Entre 2012 e 2015
A grande maioria dos hospitais avaliados pela Entidade Reguladora da Saúde cumpre os critérios de qualidade exigidos, tendo...

Segundo resultados divulgados pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), o Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS) abrange atualmente 163 estabelecimentos hospitalares públicos, privados e do setor social, mas só 130 são avaliados na dimensão da excelência clínica.

Dos 130 estabelecimentos avaliados, 82% demonstraram cumprir os critérios de qualidade exigidos, tendo obtido a ‘estrela’ do primeiro nível de avaliação.

Seis unidades não obtiveram a ‘estrela’ deste primeiro nível de avaliação por não ter sido possível aferir todos os requisitos de qualidade exigidos pelo regulador.

Outros 15 prestadores optaram por não se submeter a avaliação, não tendo enviado quaisquer dados relativos ao período em análise.

Segundo a ERS, os prestadores que atingiram o primeiro nível de avaliação mostraram um aumento de 23% de 2012 para 2015, subida que se verificou tanto no setor público, como no privado e social.

Contudo, o setor público foi o que registou uma subida mais acentuada dos hospitais que atingiram avaliação em excelência clínica, passando de 29% em 2012 para 40% em 2015.

A ERS faz ainda uma avaliação num segundo nível às unidades hospitalares, estabelecendo um ‘ranking’ por três níveis de qualidade relativamente a várias áreas e, como cirurgia de ambulatório, ortopedia, ginecologia, enfarte agudo do miocárdio ou obstetrícia.

Comparando com a última avaliação, feita em dezembro do ano passado, houve um aumento do número de hospitais com nível de qualidade IIII (superior) nas áreas do enfarte agudo do miocárdio, da cirurgia do cólon e de obstetrícia.

O regulador sublinha que têm melhorado nas unidades de saúde os indicadores relativos à infeção hospitalar.

Os atuais resultados do SINAS Hospitais, que é publicado semestralmente, reportam-se a episódios com alta entre 1 de Julho de 2013 e 30 de Junho de 2014.

Portugal lidera consórcio europeu
Portugal lidera um consórcio europeu que se propõe desenvolver uma nova terapia para o cancro, que mata o tumor sem causar...

O investigador Gonçalo Bernardes, coordenador do projeto, lembrou que "as drogas que são atualmente usadas não conseguem distinguir a célula saudável de uma célula cancerígena".

Nesse sentido, adiantou, o que o consórcio pretende fazer "é conjugar essas drogas com umas moléculas que se chamam anticorpos, que são específicos para moléculas que estão presentes na superfície das células cancerígenas e, dessa forma, direcionar as drogas convencionais para as células cancerígenas".

Segundo Gonçalo Bernardes, coordenador do Laboratório de Biologia Química e Biotecnologia Farmacêutica do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa (IMML), podendo aumentar-se a concentração das drogas tóxicas no tumor, sem atingir as células saudáveis, aumenta-se a eficácia do tratamento e a eliminação de células cancerígenas.

A equipa de trabalho, que agrega 30 a 40 elementos, espera usar este novo tratamento como primeira medicação para o tratamento do cancro, de qualquer tipo de cancro, tendo em conta o seu estado de desenvolvimento.

O projeto obteve um financiamento de 2,5 milhões de euros para quatro anos, do programa europeu de bolsas "Ações Marie Curie", que permitirá criar a nova classe de moléculas - os anticorpos conjugados com moléculas tóxicas - e testá-la em ratinhos.

Do consórcio europeu fazem parte instituições académicas e laboratórios farmacêuticos de Portugal, Espanha, Reino Unido, França, Alemanha, Áustria e Suíça.

Portugal está representado pelo IMML e pela Faculdade de Farmácia de Lisboa.

Parlamento
A Assembleia da República debate hoje em plenário uma petição e três projetos de resolução do PSD/CSD-PP, PCP e Bloco de...

A petição com 5.064 assinaturas, lançada pela Associação Portuguesa de Doentes com Fibromialgia (APDF), refere que existem mais de 500.000 doentes em Portugal, “onde a patologia está já reconhecida”, mas os pacientes continuam “sem quaisquer direitos”.

Os três projetos propõem várias medidas para reconhecer as especificidades destes doentes, como adequar horários de trabalho, criar incentivos para a sua empregabilidade, e divulgar informação sobre a fibromialgia nos cuidados de saúde.

O PSD e os CSD-PP referem no projeto que o desconhecimento e dificuldade em diagnosticar a doença têm contribuído para “o não tratamento atempado e adequado por parte dos profissionais de saúde, não raro sem formação especializada para o efeito” e para “a manutenção de uma certa desvalorização” da fibromialgia na sociedade e no mundo laboral.

Os comunistas propõem, por seu turno, entre outras medidas, a implementação de uma “tabela de incapacidades e funcionalidades em saúde, que seja sensível às incapacidades decorrentes desta doença crónica” e o acesso gratuito aos medicamentos “indispensáveis à melhoria da qualidade de vida” destes doentes.

O Bloco de Esquerda também recomenda, no projeto de resolução, “a implementação de medidas pelo reconhecimento e proteção das pessoas com fibromialgia”.

Para o BE, é essencial que estes doentes vejam “a sua doença efetivamente reconhecida”, assegurando o seu acesso à proteção na saúde, reconhecendo e “acautelando as incapacidades advindas das especificidades” da doença.

Dia 3 de julho
O parlamento vai debater no dia 3 de julho alterações à lei do aborto, analisando propostas da iniciativa de cidadãos “Pelo...

Entre as modificações à lei da interrupção voluntária da gravidez (IVG), propostas pelo movimento, estão o fim da equiparação entre IVG e maternidade para efeitos de prestações sociais e aplicação de taxas moderadoras.

A notícia de que o parlamento discute esta iniciativa ainda nesta legislatura foi avançada pela Rádio Renascença e confirmada por Isilda Pegado.

A conferência de líderes do parlamento tinha decidido no dia 17 deste mês não agendar a discussão desta iniciativa legislativa de cidadãos, propondo que transitasse para a legislatura seguinte.

A iniciativa de cidadãos propõe ao parlamento que, no âmbito do consentimento informado para realizar um aborto, seja mostrada à mulher a ecografia necessária para confirmação das semanas de gravidez, devendo a grávida assinar essa ecografia.

“Entendemos que o consentimento informado é mais do que a assinatura de um papel. É necessário um conhecimento do que é praticado no corpo da pessoa”, explicou Isilda Pegado.

Em relação às taxas moderadoras, o movimento “Pelo Direito a Nascer” pretende que a interrupção da gravidez seja considerada como “qualquer ato médico”, em que só está isento quem tem razões económicas para o efeito.

Isilda Pegado considera que as propostas deste grupo de cidadãos pretendem ter uma “lei de apoio à maternidade, à paternidade e pelo direito a nascer”.

A iniciativa legislativa de cidadãos recolheu cerca de 50 mil assinaturas, 38 mil das quais reconhecidas.

Quando, no dia 17 de junho, a conferência de líderes decidiu adiar esta iniciativa legislativa, foi também acordado que o presidente da Assembleia da República em exercício, Guilherme Silva (já que Assunção Esteves estava em visita oficial à Guiné), iria contactar os promotores da iniciativa e expor-lhes a matéria.

Esta sugestão foi aceite por todos os partidos e o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, afirmou então que não havia qualquer intenção política no adiamento para a próxima legislatura da discussão da iniciativa, justificando-o com a gestão do tempo disponível para os trabalhos parlamentares.

Segundo disse Isilda Pegado, a iniciativa de cidadãos “Pelo Direito a Nascer” soube ontem ao final da tarde do agendamento do debate para dia 3 de julho.

Investigadora portuguesa
Uma investigadora portuguesa descobriu um novo método de diagnóstico precoce e não invasivo do cancro do pâncreas através de...

O estudo, publicado na revista Nature, demonstra que a presença de uma determinada proteína no sangue está relacionada com lesões malignas no pâncreas “e que não são detetáveis por ressonância magnética”, refere nota do Ipatimup (Instituto de Patologia Molecular e Imunologia da Universidade do Porto).

Liderada por Sónia Melo, a investigação demonstrou que as células tumorais do pâncreas produzem exossomas (nano-vesículas) com uma proteína específica – GPC1 – que podem ser detetados numa análise ao sangue.

Os investigadores demonstraram ainda haver uma relação entre a existência daquela proteína no sangue e a presença de lesões pancreáticas iniciais não detetáveis em ressonância.

A investigadora do Ipatimut “descobriu que a presença de exossomas com esta proteína no sangue permite distinguir indivíduos sem doença ou com doença benigna do pâncreas, de doentes com cancro do pâncreas”, acrescenta.

O estudo mostra assim que “a deteção de exossomas com a proteína GPC1, que circulam no sangue de pacientes com cancro do pâncreas, pode ser utilizada como uma ferramenta de diagnóstico não invasiva e como uma ferramenta para detetar fases iniciais de cancro do pâncreas”, conclui o Ipatimup.

Estudo
O número de jovens que afirma sentir fome por não ter comida em casa aumentou em 2014, segundo um estudo que revela ainda que...

O estudo “Health Behaviour in School-aged Children” (HBSC) realizado em Portugal para a Organização Mundial de Saúde, inquiriu 6.026 alunos dos 6º, 8º e 10º anos de escolas de todo o país.

Entre os comportamentos que apresentam alterações ao longo dos últimos anos, destaca-se o “sentir fome por falta de comida em casa”, um fenómeno que aumentou em 2014, depois de se ter mantido estável desde 2006.

O estudo, coordenado pela investigadora Margarida Gaspar de Matos, revela que 99% dos inquiridos relatam ter uma boa nutrição, no entanto 80% ingerem comida não saudável, 75% afirmam comer por vezes demasiado, 66% reconhecem ser esquisitos em relação à comida e 63% reportam comer “o que calha”.

O mesmo estudo conclui que 51% só comem “quando calha”, 35% comem “como um passarinho” e outros 35% afirmam ter dificuldade em parar de comer.

Quanto aos géneros, são os rapazes quem mais frequentemente tomam o pequeno-almoço e as raparigas quem mais frequentemente faz dieta.

Em termos de idades, os mais novos tomam mais frequentemente o pequeno-almoço do que os mais velhos, e estes fazem menos dieta.

O estudo revela ainda que são os rapazes e os mais jovens do grupo de inquiridos os que estão mais frequentemente acima do peso, mas são também quem mais frequentemente afirma ter um “corpo perfeito”.

Um outro estudo incluído num projeto europeu, intitulado “Tempest” e também coordenado em Portugal por Margarida Gaspar de matos, inquiriu 1.200 jovens de todo o país entre os 9 e os 17 anos de idade.

Ainda sobre a alimentação, os dados deste estudo relativos a 2014 indicam que as raparigas têm mais auto-regulação, mais preocupação com a nutrição e mais influenciadas pela cultura familiar no que respeita à nutrição.

Os jovens mais velhos do grupo de inquiridos são mais influenciados pelo ambiente, no que à alimentação diz respeito, são menos monitorizados pela família, revelam menos auto-regulação e menos preocupação com a nutrição.

As famílias constituem um importante fator de regulação externa da alimentação dos adolescentes, mas mais no grupo dos mais jovens do que no dos mais velhos, que, no entanto, ainda não têm suficiente auto-regulação.

Os inquiridos consideram como principais suportes sociais a uma boa alimentação “jantar com a família”, “não petiscar entre as refeições” e “aprender a cozinhar e cozinhar refeições”.

O estudo Tempest avaliou também quais as preocupações dos adolescentes e como é que eles as enfrentam, tendo concluído que as preocupações são, desde 2012, os assuntos escolares (classificações, fracassos, professores e escolhas futuras), amigos/namorados (afetos, dúvidas e perdas) e assuntos familiares (conflitos e saúde).

No entanto, o estudo destaca que em 2014 surgiu uma nova inquietação entre os jovens, que não era apresentada nos anos anteriores: “preocupações económicas”.

Para fazer face a estes problemas, os jovens dizem que se livram deles evitando-os (dormindo ou não pensando), distraindo-se (com atividades alternativas como divertimentos, comida, musica, internet, televisão, livros ou desporto) ou através de apoio dos amigos (conversarem ou estarem juntos).

Os jovens mais velhos do grupo (inquiridos também nos anos anteriores do estudo) apresentaram em 2014 pela primeira vez uma nova forma de enfrentar as preocupações, acrescentando a hipótese “resolver o problema” às três anteriores.

Em setembro
A UBI vai abrir em setembro próximo um mestrado inovador de cariz europeu em Care and Technology, destinado sobretudo a...

“Com a população europeia cada vez mais envelhecida, os cuidados de saúde assumem um papel importantíssimo na sociedade atual e futura, os quais deverão ser otimizados, quer em custos, quer em tempo e melhoria dos cuidados prestados, visando resultados otimizados. Isto só será possível se os profissionais que já trabalham nestas áreas recorrerem e desenvolverem tecnologia aplicada à área em questão” sublinha Miguel Castelo-Branco, docente da Faculdade de Ciências da Saúde e membro do steering committee do novo mestrado.

As tecnologias clínicas de diagnóstico, monitorização, tratamento e reabilitação têm vindo a desenvolver-se rapidamente, na sequência dos progressos alcançados na investigação de materiais, mecatrónica, tecnologias de informação e comunicação e ciências biológicas e bioquímicas. Paralelamente, os indicadores demográficos e o permanente aumento dos custos de serviços de saúde determinam a necessidade de uma mudança de paradigma na prestação de cuidados de saúde. Em breve, a atitude dos profissionais deixará de assentar no "cuidar de" para se converter em "apoio a utentes e cuidadores informais na sua autogestão". Por outro lado, é necessário desenvolver novas abordagens de negócio para a constituição de um modelo de prestação de cuidados de saúde sustentável e de qualidade.

Ao relacionar o conhecimento interdisciplinar com questões, problemas e ideias no âmbito dos cuidados de saúde e das novas tecnologias, cria-se uma abordagem mais interativa e inovadora, configurada no modelo das tendências dos cuidados de saúde a curto e médio prazo. O que se pretende com o curso é estabelecer “uma interface entre as novas tecnologias e os profissionais de saúde que as usam e têm ideias para as fazer funcionar”, acrescenta Miguel Castelo-Branco.

Destinado a licenciados nas áreas da saúde (médicos, enfermeiros e técnicos de reabilitação) e tecnologia (nos âmbitos da biotecnologia, ciências biomédicas, sistemas de informação, engenharia mecânica e outras), o curso tem a duração de dois anos e é concluído com a apresentação da dissertação, cujo tema será escolhido pelo próprio, tendo por base o seu percurso e necessidades profissionais. O candidato irá integrar um programa interdisciplinar tendo como ponto de partida a sua situação profissional numa abordagem inovadora e concreta de aprendizagem partilhada e individual.  

As candidaturas estarão abertas de 1 julho a 27 agosto de 2015.

Mais informação em http://www.master-ct.eu/

Estudo
Um em cada seis adolescentes portugueses entre os 13 e os 15 anos magoaram-se a eles próprios de propósito mais do que uma vez...

Trata-se de um estudo – “Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) - realizado em Portugal para a Organização Mundial de Saúde, que avalia os comportamentos relacionados com a saúde dos jovens em idade escolar desde 1998.

Para o estudo de 2014, foram inquiridos 6.026 alunos dos 6º, 8º e 10º anos de escolas de todo o país.

Os dados mais recentes, relativos ao ano passado, revelam que as auto mutilações estão a aumentar, com 15,6% dos adolescentes (510) do 8º e do 10º ano a referirem ter-se magoado de propósito mais do que uma vez nos últimos 12 meses, sendo que foram 20% os que afirmaram tê-lo feito pelo menos uma vez.

Quando questionados sobre a parte do corpo em que se auto mutilaram, 52,9% (270) afirmaram tê-lo feito nos braços, 24,7% (126) nas pernas, 16,7% (85) na barriga e 22,5% (115) noutras partes do corpo.

O estudo indica igualmente estar a aumentar o número de jovens que afirmam sentir-se “extremamente tristes”.

Relativamente a comportamentos agressivos, e voltando à amostra total (6º, 8º e 10º anos), o estudo indica que 56% das situações de provocação na escola ocorreram no recreio e que cerca de dois terços dos jovens que assistiram não fizeram nada e afastaram-se.

Entre as zonas onde mais ocorrem as provocações, seguem-se “à volta da escola”, os “corredores” e a “sala de aula”.

Quanto aos jovens inquiridos que assistiram a situações de provocações na sua escola, quase 11% afirmaram ter encorajado o provocador.

O cyberbullying também está a aumentar, embora apenas 15,4% dos adolescentes tenha estado envolvido de alguma forma: 7,6% como vítimas, 5,4% como vítimas e provocadores e 2,9% como provocadores.

O estudo conclui também que os jovens com “mais comportamentos saudáveis” são aqueles que “consideram que a família os ajuda a tomar decisões e os que têm amigos com quem partilhar alegrias e tristezas”.

No que respeita à escola, os alunos que revelam mais comportamentos saudáveis são os que gostam da escola e os que consideram que os professores se interessam por eles enquanto pessoas.

Os resultados deste estudo, coordenado em Portugal pela investigadora Margarida Gaspar de Matos, foram apresentados hoje no âmbito do 19º Encontro Europeu da Associação Internacional de Saúde do Adolescente (IAAH).

Miguel Pais Vieira, Neurocientista Enfermeiro
Seduzido pela Saúde e Ciência em menino, foi enfermeiro, e hoje a investigação que faz na Universida

A licenciatura em enfermagem é o começo de um trajeto por outras áreas e outros saberes, e pela investigação em neurociências. Como surge e se desenvolve este trajeto singular?

Dr. Miguel Pais Vieira (MPV): Na verdade a licenciatura em enfermagem não é de todo o começo do meu trajeto. Desde muito novo que me lembro de ter um enorme interesse pela saúde e pela ciência em geral. Tive a felicidade de ter um ambiente familiar extremamente estimulante (apesar de ninguém trabalhar em ciência ou em saúde) e de encontrar professores e orientadores do mais alto nível ao longo da minha formação. Durante o ensino básico, médio e secundário vários professores me apoiaram e permitiram realizar trabalhos extracurriculares relacionados com ciência (organização e classificação de minerais, análise química de compostos, emparelhamento de genes, etc.). É óbvio que estes mentores foram muito além daquilo que é exigido a um professor, pelo que lhes estou enormemente agradecido. Creio, no entanto, que o momento mais determinante se deu no ensino médio quando, graças à enorme generosidade dos Professores Vasco Galhardo e Deolinda Lima, na Faculdade de Medicina do Porto (FMUP), tive a oportunidade de estar envolvido num trabalho de caracterização estrutural de neurónios na medula espinal. Esta foi a primeira vez em que vivenciei o contexto de investigação e foi onde compreendi que cada parcela de conhecimento que está presente num livro de texto resulta do trabalho de muitas pessoas ao longo de vários anos.

É só após estas experiências que surge a licenciatura na Escola Superior de Enfermagem da Imaculada Conceição (atualmente parte do Instituto de Ciências da Saude da Universidade Católica do Porto). A experiência clínica em enfermagem foi, sem dúvida alguma, um período determinante na minha formação como cientista e como pessoa. Foi durante este tempo que vi seres humanos nascerem, morrerem e a terem de aprender a viver com doenças crónicas extremamente debilitantes. Foi também durante este tempo que convivi com os extremos da pobreza e da riqueza. Mais uma vez, também aqui tive o apoio de ótimos professores, que nutriram o meu interesse pela investigação e me aconselharam a continuar os meus estudos. Estas experiências constituem a grande influência da enfermagem no meu percurso e dão sentido a todos os trabalhos que faço.

Pouco depois de terminar a licenciatura em Enfermagem comecei a fazer o mestrado em Ciências Cognitivas/Filosofia na Universidade Católica Portuguesa em Braga (UCP), centrado no estudo da resposta placebo, sob a orientação do Professor Alfredo Dinis. Em simultâneo fazia investigação em dor, no Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto (IBMC), sob a orientação do Professor Vasco Galhardo. Apos este período, continuei a trabalhar no mesmo grupo de investigação e fiz o doutoramento na FMUP (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto), centrado nos défices cognitivos induzidos pela dor em modelos animais, e ao mesmo tempo comecei a lecionar na UCP em Braga.

Como surge a oportunidade de integrar a equipa de um investigador que é referência mundial nas neurociências, Miguel Nicolelis?

MPV: Já no final dos meus trabalhos de doutoramento realizei registos da atividade neuronal através de multielétrodos, uma técnica que permite analisar em simultâneo a atividade de múltiplos neurónios em sujeitos acordados, para estudar a tomada de decisão em roedores com dor crónica. Esta técnica foi desenvolvida pelo Professor Miguel Nicolelis da Universidade de Duke, nos EUA, que, por esta altura, tinha posições abertas para doutorados. Como o Professor Nicolelis sempre tinha sido uma referência importante para o meu trabalho científico, concorri a uma destas posições e, felizmente, fui aceite.

Que importância a Enfermagem teve e continua a ter para a atividade de neurocientista?

MPV: A enfermagem é uma profissão nobre e extremamente bela onde o ser humano pode atingir os mais altos níveis de realização pessoal. Creio que a possibilidade de o profissional de saúde interferir na vida de um individuo de forma significativa em períodos críticos (nascimento, morte, doença, etc.) constitui uma fonte de poder que, se for adequadamente utilizado, proporciona um enorme bem-estar e crescimento pessoal, tanto para o cuidador, como para o individuo cuidado.

O trabalho que eu realizo neste momento tem muito de ciência básica (por exemplo: estou a estudar o sistema somatosensitivo em roedores e macacos). No entanto, em todos os trabalhos que são realizados tento avaliar qual seria a viabilidade de manipular os mecanismos descritos de forma a desenvolver uma nova terapia ou aplicação. Portanto, uma boa compreensão do funcionamento de um sistema é definitivamente um avanço importante para que se possa começar a pensar em abordagens clínicas. Assim, tento sempre não me esquecer de que a ciência básica pode contribuir de forma significativa para as grandes questões com que os profissionais de saúde se deparam.

Quais os grandes desafios que hoje se lhe colocam?

MPV: Estamos num período extremamente interessante na história das neurociências. Existe uma abertura geral do público para a saúde mental, assim como para os potenciais benefícios que os avanços nas neurociências podem trazer. Isto faz com que, tanto a classe política, como alguns particulares, apoiem a investigação nesta área. Alguns exemplos desta abertura e interesse massivo são os dois megaprojetos que visam o estudo do cérebro realizados na Europa (‘Human Brain Project’) e nos EUA (‘The Brain Initiative’).

De certa forma, os grandes desafios que me são colocados neste momento continuam a ser os mesmos que se colocam a todos os outros investigadores. Como tratar condições como o autismo, lesões da espinal medula, epilepsia, dor cronica e esquizofrenia? Apesar de estarem a ser realizados enormes avanços técnicos e clínicos em múltiplas áreas, continuamos a ter situações extremamente graves para as quais não há cura.

Tenho uma enorme esperança de que a maior consciencialização do público e do poder político para a importância das neurociências, em conjunto com estes novos megaprojectos e outros, venham a dar frutos no futuro. Estes frutos irão aparecer, não só nas aplicações diretas que estão a ser geradas, mas também pelo facto de se começar a pensar sobre o funcionamento do cérebro de uma forma totalmente nova e mais complexa.

Como vê o seu trajeto profissional daqui a 10, 20 ou 30 anos? A Enfermagem terá lugar?

MPV: No meu trajeto pessoal, creio que ainda vou ter muitas surpresas. Neste momento gostava de desenvolver os meus atuais projetos, onde tentamos compreender como múltiplas regiões do cérebro processam informação em tempo real, e de que forma isto pode ser utilizado, quer para descrever as funções do cérebro, quer para o desenvolvimento de novos tratamentos. Creio que estes objetivos são suficientemente amplos e, até certo ponto, realistas para me manter ocupado durante os próximos 30 anos.

Relativamente à enfermagem, creio que esta terá sempre um lugar privilegiado em tudo o que faço, uma vez que faz parte da minha história e da minha formação. É interessante verificar que os desenvolvimentos da neuroengenharia começam agora a chegar ao grande publico. Por exemplo, começam a aparecer os primeiros exoesqueletos comerciais para locomoção, assim como as primeiras aplicações controladas diretamente por EEG (electroencefalografia). À medida que estes objetos passem a fazer parte do nosso quotidiano eles também vão lentamente entrar no quotidiano do profissional de saúde.

Vai ser certamente interessante ver as primeiras equipas de saúde a reunirem-se para discutir, por exemplo, qual vai ser o protocolo aplicado a um paciente diabético e com úlceras de pressão que comece a utilizar um exoesqueleto. Por exemplo, quanto tempo por dia deve o indivíduo utilizar a prótese? Como se controla a pressão arterial de um individuo que esteve anos acamado e que agora pode estar em pé? Que intervenções de enfermagem são necessárias para que se avalie diariamente a evolução da plasticidade cerebral num paciente que adquiriu uma neuroprotese? Qual é o grau de independência que se considera como sucesso ou insucesso na utilização de uma neuroprotese? Há inúmeras questões extremamente interessantes que irão surgir e que, sem dúvida, irão criar todo um novo campo dentro da enfermagem e, de forma mais geral, nos cuidados de saúde. Neste momento parece-me que seria aqui que eu poderia ter uma maior ligação à enfermagem, portanto como um facilitador da comunicação entre os elementos da equipa saúde. Isto envolveria tentar prever diagnósticos e intervenções de enfermagem a partir de uma perspetiva de quem estudou os mecanismos fisiológicos e desenvolveu os engenhos utilizados no tratamento.

Nos últimos tempos a sua equipa surpreendeu a comunidade científica com os resultados de uma experiência de comunicação cerebral à distância entre dois ratos, e posteriormente reeditada com cérebros humanos. Pode-a explicar sumariamente?

MPV: É interessante e importante referir a “equipa” porque de facto todos estes trabalhos resultam do esforço de muitas pessoas ao longo de vários anos.

No final dos anos 90 a equipa do Professor Nicolelis tinha demonstrado em ratos e em macacos que era possível utilizar a atividade neuronal para controlar braços mecânicos ou alavancas. Estas provas de princípio demonstravam que, mesmo que houvesse uma incapacidade de o cérebro comunicar com uma determinada estrutura (como acontece por exemplo após uma lesão completa da medula espinal), o cérebro ainda retinha a capacidade de produzir esses comandos. Esta noção é de extrema importância porque indica que é possível descodificar um output do cérebro para controlar uma máquina e esta realizar uma ação específica.

Por outro lado, sabia-se que a microestimulação do tecido cerebral, através da injeção de corrente elétrica, era suficiente para gerar cativação de neurónios e, por exemplo, induzir movimentos ou sensações específicas. Esta observação é um indicador claro de que através de uma técnica de estimulação (elétrica ou outra) é possível gerar inputs diretamente para o cérebro. Em 2011, no livro Muito para além do nosso Eu (Beyond Boundaries), o Professor Nicolelis propôs que se combinassem estas duas técnicas, de tal forma a que atividade neuronal relacionada com a experiencia táctil de um rato a realizar uma tarefa fosse registada, descodificada e enviada em tempo real para um segundo rato numa localização diferente. Este segundo sujeito receberia a informação relevante diretamente no seu córtex somatosensitivo através de estimulação elétrica. Depois de interpretar esta informação, o segundo sujeito deveria realizar exatamente a mesma ação que foi realizada pelo primeiro sujeito.

O objetivo desta experiencia era demonstrar a possibilidade de criar um novo canal de comunicação artificial onde dois cérebros podem partilhar informação sem que seja necessário o uso dos sentidos. Apesar de a aplicação clínica mais óbvia ser o síndrome de locked in e algumas doenças neurodegenerativas (onde os indivíduos estão conscientes, mas são incapazes de comunicar), existe um grande numero de aplicações que ainda estão a ser testadas e/ou idealizadas.

Referem ser uma nova forma de comunicação que não existe na natureza. O princípio de algo que se poderia vir a designar de computador orgânico...?

MPV: Sim, este é um novo tipo de comunicação que utiliza um canal artificial. Um aspeto extremamente interessante, e que esperamos que venha a dar frutos nos próximos tempos, é a possibilidade de estender o interface cérebro-a-cérebro (Brain-to-Brain Interface) a múltiplos cérebros, de tal forma que a informação possa ser processada à semelhança do que se verifica num computador. A vantagem neste caso seria a de que o cérebro é capaz de solucionar determinados problemas em que os computadores têm imensa dificuldade.

Uma investigação que cria a esperança de, no futuro, se poder realizar a reparação eletrónica de tecidos cerebrais. Que, por exemplo, faça com que tetraplégicos voltem a andar, que permita a recuperação de cegueira, dos danos do AVC…?

MPV: Felizmente a investigação em neuroengenharia começa a ser cada vez mais reconhecida e, neste momento, já se começam a verificar vários avanços importantes. Por exemplo, neste momento já dois outros grupos de investigação reproduziram o princípio básico apresentado no nosso resultado, tendo demonstrado em humanos a possibilidade de comunicação cérebro-a-cérebro não invasiva. Por outro lado, utilizando a mesma noção de registo-descodificação-estimulação, vários outros grupos já desenvolveram neuropróteses para restituir a memória (em ratos e em macacos), para melhorar a atividade motora num modelo animal de AVC (em ratos), e para restabelecer a comunicação entre o cérebro e a medula espinhal (em macacos).

A nível de humanos, no ano passado o grupo do Professor Nicolelis apresentou na abertura do campeonato do mundo de futebol um exosqueleto (i.e. uma veste robótica) controlado por atividade neuronal registada com EEG. Este exosqueleto é dotado de feedback táctil que permitiu a Juliano Pinto, um indivíduo com paraplegia, andar e pontapear uma bola de futebol. A particularidade deste exoesqueleto, relativamente a outros, era o facto de os sensores colocados no exosqueleto transferirem informação para o tronco do indivíduo em tempo real. Isto permitia ao indivíduo sentir no seu tronco em que momentos é que o exoesqueleto tinha tocado no chão. Aos poucos os vários sujeitos testados aprenderam a utilizar este feedback para controlarem o exosqueleto, e verificou-se uma melhoria de múltiplos parâmetros clínicos inesperados (por exemplo presença de movimentos dos membros inferiores em indivíduos diagnosticados com lesão total da medula espinhal). No dia da abertura do campeonato do mundo, espantosamente, o comentário dele foi “Eu senti!”. Estes avanços dão-nos uma enorme esperança e satisfação de poder dar um pequeno contributo para a ciência e, de facto, criam esperança no futuro.

Que outros campos de aplicação se perspetivam para os resultados da investigação da sua equipa?

MPV: Nestes últimos dois anos temos estado a trabalhar e a pensar em vários campos de aplicação destes novos interfaces. Algumas aplicações são óbvias e já estão a surgir, quer através do nosso trabalho, quer através de outros grupos. Estes avanços, só por si, são extremamente interessantes e indicadores de que esta tecnologia vai ser determinante para a sociedade num futuro não muito distante.

No entanto, creio que as ideias atuais ainda não esgotam totalmente as possibilidades deste novo canal artificial de comunicação. Repare-se que a transferência de informação está, na sociedade atual, envolvida em quase todas as nossas ações e, no entanto, os avanços que referi apenas abordam uma pequena parcela do conhecimento. Como tal, é óbvio que ainda há um sem número de possibilidades de transferência de informação que podem ser exploradas. A questão fulcral agora será: “Em que condições em que poderá haver um maior beneficio em transferir a informação diretamente através do cérebro em vez de utilizar os canais sensoriais regulares?” A resposta a esta questão irá determinar o sentido em que a busca do conhecimento ira prosseguir neste momento imediato, mas certamente num futuro mais distante outras questões serão mais relevantes.

Encara o regresso a Portugal? Qual a sua visão geral da investigação em Portugal? E nas Neurociências?

MPV: Relativamente à investigação em Portugal, creio que está com um nível muitíssimo elevado. É frequente ouvir-se falar a nível internacional de resultados de artigos científicos de grupos portugueses ou de investigadores portugueses residentes no estrangeiro, o que confere um selo de qualidade e aprovação à nossa investigação e à nossa formação. Creio que esta qualidade da investigação portuguesa se está a verificar, não só na área das neurociências, mas em múltiplos domínios científicos. É verdade que alguns aspetos poderiam ser melhorados, mas verifico que muitas pessoas, a todos os níveis, se estão a esforçar seriamente para continuar a elevar o nível da nossa investigação.

Relativamente ao regresso à pátria. Portugal é o meu país e nada pode mudar isso. Como tal, a ideia do regresso é sempre uma possibilidade presente. Uma vez que o nosso país está com um nível elevado de investigação, esta vontade de regressar torna-se ainda mais apeladora e realista. Tenho, por outro lado, de compatibilizar esta vontade com as oportunidades de carreira e com as necessidades da família. Como tal, a data do meu regresso é ainda uma incógnita.

Se pudesse alterar, o que tornaria diferente na Saúde para os portugueses? Qual é hoje a sua visão dos cuidados de Enfermagem?

MPV: Eu estou fora do país há quase 6 anos e já não exerço enfermagem há 12 anos, pelo que tenho uma enorme dificuldade em propor alguma medida que considere útil e que seja baseada numa opinião informada. Das conversas que vou tendo com amigos e colegas que trabalham em Saúde, verifico que têm passado por enormes dificuldades, não só pelas pressões que a situação económica esta a gerar dentro do ambiente de trabalho, como pelos efeitos que está a ter na sua vida pessoal. 

No entanto, fico extremamente feliz por verificar que, dentro destas enormes dificuldades, a maior parte destas pessoas ainda consegue encontrar força para fazer um bom trabalho e glorificar a sua profissão como algo de precioso e importante para os restantes cidadãos.

 

Links uteis:

Conferencia TED do Professor Miguel Nicolelis

http://www.ted.com/talks/miguel_nicolelis_brain_to_brain_communication_has_arrived_how_we_did_it?language=en

Primeira demonstracao de comunicacao cerebro-a-cerebro

http://www.nature.com/srep/2013/130228/srep01319/full/srep01319.html

 

Nota Biográfica:

Miguel Pais-Vieira nasceu no Porto, mas prefere assumir-se como natural de São João da Madeira.

Em 2003 terminou a licenciatura em Enfermagem na Escola Superior de Enfermagem da Imaculada Conceição (atualmente Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica do Porto). Em 2005 terminou o mestrado em Ciências Cognitivas na Faculdade de Filosofia de Braga, onde estudou a resposta Placebo sob a orientação dos Professores Alfredo Dinis e Vasco Galhardo. Em 2009 terminou o doutoramento na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, onde estudou défices cognitivos induzidos por dor crónica, sob a orientação dos Professores Vasco Galhardo e Deolinda Lima. Entre e 2009 e 2014 trabalhou como pós-doutor no laboratório do Professor Miguel Nicolelis na Universidade de Duke, nos Estados Unidos da América, estudando a integração sensoriomotora em roedores e macacos. Desde 2014 que é cientista associado no mesmo laboratório.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Prevenir odores e infecções
O tracto genital feminino possui vários mecanismos de defesa que actuam de forma sinérgica e complem

Durante a infância e pré-puberdade há factores que podem ser desencadeantes de infecção genital na criança por conferirem menor protecção ao tracto genital, entre os quais a baixa concentração de estrogénios, o pH alcalino e uma fraca colonização por lactobacilos, que nesta fase ainda não se sobrepõe a outros microrganismos potencialmente patogénicos.

Após o início da produção hormonal de estrogénios na puberdade, aumenta a colonização por lactobacilos, o que permite o equilíbrio adequado da flora existente e o pH torna-se ácido.

Nas mulheres em idade reprodutiva, a mucosa vaginal responde ao ciclo hormonal. Quanto ao período menstrual, tem associadas algumas características próprias: a concentração de Candida albicans é superior mais próximo da menstruação; na pele da vulva em contacto com a menstruação surgem alterações da flora microbiológica local devido ao fluxo menstrual tornar o pH vaginal menos ácido ou mesmo alcalino, o que favorece o desenvolvimento de outros microrganismos que não os lactobacilos e que podem ser patogénicos (os lactobacilos demonstraram ter uma função preventiva muito importante contra a infecção do aparelho urinário e a vulvovaginite por Candida, ambas muito frequentes na população feminina).

Durante a gravidez há maior quantidade de secreção vaginal, a concentração dos lactobacilos eleva-se e o pH torna-se mais ácido. Mesmo apesar destes factores protectores, quase todas as grávidas referem corrimento vaginal, prurido ou comichão e ardor em algum momento da gravidez e podem ocorrer infecções genitais persistentes, aumentando o risco de parto pré-termo.

Com a menopausa, o pH e a flora vaginais tornam-se semelhantes aos da infância devido ao declínio da produção hormonal, com atrofia da mucosa vaginal e dificuldade de manutenção do pH e flora ideais.

A grande preocupação das mulheres é que a falta de higiene da área genital possa promover o desenvolvimento de corrimentos, odores desagradáveis e infecções. A perda de sangue e/ou corrimento vaginal e a perda de urina são situações frequentes no quotidiano feminino. A maceração de células mortas, especialmente em mulheres obesas e que acumulam muita transpiração, contribui para o aumento do número das bactérias que colonizam a pele e para a formação de odores desagradáveis.

O equilíbrio da barreira cutânea pode ser facilmente alterado pelo uso de determinado tipo de vestuário, de pensos higiénicos, menstruação e uso de produtos de higiene inadequados.

De realçar que produtos com muita detergência, propriedade bastante desejada pela maioria das mulheres, pode remover excessivamente a camada lipídica que protege a pele, promovendo desta forma a secura vulvar, com aparecimento de prurido ou comichão. Assim, é importante a manutenção da função de barreira da vulva e do pH ácido nesta região através dos cuidados de higiene e hábitos adequados, evitando a oclusão e o uso de produtos alcalinos e escolhendo produtos com detergência suave, que formem pouca espuma – e que por isso afectem menos a barreira cutânea.

A higiene íntima feminina define-se, portanto, como as práticas de higiene da região anogenital da mulher, para mantê-la livre de humidade e resíduos (urina, fezes, fluidos). Compreende o uso de produtos cujas propriedades deverão contribuir para o bem-estar, conforto, segurança e saúde da mulher, prevenindo as infecções.

Normalmente, a água apenas remove os catabólitos orgânicos hidrossolúveis, não sendo eficaz na remoção de partículas sólidas e menos ainda na remoção de gordura, pelo que é necessário adicionar um agente de limpeza.

Os agentes de limpeza não têm a finalidade de esterilizar a região que, como vimos, é normalmente colonizada por bactérias, mas sim garantir a eliminação de resíduos, de secreções e cumprir as seguintes propriedades: dermocompatibilidade com as mucosas, não irritar nem secar, não alterar a função de barreira, manter o pH ligeiramente ácido, ter acção refrescante e desodorizante, viscosidade adequada e capacidade espumante.

Os detergentes facilitam a emulsificação suave das gorduras e a remoção de partículas microscópicas de papel, células mortas da pele, urina/fezes e sangue menstrual. No entanto, é importante realçar que produtos com muita detergência, propriedade em geral bastante desejada pela maioria das mulheres, pode remover excessivamente a camada lipídica que protege a pele e desta forma, promover secura vulvar, com aparecimento de prurido ou comichão. Assim, é importante escolher produtos com detergência suave, que formem pouca espuma – e que por isso afectem menos a barreira cutânea.

Os sabões comuns apresentam-se quase sempre na forma sólida e têm pH alcalino que pode destruir a camada superficial lipídica da pele, levando a uma secura excessiva e dificultando a multiplicação dos lactobacilos, o que contribui para o desequilíbrio da flora existente e do pH. Os sabões transparentes (ex: sabonete de glicerina), pelo seu excessivo conteúdo em glicerina, podem absorver água em excesso para fora da pele, causando potencialmente mais secura e irritação cutâneas. Por outro lado, por poderem ser compartilhados por outros membros da família, potenciam a contaminação. São, portanto, preferíveis sabonetes líquidos íntimos à base de ácido láctico (por este ser um componente natural da pele), com acção detergente suave e com pH neutro ou ligeiramente ácido, capaz de manter o pH o mais próximo do ideal para o desenvolvimento e manutenção das células da pele e dos lactobacilos.

Técnica de higiene
A vulva, a região púbica, a região perianal e a raiz das coxas deverão ser higienizados com água corrente (para favorecer a remoção mecânica das secreções) e com produtos de higiene, fazendo movimentos que evitem trazer o conteúdo perianal para a região vulvar e que atinjam todas as dobras sem excepção. Os banhos de assento estarão indicados somente quando houver recomendação médica. Não se recomenda a introdução de água e/ou outros produtos no interior da vagina (lavagens vaginais). Secar cuidadosamente (sem esfregar a pele vulvar) as áreas lavadas com toalhas secas e limpas, que não agridam o epitélio da região.

Frequência de higienização
Em geral, 1-3 vezes ao dia, dependente do clima, actividade física e doenças associadas.

Após o acto sexual e logo após o término das actividades físicas, lavar a área genital externa (não são recomendadas lavagens vaginais), para evitar que o suor e outras secreções irritem a pele da vulva.

No período perimenstrual e menstrual, a higiene deve ser mais frequente, para reduzir os factores agravantes da irritação vulvar.

No puerpério recente, recomenda-se maior frequência de higienização (a higiene deve ser feita como no período menstrual).

Na infância, deve ser feita a higiene diária com banho diário e após a defecação, com sabonetes líquidos e procurando secar cuidadosamente a região anogenital.

Após a menopausa, lavar no máximo 2 vezes ao dia, usando produtos com pH próximo do fisiológico para evitar maior secura e consequente prurido ou comichão.

Tipo de produto
Preferencialmente, produtos apropriados para a higiene anogenital que sejam hipoalergénicos, com adstringência suave e pH ácido.

Quando a pele se encontra mais seca, especialmente após a menopausa, deve proceder-se a hidratação da pele através do uso de fórmulas não oleosas as quais devem ser aplicadas apenas nas regiões de pele, assim como se faz nas demais áreas do corpo. Os hidratantes deverão ser gel ou cremes vaginais de base aquosa e com pH ácido e compatíveis com a mucosa vaginal.

Forma de apresentação
Preferencialmente, produtos de formulação líquida, pois os produtos sólidos, além de serem mais abrasivos, geralmente apresentam pH muito alto (alcalino) e são normalmente compartilhados por toda a família, o que facilita a contaminação. Não usar o vulgar sabão “azul e branco”.

Tempo de higienização
O tempo de higiene genital não deve ser superior a 2-3 minutos, para evitar a secagem excessiva local.

 

Adaptado de: Sociedade Portuguesa de Ginecologia. Revisão dos Consensos em Infecções Vulvovaginais. Capítulo 1 Higiene Genital Feminina – Guia Prático. Ericeira, 2012.

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Bayer HealthCare e Universidade Johns Hopkins
A Bayer HealthCare e a Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, Maryland, EUA, celebraram um acordo de colaboração de cinco...

Os parceiros vão trabalhar conjuntamente na descoberta e desenvolvimento de medicamentos inovadores para o tratamento de doenças graves do compartimento posterior do olho que afetam muitas pessoas em todo o mundo, incluindo a degenerescência macular da idade (DMI), edema macular diabético (DME), atrofia geográfica, doença de Stargardt e oclusão da veia da retina (OVR).

"A Bayer está fortemente empenhada em expandir ainda mais os seus esforços de investigação na área das doenças da retina", disse o professor Andreas Busch, director da Global Drug Discovery e membro do Comité Executivo da Bayer HealthCare. "O conhecimento profundo do Instituto Wilmer Eye ao nível da biologia da doença ocular e do apoio ao doente e a experiência da Bayer na descoberta e desenvolvimento de medicamentos em oftalmologia complementam-se perfeitamente. Estamos satisfeitos com a parceria com este instituto de renome que está entre as principais instituições científicas e clínicas em oftalmologia em todo o mundo.”

O objetivo da aliança estratégica de investigação é acelerar a tradução de abordagens inovadoras do laboratório para a prática clínica, em última análise, oferecendo aos doentes novas opções de tratamento para várias doenças da retina.

"Há uma necessidade crítica de novas terapêuticas que tratem uma variedade de doenças graves do olho", disse Peter J. McDonnell, diretor do Instituto Wilmer Eye e professor de oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins. "A pesquisa adicional vai permitir-nos a oportunidade de fazer progressos significativos nesta área."

Segundo o acordo, a Bayer e o Instituto Wilmer Eye of Johns Hopkins conduzirão de forma conjunta atividades de investigação para avaliar novas metas e mecanismos da doença, tecnologias de distribuição de medicamentos e biomarcadores para doenças do compartimento posterior do olho com elevadas necessidades terapêuticas não atendidas. Ambas as partes irão contribuir com pessoas e infra-estruturas para tratar de questões científicas importantes. A Bayer terá uma opção para o uso exclusivo dos resultados de colaboração. Os termos financeiros do acordo não foram divulgados.

Hospital CUF Infante Santo e Clínica CUF Miraflores
Principais destinatários são fumadores, consumidores habituais de bebidas alcoólicas, portadores de HPV e pessoas com problemas...

O Hospital CUF Infante Santo e a Clínica CUF Miraflores promovem esta sexta-feira, dia 26 de junho, um rastreio gratuito do cancro oral e maxilofacial. Os principais destinatários deste rastreio são fumadores, portadores do vírus do Papiloma Humano (HPV), consumidores habituais de bebidas alcoólicas e indivíduos com problemas dentários, uma vez que a má higiene oral contribui para o aparecimento de cancro.

O carcinoma da cabeça e pescoço é o 6º cancro mais comum em todo o mundo e corresponde a cerca de 4% de todos os cancros em Portugal. O cancro oral é mais frequente nos homens, acima dos 45 anos de idade, aumentando consideravelmente até aos 65 anos.

O rastreio consiste essencialmente no exame clínico da cabeça e pescoço das pessoas. Processa-se através da observação e palpação minuciosa da pele, partes moles e duras, mucosa oral e orofaringe, glândulas salivares e pescoço. A inspeção cuidada e a palpação podem ajudar a diagnosticar precocemente múltiplas lesões como úlceras da mucosa oral, língua, pavimento bucal, orofaringe, manchas de pigmentação ou tumefações faciais, do pescoço e dos maxilares.

O rastreio pode salvar vidas, porque é altamente relevante no diagnóstico precoce, em paralelo com a maior possibilidade de cura e erradicação total das lesões.

A cirurgia maxilofacial no Hospital CUF Infante Santo
A Unidade de Cirurgia Maxilofacial do Hospital CUF Infante Santo demora cerca de uma a duas semanas a intervir cirurgicamente nestes casos, o que se trata de um fator favorável a um melhor prognóstico.

Na cirurgia, quando é necessária a reconstrução, esta efetua-se apenas a um tempo operatório, o que beneficia igualmente o doente. Conta ainda com um enorme apoio anestésico, de cuidados intensivos e medicina interna.

O doente é seguido em consulta de grupo com a Oncologia Médica, unidade especializada que trabalha em colaboração constante com a unidade de Cirurgia Maxilofacial, e que poderá ponderar outras atitudes terapêuticas se indicado.

Fatores de risco
O tabaco e o álcool são os principais fatores de risco no desenvolvimento do cancro oral. O fumo do tabaco está relacionado com diversas transformações na mucosa oral e tem um efeito carcinogéneo direto nas células epiteliais.

Calcula-se que oito em cada 10 doentes diagnosticados com cancro oral fumem ou tenham fumado, tendo estes doentes um risco cinco a sete vezes superior de desenvolverem cancro oral quando comparados com não fumadores. No entanto, o tratamento dos tumores da cavidade oral, diagnosticados atempadamente, apresenta taxas de sucesso muito elevadas.

O rastreio gratuito no Hospital CUF Infante Santo e na Clínica CUF Miraflores realiza-se esta sexta-feira, dia 26 de Junho, nos seguintes horários:

CUF Infante Santo
Horário: das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00
Localização: Edifício Av. Infante Santo nº 34 | Gabinete 6.8
Sujeito a marcação através do telefone 213 926 100

CUF Miraflores
Horário: das 09h00 às 18h00
Localização: Gabinete 2.2
Sujeito a marcação através do telefone 211 129 550

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde explicou que um aumento dos custos da saúde não significa necessariamente uma subida de impostos e que o...

“Os maiores custos produzidos pela saúde no futuro próximo (matéria indiscutível) serão suportados pelos impostos, a menos que os portugueses decidam outras formas de financiamento, e este debate está por fazer. Em todo o caso, maiores custos não significam automaticamente aumento de impostos (maior carga fiscal sobre os contribuintes), pois pode haver espaço para uma redistribuição das receitas fiscais”, esclareceu o ministério em nota enviada à comunicação social.

Esta explicação surgiu na sequência de declarações do ministro Paulo Macedo que, numa conferência em Oeiras, assumiu que os custos do Serviço Nacional de Saúde vão aumentar e que deve ser discutida a sua forma de financiamento.

Paulo Macedo, que falava aos jornalistas à margem da conferência "Cuidados de Saúde no Futuro", lamentou que atualmente não se discuta as formas de financiamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma vez que "é claro" que os custos vão aumentar.

As declarações do ministro foram inicialmente interpretadas por jornalistas como uma admissão de aumento de impostos, o que o ministério veio a esclarecer que a discussão do financiamento não significa automaticamente maior carga fiscal sobre os contribuintes.

"Sendo certo que os custos irão crescer e sendo adquirido que esses custos serão suportados, como é consensual no nosso país, de forma solidária, genericamente, através dos impostos, então terá de haver uma parcela orçamental maior para a Saúde e essa parcela terá de vir dos impostos, além de outras formas como ganhos de eficiência”, afirmou o Ministério da Saúde.

Paulo Macedo lamenta ainda que não haja discussão sobre as formas de financiamento do SNS considerando que as opções devem ser apresentadas aos portugueses, "a quem cabe escolher".

"Nós vamos ter um aumento com os custos da saúde, depois dizem que é preciso ser financiado, mas ninguém diz como. Ora, o financiamento, ou é feito de uma forma solidária como é hoje, genericamente, através dos impostos dos portugueses, ou é feito de outras formas, que nós recusámos, ou é feito (...) como outro tipo de financiamento, designadamente aquelas que lançámos sobre uma tributação adicional sobre a indústria farmacêutica", afirmou o ministro em Oeiras.

"A conversa de que os custos na saúde vão crescer, que os novos medicamentos vão custar muitíssimo mais e depois ninguém diz aos portugueses quais são as opções para depois poderem escolher, porque é a eles que cabe discutir, isso é a má discussão ou ausência de discussão", sustentou.

Na opinião de Paulo Macedo, o SNS "deve ser financiado preferencialmente como é hoje, com os impostos dos portugueses de uma forma solidária, em que aqueles que podem mais têm impostos progressivos, pagam mais, sabendo que há pessoas que têm acesso como deve ser ao SNS, mas que pagam zero de imposto de IRS".

Já na sua intervenção, no encerramento da conferência, o ministro deixou claro que "o Serviço Nacional de Saúde vai ter mais custos e não vale a pena enganar as pessoas".

"Os cuidados de saúde vão ser crescentes, os custos na saúde vão ser crescentes. Temos de antecipar as discussões sobre o financiamento. Se queremos continuar a financiar a saúde pelos impostos, ou se deve haver outra maneira. Para mim, a principal fonte de financiamento devem ser os impostos progressivos de forma solidária e devemos ver qual a repercussão disso", frisou.

Especialista alerta
Queixas de má digestão ou digestões difíceis, de azia e enfartamento são muito frequentes.
Homem indisposto devido a azia ou enfartamento

Quem não teve já a sensação de que o estômago está a arder e essa queimadura sobe até à garganta?! Quase todos nós. É verdade é uma sensação muito frequente e chama-se azia. “A azia é um sintoma que se estima que afecte cerca de 10% da população portuguesa”, refere Teresa Laginha, especialista em Medicina Geral e Familiar que explica como se caracteriza a azia: “A azia ocorre quando o esfíncter inferior do esófago - porção do tubo digestivo que se segue à boca e que se continua no estômago, não está competente. Quando esta situação se verifica, uma pequena quantidade de ácido do estômago flui para o esófago e agride o seu revestimento. Ao contrário do estômago, o esófago não tem uma protecção natural contra os conteúdos ácidos. Quando a mucosa do esófago é colocada em contacto com o ácido gástrico, pode ocorrer uma sensação de ardor, que pode ser também acompanhada por desconforto e dor no peito, garganta e estômago, tosse e regurgitação de ácido – sintomas que podem durar de alguns minutos até algumas horas”.

Apesar de poder afectar qualquer indivíduo em qualquer altura da vida, as pessoas com excesso de peso, as polimedicadas e as grávidas são os grupos mais afectados pela azia.

Frequentemente acompanhada da azia coexiste também a sensação se digestão difícil ou de enfartamento que se define por um “sentimento indefinido de desconforto no abdómen superior ou no estômago, durante ou depois das refeições. Pode ser acompanhado de sensação de ardor, calor ou dor na área entre o umbigo e a parte inferior do esterno e/ou uma sensação de plenitude, que é desconfortável e ocorre pouco depois de se começar a comer ou no fim da refeição. Já o aumento de volume abdominal ou as náuseas são sintomas menos comuns”, explica a especialista, acrescentando que “as duas situações – azia e enfartamento - não surgem necessariamente em simultâneo, embora muitas pessoas refiram sintomas compatíveis com os dois sintomas”.

Para evitar este desconforto, há que antecipar a situação e prevenir o mal-estar: coma devagar e mastigue muito bem todos os alimentos, faça refeições com porções menores, e procure limitar a ingestão de café e de bebidas alcoólicas. Atenção também à ingestão de fritos, de alimentos com muita gordura ou muito ácidos, como é o caso das frutas cítricas.

Não se deite para dormir logo a seguir à sua última refeição, espere no mínimo duas horas antes de se deitar. Movimente-se, para fazer uma melhor digestão dos alimentos pesados que acabou de ingerir.

Por outro lado, a toma de antiácidos podem constituir uma ajuda para controlar os sintomas da azia e do enfartamento. “Os antiácidos funcionam através da formação de uma barreira de protecção, que ajuda a manter os conteúdos no estômago, evitando que passem para o esófago, onde são prejudiciais. São uma opção segura e indicada para o tratamento desses sintomas e devem ser tomados após as refeições e ao deitar”, explica a especialista em Medicina Geral e Familiar. Porém, como para outras situações clínicas, a persistência do sintoma e a sua intensidade devem implicar uma consulta médica para estudo das causas e despiste de situações mais graves.

Causas da azia e enfartamento

A azia e o enfartamento têm causas semelhantes:

  • Comer de forma rápida ou irregular, que facilita a subida de ácido para o esófago;
  • Ingestão de:
  • - Alimentos ricos em gordura e em fibras que tendem a permanecer mais tempo no estômago;
  • - Alguns alimentos como o chocolate, hortelã e os picantes;
  • - Produtos com tomate ou cebola;
  • - Refeições demasiado volumosas;
  • Tomar:
  • - Bebidas com cafeína e álcool, que tendem a aumentar a acidez do estômago;
  • - Bebidas muito quentes;
  • - Sumos de citrinos;
  • Stress;
  • Alguns medicamentos, como por exemplo, para problemas cardíacos, respiratórios e para hipertensão e diabetes, que podem contribuir para que o estômago produza mais ácido;
  • Excesso de peso;
  • Uso de roupas apertadas, que podem colocar pressão sobre o estômago;
  • Tabaco, que pode estimular a produção de ácido e causar relaxamento do esfíncter (anel do músculo);
  • Deitar ou baixar a cabeça após as refeições;
  • Praticar exercício físico, nomeadamente se aumenta a pressão abdominal, após as refeições.

Cuidados para evitar a azia

Para evitar a azia e reduzir as suas causas devem ser feitas algumas mudanças no estilo de vida e dieta. É aconselhável:

  • Controlo do peso;
  • Fazer refeições pequenas e com maior frequência durante o dia;
  • Comer com tempo e mastigar os alimentos devagar;
  • Evitar os alimentos picantes, ácidos e ricos em gordura;
  • Manter uma posição direita durante a refeição, evitando comer deitado;
  • Usar roupa mais larga e alargar os cintos que podem fazer compressão no estômago;
  • Elevar a cabeceira da cama com a ajuda de umas almofadas para dormir com a cabeça mais elevada;
  • Reduzir o consumo de álcool, de cafeína e refrigerantes;
  • Evitar baixar a cabeça após as refeições;
  • Evitar deitar imediatamente após as refeições.

Para finalizar Teresa Laginha recorda que, “se os sintomas forem severos e não desaparecerem com as medidas descritas, deverá ser consultado o médico ou farmacêutico”.

Por expressa opção do autor, o texto não respeita o Acordo Ortográfico

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Equipa britânica
É uma das condições mais difíceis de explicar e das mais frequentes nas pessoas que tiveram que tirar um olho. Os médicos...

Uma equipa de pesquisadores da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, voltou a focar as atenções da ciência naquela que é uma das condições mais inquietantes da saúde: a síndrome do ‘olho fantasma’, escreve o Sapo Saúde.

Conta a BBC que as pessoas que, por algum motivo, tiveram que remover um olho continuam a sentir dores nesse mesmo olho que já não têm. Além disso, dizem ter visões, mesmo sabendo que se trata de uma situação (até agora humanamente) impossível, mas que a ciência quer provar ou pelo menos tentar explicar.

Depois de analisarem 179 pessoas com melanoma intraocular, os cientistas detetaram que um terço dos inquiridos sofria desta síndrome – também comum no caso de outros membros amputados – e que sentiram dificuldades em abstrair-se desta condição, ou seja, dificuldades em esquecer o facto de já não ter o olho.

Alguns conseguiram contornar os efeitos desta síndrome de forma natural, outros tiveram mesmo que recorrer a distrações para não voltarem a sentir dores no olho que já não têm, nem ter mais visões, na grande maioria das vezes sob a forma de cores e padrões ‘esborratados’.

Embora pareça estranho e inexplicável, Laura Hope-Stone, coordenadora do estudo, diz que esta condição é bem comum do que o pensado, que afeta os mais jovens e que uma em cada quatro pessoas diz ser capaz de ‘ver’ através do olho fantasma.

Mesmo sem conclusões concretas sobre esta condição, relata a BBC, a equipa britânica aponta para a complexidade do sistema nervoso a responsabilidade pela sensação de dor em órgãos que já foram amputados.

Bastonário alerta
O bastonário da Ordem dos Médicos alertou para as consequências futuras no setor da saúde da baixa taxa de natalidade, das...

José Manuel Silva, que discursava na conferência "Cuidados de Saúde no Futuro", considerou o tema em debate "um desafio tremendo" e "uma enorme arrogância".

Para o bastonário, as alterações climáticas devem ser encaradas como um desafio na Saúde, no que respeita ao seu impacto.

"Estamos perante uma situação de insustentabilidade do planeta. Acabaremos connosco antes de nos preocuparmos com a evolução da saúde. Não podemos discutir o futuro da saúde sem discutir o clima", sustentou.

Outros dos desafios de futuro, apontou, está relacionado com a demografia.

"Outro grande desafio que Portugal enfrenta é o desafio demográfico. Nada está a ser feito para melhorar a taxa de natalidade. Vivemos uma medicina de guerra que eu espero que não se repita nos próximos anos", afirmou.

Também a emigração de médicos é outro dos problemas de futuro destacados por José Manuel Silva, bem como a sua formação.

"Assistimos à emigração de centenas de médicos. Estamos a formar cerca de 1.800 médicos por ano, muito acima das nossas necessidades. São mais do que suficientes para as necessidades a curto prazo. Atingimos o limite de formação pós-graduada em Portugal", disse.

No entanto, ressalvou, continua a haver falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde, um problema que é de contratação.

"Se o Ministério da Saúde tivesse seguido as nossas sugestões, neste momento todos os cidadãos teriam acesso a médico de família", frisou o bastonário.

Para José Manuel Silva, o sistema de saúde público português é dos melhores e Portugal gasta muito menos do que a media dos restantes países da União Europeia, sublinhando que "não há mais por onde cortar".

Por fim, o bastonário alertou para a falta de informação em muitas matérias relacionadas com a Saúde, uma responsabilidade que - disse - é do Governo.

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Em declarações, a subdiretora-geral da Saúde Graça Freitas indicou que a última informação disponível indica que só voltará a haver fornecimento da vacina BGC em finais de julho ou início de agosto.

As dificuldades de fornecimento, que se arrastam desde março, estão ligadas a problemas com a produção no único laboratório que fabrica a vacina para a Europa, um laboratório público na Dinamarca.

Quando a situação for regularizada, Graça Freitas indica que as crianças não vacinadas à nascença começarão a ser chamadas para receberem as vacinas nos centros de saúde, que deverão gerir os seus ‘stocks’.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) tem insistido que o problema de fornecimento da BCG “não constitui risco para a saúde pública”.

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“Os resultados do STRIVE são de especial interesse para a comunidade médica na medida em que se trata do segundo ensaio clínico que compara a enzalutamida com a bicalutamida” comenta Celestia S. Higano, investigadora deste ensaio clínico e professora na Universidade de Washington. "As análises do STRIVE estão em consonância com os dados anteriores do ensaio clínico TERRAIN, demonstrando que os doentes tratados com enzalutamida têm melhores resultados clínicos, comparativamente com a prática comum de adicionar a bicalutamida ao análogo LHRH.”

O ensaio clínico STRIVE, de fase II, envolveu 396 doentes com cancro da próstata resistente à castração, dos Estados Unidos da América (257 doentes com cancro da próstata metastático e 139 com cancro da próstata não metastático que progrediu apesar do tratamento com o análogo LHRH ou após castração cirúrgica). Este ensaio clínico foi desenvolvido para avaliar enzalutamida numa dose de 160 mg em toma única diária versus bicalutamida numa dose de 50 mg tomados uma vez ao dia, sendo esta a dose aprovada em combinação com análogo LHRH.

  • O estudo alcançou o seu objetivo primário de um aumento estatisticamente significativo na sobrevivência livre de progressão para enzalutamida comparativamente com bicalutamida;
  • A sobrevivência livre de progressão mediana no braço tratado com enzalutamida foi de 19,4 meses e com bicalutamida foi de 5,7 meses;
  • O tratamento com enzalutamida também demonstrou uma melhoria significativa no objetivo secundário do estudo de sobrevivência livre de progressão radiográfica, no tempo para progressão do PSA e nas taxas de resposta do PSA em comparação com bicalutamida;
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"Há apenas uma diminuição da incidência das doenças cardiovasculares associadas ao tabagismo devido às novas tecnologias, mas a incidência de cancro está a aumentar, tendo-se registado nos últimos dois anos um aumento de 23 para 25% no número de fumadores", sublinhou a médica.

Ana Maria Figueiredo, que falava a propósito do Congresso de Pneumologia do Centro, que se realiza na quinta e na sexta-feira, em Viseu, salientou que se regista um aumento de fumadores em idades mais jovens e que o número de mulheres fumadoras se aproxima dos homens.

Ao longo de dois dias, cerca de 250 participantes vão analisar e debater as "perigosas alternativas" ao tabaco e rastreio no cancro do pulmão.

Segundo a especialista, verifica-se um aumento do cancro do pulmão e de outros tumores associados ao consumo de tabaco.

A coordenadora da comissão de tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia defende uma legislação mais restritiva sobre o tabaco, sem exceções, referindo que "nos países com legislação mais restritiva existem menos jovens a iniciarem-se no tabagismo".

"Haverá outros fatores para o aumento do número de fumadores, mas precisamos de uma legislação forte que seja cumprida, que tenha vigilância no terreno", frisou Ana Maria Figueiredo, que considera "importante os mais jovens viverem num ambiente em que fumar não é regra".

O Congresso de Pneumologia do Centro visa, segundo a médica, discutir as novas alternativas ao tabaco, como por exemplo os cigarros eletrónicos, tabaco de mascar ou cachimbos de água, que são igualmente prejudiciais à saúde.

"A forma saudável de fumar é não fumar", enfatizou Ana Maria Figueiredo, também pneumologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que espera uma mudança de paradigma na sociedade portuguesa para que as pessoas sejam informadas dos malefícios de todas as formas alternativas aos fumadores.

A organização do congresso envolve a cadeira de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, o Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, do Centro de Diagnóstico Pneumológico de Viseu, o Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário de Coimbra e a Associação de Estudos Respiratórios.

Durante a sua realização, serão discutidos temas como a "Tuberculose", "A Terapêutica antibiótica inalatória", os "Limites da patologia intersticial e do tecido conjuntivo", "Tabagismo: novas e perigosas alternativas", "Cancro do Pulmão e Asma brônquica" e "Rastreio no Cancro do Pulmão".

Peritos de todo o mundo apoiam
Fluimucil (N-acetilcisteína, NAC) provou, nos últimos anos, ser de facto altamente eficaz no tratamento de uma das doenças mais...

Devido à sua ação mucolítica, mas principalmente à sua ação antioxidante, têm vindo a ser apresentadas novas provas de que é capaz de representar, em doses elevadas, uma abordagem terapêutica muito eficaz no combate ao stress oxidativo causado pela inflamação crónica: ambos elementos principais da patogénese da DPOC. Esta doença - que segundo dados da OMS será a terceira principal causa de morte a nível mundial em 2020 – foi o tema central de uma importante reunião científica internacional organizada pela Zambon.

É um dos fármacos mais conhecidos e utilizados na Europa e em Portugal, uma ferramenta terapêutica valiosa em patologias do foro respiratório, que mantém o interesse por parte da comunidade científica.

Maurizio Castorina, CEO do grupo Zambon: "Os Investigadores trabalham incessantemente para encontrar novas oportunidades de tratamento para a maioria das moléculas que possuem uma história importante, como a NAC, e cujo mecanismo de acção conhecemos bem. A Zambon está a investir neste campo, mais precisamente na identificação de novas possibilidades terapêuticas da NAC, para doenças tais como a DPOC e doenças raras".

Stress oxidativo nos doentes com DPOC, uma das principais causas de envelhecimento celular

No estudo da patogénese da DPOC, o papel do stress oxidativo ganhou uma atenção acrescida nos últimos anos, sendo a principal causa de envelhecimento celular. O stress oxidativo reflete um desequilíbrio entre a produção e a eliminação de espécies químicas oxidantes, devido à disfunção dos mecanismos protectores antioxidantes. De forma sucinta, quando o corpo deixa de poder compensar a ação de oxidantes exógenos (por exemplo, fumo de cigarro ou poluição) e endógenos (como os subprodutos da respiração celular ou as substância produzidas durante os processos inflamatórios), desencadeiam-se alterações fisiopatológicas macroscópicas no trato respiratório. Peroxidação lípida das membranas (principal causa de envelhecimento celular), hipersecreção do muco, inativação de antiproteases e tensioativos (a origem da patogénese do enfisema), a expressão anómala de genes pró-inflamatórios e, finalmente, uma estimulação constante da cascata inflamatória, desencadeiam as consequências mais nocivas do processo oxidativo que afeta o sistema respiratório: o dano irreversível no epitélio alveolar e a modificação permanente das vias respiratórias.

 

Devido à complexa patogénese da DPOC, as terapias mais utilizadas hoje em dia para o tratamento da DPOC - nomeadamente broncodilatadores e corticosteroides inalados - atuam essencialmente nos sintomas da doença, sem afetar o seu mecanismo fisiopatológico, influindo ligeiramente na evolução da doença ao reduzir a frequência das exacerbações. Este resultado foi, pelo contrário, alcançado com a N-acetilcisteína (NAC), que se encontra hoje entre as moléculas mais estudadas como oportunidade terapêutica no combate à DPOC pelas suas propriedades antioxidantes e mucolíticas. "A NAC - diz o Professor Richard Dekhuijzen, do Radboud Medical Center de Nijmegen, Holanda, foi usada como terapia adicional em doentes com DPOC, não apenas para reduzir os sintomas, mas também para diminuir a frequência de exacerbações e atrasar o declínio funcional causado pela doença".

A eficácia da NAC nesta área: os resultados do amplo ensaio clínico aleatorizado, com dupla ocultação, PANTHEON (ensaio controlado por placebo sobre a eficácia e segurança da N-acetilcisteína em doses elevadas nas exacerbações da doença pulmonar obstrutiva crónica), realizado em 34 hospitais chineses, com mais de mil doentes, foram publicados em 2014 na revista Lancet Respiratory Medicine, e mostram como a NAC, em doses elevadas, reduz significativamente a frequência das exacerbações, com uma elevada e diferenciada tolerabilidade que confirma o seu perfil de segurança.

Os resultados do ensaio PANTHEON foram, efectivamente, a confirmação das evidências anteriormente observadas acerca da eficácia da NAC em doentes com DPOC moderada a grave e, especialmente, sobre a capacidade do fármaco para preservar a funcionalidade das pequenas vias respiratórias. Os resultados do ensaio HIACE (doses elevadas de N-acetilcisteína em doentes com DPOC propensos a exacerbação), publicados em 2013 na revista científica "CHEST" - órgão oficial do American College of Chest Physicians - mostraram que o tratamento de um ano com elevadas doses de NAC numa amostra de doentes chineses com DPOC, reduz a taxa de exacerbações (50% menos do que na população tratada com placebo), prolonga o período de tempo sem exacerbações e aumenta as hipóteses de não experienciar qualquer exacerbação ao longo do ano, com uma melhoria, estatisticamente significativada, da função pulmonar para as pequenas vias respiratórias.

A frequência das exacerbações e a questão do “aumento” e “diminuição”

O ensaio HIACE mostra também que a NAC tem um maior efeito na redução das exacerbações em doentes com DPOC sintomática de gravidade moderada. Esta evidência sublinha a importância - já imposta devido ao padrão típico de progressão da DPOC - de administrar a NAC como terapia complementar (add-on therapy) de outros fármacos indicados para a doença, como os broncodilatadores, o principal tratamento para a DPOC. A maioria dos doentes, independentemente da gravidade da doença, é tratada com todas as três principais classes de fármacos inalados, indicados na DPOC: LABA (beta2 agonista de longa duração de ação), LAMA (antagonista muscarínico de longa duração de ação) e corticosteroides inalados (ICS). Este regime terapêutico pode ser útil para manter a doença controlada em doentes com dificuldades respiratórias, que apresentam sintomas clínicos precisos. "Em doentes com DPOC grave numa fase estável - diz o Professor Mario Cazzola, Diretor da Escola de Especialização em Doenças Respiratórias da Universidade de Roma Tor Vergata – é possível reduzir e até mesmo parar a terapia com corticosteroides inalados (ICS), mesmo que falte definir o período tempo que devemos esperar até ser possível interromper definitivamente o tratamento com ICS. De igual modo, não é claro que uma abordagem de "diminuição" seja possível para os LABA e os LAMA. Contudo, uma dose diária elevada de N-acetilcisteína (NAC) mostrou ser útil na prevenção das exacerbações da DPOC, como terapia complementar de fármacos inalados, tais como os LABA, os LAMA e os ICS. Também as diretrizes internacionais sobre a DPOC, tanto da GOLD 2015 (Iniciativa global para a doença pulmonar obstrutiva crónica) como do ACCP (American College of Chest Physicians) recomendam a administração de N-acetilcisteína (NAC) como terapia complementar eficaz, de fármacos broncodilatadores, em doentes com DPOC moderada a grave, de modo a prevenir exacerbações. Até à data, para doentes com bronquite crónica e exacerbações, mesmo sem obstrução das vias respiratórias, a NAC é o tratamento indicado. De igual modo, a NAC pode ser utilizada com evidentes benefícios clínicos na prevenção de exacerbações em doentes com DPOC, melhorando assim a sua qualidade de vida. Não existem atualmente ensaios clínicos comparativos destas diferentes estratégias farmacológicas, mas acreditamos plenamente - concluiu o Professor Cazzola - que a escolha do tratamento correto deve dar sempre prioridade aos fármacos caracterizados por um melhor perfil de segurança”.

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