O paradigma que tem que mudar
No Dia do Hospital, assinalado a 2 de julho, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, está atenta para os efeitos que a economia...

O paradigma da gestão hospitalar mudou ao longo dos tempos e a limitação dos recursos financeiros e a crise dos últimos anos alterou a forma de encararmos os custos hospitalares. Mas, quais são os verdadeiros impactos da Gestão nos Resultados Clínicos?

Neste momento, as administrações hospitalares, estão a ser pressionadas, mais do que nunca para responder a desafios financeiros que podem estrangular os recursos humanos e meios técnicos colocando em causa o acesso e democratização da saúde e por conseguinte o seu valor enquanto um bem e um direito humano.

Nas palavras do Presidente da SPC, Prof. João Morais, “tem de haver uma mudança de paradigma – sobretudo, atendendo a que estamos a falar de especialidades cruciais como a Cardiologia, que lida com patologias responsáveis pelas principais causas de morte em Portugal. Ainda assim, devemos registar que, nos últimos 10 anos, houve muita investigação clínica. Não é por acaso que, hoje, tratamos melhor os nossos doentes (e isso tem, naturalmente, impactos positivos em termos da gestão hospitalar)”.

Investigação versus orçamento de estado para a saúde
A inovação tecnológica é dispendiosa, mas é através da mesma que podemos conseguir os melhores resultados na prática clínica. Os materiais e os dispositivos utilizados em cada intervenção, ou procedimento, só podem ser realmente perspetivados no momento em que o médico está com o doente e por isso, a disponibilização de materiais/dispositivos e o acesso à inovação são questões a que a gestão hospitalar deve estar sensível.

Quanto às tecnologias da informação na saúde, apesar das suas melhorias, em particular nos últimos anos, elas são, em muitos hospitais, condicionadas por um parque informático obsoleto. A título de exemplo, o Prof. João Morais deixa a nota: “As «apps» (cuja utilidade é indiscutível e que devemos cada vez mais usar) são consideradas pelas autoridades como dispositivos médicos e, como tal, sujeitas às mesmas regras para aprovação como, por exemplo, um pace-maker. Ou seja, um processo de aprovação muito lento acabando por matar o desenvolvimento tecnológico e a inovação, já que, quando uma determinada «app» é aprovada, já saíram várias novas versões e outras foram desenvolvidas. Esta morosidade é injustificável e o conceito tem de ser revisto."

Quanto à investigação científica esta deverá ser incorporada nas atividades hospitalares, e para que tal aconteça, no entender da SPC, os médicos devem dispor de tempo e os contratos-programa têm de sofrer evoluções de forma a incorporar esta atividade. “Precisamos de criar centros de investigação e apostar em protocolos de cooperação com grupos empresariais e com as instituições académicas”.

As pessoas e a gestão hospitalar
Por fim, quanto à gestão, esta deveria ter objetivos clínicos e não estar centralizada meramente nos números da produção. “Neste momento, a grande questão que enfrentamos é esta: fazer bem com os recursos existentes. E, provavelmente, ainda é possível fazer melhor com os recursos de que dispomos.”

O maior desafio da Gestão está na área dos recursos humanos, o que muito se deve à má distribuição dos médicos especialistas, em Portugal. “Há regiões, como sabemos, bastante carenciadas. Por muito que se possa dizer que há médicos a mais no nosso país, a verdade é que essa carência a nível regional não pode ser ignorada. Os distritos que fazem fronteira com Espanha, têm um número irrisório de cardiologistas. Todos somados devem ser menos do que aqueles que existem em qualquer um dos serviços dos grandes hospitais do país. A discussão deste problema deveria impor-se à discussão de outras questões de âmbito financeiro.”

16ª Campanha de Recolha de Sangue
Por mais vidas e mais sorrisos, a 16ª edição da campanha de recolha de sangue arranca no dia 30 de junho no Amoreiras Shopping...

Quem nunca ouviu dizer que o riso é contagioso? Agora, doar sangue também é e não há desculpas para não o fazer. De 30 de junho a 14 de julho, a Mundicenter e o Instituto Português do Sangue e da Transplantação realizam a 16ª Campanha de Recolha de Sangue em seis shoppings de norte a sul do país, sendo também possível efetuar o registo como dador de medula óssea. E porque fazer rir está-nos no sangue, a campanha conta com um embaixador à altura do seu lema: o humorista Nilton é a cara da edição de 2017.

Atenção a todos aqueles que têm medo de agulhas e que dizem não ter sangue suficiente: o melhor é esquecer essas desculpas e abraçar esta causa. “Dê sangue. A+ dentro de si” é o nome da campanha que desafia todos os portugueses a darem um pouco de si. 25 minutos apenas é o tempo necessário para ajudar a salvar vidas e contribuir para o aumento exponencial daqueles que sorriem com os dentes todos e que riem por tudo e por nada, fazendo deste um verão certamente solidário.

“Por muito boa que uma piada seja, mesmo quando sou eu a contar, não há nada que nos faça rir e sorrir mais do que uma vida vivida em pleno. E, de facto, todos nós temos algo que pode ajudar aquelas pessoas que, por questões de saúde, não têm essa capacidade. Por isso, juntei-me a esta causa e apelo a todos os portugueses para o fazerem também e doarem sangue”, afirma Nilton. “Por cada dádiva, é possível salvar até três vidas e devolver a alegria a muitas outras pessoas. Eu não sei o que é que a malta acha, mas, para mim, isso é que me faz rir a bandeiras despregadas”.

Ao longo de 15 anos de inúmeras edições de sucesso, a Campanha de Recolha de Sangue nos shoppings da Mundicenter já garantiu o registo de cerca de 30 mil dadores de sangue, reunindo mais de 20.200 unidades de sangue que ajudaram 60 mil pessoas.

Como o objetivo de repor as reservas de sangue, que habitualmente registam maior escassez no período de férias, a edição de 2017 pretende bater recordes, depois do êxito do ano passado. Em 2016, participaram cerca de 2.300 doadores, foram colhidas mais de 1.600 unidades de sangue – o equivalente a 766 litros de sangue – e registaram-se também 35 dadores de medula óssea.

“É uma grande honra para a Mundicenter e para os nossos shoppings e equipas poder contribuir, todos os anos, para a melhoria do tratamento e das condições de vida de pessoas que estão a passar por momentos de grande necessidade. Doar sangue é mais do que uma simples dádiva. É, na verdade, uma enorme partilha de emoções, de risos e sorrisos, da qual todos nós devemos fazer parte. Mais do que uma responsabilidade, deve ser uma missão pessoal”, refere Fernando Oliveira, administrador da Mundicenter.

De 30 de junho a 14 de julho, das 14h às 20h, a Campanha “Dê Sangue. A+ dentro de si” decorre em seis shoppings da Mundicenter, em vários pontos do país: a norte, no Braga Parque; no centro, no Arena Shopping; e em Lisboa, no Amoreiras Shopping Center, no Strada Outlet, no Oeiras Parque e no Spacio Shopping.

Direção-Geral da Saúde
A Saúde 24 criou um novo algoritmo para apoiar as vítimas de situações de crise devido a incêndios ou catástrofes, tendo em...

“Para colaborar nas respostas de saúde”, a Saúde 24 “desenvolveu um novo algoritmo de ajuda e apoio às pessoas que vivenciaram as situações de crise, de exceção, com impacte na saúde”, adianta a Direção-Geral da Saúde (DGS) num comunicado publicado na sua página na Internet.

Com o novo algoritmo, a Saúde 24 procurou “adequar a sua resposta às necessidades dos cidadãos”, tal “como tem feito no passado” e “tendo em conta os últimos acontecimentos trágicos vividos” em Portugal, nomeadamente os incêndios que deflagraram na região Centro no passado dia 17 de junho e que provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos.

Com o algoritmo “Problemas de adaptação em situação de crise” é “reforçada a capacidade de avaliação dos problemas de saúde, nomeadamente os que estão relacionados com situações de crise, de exceção através da identificação do risco e da capacidade de adaptação das pessoas que vivenciaram os acontecimentos traumáticos ocorridos”, refere a DGS.

Com esta avaliação, é estimada a necessidade de observação médica, pretendendo auxiliar as pessoas na adaptação às situações de crise vivenciadas, através de um processo relacional telefónico de escuta ativa, acrescenta,

Para o efeito, e com o processo de relação de ajuda estabelecido, são facultados aconselhamentos de autocuidados com medidas específicas e concretas, nomeadamente de apoio psicológico.

Neste âmbito, estão previstas chamadas de seguimento periódicas, informa a DGS.

Os algoritmos avaliam os sintomas ou sinais que os utentes sentem poder estar a alterar o seu bem-estar, para efeitos de triagem e orientação.

Os problemas de saúde manifestados ao telefone são avaliados por enfermeiros que, seguindo um conjunto de questões numa árvore de apoio à decisão clínica, avaliam o risco da situação e priorizam a necessidade de orientação para observação médica ou para a realização de autocuidados pelo próprio.

Esta avaliação prevê o aconselhamento de um conjunto de ações que, individualmente, podem resolver a situação, podendo, se necessário, continuar a ser apoiados pela Saúde 24 através de chamadas de seguimento.

Governo
Os doentes que precisem de cuidados paliativos vão deixar de pagar taxas moderadoras por estes serviços, anunciou hoje o Governo.

A informação foi avançada aos jornalistas pelo secretário de Estado da Saúde, Fernando Araújo, à margem da apresentação do Relatório de Primavera 2017 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS).

Esta medida, que está a ser ultimada, é uma das que o Ministério da Saúde vai concretizar para minimizar as dificuldades no acesso aos serviços de saúde detetadas pelos autores do relatório.

Segundo o Relatório de Primavera 2017, os mais pobres em Portugal continuam a ter menos acesso a consultas de especialidade, sobretudo de saúde oral e mental, bem como a medicamentos.

Tendo por base dados de 2014 e 2015, o observatório indica que as “barreiras no acesso aos cuidados de saúde permanecem relevantes em Portugal”, sendo muito marcadas por fatores socioeconómicos

Fernando Araújo reconhece estas dificuldades e garantiu que o Ministério está empenhado em combatê-las.

A este propósito, recordou que 2016 terminou o ano com uma redução de 25% do valor das taxas moderadoras e revelou que o seu ministério está “a estudar novas isenções”.

“No âmbito do transporte não urgente dos doentes alterámos a legislação no ano passado, acabando com os copagamentos”, afirmou, frisando que esta equipa ministerial tem estado a trabalhar na redução do custo dos medicamentos para os doentes e no acesso em termos de tempos de espera para as consultas e cirurgias.

Fernando Araújo sublinhou a importância deste tipo de estudos e optou por ressalvar o facto de este relatório evidenciar que “Portugal tem um dos melhores sistemas de saúde dos países europeus”.

Sobre a proposta dos autores do documento de isentar os doentes com mais dificuldades financeiras do pagamento de medicamentos, o secretário de Estado da Saúde manifestou-se empenhado em reverter as dificuldades que alguns utentes têm no acesso a alguns fármacos, por razões económicas.

“O relatório aponta alguma iniquidade do ponto de vista económico e isso estamos fortemente empenhados em reverter”, disse.

Ciberataque
Os correios eletrónicos e a Internet do Serviço Nacional de Saúde foram repostos a partir das 24:00 de terça-feira, depois de...

Em declarações, uma fonte dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) informou “que, após reavaliação, feita às 24:00, dos riscos associados ao ciberataque ocorrido em vários países na terça-feira, foi iniciado o processo de reposição do serviço de e-mail”.

Na sua página da Internet, o SPMS adiantou que vai continuar “atento a toda a situação e em articulação com as outras entidades nacionais, de forma a garantir a segurança nos sistemas informáticos do Ministério da Saúde e, se necessário, adotar e implementar novas medidas preventivas”.

O SNS desligou na terça-feira à tarde o correio eletrónico e Internet como prevenção para o ciberataque em curso em vários países da Europa, mas a medida não afetou os utentes.

Na terça-feira, em declarações à Lusa, Henrique Martins, presidente dos SPMS, explicou que não houve “nenhum problema nem nenhum ataque ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou instituições da Saúde”, mas, mesmo assim foi considerado “prudente avançar com esta medida cautelar de ter os e-mails e a Internet temporariamente desligados”.

Henrique Martins salientou, na altura, que dentro do próprio SNS, a rede informática da saúde continuava a funcionar, estando apenas temporariamente “desligada da Internet”.

“O serviço de saúde em Portugal tem uma rede própria privada [Rede Interna da Saúde/RIS] e que pode ser desligada da rede de Internet nestas situações”, explicou.

Em Portugal, não há até ao momento registo de qualquer incidente relacionado com o ciberataque que está em curso em vários países.

O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) informou na terça-feira estar "atento" a um eventual ataque informático, depois do ciberataque que começou na Ucrânia e assumiu larga escala.

O ataque informático afetou numa primeira fase, bancos e empresas na Ucrânia e na Rússia, propagou-se pela Europa Ocidental, tendo também afetado o laboratório farmacêutico norte-americano Merck.

Contactado hoje, o CNCS disse não haver para já mais informação sobre o assunto.

Estudo revela
Experiências de Bullying na adolescência e perceções de inferioridade poderão estar na base de uma relação conflituosa com a...

A investigação, que integrou diversas abordagens sobre os problemas de comportamento alimentar, foi realizada, entre 2013 e 2017, por investigadores da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) e da Faculdade de Medicina e Saúde da Universidade de Leeds, Reino Unido.

Numa primeira fase, os investigadores focaram-se em perceber quais os fatores de risco para o desenvolvimento de problemas de comportamento alimentar na adolescência, acompanhando, ao longo de três anos, 609 adolescentes do sexo feminino de escolas rurais e urbanas da Região Centro do país, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos.

Concluiu-se que adolescentes que passaram por experiências de bullying tendem a desenvolver sentimentos de vergonha em relação à sua imagem corporal e a iniciar comportamentos desregulados com a comida.

Ou seja, o bullying está na base de “uma relação complicada com a ingestão de comida. Quando as adolescentes atribuem ao corpo a razão pela qual são vítimas de bullying podem começar a adotar comportamentos alimentares desregulados, como forma de corrigir aquilo que percecionam como uma inferioridade e que poderá estar na base dessas interações negativas com pares”, explica Cristiana Duarte, investigadora principal do projeto do qual resultou a sua tese de doutoramento, orientada por José Pinto-Gouveia, Professor Catedrático e Coordenador do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental da UC (CINEICC), e James Stubbs, Professor e Investigador da Faculty of Medicine and Health da Universidade de Leeds.

A equipa avaliou também o problema na população adulta, a partir da autoavaliação com base em memórias de experiências negativas da infância e da adolescência, bem como em experiências na idade adulta associadas a vergonha e a dificuldades de regulação emocional e do comportamento alimentar. Foram realizados vários estudos que envolveram 3125 mulheres e 335 homens da população geral portuguesa com diversos graus em termos de peso (desde magreza, peso normal, a obesidade), 2.236 inglesas com excesso de peso e obesidade e 114 mulheres diagnosticadas com Perturbação de Ingestão Alimentar Compulsiva.

De uma forma geral, observou-se que “memórias deste tipo de experiências negativas na infância e adolescência se associam também a vergonha corporal na idade adulta”, afirma Cristiana Duarte, mas a situação agrava-se em mulheres com excesso de peso e obesidade: “a vergonha corporal, o autocriticismo e tentativas de evitamento destes estados internos negativos parecem estar relacionados com uma pior regulação do comportamento alimentar, nomeadamente com sintomas de ingestão alimentar compulsiva, e a dificuldades na perda de peso. Estas dimensões parecem ser também muito importantes na ocorrência de episódios de descontrolo alimentar no sexo masculino”.

“Estes episódios de ingestão compulsiva são posteriormente seguidos de culpa, vergonha e autocrítica, aumentando a probabilidade de ocorrência de novos episódios de descontrolo, alimentando-se assim um círculo vicioso”, frisa a investigadora.

Com base nos resultados obtidos, os investigadores desenvolveram o programa CARE, um programa de intervenção psicológica de curta duração (quatro semanas) focado no desenvolvimento de competências para fomentar uma gestão equilibrada da alimentação.

Foi, depois, testado num estudo piloto em 20 mulheres com Perturbação de Ingestão Alimentar Compulsiva e revelou-se eficaz. No final da intervenção notou-se uma redução significativa de sintomas de ingestão alimentar compulsiva e de outros sintomas de comportamentos alimentares perturbados, de dificuldades relacionadas com a imagem corporal, autocriticismo e indicadores de depressão.

Os diversos resultados obtidos ao longo de todo o estudo revelam a necessidade de se “incluir no Sistema Nacional de Saúde abordagens inovadoras que complementem as terapêuticas convencionais de prevenção e tratamento destes problemas de saúde pública”, refere Cristiana Duarte.

O que distingue este estudo, conclui, é o facto de “estas dificuldades terem sido analisadas num contínuo de severidade desde adolescentes e mulheres e homens adultos da população geral, até casos onde estas problemáticas adquirem um caráter mais severo, como em pessoas com excesso de peso e obesidade, até doentes com Perturbações do Comportamento Alimentar”.

No Porto
Um sistema capaz de avaliar as caraterísticas faciais e auxiliar nas áreas da fisioterapia facial e da cirurgia plástica...

Em casos de patologias associadas à face, para que sejam tomadas "as decisões clínicas mais apropriadas", é necessário ter acesso a medidas precisas sobre como esta se apresenta "em repouso e em movimento muscular", disseram os investigadores Paulo Aguiar e Ana Gerós, responsáveis pelo projeto 'Facegram'.

Nesse sentido, estão a criar um sistema que avalia as caraterísticas do rosto, descrevendo um conjunto de medidas morfométricas (distância entre pontos anatómicos, máximas contrações de grupos musculares específicos e a simetria, por exemplo), para apoiar, entre outras áreas, a fisioterapia facial e cirurgia plástica reconstrutiva da face.

"Da mesma forma que o eletrocardiograma e o audiograma são instrumentos fundamentais em cardiologia e otologia [ramo da medicina que estuda a patologia, anatomia e fisiologia do ouvido], o 'Facegram' pretende disponibilizar um sistema inovador de diagnóstico, análise e apoio à decisão clínica em patologias associadas à face", explicaram.

Segundo os investigadores, no contexto de cirurgia plástica reconstrutiva, como é o caso de doenças congénitas, queimaduras ou cancro, são necessárias, frequentemente, múltiplas cirurgias para efetivar melhores condições de vida para o paciente.

A tecnologia proposta permite tomar decisões clínicas mais ajustadas às especificidades de cada paciente, tornando os tratamentos mais eficazes e reduzindo custos.

Quanto à fisioterapia, as melhorias são tipicamente subtis e lentas, levando muitos pacientes a desmotivarem e desistirem das terapias, o que origina implicações negativas a médio/longo prazo.

O 'Facegram' permite quantificar objetivamente a progressão do paciente, fazendo com que a fisioterapia seja realizada de forma adequada e pelos períodos clinicamente prescritos, referiram.

Para os responsáveis pelo projeto, do lado do clínico, esta é uma solução inovadora e simples de utilizar, que permite obter diagnósticos e análises mais detalhadas das condições do paciente e escolher a terapia ou a cirurgia a aplicar, bem como comparar os resultados de diferentes técnicas, contribuindo assim para uma melhoria nesse campo.

Do lado do paciente, este sistema possibilita uma avaliação não subjetiva dos resultados do tratamento e, ao suportar tratamentos mais personalizados, contribui para respostas terapêuticas mais eficazes, acrescentaram.

Segundo os investigadores, embora existam no mercado sistemas que fazem a quantificação automática dos movimentos faciais, o 'Facegram' apresenta determinadas vantagens, como o baixo custo do 'hardware', o facto de ser um sistema portátil, funcionar em ambiente 3D e não serem necessárias configurações de instalação específicas.

Esta tecnologia tem vindo a ser desenvolvida desde 2015, integrando, neste momento, o RESOLVE, um programa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) que apoia a transferência de conhecimento científico e tecnológico de projetos inovadores e promissores, em estágio inicial.

O 'Facegram' tem já um protótipo em funcionamento, capaz de registar dados, processá-los e gerar relatórios, tendo sido testado em pacientes com paralisias faciais, em ambiente hospitalar.

Com o apoio do RESOLVE, os investigadores estão a melhorar as características do protótipo e a trabalhar com clínicos de diversas áreas, de forma a alargar o campo de validações do sistema.

A equipa responsável por este projeto conta com a colaboração dos médicos do Serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva, Maxilo-Facial e da Unidade de Queimados do Hospital de São João, no Porto, nomeadamente de Ricardo Horta.

Direção-Geral da Saúde
Os afogamentos, que este ano já provocaram a morte a mais de 40 pessoas em Portugal, são o tema central de uma campanha lançada...

“A gravidade dos afogamentos não se restringe aos casos que resultam em morte, uma vez que as pessoas hospitalizadas na sequência de afogamentos têm, muitas vezes, prognóstico reservado”, indica a Direção-Geral da Saúde (DGS), lembrando que a Associação para a Promoção da Segurança Infantil estima que, para cada criança que morre afogada, outras duas a três sejam internadas na sequência de um afogamento.

Os dados do Observatório do Afogamento, uma plataforma da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores, indicam que este ano, até ao dia 01 de maio, já morreram afogadas 36 pessoas, metade das quais nas praias.

Depois de divulgados estes dados, foram diversos os casos de afogamentos registados, sobretudo em zonas não vigiadas.

Os números do observatório indicam ainda que as mortes ocorreram não só em praias, mas também em rios, poços, tanques de rega, piscinas, valas e marinas.

De acordo com os dados da Autoridade Marítima Nacional, de 01 de maio a 30 de setembro do ano passado morreram 17 pessoas em acidentes relacionados com a época balnear, um aumento dos casos mortais relativamente ao ano anterior.

A DGS alerta que as mortes por afogamento podem ser evitadas com prevenção e aconselha os adultos vigiarem os mais pequenos, a instalar barreiras de acesso às piscinas e reservatórios de água, optar sempre por locais considerados seguros e com vigilância e ter sempre próximo os equipamentos de segurança.

Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde, disponibilizados em cartazes com informação sistematizada no ‘site’ da DGS no âmbito desta campanha, indicam que 372.000 pessoas morrem no mundo por afogamento todos os anos.

Indicam ainda que mais de metade das mortes por afogamento ocorrem em pessoas com idades abaixo dos 25 anos, sendo aliás uma das 10 principais causas de morte no mundo até essa idade, e que no sexo masculino a probabilidade de afogamento é duas vezes superior.

Quanto aos fatores de risco, os dados incluídos no cartaz divulgado pela DGS no âmbito desta campanha de prevenção e alerta referem que as taxas mais elevadas de afogamento encontram-se entre as crianças de 1-4 anos de idade.

No caso das crianças, os principais locais de afogamento são as piscinas (28%), seguidas das praias (22%), tanques e poços (22%) e os rios ribeiros e lagoas (22%).

Os últimos dados disponibilizados pela APSI indicam que os afogamentos continuam a ser a segunda causa de morte acidental nas crianças e recorda que os meses de julho e agosto são “os mais críticos”.

“Em Portugal, por ano, o afogamento é responsável por nove mortes em crianças e jovens. Associado a este tipo de acidente existe também um número elevado de internamentos que, em média e por ano, correspondem a um total de 32 casos”, sublinha a APSI.

A associação frisa igualmente que as crianças hospitalizadas “apresentam normalmente um prognóstico reservado e, nos casos em que estas sobrevivem, podem ficar com lesões neurológicas permanentes com impacto a diferentes níveis (saúde, sociais, económicos) ”

“A qualidade de vida da criança e da família fica muitas vezes comprometida”, insiste a APSI, recordando que “o afogamento é um acontecimento muito rápido, silencioso e que acontece em muito pouca água”.

Direção-Geral da Saúde
Portugal tem 322 casos confirmados de hepatite A, num total de 378 notificados desde o início do ano, segundo o último balanço...

De acordo com os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), este surto, que começou no início do ano e afeta outros países europeus, atingiu sobretudo homens (89%) e em mais de metade dos casos (52%) o contágio deu-se por contacto sexual.

A maioria dos casos notificados ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo (289) e, de todos os casos confirmados, em 179 o Instituto Nacional Ricardo Jorge identificou a mesma estirpe de vírus.

A DGS, tendo em conta o surto de hepatite A, reforçou da vacinação antes dos grandes festivais de verão e aconselha a adoção de medidas de prevenção durante estes eventos e, após, a vigilância de sintomas compatíveis com os da hepatite A.

No passado mês de maio, a DGS atualizou a norma sobre a hepatite A e os viajantes deixaram de precisar de submeter o pedido de vacinação à Direção-Geral da Saúde, bastando ter a prescrição do médico.

Em abril, com o país em pleno surto de hepatite A, os viajantes com destino a países endémicos para a doença só eram elegíveis para vacinação a título excecional e o médico prescritor da vacina tinha de contactar previamente a autoridade de saúde.

Esta medida prendeu-se, na altura, com uma necessidade de controlar o ‘stock’ de vacinas, de modo a que chegassem aos grupos prioritários, como contactos íntimos ou familiares de infetados e homens que têm sexo com homens de forma desprotegida.

No que respeita a estes grupos prioritários continua a não ser necessária qualquer validação da vacina por parte da DGS, sendo a imunização gratuita, a cargo do Serviço Nacional de Saúde.

Segundo a DGS, desde 03 de abril foram administradas cerca de 3.000 vacinas, das quais 80% na região de Lisboa e Vale do Tejo, a quase totalidade em contexto de pré-exposição.

Na Unidade Móvel de vacinação (campanha em Lisboa, Bairro Alto e Terreiro do Paço) foram administradas 150 vacinas nos dias 27, 28 e 29 de abril, 164 nos dias 05 e 06 de maio e 130 no passado dia 24 de junho.

A hepatite A é, geralmente, benigna e a letalidade é inferior 0,6% dos casos. A gravidade da doença aumenta com a idade, a infeção não se torna crónica e dá imunidade para o resto da vida.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Todas as regiões do país apresentam hoje risco ‘muito elevado’ de exposição à radiação ultravioleta, segundo dados do Instituto...

À exceção da região de Sines, que está com níveis ‘moderados’, todas as regiões do continente, Madeira e Açores apresentam hoje risco ‘muito elevado’ de exposição à radiação ultravioleta (UV).

Para as regiões com risco 'muito elevado' e 'elevado', o Instituto recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

No que diz respeito ao estado do tempo, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê para hoje no continente céu geralmente muito nublado, diminuindo gradualmente de nebulosidade a partir do início da tarde, e períodos de chuva ou aguaceiros, mais frequentes e intensos nas regiões Norte e Centro e até meio da tarde.

A previsão aponta também para vento fraco a moderado do quadrante oeste, soprando moderado a forte nas terras altas, por vezes com rajadas até 70 quilómetros por hora, pequena descida da temperatura mínima nas regiões Norte e interior Centro e descida da máxima.

Na Madeira prevê-se períodos de céu muito nublado e vento fraco a moderado do quadrante norte.

Para os Açores, o Instituto prevê períodos de céu muito nublado com abertas e vento fraco a bonançoso.

Quanto às temperaturas, em Lisboa vão variar entre 17 e 24 graus Celsius, no Porto entre 15 e 21, em Vila Real entre 11 e 20, em Viseu entre 10 e 20, em Bragança entre 12 e 22, na Guarda entre 08 e 18, em Coimbra entre 14 e 22, em Castelo Branco entre 13 e 25, em Portalegre entre 11 e 23, em Santarém entre 16 e 26, em Évora entre 15 e 25, em Beja entre 14 e 25 e em Faro entre 17 e 26.

Em Portugal
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde quer medidas concretas para reduzir o consumo de antibióticos, sugerindo que,...

“Houve uma melhoria na situação nos últimos anos, mas continuamos a ter um consumo de antibióticos que é superior a muitos países europeus”, referiu Aranda da Silva, um dos coordenadores do Relatório da Primavera 2017 do Observatório dos Sistemas de Saúde, que hoje é apresentado em Lisboa.

Um estudo, que integra o relatório, pretende caracterizar o consumo de antibióticos entre 2004 e 2014 em Portugal e mostra que há grandes variedades regionais, havendo zonas em que a situação está mais controlada.

“Tem a ver com informação que os próprios profissionais de saúde têm, nomeadamente os médicos, quando prescrevem antibióticos. E uma utilização muito exagerada de antibióticos de largo espectro, o que pode ser perigoso em termos de resistência”, comentou Aranda da Silva.

O consumo absoluto de antibióticos, ajustado à população residente, decresceu em Portugal de 2004 para 2014, mas identificou-se uma tendência de crescimento de consumo de antibióticos de largo espectro, que atum numa grande variedade de bactérias.

É sugerido que o problema das resistências aos antibióticos pode ser influenciadas não apenas pelo consumo absoluto de antibióticos, mas também pelo consumo elevado desses antibióticos de largo espectro.

O Observatório sugere assim medidas para melhoras a informação sobre prescrição e uso de antibióticos, bem como medidas administrativas para restringir os de largo espectro.

Segundo Aranda da Silva, uma das propostas é a de “exigir que sejam prescritos esses antibióticos [nalguns casos] só depois de identificada a causa da infeção”.

Relatório de Primavera 2017
Portugal é o país da Europa em que a população paga uma fatia maior pelos medicamentos, com as famílias a suportarem...

Em declarações, Aranda da Silva, porta-voz da coordenação do Relatório de Primavera 2017 do Observatório, lembrou que “há uma parte substancial dos medicamentos que é suportada diretamente pelas famílias”, o que cria dificuldades de acesso por parte dos mais desfavorecidos.

“Não há isenções [nos medicamentos] que permitam que o acesso melhore nas camadas de população que têm menos recursos. Existe, por exemplo, nas taxas moderadoras, mas na área dos medicamentos não existe”, referiu Aranda da Silva.

O Observatório dos Sistemas de Saúde sublinha que a medicação é a principal fonte de despesas em saúde nas famílias, pelo que, na ausência de isenções, “é natural que os mais carenciados encontrem dificuldades de acesso”.

“Qualquer dia temos um sistema de saúde a duas velocidades, um para pobres e outro para os outros. Estamos quase a chegar lá. Isto é anticonstitucional. A nossa Constituição é muito clara ao dizer que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem de ser equitativo no acesso”, refere Aranda da Silva.

“Somos o país da Europa em que a população paga mais nos medicamentos. Há uma parte substancial em que quase 40% do preço dos medicamentos é suportado diretamente pelas famílias”, frisa o responsável.

Para o Observatório, a situação de subfinanciamento do SNS, que subsiste, “traduz-se numa pioria do acesso” por parte dos doentes, principalmente para as populações de fracos recursos.

Relatório da Primavera
A restrição nas admissões de profissionais é o maior problema do Serviço Nacional de Saúde e, apesar do esforço em 2016 para a...

A análise consta do Relatório de Primavera 2017, da autoria do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), que será apresentado hoje em Lisboa, e que este ano tem como tema “Viver em tempos incertos: sustentabilidade e equidade na saúde”.

No capítulo dedicado à análise da política e governação da saúde, os autores começam por assumir que “do atual Governo se esperava um sinal claro e inequívoco de reconhecimento aos profissionais, facto que não se observou até este momento”.

“Não há Serviço Nacional de Saúde (SNS) renovado e melhorias nos cuidados sem a colaboração dos seus recursos humanos que se querem motivados, com competências adequadas e em número suficiente”, lê-se no documento.

O relatório elege “as restrições nas admissões de profissionais” como “o maior problema com que o SNS está confrontado”.

“Menos profissionais que o recomendado implica menor disponibilidade para praticar atos técnicos de saúde que, consequentemente, se traduzirão em maior morbilidade, mortalidade, reinternamentos, aumento da taxa de infeção, maiores tempos de espera e de listas de espera”, prossegue.

Em 2016 registou-se “um esforço para reverter esta situação, nomeadamente na admissão de novos profissionais e reposição de rendimentos pela eliminação da sobretaxa para os rendimentos mais baixos”.

Contudo, prossegue o relatório, “permanecem congeladas e sem regulamentação as carreiras dos diversos profissionais de saúde e desta forma, não se respeitando as hierarquias técnicas e a valorização de competências, aumenta progressivamente o descontentamento e desilusão com o sistema”.

Para o OPSS, estes “são fatores de desmotivação e mesmo de acréscimo de dificuldades na gestão dos recursos disponíveis, nomeadamente no que respeita a assegurar, por exemplo, os serviços por turnos e/ou visitação domiciliária”.

Em relação aos incentivos à mobilidade dos profissionais, o documento indica que “foram implementadas medidas relativamente aos médicos”, mas alerta para o facto de não terem sido propostos “incentivos e políticas de desenvolvimento profissional para outros profissionais”.

“Assim, e tal como no passado, a sua implementação pode comprometer a interação essencial ao trabalho de equipa como fator decisivo na garantia da qualidade dos cuidados”.

Nesta análise da política e governação da saúde, os autores consideram que, “para pouco mais de um ano de Governo, se regista um significativo nível de concretização das medidas inscritas no programa do Governo”.

“Registam-se medidas pontuais, relativamente simbólicas mas indiciadoras de uma nova visão e atitude política no sentido de atenuar barreiras de índole social, económico e cultural”.

Entre estas, contam-se “as alterações introduzidas nas taxas moderadoras e as dirigidas a grupos de pessoas com maior vulnerabilidade, bem como o anúncio de medidas e de ações dirigidas a uma maior equidade de respostas nos diferentes Agrupamentos de Centros de Saúde quanto à saúde oral, psicologia e saúde mental e nutrição”, lê-se no documento.

Sobre a possibilidade de os cidadãos poderem ser assistidos fora da sua área de residência, os autores deste Relatório de Primavera dão conta de “relatos e reclamações de unidades hospitalares que reagem negativamente e dificultam este procedimento, o que deve ser tido em conta na monitorização desta medida”.

O documento considera que “será necessário triplicar o ritmo da mudança” para que a reforma dos cuidados de saúde primários possa ser concluída até 2021.

Relatório
Os mais pobres em Portugal continuam a ter menos acesso a consultas de especialidade, sobretudo de saúde oral e mental, bem...

Tendo por base dados de 2014 e 2015, o observatório indica que as “barreiras no acesso aos cuidados de saúde permanecem relevantes em Portugal”, sendo muito marcadas por fatores socioeconómicos.

Na área da saúde oral e da saúde mental, o relatório aponta para “limitações fortes no acesso” que afetam “de forma desproporcional os mais pobres”.

“Essa é uma situação crónica do nosso sistema de saúde. As pessoas com menos recursos cada vez têm mais dificuldades de acesso”, comentou em declarações Aranda da Silva, porta-voz da coordenação deste relatório do Observatório.

Segundo Aranda da Silva, em 2017, ainda subsiste este “problema complicado”, que se traduz no facto de as pessoas de fracos recursos “não terem acesso à saúde mental e à saúde oral”.

A carência de serviços de saúde oral e mental no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o principal motivo para esta falta de equidade no acesso àquelas especialidades, sendo que as necessidades são maioritariamente satisfeitas através do setor provado.

“Apenas acessível para quem tem seguro ou capacidade de pagar”, sublinham os autores do “Relatório de Primavera 2017”.

O Observatório lembra que houve tentativas para atenuar as desigualdades no caso da saúde oral, através dos cheques dentista, mas considera que essa iniciativa “possivelmente não conseguiu reduzir a iniquidade”.

Contudo, Aranda da Silva destaca que na área da saúde mental “não há medidas praticamente nenhumas”.

O atual Governo arrancou no ano passado com um projeto-piloto nalguns centros de saúde da Grande Lisboa e Alentejo, de forma a integrar médicos dentistas e a alargar o acesso nos cuidados de saúde oral a alguns doentes e para algumas patologias.

Estes projetos-piloto encontram-se atualmente em fase de alargamento, abarcando todo o país num total de cerca de 60 unidades dos cuidados de saúde primários.

Ainda assim, a grande maioria dos centros de saúde em Portugal mantém-se sem cuidados de saúde oral.

Aliás, o Observatório indica que se têm registado “medidas pontuais” para atenuar barreiras económicas e sociais, que são simbólicas mas reveladoras de uma “nova visão e atitude política”.

Quanto ao acesso a medicamentos, os autores recordam que a medicação é a principal fonte de despesas em saúde nas famílias, pelo que, na ausência de isenções, “é natural que os mais carenciados encontrem dificuldades de acesso”.

O Observatório fez uma comparação com os restantes países da Europa ao nível das dificuldades de acesso à saúde e concluiu que Portugal não tem maiores barreiras, mas são mais marcadas do ponto de vista económico e de restrições financeiras.

Relatório de Primavera
O Serviço Nacional de Saúde consegue fazer, com menos dinheiro, tão bem ou melhor do que a média dos países da União Europeia,...

Elaborado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), o relatório tem como tema “Viver em tempos incertos: sustentabilidade e equidade na saúde” e será hoje apresentado em Lisboa.

No capítulo sobre a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os autores começam por afirmar que não conhecem “nenhum estudo sobre a sustentabilidade do sistema de saúde português que abranja todas as dimensões”.

Apesar destas limitações, a análise concluiu, “com alguma segurança, que o sistema de saúde português é eficiente”.

Tomando como referência a média dos 15 países que integravam a União Europeia (UE) antes do alargamento, em 2004, os autores constataram que o peso da despesa total no Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, “a parcela da riqueza criada afetada à saúde, não é significativamente divergente, sendo a despesa per capita em saúde, em Portugal, muito mais baixa”.

“Paralelamente, os indicadores de saúde escolhidos assumem valores similares aos da média dos países da UE15, tendo a mortalidade evitável vindo a convergir para esta média e assumindo a taxa de mortalidade infantil valores inferiores à média”, lê-se no documento.

Os autores referem que, como “o financiamento público é muito menor”, caberá “uma responsabilidade acrescida à despesa privada, em especial aos pagamentos diretos”.

“Se este fenómeno causa problemas em termos de eficiência – dívida elevada do SNS e adiamento do consumo por parte de uma parcela significativa dos doentes, levando ao aumento da despesa a prazo – também induz efeitos nefastos sobre a equidade”.

Segundo o relatório, o peso dos gastos privados é o principal fator de agravamento da desigualdade que, por sua vez, “afeta negativamente a saúde”.

“No médio-longo prazo este problema pode agravar-se muito”, alerta o relatório, explicando: “A pressão exercida sobretudo pelo desenvolvimento tecnológico levará, muito provavelmente, ao aumento acentuado da despesa, o que exigirá a discussão aprofundada das opções para o crescimento do financiamento do sistema”.

O OPSS indica que, “apontando-se como ineficiente e inequitativo o aumento dos gastos diretos, uma alternativa é a limitação do SNS à oferta de um pacote de cuidados”.

“Supondo que é possível (e aceite pela população…) definir esse pacote, havendo a possibilidade de complementar o financiamento do SNS com um seguro de saúde, tal levará à existência de um sistema com dois (ou mais) segmentos de benefícios, dependentes da capacidade de pagamento dos beneficiários”, alerta.

Na análise dos indicadores de saúde da população portuguesa a partir do último relatório da OCDE (finais de 2016), os autores evidenciam que, apesar das melhorias substanciais no estado de saúde da população portuguesa, “as desigualdades de género, geográficas/territoriais e socioeconómicas persistem”.

“Para se manterem saudáveis os portugueses gastam muito mais que a maioria dos europeus, já que se mantém a diminuição do financiamento público da saúde e o aumento das despesas ‘out of pocket’ (pagamentos diretos) por parte da população”.

Com exceção da infeção hospitalar, onde continua a ser um dos países com taxas mais elevadas, Portugal apresenta resultados positivos em muitos dos indicadores analisados.

Os autores do relatório afirmam que, “apesar das melhorias ocorridas ao longo dos anos, Portugal continua a apresentar cuidados necessários não satisfeitos, nomeadamente nos grupos de baixo rendimento”.

Nos Açores
A Ordem dos Psicólogos vai criar nos Açores uma bolsa de psicólogos para intervenção em situações de catástrofe, à semelhança...

“Colocámos à disposição do Governo Regional dos Açores uma bolsa de psicólogos para intervenção em catástrofe, que é uma bolsa de âmbito nacional, que tem também psicólogos formados especificamente para esse efeito residentes nos Açores”, salientou, em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião com o secretário regional da Saúde dos Açores, Rui Luís, em Angra do Heroísmo.

Segundo o governante, esta resposta em situação de catástrofe já era acautelada pelo Instituto de Segurança Social dos Açores (ISSA), mas “todos os recursos são poucos para essas situações extremas”.

A bolsa deverá ser criada até ao último trimestre de 2017 para que possa ser testada num exercício de simulação de catástrofe organizado pelo Governo Regional.

Questionado sobre o adiamento de consultas de psico-oncologia no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, Rui Luís disse que a psiquiatra que dava essas consultas terminou o contrato, mas está a ser equacionado um reforço de meios para dar a resposta necessária aos doentes oncológicos.

“Estamos a aguardar a proposta do Hospital do Divino Espírito Santo para as necessidades que existem ao nível de psicólogos para cumprir com essas consultas que são muito necessárias de apoio ao doente oncológico”, adiantou.

Também o Bastonário da Ordem dos Psicólogos disse ter garantias de que “a situação está a ser avaliada” e de que os recursos necessários “a muito breve prazo estarão garantidos”.

Questionado sobre o número de psicólogos existente nos Açores, Francisco Rodrigues admitiu que a resposta poderia ser melhorada com mais “duas dezenas de profissionais”, mas salientou que a cobertura regional é superior à nacional.

“Não me parece que, apesar dessas lacunas, aqui se assista a uma situação de estática, face à realidade que assistimos ao longo dos anos. Parece-nos que tem havido, à medida daquilo que também são as possibilidades do Governo Regional, um investimento gradual em suprir essas necessidades”, frisou.

Por sua vez, o secretário regional da Saúde disse que ainda recentemente foi aberto um concurso para a ilha de São Jorge, alegando que a tutela tem vindo a avaliar as carências de psicólogos “ilha a ilha”.

“É óbvio que nós gostaríamos de reforçar as equipas multidisciplinares de cada uma das unidades de saúde de ilha com mais psicólogos. É uma situação que estamos a estudar e vamos, com a rentabilização dos recursos que temos, paulatinamente cumprindo o nosso desiderato, que é aumentar o número de psicólogos em funções nos Açores”, disse.

Segundo o bastonário, uma das principais reivindicações dos psicólogos nos Açores é o acesso a formação profissional com um custo acessível, mas a Ordem está atenta a esses constrangimentos.

“Já no próximo mês de setembro será lançado a nível nacional um programa bastante ambicioso de formação para os psicólogos, em condições que serão muito acessíveis e que estarão disponíveis em todo o território nacional, incluindo a Região Autónoma dos Açores”, revelou.

Ébola
Mais de 30 milhões de pessoas foram vacinadas contra o Ébola, a maioria em Angola e na República Democrática do Congo, país...

No primeiro Fórum Mundial sobre a Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), que ontem começou na capital do Ruanda, Kigali, e decorrerá até quarta-feira, a diretora regional da OMS para África, Rebecca Matshidiso Moeti, precisou que se está a colaborar com o Ministério da Saúde da RDC para declarar um surto de Ébola na próxima semana.

Este anúncio será feito apesar de a 02 de junho o Governo da RDCongo ter declarado que tinha controlado o surto de Ébola surgido na província do Baixo Uele, no norte do país.

Em maio último, a OMS confirmou que 37 pessoas tinham adoecido no Baixo Uele, das quais 32 eram casos suspeitos, três prováveis e dois confirmados.

No fórum “Pôr as pessoas em primeiro lugar. O caminho para a cobertura universal da saúde em África”, debatem-se também os desafios e as oportunidades de uma prestação efetiva de serviços de saúde e prioridades políticas na região.

Moeti pediu ao setor privado que aumente a participação na saúde em África, para ajudar a alcançar o objetivo da cobertura sanitária universal no continente.

“Para fortalecer os sistemas de saúde, garantir a segurança sanitária e proporcionar um melhor acesso aos serviços de saúde, os países devem esforçar-se por alcançar o mínimo de oito dólares por habitante recomendado pela OMS”, sublinhou.

A responsável regional da agência especializada da ONU pediu igualmente às partes interessadas no setor da saúde em África que ampliem a imunização e lamentou que muitas crianças africanas não tenham acesso às vacinas de que precisam.

“Uma em cada cinco crianças ainda não tem as vacinas de que necessita. O número é demasiado alto”, denunciou Moeti.

Contudo, frisou que África registou alguns êxitos, como os alcançados na luta contra a poliomielite ou a diminuição do número de novos infetados com HIV, com cada vez mais seropositivos a terem acesso a programas.

O número de adultos e crianças infetados com o HIV em África diminuiu em cerca de 19% nos últimos cinco anos, passando de 1,63 milhões para 1,37 milhões.

Em finais de 2015, estimou-se que também a mortalidade materna no continente diminuiu em cerca de 45% desde 2000, e as mortes de recém-nascidos caíram cerca 38% durante o mesmo período.

Pedrógão Grande
Uma especialista do INEM em situações de crise afirmou que as equipas com psicólogos no terreno são suficientes e sublinhou que...

Sónia Cunha, responsável do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC) do INEM, esteve no terreno a coordenar cerca de 60 psicólogos de várias instituições que estiveram a trabalhar num contexto de emergência até quinta-feira, na zona afetada pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que provocou 64 mortos e mais de 200 feridos.

A partir desse momento, sublinha, deixa de haver uma necessidade de emergência, mas uma necessidade de continuidade dos cuidados, e, por isso, "não seria benéfico" continuarem 60 psicólogos no terreno.

"As pessoas têm de ter o seu tempo, a oportunidade de elas próprias alocarem e ativarem os seus recursos", explicou Sónia Cunha, vincando que é importante "procurar a proatividade das pessoas", permitir-lhes que se consigam "reestruturar".

O papel dos psicólogos "é de apoio, de acompanhamento. Não implica que as pessoas tenham consultas diariamente".

Nesse sentido, as equipas multidisciplinares que estão no terreno - que contam com um psicólogo em cada uma - "são suficientes" para fazer o trabalho de continuidade.

"As pessoas regressaram aos seus lares ou a casas de familiares ou habitações provisórias. [A partir de quinta-feira] deixou de existir a necessidade de estabilização emocional, de intervenção psicológica das equipas de emergência", realça.

Porém, "não houve uma retirada do apoio psicológico. Houve uma passagem para uma fase seguinte. Aquilo que é importante é a tentativa de normalização da vida da comunidade. É importante as pessoas terem a possibilidade de se organizarem, de terem consciência das suas necessidades, de como se sentem".

Segundo Sónia Cunha, as necessidades nos primeiros momentos de resposta em situação de emergência passaram pela estabilização emocional, bem como pela localização de familiares, "que houve muitos desaparecidos".

"É necessário haver informação coerente, correta e idónea", sublinhou, considerando que, mesmo agora, é importante assegurar que a informação que corre "é fidedigna, porque tem impacto na comunidade".

Segundo Sónia Cunha, "circula muita informação e pode ter impacto e efeitos negativos sobre a população. Surgiu, ao longo dos dias, muita informação que não correspondia à verdade".

Em relação às situações de maior risco, a coordenadora do CAPIC sublinha que as equipas que estão no terreno, por terem um trabalho de proximidade, "vão estar atentas" a tais casos.

No entanto, a especialista sublinha que, apesar de todos os estímulos negativos associados a uma catástrofe, "as pessoas têm recursos para lidar com a adversidade".

"O que importa é ajudá-las a reativar esses recursos", defendeu, considerando que o papel do psicólogo não vai no sentido de criar "dependência, mas sim autonomia".

INEM
O INEM sinalizou 42 pessoas da zona afetada pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande com necessidade de acompanhamento e...

Até ao momento, foram sinalizadas 42 pessoas com necessidade de "acompanhamento e de reavaliação", por estarem num "processo de luto", em que perderam familiares ou casas na sequência do incêndio que provocou 64 mortos, disse a coordenadora do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC) do INEM, Sónia Cunha, referindo que foram identificados seis casos "com sinais de risco".

As seis situações mais graves e complexas "foram consideradas de emergência e encaminhadas para os serviços de urgência dos serviços psiquiátricos dos CHUC [Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra]", afirmou Sónia Cunha, que esteve a coordenar uma equipa de cerca de 60 psicólogos de diferentes instituições que estiveram a garantir a resposta de emergência até quinta-feira.

Segundo a especialista, os casos foram sendo identificados ao longo da semana passada, tendo sido feitos contactos de monitorização para avaliar "a evolução das reações", para saber se estas se intensificaram ou diminuíram.

Este ‘follow up' "dá sinais de que a pessoa pode vir a desenvolver uma patologia e que tem de ser referenciado".

Sónia Cunha sublinhou que os vizinhos e os familiares devem estar atentos "a sinais de risco" e procurar "ajuda via 112, centro de saúde ou, até, através da linha Saúde 24, para pedir aconselhamento".

Os sinais poderão ser uma "alteração significativa do comportamento", ou a pessoa não conseguir "assumir tarefas e responsabilidades habituais", como não conseguir trabalhar ou não conseguir dormir.

Segundo a coordenadora do CAPIC, que esteve ontem no terreno, os sinais de alerta normalmente são detetados pelas pessoas mais próximas ou pelas equipas de saúde de proximidade.

"Não são tanto os psicólogos", constatou, sublinhando que estes profissionais devem ser "gradualmente" retirados do terreno e a resposta deve-se centrar posteriormente nas unidades de saúde de referência.

"Até um mês, [a situação] ainda é considerada de crise", podendo haver reações "intensas" por parte das pessoas, mas, a partir daí e até três meses após o incidente, "há uma aparente normalização da comunidade".

Sónia Cunha vincou ainda que é necessário preparar os psicólogos para a efeméride de um ano desde o incêndio, porque "é uma data crítica".

A normalização, segundo a literatura científica, poderá apenas ser completamente reposta passados três anos, "dependendo das comunidades", explanou a coordenadora do CAPIC.

Ensino superior
As ordens dos Médicos, dos Médicos Dentistas e dos Psicólogos querem passar a ser consultadas no processo de definição do...

Em declarações, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas afirmou que a proposta foi apresentada na última reunião do Conselho Consultivo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), que decorreu no final da semana passada.

Orlando Monteiro da Silva lembra que “as ordens não são tidas nem achadas” no processo de definição das vagas nos cursos superiores.

“Não é colocar as ordens a decidir, mas sim haver um processo de consulta. São as ordens que fazem o registo dos profissionais e que têm conhecimento do mercado de trabalho ou da realidade da emigração, por exemplo”, sustentou o bastonário dos Médicos Dentistas.

No caso dos dentistas, Monteiro da Silva alerta para o aumento anual do número de profissionais, uma evolução que “não acompanha as necessidades do país”.

Também a Ordem dos Médicos tem alertado para o constante aumento de clínicos que ficam sem vaga para a especialidade. Para 2018, 2.466 jovens profissionais candidataram-se a um número provisório de 1.719 vagas, o que significa que mais de 700 ficarão de fora.

“Esta proposta e esta posição foram acompanhadas pelo menos pela Ordem dos Médicos e pela Ordem dos Psicólogos”, indicou Monteiro da Silva, afirmando que houve um bom acolhimento da ideia por parte da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, apesar de a matéria ter de ser decidida pelo Governo.

Segundo a Ordem dos Dentistas, o presidente da Agência explicou no encontro que “deverá existir um diálogo entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Ministério da Saúde”, no sentido de adequar às necessidades do país o número de vagas em medicina dentária, medicina, psicologia e outras áreas da saúde.

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