Estudo
Homens de cintura larga têm maior risco de desenvolver tipos mais agressivos de cancro da próstata, indicou um novo estudo.

Um levantamento realizado com 140 mil homens de oito países europeus mostrou que 10 cm a mais na circunferência abdominal aumentariam as probabilidades de desenvolver o cancro em 13%.

O maior grupo de risco, contudo, era o de homens com cintura maior do que 94 cm, indicou o estudo da Universidade de Oxford, em Inglaterra.

O cancro da próstata é o mais comum em homens, escreve o Diário Digital.

O estudo, que foi apresentado na Cimeira de Obesidade Europeia em Gotemburgo, na Suécia, analisou a associação entre as medidas do corpo de homens na faixa dos 50 anos e o risco de cancro da próstata em 14 anos.

Durante o período, houve cerca de sete mil casos de cancro da próstata, dos quais 934 foram fatais.

Os pesquisadores descobriram que homens com um Índice de Massa Corporal (IMC) elevado e uma cintura larga tinham maiores hipóteses de desenvolver cancro da próstata de alto risco, uma forma mais agressiva da doença.

Por exemplo, homens com cintura de 94 cm tinha 13% maior risco de cancro da próstata agressivo do que homens com cintura de 84 cm.

Os cientistas também observaram um maior risco de morte por cancro da próstata com maior IMC e circunferência abdominal.

Aurora Pérez-Cornago, da Universidade de Oxford, disse que o estudo mostrou que a associação entre o tamanho do corpo e o cancro da próstata é complexa e varia conforme a agressividade da doença.

Segundo ela, os grandes vilões seriam as hormonas causadores de cancro presentes nas células de gordura, mas isso ainda não foi provado.

A recomendação da especialista é de que os “homens devem manter um peso saudável e se possível perder medidas na cintura”.

Mas ela acrescentou que o estudo não analisou especificamente o impacto da perda de peso no risco do cancro da próstata.

Um porta-voz da Prostate Cancer UK, maior ONG de saúde masculina, disse: “Manter-se ativo e com um peso saudável pode proteger contra várias doenças, incluindo o cancro”.

“Esta pesquisa complementa uma série de outras evidências segundo as quais o peso e o tamanho da cintura podem influenciar no surgimento do cancro da próstata”, acrescentou.

Administração Central do Sistema de Saúde
Nas primeiras semanas, um em cada oito doentes escolheu opções fora da sua área de residência por terem menos tempo de espera.

Treze por cento dos utentes dos primeiros centros de saúde onde foi possível começar a marcar uma consulta da especialidade livremente em qualquer hospital optaram por fazê-lo fora do hospital da sua área de referência, escreve a TSF.

A liberdade de escolha arrancou com experiências piloto no início de maio em quatro centros de saúde: Sete Rios (Lisboa), Póvoa do Varzim, Vila do Conde e Modivas.

Ricardo Mestre, vogal da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), que tem implementado a mudança, diz que tudo tem corrido bem e no último mês foi possível alargar a todos os centros de saúde esta possibilidade de os utentes escolherem livremente onde querem ter uma consulta da especialidade.

Até agora os doentes não podiam escolher os hospitais do Serviço Nacional de Saúde onde iam ser acompanhados em consultas da especialidade e sujeitavam-se à sorte da sua área de referência ter ou não grandes tempos de espera.

Nas primeiras semanas do novo sistema, 13% escolheram um hospital onde antes não podiam ser tratados.

Estudo
Uma alimentação baseada na dieta mediterrânea, rica em fruta, vegetais, peixe e azeite, poderá ajudar a prevenir a reincidência...

O estilo de vida - se as pessoas são ou não fisicamente ativas - e o excesso de peso são fatores de risco conhecidos no cancro de mama, mas os investigadores também estão interessados em saber se os hábitos alimentares têm um papel importante na ocorrência ou recorrência da doença.

O estudo, apresentado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla inglesa) num encontro em Chicago, Estados Unidos, resulta de um ensaio em Itália, que comparou os resultados de 307 mulheres que tinham sido tratadas a um cancro da mama na sua fase inicial.

Um dos grupos - 199 mulheres - foi convidado a fazer uma dieta mediterrânea, que envolvia quatro porções de vegetais, três peças de fruta e uma porção de leguminosas por dia, juntamente com quatro ou mais porções de peixe por semana, alguma carne vermelha, incluindo a processada, e bastante azeite. Além disso, era permitido beber uma bebida alcoólica por dia.

O outro grupo - 108 mulheres - cumpriu uma dieta normal, mas com uma alimentação saudável aconselhada por um nutricionista.

Os investigadores do hospital Piacenza, em Itália, descobriram que 11 mulheres do grupo com uma alimentação normal tinham registado a reincidência do cancro da mama nos três anos seguintes, enquanto as 199 mulheres que cumpriram uma dieta mediterrânea não registaram qualquer recorrência da doença.

Os especialistas apontaram que este estudo ainda é pequeno e limitado, mas é um ponto de partida.

Em todo o país
O coordenador da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados revelou que, a partir de 01 de julho, vão começar a abrir...

Em entrevista, a propósito dos 10 anos da criação da Rede, Manuel Lopes explicou que as unidades de cuidados continuados de saúde mental irão ter “diferentes tipologias” para “responder a necessidades de aproximadamente 300 pessoas em todo o país”.

“As unidades piloto que queremos para a área da saúde mental não são unidades que promovam a reinstitucionalização, mas que promovam a proximidade e levem os cuidados o mais possível a casa das pessoas”, adiantou o coordenador nacional para a reforma do Serviço Nacional de Saúde na área dos cuidados continuados integrados.

O objetivo é que as pessoas com dependência psicossocial possam permanecer nas suas casas, junto das suas famílias e das equipas de saúde que lhes dão apoio.

Manuel Lopes explicou que “são tipologias que estão na comunidade” e “simulam muito a casa das pessoas, sempre com um número reduzido de doentes”.

A referenciação das pessoas para estas unidades será feita pelos profissionais de saúde que as acompanham nos hospitais ou nos cuidados de saúde primários.

No decorrer deste este ano serão também ser abertas unidades de cuidados continuados pediátricos.

“Nos dois casos arrancamos com um ano de experiência-piloto, um aspeto “particularmente importante”, porque não há experiências anteriores nesta área, disse o responsável.

“Precisamos de reunir um conjunto de condições que nos permitam durante um ano acompanhar essas unidades de muito perto e irmos aprendendo, em conjunto, que tipo de alterações precisamos de introduzir (…) para que correspondam às necessidades das pessoas que pretendem cuidar”, acrescentou.

Fazendo um balanço dos 10 anos da rede, assinalados a 06 de junho, Manuel Lopes afirmou que foi a “primeira grande alteração do Serviço Nacional de Saúde”, com a criação de um novo nível de cuidados, e correspondeu a uma necessidade que decorre da “incidência e prevalência de situações de dependência”.

“A rede não é um conjunto de instituições que funcionam como lares de terceira idade mais diferenciados”, disse, observando que a “maioria esmagadora das pessoas” sai da rede “com muito menos dependência e nalguns casos com independência”.

Isto quer dizer que “a rede está a cumprir os seus objetivos”, embora seja preciso “aprofundar na sua dimensão e nalguma especialização da resposta”.

“Olhando para as aprendizagens do passado, aquilo que constatámos foi que ao longo destes 10 anos se privilegiou essencialmente a resposta” institucional, mas neste momento é “claro para nós que o âmago de uma rede desta natureza deve ser a casa das pessoas”, disse Manuel Lopes.

Nesse sentido, o “grande investimento” terá de ser feito na criação de equipas que levem os cuidados a casa das pessoas, “um esforço que depende essencialmente do Estado porque são equipas que dependem dos agrupamentos de centros de saúde”.

Para obter uma melhor prestação de cuidados em casa, Manuel Lopes defendeu a aposta na colaboração com entidades até agora afastadas deste desafio, como as autarquias.

“Queremos a participação de setores (…) como as autarquias e outro tipo organizações da sociedade civil que sejam capazes de criar movimentos” para que possam ser feitas pequenas alterações na casa das pessoas para estas viverem “com mais segurança e com mais dependência”.

Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto são as regiões do país onde há mais carência de camas de cuidados continuados,...

“Precisamos de investir muito [nestas regiões], nomeadamente em Lisboa, na criação de camas”, disse Manuel Lopes em entrevista, a propósito dos 10 anos da criação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

A este propósito, Manuel Lopes adiantou que o Governo está em negociações com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para, “de uma forma muito rápida”, criar “um razoável número de camas” na cidade.

“O protocolo está praticamente concluído e pronto a assinar e brevemente estaremos em condições” de, em articulação com o terceiro setor, criar “respostas para estas pessoas”.

Nas restantes regiões, há situações pontuais para resolver, mas é preciso “investir muito mais na criação de equipas que levem os cuidados a casa das pessoas”, disse o responsável.

A criação de equipas de cuidados continuados “é muito mais barato para o sistema” e mais benéfico para as pessoas, argumentos que demonstram que os cuidados no domicílio “é o ideal”, frisou.

Atualmente, a RNCCI dispõe de cerca de 7.700 camas, estando a 55% do número que devia ter sido atingido em 2016, e apoia aproximadamente 6.500 pessoas em casa.

“Não chega, estamos longe de responder às necessidades das pessoas e, como tal, a aposta é na ampliação do número de camas, nos casos onde são claramente necessárias, e do número de respostas no domicílio em todo o país”, sublinhou.

Para este ano, o objetivo é criar 700 camas: “Vai ser difícil”, porque “o orçamento foi tardio”, mas, até ao momento, ”não temos nenhum indicador que nos diga que não vamos atingir esse objetivo”

Quanto ao número de equipas, o responsável explicou que as existentes ainda não estão a ser utilizadas no seu “máximo potencial”, podendo a sua capacidade ser estendida até, pelo menos, 90%.

Questionado sobre a verba investida na ampliação da rede, Manuel Lopes disse que “exige um investimento muito grande”, mas sublinhou que custa mais “não ter esta resposta”.

“Olhar para quanto custa a rede é sempre olhar de uma forma enviesada, porque custa muito mais não ter rede”, disse, explicando que o Estado está a “gastar imenso dinheiro” num sistema em que pessoas estão doentes e a “consumir imenso” sistematicamente.

Portugal dedica 0,6% do Produto Interno Brutos a este nível de cuidados, uma verba que considera “muito pequena” comparada com a média europeia, havendo países que aplicam dois a 3%.

“O dinheiro que estamos a utilizar é um bom investimento, não é um gasto, não é um desperdício”, porque “estamos a trabalhar para que as pessoas sejam autónomas até o mais tarde possível”, defendeu.

Por outro lado, se a rede funcionar de uma “forma muito ágil” também vai libertar camas nos hospitais.

“As pessoas estariam no hospital o tempo estritamente necessário para tratarem da sua situação aguda”, transitando depois para a rede para terem a resposta de reabilitação”, sustentou.

Também é necessário trabalhar na referenciação para “a tornar mais ágil, mais rápida, mais eficaz e dessa forma expandir a capacidade” de resposta.

O coordenador da RNCCI disse ainda que o Governo está a analisar várias situações de espaços que foram construídos, alguns com o apoio do Estado, que estavam fechados por diversas circunstâncias.

“Alguns porque a tipologia prevista para aquela zona já não era a que mais se justificava, outras porque a contenção não permitiu que se abrissem mais respostas”, explicou.

“Estamos a resolver caso a caso porque não podemos dizer que haja saturação em alguma parte do país, o que existe por vezes é uma desadequação entre uma determinada tipologia e uma determinada região”, rematou.

Estudo
As amostras de sangue podem ser tão eficientes em termos de exames do cancro como as biópsias invasivas aos tecidos, e ajudar...

Apesar de as biópsias a tumores serem geralmente usadas para investigar as alterações no DNA causadas pelo cancro, as amostras de sangue podem fazer o mesmo, segundo o estudo apresentado na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.

Novos avanços científicos permitiram aos investigadores estudar o cancro através da corrente sanguínea, através da qual as células cancerígenas lançam pequenos pedaços detetáveis do seu DNA.

Ao avaliarem este DNA, os médicos podem "monitorizar as alterações no cancro, à medida que o tumor vai evoluindo ao longo do tempo, o que pode ser crítico quando médicos e pacientes discutem as opções de tratamento para o controle contínuo do mesmo”, de acordo com o estudo.

E as amostras de sangue permitem aos médicos fazê-lo sem recorrer a uma biópsia do tumor, disseram os investigadores no estudo, um dos maiores já realizados sobre a genómica do cancro.

Centro de Controlo e Prevenção da Doença
Há 35 anos, o Centro de Controlo e Prevenção da Doença, nos EUA, revelou “uma rara forma de pneumonia” em homossexuais,...

A sida, doença causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), é hoje uma doença crónica e já não representa uma sentença de morte.

Contudo, há 35 anos, o desconhecido assustou o mundo, já que mesmo após o vírus ser identificado, muito pouco se sabia sobre esta infeção que inicialmente estava associada a grupos de risco: homossexuais e consumidores de drogas injetáveis.

Esta rara forma de pneumonia, de que o Centro de Controlo e Prevenção da Doença (CDC) deu conta num comunicado libertado a 05 de junho de 1981, começou por afetar cinco homens, todos eles com os sistemas imunitários comprometidos.

Todos eram homossexuais, com vários parceiros conhecidos, levando a que inicialmente a doença fosse associada apenas a este tipo de relacionamento.

Os doentes eram fisicamente reconhecidos por umas manchas provocadas pelo sarcoma de Kaposi, um cancro cutâneo grave, tendo muitas vezes sido alvo de discriminação, um comportamento que ainda hoje persiste.

A doença caracterizou-se ainda por uma quase ausência de respostas, seja a nível de tratamento, como de profilaxia (vacinas).

A pandemia do século XX matou milhões de pessoas em todo o mundo, revelando-se a mais democrática das infeções e não se limitando apenas aos homossexuais, mas a todos os que com o vírus contactaram através de relações sexuais ou por sangue.

Trinta e cinco anos depois, a vacina para o VIH ainda é uma miragem, mas os medicamentos aumentaram a esperança e a qualidade de vida destes doentes.

Na década de 90 registou-se a introdução da terapêutica anti retrovírica combinada (terapêutica de alta potência ou de alta eficácia), seguindo-se avanços nos conceitos de prevenção, diagnóstico e tratamento.

“Os conceitos de tratamento como prevenção e, posteriormente, de profilaxia pré-exposição, a introdução nalguns países do autoteste e, finalmente, a indicação de tratamento para todos, independentemente do valor de linfócitos T CD4+, abrem, no seu conjunto, uma perspetiva de alteração do paradigma de abordagem da infeção por VIH”, lê-se no relatório Portugal – Infeção VIH, SIDA e Tuberculose em números - 2015.

Os primeiros casos em Portugal foram registados em 1983. Desde então, foram notificados 53.072.

Mais de 65 milhões de pessoas foram infetadas pelo VIH. A sida causou a morte a mais de 25 milhões de pessoas desde que foi identificada.

Entidade Reguladora da Saúde recomenda
A Entidade Reguladora da Saúde considerou, num estudo divulgado, que o melhor modelo para a ADSE, sistema de saúde dos...

“Os modelos jurídicos de organização e de governação mais favoráveis ao cabal cumprimento das recomendações do Tribunal de Contas encontram-se, em princípio, no setor privado, e dentro deste, sobretudo no setor sem fins lucrativos”, refere a Entidade Reguladora da Saúde, no Estudo sobre a Sustentabilidade da ADSE.

Segundo o documento, aqueles modelos “permitem que a gestão do subsistema seja totalmente autónoma quer do ponto de vista administrativo, quer financeiro, sendo os descontos propriedade dos seus associados, detidos pela entidade gestora e consignados, em exclusivo, aos fins para os quais foram efetuados, podendo os seus excedentes ser livremente geridos”.

“Ao Governo poderão apenas ser atribuídos poderes de tutela ou poderá a fiscalização administrativa competir a uma entidade reguladora independente”, refere, salientando que caso o Estado opte “por uma entidade de natureza privada comum a fiscalização administrativa ficará afastada”.

Por outro lado, continua o estudo, os “modelos do setor sem fins lucrativos possibilitam a absoluta autonomização do subsistema perante o Estado, o que permite que os objetivos governamentais de contexto não sejam por este prosseguidos e que tarefas do Estado deixem de ser por realizadas”.

O estudo sublinha que “aqueles modelos admitem ainda uma governação democrática, que permite a efetiva participação dos beneficiários nas decisões estratégicas e controlo financeiro do subsistema”.

Apesar da recomendação, a Entidade Reguladora da Saúde avisa que do ponto de vista da sustentabilidade aqueles modelos têm desafios importantes, porque vai depender do universo de contribuintes e por isso terão de “adotadas medidas de robustecimento da sua estrutura financeira, através de esquemas de alargamento que permitam que o nível de descontos seja suficiente para acautelar a sua manutenção”.

A Entidade Reguladora da Saúde refere também que o “esquema de benefícios terá de ser suficientemente atrativo de modo a assegurar a permanência e adesão dos respetivos destinatários”.

Independentemente do modelo que o Governo venha a escolher para a reestruturação da ADSE, a entidade recomenda que as “eventuais necessidade futuras de financiamento da ADSE não devem ficar a cargo do Estado e, como tal, dos cidadãos em geral”.

“Tal solução seria, aliás, incompreensível num contexto como o do Estado português, que assegura a toda a população via Sistema Nacional de Saúde o acesso universal a cuidados de saúde em condições de igualdade e tendencial gratuitidade”, refere o estudo, com mais de 150 páginas e uma lista de conclusões com 60 considerações.

Atualmente, a ADSE presta assistência a 1,2 milhões de beneficiários e vive exclusivamente das contribuições mensais dos funcionários públicos, que descontam 3,5% do salário.

Em Alcácer do Sal
A Abraço vai construir uma unidade de cuidados continuados e paliativos em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, para...

Na véspera da associação de apoio aos doentes com VIH completar 24 anos, Gonçalo Lobo adiantou que é intenção da Abraço alargar a prestação de serviço a esta população com vários projetos, entre os quais a criação desta unidade.

“Apesar de vivermos numa época em que a medicação antirretroviral aumentou a esperança de vida das pessoas que vivem com VIH estas também vão enfrentar, na sua velhice, adversidades que necessitam de algum tipo de apoio especializado, e é nessa matéria que temos de trabalhar”, disse Gonçalo Lobo.

Essas dificuldades começam já a ser sentidas no dia-a-dia da associação: Temos pessoas no apoio domiciliário que não correspondem aos critérios para estarem neste serviço, mas noutro tipo de estruturas, sejam lares ou cuidados continuados e paliativos”, mas "ainda temos dificuldades de inserir os nossos utentes em estruturas deste género", contou Gonçalo Lobo.

“Para que não haja qualquer tipo de discriminação associada ao acesso a este tipo de valências, nós vamos criar uma [unidade] para dar resposta a estas situações”, sublinhou.

A Abraço já tem o terreno e está em negociações com o município para avançar com o projeto, adiantou o presidente da associação.

Sobre o número de pessoas que a unidade vai acolher, disse que está a ser realizado um estudo técnico para verificar as vagas que poderão ser criadas de acordo com espaço e a capacidade de construção.

Ao longo dos tempos a Abraço tem verificado um aumento de falta de possibilidade de resposta para utentes que recebam alta após internamento hospitalar prolongado e que se encontram impossibilitados de realizarem de forma autónoma as suas atividades de vida diárias.

“Em muitos casos, a infeção VIH e sida pode gerar problemas sociais significativos, pois nem sempre este quadro clínico necessita de internamento hospitalar e, muitas vezes, o domicílio não possui condições para os cuidados necessários a estes utentes”, refere a associação.

Para atender a estes casos, a Abraço tem uma unidade residencial no Porto com capacidade para oito pessoas com cuidados extras hospitalares e serviços de apoio domiciliário que funcionam 24 por dia e todos os dias da semana.

A unidade residencial “está sempre lotada e tem uma lista de espera grande, porque não conseguimos dar resposta a todas as situações”, disse Gonçalo Lobo.

Com a criação da unidade de cuidados continuados e paliativos, a associação pretende dar resposta a mais seropositivos, mas também a outras pessoas que necessitem deste apoio: “Não vamos excluir” ninguém, frisou Gonçalo Lobo.

Em 2014 foram diagnosticados 920 novos casos de infeção por VIH em Portugal e, no final do ano, encontravam-se diagnosticados 52.694 casos, segundo o relatório “Infeção VIH/SIDA: a situação em Portugal”, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

No mesmo ano foram registados 196 óbitos em pessoas com infeção por VIH, das quais 126 em estádio sida.

Serviço Nacional de Saúde
O ministro da Saúde disse que o Serviço Nacional de Saúde tem problemas mais sérios para resolver em municípios da Grande...

Intervindo numa sessão na autarquia de Ourém, distrito de Santarém, Adalberto Campos Fernandes não especificou quais os problemas a que se referia, mas classificou a situação de espantosa e paradoxal.

"Toda a região de Lisboa e Vale do Tejo tem, espantosamente ou paradoxalmente, problemas que não seria de esperar, dada a proximidade da própria capital do país. Falo de Santarém como podia falar de Setúbal e da Grande Lisboa, áreas como Sintra, como a Amadora ou Queluz", disse o ministro da Saúde.

"É de facto paradoxal que estando nós com a maior concentração [na Grande Lisboa] de profissionais de saúde, nomeadamente médicos, do território nacional, tenhamos problemas às vezes mais sérios em Santarém e Setúbal do que temos no interior profundo do país", declarou.

Nesse sentido, Adalberto Campos Fernandes disse que o Governo pretende "arrumar no bom sentido do termo" até final da legislatura, as respostas que as populações possuem como "legítima expectativa" e o "casamento" entre a oferta e procura de cuidados de saúde.

Na sessão, o governante frisou que, em julho, o Serviço Nacional de Saúde assistirá à "maior colocação de médicos de família de que há memória" a nível nacional, explicando, no final, em declarações aos jornalistas, que são 338 jovens médicos "mais os aposentados que possam vir e tenham vontade de trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

Questionado se esta resposta não fica aquém das necessidades, Adalberto Campos Fernandes respondeu: "É o melhor resultado que vamos conseguir e reconstruir ou recuperar a falta de respostas, em seis meses [de Governo], apesar de estarmos ao pé de Fátima, não é fácil".

Investigação em Enfermagem
Encontro, precedido pelo Simpósio Internacional dos Cuidados de Saúde Baseados na Evidência, reúne na ESEnfC meio milhar de...

A Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), promove, já nos dias 7 e 8 de junho, o V Congresso de Investigação em Enfermagem Ibero-americano e de Países de Língua Oficial Portuguesa, que juntará cerca de 500 participantes provenientes de 15 países.

Profissionais e estudantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, França, Itália, México, Holanda, Portugal, Espanha, Reino Unido e Uruguai vão encontrar-se neste evento científico bienal que, em 2016, é antecedido (no dia 6 de junho) pelo Simpósio Internacional dos Cuidados de Saúde Baseados na Evidência, destinado à partilha de experiências e resultados de síntese da ciência, implementação, efetividade dos cuidados e inovação.

“Investigação e processo ensino-aprendizagem”, “Investigação, ação colaborativa e financiamento” e “Investigação, saúde e corresponsabilização” são os temas dos painéis dos dois dias de congresso, que terá lugar no Polo A da ESEnfC (Avenida Bissaya Barreto, em Celas).

A sessão de boas-vindas, pela Presidente da ESEnfC, Maria da Conceição Bento, e pelo coordenador científico da UICISA: E, Manuel Alves Rodrigues, será no dia 7 de junho, às 12h15.

Prémios “Pião Dourado 2016 Jovem Investigador”
Também na terça-feira, às 21h30 (Auditório da ESEnfC - Polo A), serão entregues os prémios “Pião Dourado 2016 Jovem Investigador”. A sessão estará incluída no Sarau da Unidade de Investigação da ESEnfC, que contará com momentos artísticos pelo Grupo Coral da ESEnfC, a Banda Big Band Rags e a Tuna de Enfermagem de Coimbra.

Já na quarta-feira (8 de junho), Alexandre Quintanilha, presidente da Comissão de Ética para a Investigação Clínica em Portugal, vai proferir, a partir das 9h30, a conferência “O valor social e profissional da investigação científica”.

Paralelamente ao congresso, decorrerão reuniões científicas (marcadas para o Polo C, na Sala de Conferências da UICISA: E, na Rua Dr. José Alberto Reis) sobre “Investigação participativa” (esta de 3 a 5 de junho), “Síntese da ciência e prática baseada na evidência”, “Investigação experimental e aplicada”, “Formação de investigadores, prática educativa e ação clínica” e “Escrita científica, edição e comunicação da ciência”.

A acompanhar o evento científico, a organização do encontro promove a III Mostra de Projetos de I&D, para divulgação de projetos estruturantes inscritos e ativos na UICISA: E, em grupos de investigação e nos eixos de desenvolvimento estratégico para a síntese da ciência e para a investigação experimental e aplicada em tecnologia dos cuidados.

O V Congresso de Investigação em Enfermagem enquadra-se no eixo estratégico da UICISA: E orientado para a divulgação internacional da produção científica relevante e válida para a formação dos profissionais de saúde e para a melhoria dos cuidados.

Estas iniciativas pretendem também fortalecer uma rede de colaboração internacional, favorecedora de laços de cooperação e promotora de investigação interdisciplinar e transdisciplinar.

Mais informações sobre o V Congresso de Investigação em Enfermagem Ibero-americano e de Países de Língua Oficial Portuguesa estão disponíveis no sítio do evento na Internet, em www.esenfc.pt/event/congresso5uicisa.

Sobre a UICISA: E
Unidade avaliada, acreditada e financiada, desde 2004, pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), a UICISA: E está organizada em três grupos de investigação – “Formação de profissionais de saúde e educação para a saúde”, Bem-estar, saúde e doença” e “Sistemas e organizações de saúde” –, que integram projetos estruturantes.

Atualmente, a UICISA: E tem uma equipa de investigadores composta por mais de 40 doutorados e vários pós-doutorados, além de membros com o grau académico de mestre e licenciado.

A UICISA: E tem duas publicações: a Revista de Enfermagem Referência e a Série Monográfica Educação e Investigação em Saúde.

A ESEnfC assinala, em 2016, os 135 anos de ensino de Enfermagem em Coimbra e em Portugal, além dos dez anos de fusão das duas instituições de ensino superior que lhe deram origem: as anteriores escolas Dr. Ângelo da Fonseca e de Bissaya Barreto.

Autoridade de Segurança Alimentar e Económica
Ação de fiscalização culminou com a apreensão de cerca de 1,4 tonelada de queijo curado, num valor total que ronda os 11 400...

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) procedeu através de brigada especializada de fiscalização das indústrias de produtos de origem animal da Unidade Regional do Centro, a uma ação de fiscalização dirigida a um entreposto, escreve o Sapo, localizado no concelho de Oliveira do Hospital, com o objetivo de verificar as condições de armazenamento e distribuição de produtos alimentares no âmbito da Segurança Alimentar.

"Como resultado desta ação foi apreendida cerca de 1,4 tonelada de queijo curado, num valor total que ronda os 11 400 euros, tendo sido instaurado processo-crime por falsificação de documentos e detetada ainda a falta de aposição de marca de identificação obrigatória em produtos de origem animal", explica a ASAE em comunicado.

"Das investigações realizadas foi possível apurar que o produto existente naquele entreposto, era rececionado sem qualquer marca de identificação obrigatória, sendo-lhe posteriormente colocada a marca de identificação do referido estabelecimento", acrescenta a nota.

No seguimento desta investigação, foram ainda inspecionados dois estabelecimentos retalhistas na zona centro do país, onde foi detetado e apreendido produto em exposição para venda com aposição indevida de marca de identificação de produto de origem animal.

Segundo especialista
A prevalência desta doença é de cerca de 10 a 20% da população nos países ocidentais, com uma expressiva interferência na...

A aumento de número de casos de pessoas com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), o largo espetro da sua expressão clínica, o interesse da avaliação funcional, as novas terapêuticas e a necessidade de abordagem multidisciplinar foram os principais tópicos apresentados pelo gastrenterologista Luís Novais, escreve o Sapo, num mini curso dedicado às práticas de procedimento em caso de refluxo refratário, na Semana Digestiva 2016, no Palácio de Congressos do Algarve.

"O número de casos com DRGE tem vindo a aumentar, nas últimas décadas devido á alteração dos hábitos alimentares, ao aumento da incidência da obesidade, ao excesso de consumo de bebidas alcoólicas e ao tabaco " afirmou Luís Novais.

Sintomas
"Rouquidão, pigarro, dor na garganta, tosse crónica, dor no peito, falta de ar ou alterações no esmalte dos dentes, podem ser sintomas desta doença", e a avaliação médica multidisciplinar por profissionais de diferentes especialidades é da maior interesse e relevância.

A introdução dos inibidores da bomba de protões (IBP) revolucionou a abordagem à DRGE, quer no tratamento dos sintomas típicos, quer na cicatrização da esofagite. "Contudo, em cerca de 10 a 40% dos doentes a sintomatologia persiste, tornando-se a ineficácia destes fármacos um problema clínico atual, a denominada DRGE refratária", alertou o especialista.

Para o gastrenterologista, a DRGE que não responde ao tratamento médico adequado e às medidas de alteração dos hábitos alimentares e de vida, "a investigação detalhada dos sintomas do doente e a avaliação diagnóstica são essenciais para clarificar a origem dos sintomas refratários como a toma inadequada ou insuficiente de IBPs, o refluxo ácido persistente, o refluxo não ácido, a bolsa de ácido, a sintomatologia não relacionada com RGE e a hipersensibilidade esofágica".

No que respeita ao diagnóstico "os recentes exames utilizados para confirmar a doença e a razão da não resposta adequada ao tratamento, estão disponíveis em Portugal, são de fácil execução e bem tolerados pelo doente", acrescentou o responsável do Laboratório de Neurogastrenterologia e Motilidade Digestiva (CEDE) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa.

Oito por cento de todos os nascimentos
Todos os dias nascem em média 17 bebés prematuros em Portugal, que representam quase oito por cento do total de nascimentos,...

O livro “Viver a prematuridade”, da autoria da jornalista Cláudia Pinto e que é lançado no sábado no Porto, mostra que as taxas de nascimentos prematuros são muito elevadas e sem tendência para descer, com níveis “muito altos” comparativamente aos registados na Europa.

Em 2014, nasceram 6.393 bebés pré-termo (antes das 37 semanas de gestação) e destes, 816 (cerca de 1%) eram muito prematuros, com menos de 32 semanas). É precisamente nestes bebés muito pré-termo que se verifica o maior risco de mortalidade neonatal.

Como explica o livro, as causas da prematuridade são compostas por muitos fatores, como a idade materna avançada, o baixo nível socioeconómico, o consumo de álcool e tabaco em excesso, história anterior de parto pré-termo, gravidez múltipla, alterações da quantidade de líquido amniótico, infeções, hemorragias e malformações uterinas, restrição do crescimento fetal e ainda diversos problemas de saúde materna, como a obesidade.

A pediatra e antiga ministra da Saúde Ana Jorge, que é uma das especialistas a prestar declarações para o livro, elogia o acompanhamento neonatal feito em Portugal quer aos bebés quer às famílias. Contudo, considera falta organizar melhor o acompanhamento posterior a estas famílias.

“Nem em todos os locais existem centros de desenvolvimento com equipas multidisciplinares dedicadas que façam acompanhamento posterior aos bebés prematuros, com enfoque nas necessidades das famílias”, referiu a pediatra.

As unidades de seguimento dos prematuros após a alta não estão organizadas da mesma forma em todo o país. Há hospitais, como o caso do Garcia de Orta, em que uma equipa multidisciplinar faz a vigilância periódica das crianças prematuras, geralmente até aos oito anos.

Apesar de o grupo de maior risco de desenvolvimento de complicações ser o dos prematuros antes das 32 semanas, os bebés entre as 34 e as 36 semanas preocupam especialmente Ana Jorge.

“Os partos destes bebés são muitas vezes provocados, o que não é aconselhável. Os bebés não estão ainda completamente desenvolvidos e o desencadeamento de um parto não é um processo natural, a evitar antes das 40/41 semanas. Deve ser o bebé a ditar o momento em que deve nascer. Muitas vezes, os partos previstos ou marcados antes de haver sinais de que chegou o final da gravidez levam a um nascimento antecipado, com um aumento de problemas no período neonatal precoce, quando comparados com os de termo”, lê-se no livro “Viver a prematuridade”, obra que será lançada no sábado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

António Costa anuncia
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que a rede nacional de Cuidados Continuados será reforçada com mais 8.000 camas.

“Esses investimentos nesta expansão de rede serão iniciados ainda neste ano de 2016”, afirmou, durante a sessão de abertura do Congresso Nacional das Misericórdias, que decorre até sábado, no Fundão, distrito de Castelo Branco.

Referindo que “urge corrigir” a paragem que a rede de cuidados continuados sofreu, o primeiro-ministro adiantou que a expansão está prevista no Programa Nacional de Reformas, que a União Europeia já aprovou.

Segundo referiu, também está prevista a “disponibilização de serviços de cuidados continuados ao domicílio ou em ambulatório, que garantam o apoio aos cidadãos idosos ou em estado de dependência”.

António Costa lembrou ainda que o “compromisso de dar nova vida as questões sociais está no centro da agenda do Governo desde o primeiro dia” e que é preciso “redesenhar as políticas sociais públicas”.

A falar perante centenas de representantes de instituições de solidariedade social e das misericórdias de todo o país, Costa garantiu ainda que a parceria entre o Estado e o setor social “deve ser reconhecida, valorizada e reforçada.

“Seja na área da infância e juventude, das políticas de família, da integração das pessoas com deficiência, dos mais idosos e dependentes, no apoio aos cidadãos sem abrigos ou nos outros domínios ligados à saúde, o papel da cooperação público-social é absolutamente crucial e incontornável”, afirmou.

Além disso, também não deixou de sublinhar o papel das misericórdias e instituições do terceiro setor no que concerne à promoção da coesão territorial.

“A presença territorial das vossas instituições constitui um capital da maior importância para promover um maior equilíbrio regional e estabelecer as bases de uma maior coesão, valorizando e revitalizando o Interior”, referiu.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde afirmou que, até ao final do ano, 80 por cento das maternidades devem disponibilizar a emissão do Cartão do...

Adalberto Campos Fernandes, que falava aos jornalistas no final da apresentação do programa Nascer Cidadão com Cartão do Cidadão, que faz parte do Simplex +, a qual decorreu na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.

Para já, esta possibilidade está disponível em quatro maternidades na Grande Lisboa: CUF Descobertas, Maternidade Alfredo da Costa, Santa Maria e Amadora Sintra.

O ministro da Saúde espera, contudo, que, até ao final do ano, seja possível um recém-nascido ter o seu Cartão do Cidadão em 80 por cento das maternidades.

No discurso de apresentação, Adalberto Campos Fernandes enalteceu o papel que a MAC tem tido: “É uma grande fábrica de vida”, disse.

Questionado sobre a questão do alegado encerramento da MAC, que esteve previsto durante o anterior governo, Adalberto Campos Fernandes disse que este é um assunto encerrado e garantiu que só fechará quando for transferida para o futuro Hospital Oriental de Lisboa, o que deverá acontecer dentro de quatro a cinco anos.

Em quatro instituições
As crianças que nasçam em quatro maternidades da grande Lisboa podem agora deixar as instituições com o seu cartão do cidadão,...

Numa cerimónia que juntou os ministros da Justiça e da Saúde, foi anunciado que as crianças nascidas nas maternidades onde o projeto-piloto está já a funcionar – CUF Descobertas, Maternidade Alfredo da Costa, Santa Maria e Amadora Sintra – poderão ter acesso a esta inovação.

A primeira criança a nascer com cartão do cidadão veio ao mundo na maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, há quatro dias e não precisou de se deslocar aos serviços para obter a sua identificação.

Na prática, a criança nasce e, se os pais concordarem, é fotografada por um funcionário ainda na maternidade.

À fotografia juntam-se os outros elementos sobre o nascimento da criança e a sua filiação, ficando devidamente identificada.

A medida, que consta do Simplex +, é uma das iniciativas digitais na Saúde e na Justiça, tendo sido classificada, pela ministra da Justiça, de “emblemática”.

Trata-se de “um novo serviço, inspirado numa lógica de simplificação”, disse Francisca Van Dunnem, para quem a disponibilização do cartão do cidadão a quem nasce, é um “momento de orgulho” para o Governo.

Segundo a secretária de Estado da Justiça, Anabela Pedroso, também presente na cerimónia, desde que o cartão do cidadão entrou em vigor, em 2007, já foram emitidos 16.151.344 cartões, incluindo renovações e segundas vias.

Atualmente, estão ativos 10.495.805 cartões de cidadão.

Em relação ao registo do nascimento das crianças nas maternidades, que começou no mesmo ano, das 696.312 crianças nascidas, 636.817 fizeram o seu registo no hospital.

No verão
O secretário de Estado da Saúde autorizou o reforço de médicos no Algarve durante a época alta turística, através dos...

Constatando que o número de pessoas no distrito de Faro chega a triplicar durante o verão, o secretário de Estado, Manuel Delgado, autoriza a Administração Regional de Saúde a publicar as vagas de médicos de várias especialidades com vista a assegurar boa assistência médica.

Estas vagas serão ocupadas por médicos que se candidatem através dos instrumentos de mobilidade a tempo parcial, refere o despacho publicado em Diário da República, com garantias de ajudas de custo e de transporte.

O anúncio do despacho foi feito na quarta-feira, durante uma visita de Manuel Delgado ao Algarve, onde presidiu à assinatura de contratos de trabalho de nove enfermeiras que vão exercer no Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul, em São Brás de Alportel.

“A grande atratividade da região de turismo do Algarve poderá ser também encarada como uma eventual oportunidade por parte dos médicos especializas já vinculados ao Serviço Nacional de Saúde, nos casos em que estes tenham interesse em conciliar a sua atividade profissional com as vantagens que esta região de turismo lhes pode oferecer”, lê-se no referido documento.

A decisão, que vigora entre 01 de junho e 30 de setembro, pretende atrair médicos “altamente qualificados” que possam reforçar os serviços de saúde algarvios e garantir a “adequada cobertura de cuidados, bem como para assegurar a constituição de escalas de urgência”.

Manuel Delgado deslocou-se a Faro, a 10 de maio, para anunciar a abertura de 32 postos de atendimento médicos em praias algarvias e as consultas de turista que vão funcionar em 12 centros de saúde da região com horário adicional ao do funcionamento normal.

Na mesma altura, o secretário de Estado anunciou a abertura de 30 vagas para médicos de medicina geral e familiar e o regresso ao ativo no Serviço Nacional de Saúde de médicos aposentados.

Nos últimos meses têm sido tomadas várias medidas nesta área, entre as quais acordos com unidades médicas nacionais.

O Centro Hospitalar do Algarve (CHA) celebrou um acordo de colaboração na área da ortopedia com o Centro Hospitalar Lisboa Norte, com o Centro Hospitalar Lisboa Central e o com Centro Hospitalar de Setúbal, para apoio à Urgência do Algarve, dois dias por semana.

Na área da Oncologia, foi celebrado um acordo entre o CHA e o Centro Hospitalar Lisboa Norte para o envio de uma equipa de especialistas para a unidade hospitalar de Portimão.

Em declarações em maio, o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, sublinhou que "só se pode resolver o problema quando um Governo considerar a situação como prioritária e tomar medidas para fixar os médicos".

Na mesma altura autarcas e médicos da região reconheceram que o Ministério da Saúde tem tomado algumas medidas, mas meramente pontuais e transitórias, estando ainda por resolver os problemas estruturais do setor da Saúde na região.

Bastonário dos médicos diz
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, disse e em Coimbra que a publicidade ao consumo de cálcio é “um comércio...

“A publicidade que é feita ao [consumo] de cálcio é lamentável, é um comércio criminoso que põe em causa a saúde pública dos portugueses, pela toma excessiva” do produto, afirmou José Manuel Silva, que falava à margem do Fórum Ibero-americano de Entidades médicas, que termina sábado.

“Com promessas de resultados, que não são fundamentados”, mas que “põem as pessoas a tomar cálcio quando não necessitam dele” e/ou em excesso, essa propaganda “traz problemas de saúde”, provocando inclusivamente doenças, advertiu.

A indústria farmacêutica, sem descontos – e é natural que os tenha tido –, de acordo com os preços de tabela”, investiu, em Portugal, “num ano, em publicidade de medicamentos de venda livre”, cerca de 710 milhões de euros, salientou o bastonário.

“A publicidade a medicamentos sujeitos a prescrição médica é proibida – e bem –, mas a publicidade a medicamentos de venda livre tem de ser limitada, tem de ser regrada, tem de ser honesta”, sustentou José Manuel Silva.

“Neste momento, a publicidade [a esses produtos] é desonesta”, é “enganosa” e “é contra isso que a Ordem dos Médicos (OM) e a Ordem dos Farmacêuticos têm alertado”.

Durante a sua intervenção na primeira sessão do fórum, sobre “Medicalização da vida e política de medicamentos”, na qual também participou Juan José Rodríguez Sendín, presidente do conselho geral da organização profissional dos médicos de Espanha (entidade homóloga da OM portuguesa), o bastonário considerou a publicidade ao cálcio tão “impressionante” de tal modo que “quase todos os portugueses andam a tomar cálcio”.

“É preciso pôr alguns limites a esta publicidade”, defendeu José Manuel Silva, reconhecendo, no entanto, que isso não é fácil, designadamente pelo facto de ela constituir “umas das principais receitas dos órgãos de comunicação social”.

Falando em castelhano (língua comum à maior parte dos participantes na reunião), o bastonário também alertou para a toma excessiva de antibióticos em Portugal, e de calmantes e psicotrópicos, designadamente por parte das crianças e jovens.

“Estamos a medicalizar excessivamente, há cada vez mais meninos a tomar psicotrópicos”, afirmou.

O bastonário da OM considerou também que “é necessária uma política não só nacional, mas internacional” para a medicalização, pelo menos ao nível regional (Europa, América Latina, por exemplo).

O Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) “usa todos os meios artificiais para atrasar a aprovação de novos fármacos”, disse ainda, por outro lado, José Manuel Silva, sublinhando que Portugal é um dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) com menor índice de acesso à inovação médica.

“Não estamos a fazer oposição aos governos, estamos a defender a medicina, os doentes e a saúde”, concluiu José Manuel Silva.

Também em Espanha, “todas as políticas são no sentido de promover o uso excessivo de medicamentos”, subscreveu Rodríguez Serín, apontando a publicidade e a falta de tempo imposta aos clínicos para as consultas médicas como duas das principais causas da situação.

UNESCO
Médicos de vários países querem que a relação entre o clínico e o paciente seja classificada como Património Imaterial da...

“Estamos a preparar um projeto de candidatura à classificação, pela UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura], da relação médico/doente como bem imaterial da Humanidade”, disse Juan José Rodríguez Sendín durante uma conferência internacional de médicos.

Sendín é presidente do conselho geral dos Colégios Oficiais dos Médicos espanhóis – Organización Medica Colegial de España (OMC) – entidade que equivale, de algum modo, à Ordem dos Médicos (OM) portuguesa e que reúne 52 associações profissionais daquele país.

A relação do médico com o doente é “fundamental para os resultados em saúde”, é “fundamental para o doente, que precisa de ter em quem possa confiar e depositar as suas angústias, os seus medos e as suas ansiedades” e é “fundamental para o médico, que tem de ter a confiança do paciente” para melhor diagnosticar e tratar, sublinhou Rodríguez Sendín, em declarações, à margem do Fórum Ibero-americano de Entidades Médicas, que teve início hoje, num hotel de Coimbra, e que termina no sábado.

Muitas doenças “não se tratam só com medicamentos” e estes podem, frequentemente, ser dispensados e “com melhores resultados para o doente” se houver aquela relação, sublinha o médico espanhol.

Mas, adverte, a relação/médico está a “baixar a humanização” porque é cada vez menos o tempo disponível para as consultas, correndo mesmo “o perigo de se perder, com “consequências terríveis” para os sistemas de saúde, salienta o dirigente da OMC.

“O tempo é a base da relação médico/doente”, defendeu, em declarações, também à margem do fórum, o bastonário da OM, José Manuel Silva, que apoia também a candidatura daquela relação a Património Mundial.

Sem tempo para “ouvir o doente e para lhe “explicar as razões das decisões” dos clínicos, “não é possível construir uma relação saudável” entre o médico e o doente

“Perde-se a essência da medicina, que é o estabelecimento dessa relação de confiança”, salienta o bastonário.

“Sofremos da doença dos indicadores, em que se avalia a produtividade da medicina pela quantidade dos atos produzidos e não pela qualidade dos resultados desses atos”, afirma José Manuel Silva, sublinhando que é preciso “dar tempo para que o médico recupere a boa medicina”.

A falta de tempo para as consultas médicas resulta de fatores “questões economicistas (e não económicas)”, que “redundam em prejuízo”, sustenta o bastonário da OM, recordando que o relatório da Fundação Gulkenkian sobre o SNS alertando para o facto de a perda de qualidade do ato médico ser “não só má para o doente, mas também para a economia”.

O projeto de candidatura da relação/médico doente a Património Imaterial, que conta com o apoio de médicos e organizações destes profissionais de alguns países, será apreciado pela assembleia geral da Confederação Médica Latino-Americana e do Caribe [ou Caraíbas] (CONFEMEL), que decorrerá, em final de novembro, em Brasília, Brasil, adiantou Rodríguez Sendín.

A CONFEMEL é uma entidade não-governamental que reúne instituições médicas do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Costa Rica, Guatemala, Haiti, Honduras, El Salvador, República Dominicana, Nicarágua, Panamá, Porto Rico, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai e, desde 2015, de Portugal e Espanha.

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