Até 2020
O grupo Coca-Cola quer reduzir em 12% o nível de açúcar na oferta de bebidas que detém até 2020, sobretudo através da...

Numa apresentação da nova estratégia, o diretor de Nutrição e Saúde da Coca-Cola Ibéria (que junta os mercados de Portugal e Espanha), Rafael Urrialde, disse que o objetivo do grupo é até 2020 reduzir 12% o teor de açúcar por litro na oferta total de bebidas em Portugal, que é composta por mais de 100 referências, incluindo as marcas Coca-Cola, Fanta, Powerade e Nestea, das quais 28 são sem açúcar adicionado, incluindo uma água.

Nos últimos 16 anos, referiu, a Coca-Cola em Portugal conseguiu reduzir em 23% o nível de açúcar ou calorias por litro do total de vendas das bebidas da companhia, porque "cada vez existe mais bebidas sem açúcar" além da introdução de uma água no portfólio do grupo (a Aquabona), em 2002.

Será também pela "introdução de novas bebidas sem açúcar ou do crescimento de bebidas [sem açúcar] que já existem" que essa redução de 12% acontecerá, disse à agência Lusa o diretor de Relações Externas da Coca-Cola Portugal, Tiago Lima.

De acordo com os números divulgados hoje, as bebidas sem açúcar no portefólio total da Coca-Cola em Portugal representaram 21% do total de vendas (incluindo a água) em setembro deste ano, sendo que as variedades Coca-Cola 'light' e Zero representaram 28% do total das vendas da marca Coca-Cola.

Questionado sobre se esta decisão é influenciada pela introdução, em fevereiro deste ano, de um novo imposto sobre o nível de açúcar nas bebidas, Tiago Lima disse que não foi determinante, mas que a nova taxa ajuda.

"Eu acho que o imposto contribuiu para darmos um passo em frente e esta visão que estamos a ter ajuda-nos a trabalhar num mercado, sabendo que o novo imposto é uma realidade, mas cabe-nos a nós, indústria, adaptar à realidade de cada mercado e é assim que encaramos. Achamos que o caminho que apresentámos hoje é o correto: em primeiro lugar, a redução de calorias. É isso que consumidores têm dito", afirmou o responsável da Coca-Cola Portugal.

Ainda assim, recordou, esta visão foi apresentada a nível mundial em abril deste ano: "Quando estamos em 200 países não é uma realidade igual para todos os mercados – há uns que não têm o imposto e outros têm, como o mercado português".

Questionado sobre impactos do alargamento do Imposto sobre o Álcool e as Bebidas Alcoólicas (IABA) aos refrigerantes, Tiago Lima admitiu que "as bebidas açucaradas têm caído e isso tem sido compensado por uma transferência [dentro da companhia] para as bebidas sem açúcar".

Segundo a proposta de Orçamento do Estado de 2018 (OE2018), entregue em 13 de outubro na Assembleia da República, o Governo pretende aumentar até 1,5% o imposto a pagar pelos refrigerantes no próximo ano, depois de ter alargado este ano o âmbito do IABA.

Em 2018, o Governo pretende taxar a 8,34 euros por hectolitro (100 litros) as bebidas cujo teor de açúcar seja inferior a 80 gramas por litro e a 16,69 euros por hectolitro as bebidas cujo teor de açúcar seja igual ou superior a 80 gramas por litro.

Graça Freitas
A diretora-geral da Saúde disse hoje encarar “com toda a naturalidade” os resultados do inquérito que aponta para o fim da...

A imunidade de grupo contra o sarampo, que protege vacinados e não vacinados, já não existe em Portugal devido à diminuição do número de pessoas imunes à doença nos últimos 14 anos.

Os dados constam do Inquérito Serológico Nacional (ISN) 2015-2016, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), em que participaram 4.866 pessoas, e que vem atualizar o último estudo, relativo a 2001-2002.

Em declarações, Graça Freitas salientou que a ocorrência este ano de dois surtos de sarampo, foram pequenos e que não se tornaram endémicos.

“Este ano tivemos dois surtos de sarampo que foram pequenos, que foram autolimitados e que depois não deram origem a transformações alargadas na comunidade e a doença não se tornou endémica. Eu diria que isso é a prova dos nove de que existe imunidade contra o sarampo em Portugal”, disse.

Graça Freitas adiantou que conhece os resultados há algum tempo e que a Direção-Geral da Saúde (DGS) tem estado a trabalhar com o INSA.

“Conhecemos estes resultados. O inquérito é apenas uma peça para avaliação de todo o impacto das nossas intervenções aqui neste caso nomeadamente nas doenças para as quais à vacina. Nós com periodicidade e mais regularmente (os inquéritos fazem-se de 10 em 10 anos) avaliamos as coberturas vacinais, vemos como a população se está a vacinar e depois avaliamos a evolução da doença no nosso país”, disse.

Graça Freitas lembrou que as vacinas do Programa Nacional de Vacinação estão todas controladas ou eliminadas.

"É com toda a naturalidade que encaramos estes resultados. São muito bem-vindos. Fazem parte de um quadro de análise do Programa Nacional de Vacinação. Estes dados serológicos de anticorpos (encontrado no sangue das pessoas), são apenas uma peça de um puzzle de monitorização que nos permite aferir da nossa atuação em relação à vacina”, disse.

De acordo com a responsável, os resultados do inquérito fazem parte de uma quantidade de parâmetros que “ajudam a saber onde estamos e a tomar decisões sobre vacinação”.

“Por isso temos vindo a apelar à vacinação. Lembro que lançamos campanhas de repescagem de vacinação contra o sarampo sobretudo nos grupos etários que não tendo tido a doença selvagem e contacto com o vírus vacinaram-se há alguns anos e esta vacinação já passou e têm níveis de anticorpos inferiores ao desejável”, disse.

A DGS iniciou em julho uma campanha de vacinação de repescagem contra o sarampo em crianças e adultos, tendo adquirido para o efeito 200 mil doses adicionais de vacinas.

Trinta e um casos de sarampo foram confirmados este ano em Portugal, tendo a DGS, recebido 158 notificações desde 01 de janeiro, segundo os últimos dados daquela entidade divulgados em 06 de junho.

No último inquérito, a seroprevalência para o vírus do sarampo foi de 95,2%, mas o atual aponta para 94,2% de indivíduos imunes à doença.

O inquérito indica que “este valor é inferior a 95%, proporção de indivíduos seropositivos [com contacto com o agente infecioso] necessária para que ocorra imunidade de grupo”, a qual é um efeito indireto da vacinação que protege os vacinados, mas também os que não receberam a vacina, uma vez que reduz a circulação do agente e da transmissão da infeção.

Especialista
Não come nada de origem animal, mas não impõe regime igual aos atletas do Estoril Praia que acompanha. O nutricionista Darchite...

Ouvido a propósito do Dia do Veganismo, que se assinala na quarta-feira, Darchite Kantelal diz que, em termos científicos, este tipo de alimentação “não limita a performance desportiva dos jogadores" e, pelo contrário, "até poderá estar associada a determinados benefícios”.

“Os atletas que geralmente são vegetarianos tendem a ter maiores reservas de energia (…). Este tipo de alimentação poderá também melhorar capacidade de combater o stress oxidativo que geralmente é causado pelo exercício”, reconhece o nutricionista que trabalha com o Estoril Praia e estagiou no Sport Lisboa e Benfica.

Era vegetariano e em 2015 tornou-se vegano (não consome nada de origem animal, desde a alimentação aos produtos e roupas que usa diariamente). Diz que foi "por questões éticas e ambientais”, mas sublinha que não é ortodoxo: “Respeito todos”.

“Há pessoas que reduzem apenas o consumo de carne, Não existe um extremo a definir, em que se pense que ou se é vegano ou não se está a fazer nada [pelo ambiente]. Quem, por exemplo, reduz o consumo de carne ajuda o ambiente e pode melhorar a sua saúde”, afirma.

Apesar de não comer nada de origem animal, o nutricionista reconhece que não aplica os princípios de uma alimentação de base vegetal a 100% nos atletas do Estoril Praia que segue. “O que faço é aumentar o consumo de hidratos de carbono porque é essencial. Tento incluir fontes de hidratos de carbono não processadas às refeições, como a batata, a quinoa, as leguminosas e massas” exemplifica.

Defende que na história “não houve período mais fácil para ser vegano do que agora”.

“Ainda ontem comi num restaurante tipicamente português que oferecia pratos tradicionais perfeitamente adaptáveis à alimentação de base vegetal”, conta.

Sob o ponto de vista alimentar, sublinha a variada oferta atual dos grandes supermercados, com um exemplo: “Na zona dos laticínios, metade é leite e outra metade são bebidas vegetais com uma série de sabores”.

É na roupa e no calçado que ainda encontra dificuldades. “Aí ainda tenho alguma dificuldade, não para encontrar, mas porque o preço é por vezes elevado”, confessa.

Diz que não é preciso ser vegetariano ou vegano para fazer a diferença. “Reduzir o consumo de carne e aumentar alimentos de base vegetal já está a fazer a diferença”, afirma, reconhecendo que “as pessoas estão cada vez mais conscientes”.

Sobre os custos de uma alimentação vegetariana ou vegana, o nutricionista não tem dúvidas: “Há pessoas que seguem uma alimentação vegetariana ou vegana por ser mais acessível. Não tem que ver com ser ou não biológico. A batata, os vegetais e as leguminosas são mais baratos por quilo do que a carne ou o peixe”.

Quanto aos atletas que acompanha, reconhece que o “grande problema” é o consumo excessivo de proteína. “Quando olham para o prato, primeiro escolhem as fontes de proteína, como a carne o peixe, e deixam os hidratos para o fim. Ora quando comem carne ou o peixe estes saciam bastante a fome e depois acabam por não completar todas as fontes de hidratos de que precisam”.

Diz que tenta focá-los no consumo de leguminosas, pois é também uma fonte de proteínas e tem muitos minerais e outros nutrientes, tornando-se "uma forma eficaz de os atletas fazerem uma alimentação mais de base vegetal atingindo as necessidades energéticas de que precisam".

“No Estoril Praia aconselho a fazerem o contrário. Não digo para não comerem carne ou peixe, mas foco muito no consumo de leguminosas, que estão associadas a uma melhoria na distância percorrida pelos jogadores”.

Confirmando ou não esta teoria está o atleta norte-americano Carl Lewis, vegano assumido e que liderou o ranking mundial de velocidade nos 100m e 200m, além das provas de salto em comprimento, que dominou entre 1981 e o início de 1990. Ganhou dez medalhas olímpicas e outras dez nos campeonatos mundiais de atletismo, a maioria de ouro.

1 de novembro - Dia Mundial do Veganismo
Nem queijo, nem leite, mel, carne ou peixe. Os cerca de 60.000 veganos em Portugal praticam uma filosofia de vida que exclui...

Segundo um estudo promovido pelo Centro Vegetariano e divulgado este ano, o número de vegetarianos em Portugal quadruplicou na última década. São agora 120.000 os portugueses que seguem um regime alimentar vegetariano, metade dos quais seguem alimentação vegana (não consome carne, peixe, ovos ou laticínios).

Mas ser vegano é mais do que isso. É uma filosofia de vida diferente, que vai muito além da alimentação. E é mais do que uma moda.

“Uma moda é algo que entra em crescimento e depois entra em declínio, por exemplo, como nova marca de roupa ou sapatos. No vegetarianismo e veganismo há um crescimento contínuo e estável. Os dados que apontam para um crescimento de 400% nos últimos 10 anos vêm mostrar isto mesmo”, afirma Nuno Alvim, presidente da Associação Vegetariana portuguesa (AVP).

Também ele vegano há 10 anos, diz que é “cada vez mais prático, mais fácil e mais conveniente” e, na véspera do Dia Mundial do Veganismo, que se assinala na quarta-feira, dá o exemplo da quantidade de opções já existentes nos grandes supermercados e do número de restaurantes que, ou são estritamente vegetarianos, ou pelo menos oferecem essa opção.

Reconhece que foi a maior preocupação com a saúde que levou muitos portugueses a reduzirem o consumo de produtos de origem animal nos últimos anos, procurando mais produtos naturais, vegetarianos e biológicos.

Apesar da obrigatoriedade da opção vegetariana nas cantinas públicas desde o início do ano letivo, Nuno Alvim diz que ainda há pais que se deparam com esta dificuldade: “Já tivemos contactos de pais que não conseguem que os filhos acedam [a comida vegetariana] porque ainda enfrentam o preconceito e o mito relativamente a esta alimentação”.

“A própria Direção-geral da Saúde publicou manuais que falam precisamente na alimentação vegetariana nas crianças e mostram que esta alimentação é adequada a todas as fases e ciclo de vida. É preciso é adaptar e perceber quais são as deficiências nutricionais e fazer refeições completas”, acrescenta o presidente da AVP.

Também preocupada com as carências nutricionais que uma alimentação vegetariana ou vegana pode trazer, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas recorda: “Não nos podemos esquecer que há riscos associados, que podem ser tanto maiores quanto mais restrito é este padrão alimentar”.

Alexandra Bento sublinha que os riscos se relacionam sobretudo ”com carências de nutrientes como as vitaminas do complexo B, proteína e cálcio, vitamina D e ferro”.

A opção por este regime alimentar “exige grande cautela e grande preocupação” por parte dos pais, quando decidem que os filhos passam a ter uma alimentação vegetariana, defende a bastonária, que reconhece, contudo, que o padrão alimentar vegetariano pode ser considerado adequado porque tem uma grande diversidade em termos alimentares, com alimentos pouco processados e o consumo de fruta, hortícolas e leguminosas.

“Não descurando benefícios, os riscos existem e, se os pais tendem a querer este padrão alimentar por parte dos filhos, porque não [optar pelo] padrão ovo-lacto-vegetariano, em que ficam acauteladas estas carências nutricionais”, sugere Alexandra Bento, que aconselha os pais a consultarem igualmente um nutricionista antes de fazerem a opção.

Para o presidente da AVP, não é essencial consultar um nutricionista em todas as circunstâncias. É uma opção a recorrer em situações mais delicadas, como em crianças ou pessoas com necessidades específicas.

“Com a disponibilidade de informação, [as pessoas] não precisam necessariamente de consultar um perito nutricionista. Recomendo que tomem passos graduais, em vez de ser abruptamente, para evitar défices nutricionais”, defende.

Nuno Alvim diz que hoje em dia é fácil ser-se vegetariano ou vegano. Não sente dificuldades na área alimentar. Já quanto aos restantes parâmetros da filosofia vegan, a história é diferente.

“Em áreas como o calçado e a roupa, por exemplo, o mercado esta a evoluir muito lentamente. Já existem opções, com marcas portuguesas de sapatos sem matéria de origem animal, ou roupas. A questão é que nem sempre são acessíveis para toda a gente. São comercializados a um preço relativamente elevado”, explica.

Contudo, diz que, apesar de haver ainda muito para crescer, há uma procura cada vez maior e a disponibilidade do mercado está a evoluir. Que afinal, ser vegetariano ou vegan, “não é um bicho-de-sete-cabeças”.

Especialista
A ausência de vários vírus a circular, em virtude das vacinas que os previnem, é uma das justificações para a diminuição de...

Paula Palminha, bióloga e coordenadora Inquérito Serológico Nacional (ISN) 2015-2016 sobre Doenças Evitáveis por Vacinação, promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), sublinhou os avanços alcançados pela vacinação em Portugal, embora tenha destacado algumas mudanças.

A especialista frisou que, desde o último inquérito (2001-2002), Portugal registou “uma grande alteração na comunidade”, a qual está relacionada com “a ausência de circulação de alguns vírus”.

Assim acontece com o vírus do sarampo, cuja circulação em Portugal não existe desde 2003, tirando os casos importados e que estão na origem do recente surto que provocou a morte de uma jovem de 17 anos.

De acordo com o ISN 2015-2016, “94,2% da população estudada é seropositiva para o vírus do sarampo. Este valor é inferior a 95% da proporção de indivíduos seropositivos necessária para que ocorra imunidade de grupo”.

“A imunidade de grupo verificou-se globalmente para ambos os sexos nas crianças com idades compreendidas entre os dois e os nove anos e nos adultos com idade superior a 44 anos, correspondendo aos indivíduos vacinados com VASPR [vacina] e aos que desenvolveram imunidade natural”, lê-se no relatório, a que a Lusa teve acesso.

Para Paula Palminha, esta “fotografia” demonstra as alterações ocorridas na comunidade em termos de circulação de agentes, nomeadamente a ausência de vírus que provocam doenças como o sarampo, mas também o tétano.

No caso do tétano, os indivíduos analisados demonstraram proteção, embora em quantidade inferior à detetada em 2001-2002.

Estes sinais deverão agora ser analisados pelos decisores políticos, defendendo a coordenadora do inquérito que a principal “marca” da investigação seja a mudança da comunidade, em termos de circulação de agentes, nomeadamente o contacto da população com os mesmos.

O relatório do inquérito refere que, em Portugal, tal como em outros países, “a implementação do Programa Nacional de Vacinação (PNV) em 1965 resultou para a população portuguesa em benefícios inigualáveis”.

No entanto, lê-se no documento, “a efetividade do PNV será tanto maior, quanto mais adaptado estiver à realidade sero epidemiológica nacional”.

“Os resultados do ISN 2015-2016 demonstram que os 50 anos de implementação do PNV em Portugal tiveram como consequência uma elevada proporção de pessoas imunizadas relativamente às doenças abrangidas por este programa. Estes resultados estão em concordância com as elevadas taxas de cobertura vacinal e a ausência de casos das doenças em causa”, adianta o relatório.

Inquérito
Cerca de 2,7% da população portuguesa com 18 ou mais anos está infetada por ‘chlamydia trachomatis’ e 2,4% tem sífilis, doenças...

Os dados constam do ISN 2015-2016, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) e que, pela primeira vez, incluiu o estudo da prevalência de Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST).

O inquérito contou com a participação de 4.866 pessoas e vem atualizar o último estudo, relativo a 2001-2002.

O Inquérito Serológico Nacional (ISN) 2015-16 apurou uma prevalência de 2,7% para a ‘chlamydia trachomatis’ (vulgarmente conhecida como clamídia), o que “está em consonância com as estimativas europeias de prevalência para a faixa etária avaliada neste estudo (18 a 35 anos)”, segundo os autores.

A seroprevalência para a bactéria ‘treponema pallidum’, que causa a sífilis, foi de 2,4%.

Em relação a esta IST, o inquérito observou “valores mais elevados nas idades mais avançadas, que poderão ser explicados pela elevada incidência da sífilis em Portugal nas décadas de 60 e 70 do século passado”.

Para a infeção por VIH e VHC (hepatite C) foram apuradas prevalências de 0,1% e 0,3%, respetivamente.

Segundo os autores, “os valores apurados corresponderão presumivelmente à prevalência de infeções não diagnosticadas na população residente em Portugal, uma vez que os critérios aplicados na seleção dos participantes do ISN excluíam os indivíduos com doença causadora de imunodeficiência e com doença hepática crónica”.

Ainda assim, estes valores revelam-se “consistentes com resultados de outros estudos nacionais”.

Inquérito
A imunidade de grupo contra o sarampo, que protege vacinados e não vacinados, já não existe em Portugal devido à diminuição do...

Os dados constam do Inquérito Serológico Nacional (ISN) 2015-2016, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), em que participaram 4.866 pessoas, e que vem atualizar o último estudo, relativo a 2001-2002.

No último inquérito, a seroprevalência para o vírus do sarampo foi de 95,2%, mas o atual aponta para 94,2% de indivíduos imunes à doença.

“Este valor é inferior a 95%, proporção de indivíduos seropositivos [com contacto com o agente infecioso] necessária para que ocorra imunidade de grupo”, a qual é um efeito indireto da vacinação que protege os vacinados, mas também os que não receberam a vacina, uma vez que reduz a circulação do agente e da transmissão da infeção.

A percentagem de imunes não é igual em todas as faixas etárias. O documento indica que “a imunidade de grupo verificou-se globalmente para ambos os sexos nas crianças com idades compreendidas entre os dois e os nove anos e nos adultos com idade superior a 44 anos, correspondendo aos indivíduos vacinados com VASPR [vacina combinada contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola] e aos que desenvolveram imunidade natural”.

Nos grupos etários entre os dois e os quatro anos e os cinco e os nove anos, a imunidade de grupo não é uniforme por região e sexo, “sendo inferior a 95% em alguns grupos do sexo feminino ou masculino do Centro e Região Autónoma dos Açores”.

A proteção baixa nos indivíduos com 15 a 29 anos (90%), atingindo os 88,2% entre os 15 e os 19 anos e os 77,9% para a faixa entre os 20 e os 29 anos.

Segundo os autores, “a proporção de indivíduos suscetíveis nestes grupos etários pode ser atribuída ao facto de terem sido vacinados com diferentes estirpes vacinais ou por um declínio dos anticorpos ao longo do tempo, que pode ocorrer após vacinação”.

A proporção de indivíduos seropositivos foi próxima dos 100% (99,6%) no grupo dos nascidos antes de 1970, tratando-se de “indivíduos que desenvolveram imunidade natural após infeção com o agente viral”.

“A proporção de indivíduos seropositivos foi superior a 90%, mas inferior a 95% na coorte dos nascidos depois de 1996 e na dos nascidos entre 1970 e 1977”, prossegue o relatório do inquérito.

A investigação aponta para uma prevalência de anticorpos para o sarampo - a nível nacional, por sexo e região – com percentagens inferiores aos obtidos no inquérito de 2001-2002.

Esta diferença foi mais marcante no grupo etário entre os 15 e os 44 anos, na qual se verificou “um aumento do número de suscetíveis, não existindo imunidade de grupo”.

Além do sarampo, o ISN 2015-2016 avaliou outros microrganismos, nomeadamente os vírus da poliomielite tipo 1 e tipo 3, da rubéola, parotidite epidémica, da hepatite A e da hepatite B.

As bactérias analisadas foram a ‘bordetella pertussis’ (tosse convulsa), ‘clostridium tetani’ (tétano), ‘corynebacterium diphtheriae’ (difteria) e o ‘haemophilus influenzae’ tipo b (que causa doenças como meningite ou pneumonia).

Em relação à tosse convulsa, os autores referem que “a evidência de circulação desta bactéria em adultos reforça a importância da vacinação contra a tosse convulsa, de alguns grupos populacionais, de forma a prevenir a transmissão da bactéria a outros onde o risco de infeção se traduz em doença grave”.

Contra o tétano, a proporção de indivíduos com nível de anticorpos protetor foi de 98,4%, superior aos inquéritos anteriores, o que evidencia “o impacto da vacinação ao abrigo do Programa Nacional de Vacinação (PNV)”.

Se entre os 10 e os 54 anos de idade a proporção de indivíduos protegidos contra o tétano foi de aproximadamente 100%, a partir dos 55 anos esta proporção decresceu para 96,4%. Nas crianças entre os dois e os nove anos, desceu o nível de anticorpos protetor, em relação ao ISN 2001-2002.

“Apesar de todas as crianças entre os dois e os nove anos, incluídas neste estudo, possuírem anticorpos contra a toxina do tétano, sete por cento das crianças entre os dois e os quatro anos e 2,6% das crianças entre os cinco e os nove anos apresentaram concentração abaixo do valor considerado protetor”, lê-se no documento.

Para os autores, “estes resultados sugerem que todas estas crianças foram vacinadas. No entanto, a vacinação não induziu o desenvolvimento de anticorpos em nível que confira proteção”.

Sobre a difteria, o inquérito revela que a proporção de indivíduos com nível de anticorpos protetor é superior à observada no ISN 2001-2002, em todos os grupos etários.

“Esta diferença é mais evidente após os 15 anos, o que parece refletir a introdução no PNV em 2000, da vacina combinada contra a difteria e tétano, na vacinação de reforço a partir dos 10 anos de idade, confirmando assim o benefício da sua introdução”.

O documento indica que “a proporção de crianças com nível de anticorpos protetor contra a doença invasiva por ‘haemophilus influenzae’ tipo b (Hib) é superior a 86% até aos nove anos”.

“A maior percentagem observou-se no grupo etário dos dois aos quatro anos (88,5%), grupo mais vulnerável à doença, sendo a menor percentagem observada entre os 10 e os 14 anos (75,9%)”.

Em relação à rubéola, a proporção de indivíduos com nível de anticorpos protetor foi superior a 90% em todos os grupos etários, com exceção dos jovens entre os 15 e os 19 anos.

Esta faixa etária deve, na opinião dos autores, ser monitorizada e alvo de estudos adicionais que “clarifiquem as causas do observado, de forma a garantir imunidade de grupo em todos os grupos etários e o sucesso na eliminação da doença”.

Veganismo
Se bem planeada e estruturada a alimentação vegan pode ser saudável e garantir o aporte das necessid

É usual classificar-se vegetarianismo como a exclusão de todos os produtos de origem animal da alimentação. No entanto, este conceito é o de veganismo, pois o vegetarianismo é muito mais abrangente subdividindo-se nos ovolactovegetarianos (excluem carne e peixe, mas consomem lacticínios e ovos), lactovegetarianos (excluem carne, peixe e ovos; incluem produtos lácteos), ovovegetarianos (excluem carne, peixe e produtos lácteos);

Os benefícios associados a este regime advém do elevado consumo de produtos de origem vegetal em detrimento dos de origem animal que, cada vez mais, estão associados a um maior risco de doenças crónicas. No entanto, um regime alimentar vegan não é, necessariamente, sinónimo de mais saúde. Para além do risco de carências nutricionais, uma alimentação vegan pode também conter excesso de gordura, sal e/ou açúcar.

Deste modo, a alimentação vegan (à semelhança da omnívora) deve ser variada e equilibrada, contendo:

  • Fruta
  • Hortícolas
  • Alternativas vegetais aos produtos lácteos – bebidas e iogurtes de soja, aveia, amêndoa,  
  • Algas
  • Leguminosas – Grão, feijão, lentilhas, soja, ervilhas
  • Miso, tofu, tempeh, seitan
  • Cereais e tubérculos – arroz, trigo, milho, quinoa, centeio, aveia (e seus derivados) e batatas;
  • Frutos gordos e sementes – amendoim, noz, amêndoas, cajus e sémenes (chia, linhaça, papoila e sésamo)
  • Gorduras – azeite e óleos vegetais (de amendoim, de coco, girassol,…)

As necessidades energéticas devem ser cumpridas em função do ciclo de vida, género e nível de actividade física. 

Em termos de hidratos de carbono e gordura as necessidades são facilmente alcançadas de modo semelhante a um regime alimentar omnívoro.

O risco de carência prende-se em termos da ingestão de proteína, nomeadamente de aminoácidos essenciais (que não são sintetizados pelo nosso organismo, logo tem de ser obtidos por via alimentar).

Os alimentos de origem vegetal que contem os 9 aminoácidos essenciais são a soja, a quinoa e o amaranto. Os restantes produtos de origem vegetal são limitados no seu conteúdo em aminoácidos, mas se usados em conjunto complementam-se permitindo obter a totalidade dos aminoácidos essenciais (por exemplo, arroz com feijão).

É também importante assegurar que os vegans obtêm ácidos gordos como EPA e DHA (provenientes do ómega-3 e do ómega-6) que advém maioritariamente do consumo de peixes gordos. Nos vegans é possível obter estes nutrientes através de outras fontes como os frutos oleaginosos, das sementes (chia, linhaça, cânhamo), dos óleos e das algas.

No que diz respeito a micronutrientes, são detectadas maiores carências nos vegans de vitamina B12 (Cobalamina). Esta proteína raramente é encontrada em produtos de origem vegetal pelo que devem incluir na dieta alimentos fortificados (como cereais de pequeno-almoço). É importante avaliar também a necessidade de suplementação principalmente em grupos de risco (desportistas, crianças, idosos e grávidas), não devendo esta ser substituta de uma alimentação variada.

A ausência do consumo de produtos lácteos pode conduzir a carências de vitamina D, essencial à manutenção da densidade mineral óssea. Esta carência pode ser evitada pela exposição solar e pelo consumo de bebidas vegetais e cereais fortificados.

Os vegans têm ainda risco de carência de alguns minerais como o ferro. Apesar dos vegetais de folha verde escura constituírem uma boa fonte deste mineral, a sua disponibilidade para absorção no organismo é mais baixa quando comparada com as proteínas de origem animal (principalmente na carne) Assim, é frequente recomendar-se suplementação de ferro a vegans associado a um bom aporte de leguminosas, vegetais de folha verde escura (Espinafres, couves, agrião,…) , sementes, tofu, frutos oleaginosos e bagas de goji.

Outro mineral que pode ser motivo de preocupação num regime alimentar vegan é o cálcio. A leitura de rótulos é importante na escolha de bebidas vegetais para assegurar que estas são fortificadas em cálcio.

Em suma, se bem planeada e estruturada a alimentação vegan pode ser saudável e garantir o aporte das necessidades nutricionais ao longo de todo o ciclo de vida. Para tal, é necessário uma selecção cuidadosa dos alimentos e das suas combinações. Em determinadas fases do ciclo de vida como infância, geriatria e gravidez é importante um planeamento ainda mais cuidado para garantir que não há carências nutricionais que possam colocar em risco a saúde.

Como tal, um regime vegan não deve ser adoptado sem a consulta de um profissional de saúde para garantir um aporte nutricional ajustado às necessidades individuais. 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Crianças
Um estudo está a analisar as causas das perturbações músculo-esqueléticas da coluna na faixa etária dos 10-12 anos e quais os...

A Unidade de Cuidados na Comunidade São Martinho, do Centro de Saúde de S. Martinho do Bispo, em Coimbra, em colaboração com o Colégio Bissaya Barreto, está a analisar as causas, procurando também sensibilizar para a necessidade de prevenção de certos comportamentos.

Segundo Ana Morais, enfermeira especialista em Enfermagem de Reabilitação e responsável do projeto, os principais objetivos são contribuir para a diminuição da incidência das perturbações músculo-esqueléticas nos jovens dos 10 aos 12 anos através da prevenção.

De acordo com a responsável, depois de analisados os resultados, “pretende-se sensibilizar todos os educadores para que se envolvam mais e possam ajudar as crianças a corrigir comportamentos de risco”, salientando a questão da postura como o maior problema identificado.

“Embora a questão do uso da mochila também seja importante, a forma e o tempo que os jovens passam a interagir com as novas tecnologias, sem uma postura correta, é um fator muito mais significativo” para a prevalência das perturbações músculo-esqueléticas, refere Ana Morais.

A responsável salienta que percentagem de jovens analisados que apresentam dor é “muito maior do que era expectável”.

O estudo pretende recolher dados juntos dos alunos que venham esclarecer quais os comportamentos adotados e quais as principais queixas apresentadas.

Entrevista
No âmbito da campanha de sensibilização “Na Bexiga Mando Eu” que alerta para o impacto da Bexiga Hip

A bexiga é, essencialmente, um órgão de armazenamento de urina e cujo esvaziamento fica dependente da nossa vontade geralmente a partir dos 2 anos de idade. Este controlo voluntário permite-nos esvaziar a bexiga quando achamos que estamos na altura e local apropriados, antecipando ou atrasando a micção, se necessário.

Esta capacidade que temos de controlar a bexiga, e que nos facilita a nossa vida social, é o resultado da conjugação de vários mecanismos, com necessidade de integração perfeita de circuitos neurológicos e neuromusculares, ainda não completamente esclarecidos.

Por outro lado, este controlo complexo da micção está sujeito a alterações quer no sistema nervoso quer na bexiga que acarretam mau funcionamento desta – as chamadas disfunções miccionais.

O que é a Bexiga Hiperativa e quais os seus sintomas?

Dizemos que estamos perante um doente com Síndrome da Bexiga Hiperativa ou simplesmente Bexiga Hiperativa quando o doente se queixa de urgência (ou imperiosidade) miccional. A urgência miccional é uma sensação desagradável, de desconforto que se define como uma vontade forte, súbita e inadiável, de urinar. Se o doente não tem acesso fácil a instalações sanitárias, acaba por “não chegar a tempo” e perde urina. Nestes casos, dizemos que estamos perante um caso de Bexiga Hiperativa com incontinência urinária (Bexiga Hiperativa “molhada”). O doente para evitar, quer a sensação de desconforto associada à urgência, quer a incontinência urinária adopta estratégias comportamentais como o aumento da frequência urinária.

Qual a sua incidência em Portugal? E quem mais sofre com estas disfunções: homens ou mulheres?

Esta doença é mais comum do que se julga, embora não existam dados reais sobre a incidência da doença em Portugal.

No entanto, estima-se que cerca de 10-15% da população europeia sofre de Bexiga Hiperativa, afetando tanto homens como mulheres, de todas as idades. Uma parte significativa destes doentes tem a sua qualidade de vida muito alterada, necessitando por isso de tratamento.

Como é feito o diagnóstico de Bexiga Hiperativa?

O diagnóstico de Bexiga Hiperativa é relativamente fácil porque assenta na identificação dos sintomas, nomeadamente o sintoma principal – a urgência miccional. Mas essa facilidade não nos deve fazer esquecer que o diagnóstico de Bexiga Hiperativa é um diagnóstico de exclusão, isto é, precisamos de verificar se não há outras doenças que podem provocar os mesmos sintomas. Entre estas, destaco os cálculos (“pedras”) vesicais ou ureterais, as infeções urinárias, as doenças da próstata no caso dos homens e os casos embora não frequentes de neoplasia da bexiga. Assim, devem ser incluídos na avaliação destes doentes exames para despistar estas doenças.

O que contribui para o seu subdiagnóstico?

Infelizmente a Bexiga Hiperativa é muitas vezes subdiagnosticada. Trata-se de uma doença por um lado frequentemente “escondida” pelos doentes e por outro lado não procurada pelos médicos.

Por constrangimento os doentes não se queixam aos seus médicos ou aceitam a doença como uma condição normal da idade e do envelhecimento, com a qual têm que aprender a viver. É preciso lutar ativamente contra essa postura e fazer passar a mensagem que vale a pena procurar ajuda. Dar esse passo é fundamental, pois adiar a procura de ajuda médica é uma opção que prejudica o tratamento.

Qual o tratamento?

O tratamento baseia-se na adopção de medidas comportamentais e no tratamento com fármacos para melhorarmos os sintomas, a fim de aumentar a qualidade de vida do doente. 

As principais medidas comportamentais são a redução de peso, a ingestão moderada de líquidos (1-1,5 l/dia), evitar as bebidas gaseificadas e café, e o abandono do tabaco.

Também em alguns casos pode ser aconselhado ao doente que tente deliberadamente “lutar contra a urgência miccional” e aumentar o período entre as micções. Claro que este “treino vesical” em que o doente tenta atrasar a micção deve ser realizado de um modo progressivo e recomenda-se que no início o doente o faça apenas em casa, para assim evitar “acidentes” desagradáveis.

Uma outra estratégia de “luta contra a urgência miccional” com bons resultados é o recurso à fisioterapia do pavimento pélvico. Estes exercícios tornam o doente mais confiante e mais apto a limitar as perdas de urina quando estas acontecem, por contração activa do esfíncter uretral.

Quando estas medidas não se revelam suficientes, temos atualmente à disposição vários medicamentos. Os que têm sido mais usados têm sido os fármacos chamados anticolinérgicos, embora não com o sucesso que de início se esperava. Para estes resultados abaixo das expetativas contribuem, para além da relativa falta de eficácia dos fármacos, os seus efeitos laterais, as expetativas demasiado altas dos doentes perante uma doença crónica e sem terapêutica curativa e o desconhecimento ainda existente das causas desta disfunção. Felizmente, tem havido investigação significativa nesta área e um novo tipo de medicação apareceu no mercado nos últimos anos, com eficácia demonstrada e com menos efeitos laterais.

A maior parte dos doentes com sintomas incomodativos conseguem melhorar a sua qualidade de vida com as atitudes acima descritas, medidas comportamentais e medicação oral. Os doentes com sintomas que não melhoram (felizmente, uma minoria) são denominados de “refratários à terapêutica oral” e devem ser referenciados para centros onde terapêuticas mais invasivas como a injeção intradetrusor de toxina botulínica e a neuromodulação podem ser oferecidas a estes doentes, para melhoria da sua qualidade de vida.

Que mensagem gostaria de deixar, no âmbito desta doença?

A Bexiga Hiperativa nem sempre é compreendida pelos doentes como uma doença, mas a verdade é que esta pode ter impacto na sua qualidade de vida. Não devem aceitar os sintomas urinários incomodativos como um processo de envelhecimento normal. Devem recorrer ao médico. Quanto mais cedo a doença é diagnosticada e começa a ser tratada, mais hipóteses existem de se conseguir ter sucesso. Com o intuito de alertar para o impacto da Bexiga Hiperativa na vida dos doentes, foi lançada em Portugal uma campanha de sensibilização “Na Bexiga Mando Eu” com uma plataforma online que disponibiliza informação sobre a doença: http://nabexigamandoeu.pt/

Para terminar, como podemos manter a bexiga saudável?

Promover o bom funcionamento da bexiga é uma tarefa que se adota através de comportamentos simples na vida diária, como beber uma quantidade adequada de líquidos, introduzir o hábito de esvaziar a bexiga de cada 3 a 4 horas indo 4 a 6 vezes por dia à casa de banho, praticar técnicas de treino da musculatura do pavimento pélvico, fazer uma alimentação saudável rica em frutas e vegetais para prevenir a obstipação.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Porto
Um ‘website’ que analisa ficheiros de voz e determina se o utilizador tem indícios da doença de Parkinson, permitindo assim uma...

Para além de permitir a deteção precoce da doença de Parkinson em pessoas de diferentes idades, a tecnologia tem igualmente como objetivo diminuir os custos associados aos exames e aos tratamentos, explicou Diogo Braga, responsável pela criação deste projeto, que terminou recentemente a licenciatura em Engenharia Informática no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).

"Existe um elevado custo associado às doenças neurodegenerativas, com tratamentos dispendiosos e que apenas servem para dar uma melhor qualidade de vida do que aquela que os doentes teriam sem os tratamentos, que têm que ser cumpridos escrupulosamente para terem efeito", disse o engenheiro.

No entanto, segundo Diogo Braga, a doença tem outros custos para além do tratamento, que se prendem aos cuidadores, às depressões que os pacientes desenvolvem e ao facto de estes não terem atividade no mercado de trabalho.

"Quando é feito um somatório desses custos, o resultado é bastante elevado", notou Diogo Braga, acrescentado que os tratamentos precoces não levam só a uma diminuição dos gastos associados, atuando também na progressão da doença para determinados estádios.

Para obter o resultado basta que os utilizadores (anónimos ou identificados) descarreguem no ‘website' um ficheiro de áudio (nos formatos ‘wav' ou ‘mp3') com cerca de cinco segundos.

O resultado é divulgado de imediato, indicando ao utilizador se tem indícios ou não, se deve consultar um médico ou repetir o teste noutro dia.

Esses indícios são detetados através de um sistema de aprendizagem automática (‘machine learning') baseada em dados de 24 pacientes com Parkinson, em diferentes estados de progressão da doença, e em dados de 30 pessoas saudáveis, tendo a precisão de identificação rondado os 92,38% durante os testes.

Diogo Braga explicou que a doença de Parkinson pode ser detetada pela rigidez na voz e nos ciclos vogais (que não conseguem ser percebidos pelos humanos).

"Quando expressamos um vogal a nossa boca faz um ciclo, que é suposto ser fluído, sem nenhuma rigidez e sem travar", indicou, esclarecendo que nos doentes de Parkinson, é possível detetar esses fatores na voz numa fase precoce da doença.

Para o engenheiro, o fator diferenciador desta tecnologia é o facto de a deteção ser feita "com tolerância a ruído ambiente".

"Como os utilizadores poderão não estar em condições de laboratório, é importante que o sistema consiga detetar indícios da doença através da voz mesmo quando a gravação apresenta ruído ligeiro", disse.

Desenvolvido no âmbito do estágio curricular que o recém-diplomado do ISEP realizou no Grupo de Investigação em Engenharia e Computação Inteligente para a Inovação e o Desenvolvimento (GECAD), o ‘website' demorou cerca de quatro meses a ser desenvolvido.

A plataforma, que pode ser adaptada no futuro para outras doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Huntington, ainda não se encontra ‘online'.

Os docentes do ISEP e orientadores do projeto, Ana Maria Madureira e Luís Filipe Coelho, esclarecem que a prioridade tem sido dada à publicação de artigos científicos, que permitam "validar e conferir um maior grau de credibilidade ao projeto".

O objetivo é, segundo os docentes, "refinar o protótipo, de modo a criar uma versão final que possa cumprir os exigentes e rigorosos padrões de qualidade e resposta necessários para ser reconhecida oficialmente como uma plataforma de apoio à medicina".

Estudo
Uma investigação de José Paulo Andrade, do Cintesis, hoje divulgada, concluiu que a alimentação tipicamente ocidental, rica em...

O investigador refere, em comunicado, que “a evidência científica atual mostra que os doentes com degenerescência macular da idade devem ser aconselhados a aumentar o consumo de vegetais de folha verde, a comer peixes gordos e a seguir o padrão alimentar mediterrâneo, que tem também benefícios noutras doenças”.

A degenerescência macular da idade (DMI), uma doença oftalmológica, é atualmente a principal causa de cegueira no mundo ocidental, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo dados disponibilizados pelo Cintesis - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, em Portugal, haverá cerca de 350 mil pacientes com DMI. Todos os anos surgem cerca de 45 mil novos casos da forma precoce da doença e cerca de 5 mil com a forma tardia.

O autor do estudo, para o qual contribuiu também a investigadora e oftalmologista Ângela Carneiro, da Universidade do Porto, salienta que “existe um risco menor de desenvolver DMI nos indivíduos que aderem à dieta mediterrânica, privilegiando o consumo de frutas, legumes, pão, frutos secos, azeite e peixe”.

O especialista considera que o papel dos profissionais de saúde na educação dos doentes pode e deve ser melhorado, de modo a reduzir a prevalência de DMI precoce, diminuir o número de casos de DMI avançada e, consequentemente, fazer baixar as despesas elevadas e em crescimento associadas ao tratamento desta doença.

A DMI é uma doença degenerativa que afeta progressivamente a zona central da retina (mácula) e a visão central, condicionando significativamente a autonomia e a qualidade de vida dos doentes.

O estudo, com o título “Nutritional and Lifestyle Interventions for Age-Related Macular Degeneration: a Review”, foi publicado na revista “Oxidative Medicine and Cellular Longevity”.

O Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Universidade do Porto, o Cintesis detém polos em 8 instituições de Ensino Superior: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Aveiro, Universidade do Algarve, Universidade da Madeira, Instituto Superior de Engenharia do Porto e Escola Superior de Enfermagem do Porto. Coopera ainda com 18 institutos politécnicos.

No total, o centro agrega mais de 450 investigadores, em 16 grupos de investigação que trabalham em 4 grandes linhas temáticas: Investigação Clínica e Serviços de Saúde; Neurociências e Envelhecimento Ativo; Diagnóstico, Doença e Terapêutica; e Dados e Método.

OncoDNA
De uma forma geral, quando o cancro se começa a espalhar para outros órgãos, as chamadas metástases, este continua a ser...

O objetivo do projeto é desenhar um novo protocolo e diretrizes para a teranóstica (diagnóstico e tratamento) de doentes com cancro avançado de origem desconhecida através da caracterização genómica de tumores, usando a plataforma molecular OncoDEEP CUP. Esta tem a intenção de melhorar o diagnóstico de origem primária do tumor e detetar as alterações genéticas causadoras e, desta forma, que a maioria desses doentes possa beneficiar de uma terapia sistémica específica e melhorar seu prognóstico.

“OncoDEEP CUP: Desenvolvimento de um novo protocolo de análise molecular para a caracterização de carcinoma primário desconhecido e a validação da sua implicação prognóstica e terapêutica " é uma investigação desenvolvida pela OncoDNA que conta com o cofinanciamento da ICEX (España Exportación y Inversiones), do Ministério da Economia, Indústria e Competitividade, e o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

O projeto pioneiro vai permitir a 100 pessoas de Espanha e Portugal com diagnóstico de carcinoma primário desconhecido ou CUP beneficiarem de uma nova ferramenta de diagnóstico gratuitamente. A participação no estudo não implica nenhum custo para o paciente ou para os hospitais.

Esta aposta inovadora na área de oncologia é liderada pelo Hospital Universitário Geral de Valência, colaborando com centros em toda a Espanha e permanece aberto a qualquer doente ou qualquer organismo que atenda aos critérios de inclusão. Já se conseguiu contar com a colaboração de todos os Hospitais ligados ao Grupo Espanhol de Tumores Raros e Infrequentes (GETHI) e centros como o Hospital Universitário Geral de Valência, o Hospital Clínico Universitário de Valência, o Hospital Arnau de Vilanova, o Hospital Universitário de Alicante, o Hospital Universidade de Elche, Oncoavanze, Hospital Virgen del Rocío e Instituto Oncohealth - Fundação Jiménez Díaz. Em Portugal já estão a decorrer negociações com hospitais nacionais.

O CUP (Cancer of Unknown Primary Site) em números e importância do tratamento

·         O cancro de origem desconhecida representa um conjunto heterogêneo de tumores metastáticos com baixa incidência, cerca de 4%, mas com mau prognóstico no curto prazo e com sobrevivência média inferior a um ano.

·         A "tumores de origem desconhecida" (CUP -Cancer of Unknwon Primary Site-) é chamado um grupo heterogêneo de tumores metastáticos que normalmente representa entre 2-10% de todos os tumores malignos.

·         Entre 50-70% dos casos de CUP são adenocarcinomas e 20-30% são carcinomas indiferenciados, os restantes 10% compreendem carcinomas de células escamosas, carcinomas neuroendócrinos e outras doenças malignas raras.

·         Existem cerca de 80% casos que condicionam um grupo de mau prognóstico, principalmente adenocarcinomas pouco diferenciados que não podem ser incluídos num grupo com características clínico-patológicas equivalentes a qualquer tumor de origem conhecida, portanto não podem receber no início, um tratamento direcionado.

·         No presente, a realidade dos pacientes com CUP no grupo de mau prognóstico é a paliação dos sintomas e a preservação da qualidade de vida, juntamente com um modesto aumento da sobrevivência global, obtendo, em geral, medianas de sobrevivência menores que um ano da vida.

·         Os doentes que são tratados de forma equivalente em tumores metastáticos de origem conhecida alcançam maiores taxas de sobrevivência conseguindo o controlo da doença em 30-60% dos casos. Portanto, um diagnóstico preciso e um tratamento adequado em primeira linha é essencial nestes tumores.

Luis Alvarez, responsável da OncoDNA pelo desenvolvimento de negócio em Portugal aponta: “O OncoDEEP CUP é uma ótima oportunidade para doentes e oncologistas. Quero encorajar todos os interessados a contactarem-nos através do meu e-mail [email protected]. O nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida dos doentes e esta investigação ajudará os pacientes participantes e muitos outros que, em algum momento das suas vidas, podem ter cancro de origem primária desconhecida ".

i3S
A aluna de doutoramento do Instituto de Investigação e Inovação da Universidade do Porto Joana Loureiro foi galardoada pela...

“É a primeira vez que um investigador de uma universidade portuguesa conquista este prémio”, afirma o Instituto de Investigação e Inovação da Universidade do Porto (i3S), em comunicado.

O trabalho premiado, “resultou do trabalho de uma equipa de investigação multidisciplinar” da qual a investigadora Joana Loureiro fez parte.

“Consistiu na descoberta da mutação causadora da ataxia espinocerebelosa SCA37 e nos resultados obtidos até agora, que tentam explicar como é que este ‘erro’ genético conduz à neurodegenerescência nesta doença”, esclarece.

Parte deste trabalho foi publicado este ano na revista American Journal of Human Genetics.

Para a jovem investigadora, receber este “prémio tão competitivo, foi sem dúvida uma grande realização profissional e pessoal. Foi uma grande honra para toda a equipa que trabalhou e contribuiu para o sucesso deste projeto”.

Alunos de doutoramento e pós-doutorados em genética humana de todo o mundo podem candidatar-se a este prémio. Este ano foram submetidos 500 trabalhos elegíveis a prémio nas duas categorias.

Após uma avaliação do comité, foram selecionados nove alunos de doutoramento e nove pós-doutorados finalistas. Estes investigadores foram avaliados através das comunicações científicas proferidas na reunião anual da sociedade. Três em cada categoria foram premiados com o prémio Charles J. Epstein Trainee Award for Excellence in Human Genetics Research.

Entre os estudantes de doutoramento premiados estão os jovens investigadores Joana Loureiro, do i3S - Universidade do Porto, Joseph Shin, do Johns Hopkins University, EUA, e Nasa Sinnott-Armstrong, da Stanford University, EUA.

A investigadora Isabel Silveira, líder do grupo de investigação “Genetics of Cognitive Dysfunction”, onde a estudante de doutoramento Joana Loureiro desenvolveu o seu trabalho, sublinha que entre os galardoados “estão investigadores que contribuíram fortemente para o conhecimento em genética médica através da identificação de genes tão importantes como os associados à Doença de Huntington (James Gusella) ou à Distrofia Muscular de Duchenne (Louis Kunkel)”.

“Neste tipo de doenças, só após a descoberta da mutação e dos mecanismos pelos quais a mutação conduz à patologia é que estão reunidas as condições ideais à investigação de terapias que curem ou melhorem as condições de vida destes doentes”, salienta Isabel Silveira.

Por este motivo, acrescenta a investigadora, é que “os medicamentos e tratamentos que chegam às farmácias e aos hospitais são fruto de muito trabalho e dedicação de milhares de investigadores em todo o mundo, durante várias décadas”.

Centro Hospitalar Cova da Beira
No âmbito da atividade a desenvolver pelo Centro Nacional de TeleSaúde, organismo integrado nos Serviços Partilhados do...

A Dra. Micaela Monteiro, Diretora Centro Nacional de TeleSaúde (CNTS), e o Dr. Luís Gonçalves, consultor dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) para a área da Telepatologia, foram recebidos no Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB) pelo Senhor Presidente do Conselho de Administração, Dr. João Casteleiro e pelo Sr. Enfermeiro Diretor João Ramalhinho e ainda pela responsável do Serviço de Anatomia Patológica, Técnica Rosa Tomé, que se mostraram disponíveis para todos os esclarecimentos e compartilhar a experiência positiva do CHCB.

A visita ao serviço de Anatomia Patológica do CHCB, teve por parte dos interlocutores externos, o objetivo de acompanhar no terreno o funcionamento do seu sistema de Patologia Digital, também designado de “e-patologia”.

Trata-se de um programa pioneiro em Portugal, desenvolvido e implementado nesta área do CHCB e que permite superar a falta de médicos de Anatomia Patológica, particularmente nos hospitais do Interior, bem como reduzir significativamente o tempo de resposta para diagnóstico.

Este programa, ao permitir que todo o processo de diagnóstico, com base na análise de amostras recolhidas nos doentes, seja realizado no CHCB mediante acompanhamento à distância de especialistas do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), com a colaboração da empresa ZMWay, cumpre todos os requisitos para o qual foi criado o CNTS, pois contribuí para eliminar barreiras de acesso e levar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a todos os cidadãos com profissionalismo e qualidade, gerando ganhos em saúde e promovendo a qualidade de vida dos utentes.

Até ao momento o “e-Patologia” do CHCB foi distinguido com inúmeros Prémios e Menções Honrosas, nacionais e internacionais.

Peritos
Os doentes com cancro da mama avançado devem poder ter horário laboral reduzido ou flexibilidade nos horários, defendem...

A Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado vai debater esta semana em Lisboa uma carta de objetivos para os próximos dez anos, defendendo alterações legislativas que permitam a estes doentes trabalhar a tempo parcial ou ter flexibilidade de horário.

A oncologista Fátima Cardoso, presidente da Aliança, explicou que há muitos doentes com cancro da mama avançado que gostariam de continuar a trabalhar, mas não têm capacidade para o fazer a cem por cento.

“Estes doentes têm períodos em que estão piores ou melhores, mas têm de ter flexibilidade nos horários para ir a tratamentos e a consultas. Muitos precisam de trabalhar com redução de horários e flexibilidade. Mas na grande maioria dos empregos e dos países essa flexibilidade não existe, uma situação que se aplica a Portugal”, indicou a especialista.

Fátima Cardoso dá o exemplo dos professores, que mediante uma clara demonstração de doença avançada deviam poder trabalhar com redução e flexibilidade de horário.

“Continuar a trabalhar tem benefícios financeiros, mas tem também benefícios psicológicos e de bem-estar. Muitos destes doentes estão na sua idade mais produtiva”, recorda a médica, acrescentando que nalguns países nórdicos e na Alemanha essa possibilidade está contemplada na lei do trabalho.

Um dos objetivos traçados na carta que a Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado discute esta semana é também “lutar para que todos os doentes com cancro da mama avançado tenham apoio financeiro para tratamento e diferentes tipos de assistência, caso sejam incapazes de trabalhar”.

Na carta de objetivos é ainda definida a orientação de aumentar a disponibilidade e o acesso a cuidados multidisciplinares incluindo apoio paliativo, de suporte psicossocial e de suporte para doentes, familiares e cuidadores.

Nos objetivos para dez anos na área do cancro da mama avançado, a Aliança Global pretende ainda aumentar a informação do público e dar treino de comunicação a todos os profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros.

Até 2025
Peritos mundiais querem duplicar a média de vida de doentes com cancro da mama avançado até 2025, segundo um documento que será...

Especialistas da Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado vão estar reunidos em Lisboa a partir de quinta-feira e irão discutir uma carta de objetivos para “melhorar o cuidado e sobrevivência dos doentes com cancro da mama avançado”, segundo explicou à agência Lusa a médica oncologista Fátima Cardoso.

Um dos objetivos traçados na carta é o aumento da média de vida para doentes com cancro da mama avançado para quatro a seis anos até 2025, quando atualmente a média se situa nos dois a três anos após o diagnóstico de metástases.

Fátima Cardoso lembra que houve nos últimos anos progressos no tratamento e diagnóstico do cancro da mama quando diagnosticado de forma precoce, mas que ainda existem “grandes lacunas” no que respeita ao cancro da mama avançado (que abarca o cancro da mama inoperável e o cancro da mama metastático).

“É um grupo de doentes habitualmente esquecido por todos os intervenientes. Quando se fala de cancro da mama associa-se à prevenção, à deteção precoce e que se tudo se fizer corretamente é curável. E isto não é assim para cerca de um terço dos doentes nos países desenvolvidos, que, apesar dos melhores tratamentos, acaba por ter metástases. Esta é uma situação para já incurável”, salienta Fátima Cardoso, presidente da Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado.

Um relatório feito a nível mundial veio mostrar que entre 2005 e 2015 houve uma estagnação da inovação científica na área do cancro da mama avançado, tendo como consequência que o tempo de vida médio dos doentes a partir do diagnóstico de metástases não tenha mudado nos últimos dez anos.

“Precisamos de dar um novo empurrão para que haja melhores desenvolvimentos que tenham impacto no tempo de vida dos doentes”, afirmou Fátima Cardoso, adiantando que também na qualidade de vida dos doentes se deu uma estagnação.

Sentindo “a obrigação de melhorar a qualidade de vida dos doentes”, a Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado está a desenvolver “ferramentas específicas para medir a qualidade de vida no cancro avançado”.

De acordo com os organizadores da conferência internacional que decorre em Lisboa de quinta-feira a sábado, estarão presentes mais de 1.200 participantes de cerca de 80 países.

Estudo
Um estudo realizado a doentes portugueses com cancro da mama revelou que mais de metade sente falta de apoio social e de...

Divulgado ontem, a propósito do Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama, que se assinala na hoje, o estudo indica que “64% dos inquiridos sente que não tem o apoio social nem a prestação de cuidados de saúde adequados”.

No entanto, a maioria dos doentes inquiridos (86%) reconhece que o médico os inclui nas decisões relativas ao tratamento e que este é a principal fonte de informação quando têm dúvidas.

Conduzido pela Sociedade Portuguesa e Oncologia (SPO), o inquérito “Cuidados de saúde em Oncologia: a visão dos doentes” analisou a perceção dos doentes com cancro da mama em relação aos cuidados de saúde prestados nesta área, principais dificuldades e acesso à informação sobre a patologia.

“O facto de os doentes terem apontado como principal aspeto negativo a falta de apoio social preocupa-nos. O cancro da mama é relativamente frequente em mulheres profissionalmente ativas, muitas vezes com filhos pequenos ou com pais a cargo, e sentem que o apoio social é uma vertente importante no percurso de tratamento”, afirma a presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Gabriela Sousa.

As conclusões do inquérito revelam ainda que o aspeto mais valorizado no tratamento é a eficácia (43%) em detrimento do custo, cuja percentagem é de apenas 1%.

O principal sentimento após o diagnóstico de cancro da mama é o medo, apontado por 77 inquiridos, logo seguido de tristeza, referido em 22 respostas.

A internet é a segunda fonte de informação mais procurada, sendo que 30% dos inquiridos respondeu que recorre a esse meio para esclarecer questões relacionadas com a doença ou o tratamento.

Este inquérito esteve disponível online entre os dias 18 de setembro de 2017 e 08 de outubro de 2017, sendo o universo de inquiridos constituído por pessoas de ambos os sexos, doentes ou com antecedentes de doença oncológica, residentes em Portugal.

O estudo teve um total de 333 participações, das quais resultou uma amostra de 181 doentes com cancro da mama.

Especialista em patologia molecular
O médico e investigador Sobrinho Simões considera que Portugal está “a perder qualidade” na formação médica e diz que também há...

Questões que, disse numa cerimónia onde foi homenageado, o preocupam, sendo que a culpa “é de todos”.

Manuel Sobrinho Simões, especialista em patologia molecular que liderou a criação Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), recebeu o Prémio de Mérito da Competência em Gestão dos Serviços de Saúde, instituído pela Ordem dos Médicos, numa cerimónia em Lisboa.

O também professor catedrático aproveitou o momento para se questionar como é que 54% dos portugueses tem pelo menos uma doença crónica e 53% um problema ligado à saúde mental, acrescentando que “é também um problema de gestão” acertar “a perceção com a realidade”.

Afirmando-se satisfeito com o prémio, que significa que o que faz é reconhecido, Sobrinho Simões não deixou, no entanto, de fazer críticas ao sistema de saúde, defendendo que os médicos hospitalares deviam ter 30% do seu tempo para investigação e ensino, e disse que “a formação de médicos e especialistas está pior do que há 10 anos”.

“Ando aflito com isto”, disse aos jornalistas no final da cerimónia, acrescentado: “gastamos muito com coisas que não são precisas, somos o país a seguir à Grécia com mais aparelhos de TAC, não faz sentido que se façam tantos exames, que sejamos dos países mais medicalizados do mundo”.

Numa cerimónia em que recebeu elogios do amigo e também médico Júlio Machado Vaz, agradecimentos “pelo que fez pela medicina” do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, e elogios do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, à sua capacidade em falar de coisas complicadas com uma linguagem simples, Sobrinho Simões admitiu que está sempre a trabalhar, porque gosta e porque, disse, é a sua obrigação.

E, no final, deixou ainda mais uma crítica, esta para todos os portugueses, que gostam de tomar medicamentos: “Sentimo-nos doentes. Não queremos fazer exercício, não queremos deixar de fumar, queremos é ter ao fim do dia uma pastilha, uns pingos”.

Esta foi a quarta edição do prémio da Ordem dos Médicos, que em anos anteriores distinguiu Paulo Mendo, Manuel Antunes e Eduardo Barroso.

Estudo
Os fatores socioeconómicos são os que mais influenciam a longevidade dos idosos, sendo as zonas mais desfavorecidas aquelas que...

De acordo com um desses estudos, desenvolvidos pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), tendo por base a população sénior do Porto, nas zonas mais desfavorecidas, localizadas nas zonas centro e leste da cidade, os idosos do sexo masculino registaram uma taxa de sobrevivência acima dos 90 anos de 22% enquanto os do sexo feminino de 26%.

Já nas zonas mais favorecidas, localizadas na metade oeste da cidade, 54% dos idosos do sexo masculino e 62% do sexo feminino chegam aos 90 anos, indicou Ana Isabel Ribeiro, investigadora da Unidade de Investigação em Epidemiologia do ISPUP responsável pelo projeto.

"Se queremos aumentar a sobrevivência da população idosa e reduzir assimetrias regionais, temos que melhorar a sua situação socioeconómica e priorizar as áreas mais pobres do país", frisou a responsável.

Para a investigadora, os resultados dos estudos mostram que é cada vez mais é importante criar políticas sociais e de saúde orientadas para a população sénior, "que está mais desprotegida e mais sofre com as questões sociais e económicas".

Segundo Ana Isabel Ribeiro, que falava a propósito do Dia Mundial da Terceira Idade, celebrado no sábado, o objetivo destes estudos era verificar a quantidade de idosos com idades compreendidas entre os 75 e os 84 anos que chegavam aos 90 anos, na Europa, em Portugal no Porto, relacionando a taxa de sobrevivência com fatores socioeconómicos, ambientais e o acesso aos serviços de saúde.

De acordo com a investigadora, os resultados a nível nacional seguem a tendência registada a nível local.

As zonas mais favorecidas, no litoral norte e centro, apresentaram taxas de sobrevivência até aos 90 anos de 40% para os homens e de 67% para as mulheres, enquanto nas zonas mais desfavorecidas, no Alentejo e no interior norte, essa taxa situava-se nos 28% para os homens e nos 35% para as mulheres.

Já a nível europeu, a equipa identificou maiores níveis de sobrevivência no norte de Espanha e na França e níveis mais baixos no Reino Unido e em alguns países pouco industrializados, como é o caso dos escandinavos.

De acordo com a investigadora, os fatores socioeconómicos explicam grande parte das desigualdades geográficas verificadas na distribuição da taxa de sobrevivência dessa população, enquanto o ambiente físico e o acesso aos serviços de saúde parecem "não ter uma influência tão decisiva na sua longevidade".

"Estas desigualdades geográficas explicam-se pelas diferenças na forma como a pobreza e a riqueza se distribuem no país", indicou Ana Isabel Ribeiro.

Atualmente, a esperança média de vida à nascença em Portugal “ronda os 82 anos”, indicou Ana Isabel Ribeiro, acrescentando que, à medida que esta aumenta, devido à queda da mortalidade precoce, as desigualdades em saúde e na sobrevida começam a manifestar-se mais tarde.

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