Nas escolas de Coimbra
Ação chega a 1500 alunos de todas as escolas secundárias de Coimbra. Intervenção de rua com diagnóstico precoce de infeção por...

"(Re)pensar o VIH/Sida" é o título do conjunto de iniciativas com que a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), na qualidade de Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Prática e Investigação em Enfermagem, assinala o Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que é evocado a 1 de dezembro.

O programa preenche o dia 30 de novembro e dele fazem parte uma ação de sensibilização para estudantes do 12º ano de escolaridade das sete escolas secundárias do concelho de Coimbra (no período da manhã), uma intervenção de rua no Largo da Portagem, para aconselhamento e diagnóstico precoce da infeção por VIH, e (no período da tarde) um painel-debate aberto ao público, a ter lugar na Casa Municipal da Cultura.

Serão perto de 1500 os estudantes das escolas secundárias Infanta D. Maria, Avelar Brotero, José Falcão, Jaime Cortesão, D. Duarte, Quinta das Flores e D. Dinis que irão beneficiar desta ação de sensibilização para prevenção da transmissão do VIH (vírus da imunodeficiência humana), que será conduzida por algumas dezenas de estudantes e professores da ESEnfC, com a colaboração de enfermeiros. Trata-se de um quiz para suscitar a discussão, mas sobretudo para informar e esclarecer.

Recorde-se que Portugal é dos países com mais novos casos de infeção por VIH na União Europeia e que, de acordo com dados recentes, quase 45000 pessoas em Portugal foram infetadas pelo vírus da sida. Por outro lado, 13% do total de casos foram registados em indivíduos com idades entre os 15 e os 24 anos.

No âmbito da missão da ESEnfC como Centro Colaborador da OMS, e do compromisso dos estados-membros da ONU para erradicação da epidemia de VIH até 2030, a Escola de Coimbra pretende sensibilizar a população do concelho onde está implantada para esta problemática no âmbito da prevenção, bem como refletir sobre a cidadania no combate à discriminação.

É nesse sentido que, a partir das 17h30, se realiza um painel-debate na Casa Municipal da Cultura em Coimbra (Rua Pedro Monteiro), para discussão dos temas “Saúde Pública e epidemiologia do VIH/Sida”, “Direito à cidadania e infeção VIH/Sida”, “Comportamentos sexuais dos jovens em contexto de ensino superior”, “Estigma e discriminação” e “Acompanhamento de pessoas infetadas com VIH ou com Sida e contributos na prevenção”.

Moderado pelo jornalista João Fonseca (agência Lusa), o painel contará com comunicações de Salvador Massano Cardoso (epidemiologista e professor catedrático da Faculdade de Medicina de Coimbra), Andreia Costa Andrade (investigadora no Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito de Coimbra), Aliete Cunha Oliveira (enfermeira, professora na ESEnfC e especialista em comportamentos sexuais de risco), Luís Loureiro (professor da ESEnfC, especialista em saúde mental) e Filomena Frazão de Aguiar (presidente da Fundação Portuguesa "A Comunidade Contra a Sida").

Neste conjunto de iniciativas, a ESEnfC conta com a colaboração do Centro de Aconselhamento e Deteção Precoce do VIH de Coimbra, das unidades de cuidados na comunidade do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Mondego, bem como da Associação de Estudantes da ESEnfC e do Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra.

No Porto
Investigadores do Porto estão a desenvolver um sistema modular que interliga diferentes dispositivos médicos e permite aos...

Para além disso, o Quiosque da Saúde potencia a telemedicina (os dados são recolhidos para a ficha do paciente e podem ser analisados) e pode ser instalado em locais remotos, o que facilita o ato de realizar os exames médicos.

Este sistema, onde é possível medir a pressão arterial, o peso e a oximetria (quantidade de oxigénio no sangue), "guia o utilizador na utilização dos aparelhos", sendo-lhes impressa, no final dos exames, uma folha com os valores registados, explicou o investigador Pedro Brandão.

A introdução da altura, outro dos parâmetros que podem ser inseridos neste sistema, era manual, tendo sido entretanto desenvolvido um módulo para leitura desse dado no cartão de cidadão bem como o número de utente.

O sistema, que se encontra em desenvolvimento, tem sido testado no âmbito universitário, na Câmara Municipal de Paredes, em colaboração com a Faculdade de Psicologia, e, mais recentemente, na Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos, em cooperação com a Escola de Enfermagem do Porto.

A nível internacional, foi utilizado durante a Caravana do Coração, em Pernambuco, no Brasil, iniciativa que promoveu o rastreio de patologias cardíacas em cerca de 1.300 crianças, de 13 cidades brasileiras, durante 13 dias.

Por ser um sistema modular, este pode adaptar-se ao local onde é colocado. Por exemplo, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) pretende fazer despistes de pessoas com diabetes, optando por utilizar dispositivos para medir a glicemia, a pressão arterial, o peso e o perímetro abdominal.

Atualmente, estão envolvidos no projeto dois professores universitários e um aluno bolseiro, todos do departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e do Instituto de Telecomunicações. Conta ainda com a participação de um professor da Escola Superior de Enfermagem e da ULS de Matosinhos.

Diferentemente de outros equipamentos semelhantes existentes no mercado, o Quiosque da Saúde foca-se na "modularidade do sistema e na sua adaptabilidade a diferentes objetivos", referiu Pedro Brandão.

"Estamos a dar ênfase à ligação a sistemas de registo de saúde eletrónico, para a disponibilização automática dos dados dos exames aos profissionais de saúde".

De acordo com o investigador, neste sistema há também um maior cuidado nas questões de usabilidade, nomeadamente na explicação e acompanhamento virtual do exame (os vídeos, áudios e texto de indicação), de modo a ser utilizável de forma autónoma pelo maior número de pessoas possível.

A equipa pretende ainda adicionar a ligação por videochamada a um 'back-office', possibilitando desde o apoio ao exame até consultas por videoconferência, e está a avaliar, no âmbito das políticas públicas de saúde e do plano nacional, quais os exames mais relevantes para focar o desenvolvimento.

Ordem dos Médicos
Os elevados níveis de exaustão dos médicos podem vir a tornar-se um problema de saúde pública, alertou a Ordem dos Médicos,...

Segundo dados de um estudo de âmbito nacional hoje apresentados em Lisboa, dois terços dos médicos em Portugal admitem estar em elevado estado de exaustão emocional, um dos indicadores relevantes associados ao stress profissional crónico designado como ‘burnout’.

Nídia Zózimo, coordenadora do estudo na Ordem dos Médicos, lembra que as condições de trabalho têm vindo a degradar-se, enquanto o esforço exigido aos profissionais continua em alta: “ou se faz algo para interromper este processo ou tornar-se-á um problema de saúde pública”.

A mesma ideia é partilhada pelo bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, para quem “o sistema está a criar todas as condições para que haja risco de aumentarem erros médicos”.

De acordo com o estudo elaborado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a perceção da falta de recursos (humanos ou de equipamentos) na organização e as exigências ao nível da carga de trabalho são os fatores que mais contribuem para a exaustão dos médicos.

Segundo os investigadores que hoje apresentaram os dados do estudo, a análise não permite perceber a percentagem de médicos em Portugal que estão em ‘burnout’, mas analisa a percentagem de clínicos em cada um dos indicadores que contribuem para o ‘burnout’.

Além da exaustão emocional que é elevada em 66% dos médicos, 39% de todos os médicos indicaram níveis elevados de distanciamento face ao doente (despersonalização) e 30% mostraram altos níveis de diminuição da realização profissional.

São os médicos mais jovens que apresentam os níveis mais elevados nos três indicadores de ‘burnout’ avaliados no estudo: exaustão emocional, distanciamento face ao doente e diminuição da realização profissional.

Os médicos que trabalham no setor público foram os que apresentaram maior risco de desenvolver os indicadores de 'burnout'.

Quanto às especialidades, hematologia clínica, radioterapia, oncologia médica, doenças infeciosas e estomatologia são as aquelas em que os médicos revelam maior exaustão emocional.

Inicialmente, dados parcelares revelados hoje de manhã apontavam para os profissionais das especialidades de neurocirurgia e de medicina legal como os mais afetados pela exaustão, uma informação entretanto corrigida pelos responsáveis do estudo.

A hematologia clínica, além de ser a especialidade com valores elevados de exaustão emocional, surge igualmente como uma das que revelam mais reduzidos valores de envolvimento com o trabalho e de bem-estar.

Apesar dos elevados valores nos três indicadores de ‘burnout’, os autores do estudo dizem que a maioria dos médicos se mostra altamente envolvida com o seu trabalho e se mantém bastante empenhada na sua profissão.

O estudo, uma iniciativa conjunta da Ordem dos Médicos e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, foi feito através de inquéritos a mais de nove mil médicos portugueses, dos perto de 50 mil convidados a responder.

O bastonário da Ordem dos Médicos confessa ter ficado surpreendido com a dimensão do problema: “Não estava à espera que o problema fosse tão grave, o que exige que se olhe para esta questão com muita atenção”.

Até 2018
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde anunciou um investimento de um milhão de euros para criar, até 2018, um total de 100...

Fernando Araújo, que falava no hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, no final da apresentação Plano Estratégico para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos para o biénio 2017-2018 adiantou que, em 2017, aquele plano, publicado hoje em Diário da República (DR), prevê a criação, em todos os hospitais, de equipas intra hospitalares de suporte em cuidados paliativos.

Destacou que no âmbito das equipas especializadas de cuidados paliativos nos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), "área com maiores lacunas", será duplicado o número de equipas, atualmente 18 em todo o país.

"Este é um plano para dois anos. Acho que 2017 é o ano de arranque e esta duplicação criará o fundo para, em 2018, continuarmos com esta dinâmica e atingirmos esse objetivo final que das 100 equipas", sustentou, referindo que o documento vem permitir "tornar as coisas mais céleres para que as respostas no terreno, sejam céleres a serem construídas".

Fernando Araújo sublinhou que a área dos cuidados paliativos, até agora inserida nos cuidados continuados integrados, "estava parada e só se discutia camas" e que com este plano "a discussão passou de camas para as soluções, nomeadamente, na casa dos doentes".

Afirmou que se existir capacidade de resposta "no terreno" haverá "menos necessidade" de criação de camas, atualmente dotada de 362, referindo serem "necessárias cerca de 460".

Fernando Araújo defendeu ainda um reforço da formação dos profissionais de saúde, destacando as parcerias estalecidas com as universidades do Porto, Lisboa, Algarve, Universidade do Minho (Braga) e Escola Superior de Enfermagem do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Com as duas últimas a parceria foi hoje formalizada através da assinatura de um protocolo.

Revelou também que o Ministério da Saúde "está a trabalhar" com a Ordem dos Médicos com vista à criação, em 2017, de uma especialidade de medicina em Cuidados Paliativos.

O Plano Estratégico para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos para o biénio 2017-2018 esteve em discussão pública entre 21 de setembro e 15 de outubro, tendo recolhido 31 sugestões.

"É a primeira vez que o país tem um plano estratégico para esta área. A rede de cuidados paliativos foi criada em 2012, mas depois nunca foi concretizada", frisou.

Com o novo documento passa a existir "uma equipa com liderança clara, que sabe o que pretende".

"Temos um plano com organização, sabemos o que queremos e para onde vamos. O plano tem objetivos muito claros e metas calendarizadas. Dá-nos alguma pressão, naturalmente, é um plano ambicioso mas que é importante concretizar para bem dos utentes e das suas famílias, frisou.

Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
No próximo dia 1 de dezembro assinala-se o Dia Mundial de Luta contra a Sida e o Núcleo de Estudos do VIH da Sociedade...

Para o especialista “os progressos efetuados nestas poucas décadas têm sido enormes, com fármacos de alta eficácia, em co-formulações que permitem uma terapêutica apenas com um comprimido diário, longe dos velhos tempos, com cocktails de dezenas de pílulas de eficácia reduzida. Estão no horizonte possíveis terapêuticas trimestrais ou semestrais e cada vez mais há o atrevimento de prever uma cura funcional”. Existe por isso uma necessidade de refletir sobre as mudanças ao nível das armas terapêuticas, perfil dos doentes, forma de seguimento destes e a redefinição de objetivos à escala global. Sobre este último ponto, observe-se os objetivos definidos pela ONUSIDA para o ano 2020 que se traduziram no que se denominou 90-90-90, ou seja, 90% de todos os casos diagnosticados, destes diagnósticos, 90% em tratamento e, destes em tratamento, 90% com viremias suprimidas. Paralelamente, no Congresso Mundial de Vancouver em 2015 foram apresentados os resultados finais do estudo “START”, que não deixa dúvidas em relação às vantagens de iniciar terapêutica em todos os doentes com diagnóstico de infeção por VIH, independentemente da sua carga viral ou contagem de linfócitos CD4.

Estes objetivos orientaram também as autoridades de saúde portuguesas, o que levou a que um número progressivamente maior de doentes esteja a iniciar terapêutica. O esforço económico do fornecimento de anti-retrovíricos a um número cada vez maior de pessoas será largamente compensado pelos ganhos em saúde e anos de vida, assim como na diminuição da transmissibilidade do vírus na comunidade. Um doente com viremia suprimida representa um risco muito menor de transmissão do vírus, numa perspetiva de “tratamento como prevenção”.

É importante ainda frisar que, no caso português, o primeiro 90 (relacionado com o diagnóstico) tem uma grande probabilidade de já ter sido alcançado, segundo os últimos dados estatísticos. Para que se consigam os seguintes objetivos, doentes em tratamento e com carga viral suprimida, será preciso um esforço consertado das várias unidades de saúde e estruturas comunitárias, para a retenção em seguimento e tratamento dos doentes já diagnosticados, especialmente nos casos mais difíceis, como são as pessoas que se deslocam frequentemente dentro do país ou para fora dele.

Face a este novo quadro, impõe-se a adaptação das estruturas que seguem estes doentes em cada hospital, com equipas multidisciplinares em que a Medicina Interna terá um papel central. Também estruturas extra-hospitalares terão obrigatoriamente que estar envolvidas, num futuro que poderá vir a contemplar consultas e fornecimento de medicação fora dos Hospitais.

Ainda que tenha existido uma evolução inegavelmente positiva nas últimas décadas, é importante realçar o perfil do doente no nosso país, que sofreu alterações que devem ser analisadas e confrontadas. Se por um lado, os diagnósticos deixaram de estar maioritariamente ligados à utilização de drogas endovenosas, face ao grande sucesso das medidas tomadas neste campo nas últimas décadas, é preocupante a frequência atual de diagnósticos diretamente ligados à transmissão sexual, com particular relevância para a transmissão entre jovens homossexuais masculinos e entre pessoas de idades mais avançadas, na 5ª e 6ª décadas de vida, por relações heterossexuais.

“Do simples enunciado das questões levantadas, a merecer discussão mais aprofundada, constatamos que realmente os tempos estão a mudar. Cabe-nos a todos encontrar as respostas sopradas por estes ventos de mudança”, conclui o especialista.

Na África do Sul
Uma nova vacina contra o VIH, que será testada esta semana na África do Sul, é tida como o “prego final no caixão” para a sida...

Anthony Fauci, diretor de um instituto governamental dos Estado Unidos ligado a doenças infecciosas, afirmou, em comunicado, que a nova vacina é promissora.

O início do teste denominado HVTN 702 deverá iniciar-se quarta-feira em 14 locais da África do Sul e pretende incluir 5.400 homens e mulheres ativos sexualmente, com idades entre os 18 e os 35 anos.

Segundo a agência noticiosa Associated Press, trata-se do maior e mais avançado teste para uma vacina contra o VIH a decorrer na África do Sul, onde mais de mil pessoas são infetadas diariamente com o vírus que provoca a sida.

Desde 2010
A maior quebra ocorreu no universo dos titulares no ativo, havendo também menos 61 228 familiares. Única fatia que sobe, com...

A ADSE perdeu mais de cem mil beneficiários desde 2010, de acordo com a análise do Diário de Notícias/Dinheiro Vivo aos números dos relatórios de atividade da Direção-Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas. Uma diminuição que, para já, pode ser vista como uma mais-valia para a ADSE, embora fique o alerta no documento: é importante que o universo dos beneficiários não sofra novas quebras.

Segundo o relatório de 2015, divulgado recentemente, a ADSE tinha 1 254 247 beneficiários no final do ano passado, o que representa uma descida de mais de cem mil (102 581) em relação a 2010. Face a 2014, a queda foi de mais de vinte mil beneficiários (21 109). As contas do Diário de Notícias/Dinheiro Vivo permitem concluir que a maior quebra ocorreu no universo dos titulares no ativo. Em 2015, este grupo ascendia a aproximadamente meio milhão (503 379), o que representa uma diminuição de 77 718 em comparação com 2010. Relativamente a 2014, a descida é bastante menor: menos 4721 beneficiários. Já o universo dos familiares era de pouco mais de quatrocentos mil (406 966) no final do ano passado, ou seja, menos 61 228 do que em 2010 e uma quebra de 21 109 em relação a 2014. Em contraciclo, o grupo dos titulares/aposentados registou um acréscimo: mais 36 365. Em termos totais, passou de 307 537, em 2010, para 343 902 em 2015. A subida face a 2014 ficou-se pelos 1258.

"Apesar do decréscimo de número de beneficiários" nos últimos anos, "este universo tende a manter uma dimensão significativa, o que constitui uma mais-valia para a ADSE, por proporcionar a obtenção de custos médios mais vantajosos", salientam os responsáveis deste organismo no relatório, defendendo, no entanto, que "é igualmente relevante que se preserve a dimensão do universo dos beneficiários."

Aposentações e rescisões
A descida do número de beneficiários deste subsistema de saúde público é explicada por vários fatores. A começar desde logo pelos beneficiários que se aposentaram nos últimos anos.

O relatório de atividades de 2015 aponta ainda o programa de rescisões por mútuo acordo, aprovado em 2013. "Apesar de o governo ter consignado a possibilidade de manutenção da inscrição na ADSE para os trabalhadores que aceitem a cessação da respetiva relação jurídica de emprego público, apesar da sua extinção, parte dos que optaram por manter a sua qualidade de beneficiário já não se encontram com inscrição ativa, por falta de entrega de desconto", lê-se no documento. O relatório destaca ainda a "regularização informática de registos com a situação de óbito (óbitos muito antigos)" e a "regularização de beneficiários familiares cônjuges que se encontravam com direitos vitalícios e que já haviam perdido os requisitos para se manterem como beneficiários familiares (a partir de 2015 deixou de existir familiares com direitos vitalícios)".

Além destes fatores, a variação anual negativa é também determinada pelo "termo e não renovação dos contratos" de muitos docentes, da "perda de direitos" dos descendentes maiores, e o "cancelamento de direitos" de beneficiários que não entregam o correspondente desconto à ADSE. Refira-se ainda que até 2005, os trabalhadores com relação jurídica de emprego público da administração central, regional e local, eram inscritos obrigatoriamente na Caixa Geral de Aposentações e na ADSE. A partir de 2009, com a Lei do Orçamento, a inscrição na ADSE passou a ser opcional para todos os trabalhadores com relação jurídica de emprego público (incluindo os que se encontravam inscritos antes de 1 de janeiro de 2006).

Em 2010, a alteração introduzida pelo governo de então estabeleceu que "todos os beneficiários titulares da ADSE, incluindo os inscritos anteriormente a 1 de janeiro de 2006, passaram a poder renunciar à sua inscrição, sendo esta definitiva.

Região Centro
O programa Via Verde AVC coordenado pelo Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que agrega mais sete hospitais da região...

Segundo o médico Luís Cunha, diretor do serviço de Neurologia dos Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), esta rede hospitalar garante uma resposta tecnicamente equitativa aos doentes que sofram um Acidente Vascular Cerebral (AVC), através de consultas de telemedicina.

O programa inclui, além do CHUC, o hospital distrital da Figueira da Foz, Centro Hospitalar de Leiria, Centro Hospitalar Baixo Vouga, Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Unidade Local de Saúde da Guarda, Centro Hospitalar da Cova da Beira e Unidade Local de Saúde de Castelo Branco.

"Era previsível que os AVC iam necessitar de determinadas terapêuticas que não podiam ser estendidas a todos os hospitais e a preocupação foi, acima de tudo, primeiro dotar o CHUC dessas condições e oferecer aos doentes, independentemente da sua área geográfica, o mesmo tipo de possibilidade de recuperação", sublinhou.

Desde setembro de 2015 até ao final de outubro de 2016, o projeto Via Verde AVC já realizou 438 consultas de telemedicina, que contribuíram "de forma significativa para a melhoria do resultado clínico e funcional dos doentes com AVC na região Centro".

Deste número, cerca de 60% não teve necessidade de ser transferido para o CHUC, evitando assim uma sobrecarga do hospital central, sem prejuízos para o doente.

No mesmo período, a unidade central realizou 232 fibrinólises endovenosas e 156 trombectomias, terapêutica apenas efetuada nos CHUC.

A rede, que tem o CHUC como ponto central, onde diariamente, durante as 24 horas, uma equipa de especialistas acompanha em tempo real os doentes com AVC que dão entrada naquelas unidades e prescrevem a melhor terapêutica, consoante a situação clínica.

De acordo com Luís Cunha, a rede permite que apenas os doentes mais graves sejam transferidos para Coimbra, já depois de estabilizados e com terapêutica iniciada.

"Tivemos ganhos de vária natureza, não só para o doente, que deixa de ter tratamentos a duas velocidades, consoante o local em que se encontrasse, mas também em termos de rentabilização dos serviços CHUC", salienta o médico.

A unidade tem apenas oito camas, "que têm chegado para toda a região Centro".

O diretor do serviço de Neurologia destaca ainda que o doente faz no CHUC a terapêutica adequada, "é estabilizado e volta ao hospital de origem, coisa que não se podia fazer antigamente".

O projeto, sublinhou, estende-se ainda ao Centro de Medicina e Reabilitação da Região Centro - Rovisco Pais (Tocha, Cantanhede), permitindo o acesso a fisioterapia a doentes, que reúnam os critérios clínicos para beneficiarem de um programa de reabilitação em internamento.

"A rede está a funcionar na plenitude, é uma coisa que está a acontecer e, neste momento, realizamos 40 a 50 teleconsultas por mês, o que dará qualquer coisa como quinhentas por ano", realça, por seu lado, Gustavo Cordeiro, coordenador da unidade de AVC do CHUC.

O presidente do Conselho de Administração (CA) do CHUC, por outro lado, sublinhou o caráter pioneiro da iniciativa em Portugal e elogiou a organização deste projeto.

"O elemento mais relevante é a garantia de que, na região Centro, o CHUC, em colaboração com os restantes hospitais, tem a permanente preocupação de proporcionar aos cidadãos o acesso à melhor inovação, com uma organização que ombreia com as melhores organizações mundiais", disse Martins Nunes.

O presidente do CA disse ainda que lhe cumpre traduzir perante o país a satisfação de se ter conseguido assegurar que, "ainda que atingidas por uma adversidade tão grave como um AVC, se salvaram muitas vidas humanas e muitas pessoas ficaram sem quaisquer sequelas graças a este programa de âmbito regional, garantindo tratamento e cura em situações-limite de patologia potencialmente fatal".

"Uma referência ao mérito dos profissionais envolvidos em todos os hospitais da Região Centro. A partilha de recursos e de conhecimento que está na génese da conceção deste programa assegura, nesta área da Medicina, a coesão regional e a justiça social através de iguais oportunidades de acesso a todos os doentes, independentemente do local onde vivem ou de onde sofreram um AVC. Tenho um enorme orgulho em dirigir este hospital onde os seus profissionais todos os dias dão o seu melhor na defesa dos valores do Serviço Nacional de Saúde e onde a inovação está na sua ambição da prática da medicina ao serviço dos cidadãos”.

Estudo
Dois terços dos médicos em Portugal admitem estar em elevado estado de exaustão emocional, um dos indicadores relevantes...

Segundo dados de um estudo de âmbito nacional sobre ‘burnout’ na classe médica, os profissionais das especialidades de neurocirurgia e de medicina legal são os mais afetados, a par dos médicos mais jovens.

Aliás, são os médicos mais jovens que apresentam os níveis mais elevados nos três indicadores de ‘burnout’ avaliados no estudo: exaustão emocional, distanciamento face ao doente (despersonalização) e diminuição da realização profissional.

Segundo dados parcelares do estudo, além da exaustão emocional, 39% de todos os médicos indicaram níveis elevados de despersonalização e 30% mostraram altos níveis de diminuição da realização profissional.

O estudo, uma iniciativa conjunta da Ordem dos Médicos e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, foi feito através de inquéritos a cerca de 10 mil médicos portugueses, dos perto de 50 mil convidados a responder.

O bastonário da Ordem dos Médicos confessa ter ficado surpreendido com a dimensão do problema: “Não estava à espera que o problema fosse tão grave, o que exige que se olhe para esta questão com muita atenção”.

José Manuel Silva lembra que os médicos em exaustão não estão em condições de prestarem os melhores cuidados aos doentes, embora “o inquérito tenha mostrado um elevado grau de empenhamento e dedicação aos doentes”.

“A verdade é que os médicos portugueses não estão bem e isto exige medidas da parte da tutela”, frisou o bastonário, que pede melhores condições de trabalho, investimento na manutenção das instalações e na renovação das tecnologias.

Sobre os médicos mais jovens, que apresentam os mais elevados níveis de ‘burnout’, José Manuel Silva lembra que são colocados “perante enormes dificuldades e pressão”, “muitas vezes sem as devidas condições de trabalho” e instados “a trabalhar até à exaustão, nomeadamente nos serviços de urgência”.

Doenças raras
O Presidente da República entregou no Porto o Prémio Manuel António da Mota, no valor de 50 mil euros, à Raríssimas –...

A Raríssimas foi criada em 2002, tem a sede em Lisboa, e tem por missão “apoiar doentes e famílias que convivem de perto com as doenças raras, procurando entre outros objetivos a divulgação, informação e sensibilização pública sobre as doenças raras.

Com o seu “Espaço de Capacitação Rara”, a instituição vencedora do primeiro prémio desenvolve um projeto de “coaching e mentoring, apoio à capacitação e empregabilidade e um conjunto de ações de sensibilização e informação procurando, no primeiro eixo, a promoção da melhoria da qualidade de vida através de um programa individualizado de intervenção”.

A Associação Inspirar recebeu o terceiro prémio Manuel António da Mota, no valor de 10 mil euros, enquanto o segundo prémio Manuel António da Mota foi entregue à SAOM – Serviços de Assistência Organizações de Maria -, no valor de 25 mil euros.

“É bom que haja prémios como este, porque são, em si mesmo, pedagógicos para projetos de Solidariedade Social que todos os dias nascem ou se reformulam”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, afirmando que o “Presidente da República de Portugal está eternamente grato” a instituições de Solidariedade Social.

Estudo
O grupo de investigação de Biologia Interativa de Sistemas, Metabólica e Cancro da Universidade de Barcelona descobriu que as...

A investigadora principal, Marta Cascante, explicou, em declarações à agência Efe, que esta parte das azeitonas atualmente não tem aproveitamento e que sempre pensou que “devia fazer alguma coisa para ajudar as pessoas com tendência a desenvolver pólipos intestinais no cólon e no reto”.

O estudo de Cascante, que foi distinguido na semana passada com o prémio do Conselho Social e Fundação Bosch e Gimpera (FBG) na categoria de melhor projeto de transmissão de conhecimento, destina-se a desenvolver um suplemento alimentar para as pessoas afetadas.

Este suplemento, de caráter natural por ser elaborado com as sobras das azeitonas resultantes da produção de azeite, ajudará a reduzir os tumores intestinais, além de “gerar um valor ao aproveitar os resíduos da indústria alimentar”, assegurou a autora.

A investigadora defendeu a importância de fazer um produto deste tipo porque as pessoas que sofrem deste mal têm de submeter-se, durante toda a vida, a controlos muito exaustivos e a várias extrações de pólipos para evitar que se transformem em tumores.

“Em alguns casos, infelizmente, o problema não se resolve”, acrescentou Cascante, reivindicando a necessidade de investigar tratamentos “para esta enfermidade minoritária”.

Até ao momento, as investigações têm sido feitas em ratos, aos quais foi ministrado durante seis semanas o composto de peles de azeitona para comprovar se a redução dos pólipos intestinais era efetiva, com o que pôde demonstrar-se uma diminuição de 45%.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde defendeu, em Lisboa, que o melhor remédio que a sociedade precisa não são necessariamente medicamentos, mas...

“Intervir nas condições de vida, de habitação, de alimentação, de rendimento, é essencial”, disse Adalberto Campos Fernandes, durante uma cerimónia realizada no Centro de Saúde de Sete Rios para assinalar o lançamento de medidas de cessação tabágica, como a comparticipação de medicamentos.

“O medicamento por si será muito útil, mas não será suficiente se os portugueses não tiverem melhores condições de habitação - casas aquecidas, ventiladas - para que a pneumonia não seja o flagelo que é hoje em Portugal”, afirmou.

De acordo com o governante, as medidas hoje anunciadas visam alargar o âmbito das consultas de cessação tabágica nos cuidados de saúde primários, que idealmente deverão ter características multidisciplinares.

“Visam também potenciar a ação da Linha de Saúde 24, relativamente à qual em todos os maços de tabaco há indicação de que quem precisar de ajuda deve contactar (o serviço) para ser encaminhado ou orientado para um local adequado”, explicou.

Quebrar a barreira económica e dar acesso às populações que sendo mais atingidas pela doença, têm menos informação e não têm capacidade económica para adquirir os medicamentos é outro dos objetivos enumerados pelo governante.

“A medida de comparticipação de medicamentos para a cessação tabágica é, antes de mais, uma medida que visa repor alguma justiça social”, declarou.

Os medicamentos para deixar de fumar sujeitos a receita médica vão ser comparticipados pelo Estado em 37%, a partir do próximo ano, uma medida que deverá custar 1,3 milhões de euros por ano, um valor considerado simbólico pelo ministro, face aos ganhos que significará.

Segundo diretor-geral de Saúde, Francisco George, registaram-se no ano passado 11.000 mortes resultantes da exposição direta ao tabaco.

“Nas doenças respiratórias, uma em cada três mortes é provada pelo fumo do tabaco”, acrescentou.

“Sabemos que em cada 10 enfartes, em cada 10 AVC (Acidente Vascular Cerebral) que provocam a morte, uma delas é devido ao tabaco”, indicou o responsável durante uma intervenção na sessão.

Em 2017, deverão ser criadas 42 novas consultas de cessação tabágica a nível nacional.

No próximo ano
Os medicamentos para deixar de fumar sujeitos a receita médica vão ser comparticipados pelo Estado em 37 por cento do seu valor...

Esta é uma das novas medidas de prevenção do tabagismo que o Ministério da Saúde apresentou sábado, no centro de saúde de Sete Rios, em Lisboa, na presença do ministro Adalberto Campos Fernandes.

A comparticipação de fármacos de cessação tabágica leva em conta que “existe evidência que comprova que o uso de fármacos na cessação tabágica aumenta as taxas de abstinência”.

“As taxas de sucesso aumentam quando o uso de fármacos é acompanhado por apoio comportamental. A redução de barreiras ao processo de mudança comportamental aumenta o número de tentativas e a probabilidade de estas serem bem sucedidas”, acrescenta o Ministério da Saúde.

A redução do custo do tratamento farmacológico – que assim ficará a custar apenas 63 por cento do seu valor, desde que receitado pelo médico – permitirá “atingir estratos da população economicamente mais carenciados, para os quais a barreira ‘preço’ é naturalmente mais significativa e potencialmente impeditiva da decisão de parar de fumar”.

Em 2017 deverão ainda ser criadas 42 novas consultas de cessação tabágica a nível nacional. O objetivo é garantir pelo menos uma consulta aberta de cessação tabágica por Agrupamento de Centro de Saúde (ACES).

Até ao final do ano, o Ministério da Saúde quer que exista cobertura de pelo menos uma consulta de cessação tabágica por ACES. Neste ano, foram abertas 145 consultas abertas para cessação tabágica. Em 2017, deverão ser abertas mais 42 novas consultas, num total de 187.

Com vista à proteção da exposição ao fumo ambiental do tabaco, o governo aprovou em Conselho de Ministros uma Proposta de Lei que determina a proibição de tabagismo num perímetro de cinco metros de distância de instituições de saúde ou estabelecimentos frequentados por crianças, a qual encontra-se em discussão na Assembleia da República.

Estudo
O Serviço Nacional de Saúde aumentou o recurso a médicos “em fase de formação na especialidade”, e que transitam depois para o...

“É como se o Serviço Nacional de Saúde voltasse ao registo anterior a 1960, em que os hospitais eram centros de tratamento de pobres e, por essa via, de formação – sendo que os médicos após essa especialização passam a atender nos consultórios privados e em clínicas”, conclui o estudo encomendado pelo Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos.

O estudo científico, que vai ser apresentado no dia 03 de dezembro, em Lisboa, foi coordenado pelos investigadores Raquel Varela e Renato Guedes, da Universidade Nova de Lisboa.

As conclusões da investigação apontam para uma “evolução miserável” do número de médicos a exercer no Serviço Nacional de Saúde (SNS), sobretudo tendo em conta os profissionais formados pelo Estado, mas também para a degradação dos cuidados primários.

“O número de profissionais médicos a exercer no SNS teve uma evolução miserável se considerarmos o potencial em número de médicos formados desde a década de 1970, em particular, desde a criação do SNS. Verifica-se, nas nossas conclusões, a evolução negativa nos cuidados primários de saúde. Isto é, são formados muito mais médicos pelo SNS do que aqueles que ficam a trabalhar nele”, indica o documento.

O estudo estabelece também uma relação entre as várias investigações já realizadas sobre o “burnout” (esgotamento) a que os médicos estão sujeitos desde a aplicação das medidas impostas pela troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), através do Memorando de Entendimento (17 de maio de 2011).

O ritmo de produtividade, refere o texto, está a ser marcado pela utilização da força de trabalho “até níveis próximos do seu limite”.

Em perspetiva, o trabalho indica também que, em Portugal, o sistema de saúde “de ponta” só foi alcançado após a revolução de 1974.

“A revolução, isto é, a luta política organizada, que gerou uma transferência de 18 por cento do rendimento do capital para o trabalho, em grande medida na criação de um Estado Social, impôs a junção entre previdência e assistência dando o passo fundamental para a criação do SNS, que se oficializou em 1979", conclui a investigação.

Esta situação, prossegue o estudo, criou “de facto” uma "elevação" salarial significativa, permitindo “resultados extraordinários”, do ponto de vista do acesso a cuidados de saúde, “colocando Portugal entre os melhores, mais eficientes tecnicamente e mais justos sistemas de saúde do mundo”.

A segunda parte do estudo analisa as formas de privatização do sistema público de saúde britânico que criou uma “indústria de cuidados de saúde”, transformando um “serviço público essencial em lucro”.

Além dos académicos portugueses, o estudo incluiu as participações de quatro cientistas sociais anglo-saxónicos: Ursula Huws, Stewart Play, Colin Leys e Peter Kennedy, que se debruçam sobre as formas e consequências da privatização do National Health Service, no Reino Unido.

OE2017
O parlamento aprovou na sexta-feira, na especialidade, o novo imposto sobre os refrigerantes, que vai aumentar o preço destas...

Desta forma, as bebidas açucaradas vão sofrer um aumento entre 15 a 30 cêntimos (no preço final) por garrafa de 1,5 litros, uma receita que será consignada à sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde.

Os deputados aprovaram também a redução para metade da tributação sobre os cigarros eletrónicos, para os 0,30 euros por mililitro de líquido contendo nicotina.

O parlamento aprovou ainda, na especialidade, num conjunto de propostas para a redução do IVA em alguns produtos: as conservas de ostras passem a ser tributadas a 13%, os medidores da diabetes passam para a taxa reduzida (de 6%) e que as próteses dentárias fiquem isentas daquele imposto.

O partido Pessoas, Animais e Natureza (PAN) conseguiu ver duas das suas propostas aprovadas na especialidade: a redução da taxa de IVA de 23% para 6% dos produtos de apoio a pessoas com deficiência e a redução de 23% para 13% do IVA sobre os flocos prensados simples de cereais e leguminosas sem adições de açúcar.

Os deputados estão, desde o início da tarde, a votar, na especialidade, a proposta de OE2017 artigo a artigo, bem como as várias propostas de alteração apresentadas pelos partidos.

Este é o segundo dia de votações na especialidade. A proposta final global do OE2017 está marcada para terça-feira.

Estudo
Mais de 20% dos adolescentes portugueses já se automutilaram por se sentirem tristes, saturados e nervosos, um tipo de...

De acordo com o estudo "Health Behaviour in School-aged Children" (HBSC) 20,3% dos jovens entre os 13 e os 15 anos já tiveram comportamentos auto lesivos, principalmente as raparigas, em que 23,7% das inquiridas assumiram ter-se magoado a si próprias de propósito mais do que uma vez, contra 16,3% de rapazes que afirmaram o mesmo.

O inquérito HBSC, feito para a Organização Mundial da Saúde, inquiriu mais de 6.000 alunos de todo o país, dos 6.º, 8.º e 10.º anos, tendo as últimas entrevistas decorrido em 2014 e refletindo já as alterações que decorreram desde o último que tinha sido realizado, em 2010.

Comparando os resultados dos dois inquéritos, a investigadora Margarida Gaspar de Matos, da Universidade de Lisboa, demonstrou hoje no Fórum dedicado à Saúde Mental, que decorreu na Gulbenkian, que os comportamentos auto lesivos infligidos nos últimos 12 meses subiram de 15,6% em 2010 para 20,3% em 2014.

Quanto aos motivos que levaram os adolescentes a ter estes comportamentos, a grande maioria relata sentir-se triste, saturado e nervoso (59%, 52,3% e 47,1%, respetivamente).

Quase 40% disseram ter-se automutilado por se sentirem desiludidos, 37% por se sentirem zangados e 27,3% por estarem desesperados.

Ainda no contexto da crise económica, o relatório revela que 7,7% dos jovens inquiridos admitiram “ir para a escola ou para a cama com fome por não haver comida em casa.

Os adolescentes revelaram ainda mal-estar físico e psicológico, principalmente nervosismo (44,1%) e exaustão (42,7%), mas também dor de cabeça (31,3%), dor de estômago (22,1%), tristeza (24,7%) e medo (20,1%).

No contexto familiar, o inquérito HBSC revela que a maioria dos pais dos adolescentes portugueses têm muito baixa escolaridade e que o desemprego dos pais afeta a perceção de bem-estar físico e psicológico dos filhos, sobretudo quando é o pai que não tem emprego.

No geral, as raparigas sentem maior mal-estar físico e mental e os rapazes fazem um maior desinvestimento nos estudos e no futuro, acompanhados de mais consumo de substâncias.

A socióloga Anália Torres, também participante no Fórum de Saúde Mental, corroborou os dados que apontam para uma maior fragilidade mental e física das raparigas e das mulheres.

Segundo a investigadora do Centro de Investigação e Estudo de Sociologia, o risco de as mulheres terem depressão é 50,7% superior aos homens em Portugal (47,1% na Europa).

Estudo
Um estudo concluiu que um comprimido de placebo, sem substância ativa, pode aliviar a dor de doentes com lombalgia crónica,...

"As pessoas que tomaram o comprimido placebo, sabendo que era um placebo, obtiveram um alívio da dor na ordem dos 30% por comparação com um grupo controlo que eram pessoas que continuaram o seu tratamento habitual", disse Cláudia Carvalho, investigadora do ISPA-Instituto Universitário.

"Penso que este estudo alerta para a necessidade de se revalorizar a relação médico-doente porque ela contém em si o potencial de despoletar o efeito placebo" com alívio sintomático, defendeu.

O trabalho, que foi publicado na revista científica internacional da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), pretendia testar a eficácia da utilização do que se designa o "placebo honesto", ou seja, um comprimido que não tem uma substância ativa.

"Queríamos saber se as pessoas tomando este comprimido que não tem substância ativa, experimentariam alívio dos sintomas", neste caso, se pessoas que sofriam de lombalgia crónica, teriam alívio da dor e da incapacidade associada à dor, explicou a investigadora.

Os doentes foram divididos em dois grupos, um com pessoas que faziam o seu tratamento habitual, com analgésicos e anti-inflamatórios consoante as suas necessidades, e outro que, além do seu tratamento habitual, tomavam o comprimido placebo todos os dias, durante 21 dias.

O efeito placebo, explicou, é muito mais do que a simples toma do comprimido e "há vários fatores que o despoletam", sendo definido como o efeito positivo de alívio sintomático da toma desse comprimido.

"Pensamos que o efeito placebo tem a ver com vários fatores que ultrapassam a simples toma do comprimido, tem a ver com o ritual terapêutico, com a esperança engendrada no paciente, com a qualidade da comunicação médico-paciente, com a resposta de condicionamento que é ativada quando a pessoa toma uma cápsula", especificou Cláudia Carvalho.

Esta situação relaciona-se com uma aprendizagem prévia, realizada ao longo da vida, de que a toma do fármaco gera alívio.

"É essencialmente psicológico, há aqui um pressuposto de que mente e corpo estão, de algum modo, relacionados", adiantou a investigadora.

A cientista do ISPA recorda a importância da relação médico-doente, estudada nas faculdades de medicina, mas pensa que "se perdeu algum do valor que se dá a essa relação devido à tecnologia médica".

Ao mesmo tempo dos "avanços fantásticos" da medicina, disse, "houve uma certa perda na qualidade da relação, [pois] os médicos têm um tempo de consulta muito limitado, têm de cumprir imensa burocracia, durante a própria consulta têm de olhar para o computador".

No entanto, o contacto médico-doente "tem valor terapêutico em si mesmo", realçou Cláudia Carvalho.

O efeito placebo é a melhoria do paciente através de fatores que "não são os do princípio ativo do fármaco ou do procedimento terapêutico, são fatores não específicos", que têm a ver com a relação médico-doente e com o ritual terapêutico, referiu a investigadora, acrescentando que o efeito placebo está intimamente relacionado com a expetativa de melhora.

O estudo envolveu 97 pacientes com lombalgia crónica há, pelo menos, três meses.

Estudo Dawn 2
Dawn2 é um estudo global que analisa atitudes, desejos e necessidades das pessoas com diabetes e também dos familiares e...

Em Portugal o DAWN2 será conduzido pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) em parceria com a Novo Nordisk Portugal e arranca a 26 de Novembro com a distribuição de questionários na Festa da Diabetes, evento promovido pela APDP no Pavilhão Desportivo do Casal Vistoso, no Areeiro em Lisboa.

“Os resultados do estudo serão usados para identificar formas de melhorar a assistência e o apoio a pessoas com diabetes e às pessoas que lhes são próximas. Os resultados serão partilhados com instituições e associações que acompanham estas pessoas. A participação de Portugal neste estudo faz todo o sentido tendo, especialmente, em atenção que é o país da Europa com a mais alta prevalência de diabetes”, comenta João Raposo, diretor clínico da APDP.

Uma rede de especialistas e organizações internacionais, como a Federação Internacional de Diabetes (IDF), a Aliança das Organizações Internacionais de Doentes (IAPO), o Centro de Diabetes Steno e parceiros de vários países, com o apoio da Novo Nordisk, iniciaram em 2011 o projeto DAWN com o objetivo de aumentar o conhecimento e a sensibilização sobre as necessidades por satisfazer das pessoas com diabetes e dos seus familiares, para facilitar o diálogo e a colaboração e fortalecer o envolvimento dos doentes, aumentando a autogestão e o apoio psicossocial no tratamento da diabetes.

Os dados recolhidos a nível internacional mostram que muitas das pessoas que têm diabetes ainda enfrentam vários desafios em áreas como a autogestão da doença, a adesão à terapêutica, o acesso e o envolvimento nos cuidados. Os resultados do Dawn2 referentes a 17 países  (Canadá, China, Dinamarca, França, Alemanha, India, Itália, Japão, México, Holanda, Polónia, Rússia, Espanha, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos da América), mostram que a doença tem um impacto negativo em vários aspetos do quotidiano e na qualidade de vida das pessoas com diabetes e dos seus familiares. O estudo evidencia, ainda, que a educação desempenha um papel vital para melhorar a condição e a qualidade de vida das pessoas com diabetes, contudo cerca de metade dos participantes do estudo nunca frequentaram um programa educacional. Para além disso, o Dawn2 revelou que 1 em cada 5 pessoas com diabetes já se sentiram discriminados devido à sua condição. 

“Os dados dos restantes países que integram o Dawn2 mostram-nos que existe, ainda, um longo caminho a percorrer no que concerne à diabetes. Para além da auscultação junto de pessoas com diabetes e dos seus familiares, um dos fatores distintos que torna este estudo tão completo é que também envolve os profissionais de saúde. Estamos muito entusiasmados com a inclusão de Portugal neste estudo e expectantes para sabermos se os resultados a nível nacional estão alinhados com as evidências dos restantes países”, refere o especialista.

Certificação
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou oficialmente Cabo Verde livre de poliomielite, mas aconselha o país a manter-se...

A certificação de país livre de poliomielite foi oficializada na quinta-feira em Acra, no Gana, pela Comissão Regional de Certificação da Polio em África (CRCA), anunciou hoje a OMS numa nota enviada à comunicação social.

A CRCA, órgão independente para supervisionar o processo de certificação da OMS na região africana, esteve reunida em Acra, no Gana, onde uma equipa cabo-verdiana apresentou a documentação necessária à certificação.

"Cabo Verde foi avaliado positivamente e, por conseguinte, declarado livre da poliomielite", adianta a OMS, considerando que este resultado "representa um ganho significativo no plano nacional e internacional".

Atualmente a poliomielite é endémica apenas no Paquistão e Afeganistão e a OMS sustenta que a erradicação desta doença em todo o mundo depende principalmente da interrupção da sua transmissão nestes países.

A OMS aconselhou o país a "permanecer vigilante" e a "reforçar a vacinação das populações para preservar os resultados registados".

A poliomielite é uma doença "altamente infeciosa", causada pelo pólio vírus que afeta principalmente as crianças com idade inferior a cinco anos.

Este vírus invade o sistema nervoso central e, em poucas horas, pode causar a paralisia de um ou mais membros.

Infeta apenas os seres humanos e transmite-se pela eliminação de fezes contaminadas que entram em contacto direto com pessoas não vacinadas.

Propaga-se rapidamente e o período de incubação varia entre 7 e 14 dias.

Segundo a OMS, Cabo Verde não notifica casos de poliomielite há mais de quinze anos consecutivos

 

Ciência e tecnologia
Todos os hospitais dependentes da Administração Regional de Saúde no Norte (ARS-Norte) estão a implementar uma tecnologia...

"Este 'software' é único em Portugal e, provavelmente, numa geografia bem mais ampla", disse à Lusa o líder do grupo de investigação em Informática da Saúde do Cintesis - centro de investigação sediado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), responsável pela criação do sistema, Ricardo Correia.

O ObsCare é um sistema 'web', instalado nos servidores dos hospitais, que "se integra facilmente" com os programas inseridos nessas entidades e regista os elementos das consultas das mulheres seguidas durante a gravidez, os dados do parto, dos recém-nascidos e dos seus primeiros dias de vida.

"Há entidades hospitalares que já nos solicitaram que registássemos ainda os dados referentes às primeiras consultas das crianças nos centros de saúde" e que "desenvolvêssemos um módulo para registo das informações relativas às técnicas de procriação medicamente assistida", indicou.

Estes dados congregados pelo ObsCare vão permitir, ao longo prazo, verificar se as crianças concebidas dessa forma apresentam diferenças relativamente às restantes, em termos de desenvolvimento e parto, por exemplo.

As informações recolhidas pelo 'software' são também utilizadas para discutir casos clínicos pelas equipas de saúde, com base em informações objetivas, "o que promove ativamente a melhoria dos cuidados prestados aos pacientes".

De acordo com o investigador, neste momento, a ARS-Norte está a receber os primeiros resultados fruto da comparação dos dados dos diferentes hospitais públicos do norte do país, sobretudo no que se refere às cesarianas, mas não só.

Esta tecnologia deu origem à 'startup' VirtualCare, dedicada à criação de sistemas de informação clínica e de análise de dados de saúde, cujos sistemas visam "facilitar a tomada segura de decisão por parte dos profissionais de saúde através da aquisição, processamento, validação e apresentação de dados dos pacientes com qualidade".

O grupo de investigação, que conta agora com sete elementos, "era, muitas vezes, solicitado para desenvolver 'software' para hospitais, nomeadamente produtos com características específicas e que incluíam componentes de índole científica, que as empresas "tradicionais" não produzem", explicou Ricardo Correia.

Entre outros produtos, a VirtualCare instalou, no Centro Hospitalar de São João e na Fundação Champalimaud, um 'software' para registo clínico de cancro da mama. Também no São João, têm soluções a operar nas áreas da Anestesiologia e da Psiquiatria.

Na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, têm a funcionar um piloto sobre Farcamovigilância dentro dos hospitais, com o objetivo de promover a notificação das reações adversas aos medicamentos junto do INFARMED e zelar pela segurança dos pacientes.

Futuramente, pretendem instalar o ObsCare em todos os hospitais do país.

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