Estudo
O vírus do Ébola pode persistir no esperma de alguns sobreviventes à infeção durante nove meses, segundo um estudo divulgado e...

Este é o primeiro estudo do género, realizado a longo prazo, e que mostra que vestígios do vírus podem permanecer permanentemente no corpo de homens curados, o que representa um risco porque podem contaminar outras pessoas.

Os resultados preliminares do estudo, realizado em 93 voluntários do sexo masculino com idade superior a 18 anos na Serra Leoa, foram divulgados na revista médica New England Journal of Medicine.

“O estudo (…) mostra que apesar do número de casos de Ébola continuar a diminuir, os sobreviventes e suas famílias ainda enfrentam os efeitos da doença”, referiu, em comunicado, Bruce Aylward, responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS) pelo combate à doença.

Segundo o mesmo responsável, a pesquisa fornece mais evidências de que as pessoas que sobrevivem ao Ébola precisam de ajuda entre seis a 12 meses após a sua recuperação, para garantir que os seus parceiros sexuais não são expostos ao vírus.

Os 93 participantes começaram a fornecer amostras de esperma dois meses depois de terem estado infetados e durante 10 meses.

O vírus do Ébola devastou três países da África Ocidental (Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri) desde o final de 2013, infetando 25 mil pessoas e provocando 11 mil mortos.

Estudo
Uma proteína que parece desempenhar um papel-chave na doença de Alzheimer foi identificada por cientistas, que acreditam ser...

Conhecida como GPR3, a proteína pode, segundo o estudo feito com ratinhos, impedir a acumulação de fragmentos da proteína beta-amiloide no cérebro, que afeta a comunicação normal entre os neurónios.

A formação de placas amiloides no cérebro é considerada a principal causa da doença de Alzheimer, que não tem cura.

"Descobrimos que GPR3, uma proteína ativa no cérebro, jogava um papel significativo na formação de beta-amiloide e na agregação deste peptídeo para formar as placas" amiloides que existem dos doentes de Alzheimer, afirmou, citada pela agência AFP, a investigadora Amantha Thathiah, da Universidade de Lovaina, na Bélgica.

De acordo com Amantha Thathiah, o estudo mostra, por manipulação genética, que "a ausência desta proteína reduz a formação de placas amiloides e o declínio cognitivo" em ratinhos doentes.

Apesar dos modelos de doença de Alzheimer em ratinhos não serem equivalentes aos humanos, pelo que é necessário aprofundar os resultados do estudo em humanos, os cientistas sentem-se motivados pelo facto de haver no mercado medicamentos que têm como alvo este tipo de recetor proteico.

Além disso, realça a investigação, autópsias feitas a cadáveres de pessoas com Alzheimer mostraram que tinham no cérebro níveis elevados de GPR3, e que estes estavam associados à progressão da doença.

Para os especialistas, as moléculas testadas, até ao momento, contra os sintomas da doença de Alzheimer revelaram-se dececionantes: algumas conseguiram parar ou refrear a formação de placas amiloides, mas sem realmente atenuar os sintomas, nomeadamente nas fases precoces da patologia.

Sindicato dos Enfermeiros alerta
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, José Correia Azevedo, disse que a “toma excessiva” de antibióticos reduz a sua...

“Hoje toma-se antibióticos por tudo e por nada, há uma banalização da sua administração e toma, havendo médicos a prescreve-los por mera prevenção, o que é muito preocupante porque o organismo habitua-se e quando é necessário tomar antibiótico, este perde efeito”, explicou.

Nos últimos dois meses, 30 doentes do Hospital de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, foram identificados por serem portadores da bactéria Klebsiella Pneumoniae – muito resistente a antibióticos – e desses oito morreram sem que a causa possa ser atribuída diretamente à infeção e outros nove já tiveram alta.

Treze doentes estão internados, em isolamento, mas apenas dois merecem maior preocupação.

Segundo José Correia de Azevedo, está-se a atingir a “saturação do efeito” dos antibióticos, provocando a sua “ineficácia”.

Além disso, o presidente do sindicato salientou que é fundamental haver, em meio hospitalar, uma “extrema limpeza” para evitar a propagação de infeções.

Uma “limpeza negligente” torna os organismos “mais vulneráveis” a bactérias e vírus, sustentou.

“É muito importante que o ambiente hospitalar seja muito bem limpo, por isso, o pessoal responsável por esta área tem de saber os perigos de não desempenhar bem a sua tarefa”, frisou.

Quanto às precauções que os enfermeiros devem ter para evitar a transmissão de bactérias e vírus pelos doentes, José Correia de Azevedo alertou para a necessidade de usarem luvas, batas, mascaras e desinfetantes.

O dirigente adiantou ainda que os enfermeiros, por estarem em permanente contacto com bactérias, têm mais defesas.

Por vezes, acrescentou, “o excesso de trabalho, relacionado com falta de pessoal, leva os enfermeiros a não fazerem, muitas vezes, as manobras de limpeza que deviam fazer”.

A bactéria multirresistente do hospital de Gaia terá surgido em consequência do uso de antibióticos, é de rápida disseminação, transmite-se pelo toque, sobrevive na pele e no meio ambiente e desconhece-se a sua durabilidade, explicou fonte hospitalar.

“Não há período de incubação, ninguém sabe ao certo o período que [um paciente] se mantém colonizado [com a bactéria], há quem diga que é toda a vida e há estudos que dizem que é intermitente”, explicou a coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobiano do Centro Hospitalar Gaia/Espinho.

Margarida Mota, responsável pelo controlo do tratamento antimicrobiano dos pacientes portadores da bactéria Klebsiella Pneumoniae do hospital de Gaia, referiu ser por isso mesmo que as recomendações vão no sentido de “perante um doente positivo, o melhor é considerá-lo positivo para o resto da vida”.

Hospital de Gaia
A bactéria multirresistente do hospital de Gaia terá surgido em consequência do uso de antibióticos, é de rápida disseminação,...

“Não há período de incubação, ninguém sabe ao certo o período que [um paciente] se mantém colonizado [com a bactéria], há quem diga que é toda a vida e há estudos que dizem que é intermitente”, explicou a coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobiano do Centro Hospitalar Gaia/Espinho.

Margarida Mota, responsável pelo controlo do tratamento antimicrobiano dos pacientes portadores da bactéria Klebsiella Pneumoniae do hospital de Gaia, referiu ser por isso mesmo que as recomendações vão no sentido de “perante um doente positivo, o melhor é considerá-lo positivo para o resto da vida”.

Os próprios familiares dos doentes portadores que já regressaram a casa receberam recomendações de “lavagem de mãos sempre que contactam com o doente”, tal como “o doente tem indicação de lavagem de mãos sempre que vai à casa de banho e sempre que procede à sua higienização”.

No centro hospitalar de Gaia foram identificados 30 doentes portadores da bactéria multirresistente, oito dos quais morreram sem que a causa possa ser atribuída diretamente à infeção e nove já tiveram alta.

“Aquela que suspeitamos que tenha sido a origem deste surto foi uma doente que estava internada com uma complicação pós-operatória na cirurgia. E chegámos a esta conclusão porque o primeiro caso era um doente que tinha sido admitido há pouco tempo” e partilhou a mesma unidade de pós-operatório, explicou a responsável.

Perante o quadro, o hospital considera ser muito provável que a bactéria se tenha desenvolvido como “efeito colateral da terapêutica com antibióticos” ministrada à primeira paciente que já estava internada há cerca de 50 dias e que já “tinha feito vários ciclos de antibióticos”.

Os dois doentes partilharam a unidade de pós-operatório no dia 29 de julho e o primeiro caso foi notificado a 7 de agosto, mas os restantes contaminados só começaram a ser isolados na última semana de agosto.

“Tivemos que desencadear procedimentos para caracterizar essa bactéria [o] que nos levou algum tempo porque não tínhamos técnicas para efetuar isso. Tivemos que adquirir técnicas e kits para classificar e foi quando verificámos que estávamos perante uma bactéria Klebsiella”, referiu.

Foi também no final de agosto que o hospital arrancou com os rastreios e análise do percurso de outros pacientes que começaram a apresentar sinais da “superbactéria”, tendo o último doente sido identificado no rastreio efetuado na passada sexta-feira.

Margarida Mota prevê que possam surgir “mais três ou quatro” doentes portadores da bactéria mas salientou que “numa equivalência à gripe podemos dizer que já atingimos o pico na semana passada e esta semana estamos a zero”.

Quanto aos 13 doentes ainda internados e portadores da bactéria, a sua saída “depende do quadro clínico, da doença que motivou o seu internamento e das condições sociais em que vivem”.

Coimas podem ultrapassar 44 mil euros
A partir de novembro passa a ser proibida a publicidade enganosa em saúde, com coimas previstas superiores a 44 mil euros, uma...

O decreto-lei que estabelece o regime jurídico a que devem obedecer as práticas de publicidade em saúde foi hoje publicado em Diário da República, e prevê coimas que começam nos 250 euros e podem ultrapassar os 44 mil euros.

O documento estabelece ainda os princípios gerais a que a publicidade em saúde deve obedecer e enuncia as práticas consideradas enganosas neste âmbito.

Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, saúda a medida, lembrando que “há muito” que a ordem vem alertando para a “situação de desregulação da publicidade em saúde” e que “justifica intervenções legislativas que protejam o interesse comum, os direitos e interesses legítimos dos doentes”.

“Este decreto-lei vem reconhecer que até agora a saúde estava desregulada a este propósito”, sublinha o bastonário.

Orlando Monteiro recorda que “têm sido denunciados às autoridades dezenas de casos na área da saúde oral”, casos que a partir de agora serão considerados publicidade enganosa e serão punidos com coimas.

Na medicina dentária, as queixas mais recorrentes referem-se à publicitação de serviços gratuitos, rastreios e check-ups utilizados para induzir tratamentos desnecessários aos doentes, a publicitação de cartões com descontos, garantias vitalícias ou concursos e cartões para a compra de tratamentos em sites de compras em grupo, acrescenta.

Com o novo decreto-lei, passam a ser proibidas todas as práticas enganosas que descrevam o ato ou serviço como “grátis”, “gratuito”, “sem encargos”, “com desconto” ou “promoção”, mas também aquelas que de algum modo pretendam promover um ato ou serviço diferente do publicitado.

Ficam também proibidas as práticas de publicidade em saúde que sejam suscetíveis de induzir em erro o utente quanto às características principais do ato ou serviço, designadamente através de menções de natureza técnica e científica sem suporte de evidência.

É ainda passível de coima, a publicitação de expressões de inovação ou de pioneirismo sem prévia avaliação das entidades com competência no sector também é sujeita a coima, bem como as práticas que se refiram falsamente a garantias de cura ou de resultados sem afeitos adversos ou secundários.

A publicitação de atos e serviços de saúde como prémio, brinde ou condição de prémio, no âmbito de concursos, sorteios ou outras modalidades no género passam também a ser ilegais.

À Entidade Reguladora da Saúde cabe o papel de fiscalizar, instruir processos e decidir da aplicação de coimas e sanções acessórias para os infratores.

O novo regime da publicidade em saúde foi elaborado com base nas propostas de um grupo de trabalho que analisou em detalhe o regime dos atos de publicidade praticados pelos prestadores de cuidados de saúde.

70% das decisões clínicas baseiam-se nos resultados de testes de diagnóstico
Para debater esta realidade e analisar os desafios da gestão laboratorial no contexto do sistema de saúde nacional, cerca de...

Atualmente, cerca de 70% das decisões clínicas são tomadas tendo por base os resultados de testes de diagnóstico1, embora o investimento neste setor de atividade represente apenas 2% dos custos de saúde. Esta realidade é agravada pelos cortes orçamentais que visam reduzir as despesas para o Serviço Nacional de Saúde. Mais do que um custo, os meios complementares de diagnóstico são um investimento que não deve ser descurado pelas entidades governamentais. Em alguns casos, o uso destes métodos permite reduzir 30-50% dos custos em internamento hospitalar e em gastos de ambulatório, por detetar as principais alterações no estado de saúde de um doente e permitir ajustar o tratamento2.

“Nem sempre conseguimos estar perante uma situação em que é tão claro que com uma única orientação, se possam aumentar os ganhos em saúde e na sustentabilidade do SNS. Neste caso, a maior qualidade da informação dada por dispositivos, nomeadamente de diagnóstico, significa mais segurança, eficácia e menos custos numa ótica centrada no doente. Por isso alinha as perspetivas dos doentes, dos pagadores e da indústria, incluindo a nacional.” salienta Francisco Rocha Gonçalves, Vogal do Conselho de Administração do Instituto Português de Oncologia do Porto.

“Os resultados dos testes e exames de diagnóstico são essenciais para definir o tratamento mais adequado, controlar a sua evolução, potenciando resultados terapêuticos mais seguros, e reduzir os custos com tratamentos futuros. Por estes motivos é evidente que um aumento de investimento neste setor de atividade traz benefícios clínicos e económicos, com impacto na qualidade de vida do doente e na sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde” esclarece Fernando Araújo, Diretor de Serviço de Imunohemoterapia do Centro Hospitalar de S. João.

Alertar para a problemática da subvalorização do setor dos diagnósticos em Portugal e incentivar o investimento nesta área, através da aquisição de equipamentos de qualidade e que garantam resultados eficazes, são os objetivos deste evento que contará com a presença de especialistas que diariamente trabalham em prol da saúde da população.

 

1 The Lewin Group, The value of diagnostics Innovation, adoption and infusion into health care, 2009
2 Valor do Sector do Diagnóstico in Vitro, em Portugal, Deloitte Consultores, S.A., 2014

Internista diz
A redução do número de camas hospitalares e o encerramento de Serviços de Atendimento Permanente aumentaram a afluência às...

Esta médica coordena o primeiro Congresso Nacional da Urgência, que acontece a 24 e 25 de outubro no Funchal e que vai procurar “soluções para os serviços de urgência nacionais”.

Maria da Luz Brazão disse que o objetivo de quem trabalha numa urgência – que “felizmente são maioritariamente os internistas – é manter a qualidade do atendimento”.

Uma tarefa que tem sido dificultada pela “sobrelotação” em que se encontram os serviços.

“Estamos preocupados com a sobrelotação da urgência, o que não é exclusivo português, pois tem acontecido em todo o mundo”, disse.

Em Portugal, contudo, tem-se assistido a um aumento da esperança de vida que se tem traduzido em mais doentes idosos, com mais doenças.

Para facilitar a resposta, Maria da Luz Brazão, do Núcleo de Estudos de Urgência e do Doente Agudo (NEUrgMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), defende a reabertura de alguns dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) que foram encerrados nos últimos anos, tal como acontece em “picos” de procura, como aconteceu na passada época gripal.

“As urgências não precisam de ser aumentadas. Tem é de diminuir o número de pessoas que chegam a este serviço”, afirmou, defendendo o atendimento de doentes verdes e azuis (os menos graves) nos cuidados de saúde primários.

Ao nível do internamento, a médica também identifica constrangimentos e “um bloqueio”, defendendo a criação de unidades de internamento curto (inferiores a 32 horas).

Sobre as consequências da crise na afluência dos doentes às urgências, Maria da Luz Brazão refere que estes acabam de procurar mais este serviço, pois “acaba por sair mais barato do que ir a uma consulta”.

Esta utilização excessiva dos serviços de urgência por doentes sem gravidade “coloca em causa a eficiência das vias verdes prioritárias, como trauma, coronária, sepsies e Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, segundo o NEUragMI.

16 de Outubro - Dia mundial da Coluna
Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Coluna, o médico ortopedista Luís Teixeira e especialista na área da coluna,...

8 em cada 10 pessoas sofrem, ou irão sofrer, de dores da coluna nalgum período da sua vida, o que ocorre porque, segundo o médico especialista, “poucos são os que têm consciência corporal para manter diariamente uma postura correta. É muito comum ouvirmos as pessoas falarem de dores nas costas que podem surgir de inúmeros fatores como de noites dormidas numa posição errada, vícios posturais, saltos demasiado altos, excesso de peso na mala…Mas, geralmente, são dores pontuais e que acabam por passar. No entanto, as intensas e repetitivas merecem a atenção de um especialista.” explica Luís Teixeira que indica os inúmeros cenários em que a dor se pode pronunciar de forma ainda mais intensa como ao sentar, levantar, entrar e sair do carro, pegar em sacos ou apanhar alguma coisa do chão.

Que tipos de dores existem, afinal?
“É muito comum falar em dores nas costas mas devemos sistematizar para podermos compreender melhor as causas e os diferentes tipos de dor: lombar (localizada acima do quadril; dorsal (parte central das costas) e cervical (entre a cabeça e o tronco).” Explica o também Presidente da Associação Spine Matters – Proteja a Sua Coluna, uma associação sem fins lucrativos que visa sensibilizar para a importância do cuidado com a coluna a tempo inteiro de uma forma transversal, desde as fraturas osteoporóticas da 3ª idade, peso das mochilas na juventude ou à postura no local de trabalho

Quais os principais inimigos da coluna?
“O excesso de peso. Sem dúvida, é o maior inimigo da coluna. Por cada 10 quilos acima do peso adequado para um determinado indivíduo, aumenta em 25% o risco para desenvolver problemas na coluna. O sedentarismo, o excesso de peso que carregamos ou a idade são outros fatores que também entram na equação”, como explica o médico ortopedista: “A idade é o único fator que não podemos mudar. A partir dos 60 anos há uma maior probabilidade de se sofrer de dores na coluna mas é algo que pode ser contrariado através da prática de exercícios ao longo da vida de fortalecimento muscular, aumento da flexibilidade e que aumentem a irrigação sanguínea das fibras musculares.” Acrescenta ainda Luís Teixeira que reforça a importância de não esquecer a prática de exercício físico.

É por todos estes motivos que Luís Teixeira faz um apelo aos portugueses: “Quando vejo a quantidade de pessoas que podia ter evitado um problema sério, porque desvalorizaram os sintomas, sinto que é minha obrigação não deixar de alertar para a necessidade de visitar um especialista quando se sente uma dor persistente nas costas. Este Dia Mundial da Coluna é o momento certo para nos lembrarmos disso.” remata.

Em Portugal
Portugal tem o dobro das urgências de países como o Reino Unido e a situação não se alterou em sete anos.

Em época de crise, entre 2008 e 2014, a procura dos serviços de urgência dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) continuou muito elevada. Em sete anos, apesar do grande aumento das taxas moderadoras, os atendimentos em serviços de urgência hospitalares diminuíram apenas 0,3%. São cerca de 17 mil episódios de urgência por dia, escreve o jornal Público, quase o dobro das primeiras consultas e o equivalente a 53% das consultas externas, revela o estudo Desempenho clínico dos hospitais do SNS em 2008 e 2014 divulgado no Portal da Saúde.

Elaborado pela consultora multinacional de origem espanhola Iasist a pedido do Ministério da Saúde (MS), o estudo passa em revista a evolução, de 2008 para 2014, de vários indicadores da atividade de 45 hospitais públicos, incluindo os quatro construídos em parceria público-privada (Loures, Vila Franca de Xira, Braga e Cascais), além das duas unidades de saúde mental (Júlio de Matos e Magalhães Lemos) e dos três institutos de oncologia (IPO).

“Tendo em conta que Portugal apresenta o dobro das urgências de países como o Reino Unido (National Audit Office, 2013), estes são números manifestamente exagerados e bem reveladores da magnitude do problema das urgências”, destacam os autores do relatório, enquanto lembram que, em 2014, invertendo uma tendência de vários anos, as urgências até cresceram 1% em Portugal.

"O ideal teria sido analisar uma série temporal e não apenas os anos de 2008, 2013 e 2014", como é feito neste estudo, admite o diretor-geral da Iasist em Portugal, o antigo presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Manuel Delgado, para quem o facto de não haver "alterações significativas” na procura dos serviços de urgência vem comprovar que o modelo do SNS “não foi mexido no essencial”. Basta ver que quase dois terços (70%)  das admissões para internamento nos hospitais ainda se fazem pela via da urgência.

Os hospitais de maiores dimensões, os centrais, são uma exceção a este nível. Mas, mesmo face à redução na procura das urgências aqui observada, os consultores são cautelosos: este “sinal positivo deve ser acompanhado com atenção em futuras avaliações, para perceber se se tratou ou não de uma mera evolução conjuntural”.

De resto, nestes anos de crise, os hospitais públicos demonstraram "uma evidente resiliência no seu funcionamento e na sua organização”, independentemente das maiores ou menores dificuldades de acesso dos cidadãos, concluem os autores do relatório, avisando que a variável do acesso “não cabia” nesta análise de desempenho. “Esta é uma fotografia tirada do avião, não olhamos para pormenores, analisamos o que os hospitais fizeram, não o potencial de procura”, esclarece, a propósito, Manuel Delgado.

O objetivo do Ministério da Saúde era, aliás, o de perceber se a crise económica e social que o país tem vivido nos últimos anos teve ou não repercussões na atividade hospitalar e neste estudo a Iasist trabalhou com a base de dados dos grupos de diagnóstico homogéneos (GDH) e do movimento assistencial da Administração Central do Sistema de Saúde.

Cirurgia ambulatória cresceu 63%
Num contexto em que os doentes são mais idosos (a população com mais de 65 anos representava um quinto do total em 2014) e os médicos mais exaustivos e rigorosos nos registos, os dados do estudo indicam que os hospitais conseguiram "melhorar os resultados" e também "a qualidade dos cuidados prestados" nalguns domínios, com destaque para a cirurgia ambulatória, que cresceu 63% neste período. Também a qualidade clínica evoluiu positivamente.

Sobre a evolução da cirurgia de ambulatório, esta foi de tal forma relevante que se propõe que deveria, agora, ensaiar-se a passagem para um conceito "mais exigente (sem pernoita)”. Atualmente, a cirurgia de ambulatório inclui a permanência até 24 horas dos pacientes nos hospitais, podendo implicar que o doente passe a noite na unidade de saúde.

Os resultados provam ainda que, neste período, as camas nos hospitais de agudos diminuíram 7,1% (passaram de 22.316, em 2008, para 20.736, no ano passado), um fenómeno que foi muito mais expressivo nos hospitais universitários. Em contrapartida, frisa-se no estudo, as camas nos cuidados continuados integrados cresceram 250% entre 2008 e 2014 (de 2870 passaram para 7160).

A diminuição de camas para doentes “agudos” (hospitalares) foi, assim, compensada pelo crescimento da rede de camas de cuidados continuados, na “razão de 1 para 2,7”, argumentam os consultores, notando que há “um efetivo aumento de camas” que resulta num “maior equilíbrio na sua distribuição entre os dois sectores”. Ainda assim, o número de camas de cuidados continuados continua muito aquém do que tinha sido projetado quando esta rede foi lançada, há uma década. Mas Manuel Delgado frisa que a relação entre a perda de camas nos hospitais e o ganho nos cuidados continuados é "muito favorável".

Um indicador que vem levantar algumas questões é o do número de doentes saídos dos hospitais por mil habitantes, que baixou (de 92,7 em 2008 para 86,3 no ano passado). Os dados “não correspondem ao que seria expectável face ao envelhecimento e à maior gravidade e complexidade inerentes ao tratamento de pessoas mais idosas” (a idade média dos doentes subiu globalmente cerca de quatro anos), enfatizam os consultores. Uma situação que, ponderam, pode ser explicada por dois fatores, um eventual desvio da procura para o sector privado e o “aumento de necessidades não expressas por razões económicas e sociais”.

Ainda assim, a complexidade dos doentes tratados em internamento aumentou entre 2008 e 2014, em parte fruto da maior exaustividade no preenchimento dos processos clínicos pelos médicos, mas também, supõe-se, do efeito conjugado do envelhecimento, com a diminuição da atividade na área materno-infantil, com a "desnatação" exercida pelo sector privado e graças ao facto de os procedimentos cirúrgicos menos complexos serem feitos em ambulatório, explicam. 

Simultaneamente, nestes anos, enquanto houve hospitais com taxas de ocupação inferiores ao recomendável (menos de 75%), outros apresentaram valores muito elevados “reveladores de uma forte pressão da procura em certos períodos do ano”. Por isso, os autores do relatório sugerem a revisão das lotações e das áreas de influência dos hospitais (“ou até a sua existência)”.

“Se tenho hospitais com uma taxa de ocupação inferior a 75%, isso significa que 25% das camas estão vazias, apesar de os custos fixos permanecerem iguais”, e explica o responsável da Iasist. Olhando para os outros hospitais, acrescenta, “também não é bom” haver taxas superiores a 100%”. Como se resolve uma situação aparentemente paradoxal? Redistribuindo as camas, propõem.

Os hospitais analisados apresentam um comportamento muito variável quanto a a alguns dos indicadores. Nos hospitais centrais, por exemplo, já se verificou uma redução significativa de camas, ao que tudo indica em resultado dos ajustamentos na distribuição de áreas populacionais e das fusões realizadas.

Qualidade clínica melhorou
De 2008 para 2013, a qualidade clínica evoluiu “muito positivamente", com os índices de mortalidade, de complicações e de readmissões (ajustados ao risco) a apresentarem melhorias, sublinham os autores do estudo. No ano passado, estes bons resultados mantiveram-se, à exceção dos índices de mortalidade nos IPO (institutos portugueses de oncologia), o que se poderá explicar-se com alterações de natureza administrativa .

Em sentido inverso, as taxas brutas de complicações nos hospitais públicos passaram de 2,8% em 2008 para 3,5%, em 2014. Sobre a “segurança do doente”, não foi possível, porém, chegar a conclusões, por causa do "subregisto" das complicações e outros acontecimentos adversos, notam os autores, apesar de sublinharem que os registos médicos melhoraram sensivelmente nos últimos anos. No ano passado, fizeram-se 1,7 milhões de diagnósticos.

Apesar de ainda exibirem valores muito elevados no contexto europeu, as taxas de cesarianas apresentaram também “uma discreta melhoria”. Representavam 28,8% do total no ano passado, quando em 2008 eram um terço (33,5%). Aqui, as unidades locais de saúde apresentarem piores resultados, ao contrário do que seria de esperar.

Na saúde mental, verificou-se um aumento das altas nas unidades integradas em hospitais gerais, ao mesmo tempo que se registava uma diminuição nos hospitais psiquiátricos, o que corresponde também “à evolução esperada” neste sector. Também as admissões programadas em saúde mental aumentaram “significativamente", o que “é sinónimo de maior capacidade de intervenção precoce e mais oportunidade e adequação nos processos de internamento destes doentes".

Nova técnica
Uma nova técnica desenvolvida por um professor de Harvard poderá tornar realidade o transplante de órgãos animais para uso em...

A técnica CRISPR (Repetições Palindrómicas Curtas Agrupadas e Regularmente Espaçadas, em português) ganhou nome em 2002 e em 2011 percebeu-se que poderia ser uma ferramenta para ajustar o ADN, tornando os tecidos animais aptos a serem recebidos por seres humanos.

A CRISPR, segundo o Jornal de Notícias, começou a ser utilizada na área da engenharia genética e são conhecidos agora os resultados da investigação relacionada com a utilização de órgãos animais, como o do porco, no corpo humano.

George Church, professor da Universidade de Harvard, conseguiu desativar um retrovírus (vírus que afeta principalmente animais vertebrados e que não pode ser combatido por sofrer uma mutação constante) presente no porco através desta técnica inovadora.

O uso deste método em células de porco foi capaz de destruir sequências de ADN potencialmente perigosas em 62 cópias do genoma do animal. Como realça a revista especializada "Science", trata-se do exemplo mais extremo das potencialidades deste método.

"Esta área tem estado estagnada durante 15 anos. Tem havido alguns crentes, mas penso que isto muda o jogo por completo", afirma Church.

Uma das principais preocupações abordadas no artigo da revista norte-americana é a possibilidade do corpo humano rejeitar o órgão ou de ser transmitida uma infeção devido ao vírus presente no organismo do porco.

Caso esta barreira seja transposta, a técnica de Church poderá ser a solução para o baixo índice de doação de órgãos. O porco é o animal que tem os órgãos com um tamanho mais semelhante ao humano, sendo por isso a escolha mais óbvia.

No caso de Portugal, o transplante mais comum é o do rim. A 31 de dezembro de 2014, havia 1970 pessoas à espera de um órgão e, destas, 43 acabaram por morrer por não o receber.

O artigo em questão realça, porém, que serão necessárias ainda mais pesquisas para que se consiga tornar os órgãos animais aptos para uso no corpo humano. Falta ainda encontrar outras moléculas no animal que poderão fazer com que o sistema imunitário humano possa rejeitá-lo.

Todavia, esta descoberta representa uma grande esperança para o uso de órgãos de animais em humanos, o xenotransplante, realça o investigador.

Contudo, este avanço traz consigo questões culturais que serão difíceis de ser ultrapassadas. "Mesmo depois das questões científicas e de segurança serem resolvidas, deveríamos considerar possíveis preocupações culturais e impactos sociais associados ao uso disseminado de órgãos de porcos para transplante humano", refere Sarah Chan, especialista da Universidade de Edinburgo, citada pela "BBC Brasil".

Estudo revela
Investigadores da Academia de Sahlgrenska, em Gotemburgo, descobriram que os suplementos com antioxidantes podem acelerar a...

Publicada na revista norte-americana “Science Translational Medicine”, a investigação revela que os antioxidantes, presentes em alguns suplementos nutricionais, duplicaram o ritmo a que o melanoma maligno - uma forma grave de cancro de pele – se espalhou para os gânglios linfáticos de ratinhos de laboratório, escreve o Sapo.

Quando repetida a experiência em células humanas desenvolvidas em laboratório, os cientistas descobriram que as células cancerosas multiplicavam-se na presença de antioxidantes.

Apesar de ainda serem necessários mais estudos para confirmar as descobertas, os cientistas desaconselham a toma de antioxidantes a todas as pessoas com cancro ou com maior risco de desenvolver a doença.

Outros estudos preliminares
Estudos anteriores já tinha avançado que os pacientes que tomavam suplementos de vitamina E tinham maior risco de ter cancro da próstata e que os antioxidantes estavam ligados ao desenvolvimento de tumores nos pulmões quer em ratos quer em células humanas.

O estudo agora divulgado é o primeiro a demonstrar os efeitos nocivos que alguns antioxidantes podem causar em melanomas e metástases.

Martin Bergö, professor do Centro de Cancro Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo e líder do estudo, relembrou que as investigações apenas tiveram em conta suplementos nutricionais. Por isso, as pessoas devem continuar a ingerir alimentos ricos em antioxidantes.

Segundo o professor, as pessoas que tiveram cancro ou que têm um risco alto de o desenvolver (fumadores ou familiares com historial de cancro) devem evitar os suplementos nutricionais que contenham antioxidantes.

"Não há estudos conclusivos que mostrem que os suplementos antioxidantes são benéficos para eles e há uma crescente evidência de que podem ser prejudiciais. Os antioxidantes não causam cancro, mas se já existirem pequenos tumores pode acelerar o processo. Simplesmente, os antioxidantes ajudam quer as células saudáveis quer as cancerígenas", conclui.

No Norte
A estimativa é da Ordem dos Médicos. A redução da oferta resulta do menor número de vagas abertas para especialistas em...

Pouco mais de 50 mil. Será este, segundo a Ordem dos Médicos, o número de utentes da Região Norte que está na iminência de ficar sem médico de família, em resultado da redução do número de vagas para especialistas em medicina geral e familiar, escreve a Rádio Renascença.

Este ano, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) abriu 74 lugares para 102 candidatos. Há, por isso, 28 médicos que ficam automaticamente excluídos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Um cenário que, nas contas de Miguel Guimarães, presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, deixa “pouco mais de 50 mil pessoas que, objetivamente, vão perder o seu médico de família, que fazia um seguimento regular há pelo menos seis meses. Em muitos casos, há um ano e meio". Com escassas alternativas ao SNS, restam dois caminhos aos médicos recém formados: "ou a emigração ou a atividade exclusiva no setor privado".

Sair do país é cada vez mais uma possibilidade
O número de médicos disponíveis para emigrar não pára de subir. No ano passado, a Ordem dos Médicos recebeu quase 400 pedidos de emissão do certificado internacional de competências, indispensável para os clínicos que pretendam exercer no estrangeiro.

Miguel Guimarães admite que, no final de 2015, o número de médicos emigrantes possa ser ainda maior do que em 2014. "Este ano, o número de pessoas que já pediu o certificado acompanha a tendência do ano passado. E até finais de Junho, o número de médicos que emigraram já ultrapassou as duas centenas".

Falta de médicos é mais grave no Baixo Tâmega
André Ribeiro é um dos 28 excluídos do concurso de admissão de novos médicos da ARS Norte.

Sem médico de família ficam, agora, mais de mil e setecentos utentes da Unidade de Saúde Familiar de Longara a Vida, em Felgueiras. "1793", precisa o clínico.

Uma instabilidade também vivida pelos outros 27 colegas, também eles excluídos do concurso. Todos médicos de família na zona Norte desde Abril. André Ribeiro faz contas ao futuro e dúvidas não lhe restam. “Terei mesmo que decidir entre a emigração e o exercício exclusivamente privado da medicina geral e familiar”.

A decisão ainda não está tomada. Mas André Ribeiro garante que não teria de ser assim. Até porque, os números não batem certo com a realidade do país. “Abriram mais vagas do que candidatos na ARS de Lisboa e Vale do Tejo e abriram menos vagas do que os médicos que terminaram a especialidade na região Norte”.

E conclui que isto se traduz "numa tentativa de empurrar os médicos que terminaram a especialidade no norte para a região de Lisboa. Não podemos tirar acessibilidade dos utentes do norte de forma a privilegiar utentes de outras zonas".

Enquanto isso, a falta de médicos continua a ser um problema por solucionar em vários concelhos a norte do país: “em Felgueiras, em Amarante, no Marco de Canaveses, em Ribeira de Pena, em Santa Marinha do Zêzere, concelho de Baião". 

Hospital de Gaia diz
O Hospital de Gaia garantiu que não há, neste momento, nos seus cuidados intensivos doentes infetados com a bactéria,...

De acordo com a Coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobiano do Centro Hospitalar Gaia/Espinho (CHVNG/E), Margarida Mota, atualmente estão identificados 30 doentes com a bactéria, dos quais oito apresentavam evidência clínica de infeção, sendo os restantes considerados portadores assintomáticos.

“Verificou-se a ocorrência de oito óbitos. Contudo, a causa dos mesmos não pode ser atribuída diretamente a esta infeção dada a complexidade e gravidade dos quadros clínicos de base (situações oncológicas e de elevada comorbilidade)”, afirmou a responsável.

Revelada pelo Jornal de Notícias, esta situação de infeção pela bateria Klebsiella Pneumoniae foi detetada a 07 de agosto.

Em comunicado, Margarida Mota refere que “todos os doentes internados que se encontram sinalizados estão em regime de isolamento em unidade individual ou corte em enfermaria”.

De acordo com a responsável, após identificação do primeiro caso foi reforçada a capacidade do Laboratório de Microbiologia, nomeadamente através da aquisição de métodos específicos de identificação da bactéria (Biologia Molecular), do reforço da equipa nos turnos de fim de semana para resultados mais rápidos e procedeu-se à implementação de protocolo de rastreio de contactos.

Margarida Mota diz ainda que, entre outras medidas, se procedeu à notificação de estirpes à Direção-Geral da Saúde (DGS) e iniciou-se o processo de análise do genótipo das unidades isoladas.

Sobre o risco de contágio para profissionais de saúde e outros doentes, a responsável refere que “segundo vários estudos publicados sobre o risco ocupacional, verifica-se que o mesmo é pouco significativo ou nulo, desde que asseguradas as medidas de precauções básicas”.

“Segundo a análise de rastreio de contacto entre doentes, verifica-se a ocorrência de 8 doentes positivos em 44 casos”, acrescenta.

Refere ainda que atualmente encontra-se em curso “a análise dos genótipos dos isolamentos efetuados”.

“Com base na análise dos dados atualmente existente, o caso índex terá sido um doente do foro cirúrgico, com complicações pós-operatórios e com necessidade de vários esquemas de antibioterapia. A presença de ferida exsudativa potenciou as vias de transmissão”, conclui.

China
Uma empresa chinesa de biotecnologia anunciou que vai produzir em grande escala uma vacina contra o vírus Ébola, criada pelo...

As instalações da CanSino Biotechnology, em Tianjin, cidade portuária do norte da China, deverão estar concluídas em setembro de 2018 e terão um custo de dois mil milhões de yuan (278 milhões de euros).

A vacina foi desenvolvida em 2014 por cientistas da Academia Chinesa de Ciências Médicas Militares, recorrendo a mutações genéticas do vírus, e poderá adaptar-se ao clima tropical da África Ocidental, onde uma epidemia causou a morte de 11.000 pessoas desde o ano passado.

Estudo revela
A esterilização feminina histeroscópica, que consiste em colocar um dispositivo para bloquear as trompas de falópio, apresenta...

A esterilização é o método contracetivo feminino mais utilizado no mundo, sendo que, nos últimos anos, a esterilização histeroscópica começou a ser cada vez mais escolhida pelas mulheres, uma vez que é feito no consultório médico, sem recurso a anestesia geral, nem cirurgia.

Entre 2005 e 2013, uma equipa de investigadores realizou um amplo estudo em Nova Iorque, tendo analisado os dados de 8.048 mulheres que se submeteram a uma esterilização histeroscópica e de 44.278 que optaram pela esterilização laparoscópica.

A esterilização laparoscópica era o principal método utilizado nas últimas décadas e consiste num procedimento cirúrgico à base de clips, suturas ou queimaduras das trompas de Falópio para evitar a gravidez.

Com o desenvolvimento da esterilização histeroscópica, que desde o início deste século é feito na Europa e nos Estados Unidos da América através do dispositivo “Essure”, as queixas começaram a aumentar.

A Agência de Medicamentos e Alimentos (FDA) norte-americana recebeu "milhares de queixas", refere o documento hoje publicado no British Medical Journal, que acrescenta que foi com base nessas queixas que a equipa de investigadores decidiu analisar a segurança deste método, as gravidezes não desejadas e a necessidade de intervenção nos três anos seguintes ao procedimento inicial.

Os investigadores concluíram que as mulheres que tinham optado pela esterilização histeroscópica apresentavam um risco de novas intervenção 10 vezes superior – ou seja, houve 21 reoperações adicionais por cada mil pacientes - do que as que foram intervencionadas com laparoscopia.

Quanto ao risco de gravidez, o dispositivo também se revelou menos eficaz, com uma taxa situa-se em um em cada 100 casos.

Região Centro
O coordenador científico de um consórcio que reúne diversas entidades do Centro de Portugal, João Malva, realçou que a região...

Segundo este investigador da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), as soluções a desenvolver pelo consórcio ageing@coimbra “têm de ser muito inovadoras” para que a região Centro possa “reforçar o seu compromisso no espaço europeu” neste domínio.

João Malva falava a propósito de uma mesa redonda subordinada ao tema “Demographic Changes and Ageing - Networks across Europe” (“Mudanças Demográficas e Envelhecimento – Redes na Europa”), promovida pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), na Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (UE), em Bruxelas.

Os trabalhos contaram com a intervenção inicial da presidente da CCDRC, a professora universitária Ana Abrunhosa, e testemunhos de representantes de outras regiões europeias que dinamizam projetos sobre alterações demográficas.

“Queremos encontrar mecanismos para replicarmos as nossas boas práticas ao nível do envelhecimento ativo e saudável e darmos-lhes escala na Europa”, disse João Malva.

Na sua opinião, o desenvolvimento e partilha de boas práticas nestas áreas constitui “um desafio e uma grande oportunidade” para criar negócios e promover o emprego, dando resposta ao reconhecimento do Centro de Portugal pela Comissão Europeia “como região de referência” para o envelhecimento ativo.

“Esta é uma oportunidade para o tecido académico e empresarial da região”, sublinhou.

O ensino, a investigação e o empreendedorismo são algumas das apostas do ageing@coimbra, que integra a própria FMUC, a Universidade de Coimbra, a Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto, a Administração Regional de Saúde do Centro, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, a Câmara Municipal de Coimbra e o Instituto Pedro Nunes.

Este encontro, realizado no âmbito da Semana Europeia das Regiões e Cidades – Open Days, permitiu “dar visibilidade à região Centro” e aos seus projetos sobre envelhecimento ativo e saudável, frisou João Malva.

Participaram ainda no painel responsáveis de outros empreendimentos regionais da Polónia, Espanha, França, Holanda e Alemanha.

A comitiva do Centro ao Open Days integra ainda Amílcar Falcão (vice-reitor da Universidade de Coimbra), Duarte Nuno Vieira (catedrático da FMUC), Ramiro Miranda (diretor da Segurança Social em Coimbra), Teresa Mendes (presidente do Instituto Pedro Nunes), António Cunha (diretor do Laboratório de Sistemas e Automação do IPN), José Martins Nunes (presidente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, e José Tereso, presidente da Administração Regional de Saúde.

Organizado pelo Comité das Regiões e pela Direção Geral de Política Regional da Comissão Europeia, o Open Days – o maior evento anual no calendário das regiões europeias – decorre até quinta-feira, em diferentes locais da capital belga, contando o programa com a cooperação do Parlamento Europeu, da presidência da União Europeia e de quase 200 regiões e cidades de mais de 30 países.

DGS
O neurocirurgião João Lobo Antunes é o distinguido com o Prémio Nacional de Saúde 2015, anunciou a Direção-Geral da Saúde, que...

“Cirurgião reputado, sábio homem da ciência e eticista, João Lobo Antunes é uma das figuras que mais contribuiu para o desenvolvimento da ciência médica em Portugal e é considerado um dos neurocirurgiões mais conhecidos do mundo”, refere a Direção-Geral da Saúde (DGS) na nota de imprensa em que anuncia o vencedor do Prémio Nacional de Saúde deste ano.

Este galardão pretende distinguir, anualmente, uma personalidade que tenha contribuído “inequivocamente para a obtenção de ganhos em saúde ou para o prestígio das organizações de saúde no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

A Direção-Geral da Saúde explica que a entrega do prémio a Lobo Antunes se deve à “sua notabilíssima e duradoura contribuição para o desenvolvimento da ciência médica e da neurocirurgia em Portugal e pelo seu contributo para o prestígio internacional do sistema de saúde português”.

João Lobo Antunes, 71 anos, licenciou-se em Medicina pela Universidade de Lisboa com uma média final de 19,47 valores.

Professor catedrático de neurocirurgia da Faculdade de Medicina de Lisboa, foi diretor de serviço de neurocirurgia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

“Ganhou excelente formação técnica, reteve a filosofia da profissão, nunca esquecendo os critérios do mérito”, refere a nota da DGS, adiantando que se deve a Lobo Antunes “uma vigorosa expansão de fronteiras institucionais do SNS”, especialmente com a criação do Instituto de Medicina Molecular.

João Lobo Antunes, atual presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, foi o primeiro médico da história a implantar um olho eletrónico num cego, um implante que desde então já foi feito em 15 invisuais, permitindo-lhes ver algumas formas e distinguir certas cores.

Estudo
A incidência de cancro do pulmão está a aumentar entre não fumadores e afeta principalmente mulheres, revela um estudo do...

Trata-se do primeiro estudo efetuado a nível nacional que caracteriza a população portuguesa relativamente a Carcinoma do Pulmão de Não-pequenas Células (CPNPC), o tipo mais comum de cancro do pulmão, em não fumadores e um dos maiores estudos efetuados a nível europeu, onde os dados sobre cancro do pulmão em não fumadores são escassos.

“Como sabemos, o tabagismo é responsável por 85% 90% dos cancros do pulmão em todo o mundo, sendo o principal fator de risco para esta doença. Contudo, doentes não fumadores também têm cancro do pulmão e pela nossa experiência clínica e também de acordo com os mais recentes estudos epidemiológicos internacionais, estes doentes não fumadores são cada vez mais”, explicou à Lusa Cátia Saraiva, do Departamento de Pneumologia do Instituto Português de Oncologia (IPO).

Nesse sentido, a equipa da investigadora realizou no IPO de Lisboa um estudo envolvendo 1.411 doentes com CPNPC, para procurar as diferenças entre os dois tipos de doentes tratados no IPO nos últimos 25 anos.

“Foram incluídos neste grupo 504 doentes não fumadores e, para termos comparativos, 907 doentes fumadores. Analisaram-se várias características clínicas, patológicas, epidemiológicas e a sobrevida destes doentes, no intuito de perceber fatores que pudessem estar relacionados com um melhor prognóstico”, explicou.

As principais diferenças encontradas entre fumadores e não fumadores foram uma maior predominância de cancro no sexo feminino (54% no grupo dos não fumadores e 9,4% nos fumadores), bem como o predomínio do subtipo histológico Adenocarcinoma (69,9% contra 43,6%).

No entanto, o estudo revelou que existe menor prevalência de patologias associadas ao fumo do tabaco, como cancro da laringe, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) ou doença cardíaca isquémica, entre os não fumadores.

Da mesma forma, foi detetada uma menor mortalidade deste grupo (78,4% entre não fumadores contra 92,9% entre fumadores) e uma maior sobrevida global desde o diagnóstico (51 meses versus 25 meses).

Em suma, indica a investigadora, o CPNPC em não fumadores é mais frequente em mulheres, o subtipo histológico mais frequente é o adenocarcinoma, as co-morbilidades associadas com o tabaco são menos frequentes e a sobrevida é melhor.

“Isto leva-nos a concluir que o CPNCP em não fumadores é uma entidade clínica diferente com melhor prognóstico, ou talvez se manifeste de forma diferente em não fumadores”, acrescentou.

Ao contrário do que seria de esperar, contudo, ambos os grupos de doentes continuam a ser diagnosticados no último estádio da doença, pelo que é importante que quer os médicos, quer a população em geral, fique alerta para o cancro do pulmão em não fumadores, para que o diagnóstico seja feito mais atempadamente, com maior benefício para os doentes, considera Cátia Saraiva.

No grupo de não fumadores foram frequentemente diagnosticados estádios avançados da doença, mais de metade (59%) estavam já no estádio IV, em que o cancro se tinha espalhado a outras partes do corpo: diferentes áreas do mesmo pulmão, pulmão oposto, ossos e cérebro.

“Parece plausível que a população de não fumadores portugueses não está ciente dos riscos de cancro de pulmão, mas precisamos de confirmar os nossos resultados através de estudos de base populacional”, refere a investigadora.

Ordem dos Médicos Dentistas associa-se à iniciativa da DGS
A Direção-Geral da Saúde assinala, esta sexta-feira, 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação com uma campanha de alerta...

O cartaz que ilustra a campanha vai chegar a todas as Bibliotecas Escolares e conta com a colaboração do Plano Nacional de Leitura e do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.

A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) associa-se a esta iniciativa distribuindo os cartazes da campanha pelos médicos dentistas que podem depois utilizá-los nas clínicas e consultórios para aconselhar os seus pacientes.

Dirigida sobretudo às crianças, mas também a profissionais de saúde e professores, a campanha traça com textos curtos e incisivos, de forma simples e direta, os riscos que alguns alimentos representam para a saúde oral e aqueles que ajudam a prevenir doenças orais. 

Com imagens divertidas e apelativas, o cartaz da campanha explica como o açúcar é um dos principais inimigos de uma boca saudável, contribuindo para a destruição do esmalte dos dentes. Como o açúcar está escondido em muitos alimentos sob diversos nomes, o cartaz elenca as substâncias a que todos devemos estar alerta.

Alimentos refinados, sumos e refrigerantes e as batatas fritas também são de evitar. Sem proibir, o cartaz aconselha as crianças a guardarem estes alimentos para dias de festa.

Na alimentação diária, o conselho é incluir nas refeições legumes e leguminosas, fruta fresca e frutos secos, leite e seus derivados.

Rui Manuel Calado, Chief Dental Officer da Direção-Geral da Saúde (DGS), afirma que a “prevenção é o melhor remédio, e com esta campanha estamos a educar crianças que têm uma grande capacidade de influenciar os pais e outros familiares. É urgente mudar comportamentos e começar pela base. A ajuda dos profissionais de saúde e professores, vai seguramente garantir-nos resultados no futuro. A saúde oral tem impacto em doenças como a diabetes e as cardiovasculares, que infelizmente são das mais comuns em Portugal. Tudo o que se fizer hoje para alterar comportamentos de risco proporcionará ganhos de saúde no futuro”.

A cárie dentária é a doença mais comum em todo o mundo, com 90% da população atingida.

Paulo Ribeiro de Melo, secretário-geral da OMD, salienta que “estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) sugerem que as taxas mais altas de cárie dentária ocorrem quando o nível de ingestão de açúcares é superior a 10% da ingestão calórica total. Além disso, em estudos populacionais realizados em três países, foi observada uma menor ocorrência de cáries dentárias quando a ingestão de açúcares per capita era inferior a 10 kg/pessoa/ano (aproximadamente 5% da ingestão calórica total). É urgente tomar medidas para reduzir a ingestão de açúcar. Prevenir as doenças orais é também prevenir uma série de outras doenças com efeitos extremamente negativos, quer para a qualidade de vida, quer para a longevidade”.

A OMS recomendou a redução da ingestão de açúcares, tanto em adultos como em crianças, para menos de 10% da ingestão calórica total, o equivalente a 50 gramas por dia.

Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) defende que “a promoção de hábitos alimentares saudáveis e a prevenção de doenças crónicas podem e devem ser trabalhadas a par com a prevenção das doenças orais”.

Perda da cartilagem
O 'American College of Rheumatology' define a osteoartrite como uma doença heterogénea que

O número de casos de osteoartrite (OA) tem vindo a aumentar devido à maior esperança de vida, sendo que a OA tem um impacto importante na sociedade por ser uma das principais causas de incapacidade nas idades avançadas, particularmente pelo envolvimento dos joelhos e anca. O estudo de Rotterdam que avaliou 1.040 indivíduos, com idades compreendidas entre os 55 e 65 anos, mostrou que só 135 dos indivíduos estudados, não apresentavam sinais radiográficos de OA, um outro estudo mostrou que em Itália, a prevalência de sintomas de OA em indivíduos com mais de 65 anos, era de 15% para as mãos, 30% para os joelhos e 8% para a anca. Entre os americanos, ocorre dor e limitação funcional relacionada com OA nos joelhos em mais de 13% dos indivíduos entre os 55 e 64 anos e em mais de 17% dos que possuem idades compreendidas entre 65 e 74 anos.

A osteoartrite afecta com maior frequência as mãos, joelhos, coluna vertebral, ombro e anca, podendo atingir, na mesma pessoa, vários tipos de articulações.

Causas da OA
A OA caracteriza-se por perda da cartilagem à qual se associa alteração do osso com esclerose, colapso do osso subcondral, quistos ósseos e formação de osteófitos. A perda da cartilagem pode iniciar-se a partir de um ponto específico que se estende e envolve o compartimento articular conduzindo à perda progressiva da cartilagem. A perda de proteinoglicanos de pequenas e grandes dimensões associa-se à degradação do colagénio tipo II e de muitas outras moléculas fundamentais e a progressão da doença conduz à perda maior ou menor da cartilagem da superfície da articulação. Todo este processo envolve mecanismos complexos de reacções enzimáticas e outras, responsáveis pela degradação progressiva da articulação e desenvolvimento de processos inflamatórios que podem acelerar a degradação da articulação.

Sintomas
O sintoma principal é a dor articular difusa que alivia com o repouso, não existindo relação directa entre o grau de alterações e as imagens radiológicas, dado que só 30% dos doentes com imagens radiológicas sugestivas de OA se queixam de dor. Há doentes que acordam com a dor e é comum a existência de uma certa rigidez matinal de curta duração e, à medida que a doença progride, pode haver limitação de movimentos, contracturas, espasmos musculares e bloqueio mecânico. Os ruídos que podem surgir com o movimento da articulação podem ser atribuídos à perda de cartilagem, a irregularidades da superfície da articulação e ao aumento de volume das articulações que pode ser atribuído à sinovite secundária, ao aumento do líquido sinovial ou a alterações proliferativas da cartilagem ou do osso (osteófitos). Nas fases avançadas da AO, as articulações apresentam deformações marcadas pela perda de cartilagem, colapso do osso subcondral, formação de quistos e crescimento ósseo excessivo.

Factores de risco para a OA
Considera-se que existem factores que podem contribuir para o desenvolvimento da OA, sendo eles:

Idade e sexo
A idade é um dos principais factores de risco para a OA qualquer que seja o local onde se desenvolva. A prevalência da OA aumenta muito após os 40 anos na mulher e os 50 anos no homem, afectando cerca de 50% dos indivíduos com 65 anos ou mais, chegando a atingir 85% dos indivíduos após os 75 anos.

O sexo também influencia a prevalência e incidência de OA, sendo mais frequente a OA isolada na mão ou joelho na mulher e, na anca no homem.

Etnia
A influência étnica na OA não está bem definida. No entanto há estudos que sugerem uma maior prevalência da OA no joelho na mulher negra mas não no homem. O estudo Johnston County sugere que não existem diferenças na prevalência da doença de joelho, enquanto para a OA da anca, o homem negro tenha uma probabilidade de mais 35% do que o homem branco.

Genética
A influência genética pode ser importante como factor de risco da OA como confirmam alguns estudos epidemiológicos na OA da mão, joelho e anca, admitindo-se que alterações genéticas envolvem defeitos estruturais do osso e da cartilagem.

Estado hormonal e densidade óssea
Após a menopausa, a mulher está mais susceptível à OA, dado que se admite que os estrogénios exercem efeito protector da OA. Considera-se também que a osteoporose possa ter efeito protector contra o início da OA dado que a maioria dos estudos mostrou que a densidade óssea elevada se associa a um aumento da frequência da OA no joelho, anca e mãos.

Factores nutricionais e metabólicos
Há dados que sugerem que os níveis elevados de glucose no sangue estão associados a um aumento da frequência da AO e, parece também que níveis reduzidos de vitamina D contribuem para o aumento do risco de OA.

Obesidade
Os indivíduos com excesso de peso e obesidade possuem maior probabilidade de desenvolverem OA, sendo que a perda de peso pode reduzir esse risco.

Lesão aguda e deformação da articulação
São situações que podem constituir factores de risco para desenvolver OA por aumento da instabilidade da articulação.

Factores ocupacionais
Exercício e tarefas repetitivas das articulações sobrecarregam-nas bem como aos músculos que as suportam, o que aumenta o risco de OA.

Desportos
Há desportos que podem aumentar o risco de OA, particularmente os que exercem impacto directo sobre as articulações e os que exigem intensidade elevada.

Fraqueza muscular
A fraqueza dos quadriceps pode constituir um factor de risco para a OA do joelho.

Consequências da OA
À OA associa-se geralmente a incapacidade física que se reflecte em problemas sociais em termos de perdas de dias de trabalhos e aposentação antecipada. Factores ligados à incapacidade envolvem dor, fraqueza muscular, fraca capacidade aeróbica e imagens radiológicas.

Diagnóstico
Actualmente, o diagnóstico efectua-se essencialmente pelas imagens radiológicas que podem ser inespecíficas, não havendo ainda um teste específico para o diagnóstico claro da OA.

Marcadores bioquímicos da cartilagem e osso
Têm sido realizados diversos estudos no sentido de encontrar marcadores bioquímicos específicos da OA que permitam um diagnóstico precoce e efectivo, no entanto ainda não existe um teste laboratorial específico e definitivo para as anomalias da AO, apesar de vários testes estarem em investigação e haver indícios de alguns parâmetros que estão alterados na osteoartrite.  

Aspectos gerais do tratamento da OA
Os principais objectivos do tratamento da OA consistem no controlo da dor, na melhoria funcional e na redução da incapacidade. Considerando a evolução da OA, as medidas aplicadas devem ser reavaliadas e reajustadas face a essa evolução. Considera-se que a educação dos doentes constitui uma medida importante por permitir uma melhor gestão da doença pelo indivíduo bem-educado.

Terapêutica medicamentosa da OA

Analgésicos
A dor moderada de OA no joelho e anca pode ser aliviada com analgésicos simples como paracetamol na dose de 1 g, tomado de 6 em 6 horas, substância considerada segura.

O paracetamol tomado em doses superiores pode causar toxicidade para o fígado e rins.

Anti-inflamatórios
Há estudos que sugerem que os anti-inflamatórios são mais efectivos que analgésicos ligeiros. A dor moderada de OA no joelho e anca pode ser aliviada com ibuprofeno na dose de 1,2 g por dia a 2,4 g por dia dividida em 2-3 tomas, isto é, 400 mg a 800 mg de 8 em 8 horas, que é bem tolerada.

Existem diferenças entre os vários anti-inflamatórios, sendo que a intolerância gastrointestinal que ocasionam frequentemente (dispepsia, dor abdominal, náuseas) também varia entre eles, podendo ainda ocasionar ou agravar uma doença renal, para a qual contribui, caso existam, a desidratação, hemorragias, insuficiência cardíaca moderada a grave, diurese excessiva e cirrose com ou sem ascite. Os idosos possuem risco aumentado de doença renal pelos anti-inflamatórios.

Alguns anti-inflamatórios causam problemas gastrointestinais com menor frequência sendo os de escolha para doentes idosos e mais susceptíveis.

O risco de agravamento de hipertensão e edema é análogo para todos os anti-inflamatórios.

Analgésicos opióides
O tratamento com analgésicos mais potentes do que o paracetamol está indicado para dores moderadas a graves de OA. Utiliza-se o tramadol, que pode ser associado ou não ao paracetamol, escolhendo-se quando o paracetamol e os anti-inflamatórios falham no alívio da dor.

Note-se que o uso crónico e contínuo deste tipo de analgésicos opióides conduz a redução da sua eficácia e obriga a aumentos progressivos de doses necessárias para produzir o mesmo grau de analgesia. De considerar ainda que estes medicamentos ocasionam sempre obstipação e que geralmente requerem a toma de laxantes para o seu controlo, durante o tratamento.

Pode associar-se, se necessário, o tramadol a um anti-inflamatório para obter melhores resultados.

Analgésicos tópicos
A aplicação local de analgésicos, como o creme de capsaicina ou de anti-inflamatórios é frequentemente efectuada, com ou sem prescrição médica. Podem ser utilizados isoladamente ou se necessário, podem constituir um tratamento adicional aos analgésicos ou anti-inflamatórios referidos anteriormente. Este tipo de fármaco aplicado localmente é efectivo e apresenta menos efeitos secundários, sendo de preferir em situações localizadas.

Corticosteróides intrarticulares
Para tratamento de crises dolorosas agudas de OA, particularmente se houver evidência de inflamação e inchaço da articulação, as injecções intrarticulares de corticosteróides têm sido utilizadas com bons resultados quando a restante terapêutica não se mostra suficiente.

Ácido hialurónico intrarticular
Também se tornou um tratamento aceite no controlo da dor, a injecção intrarticular de ácido hialurónico, cuja eficácia e segurança tem sido demonstrada.

Agentes modificadores da doença - osteoartríticos
Há algumas substâncias que estão em estudo como sendo capazes de modificar o curso da osteoartrite embora não haja ainda resultados definitivos. Estão neste caso as tetraciclinas e alguns derivados (doxiciclina e minociclina), factores de crescimento, manipulação de citoquinas, terapia génica e açúcares sulfatados e não sulfatados.

O sulfato de glucosamina tem sido administrado por via oral e intramuscular, sugerindo-se que é uma substância capaz de modificar o curso da doença, na dose de 1,5 g por dia. Também tem sido estudada a diacereína, 50 mg duas vezes ao dia, que mostrou efeitos benéficos num estudo de 3 anos.

Apesar destes dados há necessidade de mais estudos que comprovem a utilidade destas substâncias.

Tratamento não medicamentoso da OA
Apesar de também serem muito utilizadas medidas não medicamentosas em doentes com OA, não há grande evidência da sua utilidade.

Exercício físico
O exercício físico tem gerado muito interesse como medida não medicamentosa na OA, particularmente o exercício aeróbico e de aumento de força, que parecem igualmente efectivos no alívio da dor e melhoria funcional em doentes obesos com OA. Associado a dieta, o exercício pode apresentar bons resultados em termos de melhoria da qualidade de vida e funcionalidade física.

Suporte e calçado
Medidas de suporte e calçado correctivo podem ser benéficos e alternativas a intervenções mais complexas, no entanto existem poucos estudos que avaliem estas intervenções embora haja indicações de alívio sintomático.

Reabilitação física
Têm sido estudadas várias modalidades de reabilitação física no tratamento da AO, designadamente a terapia térmica (calor, frio, ultrassons), a estimulação eléctrica transcutânea (TENS), terapia electromagnética, lazer, e estimulação eléctrica têm sido medidas adjuvantes utilizadas na OA. Apesar da sua utilização, não há resultados definitivos de estudos que demonstrem a sua eficácia.

Intervenções comportamentais
Intervenções comportamentais podem melhorar a OA embora raramente eliminem a dor, contudo, reduzem frequentemente o sofrimento e os custos. A educação do doente sobre a gestão da OA é central no tratamento para melhoria do estado de saúde.

Tratamentos alternativos da OA
Muitos são os doentes que recorrem a terapias alternativas ou complementares dos medicamentos. Estão neste caso as plantas medicinais, dietas, homeopatia, intervenções mente-corpo, calor manual, terapia electromagnética e acupunctura.

Tratamento cirúrgico da OA
A cirurgia é apenas considerada após a falha das medidas de tratamento enunciadas, existindo vários tipos de intervenções cirúrgicas que são decididas face ao tipo de OA, localização e doente.

Guidelines para o tratamento
O tratamento da OA deve ser efectuado de forma individualizada face às necessidades de cada doente, tendo sempre em conta a relação benefício/risco.

É importante considerar inicialmente se existe dor e se é acompanhada de inflamação. Caso não pareça existir inflamação basta administrar analgésicos mas, se ela estiver presente, é necessário usar os anti-inflamatórios.

O tratamento medicamentoso oral pode beneficiar se for acompanhado pela aplicação local, na articulação em causa, de medicamentos em creme. Se for necessário, devem ser tomados analgésicos mais potentes, como o tramadol.

Em casos de persistência dolorosa, há frequentemente, a necessidade de recorrer a infiltrações de corticosteróides ou de ácido hialurónico.

Bibliografia
Piercarlo Sarzi-Puttini, Marco A. Cimmino, Raffaele Scarpa, Roberto Caporali,
Fabio Parazzini, et al. Osteoarthritis: An Overview of the Disease and Its Treatment Strategies. Semin Arthritis Rheum. 2005. 35 (suppl 1):1-10.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.

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