Em Lisboa
Revestido de amarelo, o Quiosque da Saúde não passa despercebido na freguesia lisboeta de Alcântara, onde é procurado...

“Pelo menos a gente chega aqui e é bem recebida. […] Nas urgências estamos ali horas e horas e nunca mais somos atendidos”, comenta Olívia Semedo, uma das utentes do Quiosque, considerando que o projeto “é muito bom”.

Numa manhã de sexta-feira na cidade de Lisboa, com o trânsito rodoviário e a passagem do comboio na ponte 25 de Abril como música de fundo, o dia de trabalho no Quiosque da Saúde arranca calmamente às 09:00, preparando-se o material de enfermagem para prestar os cuidados de saúde primários a todos quantos precisarem.

“Normalmente, são pessoas que moram na zona e que não têm tanta facilidade de acesso aos centros de saúde. Há muitas delas que não têm médico de família, o tempo de espera para uma consulta é mais elevado, então veem o Quiosque como um acesso facilitado”, diz a enfermeira de serviço Carla Amaral.

Os principais serviços prestados são a avaliação de tensão arterial, colesterol e glicemia, bem como a conversa terapêutica.

Inaugurado no final de janeiro deste ano, o Quiosque da Saúde de Alcântara, que funciona três dias por semana - segunda, quarta e sexta-feira -, realizou 350 consultas até 10 de junho, o que corresponde a uma média de seis consultas por dia.

Apesar de o número de utentes não ser ainda muito representativo, o balanço em termos de funcionamento do equipamento “é bastante positivo”, considera a coordenadora do projeto Joana Feliciano, sublinhando que o Quiosque não pretende sobrepor-se ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas potenciar o acesso aos cuidados de saúde com uma resposta simples, fácil e próxima.

Natural de Estremoz (Évora), Olívia Semedo, de 54 anos, mudou-se para Lisboa há cerca de um ano para cuidar de uma idosa de 84 anos, na freguesia de Alcântara.

Como ainda não tem médico de família atribuído na capital, a alentejana opta por ir ao Quiosque e aproveita e leva também a senhora de quem cuida.

“Este Quiosque é útil para a população”, diz, defendendo que poderia oferecer mais serviços, como exames ao coração.

De passagem para o Mercado Rosa Agulhas, Maria Simão, de 73 anos, preparava-se para ir às compras quando viu o Quiosque da Saúde e decidiu espreitar.

Curiosa, perguntou à enfermeira se podia medir a tensão arterial e a glicemia. Logo depois, está de mangas arregaçadas, a ser atendida.

Para Maria Simão, “é excelente este apoio às pessoas” e os preços também são acessíveis. Satisfeita com o atendimento prestado, refere que o projeto deveria ser alargado a outras zonas da cidade, porque “muitas vezes as pessoas têm muita dificuldade em ir ao centro de saúde”.

Alberto Tomas, de 58 anos, não poupa nos elogios ao atendimento: “A enfermeira é muito simpática, é muito atenciosa, dá sempre uma palavrinha amiga”.

Com uma frequência bimensal, Alberto pede uma avaliação da tensão, colesterol e glicemia no Quiosque. Vai continuar a ir ao médico de família para fazer outras análises, apesar de considerar que lá “é infernal o tempo de espera”.

“Fiquei toda contente quando cá vi isto”, comenta Belmira Gonçalves, de 72 anos, que faz rastreios de 15 em 15 dias, acompanhada do marido.

Como é diabética, Belmira tem uma máquina em casa para medir a glicemia capilar, mas quando dúvida do aparelho vem confirmar ao Quiosque.

“Tudo quanto seja para bem do povo acho que é muito bem”, advogou.

Idealizado pela Associação Conversa Amiga (ACA), o projeto Quiosque da Saúde começou na zona de Olaias, em Lisboa, com a instalação de um equipamento em novembro de 2014, crescendo com a criação de um Quiosque na freguesia de Pegões, no concelho do Montijo (Setúbal), e depois outro em Alcântara.

Cuidados de saúde primários
O projeto Quiosque da Saúde, que visa facilitar o acesso da população aos cuidados de saúde primários, vai ter novos...

O presidente da Associação Conversa Amiga (ACA), Duarte Paiva, disse que a expansão da rede de Quiosques da Saúde vai começar em setembro deste ano, com a instalação de um equipamento na freguesia lisboeta de São Domingos de Benfica.

Ainda na capital, as juntas de freguesia de Alvalade e da Misericórdia “mostraram interesse” em acolher o projeto, da responsabilidade da associação, informou Duarte Paiva, explicando que as propostas estão ainda em análise.

Junto da ACA, a junta da Misericórdia apontou a necessidade da colocação de dois Quiosques na freguesia, enquanto Alvalade pretende apenas uma banca.

Segundo o responsável pelo projeto, está em estudo uma possível localização de um equipamento no Porto, uma vez que existe interesse de algumas organizações locais.

O projeto Quiosque da Saúde começou na zona de Olaias, em Lisboa, com a instalação de um equipamento em novembro de 2014, e crescendo com a criação de uma banca na freguesia de Pegões, no concelho do Montijo (Setúbal), em novembro de 2015, e com a colocação de um equipamento na freguesia lisboeta de Alcântara, no final de janeiro deste ano.

Os três equipamentos já proporcionaram um total de 2.106 consultas, segundo os dados até 16 de junho deste ano.

Em Olaias foram prestadas 1.603 consultas ao longo de um ano e meio, em Pegões foram 143 os atendimentos em cerca de meio ano e no recente Quiosque de Alcântara realizaram-se 360 nos cinco meses de funcionamento.

Os utentes são maioritariamente pessoas idosas, uma vez que a idade média ronda os 62 anos, com uma maior presença do sexo feminino (66%).

Os principais motivos da visita são a facilidade de acesso aos cuidados de saúde primários e a falta de médico de família.

Os tratamentos de enfermagem, a avaliação de tensão arterial, colesterol e glicemia, bem como a conversa terapêutica, destacam-se na tipologia das consultas prestadas.

Dos três espaços em funcionamento, prevê-se uma alteração na localização do Quiosque da Saúde de Olaias, na freguesia lisboeta do Areeiro, que “é o único equipamento, quer dos que existem, quer dos que estão a ser projetados, que não conta com nenhum tipo de parceria, nem apoio da junta”, explicou o representante da ACA, referindo que “é completamente insustentável” a associação continuar a suportar sozinha todos os custos.

A associação tentou negociar com a autarquia do Areeiro, mas esta recusou apoiar o projeto.

A vogal com o pelouro de Ação Social da Junta de Freguesia do Areeiro, Patrícia Leitão, esclareceu que a autarquia já tem “dois postos médicos com muitas mais valências do que teria o Quiosque da Saúde”, pelo que “não se justifica duplicar um encargo para um serviço que já é prestado gratuitamente” às pessoas mais carenciadas.

De acordo com o presidente da ACA, pretende-se agora que o equipamento das Olaias seja transferido para a freguesia de Arroios, de forma a “manter a proximidade” com os utentes.

O custo da aplicação de um equipamento é de “cerca de 10 mil euros”, ficando as juntas de freguesia responsáveis por 40%.

Os restantes 60% são suportados pela ACA, através das parcerias estabelecidas, nomeadamente com a Fundação PT e a Tecnifar, e com a contribuição dos utentes.

Academia das Ciências de Lisboa
Um cientista do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) recebeu o Prémio Montepio, de 10...

O objetivo do projeto era "perceber de que maneira determinadas proteínas, que formam uma estrutura denominada microtúbulos (parte integrante do esqueleto da célula), regulam a divisão celular", disse o investigador distinguido com o Prémio Montepio, Jorge Ferreira.

Para além disso, pretendia-se verificar quais as alterações e consequências para a célula quando essas proteínas estruturais eram alteradas.

Verificou-se, ao longo do estudo, que com a manipulação dessas proteínas, fundamentais para o processo de divisão celular, ocorriam alguns erros relevantes "para o normal desenvolvimento da célula", referiu o investigador.

Em última análise, foi possível identificar qual o mecanismo regulador do processo de divisão celular, permitindo "definir um conjunto de fatores essenciais para que o trânsito das células, através desse processo, ocorra normalmente".

O cancro "é um dos problemas que está, muitas vezes, associado a defeitos na divisão celular", indicou o investigador, acrescentando que outro dos propósitos do estudo foi tentar estabelecer a relação entre esses erros e a patologia.

"Quando uma célula se divide, o expectável é que as células-filhas sejam iguais à célula-mãe mas, nos casos de formações anómalas, ao invés de seguirem o processo normal, formava-se uma única célula com o dobro do material genético", explicou.

Neste momento e durante os próximos três anos, o investigador vai dar continuidade ao trabalho, com um financiado cedido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

O professor da Faculdade de Medicina foi premiado pela tese de doutoramento "Regulação espacial e temporal da função dos microtúbulos pelas proteínas "End Binding"", finalizada em fevereiro de 2013.

Para o investigador, que se sente "grato pela distinção", "todas as iniciativas que permitam dar mais visibilidade à ciência que é feita em Portugal são extremamente importantes".

"Acima de tudo, uma distinção como esta leva-nos a transmitir ao público em geral aquilo que fazemos de uma maneira mais inteligível e, ao mesmo tempo, mostra que o que fazemos tem impacto, que todo o trabalho e esforço valeram a pena, sendo também um incentivo para continuar a trabalhar em ciência".

Esta é a primeira edição do Prémio Montepio, que distingue a excelência na investigação científica desenvolvida em dissertações de doutoramento em universidades portuguesas, financiada pelo mecenato do Montepio Associação Mutualista, lê-se num comunicado do i3S.

Para o concurso, eram elegíveis as teses desenvolvidas nos anos letivos 2012/2013 e 2013/2014, na área das Ciências Exatas e Naturais.

O prémio, que foi atribuído com igual mérito à investigadora Paula Gonçalves, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, vai ser entregue no dia 07 de julho, no salão nobre da Academia das Ciências de Lisboa.

Observatório europeu
Todas as semanas as autoridades europeias detetam duas novas substâncias psicoativas e, embora o consumo permaneça baixo, há...

Publicado pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) para assinalar o Dia Internacional Contra o Abuso e o Tráfico de Droga, que se assinala neste domingo, o relatório, o primeiro sobre respostas de saúde pública às novas drogas, manifesta preocupação com a "rápida emergência" das novas substâncias psicoativas (NSP).

"O mercado de NSP é complexo e o rápido aparecimento de novos produtos significa que urge desenvolver intervenções de suporte no domínio da saúde. As primeiras respostas às novas drogas na Europa foram essencialmente reguladoras e centradas em instrumentos legislativos de combate à oferta. Mas, à medida que o fenómeno evolui, é crucial formular e aplicar respostas eficazes em termos de saúde pública no que toca ao consumo destas substâncias", disse o diretor do OEDT, Alexis Goosdeel, citado num comunicado.

Segundo o relatório, só em 2015 foram detetadas pela primeira vez 98 novas substâncias através do sistema de alerta rápido da UE, aumentando para 560 o número total de novas drogas monitorizadas pelo organismo.

Destas 560 novas drogas, 70% foram detetadas nos últimos cinco anos.

Embora muitas destas drogas acabem por desaparecer rapidamente do mercado, algumas são hoje relevantes nos mercados das drogas ilícitas.

As NSP, também conhecidas como 'estimulantes legais' incluem canabinóides sintéticos, estimulantes (incluindo catinonas), alucinogénios e opióides desenhados para imitarem os efeitos das drogas clássicas.

Um estudo realizado em 2014 entre jovens europeus de entre 15 e 24 anos concluiu que 8% já tinham experimentado estas drogas e 3% tinham usado uma NSP no ano anterior.

A nível nacional, a prevalência do uso de NSP entre os mesmos jovens variava entre 9,7% na Irlanda e 0,2% em Portugal.

Embora a prevalência seja baixa, os autores do relatório do OEDT alerta que alguns grupos são particularmente vulneráveis aos riscos do uso e dos seus efeitos, nomeadamente 'frequentadores da noite', homens que têm sexo com outros homens, reclusos, jovens e pessoas que injetam drogas.

Existe uma falta de dados geral sobre os riscos das NSP para a saúde pública, mas "há evidências crescentes de uma associação com emergências hospitalares, consequências agudas severas e mesmo algumas mortes, embora em muitos casos a intoxicação fatal envolva normalmente outras drogas em simultâneo.

O relatório exemplifica que, ao contrário da canábis natural, os canabinóides sintéticos têm sido associados a AVC, danos nos rins e fígado e teme-se que o seu uso exacerbe sintomas psiquiátricos.

No relatório, o OEDT conclui que, dada a falta de informação específica sobre a melhor resposta a dar às NSP na saúde pública, a solução poderá passar por adaptar as respostas já existentes e comprovadamente eficazes com as drogas estabelecidas a estas novas substâncias.

Novos fármacos
A unidade de investigação iNOVA4Health, que junta mais de 140 cientistas e profissionais a trabalhar na procura de novos...

"Todos os projetos que estavam previstos no programa arrancaram, os últimos [iniciaram-se] há dois meses e estão 23 em curso", disse Manuel Carrondo.

A unidade de investigação iNOVA4Health, que junta o iBET (Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica), instituições da Universidade Nova de Lisboa (ITQB, Faculdade de Ciências Médicas e CEDOC) e o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, arrancou há cerca de um ano.

O objetivo é juntar esforços para ligar cientistas e profissionais que trabalham na procura e aplicação de fármacos adequados a cada paciente de doenças crónicas e neurodegenerativas, no que se chama medicina translacional, aumentando a competência de Portugal na área.

Os projetos de investigação já a decorrer centram-se sobretudo nas patologias em que o programa está especializado, como doenças crónicas ou cancro, com novos produtos, como biomarcadores, utilização de células para controlo de cancro, alternativas para problemas de artrite reumatoide ou cardiovasculares.

"Estas ferramentas vão permitir melhorar o tratamento ou alargar a oportunidade de cura", realçou Manuel Carrondo.

O programa trata sobretudo de doenças crónicas, que, apontou, "têm um peso maior, quer na qualidade de vida das pessoas, quer nos custos de um Sistema Nacional de Saúde".

Para o cientista, "o mais importante deste processo é que estão a trabalhar em conjunto grupos que nunca trabalharam juntos, gente de investigação fundamental a trabalhar com clínicos, pessoas do desenvolvimento de processos de fabrico a trabalhar com investigadores fundamentais".

Manuel Carrondo salientou o entusiasmo dos participantes na iNOVA4Health: "As pessoas percebem que têm imenso a beneficiar ao trabalhar em interfaces" e entrar num processo mais transnacional, que tem que ver com uma medicina de maior precisão, mais individualizada, a qual "precisa de maiores competências científicas e maior conhecimento", criado ao longo deste projeto.

A iniciativa prevê que cada um dos projetos tenha cerca de 50 mil euros por ano e, além do apoio aos 23 já em curso, deverá abranger mais três a cinco novos, por ano, "enquanto estes vão obtendo outras fontes de financiamento", acrescentou.

E, nesta altura, os projetos já conseguiram obter outros financiamentos externos, como colaborações com empresas multinacionais.

Entre a obtenção de uma cura para um problema de saúde e a chegada de um produto ao mercado, em farmacêutica, podem decorrer entre sete a 12 anos, enquanto o primeiro trabalho, desenvolvido pelo cientistas, para demonstrar o interesse de um produto pode demorar dois a cinco.

"A ideia é que as coisas cresçam, alarguem as competências na área de Lisboa e tragam mais parceiros de desenvolvimento e de financiamento", resumiu Manuel Carrondo também vice-presidente do IBET.

Ministério da Saúde
Quinze instituições hospitalares de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve vão passar a cooperar em especialidades médicas,...

Os protocolos de afiliação, 25 num total, foram assinados na quarta-feira, em Lisboa, entre as administrações regionais de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve e as 15 instituições hospitalares do Serviço Nacional de Saúde, e visam "melhorar o serviço prestado aos utentes, contribuindo para a otimização de recursos humanos e materiais", refere o ministério em comunicado.

A cooperação estende-se, por exemplo, a consultas, cirurgias, partilha de médicos em especialidades como Anatomia Patológica, Psiquiatria, Oncologia, Radioterapia, Ortopedia, Dermatologia, Urologia/Litotrícia, Hematologia ou Cirurgia Vascular, bem como à compra de material clínico como próteses, reagentes, ventiladores, roupa e fardamento, e ao transporte de doentes, à telemedicina ou à teleradiologia.

O Centro Hospitalar de Lisboa Central (hospitais São José, Santo António dos Capuchos, Santa Marta, Dona Estefânia, Curry Cabral e Maternidade Alfredo da Costa) afiliou-se com o Hospital de Santarém e o Centro Hospitalar Médio Tejo.

O Centro Hospitalar Lisboa Norte (hospitais Santa Maria e Pulido Valente) coopera com o Centro Hospitalar do Oeste (unidades das Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras) e com o Centro Hospitalar do Algarve (hospitais de Faro, Portimão e Lagos).

O Hospital Garcia de Orta, em Almada, assinou protocolo com o Centro Hospitalar de Setúbal (Hospital São Bernardo) e com o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, enquanto o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (hospitais São Francisco Xavier, Santa Cruz e Egas Moniz) com o Hospital Fernando Fonseca, na Amadora.

Na região do Alentejo, a cooperação foi fixada entre o Hospital do Espírito Santo de Évora e as unidades locais de saúde do Baixo Alentejo, do Norte Alentejano e do Litoral Alentejano.

Após saída do Reino Unido da União Europeia
A Associação de Farmácias de Portugal defendeu que a sede da Agência Europeia do Medicamento, em Londres, seja transferida para...

A Associação de Farmácias de Portugal (AFP) justifica-se, em comunicado, com a saída do Reino Unido da União Europeia, na sequência de um referendo, na quinta-feira, que deu a vitória à não permanência do país na UE.

"Com a saída do Reino Unido da União Europeia, a EMA [sigla em inglês para Agência Europeia do Medicamento] terá de ser relocalizada noutro país e a AFP considera que Portugal reúne as condições essenciais para ser um dos candidatos a acolher a agência", refere a nota, pedido que o Estado português envide "esforços para atrair" para Portugal a EMA.

"Portugal tem de apresentar os seus argumentos e unir esforços para, junto da Comissão Europeia, fazer a defesa deste projeto", afirmou a presidente da Associação de Farmácias de Portugal, Manuela Pacheco.

Segundo a AFP, o país "tem técnicos altamente qualificados nas áreas do medicamento e da saúde e centros de investigação de excelência", além de "uma localização privilegiada, estando no centro entre a Europa e os Estados Unidos, onde grande parte dos medicamentos são lançados e aprovados, primeiro, pela FDA [Food and Drug Administration, agência norte-americana para o medicamento]".

A Associação de Farmácias de Portugal apela "a todos os intervenientes do setor do medicamento para que, unidos ao Estado português, cooperem na candidatura de Portugal à sede da EMA".

A Agência Europeia do Medicamento é a entidade que avalia os pedidos de autorização de comercialização de fármacos na União Europeia.

Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral
A Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral emitiu um parecer alertando para as exigências que a prática da...

O AVC é a principal causa de morte em Portugal e representa a doença neurológica aguda de maior relevância, tendo em conta a sua incidência, espectro de idades em que ocorre e a incapacidade que provoca.

Ao longo dos passados 15 anos o tratamento do AVC tem sido alvo de uma grande evolução, tendo passado de um niilismo terapêutico para a obrigatoriedade de uma cadeia de cuidados altamente complexa e especializada.

Dentro do vasto espectro de doentes com AVC isquémico agudo, existe um subgrupo muito importante, em que ocorre uma oclusão aguda de um grande vaso cerebral (cerca de 25%). Este tipo de AVC está frequentemente associado a défices neurológicos graves e, até há pouco tempo, o único tratamento validado para recanalização vascular consistia na administração de alteplase por via endovenosa. Contudo, a publicação de vários ensaios clínicos aleatorizados, já em 2015, veio demonstrar o benefício da trombectomia mecânica no tratamento do AVC isquémico com oclusão aguda de grande vaso.

Na sequência da publicação de tais evidências, as recomendações das principais Sociedades Científicas de AVC passaram a integrar este tratamento na abordagem terapêutica do AVC isquémico agudo, sublinhando que o tratamento endovascular seja realizado em centros diferenciados e que a decisão de trombectomia mecânica deve ser multidisciplinar e incluir um neurointervencionista qualificado, treinado e experiente.

As Sociedades europeias que regulam a prática médica, o tratamento do AVC e a intervenção neurovascular (UEMS, ESO, ESNR e ESMINT), postulam que a prática de neurointervenção deve ser apenas efetuada em centros onde exista acesso a unidades dedicadas a doentes com AVC (Unidade de AVC), Cuidados Intensivos (de preferência Unidades de Cuidados Neuro-Intensivos), Neurologia, Neurorradiologia, Neurocirurgia, devendo ser garantida toda a cadeia de cuidados de modo contínuo. Mais se recomenda que os procedimentos sejam efetuados por operadores experientes em intervenções neurovasculares, exigindo número mínimo de casos por operador e instituição, não englobando apenas as trombectomias mecânicas, mas um conjunto de outras técnicas do foro neurovascular.

O parecer pode ser lido na íntegra aqui.

Sediada na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
É apresentada publicamente, em Lisboa, a Associação Portuguesa de Acessos Vasculares, que ficará sediada na Escola Superior de...

A Associação Portuguesa de Acessos Vasculares (APOAVA), que será apresentada, pelas 14h30, no Centro de Congressos de Lisboa, durante o 4º Congresso Mundial de Acessos Vasculares (WoCoVA 2016), tem como fim o desenvolvimento de um conjunto de atividades relacionadas com os acessos vasculares, como sejam consultoria técnico-científica, ações de educação e formação, organizações de feiras e congressos, edições e publicações científicas de livros, revistas, vídeos e outros formatos.

Esta é uma associação que pretende integrar profissionais de áreas científicas multidisciplinares (como a Enfermagem, a Medicina, a Microbiologia e as Análises Clínicas), que contribuam para produzir e divulgar conhecimento, otimizando práticas profissionais para a qualidade de cuidados relacionados com os acessos vasculares.

Os acessos vasculares permitem uma das modalidades de tratamento mais utilizadas na assistência à saúde da maioria dos pacientes hospitalizados, sendo mesmo um recurso vital para alguns. Têm como funções, por exemplo, a administração de fluidos, nutrientes, medicações, sendo necessários à monitorização hemodinâmica, à hemodiálise e à quimioterapia.

Enquanto procedimento invasivo, o acesso vascular não é inócuo e está associado a riscos de infeções.

Esta é, pois, uma área onde importa continuamente investigar e melhorar práticas.

Além de Anabela Salgueiro, também os professores da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) João Graveto, Pedro Parreira e Verónica Coutinho integram a APOAVA.

A ESEnfC assinala, em 2016, os 135 anos de ensino de Enfermagem em Coimbra e em Portugal, além dos dez anos de fusão das duas instituições de ensino superior que lhe deram origem: as anteriores escolas Dr. Ângelo da Fonseca e de Bissaya Barreto.

Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Nas palavras do Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia e Cardiologista Miguel Mendes, esta medida é “promotora do...

“Se, recentemente, passaram a ser utilizadas imagens chocantes nos maços de tabaco com o intuito de dissuadir a experimentação e o uso do tabaco, a medida que prevê a diminuição do preço do tabaco, embora pequena, vai favorecer o início do consumo nos jovens e potenciar o aumento do consumo dos atuais fumadores”, afirma Miguel Mendes.

“Não há qualquer justificação para ziguezagues da orientação” adverte o cardiologista, lembrando ainda que o tabagismo provoca doenças cardiovasculares, cancro e doença pulmonar obstrutiva crónica e tem elevados custos para a Saúde, em termos pessoais, sociais e financeiros.

Outras informações:

O tabaco
Fumar constitui importante fator de risco para doenças pulmonares e cardiovasculares graves, como o cancro do pulmão e o enfarte do miocárdio.

Estima-se que cerca de 30 por cento da morte cardiovascular esteja na direta dependência do tabaco. O tabagismo é a causa mais importante de morte e doença evitável!

O fumo do tabaco contém mais de 4000 substâncias químicas, várias das quais com efeitos tóxicos, irritantes ou cancerígenos. A nicotina é uma dessas substâncias, sendo ela a droga psicoativa responsável pela dependência provocada pelo tabaco.

O que ganha se parar
Além do preço de um maço de cigarros estar “pela hora da morte”, apenas 20 minutos depois de apagar o ultimo cigarro a sua tensão arterial e o pulso começam a normalizar – e a diminuir o risco de enfarte do miocárdio.

Decorridas 8 horas a quantidade de oxigénio no seu sangue aumenta!

Após 72 horas já respira melhor, sentindo-se com mais energia para realizar as atividades de que gosta! Sintomas respiratórios como a tosse, expetoração, pieira e infeções pulmonares começam a esbater-se.

Os cabelos, a pele, as mãos e principalmente o hálito vão ficar mais frescos e saudáveis.

Um ex-fumador reduz para metade o risco de sofrer uma doença cardiovascular, respiratória ou cancerígena e diminui o risco de morrer antes de tempo. Pelo contrário, vive mais e com melhor qualidade de vida. As estatísticas dizem que as pessoas que deixam de fumar vivem, em média, mais 10 anos, quando comparadas com aquelas que continuam a fumar.

A família e os amigos também vão beneficiar, pois o tabagismo é um fator de risco para quem fuma e para todos os que o rodeiam.

Ministro da Saúde admite
O ministro da Saúde admitiu que a ADSE venha a ter autonomia e que até à sua eventual mutualização tenha uma fase transitória...

"O Governo prevê dar autonomia à ADSE e tem de o fazer com segurança", afirmou o ministro Adalberto Campos Fernandes, questionado pela oposição sobre notícias que dão conta que o plano de atividades do subsistema dos funcionários públicos admite voltar a ser financiada pelo Estado.

Para o ministro da Saúde, até à eventual mutualização da ADSE poderá haver uma fase transitória em que o subsistema passe a ter duas tutelas (Finanças e Saúde).

O relatório da comissão de reforma do modelo de assistência na doença aos servidores do Estado deverá ser conhecido no dia 30 deste mês, acrescentou Campos Fernandes.

Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
Os pólenes vão estar em níveis elevados e muito elevados em todas as regiões de Portugal Continental, a partir de sexta-feira e...

De acordo com o Boletim Polínico, entre sexta-feira e o dia 30 de junho, os níveis de pólenes vão manter-se em níveis muito elevados em todo o Continente, sendo baixos na Região Autónoma da Madeira e moderados nos Açores.

Na região de Trás-os-Montes e Alto Douro os pólenes vão estar em níveis muito elevados, predominando os pólenes das ervas gramíneas, do castanheiro e da erva parietária.

Na zona do Porto, também com níveis muito elevados, terão predomínio as ervas gramínea, parietária e tanchagem e as dos castanheiros.

Já na Beira Interior o predomínio será de gramíneas, paritária e castanheiros e muito elevados os níveis de pólenes.

Com níveis de pólenes elevados, na região de Lisboa e Setúbal, as previsões apontam para um predomínio das ervas gramíneas e parietária.

No Alentejo, os pólenes estarão em níveis muito elevados, devido às ervas gramíneas.

Na região do Algarve, onde os pólenes terão níveis elevados, predominarão as gramíneas.

Zika:
Cientistas europeus anunciaram hoje a descoberta de anticorpos que atacam o Zika, um passo que esperam vir a permitir o...

Os anticorpos - os "soldados da frente" do sistema imunitário - "neutralizaram eficazmente" o Zika em células humanas em laboratório, e foram também eficazes contra um outro vírus semelhante, a dengue, anunciou a equipa.

A descoberta “pode levar ao desenvolvimento de uma vacina universal” contra as duas doenças, esperam os cientistas.

As moléculas capazes de neutralizar o Zika foram retiradas de pessoas que já tinham sido infetadas com dengue e cujos sistemas imunitários produziram anticorpos para combater a doença.

“Os anticorpos poderiam ser usados, por exemplo, para proteger mulheres grávidas com risco de contrair o vírus Zika”, disse Felix Rey, especialista em virologia no Instituto Pasteur, em França, coautor dos estudos.

“Nunca esperámos descobrir que os vírus da dengue e do Zika são tão próximos que alguns anticorpos produzidos contra o vírus da dengue possam também neutralizar o vírus do Zika de forma tão potente”, acrescentou.

No entanto, Rey admitiu que até se conseguir uma vacina eficaz, há um longo caminho a percorrer: “Ainda há muito a fazer, nomeadamente realizar um ensaio clínico. Isto pode levar algum tempo”, explicou.

Benigno para a maioria das pessoas, o Zika tem sido ligado a lesões cerebrais severas – microcefalia – em bebés, e a um raro problema neurológico em adultos, tal como a síndrome de Guillain-Barre, que pode causar paralisia e morte.

Num surto que começou no ano passado, cerca de 1,5 milhões de pessoas foram infetados com Zika no Brasil, num total mundial de cerca de dois milhões de pessoas, e mais de 1.600 bebés nasceram com cabeças e cérebros anormalmente pequenas.

O Zika e a dengue são transmitidos pelo mosquito ‘Aedes aegypti’, e pertencem à mesma família de vírus (‘Flaviviridae’).

Ainda não existe qualquer prevenção para o Zika, mas há uma vacina contra a dengue, que causa sintomas semelhantes a uma gripe, como febre, dores de cabeça, náusea, vómitos, dores musculares e uma urticária parecida com sarampo.

Em 1% dos casos, a dengue causa uma febre hemorrágica, responsável pela morte de cerca de 22.000 pessoas por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença é endémica no Brasil.

A investigação fez uma revelação preocupante: para além dos dois anticorpos que destroem o Zika, a maioria das moléculas ativas contra a dengue podem aumentar a potência do Zika.

Isto sugere que uma prévia exposição ao vírus da dengue “pode aumentar a infeção por Zika”, disse Gavin Screaton, do Imperial College London, outro dos autores dos estudos.

“Isto pode explicar por que o atual surto tem sido tão severo e por que ocorre em áreas onde a dengue é prevalecente”, referiu.

Esta descoberta sublinhou a importância de utilizar os anticorpos corretos na vacina contra o Zika, disse Rey.

Doença rara progressiva e incapacitante
Conhecida como uma epilepsia genética da infância, a Síndrome de Dravet é uma doença rara, progressi
Dravet

A Síndrome de Dravet é “uma epilepsia genética da infância caracterizada por convulsões resistentes a fármacos, muitas vezes induzidas por febre” e que frequentemente resulta na deterioração cognitiva e motora.

Estima-se que tenha uma prevalência de 1 em 20 mil nascimentos, com maior incidência no sexo masculino, e que, em Portugal, afete 500 pessoas. “Das quais mais de 80 por cento não estará identificada”, avança a Associação Síndrome de Dravet – Portugal, em comunicado.

De acordo com Ana Isabel Dias, Neurologista Pediátrica no Hospital Dona Estefânea, esta síndrome “é uma doença genética, sendo cerca de 85 por cento dos caso devidos a uma mutação ou deleção no gene SCN1A, que codifica os canais de sódio que interferem na excitabilidade dos neurónios. Os restantes casos serão devidos a alterações em outros genes, muitos deles ainda desconhecidos”.

Manifestando-se  durante o primeiro ano de vida, “geralmente entre os cinco e os oito meses, em crianças previamente saudáveis”, as suas crises podem apresentar-se como “estado de mal epilético febril, com duração de mais de 20 minutos, sobretudo nos primeiros anos de vida”.

Cada criança pode registar até 500 ataques por dia, sendo que, em casos mais graves, uma crise pode deixá-la em coma.

Os dados revelam ainda que 15 por cento das crianças com esta síndrome morre antes de atingir a adolescência.

A especialista Ana Isabel Dias explica que o dianóstico “é baseado em achados clínicos e electroencefalográficos (EEG). No ínicio o EEG é geralmente normal e as alterações só surgem mais tarde”.

O diagnóstico precoce é fundamental sendo designado como “uma questão de vida”.

Patrícia Fonseca, presidente da Associação Síndrome de Dravet – Portugal afirma que “a síndrome de Dravet não pode ser confundido com outras formas de epilepsia. É urgente diagnosticar e identificar corretamente as pessoas com Síndrome de Dravet e é imprescindível um diagnóstico precoce que combine o diagnóstico clínico com um diagnóstico genético”.

“O teste genético pode identificar uma alteração SCN1A, confirmando o diagnóstico”, acrescenta a neurologista.

“Nas famílias com uma mutação conhecida SCN1A, a hereditariedade é autossómica dominante e o aconselhamento genético é possível, embora a variação das manifestações clínicas numa família possa ser grande. Nos caso com mutações de novo, o aconselhamento genético pode ajudar no processo de tomada de decisão para futuros filhos”, explica Ana Dias.

A dificuldade no diagnóstico, que muidas vezes confunde esta síndrome com outras patologias pode levar a prescrição de medicamentos contraindicados e fatais para os portadores da doença.

O impacto desta patologia em bebés e crianças é severo, levando à necessidade de um acompanhamento diário 24 horas por dia. “Uma pequena distração e uma crise pode surgir. E dependendo do tipo de crise, se não houver intervenção imediata, a criança poderá não sobreviver”, avança a Associação.

Distúrbios de coordenação, crescimento e nutrição, transtornos cognitivos ou perturbações do comportamento são os principais problemas ao longo da vida.

“Pelos dois anos de idade o atraso no desenvolvimento é já muitas vezes aparente, com atraso na linguagem, desequílibrio e dificuldades na coordenação motora. Podem surgir perturbações do sono”, revela a especialista em neurologia.

“São frequentes também as perturbações de comportamento, com agitação e dispersão da atenção”, acrescenta.

No tratamento da doença podem ser usados alguns medicamentos epiléticos, que devem ser adaptados caso a caso.

“O principal objetivo do tratamento é reduzir a frequência das crises e prevenir a ocorrência do estado de mal epilético”, explica Ana Isabel Dias.

No entanto, “alguns medicamentos,  como a carbamazepina, a fenitoína e a lamotrigina, devem ser evitados pois podem agravar o quadro”.

“Para melhorar a sua qualidade de vida, estes doentes deverão beneficiar de apoios especializados e individualizados, eventualmente em instituições de ensino especial, com terapias de estimulação global, de modo a otimizar as suas capacidades”, acrescenta a especialista, revelando a importância destas famílias terem uma vida tão normal quando possível. “É importante ter um ou mais cuidadores alternativos e integrar os irmãos nas atividades”, revela.

“A associações de familiares têm um papel essencial nestes e noutros aspetos, nomeadamente em dar visibilidade à Síndrome de Dravet e incentivar a investigação científica para o desenvolvimento de novas terapêuticas”, conclui.

Pedro esperou até aos dois anos pelo diagnóstico

Pedro teve as primeiras crises convulsivas aos cinco meses e “esperou” até aos dois anos para ter o diagnóstico certo que lhe permitia ter acesso à medicação adequada à sua doença. “Uma sorte”, nas palavras da mãe.

“A síndrome apareceu na nossa vida aos cinco meses e meio. O Pedro era aparentemente uma criança normal até que teve a sua primeira convulsão”, começa por explicar Sandra Tavares, mãe do menino.

“Depois dessa crise seguiram muitas outras sempre diagnosticadas como convulsões febris”, conta, revelando que uma das mais graves durou cerca de uma hora.

“O Pedro fez vários exames e pensou-se que sofresse de epilepsia”, acrescenta Sandra.

No entanto, com o aumento do número de episódios os pais começaram a investigar. “Os próprios médicos não sabiam do que se tratava. Nós decidimos procurar informações e acabámos por ir a um especialista no Porto, no Hospital de São João”, conta.
O Pedro tinha 20 meses quando fez um teste genético que permitia identificar a doença de que sofria. Sete meses depois confirmava-se o diagnóstico.

“Foi uma sorte termos ido ao Porto porque foi imediatamente medicado para o Dravet”, afirma a mãe. “A medicação para a epilepsia era contraindicada para o caso do Pedro”, acrescenta.

Antes de diagnosticada a patologia, as crises apareciam sem aviso. “Era um sufoco. Nós não conseguíamos controlar. Confesso que tínhamos uma vida de loucos. No entanto, ainda hoje o Pedro tem de ser vigiado 24 horas por dia. Costumo dizer que os pais do Dravet não dormem. Eu e o pai acordamos, à vez, várias vezes por noite só para ver se o nosso filho está a respirar”, revela.

Apesar de não o eliminar totalmente, a medicação controla o número de crises. “Cada caso é um caso. O medicamento que funciona para uma criança pode não funcionar para a outra. E há várias condicionantes”, afirma Sandra.

“A medicação deixa de funcionar e tem de se adaptar uma nova. O próprio crescimento das crianças leva a que a medicação deixe de fazer efeito, por exemplo”, justifica.

“O Pedro antes de fazer a medicação podia ter 10 crises por semana. Ainda hoje em dia, sempre que há um quadro febril, há convulsão”, diz.

Sandra explica que por isso mesmo sabe quando Pedro está a ficar doente. “Nós damos conta que ele vai ficar doente quando faz convulsão. E só como exemplo, na última virose que durou quatro dias, o Pedro teve três crises por dia”, revela.

Sempre que surge uma crise a criança é colocada na posição lateral de segurança e os pais esperam que ela passe por si. “Esperamos dois ou três minutos para que passe. Se não passar utilizamos um medicamento administrado via retal, que tem de andar sempre com o Pedro”, explica.

“Em Portugal só existe este medicamento. Sabemos que noutros países há medicação que não tem de ser administrada via retal mas se o quisermos temos de o pagar na totalidade”, revela. “Por enquanto, nós conseguimos dar alguma privacidade ao nosso filho, mas e quando ele tiver 15 anos e tiver uma crise e tivermos de usar este fármaco na rua? Não sei que consequências isso vai ter para o Pedro. Em termos sociais não é fácil...”, acrescenta.

Sandra admite que não tem sido fácil lidar com a doença mas que faz o possível para ter uma vida normal.

“Depois do diagnóstico primeiro passamos pela fase da negação, depois do desespero e há um dia em que acordamos, lavamos a cara e pensamos «ok, é com isto que temos de viver!». Há uma tomada de consciência e fazemos o que podemos para que a nossa vida seja o mais normal possível”, diz.

“Não nos privamos de fazer as atividades que temos de fazer diariamente, mas tomamos sempre as devidas precauções”, acrescenta a mãe.

Ao contrário do que acontece com crianças com quadros mais graves, Pedro frequenta um colégio.

“Por opção, ao contrário de outras familias que não têm mesmo hipótese, eu não deixei de trabalhar e vou trabalhar completamente descansada porque sei que o Pedro tem um acompanhamento excelente. São muito vigilantes e estão despertos desde o início para a sua situação”, afiança.

Com cinco anos, Pedro expressa-se como uma criança de três. “O Pedro iniciou a terapia da fala aos três anos, e eu como sou professora, embora dentro das minhas limitações também, fui começando a fazer essa terapia. Embora não tenha o discurso de uma criança de cinco anos tem muito vocabulário e para nós foi uma conquista”, revela.

“Se estivermos à espera do diagnóstico mais consequências existirão no futuro para estas crianças”, alerta, mostrando a importância de um diagnóstico precoce.

“Apesar de todo o drama do Dravet, o Pedro tem um quadro «simpático» porque é autónomo. E todo este processo se ficou a dever a termos tido um diagnóstico cedo”, afirma.

“Quanto mais tarde a medicação é ajustada à doença mais consequências terá. Por isso, quanto mais cedo existir um diagnóstico mais rápida é a intervenção. E o teste genético é a única forma que existe de confirmar a doença”, conclui Sandra Tavares.

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Epilepsia

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Instituto Nacional de Estatística
Cerca de 2,5 milhões de portugueses (um quarto da população) deslocam-se a pé diariamente e cerca de 75 mil utilizam a...

Contudo, a maioria da população com 15 ou mais anos não praticava qualquer atividade desportiva de forma regular (5,8 milhões), adianta o “Inquérito Nacional de Saúde 2014” realizado em todo o país, entre setembro e dezembro de 2014, em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Os dados referem também que 1,4 milhões de pessoas praticavam exercício físico, um a dois dias por semana, enquanto para 422 mil portugueses esta era uma prática diária.

Cerca de 4,2 milhões de pessoas com 15 ou mais anos (47%) desempenhavam as suas tarefas diárias sentadas ou em pé, em atividades que envolviam um esforço físico ligeiro.

Já cerca de 923 mil (10,4%) exerciam trabalhos fisicamente exigentes, adianta o inquérito, que tem como objetivo principal caracterizar a população residente com 15 ou mais anos em três grandes domínios: estado de saúde, cuidados de saúde e determinantes de saúde relacionadas com estilos de vida.

Os resultados do inquérito revelam ainda que, em 2014, mais de metade da população com 18 ou mais anos (4,5 milhões) tinha excesso de peso ou era obesa,

Para cerca de 3,8 milhões de pessoas (44%) o índice de massa corporal correspondia à categoria de peso normal e cerca de 155 mil pessoas (1,8%) tinham baixo peso.

Segundo o estudo, a obesidade atingia 1,4 milhões de pessoas com 18 ou mais anos, sendo as mulheres mais afetadas do que os homens.

Ainda de acordo com os resultados do inquérito, a obesidade afetava principalmente a população entre 45 e 74 anos.

Eram sobretudo as mulheres residentes nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira e no Alentejo que registavam as proporções mais elevadas de população obesa.

O inquérito revela também que cerca de metade da população residente com 15 ou mais anos (4,5 milhões de pessoas) mostrava-se satisfeita ou bastante satisfeita com a vida no final de 2014.

O grau de satisfação com a vida aumentava com o nível de escolaridade: 39,5% das pessoas sem qualquer nível escolar e 62,4% das pessoas que tinham terminado o ensino superior estavam satisfeitas ou bastante satisfeitas.

Mais de metade da população residentes nas regiões autónomas e na região Norte referiu estar satisfeita ou bastante satisfeita com a vida.

 

As regiões do Alentejo, Algarve e Área Metropolitana de Lisboa destacavam-se por uma maioria de pessoas menos satisfeitas com a vida, refere o INE.

Instituto Nacional de Estatística
Mais de metade (55,1%) da população portuguesa consumiu, em 2014, legumes ou saladas diariamente e cerca de um terço ingeriu...

Segundo o “Inquérito Nacional de Saúde 2014”, realizado em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), 4,9 milhões de portugueses, com 15 ou mais anos, consumiram, em média, 1,8 porções de legumes ou saladas por dia.

“As mulheres faziam-no mais frequentemente (60,7%) do que os homens (48,8%), sendo também mais frequente o consumo diário de legumes ou saladas pela população entre 55 e 74 anos (60,8%)”, refere o inquérito realizado em todo o país, entre setembro e dezembro de 2014.

Apenas 37,5% dos jovens entre 15 e 24 anos consumia diariamente legumes ou saladas, refere o estudo, observando ainda que um por cento da população disse não ter consumido estes alimentos.

Em relação ao consumo de fruta, o inquérito refere que cerca de 6,3 milhões portugueses (70,8%) ingeriram, em média, 2,3 porções diariamente, sendo este consumo menos frequente entre os jovens (15 a 24 anos) e mais frequente a partir dos 45 anos.

Os resultados do inquérito revelam também que cerca de 6,2 milhões de pessoas (70%) disseram ter consumido bebidas alcoólicas nos 12 meses anteriores à entrevista, sendo que 2,1 milhões fizeram-no diariamente (34,5%), 1,7 milhões (27,3%) regularmente, mas não todos os dias, e 1,1 milhões (17,1%) apenas ocasionalmente.

Houve ainda 2,1 milhões de pessoas (33,2%) que referiram ter consumido seis ou mais bebidas alcoólicas numa única ocasião ou evento pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores.

Sobre o consumo de tabaco, o INE refere que, em 2014, 20% da população com 15 ou mais anos era fumadora, 21,7% era ex-fumadora e a maioria, 58,2%, nunca tinha fumado.

Os resultados do inquérito evidenciam ainda que 1,5 milhões de pessoas (16,8%) fumavam diariamente e 288 mil faziam-no ocasionalmente.

A média diária de cigarros para os fumadores regulares era de 14,3, mais elevada no caso dos homens (15,8 cigarros/dia) do que nas mulheres (11,6 cigarros/dia).

A publicação “Inquérito Nacional de Saúde 2014” está organizada em três áreas temáticas: estado de saúde, cuidados de saúde e determinantes de saúde.

Organização das Nações Unidas
A produção mundial de ópio diminuiu quase 40 por cento no último ano mas o mundo continua mergulhado em heroína, a droga que...

“A heroína continua a ser a droga que mais mata pessoas e o seu reaparecimento deve ser falado urgentemente”, disse Yury Fedotov, chefe da Agência das Nações Unidas para as Drogas e para o Crime (UNODC, na sigla inglesa), num novo relatório.

A produção de ópio, que é transformado em heroína, caiu para 4.770 toneladas em 2015, uma queda de 38% desde o último ano.

Contudo, 2014 foi um dos anos mais fortes alguma vez registados e o último ano viu uma colheita pobre no Afeganistão, o maior produtor de ópio do mundo, com 70% da produção mundial.

No relatório também se assinala como improvável que a queda acentuada levasse a “maior escassez” no abastecimento de heroína, uma vez que os traficantes acumularam a produção dos últimos anos.

“Não há razão para pensar que a produção de heroína no Afeganistão acabou”, disse à agência francesa France Press a investigadora Angela Me. “Ainda há muita heroína no mercado”, continuou.

Dentro dos 29 milhões de consumidores de drogas pesadas em todo o mundo, 17 milhões são viciados em opiáceos, que incluem heroína, ópio e morfina.

A Ásia continua a ser o maior mercado para derivados do ópio, com cerca de dois terços de todos os utilizadores.

Nos últimos dois anos, o aumento da procura nos EUA levou a um grande aumento no fornecimento de heroína barata do Afeganistão e levou também a que os cultivos de papoila tenham crescido no México - o terceiro produtor mundial da planta com a qual se produz a heroína, depois do Afeganistão e do Myanmar.

A Organização das Nações Unidas (ONU) assinala que na América Latina a produção de ópio entre 1998 e 2015 duplicou até às 500 toneladas, representando cerca de 11% da produção mundial.

Enquanto o Afeganistão abastece os mercados da Europa, Médio Oriente, África e Canadá; o Myanmar foca-se no mercado chinês e a produção do México dirige-se aos EUA.

Como resultado do aumento do consumo nos Estados Unidos, as mortes relacionadas com a heroína atingiram o maior nível numa década, quase duplicando de 5.925 em 2012 para 10.800 em 2014 nos EUA.

O UNODC disse que a epidemia dos EUA ainda não mostrava sinais de diminuição.

O relatório também revelou que havia sinais de que o embarcamento de heroína na Europa estivesse a aumentar, com um grande número de apreensões registadas nas alfândegas em Itália e em França.

Contudo, o mercado global de cocaína parece estar a diminuir apesar da maior produtora, a Colômbia, ter aumentado a produção recentemente, disse a agência da ONU.

O cultivo mundial de cocaína caiu mais do que 30% entre 1998 e 2014, devido, em parte, aos esforços de erradicação e desenvolvimento de programas alternativos para agricultores.

Num estudo publicado em julho, a UNODC disse o cultivo na Colômbia aumentou 44% em 2014 para 69.000 hectares - 175.000 propriedades – pouco mais de metade da área de crescimento mundial, mas ainda bastante abaixo dos níveis alcançados há duas décadas.

Mas o aumento ainda não foi traduzido na entrada de mais cocaína no mercado global, e o consumo tanto nos EUA como na Europa continua a diminuir, lê-se no mais recente relatório.

O UNODC disse que a vaga colombiana pode estar ligada às conversações de paz entre o governo e as forças de guerrilha FARC.

Os rebeldes foram ensinados a encorajar os agricultores a cultivar cocaína para depois beneficiarem de programas de desenvolvimento alternativos assim que o acordo fosse alcançado.

Os rebeldes, que iam assinar hoje um cessar-fogo definitivo com o governo, tinham dito anteriormente que iriam cortar todas as ligações com o tráfico de cocaína, atualmente a maior fonte de rendimento.

IKEA
O grupo sueco de mobiliário e decoração IKEA pediu aos clientes para que devolvam as cancelas de segurança PATRULL, produto...

Em comunicado, o grupo IKEA lamenta a situação e pede aos clientes que tenham adquirido aquele modelo de cancela de segurança que a devolvam na loja mais próxima, onde serão reembolsados na totalidade, não sendo necessária a apresentação do comprovativo de compra.

A decisão surge na sequência de “situações reportadas ao IKEA, a nível global, de que o fecho da grade de segurança se abriu inesperadamente, tendo havido casos de incidentes”.

“A avaliação de segurança levada a cabo por uma entidade externa revelou que, apesar de todos os nossos artigos serem testados em conformidade com os padrões de segurança aplicáveis e de acordo com a legislação em vigor, os mecanismos de fecho não são suficientemente fortes”, salientou o grupo, justificando assim a decisão de pedir a devolução daquele produto.

Destacando que “as crianças são as pessoas mais importantes do mundo para a IKEA”, o grupo frisou que tem “tolerância zero em relação à segurança dos produtos”.

O IKEA referiu ainda que, para prevenir outros incidentes, as grades de segurança PATRULL, PATRULL KLÄMMA e PATRULL FAST foram retiradas de todas as lojas e já não se encontram à venda.

Universidade do Porto
O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto está a participar num projeto para perceber o papel do...

"Durante muitos anos o cancro era estudado olhando apenas para as características genéticas das células tumorais e para o seu comportamento, em função do qual se desenvolviam terapias específicas para essas células alteradas", disse Maria José Oliveira, coordenadora do projeto.

Verificou-se, nas últimas décadas, que para se ter "uma visão mais complexa e integradora do problema", é necessário considerar não só as células tumorais mas também as que estão na sua vizinhança, no que se designa o microambiente tumoral.

Dentro deste microambiente encontram-se os macrófagos, células de defesa responsáveis pela limpeza e deteção de agentes estranhos no organismo, que sofrem alterações potenciadas pela célula tumoral, transformando-se de macrófagos pró-inflamatórios (ativos) em anti-inflamatórios (mais passivos).

Estes últimos são "muito eficientes a estimular a invasão das células tumorais, a formação de novos vasos e a degradação da matriz e do tecido onde se encontram", explicou a investigadora.

Na maior parte dos casos, "o sistema imune defende o organismo de agressões, seja uma ferida, uma infeção ou na formação de um tumor", existindo, no entanto, situações em que as células tumorais "escapam ao sistema de defesa e continuam a crescer, a proliferar e a coabitar no nosso corpo".

O objetivo desta investigação é então perceber o que leva o sistema de defesa, neste caso os macrófagos, em determinada altura, a deixar de reconhecer as células estranhas, a coabitar com as mesmas e a parar de desenvolver mecanismos de proteção.

Até à data, os resultados foram obtidos através de testes ‘in vitro' realizados com amostras humanas, provenientes de sangue de dadores saudáveis mas também de material cirúrgico de doentes com cancro colorretal, coletados no Hospital São João, no Porto.

Iniciada em 2009, a investigação entrou agora noutra fase, na qual a equipa pretende adaptar a terapia desenvolvida para a aplicação em ratos portadores de cancro intestinal que se pode alastrar para o fígado, modelo que se assemelha à progressão da doença no homem.

Essa adaptação é necessária visto que nos animais há a corrente sanguínea, um sistema de defesa, alterações de oxigénio e de acidez dos próprios tecidos, "situações que têm que ser ultrapassadas para que a terapia consiga resistir", referiu Maria José Oliveira.

Durante a primeira fase da investigação, verificou-se ainda que existem outros sistemas de terapia - como a radioterapia -, que atuam sobre as células tumorais mas também sobre os macrófagos, tornando-os mais eficientes no reconhecimento das células cancerígenas.

Para a investigação foi criada uma equipa multidisciplinar, com elementos das áreas da biologia, da clínica e da engenharia, pertencentes ao INEB, ao IPATIMUP, ao IBMC, ao Hospital São João, ao Instituto Clínico Humanitas, em Milão, Itália, à Universidade de Ghent, na Bélgica, e à Universidade de Dundee, na Escócia.

Foi financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), pela Fundação L'Óreal, pela Unesco e pelas organizações EMBO, ESTRO e UICC.

Vem aí a estimulação magnética
A Unidade de Neuropsiquiatria do Centro Champalimaud vai avançar ainda este ano com a nova terapia transcraniana e não invasiva.

Um novo tratamento por ondas magnéticas, que são aplicadas junto da cabeça do doente, e que consegue resultados positivos contra a depressão em mais de metade dos casos graves que não respondem a nenhuma outra terapia, vai chegar este ano a Portugal, pela mão da Fundação Champalimaud.

A estimulação magnética transcraniana (EMT, ou TMS na sigla de língua inglesa), como é designada a nova terapia, foi aprovada em 2008 nos Estados Unidos. Desde então, já foram tratados milhares de doentes com as formas mais graves de depressão, que não respondem às terapias farmacológicas convencionais nem às psicoterapias. Em mais de metade dos casos, segundo indicam os estudos, os sintomas de depressão melhoraram graças à EMT.

A aquisição do equipamento pela Fundação Champalimaud para esta estimulação externa e não invasiva do cérebro, "deverá ser feita ainda este ano", adiantou ao Diário de Notícias o psiquiatra, investigador e diretor da Unidade de Neuropsiquiatria do Centro Champalimaud, Albino Maia. O especialista é coautor de um estudo internacional publicado hoje na revista científica The Journal of Clinical Psychiatry, cujo objetivo foi o de comparar a eficácia de dois tipos de equipamentos diferentes que já estão a ser utilizados para tratamentos de EMT, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.

O estudo contou com uma amostra de 154 doentes, que foram tratados com a EMT no centro de estimulação cerebral não invasiva do departamento de neurologia da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e comparou os resultados obtidos por dois tipos de equipamentos distintos de EMT, que já estão licenciados.

"Os nossos resultados mostram que não existem diferenças entre os dois equipamentos quanto à eficácia do tratamento dos doentes", afirma Albino Maia.

Tratamento aprovado em 2008
A estimulação magnética transcraniana para tratamento de depressões graves começou a ser investigada de forma sistemática na primeira década do novo milénio e o primeiro equipamento para fazer estes tratamentos foi aprovado e licenciado nos Estados Unidos pela FDA, a agência que aprova medicamentos naquele país, em 2008.

"Neste momento, seguramente, muitos milhares de pessoas já foram tratadas desta forma contra a depressão nas centenas de centros que disponibilizam esta terapia nos Estados Unidos, e também em alguns países da Europa, e a tendência é para os números crescerem" afirma o diretor da Unidade de Neuropsiquiatria do Centro Champalimaud.

Na Europa, por exemplo, o tratamento contra a depressão por estimulação magnética transcraniana já está disponível em Madrid e em Barcelona.

Alternativa para casos graves
"Os números mais pessimistas apontam para que cerca de metade das depressões não respondam aos tratamentos farmacológicos, nem às psicoterapias", afirma Albino Maia. Mas, para mais de metade destes casos mais graves, a EMT já revelou ser uma alternativa terapêutica com bons resultados.

"Entre 50% e 60% dos doentes tratados por EMT há uma melhoria dos sintomas de depressão", adianta o especialista, sublinhando que o tratamento "não é invasivo e não tem riscos associados".

Um ciclo de tratamento típico decorre entre quatro e seis semanas, com sessões diárias de EMT que podem durar entre 15 e 30 minutos diários.

"O doente fica sentado e está perfeitamente consciente", adianta Albino Maia. É-lhe então aplicado um capacete, no caso de um dos equipamentos já utilizados, ou aproximado da cabeça um dispositivo em forma de oito, para fazer a estimulação magnética do córtex cerebral no ponto definido pelo médico. "Não existe dor, nem sequer desconforto", assegura o especialista e "só em casos muitíssimo raros pode ocorrer uma convulsão", nota.

Há ainda casos em que os doentes se queixam de cefaleias, "mas essa é uma situação temporária e de fácil solução", conclui Albino Maia.

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