Orçamento do Estado
São menos 51,3 milhões de euros para fazer face às despesas do SNS. Menos 0,6% de um total correspondente a 4,25% do PIB...

A despesa total consolidada do Programa da Saúde prevista inscrita na proposta de orçamento geral do Estado para 2018 é de cerca de 10,3 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 2,4% face ao estimado para 2017 e a um aumento de 4,4% (360,2 milhões de euros) face ao orçamento de 2017. Já a despesa efetiva consolidada será de menos 92,7 milhões de euros do que o valor total inscrito.

Um acréscimo orçamental, pelo menos aparente, explicado com o “aumento substancial de despesa no SNS em 2017, estando implícito um reforço do orçamento ao longo do ano de 2017”, lê-se no documento.

E aparente porque do total da despesa consolidada do Programa da Saúde, as transferências para o SNS perfazem 8.427,4 euros, menos 51,3 milhões de euros do que em 2017.

Um valor que não convence os agentes do setor, que apontam o aumento da dívida em atraso e a dilatação do prazo de pagamento (dívida vencida) como um obstáculo que a previsão orçamental não cobre. Pelo contrário, dificulta, já que haverá menos dinheiro para a aquisição de bens e serviços correntes.

Refira-se que de acordo com o último relatório de execução orçamental, a tendência de crescimento da dívida em atraso, que já se vem a registar desde 2015, tem-se mantido em 2017, a um ritmo ainda mais acelerado do que o verificado até final de 2016.

No final de agosto, a dívida vencida, reportada pela direção Geral do Orçamento, ascendia a 903 milhões de euros, mais 51 milhões do que no mês anterior e mais 290 milhões do que em janeiro.

A manter-se este crescimento, 2017 encerrará com a dívida em atraso a ultrapassar a barreira dos mil milhões de euros, ultrapassada pela última vez em dezembro de 2011 (mês em que atingiu 1.616 milhões de euros).

Na transferência prevista para 2018, a aquisição de bens e serviços correntes, onde se incluem a aquisição de medicamentos, dispositivos médicos, meios de diagnóstico e terapêutica e os encargos com as parcerias público-privadas são as que mais pesam, representando 55,3% do orçamento global.

O aumento dos encargos com as PPP da saúde, face aos valores previstos no Relatório do OE2017 é explicado, sobretudo, por uma revisão das projeções de produção, em linha com a tendência que tem sido verificada no setor”, informa o documento.

Com peso muito significativo, também, as despesas com pessoal, que absorvem 38,4% (3.951 milhões de euros) do total, explicados com a necessidade de dotação centralizada com o descongelamento das carreiras. Um valor que também não convence os agentes do setor, desde logo porque inferior, em 41 milhões de euros, ao inscrito no OE2017.

De salientar que de acordo com o documento, o aumento de despesa no Programa Saúde tem associado uma previsão de aumento do investimento de 16,1%. Na estrutura de distribuição das despesas pelas seis medidas inscritas no Programa Saúde, destacam-se as destinadas aos Hospitais e Clínicas, aos Serviços Individuais de Saúde e à Administração e Regulamentação, as quais absorvem a quase totalidade do programa (97,4%).

As parcerias Público/Privados foram contempladas com 447,2 milhões de euros no Programa Saúde, e o Simplex apenas com 2,6 milhões.

Comissão independente
Bastonário dos médicos vai liderar uma comissão independente que terá por missão avaliar a fiabilidade dos dados que têm sido...

Na semana passada foi tornada pública uma auditoria do Tribunal de Contas que denuncia que os indicadores têm sido falseados através da eliminação administrativa de pedidos de consulta hospitalar com maior antiguidade. A Administração Central do Sistema de Saúde repudiou a suspeita, indicando que se tratou de eliminar erros administrativos.

Tal como o SOL avançou no passado fim de semana, o governo optou por criar uma comissão independente para proceder à verificação externa dos dados, indo ao encontro da recomendação do Tribunal de Contas. Depois do relatório do TdC ser tornado público, a Ordem dos Médicos tinha solicitado também uma auditoria independente, que agora avança.

De acordo com o diploma hoje publicado em Diário da República, o grupo técnico independente tem por incumbência avaliar a fiabilidade dos sistemas informação e monitorização do acesso ao SNS. Deverá emitir recomendações para a "melhoria da transparência, coerência e qualidade da informação neste contexto". O governo solicita um relatório no prazo de dois meses.

Além do bastonário dos médicos, a comissão incluirá representantes dos  Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde,  Inspeção-Geral de Atividades em Saúde, Entidade Reguladora da Saúde, Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, um representante das associações dos doentes e um representante da comunidade académica.

Crianças
Um estudo publicado na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA) conclui que houve um aumento de 40...

Anualmente mais de 16.000 pessoas em todo o mundo, sobretudo crianças, são expostas a sustâncias químicas nefastas presentes nas cápsulas de detergente líquido, segundo a Agência Espanhola de Consumo, Segurança Alimentar e Nutrição (Aecosan), que em 2015 participou numa campanha mundial para alertar para os potenciais riscos destes produtos.

"As queimaduras químicas oculares são uma causa significativa de problemas e perda de visão nos Estados Unidos, podendo deixar sequelas para a vida", alertam os investigadores neste novo estudo publicado em março deste ano.

Os cientistas da Johns Hopkins University, em Baltimore, nos Estados Unidos, analisaram relatórios relativos a casos de queimaduras químicas oculares e conjuntivites datados de 2010 a 2015. Os investigadores focaram-se nos registos relativos a crianças entre os 3 e os 4 anos e concluíram que, nesta faixa etária, houve só naquele país um total de 1.201 casos de queimaduras oculares causadas por detergente encapsulado.

O número destas queimaduras registou um aumento de 40 vezes, sendo que mais de um quarto das queimaduras oculares associadas a esta faixa etária deveu-se a este tipo de detergente. "Apesar de estarmos à procura destes dados, não esperávamos estes números", diz R. Sterling Haring, médico e principal autor do estudo.

"Se estes químicos entrarem em contacto com a vista do seu filho, a primeira e mais importante coisa a fazer é dirigir-se ao lavatório e enxaguar o olho durante vinte minutos em água fria", acrescenta o investigador e clínico à BBC.

Em caso de contacto com a pele, o detergente líquido encapsulado pode provocar dor, irritação e queimaduras. Apesar de serem compostas por químicos semelhantes aos do detergente líquido, as cápsulas possuem apenas 10% de água, em oposição aos 50% do concorrente líquido, o que as torna mais concentradas e, consequentemente, mais tóxicas. A sua ingestão acidental pode provocar vómitos, alergias e, em casos extremos, paragens respiratórias.

Universidade do Porto
Um estudo do Porto demonstrou que as hormonas presentes nas pílulas e lançadas nas águas residuais, em conjunto com o aumento...

Este estudo teve como principal objetivo avaliar os efeitos interativos entre o aumento de temperatura e as hormonas presentes nas pílulas, usadas também em terapias hormonais de substituição (utilizadas em doentes com cancro, por exemplo), na reprodução e na descendência do peixe zebra, explicou à Lusa a investigadora Patricia Cardoso, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto.

"As hormonas estudados neste trabalho imitam o papel da progesterona, uma hormonal natural, são frequentemente detetadas em águas de superfície e são provenientes dos esgotos das habitações e dos hospitais, não sendo eficazmente eliminadas através dos sistemas de tratamento de águas", indicou.

Embora sejam lançadas para o ambiente em concentrações muito baixas, esta situação verifica-se diariamente e "não tem tido a atenção que merecem", revelou a investigadora.

De acordo com Patrícia Cardoso, os resultados deste estudo revelam que o aumento de temperatura (mais três graus centígrados) potenciou o efeito da hormona, conduzindo a um atraso na reprodução do peixe zebra e potencial inibição, mesmo com concentrações que presentes em concentrações muito baixas.

Para a investigadora, o grande problema, atualmente, é que as estações de tratamento de águas residuais (ETAR) não são eficientes na retenção destes compostos, o que significa que estes compostos são constantemente lançados para os cursos de água e, podendo causar danos significativos ao nível da reprodução dos organismos aquáticos.

"Durante o último século, o aquecimento global tem promovido o aumento da temperatura de várias massas de água", sendo esta uma das variáveis ambientais "mais importantes, uma vez que controla o funcionamento geral das comunidades aquáticas".

Os organismos ectotérmicos, como os peixes, são especialmente afetados por alterações ambientais, visto que equalizam a sua temperatura interna com a do meio envolvente, continuou.

Segundo a investigadora, embora já existam alguns estudos focados na ação destes compostos, este é o primeiro que conjuga os dois fatores que influenciam negativamente a reprodução desta espécie - as hormonas lançadas para o ambiente e as alterações climáticas, especialmente o aumento da temperatura.

"A indústria farmacêutica está constantemente a lançar novos compostos para o mercado e é importante perceber se os mais recentes, por exemplo, poderão ter menos impacto negativo relativamente a compostos mais antigos, mas que ainda continuam a ser consumidos", disse ainda Patrícia Cardoso.

Barómetro Saúde Oral
Os portugueses aumentaram as visitas ao dentista, mas 42% não marcam consulta há mais de um ano e há 27% que nunca vão ao...

Em comparação com 2015, ano do anterior barómetro de saúde oral, este ano houve um crescimento de 5,4% dos portugueses que dizem ter ido a pelo menos uma consulta de medicina dentária nos últimos 12 meses.

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, reconhece, em declarações à agência Lusa, esta “ligeira melhoria”, mas considera que no geral se mantém “a velha questão da acessibilidade” à saúde oral, havendo “um longo caminho a percorrer”.

O barómetro mostra aliás que há 42% de portugueses que não visitam o dentista há mais de um ano e 27% dos portugueses inquiridos dizem que nunca vão ao dentista ou só vão em caso de urgência.

Os dados recolhidos no verão deste ano apontam ainda para uma relação significativa entre a regularidade de visitas ao dentista e a manutenção de dentes naturais. Há 68% dos portugueses a quem falta dentes naturais, segundo indica o barómetro.

Dos portugueses que não vão ao dentista ou que vão menos de uma vez por ano, quase 45% afirmam não sentir necessidade e há outros 42% que se queixam de não ter dinheiro para ir.

O barómetro revela também que 90% dos portugueses não recorrem ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) para tratar da sua saúde oral. Da percentagem que recorreu às urgências hospitalares, só cerca de metade viu o seu problema resolvido.

“Nos hospitais o problema de fundo não é resolvido. A dor dentária que leva as pessoas ao hospital é resolvida com recurso a analgésicos e a antibióticos e não com uma intervenção na boca da pessoa. Só resolve muito temporariamente o problema”, explica o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas.

O estudo, realizado a pedido da Ordem dos Médicos Dentistas, salienta ainda que mais de sete em cada dez portugueses desconhecem que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) já disponibiliza medicina dentária em vários centros de saúde.

A Ordem considera fundamental que o Ministério da Saúde se esforce na divulgação, junto das populações, dos centros de saúde que já dispõem de cuidados de saúde oral.

O bastonário recorda que está em curso há um ano um projeto-piloto que integrou 54 médicos dentistas em cerca de meia centena de centros de saúde.

Numa análise ao barómetro, o bastonário destaca a “grande confiança que as pessoas têm no seu médico dentista” e ainda o facto de “muito poucas pessoas hoje em dia referirem ter medo de ir ao dentista”.

“É uma mudança radical ao longo dos últimos anos”, sublinha o responsável.

O barómetro de saúde oral, feito a pedido da Ordem, tem validade estatística e foi realizado através de 1.102 entrevistas presenciais em todas as regiões portugueses, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Estudo
Menos de um terço dos portugueses tem a dentição completa e a mais de 12% faltam mais de oito dentes, segundo o barómetro da...

No total, há 68% dos portugueses a quem faltam dentes naturais, sendo que 37% têm falta de um a cinco dentes, a mais de 10% faltam seis a oito dentes, a 12,9% faltam mais de oito dentes e a 6,2% da população faltam todos os dentes.

O barómetro, realizado a pedido da Ordem dos Médicos Dentistas e a que a agência Lusa teve acesso, mostra ainda que mais de metade dos portugueses (57,6%) com falta de dentes naturais não tem nada a substituir os dentes em falta. A contabilização da falta de dentes naturais excluiu, neste barómetro, os dentes do siso.

A percentagem de portugueses com dentes em falta e que nada têm a substituí-los tem aumentado, ainda que ligeiramente, em comparação com os dados de 2014 e de 2015.

No atual barómetro, destaca-se que dos portugueses com mais de seis dentes em falta há mais de um terço que não têm nenhuma prótese, dentadura ou implante.

“Não queremos ter metade do país desdentado”, assume o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas em declarações à agência Lusa.

Orlando Monteiro da Silva sublinha que “as pessoas com recursos têm muito mais dentes e as pessoas com menos recursos são muito mais desdentadas”.

“Temos dois pesos e duas medidas. É uma saúde oral totalmente a duas velocidades. Um país que tem acesso a cuidados tem muito menos dentes perdidos e melhores hábitos de higiene. E o país que não tem acesso tem mais dentes perdidos e piores hábitos. Esta dicotomia, esta diferença, todos temos a responsabilidade de combater”, afirmou o bastonário à Lusa.

O barómetro de saúde oral, feito a pedido da Ordem, tem validade estatística e foi realizado através de 1.102 entrevistas presenciais em todas as regiões portugueses, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Projeto Europeu
Investigadores portugueses da Faculdade de Motricidade Humana ajudaram a desenvolver uma aplicação para telemóvel que permite...

A aplicação para dispositivos Android (telemóveis ou ‘tablets’) foi criada no âmbito de um projeto de investigação europeu que envolve 11 organizações de seis países: Portugal, Grécia, Bélgica, Alemanha, Suécia e Reino Unido.

José Alves Diniz, responsável pelo projeto em Portugal, explicou à agência Lusa que o objetivo central da aplicação é “conseguir fazer uma deteção precoce da doença de Parkinson”.

“Até agora, desde que os primeiros sinais aparecem até que se possa fazer um diagnóstico, pode demorar 15 anos ou mais. Estamos a trabalhar para conseguir - e essa aplicação é decisiva - realizar uma deteção mais precoce da doença e passar a ser possível intervir mais cedo”, afirma à agência Lusa o investigador.

A aplicação recolhe dados durante a interação diária dos utilizadores, como quando falam, digitam texto ou enviam uma mensagem.

“Do ponto de vista da voz existe uma característica específica dos doentes de Parkinson. A aplicação, do ponto de vista da análise da voz, deteta se esse padrão está ou não presente”, explica José Alves Diniz.

A aplicação envia para uma base de dados apenas a informação relativa à ausência ou presença desses sinais específicos. A conversação é analisada em tempo real pela aplicação e só é enviada informação sobre a deteção dos sinais, não sendo reproduzida qualquer conversa, assegura o investigador da Faculdade de Motricidade Humana.

“Não é de maneira nenhuma um espião que envia tudo para uma base de dados. Capta a informação, faz o tratamento da informação e envia dados que são anónimos e só reproduzem o que são os sinais de presença ou ausência da possibilidade de ter a doença de Parkinson”, frisa.

A aplicação faz ainda a análise da forma como se manuseia o dispositivo móvel ou como usa o teclado, aproveitando os sensores dos aparelhos, o que pode permitir detetar alguns tremores que são caraterísticos da doença.

Caso sejam detetados indícios ou sintomas, a pessoa é contactada para saber se quer ser seguida pela equipa médica que integra o projeto, que é quem pode ou não concretizar um diagnóstico.

José Alves Diniz lembra que as pessoas que queiram e aceitem usar a aplicação “estão a contribuir para ampliar o acesso a dados para desenvolvimento da ciência”.

Especialista afirma
Portugal registou um dos episódios mais graves de poluição do ar de 06 a 17 de outubro, conjugando meteorologia, partículas do...

"Este, ao nível de Portugal, é capaz de ter sido um dos episódios mais graves em termos de poluição, envolvendo diferentes poluentes e diferentes causas", disse hoje à agência Lusa Francisco Ferreira do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade (CENSE) da FCT-NOVA (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova).

No verão, é normal assistir-se a ultrapassagens do limiar de informação do ozono e ter concentrações elevadas de partículas vindas do norte de África.

Mas "haver ultrapassagens do dióxido de azoto, algumas ultrapassagens do limiar de informação do ozono e concentrações de partículas elevadíssimas, por razões naturais e por razões que legalmente não são consideradas naturais - os incêndios -, foi um caso, não direi único, mas extremamente improvável e grave para a saúde pública e para o ambiente", resumiu o especialista em qualidade do ar e também líder da associação ambientalista Zero.

Francisco Ferreira falou de uma semana "muito complicada do ponto de vista meteorológico", com vento fraco, influência de partículas vindas do norte de África, temperaturas muito elevadas e "a altura da camada de mistura" relativamente reduzida em algumas zonas, impedindo a mistura de poluentes.

Por isso, o investigador do CENSE salienta que os problemas já eram graves antes dos incêndios, principalmente na zona de Lisboa, e em poucos dias foi ultrapassado o limite de horas permitido pela legislação no que respeita ao dióxido de azoto.

Foram também registadas em algumas zonas do país, devido à elevada temperatura, ultrapassagens do ozono, algumas delas em horas "muito pouco prováveis, como foi o caso da zona de Sintra", Mem Martins, que aconteceu durante a noite.

Entretanto, surgem os incêndios principalmente a 15 de outubro, que provocaram mais de 40 mortos e destruíram vastas áreas de floresta, casas e unidades industriais, levando a que, em determinadas zonas do país, fossem atingidas "médias praticamente recorde" de poluentes ao longo do dia.

Francisco Ferreira exemplifica com as concentrações de mais de 200 microgramas por metro cúbico de média diária quando o valor limite é 50, situação que se "nota muito bem de domingo para segunda" (de 15 para 16 de outubro).

No dia 16 de outubro, a região centro atingiu o nível 'mau', o pior do índice de qualidade do ar, devido aos incêndios, e registou-se uma ultrapassagem ao limite diário de partículas em todo o país.

O ar cheio de fumo acabou por ser transportado para o norte de Espanha e até Inglaterra, devido ao furacão Ophelia.

Antes, dia 10 de outubro, foram sete as ultrapassagens verificadas - de ozono, de dióxido de azoto, enquanto as partículas estavam elevadas em todo o país, mesmo em áreas mais distantes, como Fundão.

Francisco Ferreira insistiu que, no caso dos incêndios, com zonas "fortemente afetadas com concentrações absolutamente brutais, com consequências para as pessoas mais debilitadas, crianças, idosos", e das partículas do norte de África, não é possível tomar medidas preventivas.

Mas, acrescentou, quando se trata do dióxido de azoto, "temos a obrigação de tomar medidas" e Bruxelas, Paris, Madrid ou Londres têm planos ativados e medidas implementadas para impedir essas ultrapassagens.

Em Lisboa isso não acontece, e nos vários dias com a mesma situação meteorológica de ultrapassagens ao final da tarde, em zonas de maior tráfego, "limitamo-nos a um aviso da Direção-Geral de Saúde e não a tomar medidas de forte redução de tráfego e permitir uma utilização mais facilitada dos transportes públicos", defendeu.

Incêndios
Cinco das 44 pessoas que morreram nos incêndios florestais que deflagraram há uma semana, em várias zonas do país, estão ainda...

O instituto explicou que já fez a identificação médico-legal de 38 pessoas e tem ainda por confirmar a identidade de cinco vítimas, algumas por terem ficado gravemente carbonizadas, aguardando confirmação por recolha de ADN. No INML não deu entrada ainda o corpo da pessoa que morreu na sexta-feira no Hospital de Coimbra.

Já foram entregues às famílias os corpos de 36 vítimas, adiantou o INML.

Em comunicado, o instituto refere que o trabalho de identificação médico-legal está a ser dificultado porque "os incêndios do passado fim-de-semana infligiram severa destruição em alguns dos corpos, que se mostra muito superior à registada em junho", numa referência aos fogos que vitimaram 64 pessoas em Pedrógão Grande.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.

Investigação
A causa de morte do poeta chileno Pablo Neruda, em 1973, não foi um cancro na próstata, o que contraria o que está declarado na...

Quatro anos depois da exumação do corpo do escritor - por terem sido levantadas dúvidas sobre as causas da morte -, uma equipa internacional de investigadores anuncia que não foi o cancro da próstata que o matou, mas desconhece as verdadeiras razões.

Pablo Neruda, poeta, político e membro do Partido Comunista chileno, morreu aos 69 anos em Santiago do Chile a 23 de setembro de 1973, poucos dias depois do golpe militar que levou ao poder Augusto Pinochet, aparentemente em resultado de um cancro da próstata de que padecia.

Em 2011, o Partido Comunista chileno apresentou em tribunal uma queixa, exigindo que a morte do poeta fosse investigada. A queixa teve por base declarações de Manuel Araya, antigo motorista do escritor, segundo as quais Pablo Neruda teria sido envenenado.

O corpo do Nobel da Literatura 1971 foi exumado em abril de 2013 e os exames e perícias médico-legais afastaram numa primeira instância a intervenção de terceiros na sua morte. Ainda assim, o juiz responsável pela investigação, Mario Carroza, manteve aberto o processo por considerar que os resultados não eram conclusivos e ordenou a realização de novos exames.

A equipa internacional de especialistas que examinou os restos mortais de Neruda divulga agora os resultados, que contrariam o que ficou declarado na certidão de óbito, mas ainda assim não rejeita liminarmente a tese de assassínio.

Os investigadores não confirmam, mas também não excluem a possibilidade de Pablo Neruda se ter contaminado, de forma voluntária e deliberada, com toxinas bacterianas.

Isto porque, nas análises feitas, dizem ter descoberto uma nova bactéria não cancerígena, que está a estudada em laboratórios no Canadá e na Dinamarca.

Familiares de Pablo Neruda levantaram a hipótese de a sua morte estar relacionada com a inoculação do “estafilococo dourado”, uma bactéria altamente agressiva e resistente à penicilina, que acelerou a sua morte.

Esta bactéria foi utilizada frequentemente pela ditadura militar de Pinochet (1973 – 1990) para eliminar os opositores do regime.

Os restos mortais de Pablo Neruda foram a enterrar em definitivo em 2016, na Isla Negra.

Incêndios
A resposta na área da saúde mental às vítimas dos incêndios que em junho atingiram Pedrógão Grande ainda prossegue e o modelo...

A Comissão de Acompanhamento das Vítimas dos incêndios do Pinhal Interior Norte entregou na sexta-feira ao secretário de Estado e Adjunto da Saúde um relatório sobre o trabalho desenvolvido em resposta às necessidades das populações afetadas pela catástrofe que em junho atingiu os concelhos de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Penela e Sertã, nomeadamente na área da saúde mental.

Os elementos da comissão sublinham que esta atividade visou “garantir no imediato a resposta de emergência e, após esta, uma continuidade de cuidados assente na rapidez da sua prestação, numa fácil acessibilidade e na definição de uma estratégia terapêutica centrada nas necessidades de quem sofre”.

“Tendo em conta a natureza das vivências traumáticas psicológicas, das perturbações concomitantes e dos riscos associados, tem sido preocupação dos serviços de saúde mental assegurar a sustentabilidade da resposta, privilegiando o trabalho em rede, multidisciplinar e multissetorial, nomeadamente com os profissionais da área dos cuidados primários de saúde”, lê-se no documento que acompanha a descrição do trabalho realizado.

No relatório, os peritos recordam que os três concelhos mais afetados pelos incêndios de junho (Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos) tinham uma população inscrita nos cuidados de saúde primários de 13.404 cidadãos, distribuídos por várias unidades de saúde, nove médicos de família, 16 enfermeiros, um médico de saúde pública, dois técnicos de saúde ambiental, quatro psicólogos e um técnico de serviço social.

A Equipa de Saúde Mental Comunitária (ESMC) era composta por um (pontualmente dois) psiquiatra, um psicólogo e um enfermeiro, mas a partir de 22 de junho foi alargada, passando a funcionar com três psiquiatras, dois psicólogos, quatro enfermeiros e dois assistentes sociais.

Esta equipa dá resposta à população dos três concelhos afetados, além de manter em funcionamento a consulta nos concelhos de Pampilhosa, Ansião e Alvaiázere. Alargou ainda a sua área de ação ao concelho de Góis.

Segundo o relatório, a ESMC mantém, desde o final da fase aguda, a mesma metodologia de trabalho, através de reuniões matinais de planeamento diário, para avaliar e programar atividades e pedidos urgentes, organização das atividades nos centros de saúde e domicílios e para a programação de intervenções necessárias.

Em relação à resposta hospitalar, o documento refere que as unidades “têm garantido a resposta necessária às solicitações dos utentes e ao encaminhamento dos serviços de saúde locais, bem como o tratamento das situações críticas”.

Até 21 de junho, deram entrada nas urgências dos hospitais 156 doentes. A 22 de junho contabilizavam-se 24 internamentos (sete casos com prognóstico reservado).

Para a comissão, “o modelo de organização da prestação de cuidados em saúde mental, sendo baseado em equipas de psiquiatria e saúde mental comunitária, sediadas em unidades dos Agrupamentos dos Centros de Saúde (ACES) das localidades afetadas, permite uma resposta imediata e organizada para responder às necessidades de intervenção multidisciplinar”.

Os autores do relatório consideram que “os hospitais, com os seus Departamentos de Psiquiatria e Saúde Mental, devem promover uma organização comunitária dos cuidados de saúde mental, constituída por equipas multidisciplinares que, de forma permanente ou transitória, esteja integrada nos Cuidados de Saúde Primários/ACES, para melhor responderem em rede à situação de catástrofe”.

A propósito de novos acontecimentos, como os incêndios que atingiram a zona Centro no passado domingo, a Comissão entende que “o modelo de intervenção que tem vindo a acompanhar tem virtualidades que poderão ser replicadas em situações análogas”.

Os incêndios que atingiram Pedrógão Grande e os concelhos vizinhos, em junho, provocaram 64 mortos e mais de 250 feridos, tendo ainda ocorrido a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.

No domingo passado, as centenas de incêndios que deflagraram nas regiões Norte e Centro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.

15 anos da Operação Nariz Vermelho
A Operação Nariz Vermelho assinala o 15º aniversário com várias iniciativas que pretendem retratar a sua história de missão....

Mas rir será mesmo o melhor remédio? A Operação Nariz Vermelho (ONV) decidiu comprová-lo cientificamente, com este projeto de investigação “Rir é o melhor remédio?”, desenvolvido em parceria com o Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho e que avaliou os efeitos físicos, emocionais, psicossociais e organizacionais da intervenção dos Doutores Palhaços junto das crianças e adolescentes, familiares e profissionais de saúde.

Os resultados do estudo compilados em livro são evidentes e comprovam os benefícios da intervenção dos Doutores Palhaços na recuperação das crianças hospitalizadas. São os próprios profissionais de saúde que o reconhecem, com 93% a indicar que os Doutores Palhaços ajudam as crianças a esquecerem que estão num hospital, 86% referem que as crianças colaboraram mais com os tratamentos ou exames, 84% suporta melhor a dor, 75% apresentam maiores e/ou mais rápidas evidências clínicas de melhora, 65% alimenta-se melhor e melhora o sono.

Porque rir é um assunto muito sério para a ONV, na exposição comemorativa dos 15 anos, há assim lugar para um espaço de conversa, debate e reflexão, a partir dos resultados “Rir é o melhor remédio?” e também a propósito da importância do humor na saúde. Assim, a 21 de outubro, realizar-se-á uma conversa/debate com um “Dueto Improvável”, que tem como protagonistas a investigadora, Carla Hiolanda Esteves e o palhaço investigado, Miguel Antunes, Dr. Palhaço Migas Migalhas. Será antes uma desconversa? Ou talvez uma não-conversa? Seja qual for o resultado, os dois lados partilharão questões, dúvidas e os resultados sobre a desafiante tarefa de investigar palhaços e os efeitos desta intervenção artística.

Já o mote do debate “Rir é o melhor remédio?”, que ocorre domingo, dia 28 de outubro, centrar-se-á em “Diferentes Olhares” e contará com a presença de Rodrigo Malvar, Dr. Palhaço D’Agulha, a Professora Susana Caires do Instituto de Educação da Universidade do Minho, Dr. Joaquin Duarte, em representação do IPO Lisboa, a Enfermeira Mercedes Bilbao do Hospital Dona Estefânia e a Educadora Rosário Botelho do Hospital Santa Maria. O debate será moderado por Francisco Goiana da Silva, Adjunto do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde.

Estas ações têm como palco a Gare Marítima da Rocha Conde d’Óbidos, em Alcântara, estando integrados na programação desenvolvida no âmbito da celebração dos 15 anos da ONV, até 19 de novembro. Em paralelo, poderá ser visitada a exposição permanente de arte contemporânea “Debaixo do seu nariz”.

Paralisia Cerebral
A paralisia cerebral é a disfunção motora mais comum que se estima que atinja 2 em cada 1000 criança

Paralisia cerebral define-se como uma disfunção motora não progressiva resultante de uma lesão cerebral ocorrida na vida fetal ou numa fase precoce do desenvolvimento.

Contudo, não sendo uma doença progressiva, com agravamento, manifesta-se de modo evolutivo: a constituição/«cicatrização» da lesão e o desenvolvimento do bebé  nos primeiros anos de vida são dois processos de sinal oposto e o resultado final não é imediatamente aparente após a ocorrência da lesão e requer uma observação cuidada, experiente e prolongada no tempo.

Múltiplos eventos anteriores ao parto, como a exposição tóxicos, anomalias genéticas, acidentes vasculares cerebrais, infeção fetal podem produzir uma lesão cerebral. Na vida pós natal o parto é um momento chave: traumatismo e asfixia são as principais agressões. Infeção continua a ser uma causa importante de paralisia cerebral na vida pós natal.

Asfixia intraparto parece com os métodos actualmente disponíveis (sobretudo a Ressonância Magnética cerebral) ser causa de paralisia cerebral em apenas 10% dos casos. 

As lesões cerebrais dependem na verdade mais do estado de desenvolvimento em que o feto ou a criança se encontram que do agente agressor que pode, como vimos, ser diverso. Por exemplo asfixia no período perinatal actuando num bébé que nasce no termo da gestação (40 semanas) produz um padrão de paralisia diferente do de um bébé prematuro. Mesmo no contexto de prematuridade existem variantes relacionadas por exemplo com a prematuridade extrema.

Paralisia cerebral ocorre um cerca de 2/1000 crianças.                                   

A disfunção motora mais comum é a paralisia e uma «rigidez» muscular associada chamada hipertonia espástica.

Existe um padrão unilateral de paralisia cerebral chamada «hemiplégica» em que sómente os membros superior e inferior direitos ou esquerdos são afectados, a variante  com envolvimento mais grave nos membros inferiores que nos membros superiores (chamada «diplégica»), a forma «extrapiramidal» que se manifesta por movimentos involuntários do tipo «torsão» nos membros e no tronco e a forma mais grave com os 4 membros afectados, «tetraplégica».

Além da doença motora 20 a 60% das crianças com paralisia cerebral manifestam dificuldades de aprendizagem e défice cognitivo, 30% epilepsia, 40% problemas visuais (frequentemente estrabismo). Salientamos contudo que um número significativo de crianças com paralisia cerebral irá ter (em alguns casos mesmo quando afectado por uma doença motora grave) uma aprendizagem escolar adequada.

A hipotermia (arrefecimento corporal) protege o cérebro (e os outros órgãos) da privação de oxigénio e do défice de compostos energéticos e demonstrou ter um efeito não só sobre a mortalidade como também sobre a gravidade das sequelas quando usada nas horas subsequentes ao parto. Está a ser actualmente usada como uma intervenção profilática de paralisia cerebral.

A intervenção sobre paralisia cerebral usa diferentes métodos e técnicas, salientando-se a Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Terapia da fala, tecnologias de comunicação aumentativa, toxina botulínica, intervenções cirúrgicas ortopédicas.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Partidos
Todos os partidos uniram-se hoje para resolver o problema do excesso de peso das mochilas escolares, recomendando ao Governo...

As medidas estão expressas num projeto de resolução, subscrito por todas as bancadas parlamentares, que recomenda ao Governo uma redução do peso das mochilas escolares, e que foi hoje aprovado por unanimidade.

“Os partidos com assento nesta câmara chegaram a um consenso e elaboraram um projeto de resolução comum”, demonstrando que existe “unanimidade sobre um conjunto de medidas que se consideram úteis para acabar com o peso excessivo das mochilas escolas”, disse o deputado do PSD Amadeu Albergaria.

O anúncio foi feito na altura da discussão, no plenário da Assembleia da República, da petição pública "Contra o peso excessivo das mochilas escolares em Portugal”, que foi lançada em janeiro e tem como primeiro subscritor o ator José Wallenstein.

“Mais de 50 mil portugueses subscreveram uma petição demonstrando uma preocupação com o peso excessivo das mochilas escolares e propondo um conjunto de medidas para ajudar a resolver o problema”, disse Amadeu Albergaria, coordenador do grupo de trabalho que analisou a petição.

O coordenador do grupo de trabalho sublinhou que, a situação para o qual a petição alerta, “é um problema que existe, é um problema que é motivo de preocupação” e que merece uma solução.

Para chegar a esta iniciativa conjunta foi criado um grupo de trabalho que recebeu contributos escritos de várias entidades, realizou diversas audições e recolheu informação sobre as melhores práticas internacionais.

O consenso entre todos os partidos permitiu que “esta câmara faça hoje um conjunto de recomendações ao Governo a uma só voz, deixando clara a vontade política e a vontade legislativa na resolução deste problema”.

“Com este projeto o Ministério da Educação não deixará de forma rápida e eficaz contribuir para a resolução do problema do excesso de peso das mochilas dos nossos alunos”, frisou Amadeu Albergaria.

Os partidos propõem que seja feita uma campanha de sensibilização para se monitorizar o peso das mochilas, um estudo pela Direção Geral de Saúde sobre o efeito do peso da mochila e dos materiais obrigatórios nas crianças.

Outra das recomendações é que as escolas tenham cacifos para todos os alunos, que os manuais escolares tenham uma indicação sobre o peso e que, “na medida do possível” sejam introduzidos “suportes digitais na sala de aula”, substituindo gradualmente os livros em papel. 

Durante o debate da petição, todos as bancadas sublinharam a responsabilidade do Governo na adoção das medidas.

Incêndios
A Associação Dignitude, com sede em Coimbra, vai ativar de emergência o programa Abem nos concelhos afetados pelos incêndios de...

Em comunicado enviado à agência Lusa, a instituição adianta que "o programa será protocolado com as autarquias mais afetadas pelos últimos incêndios", à semelhança do que foi feito com o município de Figueiró dos Vinhos para apoio às famílias vítimas dos incêndios de junho.

O programa Abem procura combater a exclusão no acesso ao medicamento, tendo distribuído 36.616 fármacos a 3.019 beneficiários entre maio de 2016 e setembro de 2017.

O projeto conta atualmente com a adesão de 280 farmácias, de 21 concelhos.

Os beneficiários do programa Abem têm acesso a medicamentos sem qualquer discriminação "em relação à generalidade dos cidadãos, na mesma rede de farmácias, com a mesma qualidade, segurança e confidencialidade".

Esta rede solidária do medicamento é o primeiro programa dinamizado pela Associação Dignitude e pretende dar resposta aos problemas de acesso ao medicamento motivados pelo atual contexto socioeconómico.

Esta associação e o programa Abem ambicionam atingir 25 mil beneficiários até ao final do próximo ano e 50 mil até ao final de 2019.

A criação da Associação Dignitude, em novembro de 2015, foi promovida pela Associação Nacional de Farmácias, Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, Cáritas e Plataforma Saúde em Diálogo e resulta de várias parcerias instituídas com entidades a nível local, autarquias, Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e outras instituições da área social.

Além de Ramalho Eanes, António Arnaut e Maria de Belém Roseira, são embaixadores da associação os farmacêuticos Odette Ferreira, Francisco Carvalho Guerra, João Gonçalves da Silveira e João Cordeiro.

A Associação Dignitude vai também receber a totalidade das vendas do livro "A lucidez da ousadia - A propósito da lei da transplantação 12/93", que será apresentado no sábado na Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, em Coimbra, às 16:00.

Este livro foi coordenado pelo antigo secretário de Estado da Saúde José Martins Nunes, que é também presidente do comité de “fundraising” do programa Abem, da Associação Dignitude.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 43 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Parlamento
As bancadas de PSD, PS e CDS-PP uniram-se hoje no voto contra três iniciativas relacionadas com a mais clara rotulagem de...

O projeto de lei apresentado por "Os Verdes", alargando a "abrangência das regras de rotulagem" só teve o voto favorável do BE, PCP e PAN.

As deputadas socialistas Carla Sousa e Jamila Madeira abstiveram-se.

Os textos do PAN e do BE, também sobre rotulagem e fiscalização de OGM e direito à informação dos consumidores, foram igualmente chumbados por PSD, PS e CDS-PP, apesar dos votos favoráveis de BE, PCP, PEV e PAN.

No debate, o deputado do PSD António Ventura, acusou os promotores dos projetos de lei de estarem contra a produção nacional.

“Os senhores com esta legislação estão a prejudicar a produção nacional, porque estão a obrigar que os produtos portugueses tenham no rótulo algo que os outros Estados-membro não têm no rótulo”, frisou António Ventura.

O PSD “não pode estar a favor de uma informação que vá confundir os consumidores e que não respeita a ciência”, disse, apontando: “caiu-lhes a máscara, isto é o mesmo que bater palmas só com uma mão, é impossível”.

A deputada socialista Palmira Maciel lembrou, por sua vez, que a União Europeia “é detentora” de uma das legislações alimentares “mais rigorosas do mundo” e que “as culturas geneticamente modificadas só são permitidas após uma avaliação profunda, científica e independente dos riscos”.

Esta legislação comunitária, seguida por Portugal, tem como “objetivo atingir um elevado nível de defesa dos consumidores”, frisou Palmira Maciel.

Patrícia Fonseca, do CDS-PP, também criticou os projetos de lei, afirmando que “pretendem ir mais além do que a lei atual, mais além do que a legislação dos restantes países europeus e mais além do que técnica e cientificamente é possível de determinar”.

“Se o consumidor quiser ter a garantia absoluta de que não tem qualquer tipo de produto OGM” nos alimentos que consome, pode consumir produtos biológicos, aconselhou Patrícia Fonseca.

Já o deputado comunista, João Ramos, manifestou concordância com as medidas propostas, considerando que “é fundamental disponibilizar toda a informação necessária para que os cidadãos possam tomar as decisões que considerem mais adequada”.

Para o deputado do PAN André Silva, “nem os aspetos éticos nem o princípio da precaução devem ser desprezados quando se discute o direito à informação e atendendo também ao facto de ser imperativo comunitário que a informação relativa a OGM deva constar em todas as fases de colocação de produtos no mercado”.

No final do debate, Heloísa Apolónia, de “Os Verdes”, o primeiro partido a apresentar a proposta de lei na Assembleia da República, afirmou que foram “ditas coisas absolutamente hilariantes” e “uma ânsia da defesa dos interesses das multinacionais”.

“Que medo têm de dar essa informação aos consumidores. Os senhores demonstraram aqui que preferem proteger os interesses das multinacionais do setor agroalimentar do que os direitos dos consumidores”, criticou Heloísa Apolónia.

O deputado do BE Pedro Filipe Soares lembrou que o debate não era sobre o cultivo dos OGM, a sua distribuição, mas sobre o direito de o consumidor saber o produto que compra e poder escolher em “plena consciência”.

“O debate demonstra que não há uma devida proteção das pessoas nesta matéria e há claramente uma necessidade de melhorar a lei” e a tornar mais transparente, defendeu.

Parlamento
A Assembleia da República aprovou hoje, na generalidade, os projetos do PS e do CDS-PP para a criação da Ordem dos...

Os dois projetos para a formação da Ordem dos Fisioterapeutas tiveram os votos favoráveis do PS, do CDS-PP e do deputado André Silva do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), tendo a oposição da bancada do PSD e do deputado socialista independente Paulo Trigo Pereira.

Estes dois diplomas acabaram por ser viabilizados para a fase de especialidade pelas abstenções das bancadas do BE, PCP e "Os Verdes".

Nestas votações, além de Paulo Trigo Pereira se ter demarcado da orientação de voto favorável do PS, também o deputado Vitalino Canas optou pela abstenção ao diploma do CDS-PP para a criação da Ordem dos Fisioterapeutas.

Já o projeto do PS para a criação da Ordem dos Técnicos de Saúde foi chumbado pelos votos do PSD e do deputado independente socialista Paulo Trigo Pereira, com a abstenção do CDS-PP, BE, PCP e "Os Verdes".

Este diploma apenas teve os votos favoráveis do PS e do deputado único do PAN.

Em relação aos três projetos para a criação das ordens profissionais, o deputado independente socialista Paulo Trigo Pereira apresentou uma declaração de voto muito crítica em relação à opção da sua bancada.

Entre outras razões, o professor universitário do ISEG justificou a sua demarcação face aos objetivos destes diplomas alegando ser "inequívoco - e a experiência de várias ordens profissionais demonstra-o - que o Estado fica enfraquecido quando pretende implementar políticas públicas que o poder político considera do interesse público, mas que beliscam os interesses corporativos de uma dada classe profissional".

Na quinta-feira, o Conselho das Ordens Profissionais defendeu a suspensão do processo de criação das ordens dos Fisioterapeutas e dos Técnicos de Saúde, manifestando dúvidas quanto à legalidade e à transparência do processo.

Estudo
No âmbito do Dia Nacional da Luta contra a Dor, que se assinala hoje, o ‘Estudo Global sobre o impacto da dor no Mundo’ (Global...

O estudo permite aferir que a dor de corpo é sentida de forma global por quase toda a população, com incidência frequente nas costas, pescoço e ombros. Dores musculares são também grande causa de queixa entre os 32 países analisados, apesar de menos habituais. Uma em cada quatro pessoas sofre de dor de cabeça regularmente.

Cerca de 86% da população sofre de dores semanais, sendo que as mais frequentes são as corporais (56%), e 8 em cada 10 sofredores sentem um decréscimo significativo na sua qualidade de vida. Portugal é um dos 10 países onde a dor corporal mais prevalece, ainda que a prevalência da dor de cabeça junto dos portugueses tenha registado um dos resultados menos significativos – entre 11% e 20%.

Em Portugal, 70% das pessoas que sofrem com dor corporal acreditam que isso prejudica fortemente o seu bem-estar diário, e 49% dos sofredores com dor de cabeça portugueses acreditam no mesmo. Estes resultados são superiores à média global, onde 63% da população que sofre de dor de corpo e 48% que sofre de dor de cabeça crê que isso tenha o mesmo impacto. No entanto, apesar de quase 70% dos sofredores mundiais com filhos ser da opinião de que a dor os impede de ser melhores pais, em Portugal essa percentagem é de apenas 50%.

Já relativamente ao impacto económico da dor no Mundo, o estudo faz-nos saber que esta está na origem de perdas na ordem dos 245 mil milhões de dólares anuais, uma vez que, em média, cada trabalhador tira 2.6 dias de trabalho por causa da dor. Portugal, por outro lado, é dos países onde menos se tiram dias de trabalho pela mesma causa: apenas 1.4 dos portugueses o faz por dores corporais e 0.3 por dores de cabeça. Metade dos trabalhadores crê ainda que o seu trabalho pode estar contribuir para as suas dores – em Portugal, este número sobe para mais de metade (57% para quem sofre de dores de corpo e 58% para quem sofre de dores de cabeça).

A maioria das pessoas que sofre com dores corporais e de cabeça acredita saber a causa da dor, apesar de não consultar um especialista para o diagnóstico: 51% da população que sofre de dores de corpo e 68% que sofre de dores de cabeça baseia-se em diagnóstico próprio. Para além disto, quase metade da população que sofre de dor admite não fazer nada para aliviar a mesma.

De uma forma geral, este estudo, cuja intenção era compreender o verdadeiro impacto emocional, físico e pessoal da dor no mundo, permitiu compreender que este é um problema que afeta a população global em proporções bastante significativas, bem como as suas vidas e trabalhos. Portugal parece seguir a tendência global, sendo a grande maioria da população portuguesa também altamente impactada pela dor.

O inquérito foi realizado entre 14 de Setembro a 2 de novembro de 2016, a partir de inquéritos online de duração de 30 minutos e realizado a indivíduos com mais de 18 anos. Nos 32 países inquiridos, foram realizadas 18.500 entrevistas. 

Estudo
Um estudo desenvolvido no Instituto de Saúde Pública do Porto concluiu que o aumento persistente de peso desde o nascimento até...

No estudo, divulgado hoje, Dia Mundial da Osteoporose, os investigadores sublinham que “a qualidade óssea é, em grande parte, conservada desde as primeiras décadas de vida. Por isso, a infância é encarada como um período de oportunidade para intervir em fatores modificáveis que possam promover melhor saúde óssea, com a finalidade de prevenir fraturas de fragilidade (osteoporóticas) na vida adulta”.

Contudo, consideram que “pouco se sabe sobre o impacto das trajetórias do peso da criança ao longo do crescimento na qualidade do osso durante os primeiros 10 anos de vida”.

Por isso, a presente investigação estudou a influência da evolução do peso de 1.889 crianças da coorte Geração XXI – projeto iniciado em 2005, que acompanha o crescimento e o desenvolvimento de mais de oito mil crianças nascidas em hospitais públicos da Área Metropolitana do Porto – nas propriedades físicas do osso aos 7 anos de idade. As crianças foram avaliadas através de densitometria óssea, sendo extraídos dados sobre a sua densidade mineral óssea.

Os investigadores identificaram quatro trajetórias designadas “ganho normal de peso”, “maior ganho de peso no início da infância”, “maior ganho de peso mais tarde na infância” e “ganho persistente de peso”.

Concluiu-se que as crianças com uma trajetória de crescimento caracterizada por “ganho persistente de peso” apresentavam um osso mais forte aos 7 anos de idade.

“Não é novidade que as crianças que têm mais peso num determinado momento necessitam de mais massa óssea para responderem às exigências mecânicas. O que este estudo acrescenta é que, para além do peso numa determinada idade, também a trajetória de crescimento até atingir esse peso é determinante das propriedades do osso na infância”, sustentam.

Estes achados “indicam que é possível observar diferenças na qualidade do osso logo desde a infância, e apoiam uma abordagem de ciclo de vida à saúde óssea e às políticas de saúde para a sua promoção”.

A investigação, publicada na revista “Journal of Pediatrics”, intitula-se “Weight Trajectories from Birth and Bone Mineralization at 7 Years of Age” e foi coordenado pela investigadora Raquel Lucas.

É também assinada por Teresa Monjardino, primeira autora do estudo, por Ana Cristina Santos e por Teresa Rodrigues, da EPIUnit do Instituto de Saúde Pública do Porto (ISPUP), e por Hazel Inskip, Nicholas Harvey e Cyrus Cooper da Universidade de Southampton (Reino Unido).

Estudo
Um grupo de investigação do Porto está a estudar os músculos pélvicos da mulher através de um novo método que recorre a...

"O objetivo deste trabalho é verificar as propriedades dos músculos do pavimento pélvico de diferentes mulheres, de forma não invasiva, e compreender qual a influência das diferenças encontradas ao nível da incontinência urinária e do prolapso (disfunção que leva ao deslocamento dos órgãos pélvicos devido ao enfraquecimento dos músculos e ligamentos)", disse à Lusa a Elisabete Silva, investigadora do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI).

Segundo a investigadora, o parto vaginal, a idade e as alterações hormonais são os principais fatores de risco responsáveis por esses disfunções pélvicas, que prejudicam consideravelmente a qualidade de vida de muitas mulheres, acarretam custos elevados e representam um problema de saúde pública, devido à sua elevada prevalência.

"As taxas de incontinência e de prolapso são muito elevadas e a tendência é aumentar", estimando-se que "28 milhões de mulheres tinham incontinência em 2010, número que passará para cerca de 44 milhões em 2050", indicou a estudante do Programa Doutoral em Engenharia Biomédica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

De acordo com Elisabete Silva, em circunstâncias normais, a primeira terapia prescrita para as mulheres que sofrem de incontinência urinária é a fisioterapia do músculo, tendo em vista o seu fortalecimento.

No entanto, em outros casos, estas são encaminhadas diretamente para a cirurgia, onde lhes é aplicada uma fita (implante) que ajuda a evitar a perda de urina.

"Contudo, continuou, trata-se de uma cirurgia com a colocação de um implante, pelo que existe sempre a possibilidade de complicações que podem originar a necessidade de reoperação", explicou.

"O que pretendemos é determinar as propriedades elásticas dos músculos de diferentes pavimentos pélvicos, de formar a ajustar as fitas às diferentes mulheres, criando uma cirurgia mais personalizada", referiu.

Nos resultados obtidos até ao momento, a equipa responsável por este estudo concluiu que a musculatura pélvica das mulheres com incontinência apresenta maior elasticidade e é mais flácida do que as mulheres assintomáticas e com prolapso genital.

Para obtenção destes resultados, o grupo recorreu à utilização de análise computacional, de algoritmos de otimização e de ressonância magnética, desenvolvendo um método de estudo menos invasivo e mais eficiente.

Segundo Elisabete Silva, os estudos tradicionais envolvendo tecido humano utilizam tecido vaginal removido pelo processo cirúrgico ou outros tecidos a partir de cadáveres mas, em qualquer dos casos, os testes realizados em laboratório têm sempre a desvantagem de serem feitos fora do corpo humano.

Por este trabalho, Elisabete Silva foi distinguida recentemente com prémio para o melhor trabalho na categoria "Anatomia e Biomecânica", atribuído na conferência anual da International Continence Society, considerado um dos eventos científicos mais relevantes do mundo nas áreas da uroginecologia e da urologia.

A investigadora considera que um dos próximos passos a serem dados nesta área passa pela caracterização das propriedades mecânicas dos músculos pélvicos de mulheres atléticas e obesas, com e sem patologia, e em mulheres pós-parto e pós fisioterapia.

Para além disso, tem ainda interesse em estudar mulheres com incontinência em diferentes faixas etárias.

"Acredito que as propriedades mecânicas das estruturas de suporte dos órgãos pélvicos de uma mulher de 50 anos são diferentes de uma mulher com 70 anos ou de outra com 20, mesmo excluindo os principais fatores de risco", disse ainda.

Neste projeto, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), participam igualmente os investigadores Renato Natal e Marco Parente, do INEGI/FEUP, e Teresa Mascarenhas, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

O grupo do qual Elisabete Silva faz parte estuda a biomecânica da cavidade pélvica da mulher há mais de 12 anos, em particular o pavimento pélvico, e envolve investigadores da FEUP, da FMUP, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e do Hospital de São João.

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