmo período, o CNPMA registou 123 dadores de espermatozoides que proporcionaram 494 dádivas.

Foram ainda aplicados 88 embriões doados.

Projeto Universitário
Um produto alimentar eco-inovador, combinando medronhos, amoras silvestres e algas, foi produzido por uma equipa de estudantes...

Semelhante a uma gelatina com polpa, o novo produto alimentar, denominado ‘gratô’, é 100% natural, sublinham os seus criadores, uma equipa de alunos do mestrado em biodiversidade e biotecnologia vegetal da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

A ideia de criar “um novo produto alimentar que pudesse ser ingerido por todos – crianças e adultos, intolerantes à lactose e ao glúten, vegetarianos, diabéticos, etc. –, surgiu num ‘roadshow’ realizado no âmbito de uma parceria entre a Universidade de Coimbra (UC) e a PortugalFoods, promovida pelo gabinete do vice-reitor para a investigação e inovação, Amílcar Falcão”, refere uma nota da UC, enviada hoje à agência Lusa.

O ‘gratô’ consiste num “combinado de fruta e algas 100% natural e de origem vegetal”, salientam Daniela Pedrosa, Isabel Cardoso e Nádia Correia, as estudantes envolvidas no projeto.

“O medronho é o ingrediente principal porque queremos promover o consumo deste fruto, com muito potencial, mas pouco explorado além dos licores. Contém também amora silvestre e algas marinhas, nomeadamente grateloupia turuturu e undaria pinnatifida (vulgarmente conhecida como wakame)”, descrevem as mestrandas, citadas pela UC.

“A introdução das algas no combinado é uma mais-valia relevante do ponto de vista nutricional porque são muito ricas em iodo (essencial para o desenvolvimento cognitivo em crianças) e em fibras alimentares”, salientam.

As autoras do ‘gratô’ adiantam ainda que querem promover uma alimentação saudável e, por isso, o combinado “não tem na sua composição açúcares refinados, tem apenas o açúcar natural das frutas e uma pequena porção de stevia (adoçante natural)”.

Para a produção do novo combinado alimentar, as estudantes contaram com a orientação dos professores Leonel Pereira, especialista da FCTUC em macroalgas marinhas, que conduziu a escolha, identificação e recolha das algas, e de Goreti Botelho, da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), que guiou todas as etapas da confeção.

O ‘gratô’, em fase de protótipo, já foi apresentado numa feira agroalimentar e a reação dos consumidores que experimentaram “foi extremamente positiva, incentivando-nos a colocar o produto no mercado”, referem as alunas da FCTUC, revelando que já estão “em contacto com algumas empresas do setor”, que manifestam interesse em comercializar o produto.

Falta ainda, no entanto, “realizar mais testes, mas, se tudo correr como previsto, o ‘gratô’ poderá estar na mesa dos portugueses dentro de um ano”, preveem.

Na sexta-feira, as estudantes vão disputar a final nacional do Ecotrophelia, um concurso de âmbito internacional promovido pela PortugalFoods e Federação das Indústrias Portuguesas Agro Alimentares (FIPA), para “premiar a inovação do meio académico no setor agroalimentar”.

Se o projeto vencer a final nacional, o ‘gratô’ será apresentado na Ecotrophelia Europa 2017, que decorre em 21 e 22 de novembro em Londres.

Cientistas Portugueses
Estudo de cientistas portugueses publicado na revista Cell revela como as bactérias dos intestinos podem alterar as...

E se algumas das bactérias que vivem nos nossos intestinos não só não nos fizessem mal nenhum (como, aliás, é o caso da maioria que lá se encontra), mas ainda nos ajudassem a melhorar a eficácia de um tratamento para o cancro? Uma equipa de cientistas liderada por investigadores portugueses na University College de Londres publicou um artigo na revista Cell que mostra como as bactérias nos intestinos podem interagir com um fármaco usado no cancro colorrectal e melhorar a eficácia do tratamento.

Há vários cientistas que suspeitam que a resposta para muitos dos nossos problemas de saúde pode estar no microbioma intestinal (o conjunto de bactérias que habita os intestinos). Passo a passo, têm sido reveladas relações íntimas entre o ambiente dos intestinos e as mais diversas funções (e disfunções) do nosso organismo, desde neurológicas e cognitivas até às inflamatórias e metabólicas, entre outras. Desta vez, uma equipa de cientistas confirmou a interacção entre o microbioma intestinal e os fármacos usados para combater o cancro, esclarecendo o mecanismo que explica uma influência positiva das bactérias.

Para o estudo foi utilizado um verme que é muito usado pelos cientistas como modelo animal (o nemátodo Caenorhabditis elegans, ou apenas C. elegans) e uma bactéria comensal (que não causam problemas e que são a maioria no nosso corpo) que existe nos intestinos deste verme e também do ser humano, que neste caso foi a bactéria Escherichia coli (E. coli).

Os investigadores analisaram 55 mil diferentes “cenários” no C. elegans, manipulando e variando os genes das bactérias e também alterando as doses e o tipo de fármacos. Por fim, recorreram à informática para mapear em detalhe como o perfil genético das bactérias, a dieta e os compostos químicos afectavam a eficácia de um medicamento que é usado para tratar o cancro colorrectal.

“Conseguimos identificar genes nas bactérias que regulam a acção do fármaco (fluorouracil) no hospedeiro e descobrimos que tanto a vitamina B6 como a vitamina B9 (ácido fólico) são essenciais na eficácia do tratamento induzido pelas bactérias no contexto deste fármaco”, explica ao PÚBLICO Leonor Quintaneiro, investigadora no University College de Londres (UCL) e primeira autora do artigo publicado na Cell. De acordo com um comunicado da UCL, esta descoberta reforça a ideia dos benefícios que poderão surgir da manipulação das bactérias dos intestinos e da dieta para melhorar o tratamento de cancro.

A cientista confirma que “existem diversos estudos que ilustram a relação que pode haver entre o microbioma intestinal e a eficácia de certos tratamentos oncológicos”, mas nota que “apesar das recentes descobertas, desconhecia-se o método e mecanismo da influência positiva ou negativa das bactérias durante certos tratamentos”. “Ao contrário destes estudos, o nosso trabalho, ao utilizar um modelo simples e facilmente manipulável, permitiu-nos decifrar os mecanismos metabólicos nas bactérias e que são responsáveis pelo impacto na eficácia destas drogas.”

Somos mais do que genes

Os resultados obtidos estão associados ao cancro colorrectal. Mas, será possível extrapolar e afirmar que a eficácia de outros tratamentos para outros tipos de cancros também é influenciada pela microbiota nos intestinos? “Dada a complexidade do microbioma humano e a variedade de drogas utilizadas no tratamento oncológico, é possível que existam interacções, por enquanto desconhecidas, entre o hospedeiro e certas espécies de bactérias comensais”, refere a investigadora, que acredita que “a interacção não tem necessariamente de estar relacionada com doenças associadas ao intestino”. A descoberta sobre o mecanismo usado pelas bactérias para alterar as características químicas de um fármaco com impacto na eficácia será “apenas a ‘ponta do icebergue”, diz Leonor Quintaneiro.

or outro lado, a equipa percebeu também que as bactérias que “ajudam” a melhorar a eficácia dos fármacos para o cancro serão sensíveis a outros factores, como outras terapias que o doente esteja a fazer. Os investigadores concluíram, por exemplo, que um medicamento para a diabetes reduziu a eficácia do fármaco fluorouracil usado nos vermes, inibindo a influência positiva das bactérias.

E qual será o peso da dieta? O que enviamos para os intestinos e o ambiente que ajudamos a construir tem algum impacto? “De momento, estamos a investigar como a nossa dieta (e a sua composição) influencia estas interacções entre drogas, bactérias e hospedeiro na eficácia de certos tratamentos contra o cancro e também a diabetes”, responde a investigadora.

Filipe Cabreiro, investigador da UCL que coordenou este trabalho, acredita que todas as frentes de trabalho que exploram as possíveis interacções entre o microbioma e o seu hospedeiro vão acabar por dar importantes respostas. “O estudo do microbioma humano tem, de facto, demonstrado que somos muito mais do que apenas os nossos genes”, refere, defendendo que esta linha de investigação pode viabilizar, no futuro, novos meios de diagnóstico e terapêuticos, assim como uma forma de medicina personalizada. “Por exemplo, estudos sobre o impacto de fármacos no microbioma ajudarão a promover terapias oncológicas personalizadas que tenham a capacidade de reduzir a toxicidade e aumentar a eficácia de uma dada terapia. A ideia de que os nossos genes comandam a nossa vida começa a estar ultrapassada.”

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