Investigador inglês
O bioquímico britânico Paul Nurse, que recebeu o prémio Nobel de Fisiologia e Medicina em 2001, considerou hoje que um dos...

"É um mito, pensarmos que o cancro é uma doença única. De facto, trata-se de um número grande de doenças, cerca de 300 ou 400, que têm uma característica comum: a reprodução celular descontrolada", disse à agência Lusa o cientista, a propósito de uma sessão sobre o ciclo do controlo celular, que decorre hoje no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).

Segundo o investigador inglês que na década de 1970 descobriu como é controlado o ciclo celular em todos os organismos - através do estudo de células de levedura -, esse é um dos motivos pelos quais é "tão difícil tratar o cancro: existem muitas doenças diferentes no cancro".

A descoberta do controlo do ciclo celular revolucionou o conhecimento sobre patologias onde esse ciclo é afetado, com grande impacto nas doenças em que ocorre proliferação descontrolada das células, como é o caso do cancro.

Outro dos mitos associados ao cancro prende-se com o facto de a doença ser causada "somente por fatores externos", referiu Paul Nurse, que em 2001 foi galardoado com o prémio da academia sueca, distinção partilhada com dois outros investigadores cujos contributos foram igualmente relevantes para o estudo do ciclo celular.

"O cancro pode, de facto, ser causado por fatores externos. O mais óbvio: quem fumar tabaco tem mais probabilidade de desenvolver cancro do pulmão e quem tem pele clara e se expõe ao sol, sem proteção, tem mais probabilidade de ter cancro de pele", indicou o investigador, que foi diretor da Universidade Rockefeller, em Nova Iorque.

Contudo, continuou, existem outros fatores que influenciam a doença, como a herança genética herdada dos pais.

Além disso, "de todas as vezes que uma célula se divide e se reproduz, ocorrem erros", o que vai decorrendo "ao longo da vida de todos os seres humanos", continuou o presidente da instituição académica Royal Society entre 2010 e 2015.

"Consoante se vai envelhecendo, esses danos podem acumular, não havendo nada que se possa fazer acerca disso. Só o facto de estarmos vivos vai resultar em danos nos genes que podem provocar cancro e, quanto mais tempo vivemos, maior a probabilidade de ocorrerem incidentes", notou o investigador britânico, que trabalhou no Imperial Cancer Research Fund (atualmente Cancer Research UK), do qual se tornou diretor em 1996.

De acordo com Paul Nurse, apesar das melhorias conseguidas no tratamento do cancro, este nunca poderá ser erradicado, visto que, embora seja possível alterar os fatores externos que podem originar a doença, o mesmo não acontece com a herança genética recebida dos pais e com a divisão celular.

"O que estamos a aprender é a controlar a divisão celular, principalmente através da manipulação do sistema imunitário", de forma "a se controlar uma parte do processo", reduzindo assim os riscos.

Relativamente à prevenção, o "grande problema" identificado pelo cientista prende-se com o facto de, na comunidade científica, haver investigadores que utilizam somente a genética para estudar o cancro, enquanto outros estudam somente os fatores externos, quando, na realidade, "ambos são importantes e precisam de ser estudados juntos".

"Não é suficiente saber muito sobre os genes ou sobre os fatores externos que podem levar a doenças, o que é mesmo importante é estudá-los juntos", acrescentou.

Paul Nurse, que passou também pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, defende que a informação credível sobre o cancro provém de estudos epidemiológicos que envolvem "amostras significativas e controladas", a partir dos quais é possível conseguir "resultados e evidências sensíveis e criteriosas", sendo nesses que "as pessoas devem acreditar".

O cientista inglês foi responsável pela criação do Francis Crick Institute, do qual se tornou diretor em 2011, um centro de investigação sediado em Londres que junta várias instituições no mesmo espaço, à semelhança do que acontece no i3S.

Segundo Paul Nurse, através do trabalho desenvolvido no centro, os investigadores têm procurado "entender como a vida funciona e como usar essa informação e conhecimento para pensar de forma correta sobre as doenças e sobre como as controlar".

Procura disparou o ano passado
O direito a indicar que procedimentos médicos se deseja numa situação de doença terminal ou estado de inconsciência ainda só...

O direito a deixar expresso que procedimentos médicos se desejaria ou recusaria numa situação terminal ou em que não existam perspetivas de recuperação e o doente não possa manifestar a sua vontade está previsto em Portugal desde 2014 e, até ao momento, houve mais de 20 mil portugueses a preencher o seu testamento vital. Porém, a adesão parece estar de novo a abrandar depois de a procura ter disparado no ano passado.

Nos primeiros quatro meses deste ano, apesar de se ter acentuado a discussão sobre o tema da eutanásia e das preocupações com os cuidados em fim de vida, houve apenas 2230 portugueses a apresentar a sua Directiva Antecipada de Vontade. No ano passado, no mesmo período, foram entregues 5003 testamentos vitais.

Dados fornecidos ao i pela SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde) – a entidade que gere o Registo Nacional do Testamento Vital, – revelam que até 23 de maio estavam registados no país 20 949 testamentos vitais. A SPMS dá nota de que, no ano passado, dando cumprimento a uma resolução da Assembleia da República que recomendou ao governo que fosse reforçada a divulgação e incentivo ao registo do testamento vital, houve um reforço da comunicação. Neste ano e meio, o número de testamentos vitais praticamente triplicou, assinala a SPMS.

Os dados detalhados disponibilizados no portal da transparência do Serviço Nacional de Saúde mostram que são as diretivas entregues em 2017 que explicam em grande parte essa evolução. O salto é notório: em 2014 foram entregues 876 testamentos vitais, em 2015 foram 1139, em 2016 totalizaram 4199 e no ano passado houve então um recorde de 12 035 testamentos vitais registados. Este ano, a manter-se o atual ritmo, não chegarão aos 10 mil. Apesar da evolução crescente até aqui, o total de testamentos vitais até ao momento tendo em conta a população residente no país permite concluir que apenas 0,2% dos portugueses utilizou este direito.

Jovens mais interessados Quanto ao perfil de quem aderido a estas diretivas antecipadas de vontade, a SPMS indica que há mais mulheres a preencher o testamento vital: ao todo, houve 13 705 mulheres a aderir e 7244 homens. O maior número de registos ocorre entre os 65 e os 80 anos, em ambos os géneros, mas a SPMS sublinha que tem havido uma forte tendência de crescimento na faixa entre os 35/50 anos e, também, um interesse cada vez maior nas gerações mais jovens.

Há mais de um ano que a SPMS monitoriza diariamente não só o número de testamentos vitais criados e registados bem como os acessos feitos por parte de utentes e profissionais. Os dados permitem perceber que nos primeiros quatro meses do ano faleceram 58 doentes que tinham o seu testamento vital ativo, embora não haja indicação sobre se as diretivas alteraram de alguma forma as terapêuticas administradas. Também não é possível saber que tipo de cuidados são mais vezes solicitados ou prescindidos no país.

O formulário do testamento vital está disponível na área do cidadão do portal do Ministério da Saúde.

Para ficar ativo, tem de ser entregue pessoalmente na sede do agrupamento de centros de saúde da área de residência do doente. O testamento tem uma validade de cinco anos e pode ser alterado a qualquer momento ou cancelado. Os titulares podem designar um procurador de cuidados de saúde, que pode ser chamado a decidir em nome do doente.

No formulário disponibilizado pelo registo, que não é de uso obrigatório, os titulares devem indicar em que situações clínicas pretendem que o testamento vital produza efeitos, sendo que o documento servirá de guia aos profissionais de saúde quando o doente for incapaz de expressar a sua vontade de forma autónoma.

Não ser submetido a meios invasivos de suporte artificial de funções vitais, participar em estudos de fase experimental ou recusar medidas que visem apenas retardar o processo natural de morte são alguns dos cuidados sobre os quais o titular é levado a refletir.

Exames de seguimento
Serviço de Radiologia do IPO de Lisboa assumiu, num documento interno, que não consegue assegurar todas as mamografias de...

O Instituto Português de Oncologia de Lisboa não consegue dar resposta a todas as mulheres que precisam de fazer exames de seguimento do cancro da mama e está a encaminhá-las para unidades de saúde familiar e outros organismos de saúde.

 A notícia é avançada pelo Diário de Notícias.

As dificuldades são assumidas numa circular interna do serviço de radiologia elaborado no último mês, escreve o referido jornal. Nesse documento, o IPO admite que não pode assegurar mamografias de vigilância a 12 meses a utentes que ainda não tiveram alta ao fim de cinco anos da cirurgia, já que o número de pedidos é superior ao de vagas.

A solução proposta pelo hospital, "não sabendo quando poderá ser agendado o exame", passa por sugerir às doentes que contactem os médicos de família para marcar as mamografias noutro local.

Atrasos de 16 meses

No final de abril, 38 mulheres acompanhadas no Instituto de Oncologia ainda não tinham realizado a mamografia prevista para novembro e dezembro de 2017, o que equivale a uma espera de 16 meses.

Na mesma data, 450 mulheres já tinham ultrapassado os 12 meses de espera. 

O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres (não considerando o cancro da pele) e corresponde à segunda causa de morte por cancro na mulher.

Em Portugal, anualmente, são detetados cerca de 6.000 novos casos de cancro da mama. 1.500 mulheres morrem com a doença.

 

Doenças da tiroide
Estima-se que, em Portugal, cerca de um milhão de pessoas sofra de alguma patologia relacionada com

A tiroide é um órgão endócrino com a forma de uma borboleta, que se localiza na base da face anterior do pescoço imediatamente adiante da traqueia e que é responsável pela produção das hormonas tiroideias tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4). A produção das hormonas tiroideias é estimulada pela TSH (hormona estimulante da tiroide) de origem hipofisária. Por outro lado a secreção da TSH é influenciada pelas hormonas tiroideias.

As hormonas tiroideias exercem amplas ações através de recetores nucleares influenciando assim a expressão de imensos genes em todas as nossas células. As hormonas tiroideias têm um importante papel no desenvolvimento neurológico fetal e neonatal, no crescimento e no metabolismo dos lípidos, proteínas e glúcidos. Para além disso, têm efeitos cardiovasculares e influenciam o humor e a atividade cognitiva, assim como o sistema reprodutor.

As doenças da tiroide podem ser divididas em estruturais e funcionais. As doenças estruturais que envolvem as alterações da morfologia e da localização da tiroide podem associar-se ou não a disfunção da tiroide.

A tiroide pode ser alvo de anomalias congénitas do desenvolvimento da tiroide em que se incluem a agenesia (ausência da tiroide), a hemiagenesia, o quisto do canal tireoglosso e a tiroide ectópica sublingual.

Muitas destas doenças acompanham-se de hipotiroidismo congénito e são diagnosticadas precocemente através do rastreio neonatal (teste do “pézinho”).

O aumento de volume da tiroide denomina-se bócio. Quando se identificam nódulos num individuo com bócio falamos em bócio nodular (multinodular se há mais do que um nódulo). Os nódulos da tiroide são muitos frequentes podendo ser encontrados em 50 a 60% dos indivíduos saudáveis; em geral não se acompanham de sintomas e a função tiroideia é normal. A presença de nódulos da tiroide obriga a uma investigação do estado da função tiroideia e a uma avaliação do risco de cancro da tiroide. Em alguns casos é necessária a realização de uma citologia aspirativa com agulha fina da tiroide (vulgar “biopsia da tiroide”) para exclusão de malignidade.

A disfunção da tiroide inclui o hipotiroidismo e o hipertiroidismo. O hipotiroidismo que resulta da perda de função da glândula tiroideia é o tipo de disfunção mais frequente. De acordo com o estudo PORMETS, da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, a sua prevalência em Portugal é de cerca de 5% e atinge 4 vezes mais as mulheres do que os homens. O diagnóstico laboratorial do hipotiroidismo é feito através do doseamento da TSH que se encontra aumentada. Se os níveis sanguíneos das hormonas tiroideias também forem baixos falamos em hipotiroidismo clinico, que como o nome indica se pode fazer acompanhar de sintomatologia clinica. Se apenas a TSH está aumentada falamos de hipotiroidismo subclínico, uma forma inicial da doença em que os sintomas são escassos ou ausentes, porque a produção deficiente das hormonas tiroideias é compensada à custa de uma maior estimulação pela TSH.

Os sintomas e sinais do hipotiroidismo são variados e poucos específicos, podendo incluir alterações da memória e concentração, depressão, astenia, fadiga muscular, mialgias, ganho ponderal, pele seca, cabelo fino, intolerância ao frio, bradicardia, obstipação, rouquidão e irregularidades menstruais.

As formas subclínicas predominam sobre as formas clínicas (prevalência de 3.3% e 1.6% respetivamente). Devido à presença de sintomatologia pouco específica ou ausente o hipotiroidismo passa muitas vezes despercebido não sendo diagnosticado em cerca de 71% dos casos.

A principal causa do hipotiroidismo é a tiroidite crónica autoimune, cujo diagnóstico é feito através do doseamento dos anticorpos anti-tiroideus (anticorpos anti-tireoglobulina e anti-peroxidase tiroideia) no sangue. A prevalência desta doença aumenta com a idade e é cerca de 3 vezes maior na mulher do que no homem.

O hipotiroidismo clínico tem sempre indicação para terapêutica hormonal de substituição. No tratamento é usada apenas a T4, a principal hormona produzida na tiroide. A T4 pode converte-se no nosso organismo em T3 a hormona tiroideia mais ativa. Esta conversão depende de um sistema de deiodinases que tem em vista as necessidades celulares, permitindo assim uma disponibilização mais fisiológica das hormonas em falta.

O hipotiroidismo subclínico não tem sempre indicação para tratamento hormonal. A indicação para o tratamento depende dos valores da TSH, da presença de uma patologia causal (em particular a tiroidite autoimune), da presença de sintomatologia sugestiva de hipotiroidismo, da idade, de doenças associadas e de fatores relacionadas com a fertilidade e gravidez.

A tireotoxicose é uma entidade clinica resultante do excesso de hormonas tiroideias a nível dos tecidos e tem uma prevalência aproximada de 2.5%. O hipertiroidismo é uma forma de tireotoxicose em que existe hiperfunção da glândula tiroideia e em que a TSH se encontra diminuída no sangue. Tal como no hipotiroidismo podem existir formas clínicas e subclínicas de acordo com a presença ou não de elevação dos níveis sanguíneos de alguma das hormonas tiroideias.

Os principais sintomas e sinais do hipertiroidismo incluem o emagrecimento, irritabilidade, intolerância ao calor, palpitações, taquicardia, hipersudorese e hiperdefecação.

As principais causas de hipertiroidismo são a doença de Graves e o bócio nodular tóxico. No caso da doença de Graves, de etiologia autoimune, em que toda a glândula apresenta uma produção aumentada de hormona tiroideias, para além da tiroide podem ser atingidos outros tecidos, nomeadamente o olho provocando exoftalmia. No bócio nodular tóxico, um ou mais nódulos produzem hormonas tiroideias em excesso.

O tratamento do hipertiroidismo depende da sua causa e numa fase inicial envolve o tratamento com um fármaco inibidor da síntese das hormonas tiroideias, habitualmente o tiamazol.

 

Dr. Luís Raposo
Assistente Graduado de Endocrinologia-Nutrição do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental / Investigador da EPIUnit – Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto
Endocrinologista na Clínica de Santo António 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Seminário
A saúde que se faz em Portugal faz-se bem e tem um grande potencial de desenvolvimento, contudo precisa de construir uma...

Antecipando a sua intervenção no seminário “O grande potencial do desenvolvimento da saúde”, que decorre hoje na Universidade Portucalense, no Porto, Luís Portela considerou que a saúde no nosso país se faz bem nas três vertentes, nomeadamente na investigação, cuidados e empresarial, apesar de por vezes merecer críticas.

A nível da investigação Portugal evoluiu muito nos últimos 10 a 15 anos, dado o número de investigadores na área das ciências da saúde ser o dobro do que era há 10 anos e o número de publicações científicas ser duas vezes e meia superior, explicou.

“Temos gente muito boa que publica nos melhores sítios, nos melhores jornais da especialidade”, vincou.

Também a área dos cuidados de saúde tem estado “bastante bem”, considerou, apesar de entender que há sempre melhorias a fazer.

Luís Portela asseverou que globalmente os indicadores são favoráveis, dado a esperança média de vida à nascença ter aumentado substancialmente e a mortalidade infantil ter diminuído muito, sendo das mais baixas do mundo.

Quanto à vertente empresarial, o presidente não executivo recordou que apesar das condições difíceis dos últimos anos devido à crise económica, as empresas da área da saúde continuaram a investir razoavelmente em investigação, tanto que, na área das patentes entre as 20 empresas que mais patenteiam em Portugal ou a partir de Portugal para o mundo 10 são da área da saúde.

O número de exportações duplicou nos últimos 10 anos, tendo o país exportado em 2016 e 2017 cerca de 1,4 mil milhões de euros, o que é o dobro do que exportava há 10 anos e mais do que exportam todos os vinhos e cortiças, avançou.

Considerando que a saúde em Portugal tem um grande potencial de desenvolvimento, Luís Portela frisou que para “dar o salto” precisa de ser melhor conhecida no exterior.

“Os europeus conhecem-nos pelos bons vinhos e pela cortiça, mas não nos conhecem pela saúde que se faz, precisamos de construir uma reputação internacional em torno da saúde”, entendeu.

Luís Portela adiantou que Portugal tem muito conhecimento nas instituições e universidades, conhecimento esse que tem de ser transferido para as empresas, sejam elas nacionais ou internacionais, acrescentando ser importante criar riqueza a partir do conhecimento acumulado.

Na sua opinião, Portugal tem oportunidade de negócio na área do medicamento, prestação de cuidados e investigação porque oferece qualidade de serviços a preços razoáveis e competitivos a nível internacional.

“Há capacidade de negócio, há capacidade de atrair empresas multinacionais”, terminou.

Diploma
O parlamento aprovou, sem votos contra, em votação final global, o texto proveniente da Comissão de Saúde que alterou o decreto...

A esquerda parlamentar e o PAN votaram a favor da versão final do diploma acordada no âmbito da Comissão Parlamentar de Saúde, tendo o PSD e o CDS-PP optado pela abstenção.

Em fevereiro deste ano, o Governo aprovou legislação para definir o regime jurídico do internato médico, estabelecendo, também, os princípios gerais a que deveria obedecer o respetivo processo.

No entanto, este decreto foi contestado imediatamente pelo BE e pelo PCP, que avançaram com pedidos de apreciação parlamentar do diploma.

BE e PCP consideraram que o Governo estava a manter normas introduzidas pelo anterior executivo PSD/CDS-PP - normas que bloquistas e comunistas caracterizaram como sendo "responsáveis pela quebra da unidade formativa dos médicos e pela criação de cada vez mais profissionais sem especialidade".

"Defender a formação médica de qualidade é defender um dos pilares fundamentais da democracia, o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Defender a formação médica implica defender a especialização de todos os médicos", considerou o BE no momento da apreciação parlamentar do decreto do Governo.

Já o PCP avançou com alterações ao diploma inicial do Governo para "preservar e garantir a qualidade da formação médica especializada, criar condições para o alargamento das idoneidades formativas no SNS, tendo em vista que todos os médicos tenham acesso à formação pós-graduada".

 

INEM
Um homem sofreu ontem à tarde queimaduras em 40% do corpo durante uma queimada na freguesia de S. Pedro de France, no concelho...

“Foi transportado pelo helicóptero do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica), a partir do aeródromo de Viseu, para Coimbra”, referiu.

A mesma fonte disse que, segundo informação da GNR, a extensão das queimaduras se terá ficado a dever à roupa que o homem trazia vestida.

À localidade de Figueiredo, na freguesia de S. Pedro de France, deslocaram-se uma ambulância do INEM, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação, os Bombeiros Voluntários de Viseu (para a extinção da queimada), uma equipa de ambiente e uma patrulha da GNR.

 

Tecnonologia
Investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (Estados Unidos) construíram um sensor ingerível, com bactérias...

A abordagem “bactérias num chip” combina sensores feitos com células vivas e componentes eletrónicos de muito baixa potência, que convertem a resposta bacteriana num sinal “wireless” que pode ser lido por um telemóvel.

“Combinando sensores biológicos modificados com componentes eletrónicos de muito baixa potência podemos detetar sinais biológicos no corpo e quase em tempo real ter novas capacidades de diagnóstico para aplicações de saúde no ser humano”, disse Timothy Lu, professor do Instituto.

Segundo o estudo, publicado hoje na edição on-line de 24 de maio da revista Science, os investigadores criaram sensores que respondem a uma componente do sangue (heme) e outros que podem responder a uma molécula que é um marcador de inflamações.

Na última década os biólogos fizeram grandes progressos no uso de bactérias para responder a estímulos, como poluentes ambientais ou marcadores de doenças. Para tornar essas bactérias mais úteis em aplicações do mundo real os investigadores decidiram combiná-las com um chip eletrónico que pode traduzir a resposta das bactérias num sinal wireless.

A ideia, disseram os investigadores, era “empacotar” as células bacterianas num dispositivo que as libertaria à passagem pelo estômago.

Os primeiros sensores ingeríveis foram testados em porcos e mostraram que podem determinar corretamente se há algum sangue presente no estômago. Segundo os investigadores o sensor pode ser projetado para ser usado apenas uma vez ou para permanecer no aparelho digestivo durante vários dias ou mesmo semanas, enviando sinais continuamente.

Atualmente, se há uma suspeita de sangramento devido a uma úlcera gástrica é necessário fazer uma endoscopia, que muitas vezes é feita através de sedação.

“O objetivo com este sensor é contornar um procedimento desnecessário apenas ingerindo a cápsula, sabendo em pouco tempo se há ou não um problema de sangramento”, disse Mark Mimee, um dos principais autores do estudo.

Os investigadores procuram agora reduzir o tamanho do sensor e estudar quanto tempo as células bacterianas podem sobreviver no aparelho digestivo. E esperam também desenvolver sensores para outras situações gastrointestinais além do sangramento.

O presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos defendeu ontem um aumento do financiamento da saúde no Orçamento de...

"É preciso dar mais importância e aumentar o PIB (Produto Interno Bruto) `per capita´ dedicado à saúde, de forma a responder, não só aos problemas da emergência, mas também aos problemas da prevenção, do tratamento e da evolução dos cuidados de saúde", disse à agência Lusa Alexandre Valentim Lourenço, após uma visita ao serviço de urgência do Hospital São Bernardo, em Setúbal, a que se seguiu uma reunião com médicos daquela unidade hospitalar para debater os problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"O PIB `per capita´ antes da intervenção da `troika´ andava à volta dos 6,5% para a saúde no SNS, no anterior Governo era de 5,3% e atualmente está nos 4,8%. Estamos mais abaixo do que estávamos na altura da intervenção da `troika", disse, salientando que alguns países europeus gastam "oito e nove por cento" do PIB na saúde.

Confrontado com o crescimento do setor privado na área da saúde, Alexandre Valentim Lourenço reconheceu que o dinheiro do Estado canalizado para o setor privado seria mais útil no SNS.

"Ao canalizar para o exterior contratualizações à peça, para empresas que, muitas vezes, não têm rosto, e que não estão sob a alçada dos diretores clínicos e diretores de serviço, estamos a piorar muito a qualidade. E, por isso, esse dinheiro que é investido fora do sistema, se for colocado no SNS, claramente, vai permitir melhorar muito o SNS", disse.

Referindo-se ao Hospital São Bernardo, o presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos considerou que o serviço de urgência está subdimensionado para a população e carente, quer de recursos humanos, quer de espaço, e lembrou que há a promessa de um novo serviço de urgência para aquela unidade hospitalar de Setúbal, mas que tarda em ser concretizada.

"Há um serviço de urgência prometido há muitos anos e que não vemos meio de ser efetivado. A qualidade da assistência aos doentes da região está afetada por esta falta de capacidade do serviço de urgência de responder às populações. O serviço de urgência canibaliza toda a capacidade do hospital de trabalhar de uma forma calma. Vive-se em função da urgência, que funciona mal e, por isso, os médicos e outros recursos são desviados para o serviço de urgência, não se fazendo aquilo que o hospital sabe fazer bem", disse.

"Não há médicos novos - os concursos são sistematicamente atrasados - e os que se mantêm no hospital estão a atingir o limite de idade e um cansaço extremo e não conseguem responder às solicitações", acrescentou Alexandre Valentim Lourenço, advertindo que estes problemas, comuns a vários hospitais, estão a atingir alguns serviços que estavam protegidos, como a maternidade e a urgência pediátrica.

As críticas à situação no Hospital São Bernardo e no SNS foram partilhadas por Pinto de Almeida, do Sindicato Independente dos Médicos, que sublinhou o esforço de muitos médicos para minimizarem os prejuízos para a população decorrentes da falta de médicos e de outros profissionais na área da saúde.

"O SNS está com uma grande carência de médicos - não só de médicos, mas de outras áreas profissionais também - e aquilo que notamos é que uma grande percentagem dos médicos está com idades elevadas, mas continuam sem invocar as regalias que teriam, de escusa ao serviço de urgência, para tentar que os serviços se mantenham a funcionar. Se não houvesse esse esforço, provavelmente grande parte dos serviços já teriam entrado em falência", disse Pinto de Almeida.

"Na prática, o que foi construído desde o ex-ministro da Saúde Paulo Macedo, foi um SNS a duas velocidades. Há uma política de concentração excessiva de recursos humanos e técnicos em determinados hospitais, em função do reconhecimento dos centros de referenciação, e o que acontece a seguir é que vemos um afunilamento de cuidados, a falta de contratação de pessoas e o despovoar de todo um território relativamente à prestação de cuidados de saúde. As pessoas depois recorrem a meia dúzia de centros onde há problemas gravíssimos", acrescentou o dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, Jorge Espírito Santo, que também participou no encontro realizado no Hospital São Bernardo.

Para Jorge Espírito Santo, é "necessário garantir que o SNS continue a ser capaz de formar médicos e de lhes proporcionar condições adequadas de trabalho".

Alerta SPAIC
Portugal continental vai ter ao longo dos próximos sete dias níveis de pólenes elevados em quase todo o país, sendo apenas...

De acordo com informação da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, até final do mês vão predominar, entre outras, concentrações elevadas de pólen de gramíneas, parietária e urtiga, carvalhos e oliveira.

Enquanto na Madeira são esperados níveis baixos de pólenes, e moderados nos Açores, na zona do Porto os carvalhos e oliveiras, e as gramíneas, parietária, tanchagem e urtiga serão responsáveis por níveis elevados de pólen.

Mais a sul, na região de Coimbra, mas também em Castelo Branco e em Lisboa e Setúbal e na zona do Algarve, as ervas, as oliveiras e os carvalhos tornam elevadas as concentrações de pólen.

No Alentejo interior, na zona de Évora, predominam os pólenes dos sobreiros e das oliveiras e das ervas gramíneas e tanchagem, também em níveis elevados, segundo o boletim polínico da Sociedade.

 

 

Dos 18 aos 24 anos
A Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa acolhe, na segunda e terça-feira, rastreios às doenças...

Ao fazerem o rastreio, os jovens, que derem o seu consentimento, estão a participar num estudo promovido pelo INSA, que visa obter dados relativos à prevalência em Portugal das DST causadas pelas bactérias Chlamydia trachomatis, (Clamídia Genital), Neisseria gonorrhoeae (Gonorreia), Mycoplasma genitalium e pelo parasita Trichomonas vaginalis (Tricomoníase), que segundo a Organização Mundial da Saúde, causam mais de 350 milhões de novas doenças por ano, no mundo, sendo as mais frequentes nos jovens sexualmente ativos.

A maioria das DST não causa sintomas, ou seja, os infetados não sentem necessidade de procurar diagnóstico, não são tratados e continuam a transmitir a infeção aos seus parceiros. É necessário atuarmos ao nível da prevenção e da sensibilização, sobretudo porque a população jovem também desconhece as consequências das DST na sua saúde reprodutiva”, afirma em comunicado Maria José Borrego, Investigadora e Coordenadora do Laboratório Nacional de Referência das Infeções Sexualmente Transmissíveis do INSA.

As DST que são objeto do estudo são curáveis pela simples toma de antibiótico, mas quando não tratadas, podem causar doença inflamatória pélvica e infertilidade e, por outro lado, potenciam o risco de aquisição e transmissão do VIH/sida, adverte a investigadora, adiantando que o conhecimento da prevalência das DST permitirá “implementar medidas de prevenção adequadas”.

 

 

Subsídio de doença
O Governo aprovou hoje medidas para reforçar a proteção social dos trabalhadores independentes, como a atribuição mais célere...

Num ‘briefing’ aos jornalistas, o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, apresentou as medidas para o reforço da proteção social para os trabalhadores independentes, considerando que a alteração “mais relevante” ocorre no subsídio de doença a atribuir a estes trabalhadores.

“Passa a ser considerado um período de 10 dias para o processamento do subsídio de doença. Antes desta reforma, os trabalhadores independentes só tinham proteção 30 dias após o atestado de incapacidade para o trabalho”, disse Vieira da Silva, acrescentando que, assim, se aproxima a atribuição deste subsídio ao regime dos trabalhadores por conta de outrem (três dias).

Na proteção ao desemprego, considerou o ministro, também “são introduzidas alterações relevantes”, sobretudo no prazo de garantia por cessação de atividade, ajustando-o ao prazo previsto para trabalhadores por conta de outrem.

O decreto-lei que altera os regimes jurídicos de proteção social dos trabalhadores independentes, aprovado hoje, reduz a metade o período que dá acesso ao subsídio por cessação de atividade: assim, os trabalhadores independentes economicamente dependentes (de uma só entidade contratante) passam a ter acesso ao subsídio por cessação de atividade com 360 dias de desconto (contra os atuais 720).

Outra alteração é que para o acesso a esta proteção passam a “relevar, apenas para efeito de prazo de garantia, os períodos cumpridos no âmbito do regime dos trabalhadores independentes e cumulativo aos períodos cumpridos no regime de trabalhadores por conta de outrem”, disse Vieira da Silva.

Isto quer dizer que “um trabalhador independente que, por exemplo, transforme a sua relação de trabalho numa relação de trabalho por conta de outrem e ela finaliza por motivo de desemprego tem direito, para o subsídio de desemprego, contar a totalização do tempo que esteve a descontar, incluindo como trabalhador independente, coisa que hoje não era possível”, explicou o ministro.

“É uma questão de princípio, porque uma pessoa é contribuinte e os dois sistemas contributivos protegem na situação de desemprego. Portanto, é lógico que haja a totalização do período de descontos para efeito do prazo de garantia”, afirmou o ministro.

O decreto-lei aprovado hoje introduz também uma alteração ao regime de proteção no desemprego dos empresários em nome individual, no conceito de redução do volume de negócios, "que era extremamente exigente por considerar que era preciso uma quebra de 60%".

“Esse valor passou para 40%, aumentando potencialmente o número dos profissionais enquadrados nesta medida”, disse Vieira da Silva.

O Conselho de Ministros aprovou também alterações na dimensão da parentalidade, através do alargamento do direito a subsídio de assistência a filhos e a netos dos trabalhadores independentes, à semelhança do que acontece com os trabalhadores dependentes, o que não estava previsto no regime anterior.

Vieira da Silva estima que estas novas medidas custem cerca de seis milhões de euros por ano à Segurança Social, mas surgem numa “lógica de equilíbrio”, lembrando que foi reforçada a taxa contributiva a cobrar às empresas e alargada a base de incidência, o que também implica um aumento das receitas da Segurança Social.

Estas medidas devem entrar em vigor em julho deste ano, disse o ministro.

31 de maio | Dia Mundial Sem Tabaco
Presidente da Pulmonale afirma que: “os jovens consideram que o tabagismo não os vai afetar num horizonte temporal alargado”

Para Isabel Maria Magalhães, Presidente da Pulmonale, um dos principais problemas no combate ao tabagismo na população jovem está no espaço temporal entre o momento em que se começa a fumar e o aparecimento de doenças graves, como o cancro do pulmão, em que 85% dos casos se deve ao tabaco. Isto porque, explica, “os jovens consideram que o tabagismo não os vai afetar num horizonte temporal alargado”.

São inúmeras as campanhas anti-tabágicas que alertam a população para esta problemática. Contudo, “há um longo caminho a percorrer para que as mesmas se traduzam de facto em ganhos para a sociedade, sendo necessário um modelo de implementação onde os resultados possam ser mensuráveis”. Ainda assim, é nítido para Isabel Maria Magalhães que os portugueses têm vindo, progressivamente, a conhecer os malefícios do tabaco “tradicional” e da exposição ao fumo passivo, mas no que respeita às novas formas de tabagismo, como o cigarro eletrónico e o cigarro aquecido, a informação é ainda pouco esclarecedora e percebida.  

O tabaco está associado ao aparecimento de inúmeras doenças, entre as quais o cancro do pulmão. Com a incidência no nosso país a aumentar, registam-se cerca de 4200 novos casos por ano e é nas mulheres que a incidência mais tem crescido. António Araújo, oncologista, refere que “existe uma relação direta entre o consumo de tabaco (número de anos que se fuma e de cigarros fumados) e o aparecimento de cancro”, alertando também para o risco da exposição ao fumo passivo: “estar exposto permanentemente ao fumo passivo vai aumentar diretamente o risco de desenvolver doença.”

Os dados estatísticos relativos à mortalidade por cancro do pulmão em Portugal não são claros, uma vez que a mesma é contabilizada em grupo com os tumores da laringe, traqueia e brônquios. Ainda assim, segundo as Estatísticas de Saúde de 2016 do INE, este conjunto é entre os tumores malignos o mais mortífero.

No tratamento do cancro do pulmão começam a ser utilizados, em detrimento da quimioterapia, medicamentos dirigidos a alterações genéticas específicas dos tumores, com taxas de resposta superiores a 70% e com boa qualidade de vida. “No fundo, estes medicamentos vieram trazer ao binómio quantidade/qualidade de vida dos nossos doentes um incremento muito significativo”, explica o especialista.

Para além disso e recentemente, surgiu a imunoterapia, que consiste na modelação do sistema imunológico do doente para que seja este a controlar o cancro, uma terapêutica cada vez mais utilizada. “Em vez de tratarmos diretamente o cancro, estimulamos o sistema imunológico do doente para que este lute contra a doença, tratando-se assim de uma mudança no paradigma do tratamento”, explica António Araújo, acrescentando ainda que, embora apenas 30 a 35% dos doentes respondam positivamente a este tratamento, os que o fazem beneficiam de um aumento na sobrevivência que pode ultrapassar os 4 anos e com uma grande qualidade de vida.

Neste seguimento, também Isabel Maria Magalhães refere que “nos últimos anos tem havido uma evolução no conhecimento desta patologia e nos seus tratamentos, existindo uma mudança de paradigma baseada na medicina personalizada, onde ‘não há doenças, há doentes’.”

Protesto
Algumas centenas de pessoas estão concentradas, desde as 12:30 de hoje, junto à Assembleia da República a lutar contra a...

A concentração foi promovida pelo movimento de cidadãos Stop Eutanásia, que tem promovido várias iniciativas contra a despenalização.

Em declarações à agência Lusa Sofia Guedes, representante deste movimento, disse estar fortemente convicta de que "a larga maioria dos portugueses é contra a eutanásia". Sofia Guedes lembra os deputados que a "sua consciência" representa "boa parte do povo português".

Hoje de manhã elementos do movimento estiveram reunidos com o grupo parlamentar do PSD. Sofia Guedes recorda que este foi o partido mais votado nas últimas eleições legislativas e considera que, por isso, tem a responsabilidade de fazer respeitar o desejo dos portugueses.

“Vida sim, eutanásia não” e “exigimos cuidados paliativos para todos” são algumas das principais mensagens gritadas e escritas em cartazes pelos manifestantes, concentrados à porta do parlamento que, no dia 29, debaterá quatro projetos sobre a despenalização da morte medicamente assistida.

O PAN foi o primeiro a apresentar um projeto, ainda em 2017, seguido pelo BE, pelo PS e o Partido Ecologista "Os Verdes".

Todos os diplomas preveem que só podem pedir, através de um médico, a morte medicamente assistida pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável, sendo necessário confirmar várias vezes essa vontade.

 

 

 

Rastreio
A sensibilização de artistas e da comunidade do distrito de Setúbal para os problemas da voz é o objetivo de um rastreio, a 29...

O Rastreio Nacional da Voz Artística é uma iniciativa da Fundação GDA, Gestão dos Direitos dos Artistas, entidade que gere os direitos de propriedade intelectual de músicos, atores e bailarinos, em parceria com o Ministério da Saúde, através da Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz, que, segundo a GDA, constitui a principal referência nacional, na área da voz, do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"Este rastreio nacional é uma forma de chamar a atenção dos cantores e dos atores portugueses para os cuidados regulares que devem ter com o seu aparelho vocal: a exigência permanente a que a voz profissional está sujeita desenvolve algumas patologias que, se não forem detetadas cedo e corrigidas, comprometem a prazo a qualidade do desempenho artístico", disse à agência Lusa, Clara Capucho, a cirurgiã otorrinolaringologista responsável pelo rastreio.

"Além de cantores e atores, é crucial para a saúde vocal dos portugueses que todas as pessoas, regularmente, façam um exame às suas cordas vocais. É isso que permite fazer o diagnóstico precoce de várias doenças, entre as quais o cancro da laringe", salientou Clara Capucho, alertando para a importância da voz para muitos profissionais, designadamente para professores, jornalistas, advogados, políticos ou padres, entre muitos outros.

O rastreio da voz que terá lugar em Setúbal surge na sequência de iniciativas semelhantes organizadas pela GDA, de norte a sul do país, designadamente no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, e nos centros de saúde dos distritos de Vila Real, Bragança, Beja, Portalegre, Faro e Évora, é aberto a toda a comunidade mediante prévia inscrição na Unidade de Saúde de São Filipe.

Os artistas da região de Setúbal interessados no rastreio de voz podem ainda fazer a inscrição na GDA.

Segundo Luís Sampaio, vice-presidente da GDA que acompanha o rastreio, "a Fundação tem sido uma das organizações que mais consistentemente tem promovido uma cultura de saúde da voz (…) e tem tido um papel importante no apoio e acompanhamento de casos críticos graves de alguns artistas".

A realização do rastreio da voz em todos os distritos e regiões autónomas permite fazer o diagnóstico precoce de várias doenças típicas dos profissionais da voz, muitos dos quais não tinham acesso a este tipo de exames nas unidades de saúde próximas dos locais onde residem.

Doenças continuam subdiagnosticadas
Estima-se que cerca de um milhão de portugueses sofra de distúrbios da Tiroide e que mais de metade

Localizada na base do pescoço, “imediatamente abaixo da laringe” também conhecida por maçã-de-adão, a tiroide é a glândula que “controla” o nosso metabolismo através da produção de duas hormonas essenciais: “T3 e a T4 que quando são libertadas atuam em quase todas as células do nosso organismo”. Estas hormonas, para além de controlarem a velocidade das funções químicas do corpo (a chamada velocidade metabólica), “atuam diretamente no crescimento de crianças e adolescentes, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração, no humor e no controlo emocional”

De acordo com Inês Sapinho, especialista em Endocrinologia no Hospital Cuf Descobertas, estas regulam ainda a frequência cardíaca e respiratória, a pressão arterial e o funcionamento do intestino. “Simplificando, podemos afirmar que as hormonas tiroideias regulam a velocidade de funcionamento das células, garantindo o equilíbrio do organismo”, resume. Quando desreguladas, provocam distúrbios que comprometem este equilíbrio.

O Hipotiroidismo e o Hipertiroidismo são os distúrbios da Tiroide mais frequentes, apresentando maior prevalência no sexo feminino. No entanto, estas não são as únicas patologias que lhe estão associadas, pelo que vale a pena estar atento aos principais sinais.

“A probabilidade de as mulheres desenvolverem problemas da tiroide é 5 a 8 vezes superior aos homens. A razão não é clara, mas pode estar associada a fatores genéticos, hormonais e ambientais”, explica Inês Sapinho.

O Hipotiroidismo, que pode atingir entre 1 a 8,5% da população e que se manifesta maioritariamente em mulheres entre os 40 e os 50 anos, caracteriza-se pela diminuição da produção e secreção das hormonas da tiroide. “A redução dos níveis de hormonas tiroideias faz diminuir toda a velocidade de funcionamento do nosso organismo”, adianta destacando o cansaço, a falta de energia, a obstipação ou o aumento de peso como alguns dos principais sintomas. “Em situações extremas pode levar ao coma”, alerta.

A causa mais frequente é a doença autoimune, no entanto, este distúrbio pode surgir “como resultado de uma remoção da glândula por cirurgia ou pós tratamento com iodo radioativo, entre outras”.

O tratamento padrão para o hipotireoidismo envolve o uso diário de uma versão sintética da hormona tiroideia em falta.

No Hipertiroidismo passa-se exatamente o contrário, uma vez que este distúrbio é causado por uma produção excessiva de T4 e T3, afetando aproximadamente 2% de mulheres e 0,2% de homens a nível mundial. É, no entanto, mais comum em mulheres entre os 20 e os 40 anos.

“Existem muitas causas para o hipertiroidismo sendo que a principal causa é uma doença autoimune, causada por anticorpos que estimulam a glândula (Doença de Graves)”, refere a especialista.

“De acordo com a causa, a idade do doente, outras doenças associadas, podemos optar por um tratamento médico, isto é, com comprimidos, por tratamento com iodo radioativo ou pela cirurgia”, explica.

Quanto aos sintomas, o excesso de hormonas em circulação traduz-se numa aceleração de todas as funções, pelo que as manifestações clínicas passam por irritabilidade, ansiedade, insónias, aumento de apetite, emagrecimento, aumento do trânsito intestinal, intolerância ao calor, tremor das mãos ou falta de concentração. “No entanto, a preocupação maior é com as palpitações que podem evoluir para arritmias graves”, destaca entre as principais complicações.

Patologia nodular aumenta com a idade

Mais frequentes no sexo feminino, os nódulos podem estar associados a história familiar de nódulos da tiroide, antecedentes de irradiação prévia da cabeça e do pescoço e a deficiência de iodo. E, ao contrário do que se possa pensar, são quase sempre benignos. O tratamento pode ser ou não cirúrgico, dependendo do resultado da sua análise.

Habitualmente estes manifestam-se através de uma saliência indolor no pescoço, podendo existir rouquidão, endurecimento e presença de gânglios aumentados no pescoço.

Quanto às causas, a especialista afirma que não existe um único motivo para o aparecimento de nódulos, embora se pense que possam resultar de um desenvolvimento anormal do tecido glandular, uma deficiência em iodo ou inflamação da tiroide.

Diagnóstico é fácil, simples e acessível

Muitas vezes silenciosas e provocando sintomas inespecíficos, as doenças da tiroide podem demorar algum tempo até serem diagnosticadas, no entanto, basta uma análise sanguínea para serem detetados eventuais problemas.

Já os nódulos, estes são muitas vezes detetados pelos próprios doentes ou pelo médico ao fazer a palpação cervical. “Para o esclarecimento é necessário realizar uma ecografia tiroidea e, se necessário, realizar a citologia aspirativa ecoguiada. Todos os doentes com patologia nodular também devem fazer a avaliação da função tiroidea”, explica Inês Sapinho, endocrinologista.

No âmbito da Semana Internacional da Tiroide, cujo tema deste ano é “devemos assumir o controlo”, a especialista aconselha a que esteja, por isso, atento aos sinais. “É verdade que muitos sintomas são inespecíficos, sobrepondo-se ao de outras doenças e podem resultar do cansaço profissional e familiar, mas pela simplicidade com que podemos fazer a avaliação da função tiroidea não a devemos adiar”, aconselha.

“Sempre que o nosso corpo nos esteja a dar sinais de que algum não está bem, como por exemplo com as manifestações já aqui descritas, é importante pensar que se deve recorrer ao médico para fazer um despiste”, reforça.  

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
A eutanásia e os cuidados paliativos coexistem e não se excluem, segundo um estudo que demonstra que muitos dos casos de...

Segundo um estudo publicado no ano passado na revista internacional Palliative Medicine, a percentagem de pessoas que teve acesso a cuidados paliativos na Bélgica é superior entre os que solicitaram eutanásia do que na restante população que não morre de morte repentina.

Um dos autores deste estudo, o sociólogo belga Joachim Cohen, refere que, na Bélgica, a eutanásia acontece depois de os doentes terem acesso a cuidados paliativos com qualidade.

O estudo, publicado em 2017 e que analisou a realidade belga, mostra que, de todos os utentes de cuidados paliativos, houve 14% que solicitaram eutanásia.

Em resposta escrita à agência Lusa, o sociólogo, que trabalha num centro dedicado às questões de fim de vida, refere ter estudos e análises de dados que demonstram que as pessoas que procuram a eutanásia são sobretudo doentes mais informados e com níveis de educação elevados.

Os doentes oncológicos e pessoas entre os 65 e os 79 anos estão também entre os grupos mais relevantes quanto aos pedidos de eutanásia, segundo o estudo, após análise a mais de 6.800 casos de vários tipos de mortes na Bélgica.

Os autores destacam ainda que, no país, as federações de cuidados paliativos aceitam que a eutanásia aconteça no contexto de bons cuidados paliativos.

“Num contexto de eutanásia legalizada, a eutanásia e os cuidados paliativos não surgem como práticas contraditórias. Uma proporção substancial de pessoas que realizou pedido de eutanásia era seguida por serviços de cuidados paliativos”, refere uma das conclusões do estudo.

Joachim Cohen e a equipa do End-of-Life Care Research Group analisaram também a posição das sociedades e dos países relativamente à eutanásia e à morte medicamente assistida.

“A aceitação pública aumentou ao longo do tempo, mas com variações consideráveis entre os países”, concluiu o investigador.

Nesta análise coube ainda a procura pelas razões desta variação, sendo que a religiosidade surgiu como um dos fatores que influencia a posição sobre a eutanásia.

De acordo com Joachim Cohen, um “declínio na religiosidade” explica em parte um aumento da aceitação da eutanásia” na Europa Ocidental.

Outro dos fatores que influencia a posição sobre a eutanásia é a tolerância à autonomia e à liberdade de escolha.

Num outro artigo científico em que Joachim Cohen participou, de 2016, mostra que nem sempre as opiniões dos cidadãos e dos médicos sobre a eutanásia são coincidentes, podendo ser mais fácil despenalizar a eutanásia quando essa diferença de opinião não é tão significativa.

Resultados de estudo
A Agência Europeia de Medicamento recomenda que não sejam prescritos medicamentos com dolutegravir, usado no tratamento do HIV,...

Segundo uma nota publicada na página da Internet do Infarmed, o Comité de Avaliação e Risco em Farmacovigilância (PRAC) da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) adianta que iniciou a avaliação dos resultados preliminares de um estudo em que foram identificados quatro casos de defeitos à nascença, como espinha bífida em bebés nascidos de mães que engravidaram enquanto tomavam o dolutegravir.

O dolutegravir é usado para o tratamento da infeção por HIV (vírus da imunodeficiência humana). Em Portugal, existem dois medicamentos contendo dolutegravir: Tivicay (contém apenas a dolutegravir) e Triumeq (que contém dolutegravir, abacavir e lamivudina).

Na nota, o Comité recomenda que enquanto decorrer a avaliação e como precaução os profissionais de saúde não devem prescrever Tivicay e o Triumeq a mulheres em idade fértil que estejam a tentar engravidar.

É também recomendado que antes do início do tratamento com o Tivicay ou o Triumeq seja excluída a possibilidade de existência de gravidez.

As mulheres em idade fértil devem ser alertadas sobre a necessidade de utilização de métodos contracetivos eficazes durante todo o tratamento.

“Em mulheres a tomar Tivicay ou Triumeq, caso seja confirmada a gravidez no decurso do primeiro trimestre de gestação, deverá ser considerado um tratamento alternativo”, é referido.

No que diz respeito aos doentes, o Comité e o Infarmed pedem que os doentes sejam informados sobre os possíveis riscos da toma do medicamento.

As mulheres em idade fértil devem utilizar um método contracetivo eficaz durante o tratamento com dolutegravir, recomendam.

É também aconselhada a não interrupção do uso do medicamento sem consultar o médico.

O Comité e o Infarmed esclarecem que o estudo, cujos resultados finais deverão ser apresentados daqui a um ano, analisou bebés nascidos de 11.558 mulheres do Botsuana infetadas pelo HIV.

Os resultados preliminares mostram que 0,9% dos bebés (4 em 426) cujas mães engravidaram enquanto tomavam dolutegravir apresentavam um defeito no tubo neural, em comparação com 0,1% dos bebés (14 de 11173), cujas mães tomavam outros medicamentos para o HIV.

 

Uma equipa de cientistas desenvolveu uma nova técnica para detetar mosquitos infetados com o vírus zika, que afirma ser 18...

"Podemos identificar rapidamente os mosquitos que estão infetadas com o vírus zika para que as autoridades de saúde pública possam tratar as áreas afetadas antes do virus se espalhar para os seres humanos” explicou, em comunicado, a investigadora cientifica Maggy Sikulu-Lord, da Universidade de Queensland, Austrália.

Os cientistas Sikulu-Lord e Jill Fernandes descobriram que a tecnologia Espetroscopia no infravermelho próximo (NIRS) é mais eficiente na deteção do vírus, já que "envolve apenas a projeção de um raio de luz sobre os mosquitos de forma a determinar se estão infetados”, lê-se no comunicado.

Até ao momento, a utilização da tecnologia NIRS tem demonstrado ser bastante eficaz na identificação de mosquitos infetados. Durante um estudo realizado em condições de laboratório no Brasil os resultados obtidos tiveram uma taxa de sucesso entre os 94% e os 99%.

Os investigadores estão agora a analisar o nível de precisão desta ferramenta em condições naturais, no Rio de Janeiro, na esperança que esta técnica possa ajudar a detetar outras doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue ou a malária.

A infeção pelo vírus zika transmite-se aos humanos pela picada de um mosquito e tem sido associada a microcefalia (tamanho do cérebro e da cabeça mais pequeno) em fetos e recém-nascidos.

Um surto atingiu em 2015 vários países da América Latina, sobretudo Brasil.

 

Estudo
O acesso e a qualidade dos serviços de saúde melhoraram no mundo entre 2000 e 2016, um período que viu tornarem-se mais comuns...

Segundo o estudo, divulgado pela revista médica científica The Lancet, os países com mais altos níveis de acesso à saúde e qualidade dos serviços são a Islândia, a Noruega e a Holanda, enquanto os países com pior pontuação são a Somália, a Guiné-Bissau e a República Centro-Africana.

Os autores do trabalho salientam que as melhorias registadas nos últimos 16 anos se devem em parte à evolução em muitos países de baixo e médio rendimento da África subsaariana e do sudeste asiático.

Segundo o documento os países que mais melhoraram no período em análise foram a Etiópia, o Ruanda, a Guiné Equatorial, Birmânia e Camboja. No entanto nos Estados Unidos e em países da América Latina como Porto Rico, Panamá e México o progresso diminuiu ou estagnou.

Essa estagnação ou retrocesso, segundo os autores do estudo (“Global Burden of Disease”), pode ser um aviso para esses sistemas de saúde, que não estão a evoluir na mesma proporção das necessidades da população, especialmente porque as doenças não contagiosas e os cancros se tornaram mais comuns.

“Estes resultados enfatizam a necessidade urgente de melhorar quer o acesso quer a qualidades dos cuidados de saúde, caso contrário os sistemas de saúde podem criar um grande fosso entre os serviços de saúde e as necessidades da população”, disse um dos autores do estudo, Rafael Lozano, da Universidade de Washington.

“Agora é o momento de investir para ajudar a levar os sistemas de saúde à próxima geração, e acelerar o progresso na era dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, acrescentou.

O estudo utilizou um índice para medir a qualidade da prestação de cuidados de saúde e a acessibilidade aos mesmos, baseado em 32 causas de morte evitáveis com uma assistência médica eficaz. Foram analisados 195 países e a média global foi de 54,4 pontos, mais do que os 42,4 pontos em 2000. As disparidades entre países mantiveram-se semelhantes, com uma diferença de 78,5 pontos entre os melhores e os piores: 18,6 pontos na República Centro-Africana e 97,1na Islândia.

 

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