Hélder Lourenço, Sexólogo Clínico Desportista
É um dos três sexólogos clínicos enfermeiros habilitados em Portugal.

Já foi treinador de Futsal, e hoje serve a modalidade através da Enfermagem. Fale-nos um pouco dessa sua vivência?

Enfº Hélder Lourenço (HL): Fui treinador de Futsal entre a época de 2009/10 e 2013/14, sempre na ASCRD da Casa do Benfica em Viseu, escalões de formação e competição (Iniciados, Juvenis e Juniores). Foi em 2008 que aceitei um convite desta associação com o intuito de ser o Enfermeiro do clube. Rapidamente, e talvez devido à falta de recursos humanos existentes e após um ano de experiência como adjunto, não sendo esse o meu objetivo inicial, fui novamente convidado a ser o treinador principal do escalão recém-formado de Iniciados, que acabei por assumir concomitantemente com o de enfermeiro do clube.

Sem dúvida foram excelentes anos de aprendizagem mútua entre um inexperiente técnico, com imenso gosto pela modalidade, e os seus jovens jogadores que estavam a iniciar a sua conturbada adolescência, com todas as dúvidas, dificuldades, princípios e personalidades que fazem parte integrante da mesma. Aí submergiu uma qualidade até então pouco visível, mas que veio a ser reveladora e muito importante nos dias de hoje, uma liderança forte, personalizada, assertiva e muito empática que, conjuntamente com o respeito que sempre nutri pelos vários intérpretes do jogo, permitiu granjear amizades que perduram. Aprendi a controlar as principais emoções, por forma a não extravasar as mesmas no momento errado, que sem dúvida seria prejudicial para aqueles que formalmente representava. Posso dizer, com algum laivo de vaidade, que nunca fui expulso ou mesmo adoestado por comportamento ou comunicação incorreta, o que nos dias de hoje, e para quem conhece o mundo do desporto distrital, não é muito fácil!

Acabei por pedir à direção do clube para me dispensar de qualquer cargo mais exigente relativamente ao tempo necessário para o desenvolver, em virtude de as funções que exerço na Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros me ocuparem e me merecerem toda a disponibilidade possível por forma a melhor conseguir atingir os objetivos que tinha abraçado com o atual mandato social dos órgãos. Sempre perfilhei o desidrato de que para se realizar bom e profícuo trabalho temos de ter a disponibilidade, também mental, para o conseguir. No último ano em que treinei já não o conseguia fazer de forma adequada e merecedora para com os desportistas que ensinei, pelo método desportivo, a serem melhores e homens mais capazes num futuro próximo. Isso, meu caro, eu não podia permitir…

Como consegue conciliar a Enfermagem com o desporto? Foi a paixão pelo Benfica que também o levou ao futebol?

HL: Como não podia deixar de ser, o meu pai, fervoroso amante do futebol e ainda mais do glorioso S.L. Benfica, sempre me incentivou desde pequeno a ouvir os relatos, a ver os jogos, alegrando-me com as vitórias, entristecendo-me com as derrotas e compreendendo o que era a tal “mística”. Daí a eu próprio assumir esse papel de forma verdadeira e sincera foi um ápice. Como todos os jovens, adorava jogar futebol, mas apenas o conseguia fazer nos poucos intervalos escolares ou nas ruas da aldeia de onde sou natural (S. Salvador – Viseu). Inventava grandes fintas e marcava golos que sonhava serem memoráveis, mas que não passaram disso, pois nunca os meus pais tiveram a possibilidade de me poderem levar a treinar a equipas profissionais que existiam na altura perto da cidade onde estudei.

Muitos anos mais tarde tentei realizar aos meus filhos os seus sonhos, que no fundo também eram meus, e que talvez por serem rapazes e sempre viverem no mundo do desporto, desde muito cedo decidiram enveredar também pela prática desportiva, ambos no futebol. O mais velho acabou também por praticar futsal até aos dias de hoje. Neste contexto, e com a presença assídua e quase diária nos treinos e nos jogos, quer minha, quer da minha esposa (igualmente enfermeira), sempre considerei que teríamos maior utilidade ajudando igualmente o clube/associação onde os nossos filhos praticassem desporto, assumindo o papel de Enfermeiros dessas equipas, onde tivéssemos papel ativo, não só nos cuidados emergentes de bem-estar, procurando sempre a satisfação dos jogadores, mas também na promoção da saúde e na prevenção de complicações. Tudo sempre dentro de um enquadramento conceptual onde a saúde, o atleta e o ambiente que nos rodeia originava os melhores cuidados de enfermagem que em qualidade poderíamos prestar.

Com toda esta aprendizagem, partilha e adaptação constante à evolução, quer das exigências desportivas, quer das performances dos atletas, e como continuo a adorar o uso da metodologia desportiva como fonte de prazer e de saúde, fui em 2014 convidado pela nova direção de um dos clubes desportivos mais antigos da cidade de Viseu, que assinalou nessa altura 90 anos de existência, a organizar os cuidados de saúde e logicamente de enfermagem de toda a coletividade. No seguimento do convite, sou atualmente o coordenador do corpo clinico do Sport Viseu e Benfica (quem diria!?...), que é constituído por enfermeiros, médico, fisioterapeuta e massagista, e que tem ao seu cargo cerca de 500 atletas nas modalidades de Futebol, Ténis de Mesa e Atletismo. Não sendo uma tarefa fácil, com uma boa metodologia de trabalho, organização e muita paixão pelo que fazemos, consegue-se conciliar a essência do saber SER, do saber ESTAR e do saber FAZER da enfermagem com o bem-estar biopsicossocial que a atividade desportiva nos privilegia diariamente, contribuindo ao mesmo tempo para uma maior visibilidade social desta profissão.

E a conciliação dessas várias vidas com atividades associativas e cívicas?

HL: Conciliar várias atividades associativas, cívicas e desportivas com a vida profissional e familiar nunca foi tarefa fácil, principalmente porque as mesmas carecem de disponibilidade temporal, mas sobretudo de mental e até física. Felizmente, e além da minha procura incessante pelo conhecimento e pela melhoria contínua, e sobretudo por não ser apenas mais um, mas sim uma força motivadora, integradora e sobretudo interventiva junto da sociedade a que pertenço, tenho um suporte familiar que compreende e até integra algumas destas intervenções, auxiliando mutuamente a realização das mesmas, planificando e adequando as realidades às necessidades mais urgentes, tendo sempre em consideração as preferências ou as escolhas individuais, mas sempre em prol de um bem comum. Tento estar onde posso ser necessário. Nem sempre o consigo, é verdade, mas na medida do possível penso ter conseguido fazê-lo, apesar das contingências, das dificuldades, do sofrimento e da incapacidade de não ser omnipresente.

Que contributos dessas experiências leva para a Enfermagem?

HL: Tal como já descrevi, neste percurso de vida, algum dele realizado de forma espontânea e sem planeamento prévio, limito-me a aproveitar as experiências que se me depararam. Foram muito ricas em todas as vertentes humanas, quer pessoais, quer profissionais. Se repararmos, e basta pensarmos um pouco no constructo de um enfermeiro, a arte do cuidar, de intervir, de formar, de ensinar, de auxiliar, de capacitar, de empatizar, de liderar, de prescrever, de trabalhar, de suplantar, de readaptar, de pensar e de amar, necessárias para um desenvolvimento profissional tido como adequado e essencial, foram sem dúvida nenhuma experienciadas no caminho que fui fazendo até aos dias de hoje. Claro que nem sempre esse caminho foi bem-sucedido, mas no geral poderei dizer que sou muito mais o que assimilei e fui aprendendo com quem me fui cruzando, do que a simples e masoquista carga genética que nasceu e cresceu comigo. No fundo, considero que aquilo que sou o devo essencialmente às pessoas, à sua humanitude, à sua capacidade de se superarem, à sua necessidade de buscarem insistentemente a felicidade plena. Ou, por outro lado, à sua incapacidade de lidarem com a finita corporalidade de serem simplesmente um recipiente de emoções!

Sou adepto do trabalho multidisciplinar, que nesta área da saúde é fundamental, desde que cada par saiba desempenhar as suas funções, saiba qual o seu papel no seio do grupo, sempre de forma honesta, íntegra e respeitadora. Considero que o enfermeiro é o pilar da equipa e pessoa de referência para o cidadão. Saibamos nós intervir e mostrar as nossas capacidades técnicas e comunicativas, pois, tal como refere o desígnio fundamental da OE, ele é o defensor da qualidade dos cuidados prestados ao cidadão. Essa aprendizagem foi na sua grande parte construída no seio das experiências dos vários grupos por onde passei, e que consolidaram este desidrato: pelas pessoas, com os enfermeiros!

É também um dos primeiros enfermeiros em Portugal formados em sexologia… O que mais o seduz enquanto terapeuta sexual?

HL: Realmente tive a sorte de integrar em 2010 o V Curso de Pós-Graduação em Terapia Sexual, da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clinica, o único em Portugal que nos atribui o título de “Sexólogo Clinico”. Este foi até à data o primeiro e o único que abriu vagas a profissionais de enfermagem (??), lógica bastante questionável e que já foi motivo de uma carta de protesto dirigida à direção da referida sociedade. Somos apenas 3 enfermeiros no país com esta competência aprovada, sendo que apenas dois trabalham nesta área específica.

Todos os seres humanos são, do ponto de vista biológico, seres sexuados. A sexualidade, porém, vai muito além da anatomia ou fisiologia. Ao longo dos anos a nossa sexualidade ou o modo como a vivenciamos vai sendo diferente. A sexualidade integra o conhecimento, as atitudes, os valores e os comportamentos dos indivíduos. A expressão da sexualidade é influenciada por fatores de natureza ética, espiritual, cultural e moral. É importante que as experiências e vivências da sexualidade sejam sempre fontes de bem-estar, para nós e para os outros com quem as partilhamos. Desde que me formei em enfermagem - sendo esta área considerada uma necessidade humana básica - tentei alargar sempre os meus horizontes e integrar esta procura na arte de bem cuidar. Nos dias que correm isso ainda não é tarefa fácil, quanto mais há 20 anos atrás… Percebi que, mais do que um mero executor de técnicas, conseguia desde cedo ser empático, assertivo e comunicativo o bastante para criar nos utentes/cidadãos a confiança necessária e suficiente no derrube de barreiras tidas como inultrapassáveis, o que originava uma capacidade de abertura, ajuda e relacional surpreendentes. Apenas me faltava a componente técnico-científica, que vim a adquirir mais tarde.

É um grande desafio para um terapeuta responder às solicitações de uma vivência sexual mais duradoira numa sociedade de crescente longevidade?

HL: As dificuldades e dúvidas relacionadas com a sexualidade, como a falta de desejo sexual, disfunção erétil, dificuldades da excitação sexual feminina, ejaculação prematura, dificuldades do orgasmo, dor durante as relações sexuais, insatisfação sexual, e outros problemas relacionais ou conjugais associados à esfera sexual, são alguns dos principais problemas que afetam a saúde sexual dos portugueses e que os levam a procurar ajuda especializada. A prevenção e possível solução para estas problemáticas passa muito pela abertura em assumir os problemas a este nível, e em procurar ajuda terapêutica, numa perspetiva de crer que a saúde em termos gerais passa, inevitável e incontornavelmente, pela saúde sexual.

Considero que é aqui que o terapeuta sexual entra, pois continua a haver bastante resistência em queixar-se ou procurar ajuda junto dos profissionais de saúde no que toca a problemas relacionados com a sexualidade. Em parte porque continuam a existir tabus e preconceitos relacionados com o assunto, muitas vezes dos próprios profissionais, mas também por desconhecimento e dúvidas acerca do local ou a que profissional devem recorrer. É aqui que o enfermeiro, com competências nesta temática, poderá ter um papel de extrema importância, aliando a sua capacidade de diagnosticar, de decidir autonomamente e de intervir prescritivamente, à prática diária baseada na evidência científica. Pode muito bem assumir o papel de “pivô” ou técnico de referência do utente ou casal que procura uma vivência sexual mais duradoira e satisfatória.

Neste sentido, sempre lutei para que existisse uma consulta multidisciplinar de sexologia no centro hospitalar onde exerço as minhas funções, capaz de dar resposta a toda esta imensidão de dificuldades. O trabalho em equipa é, na minha opinião, a melhor e mais cabal forma de dar uma resposta eficaz e adequada a todo o tipo de problemáticas/disfunções que abrangem a sexualidade humana. Tive a felicidade de ter encontrado as pessoas certas no momento certo, que igualmente partilhavam dos meus ideais. Conjugando um urologista, uma psiquiatra, uma ginecologista, uma psicóloga e um enfermeiro (estes últimos com formação em sexologia clinica), todos motivados e ávidos de saber, inaugurámos em setembro de 2006 a Consulta de Sexologia do Centro Hospitalar Tondela Viseu, EPE, a 2ª na zona centro do País (havendo uma outra no CHUC em Coimbra). Permanece até aos dias de hoje com números cada vez mais dilatados, a não conseguimos dar resposta em tempo oportuno pelo número exponencial de utentes que nos procuram.

 

Nota Biográfica:
Hélder Abel Chaves Ferreira Lourenço nasceu em 1969.
Iniciou a atividade de enfermeiro em Janeiro de 1992 no Hospital Distrital de Lamego. Desde 1995 exerce no Hospital São Teotónio de Viseu (Centro Hospitalar Tondela-Viseu, EPE).
É Enfermeiro Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica desde 2001.
Em 2012 é uma dos três enfermeiros em Portugal a obter o grau de Sexólogo Clínico, pela Sociedade Portuguesa de Sexologia (SPSC).
Desde janeiro de 2012 é Presidente do Conselho de Enfermagem Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros.
É secretário e tesoureiro da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Saúde Mental (SPESM).

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Em França
A portuguesa Suzette Fernandes, vice-presidente da associação dos doentes com miofascite macrofágica (E.3M.), luta há vários...

A "luta" é comparada a "um combate de David contra Golias", depois de Suzette ter descoberto, em 1999, que sofria de miofascite macrofágica, uma doença muscular rara, associada ao hidróxido de alumínio utilizado como adjuvante em certas vacinas.

"Temos andado a lutar para que os laboratórios abandonem o hidróxido de alumínio nas vacinas", explicou a portuguesa, defendendo o uso de uma vacina sem alumínio, à base de "fosfato de cálcio que não danifique o sistema imunitário", como a DT Polio Mérieux retirada do mercado francês em 2008.

Nesse ano, a comercialização da vacina DT Polio Mérieux foi suspensa pela farmacêutica Sanofi Pasteur MSD por alegado "aumento de efeitos indesejáveis não graves", mas Suzette Fernandes avançou que uma investigação da sua associação desmentiu essas conclusões, levando, em janeiro do ano passado, à apresentação de uma queixa-crime contra a farmacêutica por alegada "falsificação de dados". A justiça ainda não se pronunciou.

No início do mês de junho, a associação E.3M. apresentou, também, 50 pedidos de indemnização de doentes com miofascite macrofágica junto do "Office national d'indemnisation des accidents médicaux" (departamento francês de indemnização de acidentes médicos).

Em 2012, Suzette e vários membros da E.3M. fizeram uma greve de fome na praça da Bolsa, no centro de Paris, tendo conseguido um financiamento de 150 mil euros para a investigação sobre a toxicidade do alumínio na composição das vacinas.

A associação foi criada em 2001 no hospital Henri Mondor de Créteil, nos arredores de Paris, contando atualmente com cerca de 300 membros, ainda que Suzette Fernandes aponte para "entre 1000 a 1500 pessoas com miofascite macrofágica em França".

"Trabalhamos em parceria com o Hospital Henri Mondor, com o ministério francês da Saúde, somos recebidos regularmente pelo diretor geral da saúde, somos apoiados por mais de cem deputados e senadores. Trabalhámos para o reconhecimento da doença e agora temos de trabalhar para suprimir o hidróxido de alumínio", continuou.

Para Suzette Fernandes, o próximo passo é criar uma associação similar em Portugal "que possa beneficiar do trabalho já feito" pela associação francesa e para permitir que os doentes em Portugal acedam ao mesmo tratamento que em França.

"O objetivo é dar a conhecer a doença. Portugal é o país mais vacinador da Europa. Há muitos doentes de fibromialgia que poderão ter miofascite macrofágica e que o ignoram porque os médicos não andam a fazer o diagnóstico por não conhecerem a doença. A doença é calada e ninguém fala do problema do alumínio nas vacinas", continuou.

A miofascite macrofágica, que é rara, caracteriza-se por cansaço crónico, dores musculares e articulares e dificuldades neurocognitivas, afetando sobretudo a memória e a audição.

Estudo
Sem saber muito bem por quê, a música é uma das poucas armas que os terapeutas têm para enfrentar o avanço da doença de...

O lobo temporal, a parte do cérebro que vai da fronte até à área posterior do ouvido, é, entre outras coisas, a discoteca dos humanos, revela o Diário Digital. Ali se administra a nossa memória auditiva, incluindo as canções.

Estudos com vítimas de lesão cerebral apoiam a ideia de que guardamos a música numa rede concentrada nessa zona. Entretanto o lobo temporal também é o que sofre primeiro os danos da doença de Alzheimer. Como se explica então que muitos doentes não saibam o seu nome ou como regressar a casa, mas reconheçam aquela canção que os emocionou décadas atrás? Como alguns pacientes são incapazes de articular palavras, no entanto cantarolam temas que fizeram sucesso quando ainda tinham memória?

Para tentar responder a essas perguntas, cientistas de vários países europeus liderados por neurocientistas do Instituto Max Planck de Neurociência e Cognição Humana em Leipzig (Alemanha) realizaram uma dupla experiência. Por um lado, procuraram quais as zonas do cérebro que são ativadas quando ouvimos canções. Por outro, uma vez localizadas, analisaram se nos doentes de Alzheimer essas áreas cerebrais apresentam algum sinal de atrofia ou, pelo contrário, resistem melhor à enfermidade.

Para localizar onde o cérebro guarda a música, os investigadores fizeram cerca de 30 indivíduos saudáveis ouvir 40 trios de canções. Cada trio era formado por um tema muito conhecido tirado das listas de sucessos desde 1977, canções de embalar e música tradicional alemã. As outras duas canções eram semelhantes à primeira em estilo, tom, ritmo ou estado de espírito, mas foram escolhidas entre os fracassos musicais, que não ficaram conhecidos.

Segundo explicam na revista Brain, o projeto baseou-se na hipótese de que a experiência de ouvir música é, para o cérebro, diferente da de recordá-la e em ambos os processos intervêm redes cerebrais diferentes.

Durante as sessões, a atividade cerebral dos voluntários foi registada mediante a técnica de imagem por ressonância magnética funcional (fMRI na sigla em inglês). Comprovaram que a música se aloja em zonas do cérebro diferentes das áreas onde são guardadas outras lembranças.

“Pelo menos os aspetos cruciais da memória musical são processados em áreas cerebrais que não são habitualmente associadas às memórias episódica, semântica ou autobiográfica”, diz o neurocientista do Max Planck e co-autor do estudo Jörn-Henrik Jacobsen. “Mas é preciso ser muito cauteloso quando afirmamos algo tão absoluto quanto isto”, acrescenta, prudente. Concretamente, as áreas que mostraram maior ativação ao lembrar as canções foram o giro cingulado anterior, situado na zona média do cérebro, e a área motora pré-suplementar, situada no lobo frontal.

Parte dessa prudência pode proceder da metodologia que seguiram para realizar a segunda parte da pesquisa. O ideal teria sido estudar a localização das recordações musicais diretamente nos doentes, e não na população saudável. Mas, como indica Jacobsen, não é fácil conseguir que um número significativo de pacientes participe de um trabalho como este.

Com pequena amostra de sangue
Um novo teste realizado com uma pequena amostra de sangue é capaz de revelar em poucos minutos se uma pessoa está contaminada...

Os investigadores compararam este teste, feito com uma picada no dedo do paciente, com o método tradicional de extrair uma amostra de plasma e enviá-la para o laboratório, e concluíram que o novo teste é mais rápido e sensível para diagnosticar se uma pessoa tem o vírus.

O teste, denominado “Rapid Diagnostic Test” (Teste de diagnóstico rápido ou RDT), permitirá reduzir o tempo de espera que normalmente é necessário para confirmar se um paciente sofre de ébola, identificar possíveis contágios e, por último, conter a expansão do vírus.

Neste estudo, 106 pacientes suspeitos de terem sido infetados pelo ébola foram admitidos em Fevereiro num centro de diagnóstico da Serra Leoa, onde foram testados com o novo método e pelo sistema de recolha tradicional.

Os pesquisadores compararam as duas e descobriram que o novo teste oferece resultados mais precisos num espaço mais curto de tempo.

A diretora associada do Laboratório de Diagnóstico de Doenças Infeciosas do Hospital Infantil de Boston (EUA), Nira Pollock, assinalou que “em algumas ocasiões os resultados de laboratório demoram muitos dias a saírem”.

“Atrasos como este não só provocam erros de diagnóstico e de tratamento, mas faz com que pacientes que não foram infetados entrem em unidades de tratamento onde podem se contaminar”, destacou Pollock.

Além disso, a especialista em infeção do Hospital Infantil de Boston ressaltou que “este novo teste é capaz de detetar o vírus do ébola em amostras como uma pequena gota de sangue na roupa de cama, e pode ajudar na luta contra o vírus”.

De acordo com a co-autora do estudo e médica na organização sem fins lucrativos Partners in Health, de Boston, Jana Broadhurst, “este teste pode ter um impacto imediato no cuidado dos pacientes e no controlo das infeções”.

Segundo especialistas
Os especialistas em qualidade de água do Centro de Controlo de Doenças e Prevenção, órgão federal dos EUA, lançaram uma...

Segundo o estudo, realizado pela empresa Survata, a pedido do Centros de Controlo de Doenças e Prevenção (CDC, sigla em inglês), quase metade dos americanos pesquisados acredita que há produtos químicos adicionados à água da piscina que detetam a urina e tornam a água vermelha, revela o Diário Digital. Isso é um mito. Outros 71% culpam o cloro pelos olhos vermelhos dos nadadores. Isso também é mito. Porém a causa real dos olhos vermelhos é ainda mais “ardida” que o cloro.

“Cloro e outros desinfetantes são colocados nas piscinas para destruir os germes. Urinar na piscina esgota o cloro, causa irritação nos olhos e torna-os vermelhos”, afirmou a chefe do programa de natação saudável do CDC, Michele Hlavsa. Segundo ela, a solução para tratar os olhos vermelhos seria simplesmente a "cortesia" de não urinar na piscina.

“Os olhos dos nadadores são o real indicador de que há xixi na piscina”, completou o CEO da NSPF (Fundação Nacional de Piscinas, em português), Thomas M. Lachocki, em entrevista ao site da fundação.

“O cheiro de cloro na piscina não é de cloro, mas sim dos produtos químicos resultantes do encontro do cloro com o xixi, suor e sujidade do corpo dos nadadores”, concluiu Chris Wiant, um dos responsáveis pelo Conselho de Qualidade da Água e de Saúde do CDC.

A pesquisa da Survata foi realizada com 1.500 cibernautas entre 23 e 28 de Abril de 2015. A margem de erro é de 2,5%.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Vinte concelhos dos distritos de Santarém, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Guarda e Viseu apresentam hoje risco máximo de...

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em risco máximo de incêndio estão os concelhos de Sardoal e Mação (Santarém), Vila de Rei, Sertã, Oleiros (Castelo Branco), Pampilhosa da Serra, Góis, Arganil (Coimbra), Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande, Castanheira de Pera (Leiria), Sabugal, Guarda, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Aguiar da Beira, Trancoso (Guarda) e Sernancelhe, Moimenta da Beira e Vila Nova de Paiva (Viseu).

O IPMA colocou também em risco muito elevado e elevado de incêndio vários concelhos de todos os distritos de Portugal continental (18).

O risco de incêndio determinado pelo IPMA engloba cinco níveis, que podem variar entre reduzido e máximo.

O cálculo é feito com base nos valores observados às 13:00 em cada dia relativamente à temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.

Por causa do tempo quente, o IPMA colocou hoje sob aviso laranja os distritos de Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja entre as 00:00 e as 18:00.

O IPMA colocou também sob aviso amarelo os distritos de Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Santarém, Lisboa e Setúbal devido ao tempo quente entre as 00:00 e as 18:00 de hoje.

Também a Madeira está sob aviso amarelo desde as 00:00 e até às 18:00 devido à persistência de valores elevados da temperatura máxima.

O aviso laranja implica uma situação meteorológica de risco moderado a elevado, enquanto o amarelo é o terceiro mais grave de uma escala de quatro e é emitido sempre existe uma situação de risco para determinadas atividades que dependem do estado do tempo.

O IPMA prevê para hoje no continente tempo quente com céu geralmente limpo, apresentando-se temporariamente nublado até meio da manhã no litoral da região centro e na faixa costeira sul.

Está também previsto vento fraco, soprando temporariamente moderado de noroeste no litoral oeste durante a tarde, neblina matinal no litoral da região centro e pequena subida da temperatura máxima nas regiões norte e centro, em especial no litoral.

Na Madeira prevê-se períodos de céu muito nublado, apresentando-se geralmente pouco nublado nas vertentes sul da ilha, e vento fraco a moderado do quadrante norte.

Em Lisboa as temperaturas vão oscilar entre 19 e 35 graus Celsius, no Porto entre 16 e 28, em Vila Real entre 18 e 38, em Viseu entre 19 e 36, em Bragança entre 17 e 37, em Castelo Branco entre 23 e 42, em Portalegre entre 28 e 41, em Évora entre 18 e 40, em Beja entre 22 e 40, em Santarém entre 16 e 37, em Setúbal entre 18 e 27, em Faro entre 21 e 27 e no Funchal entre 21 e 25.

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde emitiu um comunicado com uma série de recomendações aos cidadãos devido às previsões de valores de...

"Na sequência da previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, para valores de temperatura muito elevados, especialmente da máxima, e após o registo de temperaturas máximas observadas próximo ou superiores a 40ºC no Alentejo, são emitidos alertas vermelhos, para dia 29 de junho de 2015, para os distritos de Portalegre, Évora e Beja e concelhos de Grândola, Alcácer do Sal e Santiago do Cacém", lê-se no comunicado da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Neste contexto, a DGS recomenda que os cidadãos tomem uma série de medidas preventivas, desde logo, que procurem ambientes frescos e arejados ou climatizados e evitem a exposição direta ao sol, principalmente entre as 11:00 e as 17:00.

Também é recomendado o aumento da ingestão de água ou de sumos de fruta natural sem açúcar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas, e uma atenção especial a grupos mais vulneráveis ao calor, tais como crianças, idosos, doentes crónicos, grávidas, pessoas com mobilidade reduzida, trabalhadores com atividade no exterior, praticantes de atividade física e pessoas isoladas e em carência económica e social.

Já os doentes crónicos ou sujeitos a dieta com restrição de líquidos, devem seguir as recomendações do médico assistente ou da linha Saúde 24 (808 24 24 24).

A DGS salienta que se deve contactar e acompanhar os idosos e outras pessoas que vivam isoladas, de forma a assegurar a sua correta hidratação e permanência em ambiente fresco e arejado.

Outra recomendação passa por assegurar que as crianças consomem frequentemente água ou sumos de fruta natural e que permanecem em ambiente fresco e arejado. E as crianças com menos de seis meses não devem estar sujeitas a exposição solar, direta ou indireta.

Quanto às grávidas são recomendados cuidados especiais: moderar a atividade física, evitar a exposição direta ou indireta ao sol e garantir ingestão frequente de líquidos.

De resto, é recomendada a utilização de protetor solar com fator igual ou superior a 30 e renovar a sua aplicação de duas em duas horas e após os banhos na praia ou piscina, que não devem ser frequentadas entre as 11:00 e as 15:00.

Os cidadãos devem utilizar roupa solta, opaca e que cubra a maior parte do corpo, chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção ultravioleta, bem como escolher horas de menor calor para viajar de carro, sendo ainda recomendado que não permaneçam dentro de viaturas estacionadas e expostas ao sol.

Finalmente, deve-se evitar atividades que exijam grandes esforços físicos, nomeadamente laborais, desportivas e de lazer no exterior.

Investigação em saúde pública
Um programa europeu de saúde pública vai financiar em 12 milhões de euros vários projetos de investigação portugueses nas áreas...

Trata-se de 26 projetos de investigação em quatro áreas consideradas prioritárias, cujos contratos de concessão já foram assinados, a serem apresentados hoje.

O “Programa Iniciativas de Saúde Pública – EEA Grants PT 06” é um mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu 2009/2014 que tem como doadores a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein, e financia projetos e iniciativas em 16 Estados Membros da União Europeia.

O objetivo deste programa é reduzir as desigualdades no acesso à saúde por parte dos cidadãos e reforçar as relações bilaterais entre as instituições dos vários países.

No âmbito da nutrição, vão ser apoiados dois projetos dirigidos a crianças, três dirigidos a idosos e dois dirigidos a grupos vulneráveis, com um financiamento total de mais de 2,6 milhões de euros.

Em suma, estes projetos visam, variando o grupo alvo, conhecer o seu estado nutricional, a prevalência dos problemas nutricionais, a promoção de uma alimentação saudável e barata e a capacitação dos profissionais de saúde para promover a saúde alimentar junto dos seus utentes.

Na área da saúde mental, os projetos visam desenvolver um modelo de gestão e financiamento dos prestadores de saúde para avaliar o desempenho do sistema nessa área, melhorar a saúde mental em situações de crise económica, um projeto-piloto para melhorar o tratamento de depressão e prevenção do suicídio, promover a saúde mental em crianças do pré-escolar, uma nova ferramenta para rastreio da depressão perinatal, melhorar o acesso aos cuidados de saúde mental por parte de filhos de pais com doença mental, capacitar os técnicos dos centros de saúde para tratar a depressão, e criar uma linha de cuidados em saúde mental junto da população juvenil, num total superior a 2,73 milhões de euros investidos.

No âmbito das doenças transmissíveis, propõe-se uma estratégia de triagem para diagnostico e tratamento da tuberculose, um inquérito serológico para conhecer a imunidade da população a doenças evitáveis por vacinação integrada no plano nacional de vacinação, reduzir e prevenir infeções associadas aos tratamentos, promover o diagnóstico precoce de doenças sexualmente transmissíveis através de rastreios realizados por ONG, estudar a prevalência de anticorpos contra hepatite E e riscos de infeção, e levantamento da infeção por estreptococos do grupo B para melhorar a saúde pública, tudo com um financiamento de mais de 1,6 milhões.

Na área dos sistemas de informação, pretende-se lançar um inquérito alimentar nacional e de atividade física, estudos piloto para melhorar os hábitos alimentares e o exercício físico através de aplicações tecnológicas, e um sistema de vigilância do estado nutricional dos idosos em lares, financiados por mais de 1,85 milhões de euros.

Já em desenvolvimento está um “projeto pré-definido”, que consiste num inquérito nacional de saúde que conjuga informação colhida por entrevista sobre o estado de saúde da população com uma componente objetiva de exame físico (medições e análises clínicas), com vista a estimar com rigor a prevalência de doenças e determinantes de saúde, tendo um custo financiado superior a 1,35 milhões de euros.

Em Espanha
Uma criança de seis anos, primeiro caso de difteria em Espanha desde 1987, morreu após um mês de luta contra a bactéria e de...

O anúncio foi feito pelo Hospital de Vall d'Hebron de Barcelona, onde a criança estava internada com difteria desde o fim de maio.

O tratamento foi adiado devido à dificuldade de encontrar a antitoxina na Europa, finalmente fornecida pela Rússia.

Nove crianças e um adulto que se relacionaram com a criança foram contagiados, sem no entanto desenvolver a doença, já que todos estavam vacinados, segundo os serviços de saúde da Catalunha.

O contágio da criança que os pais se recusaram a vacinar por receio dos efeitos secundários relançou a polémica sobre os riscos das vacinas e a ausência de vacinação.

“Lançamos um apelo aos pais: que vacinem os seus filhos”, declarou sábado o responsável da saúde da região da Catalunha Boi Ruiz, durante uma conferência de imprensa.

“Não há risco zero. Mas o que não se pode fazer é utilizar o facto de não haver risco zero para criar medo nos pais em relação às vacinas”, acrescentou.

“Acontecer uma coisa destas num país onde o acesso à vacinação é um direito gratuito e universal deve-nos, enquanto sociedade, fazer refletir”, acrescentou, salvaguardando que o nível de vacinação é “muito alto” em Espanha.

Em França, uma nova polémica surgiu com a morte de um bebé de sete meses que tinha recebido a injeção de duas vacinas contra a tosse convulsa, a hepatite B, a poliomielite, o tétano e a difteria.

Uma petição lançada por um especialista em cancro, Henri Joyeux, assinada por mais de 500 mil pessoas e criticada pelas autoridades francesas, denunciou a falta de vacinas diferenciadas e o perigo de uma nova vacina mais cara do que as antigas que protege de uma só vez contra seis doenças, mas que contém – segundo o especialista -“substâncias perigosas”.

A taxa de vacinação de crianças contra as doenças difteria-tétano-tosse convulsa é de 84% a nível mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Nos Açores
A Ordem dos Psicólogos nos Açores defende a abertura de mais vagas nos centros de saúde e hospitais, mas também nas escolas,...

A delegação da Ordem dos Psicólogos nos Açores, que organiza em setembro o seu I Congresso, na cidade de Ponta Delgada, estima que existam atualmente 358 psicólogos a trabalhar em oito das nove ilhas açorianas, já que o profissional das Flores "presta também serviço no Corvo", a mais pequena ilha do arquipélago.

“Enquanto psicólogos e especialistas do comportamento humano, podemos trabalhar em qualquer área da sociedade. O que falta por vezes é realmente abrir mais vagas para os psicólogos trabalharem”, disse a presidente da delegação regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Maria da Luz Melo.

A responsável revelou que os números oficiais apontam para "10 psicólogos desempregados" na região - oito em São Miguel, um em Santa Maria e outro na Terceira.

Segundo Maria da Luz Melo, apesar de os números da Direção Regional do Emprego e Qualificação Profissional "não revelarem uma taxa muito alta de desempregados" entre a classe no arquipélago, é preciso "melhorar as condições de emprego" dos psicólogos nos Açores.

"Há pessoas com salários abaixo daquilo que gostaríamos”, frisou a presidente da delegação regional, lembrando que estes profissionais exercem a sua atividade "junto de crianças, adolescentes, adultos ou idosos, famílias, instituições públicas e privadas" ou em contextos comunitários.

Maria da Luz Melo considerou que também nos Açores há espaço para uma maior utilização do papel dos psicólogos, que podem trabalhar na área da saúde, na educação, em instituições de solidariedade social ou no seio das autarquias, na área da justiça, em empresas ou outras organizações públicas e privadas.

"Há estudos que comprovam que há um benefício para as empresas terem psicólogos nos seus quadros. Tanto podemos trabalhar numa escola, como numa empresa, numa câmara. Há também muitas áreas em que podemos trabalhar e em diferentes domínios, no caso da saúde nos cuidados paliativos, nos cuidados continuados, com pessoas portadoras de diabetes, com doentes do foro oncológico ou ainda ao nível da neuropsicologia”, defendeu.

A responsável lembrou que a Ordem institui um prémio nacional (Healthy Workplaces) que visa premiar locais de trabalho saudáveis.

O acesso dos psicólogos à formação contínua é outra questão que preocupa a delegação, que organiza, entre os dias 23 a 27 de setembro, no Teatro Micaelense, o I Congresso dos Psicólogos dos Açores, com oradores nacionais e internacionais "de renome" oriundos de "vários países da Europa e Estados Unidos da América" e que vão debater as diferentes áreas de intervenção da psicologia.

"Será um congresso internacional que será realizado pela primeira vez nos Açores com o objetivo de proporcionar aos colegas a oportunidade de debaterem áreas de intervenção com peritos nacionais e internacionais", salientou, lembrando os custos associados à formação no exterior do arquipélago, como estadia e passagens aéreas.

Maria da Luz Melo disse também que gostaria de ver novamente um mestrado gerido pela Universidade dos Açores, "como já chegou a existir", já que atualmente a academia açoriana tem apenas o 1º ciclo de estudos, ou seja, a licenciatura.

Isto implica a deslocação para o continente dos alunos do curso de psicologia que pretendam fazer um mestrado.

"É uma preocupação que nós temos e gostaríamos que essa situação fosse ultrapassada e voltasse a haver um mestrado como já existiu", declarou.

Paula Leite, presidente da ANAMP
Fundadora da Associação Nacional de Amputados, Paula Leite foi vítima de um atropelamento que lhe pr

Foi-nos proposta uma conversa motivadora e um discurso muito positivo de alguém que sofreu o infortúnio de lhe ter sido amputada uma perna, mas sem perder a vontade de caminhar com segurança e sempre em direcção a um futuro sorridente.

Cumpriu-se a proposta. O Atlas da Saúde falou com Paula Leite, mulher, mãe, cidadã portuguesa e presidente da Associação Nacional de Amputados. Confirmámos a boa disposição de Paula, mas também uma pessoa motivada, empreendedora e sobretudo lutadora. “Fui brutalmente atropelada por um automóvel, quando sinalizava uma avaria em plena faixa central. Marquei esse dia como o momento em que enfrentei a morte e, a partir daí, nada nem ninguém me podia fazer desistir de viver”, conta Paula Leite.

Esteve 18 dias em coma e descreve a dureza de como foi lidar com a sua nova condição, a de amputada. Questionou-se sobre tudo: “Porquê eu? O que fiz para merecer isto?”. Mas depressa percebeu que não valia de nada vitimizar-se, “não faria crescer a minha perna, nem mudaria em nada o que já tinha acontecido”, diz. A aceitação do novo “eu” foi a etapa seguinte, dura etapa, mas que sabia ser determinante para a sua felicidade. “Foi um processo lento, que durou alguns meses, mas, como em todas as perdas, é necessário enterrar o sucedido, fazer o luto e deixar, de uma vez por todas, de lamentar o sucedido. Eu tinha duas opções: esconder-me ou aceitar. Para ser feliz, aceitei”, descreve Paula Leite.

Durante muito tempo Paula Leite usou uma prótese que a fazia sangrar, lhe causava dor e que a obrigava a usar canadianas para suporte. A solução surgiu mais tarde com a amputação da perna acima do joelho. Com a prótese perfeita Paula voltou a sentir-se completa.

Apesar disso, a presidente lamenta que a sociedade ainda discrimine as pessoas com deficiência. “São vistas como humanos incapazes, inactivos e não produtivos. A pessoa com deficiência é vista como o resto de um todo”, diz.

Obstáculos e dificuldades

“A falta de sensibilidade por parte dos profissionais de saúde foi o primeiro e maior obstáculo” que Paula Leite vivenciou associada à “solidão e ausência de palavras de conforto e de esperança. Paula confessa que sentiu falta de apoio moral e psicológico, no próprio meio hospitalar. “Não tive alguém para me dizer que o mundo não tinha acabado e que, quando eu saísse do hospital usaria uma prótese e teria uma vida como antes da amputação”.

Ao fim de quatro meses de internamento Paula tem alta hospitalar e depara-se com outro tipo de dificuldade: as barreiras arquitectónicas. “Deparei-me com a falta de acessibilidades, com a dificuldade em subir e descer rampas ou escadarias muito íngremes. A falta de civismo e actos de cidadania eram uma constante no meu dia-a-dia. Os apoios técnicos limitados e as burocracias encontradas para resolver todos os problemas que a amputação me causou, foram, obviamente, obstáculos que encontrei no meu caminho”, refere.

Os apoios

Mas Paula é uma mulher determinada e a vida e a felicidade de estar viva foram as principais motivações para continuar a lutar contra as barreiras que foi encontrando. “O meu espírito foi o da determinação, o de provar a mim mesma que seria capaz de enfrentar qualquer desafio e qualquer obstáculo que se cruzasse no meu caminho”, assegura. A somar a esta determinação estava o suporte da família, dos amigos e do filho, o seu “grande pilar”: “foi ele que sempre me deu força e ânimo para continuar a ser o seu orgulho”. Também os profissionais de saúde que encontrou depois de seis anos de sofrimento foram um importante apoio para recuperar a qualidade de vida a autonomia. Houve mesmo uma época, passageira, que recorreu à ajuda psicológica para ultrapassar os maus momentos. Porém, conta, “sou uma pessoa optimista e cheia de sonhos, que acredita que as mudanças não acontecem por acaso. Sou tão optimista que acredito que um dia serei a primeira mulher a correr de prótese em Portugal e que todas as pessoas com membros amputados serão felizes como eu”.

Paula leite, a Presidente

A Associação Nacional de Amputados (ANAMP) é uma associação sem fins lucrativos criada em Dezembro de 2014 e que neste momento está na fase de angariação de sócios e de parceiros com vista à oferta de serviços específicos dirigidos aos amputados e familiares/amigos.

O objectivo da ANAMP é simples, tirar as pessoas amputadas de casa e mudar mentalidades, criando um colectivo de aceitação, não só social, como focada num objectivo “eu próprio me aceitar”. Romper barreiras, valores, desbravar caminhos para a felicidade, abrir horizontes e afirmar a qualidade de vida. O desafio é angariar sócios dispostos a lutar com a ANAMP ‘Por uma Vida mais Viva’.

O objectivo da criação da Associação foi o de “ajudar as pessoas amputadas a sair de casa, qualificar uma nova vida, acrescentando a ideia de qualidade nas novas etapas”, explica Paula Leite, acrescentando que, “as pessoas precisam saber que com membros amputados que a vida pode ser vivida da mesma forma, mas de uma maneira diferente”.

Por isso, a mensagem que Paula Leite pretende passar é de mudança: “temos de mudar os tempos e dar um novo rumo às mentalidades. Temos a garra, a força nas convicções que nos move. Estas são as nossas principais armas para ir à luta por esta mudança”.

 

Por expressa opção do autor, o texto não respeita o Acordo Ortográfico

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Associação de Bioética defende
O presidente da Associação Portuguesa de Bioética, Rui Nunes, defendeu a extensão do direito de elaborar um testamento vital a...

“Não vejo razão nenhuma para que maiores de 16 de idade, eventualmente com o consentimento parental, para termos a certeza de que há capacidade de decisão, não possam, se for esse o caso, elaborar um testamento vital”, afirmou Rui Nunes.

O presidente da Associação Portuguesa de Bioética falava a propósito do primeiro ano de funcionamento do Registo Nacional do Testamento Vital (Rentev), que se assinala no início de julho, que recebeu até quinta-feira 1.454 testamentos vitais, segundo dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde.

“Não se trata, porém, do número total de testamentos vitais dado que aqueles que foram apenas efetuados nos notários não estão aqui contabilizados”, sublinhou o especialista.

Três anos depois de aprovada a legislação e um ano de funcionamento do Rentev, disponível no Portal do Utente do Ministério da Saúde, o presidente da Associação Portuguesa de Bioética congratula-se com o facto de os profissionais de saúde estarem “em ampla sintonia, para não dizer em total sintonia” com este projeto.

Contudo, considera que “há aspetos que têm de melhorar”, nomeadamente em relação à divulgação.

“Não basta tratar-se de um direito das pessoas, as pessoas têm de saber desse direito e têm de saber exercê-lo. Daí as propostas de alteração da lei. Não estou a apontar o dedo a ninguém, há aqui uma responsabilidade coletiva de falar deste temas. Não basta dizer, em abstrato, que há um direito e depois as pessoas não saberem como o podem exercer”, sustentou.

Um testamento vital, também designado como diretiva antecipada de vontade, tem como objetivo deixar expressa a vontade em relação aos cuidados de saúde que se quer, ou não, receber em fim de vida, caso se esteja impossibilitado de o expressar de forma autónoma.

Na prática, a hipótese de fazer um testamento vital já existia desde 2012, mas cada pessoa tinha que redigir o seu documento e ir a um notário para o documento ser juridicamente válido. Desde o início de julho de 2014, que esse procedimento pode ser feito no Rentev.

Rui Nunes defende que a lei deveria indicar “o aconselhamento profissional, nomeadamente médico, não de uma maneira obrigatória ou compulsiva, mas como uma forte sugestão”.

Em termos de funcionamento do Rentev, “propomos algumas alterações, entre as quais introduzir uma cláusula relativa à sedação paliativa terminal. Ou seja, alguns países, como a frança e outros, legalizaram a sedação paliativa terminal, que não é uma forma de eutanásia, convém esclarecer, mas que se calhar devia merecer uma atenção especial na diretiva antecipada de vontade. O documento disponibilizado pelo Ministério da Saúde devia contemplar esta hipótese”, disse.

Rui Nunes sugere também que as instituições hospitalares informem todos os doentes sobre a possibilidade de efetuar um testamento vital.

“Isto é o que se passa nos países anglo-saxónicos e é por isso que eles têm taxas de adesão de 80 e 90% em determinados estratos populacionais”, sublinhou.

Para o diretor da Associação Portuguesa de Bioética e do Departamento de Ciências Sociais e Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o ideal seria que quando um doente dá entrada numa instituição hospitalar lhe dissessem que tem o direito de fazer um testamento vital.

“Uma coisa tão simples quanto esta, que, por si só, não vai compelir ninguém, nem vai manipular ninguém. Trata-se simplesmente de dizer às pessoas que têm essa oportunidade. Esta é uma alteração que fazia sentido, mas num enquadramento altamente positivo”, frisou.

Um outro dado que, no entender do principal impulsionador do testamento vital em Portugal, merece reflexão é “perceber porque é que há muito mais mulheres a fazerem testamentos vitais”.

Segundo Rui Nunes, este facto pode traduzir “um fenómeno social e sociológico complexo”.

“É estatisticamente muito significativo e isso indicia que, se for por maior pro-atividade das mulheres, excelente, mas se for uma atitude defensiva ela tem que ser estudada, trabalhada e corrigida. Porque uma pessoa não pode fazer o testamento vital porque tem medo de ficar sozinha, mas por uma questão de convicção”, frisou o especialista.

A Associação Portuguesa de Bioética organiza na próxima quarta-feira, no Porto, com o apoio da Ordem dos Médicos, um seminário de balanço sobre o primeiro ano do Rentev.

Em 2013
Em 2013, 187.100 pessoas morreram em todo o mundo devido ao consumo de drogas, um número semelhante a anos anteriores, segundo...

No seu relatório anual sobre as Drogas no Mundo, divulgado em Viena, a ONU estima que 246 milhões de pessoas entre os 15 e os 64 anos consumiram estupefacientes ilegais, o que representa um em cada 20 adultos a nível mundial.

“Um número inaceitável de consumidores de drogas em todo o mundo continua a morrer prematuramente, com uma estimativa de 187.100 mortes relacionadas com as drogas em 2013”, indicou no relatório o diretor-geral do Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), Yuri Fedotov.

Por regiões, a Ásia registou 81.100 mortes, a América do Norte 43.300, África 37.800, Europa 16.900, América Latina e Caraíbas 6.000 e Oceânia 2.000.

Segundo a ONU, o número total de mortes é praticamente o mesmo dos anos anteriores e “o consumo de drogas ilícitas permaneceu estável”.

O relatório indica que um em cada 10 consumidores tem problemas sérios de dependência. Destes 27 milhões de “consumidores problemáticos”, perto de metade (12,19 milhões) usa substâncias injetáveis, calculando-se que 1,65 milhões dos quais estavam infetados com o vírus da imunodeficiência humana (VIH) em 2013.

A droga que causa mais problemas de saúde e mortes é o ópio, “o que se pode atribuir à relação que existe entre o consumo de opiáceos e o consumo de drogas injetáveis, o VIH, a SIDA e as mortes por overdose”, assinala o relatório.

Os consumidores de drogas injetáveis, como a heroína, têm uma taxa de mortalidade 15 vezes superior à dos outros indivíduos da mesma idade e sexo que não as usam.

A ONU denuncia que apenas um em cada seis toxicodependentes com problemas graves de dependência tem acesso a programas de tratamento, adiantando Fedotov que “as mulheres em particular parecem enfrentar barreiras ao tratamento”.

A cannabis é a droga mais consumida no mundo, cerca de 182 milhões de pessoas, seguida dos estupefacientes sintéticos, incluindo as anfetaminas e o Ecstasy, com 52,7 milhões.

Os derivados do ópio são consumidos por 48,9 milhões de pessoas e a cocaína por 17 milhões.

O relatório sobre as Drogas no Mundo indica ainda que o cultivo mundial da papoila, a planta da qual se extrai o ópio, alcançou o seu nível mais alto desde finais da década de 1930, devido a máximos históricos no Afeganistão, o primeiro produtor do planeta.

Dos perto de 311.000 hectares de papoila cultivados em todo o mundo em 2014, 224.000 estavam no Afeganistão, onde a superfície cultivada aumentou sete por cento.

O Afeganistão foi responsável pela produção de 85% do ópio a nível mundial em 2014 (mais 17% que no ano anterior) e por 78% da heroína.

Ao contrário, o cultivo da folha de coca situou-se em 2013 no seu nível mais baixo desde que começaram a recolher-se dados em 1990, indica o relatório que analisa as tendências na produção e consumo de substâncias ilegais.

Em 2013 cultivaram-se 120.800 hectares de folha de coca no mundo, cerca de 10% menos que no ano anterior, utilizadas para fabricar 902 toneladas de cocaína pura.

A superfície cultivada diminuiu 18% no Peru e 9% na Bolívia e foram apreendidas 687 toneladas de cocaína em todo o mundo, quase um terço das quais (226 toneladas) na Colômbia.

Benefit patients with hypophosphatasia developed in childhood
The European Medicines Agency (EMA) has recommended granting a marketing authorisation under exceptional circumstances for...

Hypophosphatasia is caused by defects in the gene responsible for producing ‘alkaline phosphatase (ALP)’, an enzyme that plays a key role in creating and maintaining healthy bones, and managing calcium and phosphate in the body. Patients with hypophosphatasia have symptoms such as early loss of teeth, malformed bones and frequent bone fractures. This disease can be life-threatening when it affects unborn babies or infants, because of the incomplete development of their bones and additional complications such as respiratory problems. When it develops later in life, the disease is generally not fatal but can be highly debilitating.

There is currently no approved treatment for this condition; patients usually receive supportive treatment such as plaster casts for broken bones, calcium supplements for maintaining the levels of calcium in the blood and painkillers. Strensiq, the first therapy for this disease, could contribute to respond to this unmet medical need as it is expected to help improve the composition of bones and make them stronger. Asfotase alfa, its active substance, is a modified copy of the human ALP enzyme and serves as a replacement for the defective enzyme.

The Committee for Medicinal Products for Human Use (CHMP) considered that Strensiq should be recommended for marketing authorisation under exceptional circumstances. This type of authorisation can be granted for medicines that offer new or improved treatment options for patients with no or only limited alternatives, in cases where the applicant is not able to provide comprehensive data. In the case of Strensiq, data on the efficacy and safety are limited due to the extreme rarity of the disease. However, CHMP required the applicant to collect further data on its clinical efficacy and safety and submit these data regularly for review by the Committee after the granting of a marketing authorisation.

Strensiq has benefitted from a range of EMA tools to support innovation. The company received scientific advice from the CHMP. This is one of the Agency’s main tools to facilitate and stimulate research and development within the European Union (EU).

Because hypophosphatasia is rare, Strensiq was also designated as an orphan medicine by the Committee for Orphan Medicinal Products (COMP) in 2008. Orphan designation gives medicine developers access to incentives such as fee reductions for scientific advice, and is the key instrument available in the EU to encourage the development of medicines for patients with rare diseases.

Strensiq will be given to young patients during their childhood and adolescence, and can be used later on during their adult life. The medicine will be available in various strengths and volumes so that doses can be adjusted to the patient’s size and weight. To ensure that the medicine is given correctly, EMA has advised on a colour code system to better distinguish between the different forms of the medicine. Booklets with detailed information on the correct use of the medicine will be provided to patients and carers.

The opinion adopted by the CHMP at its June 2015 meeting is an intermediary step on Strensiq's path to patient access. The CHMP opinion will now be sent to the European Commission for the adoption of a decision on an EU-wide marketing authorisation. Once a marketing authorisation has been granted, each Member State will take a decision on price and reimbursement based on the potential role/use of this medicine in the context of its national health system.

Notes

This press release, together with all relevant documents, is available on the Agency's website: http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/news_and_events/news/2....

The marketing-authorisation applicant for Strensiq is Alexion Europe SAS.

Following this positive CHMP opinion, the COMP will assess whether the orphan designation should be maintained.

More information on EMA's recommendation for the safe use of Strensiq is available here.

More information on the work of the European Medicines Agency can be found on its website: www.ema.europa.eu

Farydak shown to slow progression of rare blood cancer
The European Medicines Agency (EMA) has recommended granting a marketing authorisation for Farydak (panobinostat) for the...

Farydak is the first cancer medicine that targets enzymes known as histone deacetylases or HDACs, which are involved in turning genes ‘on’ and ‘off’ within cells. It is intended for patients with relapsed and/or refractory multiple myeloma who have received at least two prior standard therapies, including bortezomib and an immunomodulatory agent. It is to be used in combination with bortezomib and the anti-inflammatory medicine dexamethasone.

Multiple myeloma is a rare cancer of a type of white blood cells called plasma cells. In multiple myeloma, the division of plasma cells becomes out of control, resulting in abnormal, immature plasma cells multiplying and filling up the bone marrow. The abnormal cells interfere with the production of normal white blood cells, red blood cells and platelets, and patients develop complications such as infections, anaemia, bone pain and fractures, raised blood calcium levels and kidney dysfunction.

Multiple myeloma is generally an incurable disease that leads to bone destruction and kidney failure. In 2012, around 39,000 people had multiple myeloma in the European Union (EU). Around 50% of patients diagnosed with multiple myeloma under current treatment are still alive after five years.

The recommendation from EMA’s Committee for Medicinal Products for Human Use (CHMP) is based on a study of Farydak in combination with bortezomib and dexamethasone in 768 patients with multiple myeloma, 193 of whom had received at least two prior treatments that included bortezomib and an immunomodulatory agent. Participants were randomly assigned to receive a combination of Farydak, bortezomib and dexamethasone, or bortezomib and dexamethasone alone. The study found that among patients who had received prior treatment with bortezomib and an immunomodulatory agent, the disease progressed more slowly (by a median of 4.8 months) with Farydak treatment. The most common side effects of Farydak were blood disorders, haemorrhage, diarrhoea, nausea, vomiting and fatigue.

In the context of these sometimes serious side effects, the CHMP considered that the overall benefit-risk balance for Farydak is only positive in patients with relapsed and/or refractory multiple myeloma who have received at least two prior regimens including bortezomib and an immunomodulatory agent. A follow-up plan to monitor the safety of Farydak and lower its risks was agreed by the CHMP.

Because multiple myeloma is rare, Farydak was designated as an orphan medicine by the Committee for Orphan Medicinal Products (COMP) in 2012. Orphan designation gives medicine developers access to incentives such as fee reductions for scientific advice and is the key instrument available in the EU to encourage the development of medicines for patients with rare diseases.

The opinion adopted by the CHMP at its June 2015 meeting is an intermediary step on Farydak’s path to patient access. The CHMP opinion will now be sent to the European Commission for the adoption of a decision on an EU-wide marketing authorisation. Once a marketing authorisation has been granted, decisions about price and reimbursement will take place at the level of each Member State, taking into account the potential role/use of this medicine in the context of the national health system of that country.

Notes

This press release, together with all relevant documents, is available on the Agency's website: http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/news_and_events/news/2...

The applicant for Farydak is Novartis Europharm Ltd.

Following this positive CHMP opinion, the COMP will assess whether the orphan designation should be maintained.

More information on the work of the European Medicines Agency can be found on its website: www.ema.europa.eu

 

Treatment to be added to Humira’s approved uses
The European Medicines Agency (EMA) has recommended extending the use of Humira (adalimumab) to include treatment of adults...

Hidradenitis supportiva is a chronic skin disease that causes abscesses and scarring on the skin – usually around the groin, buttocks, breasts and armpits. Humira is the first medicine that is recommended for approval for the treatment of this disease in the European Union (EU).

Humira was first authorised in the EU in September 2003 for the treatment of active rheumatoid arthritis. The use of Humira was later extended to include the treatment of other inflammatory autoimmune conditions in adults and children, including juvenile idiopathic arthritis, psoriatic arthritis, ankylosing spondylitis, plaque psoriasis, Crohn's disease and ulcerative colitis.

The active substance in Humira, adalimumab, is a monoclonal antibody. It has been designed to attach to tumour necrosis factor-alpha (TNF), which is involved in causing inflammation and is found at high levels in patients with the types of autoimmune diseases that Humira is used to treat. By blocking TNF-alpha, adalimumab reduces the inflammation and other symptoms of the diseases.

Hidradenitis suppurativa is estimated to affect about 1% of the population in any one year, and is 2 to 5 times more common in women than men. It ranges from mild to severe forms, but it can be progressive in some people. It is characterised by recurrent inflamed nodules and abscesses, which may form fistulas, leak pus and cause scarring. Hidradenitis suppurativa can have a considerable impact on patients’ daily lives, their work/school attendance, physical activities, and emotional state.

Currently, there are no approved medicines for the treatment of hidradenitis suppurativa in the EU, but there are treatment recommendations from learned societies including antibiotics to treat infections. Surgery and/or laser treatments are sometimes used in severe cases. The EMA’s Committee for Medicinal Products for Human Use (CHMP) considered that there is an unmet medical need for treatment of this condition when conventional treatments have failed.

The recommendation from the CHMP is based on the results of two main studies in 633 people with moderate to severe hidradenitis suppurativa. Patients in these studies were randomly assigned to receive either Humira or placebo in addition to daily use of a topical antiseptic. Both studies showed that patients given Humira had greater reductions in the numbers of abscesses and inflammatory nodules than patients given placebo.

The adverse events reported during the clinical trials of Humira for hidradenitis suppurativa were generally similar to those seen with Humira used in its other indications. There are some known risks with Humira including risks of infection and malignancy. A follow-up plan to monitor the long-term safety of Humira was agreed by the CHMP.

The company received scientific advice from the CHMP on clinical aspects of the application. This is one of the Agency’s main tools to facilitate and stimulate research and development within the EU.

The opinion adopted by the CHMP at its June 2015 meeting is an intermediary step on Humira’s access to adult patients with active moderate to severe hidradenitis suppurativa. The CHMP opinion will now be sent to the European Commission for the adoption of a decision to change the marketing authorisation. Once the extension of indication has been granted, each Member State will take a decision on price and reimbursement based on the potential role/use of this medicine in the context of its national health system.

Notes

This press release, together with all relevant documents, is available on the Agency's website: http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/news_and_events/news/2....

The applicant for Humira is AbbVie Ltd.

More information on the work of the European Medicines Agency can be found on its website: www.ema.europa.eu

 

Kanuma is first treatment for rare life-threatening genetic disease
The European Medicines Agency (EMA) has recommended granting a marketing authorisation for Kanuma (sebelipase alfa), for the...

Patients with this condition have a wide range of symptoms such as growth failure, enlarged liver, diarrhoea and malabsorption (when nutrients from food are not easily absorbed during digestion). There are different types of LAL deficiency with the disease in infants, also called Wolman disease, being the most severe. In its most severe form, the disease is usually fatal in the first year of life.

There is currently no approved therapy for this condition. Due to the lack of treatment and the high death rate in infants under the age of one, EMA’s Committee for Medicinal Products for Human Use (CHMP) decided to speed up the evaluation of this medicine and recommended marketing authorisation following an accelerated assessment. This mechanism is one of the Agency’s tools to speed up patient access to new medicines where there is an unmet medical need.

LAL deficiency occurs when the body does not produce enough active lysosomal acid lipase (LAL), an enzyme which breaks down fatty material. The lack of the LAL enzyme can lead to a build-up of fatty material in a number of vital body organs including the liver and blood vessels.

Kanuma is indicated for long-term enzyme replacement therapy (ERT) in infants, children and adult patients. Kanuma’s active substance is sebelipase alfa, a recombinant lysosomal human acid lipase, which is effective in replacing the activity of the missing enzyme. Kanuma is the first recombinant product produced from the egg white of transgenic hens (hens whose cells have been modified to include a foreign gene).

The CHMP based its recommendation on four studies which provided evidence on the safety and efficacy in infants (under six months of age), children and adults. LAL is a rare disease; therefore the number of participants in these studies was small. Across all four studies, a total of 106 patients with LAL deficiency received treatment with sebelipase alfa, including 14 infants. In the clinical trials significant improvements were observed for a number of disease parameters. There was an improvement in survival of infants with LAL deficiency for which no treatment was available up until now. Collection of long-term efficacy data will continue through an ongoing study in infants with LAL deficiency.

The most common side effects with Kanuma were potential allergic reaction (hypersensitivity), high levels of fatty material in the blood (transient hyperlipidemia) and development of anti-drug antibodies (ADAs) which can hamper treatment as it might induce hypersensitivity and/or make treatment potentially less effective. The CHMP recommended that hypersensitivity, which appears to be more frequent in infants, should be further monitored following authorisation in all age groups. CHMP also required that long-term monitoring of ADAs in infants and in older populations be carried out.

Because LAL deficiency is rare, Kanuma was designated as an orphan medicine by the Committee for Orphan Medicinal Products (COMP). Orphan designation gives medicine developers access to incentives such as fee reductions for scientific advice and is the key instrument available in the EU to encourage the development of medicines for patients with rare diseases.

The opinion adopted by the CHMP at its June 2015 meeting is an intermediary step on Kanuma’s path to patient access. The CHMP opinion will now be sent to the European Commission for the adoption of a decision on an EU-wide marketing authorisation. Once a marketing authorisation has been granted, decisions about price and reimbursement will take place at the level of each Member State, taking into account the potential role/use of this medicine in the context of the national health system of that country.

Notes

This press release, together with all relevant documents, is available on the Agency's website: http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/news_and_events/news/2....

The applicant for Kanuma is Synageva BioPharma Ltd.

Following this positive CHMP opinion, the COMP will assess whether the orphan designation should be maintained.

More information on the work of the European Medicines Agency can be found on its website: www.ema.europa.eu

Training device and audio-visual material
The European Medicines Agency (EMA) has recommended several measures, including the introduction of more effective educational...

Adrenaline auto-injectors are potentially life-saving treatments for anaphylaxis (severe allergic reactions) while the patient waits for emergency medical assistance.

EMA carried out a review of adrenaline auto-injectors following concerns that currently available devices may deliver adrenaline under the skin instead of into a muscle, and this may delay response to treatment.

Having assessed all the available data, EMA’s Committee for Medicinal Products for Human Use (CHMP) acknowledged that giving the medicine by injection into the muscle is the preferred way to obtain a rapid response in anaphylaxis. However, the CHMP noted that several factors may affect whether adrenaline is actually delivered into a muscle; these include needle length, the thickness of fat under the skin, the way the auto-injector works (e.g. if it is spring loaded or not), the angle at which the device is placed on the skin and the force used to activate the device as well as how well the user follows the instructions for injection.

The CHMP concluded that training of the user is of paramount importance. The companies that market adrenaline auto-injectors will therefore be asked to develop more effective educational material for patients, as well as for healthcare professionals, to ensure their optimal use. This will include a training device with which patients can practise; audio-visual material to show in detail how the device is to be used; and a checklist for prescribers to ensure that sufficient information is given to the patient before they use the auto-injector. The product information of adrenaline auto-injectors will also be updated with further warnings and precautions, including a recommendation that patients should be prescribed two auto-injectors which they should carry at all times and a recommendation for family members, carers or teachers to be trained on how to use the auto-injector.

The CHMP also concluded that further data should be generated to better understand how adrenaline penetrates body tissues when given with each of the different auto-injectors.

The CHMP recommendation will now be sent to the European Commission for a legally binding decision that will be valid throughout the EU.

Information for patients

Adrenaline auto-injectors are used to treat severe allergic reactions, while the patient awaits emergency medical assistance. They are designed so that they can be easily used by the patient themselves or a carer.

The review of adrenaline auto-injectors showed that patients could benefit from further training to use the auto-injector successfully.

You will receive training from your doctor or nurse on how to use your adrenaline auto-injector. A training device will also be developed so that you can practise with it before you need the auto-injector in an emergency. A training video will be produced to show you in detail how to use the injector properly.

It is important that you use the auto-injector correctly so that the adrenaline is delivered into your muscles and works as quickly as possible.

If you have been prescribed an adrenaline auto‑injector because you are at risk of severe allergic reactions, you should ensure you are familiar with it and carry it with you at all times.

It is likely that your doctor will recommend that you carry 2 injectors, in case a second dose is needed while you wait for emergency assistance.

Your family members, carers or teachers should also be instructed in the correct use of the auto-injector.

Information for healthcare professionals

The review of adrenaline auto-injectors confirmed that intramuscular injection is the preferred route of administration in the treatment of anaphylaxis in order to obtain a rapid response.

Several factors may affect whether adrenaline reaches the muscle layer. These include: needle length, the skin-to-muscle depth, the way the auto-injector works (e.g. if it is spring loaded or not), the angle of placement on the skin and the force used to activate the device.

Because of the uncertainties over drug delivery from adrenaline auto-injectors and the consequent uncertainties around the onset of pharmacodynamic response, it is recommended that healthcare professionals prescribe 2 auto-injectors, which patients should carry at all times.

Educational material will be developed to ensure that patients or carers use adrenaline auto-injectors successfully. This will include a training device that patients can practise with, audio-visual material and a prescriber checklist.

A study in 2013 by Brown et al. showed that 15% of the mothers were unable to use the auto-injector successfully in their children. This supports the introduction of proper training and comprehensive educational material for patients and healthcare professionals.

The companies that market adrenaline auto-injectors will be asked to carry out a pharmacokinetic/pharmacodynamic study to better understand how adrenaline penetrates body tissues when given through an auto-injector.

More about the medicine

Adrenaline (epinephrine) auto-injectors are given to people who are at risk of anaphylaxis (severe allergic reaction) or have had a previous episode of anaphylaxis, to use as a first‑aid measure in case of emergencies while waiting for emergency medical assistance.

Anaphylaxis is a life-threatening reaction that causes a drop in blood pressure and breathing difficulties. An injection of adrenaline helps to relieve the symptoms of anaphylaxis quickly by narrowing the blood vessels (thereby increasing the blood pressure) and opening up the airways to help with the breathing.

Adrenaline auto-injectors have been approved through national procedures in all the EU Member States.

More about the procedure

The review of adrenaline auto-injectors was initiated at the request of the United Kingdom in April 2014, under Article 31 of Directive 2001/83/EC. This followed a national review of all adrenaline auto-injector products approved in the UK, which concluded that there was no robust evidence that the devices deliver adrenaline into a muscle for all patients.

The review has been carried out by the Committee for Medicinal Products for Human Use (CHMP), responsible for questions concerning medicines for human use, which has adopted the Agency’s final opinion. The CHMP opinion will now be forwarded to the European Commission, which will issue a final legally binding decision applicable in all EU Member States.

References

The review looked at data from several studies including:

Bhalla, M. C., B. D. Gable, et al. (2013). "Predictors of epinephrine autoinjector needle length inadequacy." Am J Emerg Med 31(12): 1671-1676.

Brown, J., D. Tuthill, et al. (2013). "A randomized maternal evaluation of epinephrine autoinjection devices." Pediatr Allergy Immunol 24(2): 173-177.

Simons, F. E., X. Gu, et al. (2001). "Epinephrine absorption in adults: intramuscular versus subcutaneous injection." J Allergy Clin Immunol 108(5): 871-873.

Simons, F. E., J. R. Roberts, et al. (1998). "Epinephrine absorption in children with a history of anaphylaxis." J Allergy Clin Immunol 101(1 Pt 1): 33-37.

Song, T. T., M. R. Nelson, et al. (2005). "Adequacy of the epinephrine autoinjector needle length in delivering epinephrine to the intramuscular tissues." Ann Allergy Asthma Immunol 94(5): 539-542.

Stecher, D., B. Bulloch, et al. (2009). "Epinephrine auto-injectors: is needle length adequate for delivery of epinephrine intramuscularly?" Pediatrics 124(1): 65-70.

Wang, C., R. Wolf, et al. (2013). Comparison of Needle Penetration Depth Probabilities of Two Epinephrine Auto-Injectors. ALLERGY AND ASTHMA PROCEEDINGS, OCEAN SIDE PUBLICATIONS INC 95 PITMAN ST, PROVIDENCE, RI 02906 USA.

Em Portugal
Uma tecnologia portuguesa vai permitir controlar a qualidade dos óleos de fritura, que face à legislação em vigor não podem ter...

Esta nova plataforma de análise, denominada Eyefry, surge porque "os sistemas que atualmente existem colocam questões de robustez e fiabilidade", sendo que se colocou a ideia de poder investir numa solução que conjugasse "a facilidade de uso e o baixo custo analítico e resultados confiáveis", anunciou em comunicado o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), um dos parceiros envolvimentos no lançamento desta tecnologia.

Os outros foram a Ambifood (que fornece sistemas de análise rápidos nos domínios ambiental e alimentar), a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) e o Laboratório de Química da ASAE criou esta tecnologia.

Esta inovação, destaca o comunicado, "tem impacto na saúde pública, uma vez que existe uma relação de casualidade entre a ingestão de óleos usados na fritura, a sua degradação e o aparecimento de certas patologias".

Através de sistemas óticos e de 'software' de registo e controlo de dados por meio de um ‘smartphone', que por sua vez está conectado com o sistema geral de controlo de dados, através de um 'software' próprio, o Eyefry insere-se "num mercado em expansão, com um produto inovador capaz de criar postos de trabalho dedicados e tendo em vista a internacionalização", afirma o CEO da Ambifood, Artur Melo e Castro, citado no comunicado.

Este produto destina-se às entidades que atuam na indústria alimentar e para quem os controlos são obrigatórios, considerando as questões legais e económicas.

"Para além dos benefícios económicos que o projeto Eyefry vai trazer, está provada uma relação de causalidade entre a ingestão de óleos usados na fritura, a sua degradação e o aparecimento de certas patologias, tais como doenças degenerativas, oncológicas, envelhecimento precoce, entre outras", pode ler-se no documento.

Os resultados do projeto vão ser apresentados terça-feira, 30 de junho, no Workshop final do projeto Eyefry, no Auditório B do INESC TEC, com início marcada para as 14:15.

Na apresentação estarão presentes membros IAPMEI, do Centro Hospitalar do Porto e da ASAE, para discutir as implicações deste tema na saúde pública, o seu enquadramento e controlo oficial e interesse prático.

Este projeto foi financiado pelo Programa Operacional Regional do Norte ("ON.2 - O Novo Norte"), do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

Grécia
No centro de Atenas, a comunidade policlínica e farmacológica já prestou nos últimos três anos assistência gratuita a mais de 7...

Constantine Kokossis, 65 anos, é um dos voluntários que trabalha desde o início nesta instituição, onde assegura o secretariado e assuntos administrativos. À entrada, três mulheres aguardam a vez para os dois dentistas de serviço. Nas paredes, cartazes de solidariedade em vários idiomas. O telefone toca incessantemente e Kokossis tentar solucionar diversos problemas burocráticos.

"Esta comunidade policlínica integra um conjunto de médicos, dentistas, farmacêuticos e outros voluntários, todos sem qualquer remuneração. Não somos uma ONG nem garantimos apoios periódicos, quer do Estado quer de outras organizações internacionais", assinala.

As doações provêm da Grécia, e do estrangeiro, através de pessoas ou instituições privadas. No total, 80 pessoas entre médicos, incluindo 30 dentistas, farmacêuticos e pessoal auxiliar garantem o funcionamento diário da policlínica, que disponibiliza várias especialidades médicas e estabelece alguns protocolos, em particular na área da oftalmologia, também para consultas gratuitas.

"Recebemos pessoas de toda a Grécia e sem distinguir entre gregos ou imigrantes, mesmo que tenham sido detidos ou sejam indocumentados. Desde 2012 já assistimos 7.000 pessoas".

A instituição funciona no terceiro andar de um prédio não longe da praça Omonia, conhecia pela sua concentração de imigrantes, que desde janeiro também passaram a ter acesso ao serviço nacional de saúde após decisão do Syriza, o partido da esquerda radical no poder.

"Logo após o início do mandato do Governo em janeiro foi decidido que todas as pessoas devem ter acesso aos serviços de saúde, sem discriminação entre gregos e estrangeiros. Tentaram restabelecer o serviço mas por razões técnicas falta dinheiro, entre outros problemas. Há um atraso, e por isso é necessário manter em funcionamento estas unidades policlínicas dirigidas à comunidade".

No entanto, o aumento exponencial da imigração em direção à Grécia desde o início de 2015 agravou o problema.

"Verificou-se um forte aumento na busca de cuidados de saúde primários. E nós somos a primeira instância a que recorrem", revela. "No passado isso não acontecia, porque a assistência médica estatal estava assegurada, mas foi entretanto desmantelada".

A Comunidade policlínica e farmacológica de Atenas está integrada numa rede mais ampla designada "Solidariedade para todos" (Solidarity4all), que no início forneceu as verbas necessárias para iniciar o projeto.

"Em 2012 foram os deputados do Syriza, então na oposição, que ofereceram parte do seu salário para ajudar neste esforço", indica Kokossis. A Policlínica garante ainda algum apoio monetário através de doadores particulares, decisivo após o colapso do Serviço nacional de saúde, "talvez a maior catástrofe em toda a história deste setor após serem aplicados cortes de 40%".

O responsável da instituição calcula que 2,4 milhões de pessoas, entre desempregados e migrantes, dependem destas instituições para os cuidados de saúde primários.

E a situação agravou-se após as pessoas com mais de três meses sem trabalho terem sido impedidas de acesso ao sistema de saúde estatal. À semelhança de muitos imigrantes (no total cerca de um milhão, 10 por cento da população do país), na maioria desempregados ou envolvidos na "economia paralela".

A aquisição de medicamentos é outro problema central desta policlínica, mas que tem sido minimizado pela "solidariedade dos cidadãos", como refere.

"Todas as manhãs vêm pessoas entregar-nos que os seus medicamentos por já não precisarem ou por terem alterado a prescrição. Cerca de 90% dos medicamentos são garantidos desta forma".

No espaço alugado pela instituição, e para além da sala dos dentistas e da reservada aos medicamentos, funciona uma sala de ginecologia "com material vindo da Alemanha", uma sala para pequenas cirurgias e outra para apoio psicológico.

"Há um grande número de pessoas que necessita de apoio psicológico. Somos um povo mediterrânico do ponto de vista sentimental e psicológico. Desde o início da crise é inacreditável o aumento no número de suicídios. Não havia números, antes eram muito reduzidos, agora são milhares de casos registados", assinala Constantine Kokossis.

"As instituições psiquiátricas foram o primeiro setor afetado pelos cortes no orçamento para a saúde", acrescenta, ao justificar a atenção dedicada a esta especialidade clínica.

E concluiu com uma certeza: "Perante a atual situação, esta policlínica vai continuar a funcionar num futuro previsível".

Páginas