Conservantes não autorizados
O Infarmed ordenou a suspensão imediata da comercialização e a retirada do mercado de todas as unidades do produto cosmético...

Segundo o site oficial do Instituto da Farmácia e do Medicamento (Infarmed), este produto “não cumpre com o Regulamento (CE) n.º 1223/2009, de 30 de novembro, devido à identificação laboratorial de Phenoxyethanol não declarado na lista de ingredientes, bem como à utilização de conservantes não autorizados”.

O Infarmed determina que “as entidades que disponham de embalagens deste produto não as podem disponibilizar, devendo proceder à sua devolução”.

Os consumidores que possuam este cosmético não o devem utilizar, alerta o organismo.

Para obter informações adicionais, devem contactar a Angelini Farmacêutica, Lda.

 

Via Verde Coronária
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) já encaminhou 552 casos de enfarte agudo do miocárdio (EAM) neste ano, até 27...

Esta informação foi divulgada a propósito do dia Mundial do Coração, que se assinalou no sábado. A maior parte daqueles casos foi referente a homens (415). Em termos distritais, destacaram-se Porto (124) e Lisboa (121), seguidos por Setúbal (57), Faro (51) e Braga (37).

Por unidade hospitalar, foi o Centro Hospitalar de São João – Hospital de São João que mais casos recebeu (70), seguido pelo Hospital de Braga (64) e Centro Hospitalar e Universitário do Algarve – Hospital de Faro, com 51.

O INEM recorda que alguns dos sinais que podem indicar um enfarte agudo do miocárdio são uma dor no peito de início súbito, com ou sem irradiação ao membro superior esquerdo, costas ou mandíbula, suores frios intensos, acompanhados de náuseas e vómitos.

O reconhecimento precoce dos sinais e sintomas do enfarte agudo do miocárdio é fundamental e deve motivar o contacto imediato com o 112, recordou o INEM.

O Instituto aconselhou alguns procedimentos a ter perante um caso de enfarte agudo do miocárdio, a saber, ligar imediatamente o 112, manter uma atitude calma, sentar o doente, evitar que este faça qualquer tipo de esforço físico como levantar-se, caminhar ou até falar.

O enfarte agudo do miocárdio é uma das principais causas de morte em Portugal, ocorrendo quando se dá uma interrupção súbita do fluxo de sangue nas artérias do coração (coronárias).

A realização de exames médicos de rotina, os hábitos de vida saudáveis, a prática de desporto de forma regular, evitar o tabaco e a vida sedentária são algumas das formas de prevenção recomendadas pelo INEM.

 

"Science Wars"
Pulseiras ‘inteligentes’ que medem a glicemia, ou até placas de graffiti capazes de cortar cubos de gelo foram algumas das...

Sob o lema “Science Wars”, a iniciativa regressou ao Porto e, no Palácio das Artes, os participantes foram convidados a viajar numa ‘nave espacial’ e a experienciarem atividades onde a ciência se entrelaça com a magia, saúde e artes, mas também com o entretenimento.

Pulseiras ‘inteligentes’ capazes de medir o nível de glicemia, mas que também libertam insulina, substituindo o “convencional aparelho utilizado pelos doentes”, fizeram parte das 16 ideias em demonstração.

Em declarações à Lusa, Raquel Queiroz, do Instituto Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) explicou que a ideia, que está ainda a ser desenvolvida “pretende integrar a eletrónica e, através de sistemas inteligentes, fazer a terapia, mas também a libertação dos fármacos”.

“Este equipamento pode ser integrado numa pulseira, onde o paciente pode monitorizar os níveis de glicose e, se necessário, fazer a libertação da insulina”, contou.

Durante esta noite de “Science Wars”, os visitantes tiveram também a oportunidade de  participar em oficinas e “pôr as mãos no gelo”, afirmou Fátima Cerqueira, investigadora do INL.

“A placa de graffiti capta a temperatura humana e, através do contacto com a nossa pele e, consequentemente com o calor do nosso corpo, a placa transfere a temperatura para o gelo, e faz com que ele se derreta e se separe”, explicou.

Pelas diversas salas do Palácio das Artes, houve quem procurasse ideias para trabalhos escolares, mas também quem trouxesse os mais novos para “conviverem com a realidade das ciências e ganharem o gosto”, como é o caso de Marta Santos, que acompanhou o filho nesta experiência.

“Ele gosta muito da área das ciências e estas atividades são muito interessantes, porque eles não fazem este tipo de atividades na escola”, afirmou.

Para Boryana Yotova, representante da Direção-Geral da Educação, Audiovisual e Cultura da Comissão Europeia esta iniciativa é o “abrir portas” da ciência para as novas gerações.

“Esta iniciativa permite que as novas gerações se interessem pela ciência, e, acima de tudo, torna possível criar uma nova geração de cientistas. O facto de misturar educação e o entretenimento é a combinação perfeita, sobretudo para os mais novos”, acrescentou.

 

Revisão de carreira
Dirigentes da Plataforma Sindical que junta sindicatos representativos dos técnicos de diagnóstico e terapêutica admitem mais...

Os sindicalistas estão a "demonstrar, uma vez mais, a injustiça que o Governo teima em perpetuar com este grupo profissional", um dia depois de terem recusado uma proposta do executivo sobre questões de carreira.

Luís Dupont, presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas do Diagnóstico e Terapêutica, explicou à Lusa que, face à não aceitação das propostas do Governo, na quinta-feira, este agendou nova reunião para dentro de duas semanas, que o sindicalista espera que sejam mesmo duas semanas e que não seja adiado.

“Dissemos ontem que não concordávamos minimamente e que o que nos propunham não era suficiente para haver acordo. O Governo pediu mais 15 dias”, disse o sindicalista à Lusa, acrescentando que a vigília que se realizou na semana passada é simbólica e para deixar um apelo ao executivo no sentido da revisão da carreira, que está há 18 anos para ser revista.

Além do apelo ao Governo no sentido de “apresentar de facto novas propostas”, o sindicalista diz também que os técnicos de diagnóstico e terapêutica admitem outras formas de luta, incluindo greves.

Dina Carvalho, do Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (Sindite), frisou, também à Lusa, que os impactos orçamentais de uma revisão da carreira “têm de estar previstos no próximo orçamento do Estado”.

Na quinta-feira, Dupont já tinha dito que o que o Governo apresentou na reunião “foi pouco mais do que tinha apresentado nos últimos meses”, falando em “migalhas” que a plataforma se recusou a aceitar.

“Querem meter 97% dos trabalhadores na base da carreira e nós não aceitamos isso de maneira nenhuma”, disse Luis Dupont.

O descontentamento dos técnicos de diagnóstico motivou uma greve em julho, durante a qual Luís Dupont admitia que sem novas propostas da tutela os profissionais poderiam voltar novamente a paralisar.

No final da semana, concentrados em frente do Ministério das Finanças, onde segundo Dina Carvalho nunca foram recebidos, os sindicalistas eram em pequeno número, explicado por Luís Dupont com o facto de se tratar de uma ação simbólica e com a presença apenas de dirigentes.

Doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 40 por cento dos óbitos em Portugal.
Homem com as mãos no peito a sofrer um enfarte

As doenças cardiovasculares (DCV), particularmente as de natureza aterosclerótica, caracterizam-se habitualmente por um aparecimento e desenvolvimento insidiosos, sendo muito frequentemente o seu diagnóstico apenas realizado quando o doente apresenta sintomatologia clínica, e portanto o processo patológico já se encontra instalado. Torna-se assim evidente a necessidade de actuar de forma preventiva junto das populações, de forma a evitar a ocorrência de eventos cardiovasculares súbitos, como os acidentes vasculares cerebrais e os enfartes agudos do miocárdio ou a morte, numa fase anterior à instituição de qualquer medida terapêutica profiláctica.

Está hoje por demais demonstrado que o aparecimento da DCV resulta de um processo multifactorial, em que é possível identificar os factores, que estando presentes, aumentam o risco do seu desenvolvimento ou ocorrência. A identificação destes factores foi um passo determinante para o desenvolvimento de uma política de actuação preventiva, uma vez que se passou a saber que actuando ao nível dos mesmos factores é possível reduzir a morbilidade e mortalidade por DCV.

Um factor de risco cardiovascular pode-se definir, de uma forma genérica, como uma característica biológica ou comportamental presente num indivíduo saudável, que está relacionado de forma independente com o desenvolvimento posterior de uma doença cardiovascular, aumentando assim a probabilidade de aparecimento dessa mesma doença.

Outra definição geralmente aceite sobre o que é um factor de risco de doença, e que derivou do estudo de Framingham, é que "um factor de risco é uma característica inata ou adquirida de um indivíduo, que se associa ao aumento da probabilidade de este vir a sofrer ou falecer de determinada doença ou condição".

Os factores de risco surgem como um conceito moderno que combina o conceito clássico de causa directa de doença, com conceitos mais recentes de probabilidade, predição e prognóstico. As Recomendações para a Prevenção Cardiovascular da Sociedade Europeia de Cardiologia (2003) consideram três grandes grupos de factores de risco cardiovascular: os estilos de vida, as características bioquímicas ou fisiológicas dos indivíduos – modificáveis - e as características pessoais - não modificáveis.

Conceptualmente e do ponto de vista da prevenção, tem interesse dividir os factores de risco em: modificáveis - relacionados com o estilo de vida e com as características bioquímicas ou fisiológicas -, e os não modificáveis.

Factores de risco não modificáveis

São denominados factores de risco não modificáveis aqueles sobre os quais não é possível intervir, e por esse motivo, não são alteráveis - pertencem a este grupo a idade, o sexo e a história familiar. Apesar de serem inalteráveis, estes contribuem significativamente para o desenvolvimento das DCV.

A idade

A idade foi identificada na quase totalidade dos estudos epidemiológicos como o factor de risco independente com maior peso no aparecimento da DCV, levando a um aumento da morbilidade e da mortalidade cardiovascular. O risco de sofrer um AVC duplica a cada período de 10 anos após os 55 anos.

Nos dois sexos, o risco de doença coronária aumenta com a idade. Nos homens a incidência de doença coronária aumenta gradualmente com o avançar da idade, e sensivelmente até aos 60 anos, enquanto nas mulheres começa aos 50 anos, geralmente após a menopausa, aumentando depois de forma progressiva. Também os factores de risco de doença coronária são mais frequentes na meia e terceira idade.

O sexo

Ao nível do género existem diferenças significativas relativamente ao risco de sofrer de DCV. Em absoluto, o sexo masculino apresenta maior probabilidade de sofrer de doença do aparelho circulatório, e este risco aumenta em fase mais precoce da sua vida. A menor incidência de DCV no sexo feminino na fase pré-menopausa está relacionada com o efeito protector das hormonas femininas. Depois da menopausa, o risco de DCV aumenta progressivamente.

Assim, a diferença ao nível do género diminui com a idade, apresentando as mulheres mais velhas uma maior taxa de mortalidade, sendo que em termos absolutos, as mulheres a partir dos 70 anos apresentam uma maior incidência de doença coronária.

Nos últimos anos assistiu-se a uma tomada de consciência de que as DCV não são apenas um apanágio do sexo masculino, sendo que também nas mulheres são uma das causas principais de morbilidade e mortalidade.

História familiar

A etiologia das DCV envolve factores genéticos e comportamentais. O peso dos antecedentes cardiovasculares familiares no risco de DCV individual expressa de forma muito relevante, a contribuição genética no aparecimento da DCV.

Os antecedentes prematuros de cardiopatia isquémica foram identificados como factor de risco na sequência dos estudos realizados. Actualmente existem dados resultantes de diversos estudos, que permitem afirmar que existe uma forte e significativa associação entre a história familiar reportada de doença coronária parental prematura e a ocorrência de enfarte do miocárdio ou o aparecimento de doença coronária.

Está assim comprovada uma maior tendência para o aparecimento de lesões vasculares em familiares descendentes em primeiro grau de indivíduos com DCV precoce, sobretudo se tal se verificou num homem com idade inferior a 50 anos ou numa mulher com idade inferior a 60 anos.

Assim, existem três pontos fundamentais relacionados com a história familiar de DCV, a ter em consideração: a idade do aparecimento dos problemas vasculares nos familiares, o grau de parentesco, e o número de familiares com história de DCV.

Quanto à história familiar de DCV, é ainda importante referir que, para além dos aspectos genéticos, existem também alguns outros factores de risco comportamentais, presentes no ambiente familiar, que podem influenciar o aparecimento de DCV, nomeadamente o padrão alimentar e os hábitos de exercício físico.

Factores de risco cardiovascular modificáveis ou comportamentais

Os factores de risco modificáveis, isto é, passíveis de serem alterados através de algum tipo de intervenção - por modificação de estilos de vida ou por fármacos -, podem ser divididos em factores relacionados com doenças associadas, como a hipertensão, a dislipidémia e a diabetes, e os relacionados com os estilos de vida, como o tabaco, o sedentarismo e a obesidade.

Estes factores de risco têm particular relevância para a medicina que, a par de avanços terapêuticos sofisticados, aposta cada vez mais na prevenção. A identificação dos factores de risco modificáveis nos indivíduos é assim da maior importância, pois permite diminuir a probabilidade destes desenvolverem a doença em causa.

A hipertensão

A hipertensão arterial (HTA) constitui um grave problema de saúde pública sendo o factor de risco quantitativamente mais influente no desenvolvimento da doença vascular cerebral, doença coronária e da insuficiência cardíaca.

De acordo com a Circular Normativa da Direcção Geral da Saúde (DGS) relativa ao diagnóstico, tratamento e controlo da Hipertensão considera-se hipertensão quando os valores tensionais da pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente, se encontram acima dos 140 e/ou 90 mmHg. Esta circular vai de encontro aos valores preconizados nas recomendações internacionais publicadas sobre hipertensão. No entanto o limiar da hipertensão deve ser considerado flexível, em função do risco cardiovascular global de cada indivíduo, pois este, nos indivíduos hipertensos, não é apenas determinado pelo valor da pressão arterial, mas também pela existência de lesões em órgãos alvo ou de outros factores de risco.

Um relatório recente da Organização Mundial de Saúde (OMS) salientou a importância da pressão arterial como factor de risco cardiovascular major quando identificou a hipertensão como a primeira causa evitável de morte prematura nos países desenvolvidos. Em consequência, as orientações internacionais defendem a aplicação de estratégias de rastreio e tratamento cada vez mais agressivas.

Estima-se que, em Portugal, a prevalência da HTA seja de cerca de 43 por cento na população adulta, estando apenas 39 por cento dos hipertensos medicados, e sendo a taxa de controlo tensional não superior a 11 por cento. São diversos os estudos que têm revelado que o tratamento da HTA reduz significativamente a ocorrência de acidente vascular cerebral. Assim, a necessidade de detecção, tratamento e controlo adequado da HTA, assume em Portugal particular relevância, dado que o acidente cerebrovascular constitui a causa de morte mais frequente.

Uma análise detalhada sobre os encargos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) por grupos e subgrupos farmacoterapêuticos permite verificar que, dentro do aparelho cardiovascular, os medicamentos para tratar a HTA (antihipertensores) são aqueles que representam o maior número de embalagens vendidas e um maior encargo financeiro total e para o SNS.

A dislipidémia

As dislipidémias são alterações metabólicas lipídicas. Ou seja, significa de uma forma geral, que há alteração nas taxas normais de gorduras no sangue.

Os lípidos são responsáveis por várias funções - produção e armazenamento de energia, absorção das vitaminas, etc. - mas o excesso está relacionado com a aterosclerose (doença inflamatória crónica na qual ocorre a formação de placas que se formam na parede dos vasos, obstruindo o fluxo sanguíneo). Os lípidos sanguíneos são essencialmente o colesterol e os triglicéridos, sendo que o colesterol se apresenta sob duas formas principais: o colesterol LDL - lipoproteínas de baixa densidade, e o colesterol HDL - lipoproteínas de alta densidade. O nível de colesterol total é considerado um indicador com valor de prognóstico em relação à doença coronária.

Não subsistem hoje dúvidas de que o excesso de colesterol, livre e associado a lipoprotéinas de baixa densidade favorece a formação de depósitos de colesterol nas paredes das artérias, induzindo a disfunção endotelial e levando ao aparecimento da aterosclerose e a obstruções aterotrombóticas.

Em 2002 a OMS estimou que a hipercolesterolémia seria responsável por 18 por cento da doença cerebrovascular e por 56 por cento da doença isquémica cardiovascular, levando a, mundialmente, mais de 4 milhões de mortes por ano.

Um facto importante é que o risco cardiovascular relacionado com a hipercolesterolémia é progressivo e contínuo, sem qualquer limite inferior, pensando-se que a probabilidade do desenvolvimento de lesões ateroscleróticas surge a partir dos 140 mg/dl, aumentando substancialmente o risco de DIC para valores acima dos 180-200 mg/dl.

As orientações publicadas pela Sociedade Europeia de Cardiologia em 2007 sobre a prevenção do risco cardiovascular indicam na generalidade os seguintes valores alvo do perfil lipídico:

- Colesterol total: 190 mg/dl;

- Colesterol LDL: 115 mg/dl;

- Nos indivíduos de risco cardiovascular mais elevado (nomeadamente os diabéticos), os valores deverão ser inferiores: colesterol total inferior a 175 mg/dl (se possível 155 mg/dl) e colesterol LDL inferior a 100 mg/dl (se possível 80 mg/dl).

Uma redução de 10 por cento no valor do colesterol total resulta após cinco anos numa diminuição em 25 por cento na incidência da doença coronária, enquanto que se verifica uma diminuição nos eventos coronários de 20 por cento quando se reduz em cerca de 40 mg/dl o colesterol LDL.

Com base nestes dados, o tratamento das dislipidémias deve ter em conta o risco individual para as doenças cardiovasculares, e incidir no tratamento farmacológico e/ou dieta e modificação dos estilos de vida.

A diabetes

A diabetes mellitus engloba um conjunto de doenças metabólicas de etiologia múltipla, caracterizada por uma hiperglicémia crónica com distúrbios no metabolismo dos hidratos de carbono, lípidos e proteínas, resultantes de deficiências na secreção ou acção da insulina, ou de ambas. A hiperglicémia crónica da diabetes está a longo prazo, associada, ao aparecimento de danos, disfunções e falências de vários órgãos, sobretudo dos olhos, rins, coração, sistema nervoso e vasos sanguíneos.

Segundo dados da OMS, a prevalência da diabetes no ano 2000 em todo o mundo era de 4,6 por cento na população adulta (171 milhões de pessoas), estimando-se que aumentasse para 6,4 por cento no ano 2030. Se se considerar todas as faixas etárias, a prevalência estimada em 2000 era de 2,8 por cento, prevendo-se que passe para 4,4 por cento em 2030. Para Portugal, a prevalência estimada da diabetes em 2007, segundo a mesma fonte, foi de 8,2 por cento.

Diversos estudos de grande dimensão demonstraram que o controlo glicémico nos doentes diabéticos pode diminuir significativamente o desenvolvimento e a progressão das complicações vasculares da diabetes.

As complicações cardiovasculares dos doentes diabéticos vão dividir-se em microvasculares - renais, oftálmicas e neurológicas, e macrovasculares - coronárias, cerebrovasculares e arteriais periféricas. A diabetes mal controlada está associada ao desenvolvimento de complicações micro e macrovasculares, sendo que estas últimas constituem a principal causa de morte nas pessoas com diabetes.

O prognóstico nos doentes que sofrem um enfarte agudo do miocárdio (EAM) ou síndromes coronários agudos é claramente pior, também, nesta população, com a mesma duplicação de risco de morte e complicações graves. A alteração metabólica da diabetes causa disfunção arterial, afectando a função de vários tipos celulares incluindo o endotélio, as células musculares lisas e as plaquetas.

Um dado relevante relativo à prevenção das complicações associadas à diabetes relaciona-se com o facto de, a partir de 1999, se ter observado em Portugal uma diminuição da taxa de registo de episódios de internamento hospitalar por diabetes com complicações não especificadas e por cetoacidose sem coma.

Esta diminuição corresponde à data de início da disponibilização dos dispositivos médicos de auto vigilância e ao desenvolvimento de consultas de diabetes por todo o país. Estes resultados permitem inferir um impacto positivo da estratégia de melhoria de acessibilidade dos diabéticos aos dispositivos médicos de auto vigilância e aos cuidados de saúde.

O tabagismo

O consumo do tabaco é o principal factor de risco evitável de DCV. Calcula-se que cerca de 1,3 biliões de indivíduos adultos do mundo sejam fumadores. É responsável por cerca de 5 milhões de mortes/ano e, a manterem-se as actuais tendências de consumo, este número duplicará até ao ano 2020. De acordo com a OMS, cerca de um quinto das DCV em todo o mundo são atribuíveis ao tabagismo. O risco de DCV aumenta com a idade em que se começou a fumar, a quantidade de tabaco consumida e com a duração dos hábitos tabágicos.

Em Portugal e segundo o 4º Inquérito Nacional de Saúde aponta para uma prevalência global de fumadores com idades superiores a 10 anos de cerca de 19,6 por cento, 28,7 por cento no sexo masculino e 11,2 por cento no sexo feminino.

O tabaco tem efeitos fisiopatológicos nefastos a vários níveis do sistema circulatório, nomeadamente efeitos protrombóticos e aterogénicos, estando por este motivo associado a diversas situações patológicas, tais como a aterosclerose, enfarte do miocárdio, AVC, doença coronária, doença vascular periférica, espasmos coronários e arritmias, entre outros.

Estudos epidemiológicos demonstraram que os fumadores têm um risco 2,5 vezes maior de sofrer de insuficiência coronária em relação aos não-fumadores. O consumo de tabaco também está associado a uma maior incidência de AVC, sugerindo diversas estimativas que pelo menos 1/4 de todos os AVCs possam ser directamente atribuídos ao tabagismo. O risco de AVC no fumador é duas vezes maior que no não fumador.

Deixar de fumar é benéfico em qualquer idade e situação. Indivíduos fumadores sem história de doença coronária que deixam de fumar, mostram rápida redução do risco para enfarte agudo do miocárdio, embora esse risco só iguale o das pessoas não fumadoras após um período que vai de 5 a 20 anos. O risco de AVC após cessação tabágica desce significativamente em dois anos e torna-se similar ao de não fumadores em cinco anos.

Sendo o tabagismo a primeira causa de doença evitável e tratável, no mundo ocidental, é crucial que os actuais fumadores sejam incentivados a iniciar a cessação tabágica, e prevenir o início do consumo na população jovem.

Outros factores de risco cardiovasculares

Para além dos factores de risco modificáveis ou evitáveis acima referidos, que entram na quase totalidade dos sistemas de cálculo do risco cardiovascular existem outros que agravam o risco cardiovascular e contribuem, directa ou indirectamente, para uma maior morbilidade e mortalidade.

Entre estes destacam-se a obesidade, o sedentarismo, os hábitos alimentares inadequados, o consumo elevado de álcool, o ritmo cardíaco elevado em repouso e o uso de determinados medicamentos como a terapêutica hormonal de substituição. Para além destes factores de risco, que são modificáveis, foram também associados a um aumento do risco de DCV o baixo estatuto socioeconómico, a depressão e o stress.

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A evocação do dia mundial do coração é um pretexto anualmente revisitado para refletir sobre a probl

Vivemos uma época de aparecimento quase diário de novos mitos que se propagam com uma velocidade e extensão desmesuradas. Sucedem-se atitudes que questionam frequentemente os resultados da ciência, ancoradas provavelmente no gosto pelo desafio ao politicamente correto e às verdades “oficiais”, suportadas na determinação inabalável de decisões autónomas e embaladas por culturas ditas alternativas. A informação para todos os gostos, disponível com apenas um clique tem alimentado uma nova iliteracia pseudo-culta e geralmente arrogante, que atinge segmentos socioeconómicos de níveis mais elevados, em contraste com a falta de informação esclarecida, tradicionalmente apanágio das camadas mais desfavorecidas. Assistimos, pasmados, à recusa a vacinas, à tentativa de desconstrução da sólida evidência científica dos malefícios do colesterol e de como combatê-lo, ao surgimento de miríades de suplementos alimentares sempre naturais, sempre benfazejos, mas sempre ou quase sempre não suportados por qualquer evidência científica. Entretanto, a mortalidade cardiovascular desceu 20% nas últimas décadas, como consequência direta da aplicação das múltiplas medidas de prevenção e tratamento e se as atitudes referidas fossem tomadas a sério por muitos, arriscaríamos a perder o já obtido.

Muito falta fazer e as doenças cardiovasculares continuam sendo a primeira causa de mortalidade (35.000 mortes por ano), mas o primeiro objetivo de todos os que nos interessamos por saúde cardiovascular tem que ser a consolidação do já conseguido. Cito, com exemplos, o tratamento do enfarte do miocárdio por intervenção coronária, a prevenção do AVC tromboembólico pela generalização da anticoagulação oral, o tratamento da insuficiência cardíaca, a identificação do risco de morte súbita e seu tratamento.

Nalgumas áreas, contudo, muito falta fazer. Tanto na hipertensão arterial como na elevação dos lípidos no sangue, o problema é conhecido e razoavelmente identificado, mas a agressividade terapêutica e sua proporcionalidade com o risco individual de cada doente tem ainda um grande caminho a percorrer até se atingirem os alvos terapêuticos previstos nas normas de orientação clínica internacionais e nacionais. Quanto à diabetes, situação verdadeiramente dramática pois calcula-se que atinja cerca de um milhão de portugueses dos quais só 700.000 estão até agora identificados, justifica uma ampla mobilização atendendo à catástrofe cardiovascular associada a esta doença (mais que duplica o risco cardiovascular) que tem uma mortalidade anual de 3% (homens) a 4% (mulheres), predominantemente por enfarte ou AVC.

Quanto à insuficiência cardíaca, situação pouco conhecida, mas cuja mortalidade é superior à da maior parte dos cancros, calcula-se que atinja 2.5 a 4% dos portugueses e também aqui a sua identificação e intuição de tratamento precoce á fundamental.

As boas notícias são que depois de vários anos de certa estagnação, surgiram recentemente tratamentos que acrescentam valor às terapêuticas prévias quer na insuficiência cardíaca quer na diabetes, com demonstração de diminuição da mortalidade cardiovascular em ambos os casos.

Entretanto, a recomendação da WHF para 2018 continua viva e a merecer adoção urgente: comer saudável, fazer exercício e não fumar.

Um bom ano de saúde cardiovascular para todos!

Autor:
Professor Victor Machado Gil
Coordenador da Unidade Cardiovascular do Hospital Lusíadas Lisboa
Presidente-eleito da Sociedade Portuguesa de Cardiologia

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
É preciso aumentar vagas de internato
O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar alertou hoje para a provável nova falta de médicos de...

“Se é verdade que no próximo ano vamos chegar a uma situação de não ter praticamente utentes sem médico de família, nos anos seguintes vamos ter muitas aposentações e, portanto, o saldo vai passar de novo a ser negativo e vai haver de novo um problema”, afirmou Rui Nogueira à agência Lusa nas Caldas da Rainha.

O médico falava à margem do congresso nacional da especialidade, que decorre até domingo, nas Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.

O presidente da associação estima que “um terço dos médicos de família vai sair por aposentação no espaço de cinco anos”, após 2019, e considera “o número enormíssimo” vai agravar “ainda mais as unidades de saúde onde o problema hoje já é grave”.

Por isso, o representante dos médicos de família exigiu “medidas políticas céleres”, que passam pelo “aumento de vagas de internato, porque existem alunos de medicina a sair da faculdade e a entrar no internato, e, por “mais celeridade nos concursos e medidas de incentivo para levar médicos para algumas unidades” do país.

Durante o congresso, o Coordenador Nacional para a Reforma dos Cuidados de Saúde Primários, Henrique Botelho, reiterou os números apontados pelo ministro da Saúde, que indicou que, nos últimos três anos, “baixou a fasquia de um milhão de utentes sem médico de família”.

Com a recente colocação de mais 293 novos profissionais, após o último concurso, segundo aquele responsável, “diminuiu-se em mais de trezentos a quatrocentos mil os cidadãos sem médico de família atribuído, situando-se o número em cerca de 800 mil”.

A tendência é “continuar a diminuir nos próximos anos”, o que levou Henrique Botelho a afirmar que até ao próximo ano deverá ser cumprido o objetivo de dar médico de família a todos os portugueses.

 

Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) exigiu hoje a revogação da recente portaria que regula a Rede Nacional de...

“Mantemos toda a disponibilidade e vontade de trabalhar” com a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), “que sempre foi parceira histórica dos doentes de cuidados paliativos”, mas, “em defesa das famílias e dos doentes, não podemos admitir uma portaria que exclui todos os doentes” de cuidados paliativos da rede, disse o presidente da APCP, Duarte Soares, que falava à agência Lusa a propósito do Dia Mundial (13 de outubro) e do Mês dos Cuidados Paliativos (outubro).

O coordenador da RNCCI, Manuel Lopes, assegurou na quarta-feira na comissão parlamentar de Saúde que a nova portaria não causou, até ao momento, problemas na colocação de doentes, mas admitiu que se isso acontecer, será revista.

Anteriormente, Manuel Lopes já tinha esclarecido, em comunicado, que a nova legislação “não veio impedir nem alterar a admissão de doentes seguidos pelas equipas específicas de cuidados paliativos na rede, desde que o problema predominante na admissão seja a dependência e não a necessidade de cuidados paliativos em internamento de unidades de cuidados paliativos ou UCP—RNCCI”.

Duarte Soares saudou “o esforço” que tem sido feito para tentar esclarecer a situação, mas, afirmou, “a portaria não se corrige com esclarecimentos”.

“Aplaudimos o esforço que fazem para tentar esclarecer a situação, mas no fundo a situação mantém-se” e, como tal, “a portaria tem de ser revogada”, reiterou.

Nas vésperas de se iniciar as comemorações do Mês Mundial dos Cuidados Paliativos, Duarte Soares falou dos problemas que os profissionais sentem no dia-a-dia para responder às necessidades crescentes da população.

“O que sentimos no terreno é que somos muito poucos para lidar com tantos doentes”, tantas doenças e necessidades nos diversos contextos: domiciliário, internamento e apoio aos internamentos de agudos, disse o médico, adiantando que o que todos desejam é “poder multiplicar” o que está a ser feito com “novos colegas”.

Duarte Soares alertou que esta realidade vai agravar-se com o aumento das doenças degenerativas, oncológicas, de fim de vida.

“As necessidades vão aumentar exponencialmente nas próximas décadas, é para aí que a população caminha, e o investimento que deve ser feito em recursos humanos tem de ser maior do que aquilo que está previsto porque temos que compensar todos os anos que temos vivido num estado quase de sonolência e só agora estarmos a começar a despertar para esta realidade”, sublinhou.

O presidente da Associação lamentou ainda os atrasos no cumprimento do Plano Estratégico Nacional de Cuidados Paliativos 2017-2018, afirmando que ainda “só se conseguiu cumprir um terço das metas traçadas pelo Governo”, e alertou para a necessidade de se avançar com a criação do estatuto do cuidador.

“Há muitas coisas a melhorar e a associação tem estado no centro, e de forma muito colaborante, com outras entidades a tentar resolver estes problemas, mas efetivamente se há um plano estratégico a cumprir, se há metas a cumprir e não se cumprem, têm que se tirar as devidas ilações, e certamente não será por falta de empenho nem da associação nem da comissão nacional”, sustentou.

Para assinalar a efeméride, a Associação vai lançar a campanha “Vamos continuar a escrever esta história”, com o objetivo de mostrar que os cuidados paliativos não são cuidados de fim de vida, que devem ser aplicados após o diagnóstico e durante todo o processo de tratamento, nomeadamente quando os doentes são as crianças, e vai realizar o IX Congresso Nacional de Cuidados Paliativos, entre 25 e 27 de outubro, no Porto.

Segundo dados da APCP, cerca de 89 mil pessoas necessitam de cuidados paliativos, por ano, em Portugal, sendo que cerca de 50% das pessoas referenciadas acabam por morrer sem terem acesso aos respetivos cuidados.

A APCP observa que existem em Portugal pelo menos 6.000 crianças e jovens com necessidades paliativas e que os cuidados paliativos pediátricos e as áreas de referenciação existentes são ainda insuficientes face à necessidade.

Insuficiência cardíaca afeta 4% dos portugueses
No dia 29 de setembro, a AADIC - Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência cardíaca lança o website da Associação com o...

Em Portugal, a insuficiência cardíaca afeta cerca de 4% da população, ou seja, aproximadamente 400 mil pessoas, sendo uma síndrome com elevada morbilidade e mortalidade. A pressão arterial elevada, muitas vezes associada a outros fatores de risco, é a principal causa do desenvolvimento de Insuficiência Cardíaca no nosso país.

“É com grande orgulho que anunciamos o lançamento do nosso website. É mais um passo na constante melhoria da nossa comunicação e notoriedade e consequente proximidade com os nossos sócios e todos aqueles que procuram saber mais sobre Insuficiência Cardíaca.

Através desta plataforma digital pretendemos que todas as pessoas estejam devidamente informadas, não só sobre a missão, valores e objetivos da Associação, mas também informar todos os nossos seguidores sobre as novidades, campanhas de sensibilização, ações ou eventos promovidos pela AADIC”, sublinha José Vicente Moura, presidente da AADIC.

Este site para além de divulgar informação pertinente sobre a Associação e a patologia vai permitir ao utilizador torna-se sócio através de uma inscrição online, simples e intuitiva.

Também a partir do dia 29 de setembro a Associação passará a ter um novo e-mail – [email protected] – onde todas as pessoas poderão colocar as suas questões e tornar-se sócios da AADIC.


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Investigador
O diretor do Departamento de Epidemiologia Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina do Porto,...

“Hoje sabemos que as crianças que são amamentadas têm inclusivamente um índice mais elevado de inteligência, independentemente da inteligência da mãe ou das condições sociais, por exemplo, e uma capacidade maior na idade adulta de terem melhores empregos, de terem melhores salários”, sublinhou Henrique Barros, que é também presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

Ou seja, “posto em termos simples, embora o processo seja complexo, o aleitamento materno é um promotor do sucesso social e, nessa medida, ajuda cada uma das pessoas a ter uma vida melhor e as sociedades a serem igualitárias e mais ricas”, defendeu, em declarações à Lusa.

Henrique Barros proferiu hoje uma conferência sobre “A contribuição da amamentação para a redução da pobreza e das desigualdades”, na Conferência Internacional de Aleitamento Materno, realizada pela Comissão Nacional Iniciativa Amiga dos Bebés/UNICEF, no auditório do Hospital Magalhães Lemos, no Porto.

“Sabe-se há muito tempo que o aleitamento materno é extraordinariamente eficiente do ponto de vista económico, porque está pronto, é o resultado do metabolismo e da vida da mãe e, desse ponto de vista, leva a que as famílias não se desequilibrem economicamente. É um contributo evidente para a capacidade de utilizar os recursos económicos para outras finalidades”, considerou o investigador.

Mas, “o mais importante é o facto de o aleitamento materno funcionar do ponto de vista psicológico e físico como um promotor extraordinário do crescimento e do desenvolvimento harmonioso das crianças”, sustentou.

“Infelizmente, tem de haver ações no sentido de o promover e de contrariar um certo movimento que existe por parte, nomeadamente, da indústria alimentar que força, digamos assim, a utilização de produtos alternativos e, com isso, quebra este círculo virtuoso e, pelo contrário, alarga as desigualdades”.

A organização da conferência sublinha que “o aleitamento materno é, no contexto de desigualdades, crises e pobreza em que vivemos a nível global, um dos mais importantes alicerces para uma boa saúde ao longo da vida das crianças e mães”.

E considera que “o impacto económico da amamentação é igualmente pertinente no combate às desigualdades socioeconómicas, uma vez que contribui para a redução das disparidades”.

A iniciativa marcou o arranque da semana dedicada ao Aleitamento Materno em Portugal, que se realiza entre 01 e 05 de outubro.

A UNICEF e a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertam que o investimento em políticas que promovem o aleitamento materno pode salvar a vida de mais de 800 mil crianças menores de cinco anos, todos os anos.

Associação Pediátrica Oncológica formalizada esta manhã
A associação dos pais de crianças com doença oncológica tratadas no Hospital de São João, Porto, hoje formalizada, vai pedir...

Em declarações à Lusa, Luís Pires, porta-voz da APOHSJ – Associação Pediátrica Oncológica, formalizada esta manhã na conservatória, diz que a criação desta entidade dá aos pais “poder jurídico” para pedir uma “audiência urgente à Comissão [parlamentar] da Saúde”, algo que será feito “ainda hoje” com vista a acabar com os serviços pediátricos prestados em contentores.

“Temos soluções para o regime de exceção referido pelo PSD no debate quinzenal [da Assembleia da República]. Queremos demover os políticos de uma nova adjudicação [do concurso para a obra do Centro Pediátrico, iniciada em 2015 por uma entidade e parada em 2016]. Há vidas em risco. É preciso resolver o problema o mais rapidamente possível”, explicou Luís Pires.

O porta-voz diz estar disponível para “se sentar à mesa para mediar o conflito” gerado pela perspetiva de um novo concurso público, cujos trâmites atrasam o início da obra, e os que defendem o avanço imediato da empreitada prevista há cerca de dez anos sem que os serviços tenham saído de contentores.

“Já falei com o responsável [pelo projeto Joãozinho] e a associação está disposta a entregar o processo todo ao Estado para que se possa prosseguir a adjudicação que já estava em curso”, assegurou Luís Pires.

Segundo o responsável, “ou o Estado deixa o privado fazer a obra, que nunca ninguém explicou por que razão parou”, ou é aberto “um regime de exceção para que haja celeridade e continuar a adjudicação”.

“Todos dizem que é urgente e ninguém fez nada”, lamentou, esclarecendo querer ser “o mediador” e resolver o problema.

Para o porta-voz, “voltar atrás [no processo] não vale a pena”.

“A obra foi iniciada em 2015 e tem lá um milhão de euros gastos”, observa.

Jorge Pires disse que é preciso ainda ter em conta o risco a que estão sujeitas as crianças com problemas oncológicos, cujas defesas imunitárias “estão em baixo, ou por vezes a zero”.

O PSD apresentou na quinta-feira no parlamento um projeto de resolução para que o Governo conclua, no máximo em dois anos, as obras na ala pediátrica do Hospital de São João, se necessário recorrendo a um ajuste direto.

No debate quinzenal na Assembleia da República, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, acusou o primeiro-ministro de "insensibilidade social" por não avançar imediatamente com as obras, criticando a opção pela abertura de um concurso internacional por poder demorar anos até à conclusão.

António Costa explicou que a abertura do concurso internacional segue as regras da contratação pública, mas desafiou o PSD a aprovar uma lei que autorize o Governo a dispensar o visto do Tribunal de Contas (TdC) e o concurso público, permitindo que a empreitada na pediatria do Hospital de São João se inicie imediatamente.

O Governo autorizou no dia 19 a administração do Centro Hospitalar Universitário de São João a lançar o concurso para a conceção e construção das novas instalações do Centro Pediátrico.

A autorização foi concedida através de despacho assinado pelos ministros das Finanças, Mário Centeno, e da Saúde, Adalberto Fernandes, publicado no Diário da República.

Há dez anos que o hospital tem um projeto para construir uma nova ala pediátrica, mas desde então o serviço tem sido prestado em contentores.

Em junho, o presidente do Centro Hospitalar afirmou que o problema do centro ambulatório pediátrico, que inclui o hospital de dia da pediatria oncológica, ficou resolvido, mas “continuam a faltar as instalações do internamento pediátrico”.

Cooperação entre os dois países
Uma equipa portuguesa de urologia e cirurgia pediátrica do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, termina hoje uma missão na Praia...

Estes profissionais de saúde portugueses realizaram sobretudo cirurgias de malformações genitais masculinas e femininas, ao aparelho urinário e canal inguinal.

O objetivo da missão, que decorreu no Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia, é “melhorar a saúde das crianças de Cabo Verde portadoras de patologias urológicas, patologia cirúrgica neonatológica e pediátrica e realizar ações de formação com vista à capacitação de profissionais locais”.

Segundo uma nota do hospital, estas atividades irão proporcionar “melhor qualidade de prestação de serviços, contribuindo para a poupança de recursos financeiros locais, como consequência da redução de evacuações externas”.

A missão insere-se no âmbito da cooperação entre Portugal e Cabo Verde e faz parte de um projeto entre os dois países no domínio da Saúde 2018-2020.

A próxima missão está marcada para abril de 2019, estando já agendados nove utentes.

Segundo o diretor clínico do Hospital Agostinho Neto, Victor Costa, “tem sido uma experiência muito positiva para todos os profissionais envolvidos, com ganhos em formação específica e, acima de tudo, constitui uma mais-valia para os doentes observados e tratados, bem como para as suas famílias”.

Da equipa do Hospital Dona Estefânia fazem parte dois urologistas pediátricos e um cirurgião pediátrico que têm trabalhado com a equipa do serviço de urologia e cirurgia do Hospital Agostinho Neto.

 

A Neuropatia atinge cerca de 8% da população geral, mas a frequência pode ultrapassar os 50% em pessoas idosas, com diabetes e...

Durante 7 dias foram mais de 250 as pessoas que aderiram ao rastreio da neuropatia, realizado pela equipa de profissionais da Saúde Mais Próxima que sinalizou e reencaminhou para o médico de família 32 pessoas, cujos exames revelaram um número significativo de sintomas associados à neuropatia.

A iniciativa, que contou com apoio da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, levou a cabo um conjunto de ações de rastreio em cinco bairros municipais e históricos. Além da avaliação de hábitos para um estilo de vida saudável e de um check-up geral que inclui aspetos como a glicemia e o índice de massa corporal (IMC), foram realizados testes neurológicos básicos que permitem avaliar as alterações neurológicas que se manifestam através de sinais e sintomas de neuropatia, como formigueiro, ardor ou sensação de queimadura, dormência, sensação de picadas e fraqueza muscular.

Como explica Jorge Brandão, médico de medicina geral e familiar e Vice-presidente da APMGF, «a Neuropatia corresponde a um quadro de lesões nos nervos motores, sensoriais e/ou autónomos que afetam diferentes fibras nervosas. Ocorre quando há lesão no sistema nervoso periférico, como nos nervos dos braços e das pernas, o que conduz a um quadro sintomático desconfortável e perturbador da qualidade de vida dos doentes».

A Neuropatia é uma doença cuja prevalência aponta para cerca de 8% da população em geral, mas a frequência pode ultrapassar os 50% em pessoas idosas, com diabetes e alcoólicos. «Sabe-se que 50% das pessoas podem estar em risco de desenvolver Neuropatia com o passar dos anos e 1 em cada 3 pessoas poderá evoluir para um quadro debilitante. É importante que as pessoas, em especial os grupos de risco, reconheçam os sintomas e procurem identifica-los junto do seu médico, de modo a travar ou controlar a doença», esclarece Jorge Brandão.

Sobre o funcionamento da unidade de saúde, Noémia Silveiro, Diretora do Núcleo Saúde Mais Próxima esclarece que “mais do que avaliar a saúde de cada um, a Saúde mais Próxima aposta numa forte componente de apoio social, reencaminhando as pessoas para as várias unidades de saúde e fazendo o acompanhamento das mesmas, com o objetivo de garantir que é dada uma resposta”.

Perturbações do ritmo cardíaco
O Acidente Vascular Cerebral é uma das principais causas de morte em Portugal.

“O Acidente Vascular Cerebral, também conhecido por «trombose» é um grave problema de saúde pública em Portugal, atingindo taxas que colocam o país nos lugares cimeiros da Europa”, começa por dizer Victor Gil, coordenador do serviço de Cardiologia do Hospital Lusíadas, em Lisboa.

De acordo com os dados disponíveis, a taxa de mortalidade em Portugal situa-se nas 200 mortes por cada cem mil habitantes. E  estima-se que, em todo o mundo, afete cerca de seis milhões de pessoas.

“Além disso, (o AVC) é responsável pelo internamento de mais de 25 mil doentes por ano e por provocar incapacidade permanente em 50 por cento dos sobreviventes”, acrescenta o especialista.

Perda de fala, visão, de coordenação ou de compreensão, bem como diminuição da força ou paralisia muscular dos membros (inferiores ou superiores) são algumas das suas consequências mais graves, e que dependem do tipo de AVC, da localização da artéria afetada, da área cerebral lesionada, do estado de saúde e de atividade antes do Acidente Vascular Cerebral.

“Embora se possa dever a uma hemorragia, na maior parte dos casos o AVC deve-se a uma oclusão duma artéria responsável pela irrigação duma determinada zona do cérebro, quer pela formação dum coágulo local – “trombo”, daí a designação trombose – quer pelo deslocamento de um coágulo formado nas carótidas, localizadas no pescoço, ou mesmo no coração – êmbolo”, explica Victor Gil.

“Privadas de circulação que assegura o oxigénio e nutrientes necessários para se manterem vivas, as células cerebrais irrigadas pela artéria que ocluiu morrem, com correspondente perda da função que comandavam. Por exemplo, se eram relacionadas com o controlo da fala, o doente perde essa função”, justifica o cardiologista.

Hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia, tabagismo, obesidade estão entre os principais fatores de risco.

“É do conhecimento geral, a associação entre alguns fatores como a hipertensão, a diabetes mas também o colesterol elevado e o tabaco ao risco de AVC. E, de facto, a elevada prevalência de hipertensão no país, bem como o seu incompleto controlo, na maior parte dos casos, é um problema de maior importância”, afirma o coordenador do serviço de Cardiologia do Hospital Lusíadas, que apela para a mobilização dos profissionais de saúde e da sociedade, em geral, para esta matéria, através da promoção de hábitos de vida saudável “com destaque para a diminuição do consumo de sal”, por exemplo.

“Do mesmo modo, o tratamento do colesterol elevado com dieta e fármacos, a abstenção de fumar e a prática regular de exercício físico são recomendações que nunca são demais lembrar”, acrescenta.

Muito embora, sabe-se que um em cada cinco AVC têm outra causa “dita tromboembólica , a partir de coágulos que se formam no coração e que se deslocam pela corrente sanguínea até entupir uma artéria do cérebro”.

“Embora possa relacionar-se com determinadas doenças cardíacas das válvulas ou mesmo do músculo cardíaco, a causa mais frequente é a ocorrência de uma arritmia, que se designa por Fibrilhação Auricular”, revela o especialista.

A fibrilhação auricular é uma das perturbações do ritmo cardíaco mais frequentes que afeta quatro em cada 100 indíviduos, com mais de 65 anos.

Tratando-se de um distúrbio da frequência e do ritmo cardíaco, caracterizada pela contração rápida e descoordenada das câmaras superiores (aurículas) e inferiores (ventrículos) do coração, pode gerar a descompensação do funcionamento de alguns orgãos importantes, bem como facilitar a formação de coágulos.

“O que se passa nessa arritmia é que as aurículas (câmaras cardíacas que recebem o sangue do corpo e dos pulmões para o injetarem nos ventrículos que depois bombeiam para pulmões e corpo) perdem a sua capacidade de contrair e ficam a «tremer» anarquicamente e com muita rapidez, ao passo que os ventrículos contraem de forma arrítmica, ou desencontrada, e geralmente rápida. O sangue fica «parado» nas aurículas o que pode facilitar a formação de coágulos”, explica o Professor Victor Gil.

Apesar de poder atingir tanto homens como mulheres, e ocorrer em qualquer idade, atinge, com maior frequência, as pessoas mais idosas.

Estima-se, aliás, que afete entre 1 a 2 por cento de toda a população, podendo esta percentagem aumentar para os 10 por cento aos 80 anos.

“A Fibrilhação Auricular aumenta cinco vezes o risco de AVC e nos doentes com fibrilhação auricular que sofrem AVC o risco de morte duplica”, revela o cardiologista.

Os sintomas mais comuns são a sensação de batimentos cardíacos descoordenados, vulgamente conhecidos por palpitações, e pulsação rápida e irregular, como períodos de aceleração e desaceleração do seu ritmo.

Esta arritmia está ainda muitas vezes associada a falta de ar, desmaios, cansaço, confusão ou sensação de aperto no peito.

“A fibrilhação auricular pode aparecer só ocasionalmente ou ser permanente, sendo o risco de AVC igual em ambas. Não obstante, este risco pode ser minimizado se o doente for tratado com fármacos que contrariam a formação de coágulos”, adianta Victor Gil.

No entanto, nem todos os casos necessitam de terapêutica com anticoagulantes e os restantes sintomas  podem também ser tratados.

“Existem fármacos que conseguem evitar o seu aparecimento nalguns casos, e outras técnicas que podem estar indicadas em casos refractários. Entre elas, a «ablação» é efetuada em centros especializados e consiste em «queimar», com aplicação localizada de energia através de catéteres introduzidos na virilha, zonas das veias pulmonares geralmente relacionadas com os circuitos elétricos que dão origem à arritmia”,  explica o cardiologista.

“Existem também dispositivos também introduzidos sem cirurgia, por picada na virilha, que podem encerrar o “apêndice auricular”, que é uma espécie de pequeno saco ligado à aurícula esquerda, onde se formam preferencialmente coágulos”, acrescenta.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Os dados europeus sobre bebés nados-mortos representam apenas um terço da realidade, por não serem contabilizados antes das 28...

Em declarações à Lusa, Henrique Barros, membro do grupo de trabalho ‘Euro-Peristat’ e responsável do ISPUP pela recolha de dados portugueses, explicou que “as estatísticas europeias só contabilizam os nados-mortos a partir das 28 semanas [limite gestacional da Organização Mundial de Saúde (OMS)]”, no entanto, “há bebés que podem nascer em diferentes idades da vida intrauterina, como às 21, 25 ou até às 35 semanas”.

“Hoje em dia, o feto se nascer com 26, 27 ou 28 semanas é prematuro, mas pode sobreviver. Se apenas contabilizarmos os nados-mortos a partir das 28 semanas, como faz a OMS, estamos a retirar à realidade dos acontecimentos um número razoável de gravidezes que não contam para as estatísticas”, frisou.

O estudo, divulgado hoje na revista The Lancet, é resultado do trabalho de vários cientistas europeus da área da epidemiologia e pediatria, que analisaram, desde as 22 semanas de gestação, o número de nados-mortos em 19 países europeus, tendo em conta três períodos diferentes: 2004, 2010 e 2015.

“Este estudo permitiu-nos concluir que cerca de um terço das mortes não são contabilizadas pelas estatísticas comparativas europeias, assim como mostra que estamos a perder muita informação que nos permite avaliar a qualidade de resposta dos nossos sistemas de saúde”, afirmou.

Segundo o estudo, em 2015, mais de nove mil bebés eram nados-mortos, em cerca de 2,5 milhões de nascimentos na Europa. Contudo, desses nove mil, 6.294 foram mortes que ocorreram entre as 22 e 28 semanas de gestação.

Além disso, há ainda diferenças de limites gestacionais entre os países europeus, como é o caso de Portugal, cujo limiar se fixa nas 24 semanas gestacionais.

“Em Portugal, contamos os nascimentos e as mortes a partir das 24 semanas. Portanto, alguém que nasça às 23 semanas, se sobreviver conta como um sucesso, mas se morrer não conta como um insucesso”, revelou.

De acordo com o estudo, em Portugal, entre as 22 e 24 semanas de gestação, há registo de 16 nados-mortos em 2004, 19 em 2010 e 36 em 2015. Contudo, estes são números que, segundo Henrique Barros, não são contabilizados para as estatísticas nacionais.

Já entre as 24 e 28 semanas gestacionais, em Portugal, os dados analisados pelo grupo de trabalho dão conta de 377 nados-mortos em 2004, 307 em 2010 e 254 em 2015, números que também não entram para as estatísticas comparativas europeias.

Para Henrique Barros, os resultados levantam ainda “algumas questões”, tendo em conta que, em Portugal, apenas são contabilizados os nados-mortos que tiveram um funeral, visto que “se tal não acontecer, a morte conta como um abortamento”.

“A lei portuguesa e os apoios sociais não cobrem os enterros precoces, portanto, é um esforço económico da família que nem sempre tem meios para tal. E, quando não os têm, o bebé não conta como um nado-morto, mas sim como um aborto”, salientou o professor do ISPUP.

Henrique Barros acredita que o artigo hoje divulgado pode vir a ser “uma pedra fundamental para mudar o limiar do registo da OMS”.

“É necessário que os sistemas, a análise e a recolha de informação não permaneçam estáticos e que acompanhem os avanços que os cuidados de saúde permitem fazer”, acrescentou.

No estudo, designado “True burden of stillbirths in Europe vastly underestimated”, para além do ISPUP participaram também o Inserm (Institut National de la Santé el de la Recherche Médicale), o Department of Health Sciences, University of Leicester e o Department of Epidemiology and Biostatistics, National Research Institute of Mother and Child, da Varsóvia, na Polónia.

Projeto "Viver +"
Mais de uma centena de pessoas com doenças malignas do sangue participam num projeto de reabilitação física e psicoemocional da...

"Os doentes vão às nossas aulas duas vezes por semana, com exercícios adaptados, e a maioria dos participantes sentem-se melhor à medida que vão frequentando as aulas", disse à agência Lusa Isabel Barbosa, presidente da associação.

O projeto 'Viver +' recebeu este ano um prémio monetário no âmbito de um programa internacional de responsabilidade social que visa reconhecer iniciativas centradas nas pessoas com doença oncológica.

Segundo Isabel Barbosa, a maioria dos doentes "achou que tinha beneficiado com a participação no projeto 'Viver +', criando "verdadeiros laços de amizade" entre pessoas que querem conviver e fazer a reabilitação física.

"O que se verifica é que os doentes oncológicos e com doenças de sangue sentem-se bastante isolados e este projeto proporciona-lhes momentos de convivência e partilha, que para eles é bastante importante", sublinhou.

No entanto, a presidente da APLL lamenta que a adesão dos doentes seja lenta, considerando que é necessário "um grande esforço para as convencer".

"A primeira barreira que temos a quebrar é convencer as pessoas a participar, porque há doentes que participam há três anos e não deixam de participar", frisou.

Isabel Barbosa destaca a participação dos profissionais e voluntários dedicados a proporcionar "boas experiências aos doentes, o que realça a importância do papel das associações de doentes".

"Temos a certeza de que estamos a marcar positivamente a vida destes doentes, especialmente tendo em conta os mais recentes dados do relatório do Lymphoma Coalition, que mostram que quanto mais os doentes estiverem ativamente envolvidos e informados, mais e melhores são os resultados na melhoria da sua qualidade de vida e autogestão da sua doença", refere.

A partir deste mês, novas atividades passaram a estar disponíveis para os doentes, nomeadamente a visita a uma horta biológica, na qual podem identificar os alimentos e temperos que mais os podem beneficiar.

Em outubro, terá início a iniciativa "Roda de Conversa" que vai permitir juntar doentes e profissionais de saúde de várias áreas, como a psicologia, farmácia e oncologia, em sessões nas quais vão poder falar sobre a sua doença e receber informação útil para a acompanharem, encarando-a positivamente.

Para além desta sessão, a associação está também a trabalhar para proporcionar a literacia na saúde destes doentes e "se poder falar sobre as várias particularidades das doenças oncológicas do sangue e outras áreas que impactem a saúde e qualidade de vida, como os direitos dos doentes oncológicos e impacto das doenças malignas do sangue".

No sábado, no Pavilhão Centro Portugal, em Coimbra, vai decorrer o encontro anual da APLL, no qual vai ser feito o balanço do projeto "Viver +" e apresentados vários testemunhos de pessoas com doenças oncológicas do sangue.

Estudo europeu
O nascimento de prematuros em Portugal entre as 22 e as 24 semanas de gestação mais do que duplicou de 2004 para 2015, segundo...

Segundo os dados analisados, em 2004 nasceram em Portugal 16 bebés com idade gestacional entre as 22 e as 24 semanas. Em 2010 nasceram 19 e em 2015 passaram para 36.

Em 2015, dos mais de 86 mil nascimentos a partir das 22 semanas de gestação, foram registados cerca de 280 nados mortos.

As mortes fetais entre as 22 e as 24 semanas representaram em Portugal oito por cento de todos os dados mortos, enquanto as mortes entre as 24 e as 28 semanas configuravam 16%.

Ou seja, de todos os nados mortos registados em Portugal, quase um quarto ocorre em nascimentos entre as 22 e as 28 semanas.

No estudo hoje publicado na revista The Lancet, os investigadores concluem que uma em cada três mortes fetais ocorre antes das 28 semanas de gravidez, indicando que os dados oficiais têm sido subestimados.

Portugal surge como um dos poucos países analisados, de uma lista de 19, em que é registada e considerada a morte fetal a partir das 22 semanas de gestação.

Houve, aliás, países europeus excluídos deste estudo, como França e Espanha, por não terem dados nacional de mortalidade fetal por idade gestacional nos períodos avaliados.

“Há grandes e sérias lacunas no nosso conhecido do peso dos nados mortos, que pode ter impactos imprevisíveis nas famílias. Para uma mãe ou pai, um nado morto no segundo trimestre de gravidez não é menos trágico do que às 28 semanas ou mais tarde. Esses pais também merecem reconhecimento da sua perda e um registo preciso da morte do seu filho de forma a melhorar os cuidados e as políticas”, afirma a médica e investigadora que liderou a pesquisa, Lucy Smith, da Universidade de Leicester, Reino Unido.

O estudo analisou dados sobre 2,5 milhões de bebés em 19 países europeus e concluiu que o peso de nados mortos foi subestimado em pelo menos um terço, devido às recomendações para registar como nados mortos fetos a partir das 28 semanas de gestação.

 

No entanto há lacunas
Uma em cada três mortes fetais na Europa ocorre antes das 28 semanas de gravidez, mas os dados oficiais têm sido subestimados,...

“Há grandes e sérias lacunas no nosso conhecimento do peso dos nados mortos, que pode ter impactos imprevisíveis nas famílias. Para uma mãe ou pai, um nado morto no segundo trimestre de gravidez não é menos trágico do que às 28 semanas ou mais tarde. Esses pais também merecem reconhecimento da sua perda e um registo preciso da morte do seu filho, de forma a melhorar os cuidados e as políticas”, afirma a médica e investigadora que liderou a pesquisa, Lucy Smith, da Universidade de Leicester, Reino Unido.

O estudo analisou dados sobre 2,5 milhões de bebés em 19 países europeus, incluindo Portugal, e concluiu que o número de nados mortos foi subestimado em pelo menos um terço, devido às recomendações para só registar como nados mortos fetos a partir das 28 semanas de gestação.

Os investigadores advogam a necessidade de ter registos precisos e consistentes dos óbitos fetais a partir das 22 semanas, para que “a verdadeira carga” da mortalidade fetal possa ser compreendida e para que o impacto sobre as famílias seja reconhecido.

Foram analisados dados de 19 países europeus sobre resultados da gravidez a partir das 22 semanas de gestação entre 2004 e 2015 para calcular as taxas globais de mortalidade fetal e as variações por idade gestacional e por país.

Da análise dos dados ao longo desses doze anos, os investigadores concluem que houve “melhorias consistentes” na redução da mortalidade fetal a partir das 24 semanas de gestação.

Entre 2004 e 2015, a taxa global de mortes fetais entre as 24 e as 28 semanas de gestação diminuiu de 10 por cada 10 mil nascimentos para sete por cada 10 mil nascimentos, uma redução de cerca de 25%.

 

OMS
Doenças crónicas como cancro, diabetes, cardíacas ou os acidentes vasculares cerebrais são responsáveis por sete em cada 10...

O diretor-geral daquela organização, Tedros Ghebreyesus, disse, em Nova Iorque, que as doenças crónicas matam 41 milhões de pessoas todos os anos, incluindo muitos jovens.

Ghebreyesus, que falava, na sede das Nações Unidas, num encontro de alto nível sobre prevenção e controlo deste tipo de doenças, adiantou que o cancro, a diabete, a doença pulmonar obstrutiva, doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais são responsáveis por sete em cada 10 mortes.

O responsável da organização sublinhou que é possível evitar 10 milhões dessas mortes até 2025 e que, no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os Estados-membros se comprometeram em reduzir o número de mortes em um terço até 2030.

Para Ghebreyesus, os países “estão perigosamente longe deste objetivo” e que, ao ritmo atual, menos de metade das nações vão cumprir essa meta.

O diretor da OMS considerou ser “ainda possível mudar de rumo” e lembrou que a OMS lançou, este ano, um Plano de Ação Global para estas doenças com 16 medidas, cuja implementação poderia ter um impacto de mais de 350 mil milhões de dólares no crescimento económico até 2030.

Durante o encontro, o diretor-geral da OMS reconduziu Michael Bloomberg para o segundo mandato como embaixador global da OMS para doenças crónicas não transmissíveis.

 

Os cuidadores informais iniciaram ontem uma vigília em frente ao parlamento em defesa de um estatuto que lhes garanta apoio e...

"Estatuto do Cuidador já", exigem os manifestantes que se concentram em frente das escadarias da Assembleia da República, numa ação convocada pela Associação Nacional de Cuidadores Informais, a que se juntou também a AVC Portugal.

O Estatuto do Cuidador Informal está no parlamento para debate na especialidade e diversas entidades têm sido ouvidas pelos deputados sobre o assunto.

O Bloco de Esquerda apresentou um projeto de lei sobre a criação do estatuto do cuidador informal, mas o primeiro-ministro, António Costa, afastou na quarta-feira a hipótese de incluir no Orçamento do Estado para 2019 uma verba destinada às medidas de proteção sugeridas pelo BE e reclamadas pelos cuidadores.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Assembleia Geral da Associação, Maria dos Anjos Catapirra, confessou a desilusão com as palavras do chefe do governo.

"Andamos nisto há quase três anos. Chega. As coisas não melhoram, pelo contrário, cada vez fica pior", disse.

Afirmando estar de acordo quanto ao princípio e a "bondade da intenção" da criação de mecanismos de proteção para os cuidadores informais, António Costa argumentou que é preciso "medir o custo" e que, se no "ano zero" o plano custaria 120 milhões de euros, "quando atingir a velocidade de cruzeiro" serão 800 milhões de euros anuais.

José Soeiro, deputado do BE que tem acompanhado o processo, dirigiu-se hoje aos manifestantes para os cumprimentar e em declarações aos jornalistas afirmou desconhecer as contas que levaram o primeiro-ministro a falar em 800 milhões de euros.

"Não faço a mínima ideia de onde foi retirado o valor de 800 milhões, o valor que o governo nos deu foi de 120 milhões de euros. Já pedi ao governo que nos faça chegar essas contas se tem outros dados", indicou.

O BE defende que há medidas sem impacto orçamental, como as licenças no trabalho. "Outras implicarão alguma reorganização dos serviços, mas o impacto será residual", defendeu.

"Certamente os cuidadores aceitam que nem tudo seja incluído neste orçamento, mas alguma coisa tem de lá estar", frisou.

A vigília decorre até às 20:00 de sexta-feira e os manifestantes esperam receber a visita de outros deputados, nomeadamente do PS.

Nas grades de segurança colocadas ao fundo das escadarias, os cartazes falam por muitos cuidadores de familiares, com doenças incapacitantes, que não podem estar presentes na vigília, por não terem a quem os confiar. Exigem "dignidade", "direitos humanos" para todos e perguntam "Quem cuida dos Cuidadores?".

 

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