Ciberataque
Os correios eletrónicos e a Internet do Serviço Nacional de Saúde foram repostos a partir das 24:00 de terça-feira, depois de...

Em declarações, uma fonte dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) informou “que, após reavaliação, feita às 24:00, dos riscos associados ao ciberataque ocorrido em vários países na terça-feira, foi iniciado o processo de reposição do serviço de e-mail”.

Na sua página da Internet, o SPMS adiantou que vai continuar “atento a toda a situação e em articulação com as outras entidades nacionais, de forma a garantir a segurança nos sistemas informáticos do Ministério da Saúde e, se necessário, adotar e implementar novas medidas preventivas”.

O SNS desligou na terça-feira à tarde o correio eletrónico e Internet como prevenção para o ciberataque em curso em vários países da Europa, mas a medida não afetou os utentes.

Na terça-feira, em declarações à Lusa, Henrique Martins, presidente dos SPMS, explicou que não houve “nenhum problema nem nenhum ataque ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou instituições da Saúde”, mas, mesmo assim foi considerado “prudente avançar com esta medida cautelar de ter os e-mails e a Internet temporariamente desligados”.

Henrique Martins salientou, na altura, que dentro do próprio SNS, a rede informática da saúde continuava a funcionar, estando apenas temporariamente “desligada da Internet”.

“O serviço de saúde em Portugal tem uma rede própria privada [Rede Interna da Saúde/RIS] e que pode ser desligada da rede de Internet nestas situações”, explicou.

Em Portugal, não há até ao momento registo de qualquer incidente relacionado com o ciberataque que está em curso em vários países.

O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) informou na terça-feira estar "atento" a um eventual ataque informático, depois do ciberataque que começou na Ucrânia e assumiu larga escala.

O ataque informático afetou numa primeira fase, bancos e empresas na Ucrânia e na Rússia, propagou-se pela Europa Ocidental, tendo também afetado o laboratório farmacêutico norte-americano Merck.

Contactado hoje, o CNCS disse não haver para já mais informação sobre o assunto.

Estudo revela
Experiências de Bullying na adolescência e perceções de inferioridade poderão estar na base de uma relação conflituosa com a...

A investigação, que integrou diversas abordagens sobre os problemas de comportamento alimentar, foi realizada, entre 2013 e 2017, por investigadores da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) e da Faculdade de Medicina e Saúde da Universidade de Leeds, Reino Unido.

Numa primeira fase, os investigadores focaram-se em perceber quais os fatores de risco para o desenvolvimento de problemas de comportamento alimentar na adolescência, acompanhando, ao longo de três anos, 609 adolescentes do sexo feminino de escolas rurais e urbanas da Região Centro do país, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos.

Concluiu-se que adolescentes que passaram por experiências de bullying tendem a desenvolver sentimentos de vergonha em relação à sua imagem corporal e a iniciar comportamentos desregulados com a comida.

Ou seja, o bullying está na base de “uma relação complicada com a ingestão de comida. Quando as adolescentes atribuem ao corpo a razão pela qual são vítimas de bullying podem começar a adotar comportamentos alimentares desregulados, como forma de corrigir aquilo que percecionam como uma inferioridade e que poderá estar na base dessas interações negativas com pares”, explica Cristiana Duarte, investigadora principal do projeto do qual resultou a sua tese de doutoramento, orientada por José Pinto-Gouveia, Professor Catedrático e Coordenador do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental da UC (CINEICC), e James Stubbs, Professor e Investigador da Faculty of Medicine and Health da Universidade de Leeds.

A equipa avaliou também o problema na população adulta, a partir da autoavaliação com base em memórias de experiências negativas da infância e da adolescência, bem como em experiências na idade adulta associadas a vergonha e a dificuldades de regulação emocional e do comportamento alimentar. Foram realizados vários estudos que envolveram 3125 mulheres e 335 homens da população geral portuguesa com diversos graus em termos de peso (desde magreza, peso normal, a obesidade), 2.236 inglesas com excesso de peso e obesidade e 114 mulheres diagnosticadas com Perturbação de Ingestão Alimentar Compulsiva.

De uma forma geral, observou-se que “memórias deste tipo de experiências negativas na infância e adolescência se associam também a vergonha corporal na idade adulta”, afirma Cristiana Duarte, mas a situação agrava-se em mulheres com excesso de peso e obesidade: “a vergonha corporal, o autocriticismo e tentativas de evitamento destes estados internos negativos parecem estar relacionados com uma pior regulação do comportamento alimentar, nomeadamente com sintomas de ingestão alimentar compulsiva, e a dificuldades na perda de peso. Estas dimensões parecem ser também muito importantes na ocorrência de episódios de descontrolo alimentar no sexo masculino”.

“Estes episódios de ingestão compulsiva são posteriormente seguidos de culpa, vergonha e autocrítica, aumentando a probabilidade de ocorrência de novos episódios de descontrolo, alimentando-se assim um círculo vicioso”, frisa a investigadora.

Com base nos resultados obtidos, os investigadores desenvolveram o programa CARE, um programa de intervenção psicológica de curta duração (quatro semanas) focado no desenvolvimento de competências para fomentar uma gestão equilibrada da alimentação.

Foi, depois, testado num estudo piloto em 20 mulheres com Perturbação de Ingestão Alimentar Compulsiva e revelou-se eficaz. No final da intervenção notou-se uma redução significativa de sintomas de ingestão alimentar compulsiva e de outros sintomas de comportamentos alimentares perturbados, de dificuldades relacionadas com a imagem corporal, autocriticismo e indicadores de depressão.

Os diversos resultados obtidos ao longo de todo o estudo revelam a necessidade de se “incluir no Sistema Nacional de Saúde abordagens inovadoras que complementem as terapêuticas convencionais de prevenção e tratamento destes problemas de saúde pública”, refere Cristiana Duarte.

O que distingue este estudo, conclui, é o facto de “estas dificuldades terem sido analisadas num contínuo de severidade desde adolescentes e mulheres e homens adultos da população geral, até casos onde estas problemáticas adquirem um caráter mais severo, como em pessoas com excesso de peso e obesidade, até doentes com Perturbações do Comportamento Alimentar”.

No Porto
Um sistema capaz de avaliar as caraterísticas faciais e auxiliar nas áreas da fisioterapia facial e da cirurgia plástica...

Em casos de patologias associadas à face, para que sejam tomadas "as decisões clínicas mais apropriadas", é necessário ter acesso a medidas precisas sobre como esta se apresenta "em repouso e em movimento muscular", disseram os investigadores Paulo Aguiar e Ana Gerós, responsáveis pelo projeto 'Facegram'.

Nesse sentido, estão a criar um sistema que avalia as caraterísticas do rosto, descrevendo um conjunto de medidas morfométricas (distância entre pontos anatómicos, máximas contrações de grupos musculares específicos e a simetria, por exemplo), para apoiar, entre outras áreas, a fisioterapia facial e cirurgia plástica reconstrutiva da face.

"Da mesma forma que o eletrocardiograma e o audiograma são instrumentos fundamentais em cardiologia e otologia [ramo da medicina que estuda a patologia, anatomia e fisiologia do ouvido], o 'Facegram' pretende disponibilizar um sistema inovador de diagnóstico, análise e apoio à decisão clínica em patologias associadas à face", explicaram.

Segundo os investigadores, no contexto de cirurgia plástica reconstrutiva, como é o caso de doenças congénitas, queimaduras ou cancro, são necessárias, frequentemente, múltiplas cirurgias para efetivar melhores condições de vida para o paciente.

A tecnologia proposta permite tomar decisões clínicas mais ajustadas às especificidades de cada paciente, tornando os tratamentos mais eficazes e reduzindo custos.

Quanto à fisioterapia, as melhorias são tipicamente subtis e lentas, levando muitos pacientes a desmotivarem e desistirem das terapias, o que origina implicações negativas a médio/longo prazo.

O 'Facegram' permite quantificar objetivamente a progressão do paciente, fazendo com que a fisioterapia seja realizada de forma adequada e pelos períodos clinicamente prescritos, referiram.

Para os responsáveis pelo projeto, do lado do clínico, esta é uma solução inovadora e simples de utilizar, que permite obter diagnósticos e análises mais detalhadas das condições do paciente e escolher a terapia ou a cirurgia a aplicar, bem como comparar os resultados de diferentes técnicas, contribuindo assim para uma melhoria nesse campo.

Do lado do paciente, este sistema possibilita uma avaliação não subjetiva dos resultados do tratamento e, ao suportar tratamentos mais personalizados, contribui para respostas terapêuticas mais eficazes, acrescentaram.

Segundo os investigadores, embora existam no mercado sistemas que fazem a quantificação automática dos movimentos faciais, o 'Facegram' apresenta determinadas vantagens, como o baixo custo do 'hardware', o facto de ser um sistema portátil, funcionar em ambiente 3D e não serem necessárias configurações de instalação específicas.

Esta tecnologia tem vindo a ser desenvolvida desde 2015, integrando, neste momento, o RESOLVE, um programa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) que apoia a transferência de conhecimento científico e tecnológico de projetos inovadores e promissores, em estágio inicial.

O 'Facegram' tem já um protótipo em funcionamento, capaz de registar dados, processá-los e gerar relatórios, tendo sido testado em pacientes com paralisias faciais, em ambiente hospitalar.

Com o apoio do RESOLVE, os investigadores estão a melhorar as características do protótipo e a trabalhar com clínicos de diversas áreas, de forma a alargar o campo de validações do sistema.

A equipa responsável por este projeto conta com a colaboração dos médicos do Serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva, Maxilo-Facial e da Unidade de Queimados do Hospital de São João, no Porto, nomeadamente de Ricardo Horta.

Direção-Geral da Saúde
Os afogamentos, que este ano já provocaram a morte a mais de 40 pessoas em Portugal, são o tema central de uma campanha lançada...

“A gravidade dos afogamentos não se restringe aos casos que resultam em morte, uma vez que as pessoas hospitalizadas na sequência de afogamentos têm, muitas vezes, prognóstico reservado”, indica a Direção-Geral da Saúde (DGS), lembrando que a Associação para a Promoção da Segurança Infantil estima que, para cada criança que morre afogada, outras duas a três sejam internadas na sequência de um afogamento.

Os dados do Observatório do Afogamento, uma plataforma da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores, indicam que este ano, até ao dia 01 de maio, já morreram afogadas 36 pessoas, metade das quais nas praias.

Depois de divulgados estes dados, foram diversos os casos de afogamentos registados, sobretudo em zonas não vigiadas.

Os números do observatório indicam ainda que as mortes ocorreram não só em praias, mas também em rios, poços, tanques de rega, piscinas, valas e marinas.

De acordo com os dados da Autoridade Marítima Nacional, de 01 de maio a 30 de setembro do ano passado morreram 17 pessoas em acidentes relacionados com a época balnear, um aumento dos casos mortais relativamente ao ano anterior.

A DGS alerta que as mortes por afogamento podem ser evitadas com prevenção e aconselha os adultos vigiarem os mais pequenos, a instalar barreiras de acesso às piscinas e reservatórios de água, optar sempre por locais considerados seguros e com vigilância e ter sempre próximo os equipamentos de segurança.

Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde, disponibilizados em cartazes com informação sistematizada no ‘site’ da DGS no âmbito desta campanha, indicam que 372.000 pessoas morrem no mundo por afogamento todos os anos.

Indicam ainda que mais de metade das mortes por afogamento ocorrem em pessoas com idades abaixo dos 25 anos, sendo aliás uma das 10 principais causas de morte no mundo até essa idade, e que no sexo masculino a probabilidade de afogamento é duas vezes superior.

Quanto aos fatores de risco, os dados incluídos no cartaz divulgado pela DGS no âmbito desta campanha de prevenção e alerta referem que as taxas mais elevadas de afogamento encontram-se entre as crianças de 1-4 anos de idade.

No caso das crianças, os principais locais de afogamento são as piscinas (28%), seguidas das praias (22%), tanques e poços (22%) e os rios ribeiros e lagoas (22%).

Os últimos dados disponibilizados pela APSI indicam que os afogamentos continuam a ser a segunda causa de morte acidental nas crianças e recorda que os meses de julho e agosto são “os mais críticos”.

“Em Portugal, por ano, o afogamento é responsável por nove mortes em crianças e jovens. Associado a este tipo de acidente existe também um número elevado de internamentos que, em média e por ano, correspondem a um total de 32 casos”, sublinha a APSI.

A associação frisa igualmente que as crianças hospitalizadas “apresentam normalmente um prognóstico reservado e, nos casos em que estas sobrevivem, podem ficar com lesões neurológicas permanentes com impacto a diferentes níveis (saúde, sociais, económicos) ”

“A qualidade de vida da criança e da família fica muitas vezes comprometida”, insiste a APSI, recordando que “o afogamento é um acontecimento muito rápido, silencioso e que acontece em muito pouca água”.

Direção-Geral da Saúde
Portugal tem 322 casos confirmados de hepatite A, num total de 378 notificados desde o início do ano, segundo o último balanço...

De acordo com os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), este surto, que começou no início do ano e afeta outros países europeus, atingiu sobretudo homens (89%) e em mais de metade dos casos (52%) o contágio deu-se por contacto sexual.

A maioria dos casos notificados ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo (289) e, de todos os casos confirmados, em 179 o Instituto Nacional Ricardo Jorge identificou a mesma estirpe de vírus.

A DGS, tendo em conta o surto de hepatite A, reforçou da vacinação antes dos grandes festivais de verão e aconselha a adoção de medidas de prevenção durante estes eventos e, após, a vigilância de sintomas compatíveis com os da hepatite A.

No passado mês de maio, a DGS atualizou a norma sobre a hepatite A e os viajantes deixaram de precisar de submeter o pedido de vacinação à Direção-Geral da Saúde, bastando ter a prescrição do médico.

Em abril, com o país em pleno surto de hepatite A, os viajantes com destino a países endémicos para a doença só eram elegíveis para vacinação a título excecional e o médico prescritor da vacina tinha de contactar previamente a autoridade de saúde.

Esta medida prendeu-se, na altura, com uma necessidade de controlar o ‘stock’ de vacinas, de modo a que chegassem aos grupos prioritários, como contactos íntimos ou familiares de infetados e homens que têm sexo com homens de forma desprotegida.

No que respeita a estes grupos prioritários continua a não ser necessária qualquer validação da vacina por parte da DGS, sendo a imunização gratuita, a cargo do Serviço Nacional de Saúde.

Segundo a DGS, desde 03 de abril foram administradas cerca de 3.000 vacinas, das quais 80% na região de Lisboa e Vale do Tejo, a quase totalidade em contexto de pré-exposição.

Na Unidade Móvel de vacinação (campanha em Lisboa, Bairro Alto e Terreiro do Paço) foram administradas 150 vacinas nos dias 27, 28 e 29 de abril, 164 nos dias 05 e 06 de maio e 130 no passado dia 24 de junho.

A hepatite A é, geralmente, benigna e a letalidade é inferior 0,6% dos casos. A gravidade da doença aumenta com a idade, a infeção não se torna crónica e dá imunidade para o resto da vida.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Todas as regiões do país apresentam hoje risco ‘muito elevado’ de exposição à radiação ultravioleta, segundo dados do Instituto...

À exceção da região de Sines, que está com níveis ‘moderados’, todas as regiões do continente, Madeira e Açores apresentam hoje risco ‘muito elevado’ de exposição à radiação ultravioleta (UV).

Para as regiões com risco 'muito elevado' e 'elevado', o Instituto recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

No que diz respeito ao estado do tempo, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê para hoje no continente céu geralmente muito nublado, diminuindo gradualmente de nebulosidade a partir do início da tarde, e períodos de chuva ou aguaceiros, mais frequentes e intensos nas regiões Norte e Centro e até meio da tarde.

A previsão aponta também para vento fraco a moderado do quadrante oeste, soprando moderado a forte nas terras altas, por vezes com rajadas até 70 quilómetros por hora, pequena descida da temperatura mínima nas regiões Norte e interior Centro e descida da máxima.

Na Madeira prevê-se períodos de céu muito nublado e vento fraco a moderado do quadrante norte.

Para os Açores, o Instituto prevê períodos de céu muito nublado com abertas e vento fraco a bonançoso.

Quanto às temperaturas, em Lisboa vão variar entre 17 e 24 graus Celsius, no Porto entre 15 e 21, em Vila Real entre 11 e 20, em Viseu entre 10 e 20, em Bragança entre 12 e 22, na Guarda entre 08 e 18, em Coimbra entre 14 e 22, em Castelo Branco entre 13 e 25, em Portalegre entre 11 e 23, em Santarém entre 16 e 26, em Évora entre 15 e 25, em Beja entre 14 e 25 e em Faro entre 17 e 26.

Em Portugal
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde quer medidas concretas para reduzir o consumo de antibióticos, sugerindo que,...

“Houve uma melhoria na situação nos últimos anos, mas continuamos a ter um consumo de antibióticos que é superior a muitos países europeus”, referiu Aranda da Silva, um dos coordenadores do Relatório da Primavera 2017 do Observatório dos Sistemas de Saúde, que hoje é apresentado em Lisboa.

Um estudo, que integra o relatório, pretende caracterizar o consumo de antibióticos entre 2004 e 2014 em Portugal e mostra que há grandes variedades regionais, havendo zonas em que a situação está mais controlada.

“Tem a ver com informação que os próprios profissionais de saúde têm, nomeadamente os médicos, quando prescrevem antibióticos. E uma utilização muito exagerada de antibióticos de largo espectro, o que pode ser perigoso em termos de resistência”, comentou Aranda da Silva.

O consumo absoluto de antibióticos, ajustado à população residente, decresceu em Portugal de 2004 para 2014, mas identificou-se uma tendência de crescimento de consumo de antibióticos de largo espectro, que atum numa grande variedade de bactérias.

É sugerido que o problema das resistências aos antibióticos pode ser influenciadas não apenas pelo consumo absoluto de antibióticos, mas também pelo consumo elevado desses antibióticos de largo espectro.

O Observatório sugere assim medidas para melhoras a informação sobre prescrição e uso de antibióticos, bem como medidas administrativas para restringir os de largo espectro.

Segundo Aranda da Silva, uma das propostas é a de “exigir que sejam prescritos esses antibióticos [nalguns casos] só depois de identificada a causa da infeção”.

Relatório de Primavera 2017
Portugal é o país da Europa em que a população paga uma fatia maior pelos medicamentos, com as famílias a suportarem...

Em declarações, Aranda da Silva, porta-voz da coordenação do Relatório de Primavera 2017 do Observatório, lembrou que “há uma parte substancial dos medicamentos que é suportada diretamente pelas famílias”, o que cria dificuldades de acesso por parte dos mais desfavorecidos.

“Não há isenções [nos medicamentos] que permitam que o acesso melhore nas camadas de população que têm menos recursos. Existe, por exemplo, nas taxas moderadoras, mas na área dos medicamentos não existe”, referiu Aranda da Silva.

O Observatório dos Sistemas de Saúde sublinha que a medicação é a principal fonte de despesas em saúde nas famílias, pelo que, na ausência de isenções, “é natural que os mais carenciados encontrem dificuldades de acesso”.

“Qualquer dia temos um sistema de saúde a duas velocidades, um para pobres e outro para os outros. Estamos quase a chegar lá. Isto é anticonstitucional. A nossa Constituição é muito clara ao dizer que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem de ser equitativo no acesso”, refere Aranda da Silva.

“Somos o país da Europa em que a população paga mais nos medicamentos. Há uma parte substancial em que quase 40% do preço dos medicamentos é suportado diretamente pelas famílias”, frisa o responsável.

Para o Observatório, a situação de subfinanciamento do SNS, que subsiste, “traduz-se numa pioria do acesso” por parte dos doentes, principalmente para as populações de fracos recursos.

Relatório da Primavera
A restrição nas admissões de profissionais é o maior problema do Serviço Nacional de Saúde e, apesar do esforço em 2016 para a...

A análise consta do Relatório de Primavera 2017, da autoria do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), que será apresentado hoje em Lisboa, e que este ano tem como tema “Viver em tempos incertos: sustentabilidade e equidade na saúde”.

No capítulo dedicado à análise da política e governação da saúde, os autores começam por assumir que “do atual Governo se esperava um sinal claro e inequívoco de reconhecimento aos profissionais, facto que não se observou até este momento”.

“Não há Serviço Nacional de Saúde (SNS) renovado e melhorias nos cuidados sem a colaboração dos seus recursos humanos que se querem motivados, com competências adequadas e em número suficiente”, lê-se no documento.

O relatório elege “as restrições nas admissões de profissionais” como “o maior problema com que o SNS está confrontado”.

“Menos profissionais que o recomendado implica menor disponibilidade para praticar atos técnicos de saúde que, consequentemente, se traduzirão em maior morbilidade, mortalidade, reinternamentos, aumento da taxa de infeção, maiores tempos de espera e de listas de espera”, prossegue.

Em 2016 registou-se “um esforço para reverter esta situação, nomeadamente na admissão de novos profissionais e reposição de rendimentos pela eliminação da sobretaxa para os rendimentos mais baixos”.

Contudo, prossegue o relatório, “permanecem congeladas e sem regulamentação as carreiras dos diversos profissionais de saúde e desta forma, não se respeitando as hierarquias técnicas e a valorização de competências, aumenta progressivamente o descontentamento e desilusão com o sistema”.

Para o OPSS, estes “são fatores de desmotivação e mesmo de acréscimo de dificuldades na gestão dos recursos disponíveis, nomeadamente no que respeita a assegurar, por exemplo, os serviços por turnos e/ou visitação domiciliária”.

Em relação aos incentivos à mobilidade dos profissionais, o documento indica que “foram implementadas medidas relativamente aos médicos”, mas alerta para o facto de não terem sido propostos “incentivos e políticas de desenvolvimento profissional para outros profissionais”.

“Assim, e tal como no passado, a sua implementação pode comprometer a interação essencial ao trabalho de equipa como fator decisivo na garantia da qualidade dos cuidados”.

Nesta análise da política e governação da saúde, os autores consideram que, “para pouco mais de um ano de Governo, se regista um significativo nível de concretização das medidas inscritas no programa do Governo”.

“Registam-se medidas pontuais, relativamente simbólicas mas indiciadoras de uma nova visão e atitude política no sentido de atenuar barreiras de índole social, económico e cultural”.

Entre estas, contam-se “as alterações introduzidas nas taxas moderadoras e as dirigidas a grupos de pessoas com maior vulnerabilidade, bem como o anúncio de medidas e de ações dirigidas a uma maior equidade de respostas nos diferentes Agrupamentos de Centros de Saúde quanto à saúde oral, psicologia e saúde mental e nutrição”, lê-se no documento.

Sobre a possibilidade de os cidadãos poderem ser assistidos fora da sua área de residência, os autores deste Relatório de Primavera dão conta de “relatos e reclamações de unidades hospitalares que reagem negativamente e dificultam este procedimento, o que deve ser tido em conta na monitorização desta medida”.

O documento considera que “será necessário triplicar o ritmo da mudança” para que a reforma dos cuidados de saúde primários possa ser concluída até 2021.

Relatório
Os mais pobres em Portugal continuam a ter menos acesso a consultas de especialidade, sobretudo de saúde oral e mental, bem...

Tendo por base dados de 2014 e 2015, o observatório indica que as “barreiras no acesso aos cuidados de saúde permanecem relevantes em Portugal”, sendo muito marcadas por fatores socioeconómicos.

Na área da saúde oral e da saúde mental, o relatório aponta para “limitações fortes no acesso” que afetam “de forma desproporcional os mais pobres”.

“Essa é uma situação crónica do nosso sistema de saúde. As pessoas com menos recursos cada vez têm mais dificuldades de acesso”, comentou em declarações Aranda da Silva, porta-voz da coordenação deste relatório do Observatório.

Segundo Aranda da Silva, em 2017, ainda subsiste este “problema complicado”, que se traduz no facto de as pessoas de fracos recursos “não terem acesso à saúde mental e à saúde oral”.

A carência de serviços de saúde oral e mental no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o principal motivo para esta falta de equidade no acesso àquelas especialidades, sendo que as necessidades são maioritariamente satisfeitas através do setor provado.

“Apenas acessível para quem tem seguro ou capacidade de pagar”, sublinham os autores do “Relatório de Primavera 2017”.

O Observatório lembra que houve tentativas para atenuar as desigualdades no caso da saúde oral, através dos cheques dentista, mas considera que essa iniciativa “possivelmente não conseguiu reduzir a iniquidade”.

Contudo, Aranda da Silva destaca que na área da saúde mental “não há medidas praticamente nenhumas”.

O atual Governo arrancou no ano passado com um projeto-piloto nalguns centros de saúde da Grande Lisboa e Alentejo, de forma a integrar médicos dentistas e a alargar o acesso nos cuidados de saúde oral a alguns doentes e para algumas patologias.

Estes projetos-piloto encontram-se atualmente em fase de alargamento, abarcando todo o país num total de cerca de 60 unidades dos cuidados de saúde primários.

Ainda assim, a grande maioria dos centros de saúde em Portugal mantém-se sem cuidados de saúde oral.

Aliás, o Observatório indica que se têm registado “medidas pontuais” para atenuar barreiras económicas e sociais, que são simbólicas mas reveladoras de uma “nova visão e atitude política”.

Quanto ao acesso a medicamentos, os autores recordam que a medicação é a principal fonte de despesas em saúde nas famílias, pelo que, na ausência de isenções, “é natural que os mais carenciados encontrem dificuldades de acesso”.

O Observatório fez uma comparação com os restantes países da Europa ao nível das dificuldades de acesso à saúde e concluiu que Portugal não tem maiores barreiras, mas são mais marcadas do ponto de vista económico e de restrições financeiras.

Relatório de Primavera
O Serviço Nacional de Saúde consegue fazer, com menos dinheiro, tão bem ou melhor do que a média dos países da União Europeia,...

Elaborado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), o relatório tem como tema “Viver em tempos incertos: sustentabilidade e equidade na saúde” e será hoje apresentado em Lisboa.

No capítulo sobre a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os autores começam por afirmar que não conhecem “nenhum estudo sobre a sustentabilidade do sistema de saúde português que abranja todas as dimensões”.

Apesar destas limitações, a análise concluiu, “com alguma segurança, que o sistema de saúde português é eficiente”.

Tomando como referência a média dos 15 países que integravam a União Europeia (UE) antes do alargamento, em 2004, os autores constataram que o peso da despesa total no Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, “a parcela da riqueza criada afetada à saúde, não é significativamente divergente, sendo a despesa per capita em saúde, em Portugal, muito mais baixa”.

“Paralelamente, os indicadores de saúde escolhidos assumem valores similares aos da média dos países da UE15, tendo a mortalidade evitável vindo a convergir para esta média e assumindo a taxa de mortalidade infantil valores inferiores à média”, lê-se no documento.

Os autores referem que, como “o financiamento público é muito menor”, caberá “uma responsabilidade acrescida à despesa privada, em especial aos pagamentos diretos”.

“Se este fenómeno causa problemas em termos de eficiência – dívida elevada do SNS e adiamento do consumo por parte de uma parcela significativa dos doentes, levando ao aumento da despesa a prazo – também induz efeitos nefastos sobre a equidade”.

Segundo o relatório, o peso dos gastos privados é o principal fator de agravamento da desigualdade que, por sua vez, “afeta negativamente a saúde”.

“No médio-longo prazo este problema pode agravar-se muito”, alerta o relatório, explicando: “A pressão exercida sobretudo pelo desenvolvimento tecnológico levará, muito provavelmente, ao aumento acentuado da despesa, o que exigirá a discussão aprofundada das opções para o crescimento do financiamento do sistema”.

O OPSS indica que, “apontando-se como ineficiente e inequitativo o aumento dos gastos diretos, uma alternativa é a limitação do SNS à oferta de um pacote de cuidados”.

“Supondo que é possível (e aceite pela população…) definir esse pacote, havendo a possibilidade de complementar o financiamento do SNS com um seguro de saúde, tal levará à existência de um sistema com dois (ou mais) segmentos de benefícios, dependentes da capacidade de pagamento dos beneficiários”, alerta.

Na análise dos indicadores de saúde da população portuguesa a partir do último relatório da OCDE (finais de 2016), os autores evidenciam que, apesar das melhorias substanciais no estado de saúde da população portuguesa, “as desigualdades de género, geográficas/territoriais e socioeconómicas persistem”.

“Para se manterem saudáveis os portugueses gastam muito mais que a maioria dos europeus, já que se mantém a diminuição do financiamento público da saúde e o aumento das despesas ‘out of pocket’ (pagamentos diretos) por parte da população”.

Com exceção da infeção hospitalar, onde continua a ser um dos países com taxas mais elevadas, Portugal apresenta resultados positivos em muitos dos indicadores analisados.

Os autores do relatório afirmam que, “apesar das melhorias ocorridas ao longo dos anos, Portugal continua a apresentar cuidados necessários não satisfeitos, nomeadamente nos grupos de baixo rendimento”.

Nos Açores
A Ordem dos Psicólogos vai criar nos Açores uma bolsa de psicólogos para intervenção em situações de catástrofe, à semelhança...

“Colocámos à disposição do Governo Regional dos Açores uma bolsa de psicólogos para intervenção em catástrofe, que é uma bolsa de âmbito nacional, que tem também psicólogos formados especificamente para esse efeito residentes nos Açores”, salientou, em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião com o secretário regional da Saúde dos Açores, Rui Luís, em Angra do Heroísmo.

Segundo o governante, esta resposta em situação de catástrofe já era acautelada pelo Instituto de Segurança Social dos Açores (ISSA), mas “todos os recursos são poucos para essas situações extremas”.

A bolsa deverá ser criada até ao último trimestre de 2017 para que possa ser testada num exercício de simulação de catástrofe organizado pelo Governo Regional.

Questionado sobre o adiamento de consultas de psico-oncologia no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, Rui Luís disse que a psiquiatra que dava essas consultas terminou o contrato, mas está a ser equacionado um reforço de meios para dar a resposta necessária aos doentes oncológicos.

“Estamos a aguardar a proposta do Hospital do Divino Espírito Santo para as necessidades que existem ao nível de psicólogos para cumprir com essas consultas que são muito necessárias de apoio ao doente oncológico”, adiantou.

Também o Bastonário da Ordem dos Psicólogos disse ter garantias de que “a situação está a ser avaliada” e de que os recursos necessários “a muito breve prazo estarão garantidos”.

Questionado sobre o número de psicólogos existente nos Açores, Francisco Rodrigues admitiu que a resposta poderia ser melhorada com mais “duas dezenas de profissionais”, mas salientou que a cobertura regional é superior à nacional.

“Não me parece que, apesar dessas lacunas, aqui se assista a uma situação de estática, face à realidade que assistimos ao longo dos anos. Parece-nos que tem havido, à medida daquilo que também são as possibilidades do Governo Regional, um investimento gradual em suprir essas necessidades”, frisou.

Por sua vez, o secretário regional da Saúde disse que ainda recentemente foi aberto um concurso para a ilha de São Jorge, alegando que a tutela tem vindo a avaliar as carências de psicólogos “ilha a ilha”.

“É óbvio que nós gostaríamos de reforçar as equipas multidisciplinares de cada uma das unidades de saúde de ilha com mais psicólogos. É uma situação que estamos a estudar e vamos, com a rentabilização dos recursos que temos, paulatinamente cumprindo o nosso desiderato, que é aumentar o número de psicólogos em funções nos Açores”, disse.

Segundo o bastonário, uma das principais reivindicações dos psicólogos nos Açores é o acesso a formação profissional com um custo acessível, mas a Ordem está atenta a esses constrangimentos.

“Já no próximo mês de setembro será lançado a nível nacional um programa bastante ambicioso de formação para os psicólogos, em condições que serão muito acessíveis e que estarão disponíveis em todo o território nacional, incluindo a Região Autónoma dos Açores”, revelou.

Ébola
Mais de 30 milhões de pessoas foram vacinadas contra o Ébola, a maioria em Angola e na República Democrática do Congo, país...

No primeiro Fórum Mundial sobre a Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), que ontem começou na capital do Ruanda, Kigali, e decorrerá até quarta-feira, a diretora regional da OMS para África, Rebecca Matshidiso Moeti, precisou que se está a colaborar com o Ministério da Saúde da RDC para declarar um surto de Ébola na próxima semana.

Este anúncio será feito apesar de a 02 de junho o Governo da RDCongo ter declarado que tinha controlado o surto de Ébola surgido na província do Baixo Uele, no norte do país.

Em maio último, a OMS confirmou que 37 pessoas tinham adoecido no Baixo Uele, das quais 32 eram casos suspeitos, três prováveis e dois confirmados.

No fórum “Pôr as pessoas em primeiro lugar. O caminho para a cobertura universal da saúde em África”, debatem-se também os desafios e as oportunidades de uma prestação efetiva de serviços de saúde e prioridades políticas na região.

Moeti pediu ao setor privado que aumente a participação na saúde em África, para ajudar a alcançar o objetivo da cobertura sanitária universal no continente.

“Para fortalecer os sistemas de saúde, garantir a segurança sanitária e proporcionar um melhor acesso aos serviços de saúde, os países devem esforçar-se por alcançar o mínimo de oito dólares por habitante recomendado pela OMS”, sublinhou.

A responsável regional da agência especializada da ONU pediu igualmente às partes interessadas no setor da saúde em África que ampliem a imunização e lamentou que muitas crianças africanas não tenham acesso às vacinas de que precisam.

“Uma em cada cinco crianças ainda não tem as vacinas de que necessita. O número é demasiado alto”, denunciou Moeti.

Contudo, frisou que África registou alguns êxitos, como os alcançados na luta contra a poliomielite ou a diminuição do número de novos infetados com HIV, com cada vez mais seropositivos a terem acesso a programas.

O número de adultos e crianças infetados com o HIV em África diminuiu em cerca de 19% nos últimos cinco anos, passando de 1,63 milhões para 1,37 milhões.

Em finais de 2015, estimou-se que também a mortalidade materna no continente diminuiu em cerca de 45% desde 2000, e as mortes de recém-nascidos caíram cerca 38% durante o mesmo período.

Pedrógão Grande
Uma especialista do INEM em situações de crise afirmou que as equipas com psicólogos no terreno são suficientes e sublinhou que...

Sónia Cunha, responsável do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC) do INEM, esteve no terreno a coordenar cerca de 60 psicólogos de várias instituições que estiveram a trabalhar num contexto de emergência até quinta-feira, na zona afetada pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que provocou 64 mortos e mais de 200 feridos.

A partir desse momento, sublinha, deixa de haver uma necessidade de emergência, mas uma necessidade de continuidade dos cuidados, e, por isso, "não seria benéfico" continuarem 60 psicólogos no terreno.

"As pessoas têm de ter o seu tempo, a oportunidade de elas próprias alocarem e ativarem os seus recursos", explicou Sónia Cunha, vincando que é importante "procurar a proatividade das pessoas", permitir-lhes que se consigam "reestruturar".

O papel dos psicólogos "é de apoio, de acompanhamento. Não implica que as pessoas tenham consultas diariamente".

Nesse sentido, as equipas multidisciplinares que estão no terreno - que contam com um psicólogo em cada uma - "são suficientes" para fazer o trabalho de continuidade.

"As pessoas regressaram aos seus lares ou a casas de familiares ou habitações provisórias. [A partir de quinta-feira] deixou de existir a necessidade de estabilização emocional, de intervenção psicológica das equipas de emergência", realça.

Porém, "não houve uma retirada do apoio psicológico. Houve uma passagem para uma fase seguinte. Aquilo que é importante é a tentativa de normalização da vida da comunidade. É importante as pessoas terem a possibilidade de se organizarem, de terem consciência das suas necessidades, de como se sentem".

Segundo Sónia Cunha, as necessidades nos primeiros momentos de resposta em situação de emergência passaram pela estabilização emocional, bem como pela localização de familiares, "que houve muitos desaparecidos".

"É necessário haver informação coerente, correta e idónea", sublinhou, considerando que, mesmo agora, é importante assegurar que a informação que corre "é fidedigna, porque tem impacto na comunidade".

Segundo Sónia Cunha, "circula muita informação e pode ter impacto e efeitos negativos sobre a população. Surgiu, ao longo dos dias, muita informação que não correspondia à verdade".

Em relação às situações de maior risco, a coordenadora do CAPIC sublinha que as equipas que estão no terreno, por terem um trabalho de proximidade, "vão estar atentas" a tais casos.

No entanto, a especialista sublinha que, apesar de todos os estímulos negativos associados a uma catástrofe, "as pessoas têm recursos para lidar com a adversidade".

"O que importa é ajudá-las a reativar esses recursos", defendeu, considerando que o papel do psicólogo não vai no sentido de criar "dependência, mas sim autonomia".

INEM
O INEM sinalizou 42 pessoas da zona afetada pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande com necessidade de acompanhamento e...

Até ao momento, foram sinalizadas 42 pessoas com necessidade de "acompanhamento e de reavaliação", por estarem num "processo de luto", em que perderam familiares ou casas na sequência do incêndio que provocou 64 mortos, disse a coordenadora do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC) do INEM, Sónia Cunha, referindo que foram identificados seis casos "com sinais de risco".

As seis situações mais graves e complexas "foram consideradas de emergência e encaminhadas para os serviços de urgência dos serviços psiquiátricos dos CHUC [Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra]", afirmou Sónia Cunha, que esteve a coordenar uma equipa de cerca de 60 psicólogos de diferentes instituições que estiveram a garantir a resposta de emergência até quinta-feira.

Segundo a especialista, os casos foram sendo identificados ao longo da semana passada, tendo sido feitos contactos de monitorização para avaliar "a evolução das reações", para saber se estas se intensificaram ou diminuíram.

Este ‘follow up' "dá sinais de que a pessoa pode vir a desenvolver uma patologia e que tem de ser referenciado".

Sónia Cunha sublinhou que os vizinhos e os familiares devem estar atentos "a sinais de risco" e procurar "ajuda via 112, centro de saúde ou, até, através da linha Saúde 24, para pedir aconselhamento".

Os sinais poderão ser uma "alteração significativa do comportamento", ou a pessoa não conseguir "assumir tarefas e responsabilidades habituais", como não conseguir trabalhar ou não conseguir dormir.

Segundo a coordenadora do CAPIC, que esteve ontem no terreno, os sinais de alerta normalmente são detetados pelas pessoas mais próximas ou pelas equipas de saúde de proximidade.

"Não são tanto os psicólogos", constatou, sublinhando que estes profissionais devem ser "gradualmente" retirados do terreno e a resposta deve-se centrar posteriormente nas unidades de saúde de referência.

"Até um mês, [a situação] ainda é considerada de crise", podendo haver reações "intensas" por parte das pessoas, mas, a partir daí e até três meses após o incidente, "há uma aparente normalização da comunidade".

Sónia Cunha vincou ainda que é necessário preparar os psicólogos para a efeméride de um ano desde o incêndio, porque "é uma data crítica".

A normalização, segundo a literatura científica, poderá apenas ser completamente reposta passados três anos, "dependendo das comunidades", explanou a coordenadora do CAPIC.

Ensino superior
As ordens dos Médicos, dos Médicos Dentistas e dos Psicólogos querem passar a ser consultadas no processo de definição do...

Em declarações, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas afirmou que a proposta foi apresentada na última reunião do Conselho Consultivo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), que decorreu no final da semana passada.

Orlando Monteiro da Silva lembra que “as ordens não são tidas nem achadas” no processo de definição das vagas nos cursos superiores.

“Não é colocar as ordens a decidir, mas sim haver um processo de consulta. São as ordens que fazem o registo dos profissionais e que têm conhecimento do mercado de trabalho ou da realidade da emigração, por exemplo”, sustentou o bastonário dos Médicos Dentistas.

No caso dos dentistas, Monteiro da Silva alerta para o aumento anual do número de profissionais, uma evolução que “não acompanha as necessidades do país”.

Também a Ordem dos Médicos tem alertado para o constante aumento de clínicos que ficam sem vaga para a especialidade. Para 2018, 2.466 jovens profissionais candidataram-se a um número provisório de 1.719 vagas, o que significa que mais de 700 ficarão de fora.

“Esta proposta e esta posição foram acompanhadas pelo menos pela Ordem dos Médicos e pela Ordem dos Psicólogos”, indicou Monteiro da Silva, afirmando que houve um bom acolhimento da ideia por parte da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, apesar de a matéria ter de ser decidida pelo Governo.

Segundo a Ordem dos Dentistas, o presidente da Agência explicou no encontro que “deverá existir um diálogo entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Ministério da Saúde”, no sentido de adequar às necessidades do país o número de vagas em medicina dentária, medicina, psicologia e outras áreas da saúde.

Incêndios
A zona afetada pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande e que provocou 64 mortos contou com reforço da teleconsulta e...

A Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) está a adaptar uma unidade móvel para ir para a região afetada pelo incêndio, com "uma equipa multidisciplinar, para avaliar os efeitos, em termos de saúde pública", informou o presidente do organismo, José Tereso.

Nos locais afetados, esta unidade móvel, que está "a ser preparada pelo diretor do departamento de saúde pública", vai avaliar "a qualidade da água, salubridade em geral, a qualidade da alimentação e a qualidade ambiental da parte da saúde", contou José Tereso.

"A unidade vai deslocar-se e identificar todos os pontos críticos", referiu, sublinhando que, no terreno, já há delegados de saúde pública, mas que a unidade vai reforçar esse trabalho.

Também nos centros de saúde afetados, os sistemas de teleconsulta foram reforçados e estão "todos operacionais", permitindo uma ligação direta às especialidades do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, nomeadamente na área do trauma, da cardiologia e da pneumologia.

"O doente está na consulta, explica, e o médico, se tem alguma dúvida, faz o contacto direto com o colega e discutem do ponto de vista técnico e refazem, se for caso disso, a medicação e há aqui um ganho enorme para a pessoa", sublinhou José Tereso, que falava no âmbito de uma visita aos concelhos afetados pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, no dia 17.

Pedrógão Grande
A Administração Regional de Saúde do Centro reforçou o número de psicólogos na zona afetada pelo incêndio que começou em...

Dois psicólogos reforçaram ontem o conjunto de três que já estavam a trabalhar nas localidades afetadas em equipas multidisciplinares, sendo que, na quarta-feira, vão para o terreno mais dois provenientes de unidades da Lousã e do Baixo Mondego, disse o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), José Tereso.

Para além destes sete psicólogos, há ainda três da Marinha que também estão a trabalhar na zona afetada pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, no dia 17, acrescentou, sublinhando que outros três psicólogos do Exército "estão em prontidão para atuar, caso seja necessário".

José Tereso desvalorizou as declarações do presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, que alertou para a falta de psicólogos, frisando que "o reforço já estava programado", e que a ARSC está em contacto com a autarquia e que não lhe foi transmitida essa informação.

"Vamos ter vários níveis de intervenção. Conforme o diagnóstico do dia-a-dia" e das necessidades sentidas, "assim vamos aumentando", vincou o presidente da ARSC, referindo que não pode haver precipitações no reforço de psicólogos no terreno, para que não haja "uma sobrecarga" de técnicos nas povoações afetadas.

Ontem, o gabinete de crise da Administração Regional de Saúde realizou uma visita aos concelhos fustigados pelo incêndio.

"Temos colaboração direta com a CCDRC [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro] e com os presidentes de Câmara, que definem as necessidades", contou José Tereso, que falava à margem de uma visita a uma das equipas multidisciplinares, que estava em Nodeirinho, uma aldeia de Pedrógão Grande onde morreram 11 pessoas, na sequência do incêndio.

Irregularidade no ritmo cardíaco
No âmbito do Dia Mundial do Ritmo Cardíaco, assinalado este mês, o especialista de Medicina Interna

O nosso coração é uma fantástica bomba que ao longo da vida assegura que o sangue é distribuído a todas as partes do corpo, variando a atividade em função das necessidades do organismo: bombeia mais quando é necessário, quando por exemplo fazemos algum esforço e menos quando o organismo descansa. Para a distribuição para os tecidos do corpo usa uma rede de tubos, os vasos sanguíneos, sendo que os que saem do coração chamam-se artérias e os que regressam ao coração chamam-se veias. No meio ficam os vários órgãos do corpo, com uma rede de finíssimos tubos, tão finos que receberam o nome de capilares (embora ainda sejam mais finos que os cabelos). Em conjunto, o sistema circulatório assegura que todo o corpo recebe o sangue indispensável à vida das células, levando os alimentos e o oxigénio e trazendo de volta os resíduos para serem eliminados. Chama-se circulatório porque de facto o sangue circula regressando ao ponto de origem em cada volta.

Uma das características que o coração tem é a de ser ele próprio a determinar o número de vezes que bombeia, isto é, que se contrai. Isto porque a função da bomba cardíaca é desempenhada por um músculo especial, o miocárdio, que está organizado criando umas cavidades: as aurículas e os ventrículos onde o sangue circula e que, pela presença de comportas (as válvulas), asseguram a circulação num único sentido. Portanto, o músculo cardíaco contrai e, ao fazê-lo, espreme o sangue que tem no seu interior e fá-lo circular e depois o músculo relaxa deixando o sangue preencher as cavidades. Faz isto à volta de 70 vezes por minuto*, de uma forma muito regular.

Cada “bombada” faz o sangue circular e é responsável por um impulso que se sente ao palpar as artérias do corpo e que normalmente é rítmico, isto é, o intervalo entre cada pulso é habitualmente regular. Dentro do coração também existe um padrão: primeiro contraem as aurículas e depois os ventrículos assegurando que o sangue circula com a máxima eficácia e evitando que fique parado em zonas mais recônditas do coração. Toda esta atividade é coordenada por tecido especializado dentro do miocárdio que se dedica a geração automática de impulsos e à sua transmissão dentro do coração assegurando um padrão de ativação a que se segue a contração e consequente bombeamento.

Esta introdução é feita para explicar o funcionamento normal do coração e poder falar de um problema que afeta o coração, mas que pode ter consequências muito nefastas noutros órgãos e, designadamente, no cérebro. Falo especificamente numa arritmia, a fibrilhação auricular. E porquê falar desta arritmia? Pela sua frequência e pelo seu potencial nefasto.

Na realidade, a fibrilhação auricular é bastante frequente e, por outro lado, está associada a um aumento de risco para vários problemas, sendo que um que nos interessa particularmente é o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O que acontece na fibrilhação auricular? Perde-se a capacidade de gerar um ritmo regular e as células das aurículas resolvem cada uma atuar sem concerto com as restantes. Como o ritmo regular depende dessa coordenação, surge uma arritmia (falta de ritmo) que pode ser detetada nos exames do coração, quer nos da atividade elétrica, como o eletrocardiograma, quer nos de função, como o ecocardiograma, entre outros.

Há várias formas de fibrilhação auricular: sendo que as diferenças são essencialmente relacionadas com o tempo de duração e a persistência da arritmia. Um dos tipos, a chamada fibrilhação auricular paroxística, é intermitente, isto é, alterna com períodos de normalidade.

Quais são as possíveis consequências da fibrilhação auricular? A ausência de contração auricular vai criar as condições para, nos tais espaços recônditos do coração, o sangue estagnar e poder, em consequência, originar um coágulo. O resto percebe-se facilmente. O coágulo, originado no coração, segue para os vasos sanguíneos, pelas artérias (isto é, emboliza) e vai chegar a um local em que o calibre do vaso (vasos estes que se vão estreitando progressivamente do coração para a periferia) é insuficiente para a sua passagem, originando-se um entupimento. Quando isso acontece no cérebro, vão haver células que não recebem o sangue, vão ficar em sofrimento e, caso o entupimento não se resolva, vão morrer. Ocorre então um Acidente Vascular Cerebral Isquémico, neste caso por embolia de origem cardíaca. Quinze a 20% das pessoas com AVC tem esta arritmia e, por outro lado, quem sofre de fibrilhação auricular tem um risco de ter uma AVC 5 vezes maior do que quem tem um ritmo normal. Percebe-se o problema e compreendem-se duas necessidades: a de prevenir a fibrilhação auricular, sempre que possível, e a de reduzir o seu possível impacto.

As pessoas sentem a fibrilhação? Nem todas: em muitos casos a fibrilhação auricular não se acompanha por palpitações sentidas pelo doente. Por vezes, sentem-se batidas irregulares, por vezes cansaço mais intenso com o esforço ou tonturas, mas, muitas vezes os sintomas, se presentes, são muito vagos. Pode detetar-se de uma forma simples? Sim, pode, pela avaliação do pulso. No entanto, para isso é preciso treino, até porque tanto a arritmia se pode confundir com pulso normal como nem todas as arritmias são fibrilhação auricular. Há, por exemplo, alguns batimentos isolados (extra-sistoles) que são muito frequentes e que, na maioria dos casos, não se associam a problemas como os que a fibrilhação auricular origina.

Em qualquer caso, a perceção de irregularidade de batimento cardíaco deve levar a consultar um médico – há até países que propõem que a deteção se possa fazer de uma forma mais disseminada, nas farmácias, por exemplo. A realização de um eletrocardiograma faz parte da avaliação necessária, podendo haver casos em que há necessidade de outros exames adicionais.

No entanto, não se deve deixar de ter em conta que a fibrilhação auricular é muitas vezes assintomática, isto é, sem sintomas. Em Portugal, um dos estudos feitos concluiu que um terço dos doentes com fibrilhação auricular não sentia nenhum sintoma.

Depois da confirmação da presença de uma arritmia por fibrilhação auricular, haverá que intervir tentando:

  • colocar o coração a bater ritmicamente;
  • reduzir a frequência se estiver elevada;
  • prevenir a formação de coágulos;
  • abordar os fatores de risco para o AVC;
  • prevenir a insuficiência cardíaca;
  • evitar outras arritmias.

Estas abordagens deverão ser consideradas, e tomadas decisões, sendo que nem sempre é possível assegurar o retorno a um ritmo normal, o que por vezes se consegue com medicamentos ou, em alguns casos selecionados, recorrendo a aplicação de um choque elétrico no peito feito sob vigilância médica, em ambiente hospitalar, e sob sedação.

Se não for possível converter a arritmia para o ritmo normal, dito sinusal, pode controlar-se a frequência com medicamentos; existem várias classes terapêuticas para tal efeito.

Algumas pessoas, particularmente os diabéticos, hipertensos, portadores de insuficiência cardíaca, com mais de 75 anos, ou que já tiveram AVC anteriormente, têm risco acrescido de se originarem coágulos e de sofrerem um AVC na presença de fibrilhação auricular, pelo que têm indicação para tomar medicamentos para tornar o sangue mais líquido. Esta decisão deve ser tomada com o envolvimento de um médico e deve, subsequentemente, haver um plano de acompanhamento ao doente.

Há estudos que sugerem que devem fazer-se rastreios a pessoas com mais de 65 anos para detetar a presença de fibrilhação auricular silenciosa.

Pode prevenir-se a ocorrência de fibrilhação auricular? Sim, pode, promovendo a alimentação e vida saudável, incluindo a realização de atividade física regular adequada à pessoa. No caso de padecer de situações como hipertensão arterial, o controlo da tensão arterial é fundamental.

A fibrilhação auricular é uma arritmia potencialmente grave pelo que, estando presente, deve ser detetada o mais precocemente possível, permitindo o estabelecimento de um tratamento adequado.

 


*Este número varia de pessoa para pessoa, podendo ser mais baixo em pessoas que estão em muito boa forma física e atletas e mais alto noutras.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Programa Operacional Regional Centro 2020
Os 13 municípios da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo receberam hoje, cada um, uma viatura elétrica para a prestação de...

A entrega das viaturas seguiu-se a uma cerimónia presidida pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, que contou com a presença dos presidentes de Câmara dos 13 concelhos, na qual foram assinados protocolos entre a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e a Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULSCB), outro entre a CIMT e os 13 municípios e outro ainda com a Mobi.E.

Manuel Delgado saudou o que considerou ser “um momento histórico” a nível nacional, afirmando que a colaboração entre os municípios do Médio Tejo e o Ministério da Saúde “dá um sinal de modernidade”, não só por representar uma “viragem” numa visão muito institucionalizada da saúde, ao permitir a prestação de cuidados junto das populações, como pelo seu caráter “ambientalista” ao apostar em energias limpas.

As viaturas foram adquiridas no âmbito de uma candidatura ao Programa Operacional Regional Centro 2020 liderada pela CIMT, estabelecendo o protocolo hoje celebrado que cabe à ARSLVT e à ULSCB dotar as viaturas com os técnicos e material clínico e médico e suportar os custos com o carregamento das baterias, os pneus e o desgaste provocado pelo uso.

Os municípios assumem os custos com os seguros, tendo a Mobi.E, Mobilidade Elétrica assumido o compromisso de instalar pelo menos um posto de carregamento rápido em cada um dos 13 concelhos.

O investimento total rondou os 441 mil euros (85% financiado a fundo perdido), com as autarquias a assumirem o valor da componente nacional e a aquisição das baterias.

Maria do Céu Albuquerque, presidente da CIMT e da Câmara de Abrantes, afirmou que a opção pela aquisição das viaturas elétricas, uma por município, surgiu da conclusão de que esta solução resolveria melhor os problemas das populações do que o projeto inicial de aquisição de “duas ou três viaturas medicalizadas”.

Para a autarca, a solução encontrada responde a “dois pilares” em que a CIMT assenta a sua estratégia para reforçar a competitividade do território, a promoção da coesão e da qualidade de vida e da sustentabilidade e eficiência energética.

Céu Albuquerque afirmou que numa região que tem perdido população jovem e que, “graças aos cuidados de saúde, tem uma população que vive mais anos", são precisas “novas respostas”, que permitam chegar aos que vivem sozinhos ou mais isolados.

A presidente da CIMT sublinhou que os autarcas assumiram aqui uma responsabilidade que não lhes compete, já que a saúde “tem que ser centralizada para ser universal e justa”, mas que têm a consciência que podem “fazer melhor, de uma forma mais célere e com menos custos”.

Manuel Delgado disse que este projeto se insere numa lógica de promoção da saúde e de prevenção precoce.

“Estas viaturas vão permitir uma aproximação muito maior das populações”, deslocando os serviços às residências onde as pessoas habitam, facilitando a capacidade de detetar problemas.

“É evidente que problemas detetados a tempo evitam que a pessoa seja transportada para um hospital e muitas dessas situações clínicas podem resolver-se no próprio domicílio das pessoas”, acrescentou.

Questionado sobre o documento hoje divulgado que critica a concentração do investimento na doença, o secretário de Estado afirmou que este é um “tema recorrente”, mas de difícil resolução.

“Qualquer pessoa da área da saúde tem a consciência de que tudo que possamos fazer na área da prevenção e da promoção da saúde tem uma repercussão mais positiva em matéria de aproveitamento de recursos para a saúde das populações que a simples dedicação às áreas do tratamento”, afirmou.

Contudo, apontou a "carga de doença grande" que representa o envelhecimento da população num país que “vive uma história de sucesso em matéria de cuidados de saúde, com indicadores excelentes”.

Para Manuel Delgado, “do ponto vista académico, teórico, é fácil fazer esse discurso da promoção e prevenção”, mas, “do ponto de vista prático, é mais difícil, porque os recursos financeiros são muito escassos” e é preciso “dar resposta aos doentes e às doenças, mesmo que algumas delas sejam fruto de um passado em que a prevenção não se fazia”.

Fazem parte da CIMT 11 municípios do distrito de Santarém - Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha - e dois do de Castelo Branco - Sertã e Vila de Rei.

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