Estudo
A garantia é dada pelos autores de um novo estudo internacional que a publicação especializada Sexual Medicine divulga na sua...

Sentem-se melhor, mais vivos e queixam-se menos de problemas de saúde. Os idosos que (ainda) têm uma vida sexual ativa têm mais qualidade de vida do que os outros. A garantia é dada pelos investigadores da Anglia Ruskin University e do University College London (UCL) que, em conjunto, levaram a cabo um novo estudo internacional que a publicação especializada Sexual Medicine acaba de divulgar na sua última edição.

Depois de analisar as respostas dos 6.879 adultos com idades entre os 65 e os 80 anos ao inquérito que promoveram, os cientistas ficaram surpreendidos com as respostas dos 40% que garantem que fazem sexo com regularidade, concluindo que os que têm uma vida sexual ativa são pessoas mais felizes, satisfeitas e realizadas, apresentando índices que permitem medir os níveis de qualidade de vida superiores à média.

No caso das mulheres, escreve o Sapo, as que são beijadas e/ou acariciadas mais vezes evidenciam, em média, indicadores próximos dos homens que fazem mais sexo. "Os resultados deste estudo indicam que o coito é mais importante para os homens mais velhos do que para as mulheres mais velhas", refere a publicação. "Os profissionais de saúde têm de perceber que os adultos mais velhos não são assexuados", sublinha Lee Smith.

Uma noção que, na opinião do investigador da Anglia Ruskin University, muitos não têm. "As pessoas mais velhas não são, por norma, encorajadas a experimentar novas posições [sexuais] nem a explorar diferentes tipos de atividades [sexuais]", critica o cientista. "As descobertas do nosso estudo sugerem que pode ser benéfico para os médicos questionar os pacientes mais velhos sobre a sua atividade sexual", realça Lee Smith.

"Os profissionais de saúde devem oferecer-lhes ajuda para [lidarem com possíveis] dificuldades sexuais, como problemas com ereções, já que a atividade sexual ajuda as pessoas mais velhas a viverem vidas mais gratificantes", afirma ainda o investigador, adepto de (novas) políticas de saúde que incentivem as pessoas mais idosas a ir mais longe no que se refere ao sexo, explorando posições sexuais como as que pode ver de seguida.

Diário da República
A Assembleia da República publicou hoje, no Diário da República, uma resolução na qual recomenda ao Governo que desbloqueie ...

“A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que realize com urgência todos os atos e procedimentos administrativos necessários para que a administração do Hospital São João, no Porto, inicie o processo de construção da nova ala pediátrica”, lê-se na recomendação.

Há dez anos que o hospital tem um projeto para construir uma ala pediátrica, mas desde então o serviço tem sido prestado em contentores.

Em janeiro de 2017, o Ministério da Saúde aprovou a construção da ala pediátrica, anunciando um investimento de cerca de 20 milhões de euros.

O Governo autorizou a 19 de setembro a administração do Centro Hospitalar Universitário de São João a lançar o concurso para a conceção e construção das novas instalações do Centro Pediátrico.

O parlamento aprovou a 27 de novembro, por unanimidade, a proposta de alteração do PS ao Orçamento do Estado para 2019, de forma a prever o ajuste direto para a construção da Ala Pediátrica, cuja obra o diretor clínico do São João prevê arrancar em 2019 e concluir em 2021.

A ministra da Saúde afirmou no início de novembro, no Parlamento, que não dormirá tranquila enquanto o problema da nova ala pediátrica do hospital de São João não estiver resolvido, mas não se comprometeu com datas e rejeitou a possibilidade de um ajuste direto para a obra.

'SWEET-Football'
O Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e a Federação Portuguesa de Futebol desenvolveram um projeto, o '...

Em entrevista, Romeo Mendes, o investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) responsável pelo projeto, contou que o principal objetivo do 'SWEET-Football', iniciado em setembro, é "avaliar a aplicabilidade e a segurança" daquela que é uma variante de futebol recreativo - o 'walking football'.

"Tradicionalmente o tipo de atividades que estão ao dispor desta população e as soluções que a sociedade oferece não envolvem adequadamente as pessoas, que facilmente acabam por desistir da atividade. Quando queremos promover alterações de comportamentos na comunidade têm de existir motivações intrínsecas e extrínsecas que, de facto, alterem o estilo de vida das pessoas", adiantou.

O projeto 'SWEET-Football', desenvolvido com o apoio do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Porto Oriental da Administração Regional de Saúde do Norte, reúne cerca de 30 doentes com a diabetes tipo 2, com idades entre os 50 e 70 anos, das zonas de Paranhos e Arca d'Água, no Porto.

"Há uma maior prevalência da diabetes tipo 2 nos homens do que nas mulheres. Portanto, aproveitamos também o facto de no nosso país, o público masculino ter uma relação emocional e afetiva muito grande com o futebol, ou porque gostam do desporto, ou porque até já foram jogadores", esclareceu o investigador.

Segundo Romeu Mendes, os participantes praticam a "dose mínima de atividade" recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o tratamento desta doença, ao realizarem três treinos por semana que têm a duração de uma hora.

"A dose mínima semanal advogada pela OMS são os 150 minutos, mas o nosso projeto oferece cerca de 180 minutos por semana, usando a atividade física como se de um medicamento se tratasse. Os participantes são acompanhados por um treinador de futebol, por um fisiologista e um enfermeiro", salientou.

No entanto, apesar da atividade física ser considerada pela OMS um dos pilares de tratamento da diabetes tipo 2, que têm como fatores de risco a obesidade, o envelhecimento e a baixa aptidão física, os exercícios praticados neste projeto são "mais lentos", tendo em conta que "os riscos inerentes ao futebol poderiam colocar questões de segurança nos participantes".

"As únicas regras do 'walking football' é que ninguém corre e não há contacto físico. Quem está com a bola sabe que ninguém vai tirar-lhe e isso foi fundamental para que estas pessoas aceitassem jogar futebol, visto que sentem que estão a praticar com segurança", explicou Romeo Mendes.

Os investigadores, que estão agora a recolher os principais resultados do projeto, vão no início do próximo ano "implementar pequenos projetos a nível nacional".

"Precisamos de envolver os centros de saúde, hospitais, clubes de futebol e municípios. Este é projeto perfeitamente possível, sem haver mobilização de verba financeira entre os centros de saúde, os recursos que já existem nos municípios e nos pequenos e médios clubes de futebol. O nosso grande objetivo para a próxima época desportiva é fazer uma expansão do 'walking football' como medicamento", acrescentou.

Apesar da diabetes tipo 2 afetar sobretudo a população masculina, os investigadores estão também à procura de uma "solução para as mulheres", que poderá não passar pelo futebol, mas por outra modalidade mais "tradicional".

Cann10-Portugal
A farmacêutica internacional Cann10 vai investir 10 milhões de euros numa fábrica de produtos medicinais à base de canábis, a...

Em declarações, o presidente da Cann10-Portugal disse que o investimento a efetuar em Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, vai permitir "executar os serviços de produção, importação, exportação e transformação de ‘medical cannabis sativa’ com vista ao fabrico de produtos fitofarmacêuticos".

Yair Sayag, que respondeu às questões a partir de Israel, onde a multinacional está sediada, disse que "o investimento a efetuar em Vila de Rei representará um investimento total na ordem dos 10 milhões de euros, com previsão de contratação de 100 trabalhadores no prazo de quatro anos, sendo a maioria qualificados" com título académico superior.

"Temos muitos anos de experiência no que respeita à agricultura e às instalações de produção ‘chave na mão', bem como tecnologia e pesquisa, e todos os produtos de canábis da Cann10 são fabricados por via de boas práticas de fabrico que atendem às especificações mais exigentes", disse o gestor, que elogiou a regulamentação para medicamentos à base de canábis aprovada na quinta-feira pelo Governo.

"O Infarmed [Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde] trabalha muito bem em Portugal, ao nível das melhores práticas mundiais, e a aprovação dessa regulamentação é muito boa para o país e para nós também, enquanto empresa que vai investir em Vila de Rei e em Portugal", disse Yair Sayag, que aguarda pela emissão da licença para produzir canábis medicinal em Portugal.

"O processo com o Infarmed está muito avançado e acreditamos que em breve poderemos ter a licença de produção", disse, tendo observado que "não será a primeira empresa licenciada" para estes fins, em Portugal.

De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, o Governo aprovou um decreto-lei que "estabelece o quadro legal para a utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis para fins medicinais, nomeadamente a sua prescrição e a sua dispensa em farmácia".

A regulamentação, acrescenta, foi baseada numa "análise pormenorizada dos programas de canábis medicinal já existentes em outros Estados-membros da União Europeia, nomeadamente na Dinamarca, Holanda e Itália, bem como a avaliação da sua exequibilidade na realidade nacional".

Contactado, o vice-presidente do município de Vila de Rei, Paulo César, disse que "a decisão agora tomada [aprovação da regulamentação para medicamentos à base de canábis] é mais um passo na consolidação das bases para a implementação desta nova área da medicina em Portugal", tendo afirmado estar "expectante" que tal "abra as portas para um importante investimento em Vila de Rei".

Nesse sentido, o município de Vila de Rei e a empresa fitofarmacêutica Cann10-Portugal assinaram no final de novembro os contratos alusivos ao arrendamento com opção de compra do antigo edifício da fábrica Frutinatura e à aquisição do Lote 1 da Zona Industrial do Souto, com 4,5 hectares.

"Depois da aprovação deste projeto pelo executivo municipal, foi dado mais um importante passo naquela que é uma aposta numa indústria inovadora na região e que trará inúmeros benefícios para o nosso concelho", sublinhou, por sua vez, o presidente do município de Vila de Rei.

"De facto, o investimento que será realizado em Vila de Rei vai assumir uma elevada importância para o desenvolvimento económico, atração de mão-de-obra qualificada e fixação de população no interior do País", destacou.

Promover a saúde
Os centros de saúde e os municípios de cinco concelhos do norte do distrito de Lisboa estão a implementar academias para...

O programa, considerado inovador no país, procura “responder à necessidade de reabilitar e aumentar a mobilidade e autonomia das pessoas”, promovendo a saúde e prevenindo o risco de doenças, explicou António Martins, diretor do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Oeste Sul, ao qual pertencem os centros de saúde do Cadaval, Lourinhã, Mafra, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.

A primeira Academia da Mobilidade arrancou em 2017 na Lourinhã, estendendo-se depois ao Sobral de Monte Agraço.

No Cadaval e Torres Vedras, os respetivos municípios e centros de saúde estabeleceram parcerias nesse sentido nas últimas semanas, juntando-se Mafra, onde o protocolo é assinado na segunda-feira. As três academias começam a funcionar em pleno em janeiro.

“A prática do exercício físico ou atividade física regular é fundamental para prevenir doenças que são fatais, como as doenças cardiovasculares, diabetes, o excesso de peso e até mesmo o sedentarismo”, frisou o ACES Oeste Sul.

Dados do Instituto Ricardo Jorge indicam que 38,9% da população tem excesso de peso e 28,7% é obesa. Portugal tem também um elevado consumo de antidepressivos.

Só em Torres Vedras, por exemplo, dos 91.694 utentes inscritos no centro de saúde, seis mil são diabéticos e mais de seis mil são hipertensos.

O programa destina-se a utentes destes centros de saúde que possuam grau de dependência ligeira a moderada ou patologias cardiovasculares, respiratórias, metabólicas, osteoarticulares, neurológicas, depressão ou excesso de peso e que sejam referenciados pelo médico de família.

Duas centenas e meia de pessoas já aderiram ao programa, que tem como objetivos incentivar o exercício físico, aumentar a mobilidade e combater o sedentarismo e as doenças.

“Na Lourinhã e no Sobral de Monte Agraço, é notória a diminuição dos valores tensionais e das glicemias” em resultado do aumento da mobilidade dos aderentes, adiantou António Martins.

“As academias não são propriamente ginásios”, advertiu, contudo, o responsável, esclarecendo que a frequência da academia decorre apenas durante seis meses, como primeiro incentivo para os cidadãos começarem a praticar desporto de forma autónoma.

Cada academia tem três sessões semanais, entre 30 e 60 minutos de duração, cada uma com capacidade para 15 a 20 participantes, acompanhados por técnicos.

Nos cinco concelhos, o programa envolve seis fisiologistas do desporto, sete enfermeiros de reabilitação e duas fisioterapeutas.

Além do exercício físico, as academias incentivam os participantes a adotarem a dieta mediterrânica, mais saudável.

As câmaras municipais e os centros de saúde destes concelhos dividem entre si as despesas de contratação dos técnicos e dos seguros de todos os participantes.

Em Torres Vedras, onde o programa vai chegar a mais de uma centena de pessoas por cada semestre, além da cidade, estão a ser implementadas academias nas freguesias de Runa, Ventosa e Ramalhal.

O ACES Oeste Sul pretende, no futuro, alargar o programa a crianças e jovens com problemas de excesso de peso, já que, apesar de estar a decrescer, a obesidade infantil afeta 11,7% das crianças em todo o país.

O ACES Oeste Sul possui 223.534 utentes, espalhados pelos cinco centros de saúde.

EUA
Um juiz federal norte-americano declarou na sexta-feira inconstitucional o sistema de cobertura médica universal designado &...

A decisão do magistrado do Texas Reed O'Connor foi tomada depois de o Congresso ter modificado, há alguns meses, a lei no âmbito da reforma tributária promovida pelo atual Presidente.

Donald Trump saudou a decisão do juiz com uma mensagem publicada na rede Twitter.

"Uau, mas não é nenhuma surpresa, o ‘Obamacare’ acaba de ser considerado inconstitucional por um juiz altamente respeitado do Texas. Uma boa notícia para a América!", escreveu.

"Como sempre previ, o ‘Obamacare’ foi demolido por ser um desastre inconstitucional", acrescentou.

A democrata Nancy Pelosi, que deverá assumir a presidência da Câmara dos Deputados em janeiro, e o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, já disseram que vão recorrer para o Supremo Tribunal deste "julgamento cruel" e "absurdo".

A decisão “evidencia o objetivo final da ofensiva geral dos republicanos" contra qualquer acesso dos norte-americanos a "um sistema de saúde acessível", afirmou Nancy Pelosi.

Para Chuck Schumer, a decisão do juiz "é baseada num raciocínio jurídico errado” e poderá “ser quebrada”.

No entanto, "se esse terrível julgamento for confirmado pelos tribunais superiores, será um desastre para dezenas de milhões de famílias norte-americanas", disse Chuck Schumer.

A lei de saúde ‘Obamacare’ foi promovida pelo ex-Presidente Barack Obama, sendo promulgada em 2010.

Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
O hospital Santa Maria, em Lisboa, inaugurou na sexta-feira passada três equipamentos de imagiologia que são os primeiros na...

Trata-se de um mamógrafo digital com tomossíntese, que veio duplicar a capacidade de mamografias a realizar pelo Santa Maria, e de dois angiógrafos que permitem melhorar a resposta no tratamento de AVC, segundo explicou o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte.

“Reforçamos a nossa capacidade de resposta, a acessibilidade do cidadão a tecnologia diferenciada e aumentamos a segurança do próprio doente e temos equipamentos que são os primeiros a ser instalados na Península Ibérica”, afirmou Carlos Martins à margem da inauguração destes equipamentos, que contou com a presença da ministra da Saúde, Marta Temido.

Segundo a explicação técnica feita durante a inauguração, o novo mamógrafo permite diagnósticos mais precisos e mais precoces, além de aumentar a capacidade do hospital para fazer mais mamografias, uma vez que se junta ao equipamento já existente. Segundo Carlos Martins, será mesmo duplicada a capacidade do hospital nesta área.

Os dois novos angiógrafos permitem também reforçar a resposta do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte ao nível da resposta na Via Verde AVC, sendo “mais precisos e mais seguros”.

Os três novos equipamentos tiveram um custo de três milhões de euros, sendo que metade da verba foi financiada com fundos europeus.

Também na sexta-feira, o Centro Hospitalar Lisboa Norte inaugurou a primeira unidade do país de insuficiência cardíaca na área dos cuidados paliativos, situada no Pulido Valente.

“Vai tratar doentes com insuficiência cardíaca que estão numa fase avançada da sua doença. Hoje em dia somos capazes de tratar as várias patologias cardíacas de forma muito eficaz, mas a história natural da própria doença faz com que cada vez tenhamos mais deste tipo de doentes, que precisam de cuidados muito significativos”, explicou Fausto Pinto, diretor do serviço de cardiologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte e diretor da Faculdade de Medicina de Lisboa.

Sem adiantar dados concretos, Fausto Pinto disse que a unidade vai permitir “tratar, seguir ou monitorizar” um “conjunto muito significativo de doentes” e apoiar as suas famílias.

O presidente da administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte destaca que é “uma unidade pioneira a nível nacional”, mas que é o início de um caminho que pode ser replicado noutros hospitais do país.

Sobre a necessidade de investimento em equipamentos nos hospitais do SNS, a ministra Marta Temido disse hoje que serão necessários 500 milhões de euros nos próximos três anos.

Em declarações, Marta Temido, explicou que a anterior equipa ministerial tinha feito um levantamento de necessidades de investimento no SNS que apontavam para mil milhões de euros, mas que continham diversos investimentos, incluindo o de novas unidades hospitalares que vão surgir, como os hospitais de Seixal, Sintra ou Lisboa Oriental.

“Esse levantamento foi depois analisado e priorizado. Dessa priorização resultou um conjunto de investimentos que anda na casa de 500 milhões de euros de investimentos. Não seria possível que se executassem todos ao mesmo tempo. O que se fez foi uma repartição desse investimento por três anos: 2018, 2019 e 2020”, afirmou Marta Temido, à margem da inauguração dos equipamentos de imagiologia no hospital Santa Maria.

A ministra ressalvou que esses 500 milhões de euros não terão o Orçamento do Estado como fonte única de financiamento, devendo também apoiar-se em fundos comunitários.

2018
O plástico que durante décadas tornou a vida mais fácil começa a cobrar em termos ambientais, ameaçando tornar os oceanos uma ...

Desde que o uso do plástico se intensificou, a partir da década de 1950, foram produzidas mais de oito mil milhões de toneladas deste material, mas agora a fatura começa a chegar na forma de marés infestadas de partículas microscópicas e "ilhas" de garrafas e embalagens que podem destruir setores económicos como a pesca ou o turismo e fazer estragos na saúde de formas que ainda nem estão estudadas.

A noção do perigo levou este ano a medidas políticas concretas para enfrentar o problema, com a Comissão Europeia a dar logo em janeiro 12 anos aos estados-membros da União para acabarem com as embalagens de plástico descartáveis e o Governo português a dar um sinal, proibindo o uso de garrafas, sacos e pratos e talheres de plástico nos serviços da administração pública.

A Assembleia da República aprovou a cobrança de depósito sobre embalagens descartáveis de bebidas, aplicado a plástico, vidro e alumínio, que deverá avançar em regime de experiência piloto até ao fim de 2019 e ser obrigatório a partir de 2022.

No Parlamento Europeu, aprovou-se em outubro uma proposta para proibir a partir de 2021 a venda de produtos de plástico de utilização única, como pratos, talheres, cotonetes ou palhinhas e recipientes para alimentos e bebidas feitos de poliestireno expandido.

Os eurodeputados intimaram também os estados-membros a tomarem medidas para reduzir em um quarto a utilização de outros produtos de plástico de utilização única.

A estratégia da Comissão Europeia passa por promover a reutilização e a reciclagem e o fim de plásticos que não são reciclados, destacando que há muito dinheiro a fazer no setor da reciclagem, que movimenta 340 milhões de euros por ano e emprega 1,5 milhões de pessoas.

Pretende-se criar mais 200 mil empregos no setor até 2030 e as restrições ao uso do plástico deverão também chegar por via legislativa ao setor das pescas e à utilização de microplásticos, comuns em cosméticos.

Os números invocados são simples e alarmantes: os europeus deitam foram todos os anos 25 milhões de toneladas de plástico e menos de um terço é recolhido para reciclagem. Anualmente, produzem-se 320 milhões de toneladas de plástico no mundo e a tendência imposta pelo ritmo do consumo é para aumentar.

De todo o plástico já produzido, cerca de 80% continuam no meio ambiente, acumulados em aterros e na Natureza. Nas praias do mundo inteiro, 85% do lixo são plásticos.

Num estudo realizado este ano em 42 países, mais de dez mil voluntários apanharam lixo em zonas costeiras e em quase 200 mil pedaços de plástico que recolheram, 65% eram embalagens de produtos de marcas como a Coca-Cola, Pepsi, Nestlé, Danone ou Colgate-Palmolive.

Em julho passado, imagens divulgadas por uma organização não-governamental ambiental puseram nas notícias e nas redes sociais imagens desoladoras de uma praia da República Dominicana, um país procurado pela costa, completamente soterrada em lixo plástico, de que foram recolhidas trinta toneladas em três dias.

Foram a ilustração cabal de um problema para o qual os ambientalistas já vêm alertando desde há alguns anos, com o mote "qualquer dia haverá mais plástico do que peixe nos oceanos".

Os riscos para a saúde estão ainda por conhecer totalmente, mas a Organização Mundial de Saúde declarou este ano que vai prestar mais atenção à matéria, depois de um estudo ter dado a conhecer que cerca de 90% da água engarrafada vendida mundialmente tem vestígios de microplástico.

Outros estudos científicos comprovaram a presença de vestígios de plástico em peixes e outros animais marinhos que acabam por chegar ao organismo de seres humanos através da alimentação.

Quanto à responsabilidade no aquecimento global, além das emissões de gases poluentes decorrentes da própria atividade industrial, o plástico a decompor-se liberta para a atmosfera gases que contribuem para o efeito de estufa.

Com a dimensão gigantesca que o plástico assumiu na vida das sociedades, o problema não se resolve só de um lado.

Ambientalistas e decisores políticos pressionam as marcas para que se reduza a oferta e se procurem alternativas mais recicláveis, mas há setores nos quais o plástico é absolutamente essencial e não tem para já substituto em larga escala. Saúde, eletrónica e alimentar são exemplos dessas áreas.

O problema agudiza-se nos países em desenvolvimento: por um lado, e especialmente os que têm litoral, são dos que mais têm a perder com as "marés de plástico", por outro, a falta de infraestruturas e de consciência ambiental não dá grandes alternativas a milhões de pessoas que vivem sem condições básicas.

A consciência individual de cada cidadão tem também um longo caminho a fazer: o choque de ver uma baleia com o estômago cheio de plástico ou uma praia que podia ser paradisíaca transformada num atoleiro nem sempre se reflete em mudanças de comportamento.

Um gesto mundano como deitar um saco de plástico no caixote do lixo, um cotonete na sanita ou uma beata para o chão multiplicado por milhares de milhões de pessoas está longe de ser inócuo.

O plástico não só não desaparece como volta e voltará cada vez mais a contaminar a vida das sociedades, afetando setores como a economia, o lazer e a saúde. Este ano, houve sinais de que algo tem que ser feito, e depressa.

Ministra da Saúde
Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde vão precisar, nos próximos três anos, de 500 milhões de euros de investimento em...

Em declarações, a ministra da Saúde, Marta Temido, explicou que a anterior equipa ministerial tinha feito um levantamento de necessidades de investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) que apontavam para mil milhões de euros, mas que continham diversos investimentos, incluindo o de novas unidades hospitalares que vão surgir, como os hospitais de Seixal, Sintra ou Lisboa Oriental.

“Esse levantamento foi depois analisado e priorizado. Dessa priorização resultou um conjunto de investimentos que anda na casa de 500 milhões de euros de investimentos. Não seria possível que se executassem todos ao mesmo tempo. O que se fez foi uma repartição desse investimento por três anos: 2018, 2019 e 2020”, afirmou Marta Temido, à margem da inauguração de equipamentos de imagiologia no hospital Santa Maria, em Lisboa.

A ministra ressalvou que esses 500 milhões de euros não terão o Orçamento do Estado como fonte única de financiamento, devendo também apoiar-se em fundos comunitários.

Marta Temido deu o exemplo do programa de apoio comunitário Lisboa 2020, que tem à sua gestão 800 milhões de euros e mais de 100 milhões são só para a área da Saúde, estando algum deste financiamento já executado, outro em curso e outro ainda com candidaturas a serem trabalhadas.

Para a governante, este plano de investimento de 500 milhões de euros a três anos está alinhado com a proposta do Governo para a Lei de Bases da Saúde, que advoga a criação de planos plurianuais de investimento.

Trata-se ainda, sublinhou a ministra, de “trabalhar com planeamento e com foco nas prioridades” e não em resposta a situações de pressão do momento.

As declarações da ministra da Saúde sobre o investimento em equipamentos decorreram à margem da inauguração hoje de dois angiógrafos e um mamógrafo digital no hospital Santa Maria, em Lisboa.

Este natal dê um presente ao seu coração
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular vai promover uma iniciativa de sensibilização para a prevenção da doença...

“A chegada da época natalícia é um bom pretexto para incentivar as pessoas a fazer algumas mudanças no seu estilo de vida, optando por escolhas mais saudáveis que permitam reforçar os cuidados com o coração. Praticar exercício físico, controlar a alimentação e evitar o stress são boas formas de prevenir a doença coronária”, explica João Brum Silveira, presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC).

A doença coronária carateriza-se pela acumulação de depósitos de gordura no interior das artérias que fornecem sangue ao coração. Esses depósitos causam um estreitamento ou obstrução das artérias o que provoca uma diminuição dos níveis de oxigénio e nutrientes que chegam às células do músculo cardíaco. As principais doenças coronárias são a angina de peito e o enfarte agudo do miocárdio.

“A hipertensão arterial, o colesterol elevado, a diabetes, o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo contribuem significativamente para aumentar o risco de sofrer de doença coronária. A prevenção é o melhor caminho para evitar as co-morbilidades e mortalidade associadas a estas doenças,” conclui João Brum Silveira.

 

Patologia degenerativa osteoarticular tem vindo a aumentar
Representando um importante problema médico, social e económico, estima-se que cerca de metade da po

Estima-se que, em Portugal, mais de metade da população adulta sofra de doenças reumáticas. Que doenças são estas e quais as que mais atingem os portugueses?

As doenças reumáticas são um conjunto diverso de doenças que atingem as articulações, os ossos, os músculos, os tendões e os vasos. Existem mais de 100 subtipos diferentes que podem afetar homens e mulheres, ocorrem em qualquer faixa etária (desde a infância precoce até ao indivíduo idoso) e, nalguns casos, causam significativa incapacidade e perda de qualidade de vida. O estudo epidemiológico das doenças reumáticas em Portugal, EpiReumaPt, demonstrou que mais de metade da população portuguesa adulta sofre ou já sofreu de uma doença reumática. As mais frequentemente reportadas incluem a lombalgia, a osteoartrose, as tendinites e a osteoporose.

Qual a sua prevalência? E o que explica o crescente aumento do número de casos nos países desenvolvidos, sobretudo nas faixas etárias mais jovens?

A prevalência é muito variável, dependendo da doença reumática a que nos referimos. Por exemplo, uma patologia frequente é a peri-articular (como as tendinites, bursites ou síndromes neurocompressivos), que afecta 15.8% da população, ou a osteoartrose do joelho, que afecta 12.4%. Já outras doenças são menos frequentes, como a artrite reumatóide (0.7%) ou o lúpus eritematoso sistémico (0.1%), mas são potencialmente mais graves e incapacitantes. O crescente número de casos diagnosticados, não apenas nos mais jovens, está muito provavelmente relacionado com o maior conhecimento e melhores métodos usados para diagnosticar estas doenças, sobretudo em fases mais precoces. Por outro lado, tanto a população como os profissionais de saúde estão mais alerta para estas patologias, até então subvalorizadas e vistas como inevitáveis e não tratáveis. É também natural que, com o envelhecimento da população e o aumento dos estilos de vida sedentários, a patologia degenerativa osteoarticular aumente.

Os dados disponíveis mostram também que a artrite reumatóide, por exemplo, atinge três vezes mais mulheres do que homens. Como se caracteriza esta doença e quais os principais sintomas?

A artrite reumatóide é o paradigma da doença articular inflamatória onde o Reumatologista pode fazer toda a diferença. Trata-se de uma doença crónica, de causa ainda mal compreendida, em que o sistema imunitário desencadeia uma resposta contra a membrana sinovial, que reveste internamente as articulações e algumas bolsas e tendões. Em termos de sintomas, existe dor e inchaço das articulações das mãos e pés, assim como dos punhos, cotovelos, ombros e joelhos, que habitualmente são piores durante a manhã e com a imobilização, e melhoram ao longo do dia com o movimento. Fazem-se também acompanhar de rigidez articular matinal que pode durar várias horas. Mais raramente, a artrite reumatóide pode atingir outros órgãos, como a pele, o olho, o pulmão ou o sistema nervoso.

Quais as causas?

Como referi anteriormente, as causas da artrite reumatóide são ainda mal compreendidas. Sabemos que existem genes predisponentes, mas que a interação com fatores ambientais (tais como o tabagismo ou certas infeções virais) e hormonais é fundamental para desencadear a doença. O diagnóstico precoce é crucial pois, logo nos primeiros meses, muitos doentes desenvolvem destruição articular, que é irreversível e que se acumula ao longo do tempo, provocando incapacidade para as atividades laborais e de vida diária. Nos dias de hoje, dispomos de um vasto conjunto de alternativas terapêuticas que permite travar a evolução da artrite reumatóide, por isso, quanto mais cedo a diagnosticarmos, melhor será o prognóstico a médio e longo prazo.

Quais os tratamentos indicados para artrite reumatóide?

O tratamento da artrite reumatóide passa obrigatoriamente pela utilização de fármacos que permitam controlar a inflamação e travar a progressão da destruição articular. Podem ser usados anti-reumáticos convencionais, como o metotrexato ou a leflunomida, anti-reumáticos biotecnológicos, como os bloqueadores do TNF-alfa, ou os anti-reumáticos mais recentes, os inibidores da JAK. Além do tratamento farmacológico, é recomendado aos doentes com artrite reumatóide que mantenham estilos de vida saudáveis (incluindo alimentares e exercício físico), que cessem eventuais hábitos tabágicos (pioram o prognóstico da doença e a resposta ao tratamento) e controlem fatores de risco vasculares, como a diabetes ou a hipertensão arterial. Para alívio dos sintomas, podem também ser recomendados períodos de fisioterapia.

Que fatores podem condicionar o agravamento da doença? Qual a importância da prática de exercício físico ou da alimentação, por exemplo, neste âmbito?
O principal fator que condiciona o agravamento da doença é o não cumprimento do tratamento. O exercício físico permite manter a mobilidade articular e deverão ser evitadas atividades com traumatismo articular excessivo. Uma alimentação saudável deverá evitar o excesso de peso e a obesidade, que sobrecarregam adicionalmente articulações que têm já uma predisposição para a lesão. Apesar de alguns doentes se sentirem melhor evitando certos alimentos (como carnes vermelhas, lacticínios ou alimentos com glúten), a maioria não sente qualquer alteração do seu estado e não existe evidência científica suficiente que permita recomendar ou evitar determinados alimentos.

Quanto às Espondilartrites, sabe-se que estas acometem sobretudo o sexo masculino. Há alguma justificação para que afetem maioritariamente os homens?
Ainda não é conhecido com certeza o motivo pelo qual as espondilartrites afectam mais os homens do que as mulheres, mas fatores genéticos e hormonais serão provavelmente responsáveis.

Neste caso, pode-se falar em fatores de risco?

Sim, ser homem é um fator de risco para espondilartrites, assim como ter o gene HLA-B27, ter familiares com espondilartrites ou ter determinado tipo de infeções.

Que doenças fazem parte do grupo das Espondilartrites? Quais as principais manifestações clínicas?

As espondilartrites são um conjunto de doenças reumáticas inflamatórias crónicas que incluem as espondilartrites axiais (como a espondilite anquilosante), a artrite psoriásica, a artrite reativa, a espondilartrite associada a doença inflamatória intestinal, a espondilartrite indiferenciada e espondilartrite juvenil (entesite relacionada com artrite). Apesar de serem distintas entre si, apresentam características genéticas, clínicas e imagiológicas comuns. As principais manifestações clínicas incluem dor e inflamação nas enteses (inserções dos tendões, ligamentos ou cápsulas) e nas articulações, dores na coluna e nos glúteos, e outras manifestações não relacionadas com o sistema osteoarticular como psoríase, doenças inflamatórias do intestino (colite ulcerosa ou doença de Crohn), uretrite, uveíte ou conjuntivite.

Em termos gerais, no que diz respeito às Doenças Reumáticas, quais as principais complicações associadas a estas patologias?

As complicações vão depender da doença reumática de que estamos a falar. Por exemplo, nas doenças reumáticas inflamatórias podemos ter complicações relacionadas com a própria doença (como o atingimento de vários órgãos) ou relacionadas com o tratamento (como infecções ou toxicidade). As principais causas de morte nas doenças reumáticas inflamatórias são os eventos cardio e cerebrovasculares (enfartes e AVCs), e esta é também uma preocupação durante o seu tratamento. No global, quer sejam inflamatórias, degenerativas, microcristalinas ou osteometabólicas, as doenças reumáticas podem ter um impacto muito significativo a nível pessoal, familiar, laboral e social. São causa de dor crónica e incapacidade, com perda de função e qualidade de vida, com períodos de absentismo laboral prolongado, perda de produtividade, baixas médicas e reformas antecipadas.

Qual o seu impacto na sociedade, sobretudo a nível económico?

Não existe muita informação sobre o real impacto económico das doenças reumáticas em Portugal, mas estima-se que atinja muitos milhões de euros anualmente. Os custos são diretos, relacionados com o consumo de recursos de saúde (consultas, internamentos, episódios de urgência, fisioterapia) e medicamentos; e indiretos relacionados com perda de produtividade, baixas médicas e reformas antecipadas.

Para terminar, que mensagem gostaria de deixar no âmbito desta temática? Sobretudo no que diz respeito à população mais idosa, há cuidados especiais a ter?

A mensagem que gostaria de transmitir é a de que as doenças reumáticas são mais comuns do que se julgava, e muitas delas têm tratamento que melhora os sintomas e o desempenho das atividades diárias. Se tiver dor nas articulações com interferência no quotidiano, e sobretudo se tiver inchaço ou rigidez articular, deve consultar o seu médico assistente pois pode justificar-se uma referenciação a um reumatologista. Numa perspectiva mais preventiva, recomendaria como cuidados a ter, seja com a população idosa seja com a população mais jovem, manter uma alimentação diversificada, um peso normal e atividade física regular. Apesar de parecerem lugares-comuns, estas atitudes evitam o desgaste articular precoce, mantêm a saúde muscular, combatem a perda de massa óssea e trazem inúmeros outros benefícios para a saúde vascular e metabólica.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Contestada devolução de 38M à ADSE
A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada diz desconhecer o parecer da Procuradoria-Geral da República favorável à...

A ADSE divulgou ontem um comunicado em que dizia que um parecer pedido à Procuradoria-Geral da República (PGR) lhe dava razão na questão dos 38 milhões de euros que considera que os hospitais e clínicas privadas lhe devem por excessos de faturação entre 2015 e 2016.

Em resposta, a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) diz que o assunto está a ser dirimido nos tribunais e que desconhece o parecer da PGR, tendo mesmo um outro em seu poder, da autoria de Vital Moreira, que defende exatamente o contrário.

De acordo com os hospitais privados, o parecer de Vital Moreira diz que “as normas em análise são materialmente ilegais”, constituem “uma modificação dos termos contratuais das convenções vigentes” e “violam flagrantemente” os princípios "da proporcionalidade, do equilíbrio das prestações e da boa-fé e da proteção de confiança”.

Segundo a APHP, “o processo das regularizações decorre de normas que advêm de 2014 e que sempre foram contestadas pelos hospitais privados”.

“Não é razoável pretender fazer regularizações retroativas de faturas conferidas e pagas, com base em valores que ninguém sabe quais são e em que contexto foram praticados”, sublinham os hospitais privados.

Para a APHP, a ADSE “sempre afirmou que seria possível substituir o mecanismo das regularizações por regras adequadas de faturação dos diversos procedimentos, o que tem vindo a acontecer”.

“Recorde-se que há menos de dois meses houve um compromisso com o Ministério da Saúde que foi quebrado, sendo que o parecer da PGR em nada altera o trabalho que estava a ser feito”, insistem os hospitais privados.

A APHP desconhece “os termos do pedido à PGR e quais os argumentos utilizados”, mas diz inferir “que o objeto não foi a legalidade das normas, mas antes a legalidade do processo de aplicação das normas”.

Defende que a pretensão da ADSE é inaceitável, “não apenas pelo montante em causa e pela retroatividade, mas essencialmente pela rutura que tal significa em termos de confiança”.

A APHP diz ainda que, “face à gravidade da iniciativa da ADSE e à imprevisibilidade absoluta que está criada no regime convencionado”, vai convocar uma Assembleia Geral com caráter de urgência.

No comunicado emitido a quinta-feira, a ADSE explica que o parecer da PGR surgiu na sequência de um recurso à justiça por parte da APHP, que contesta as regularizações.

A ADSE começa por referir que a despesa total do instituto público subiu 6,2% entre 2014 e 2018, para um valor estimado de 562 milhões de euros, pelo que quer garantir que “não existe faturação excessiva”, recorrendo à comparação dos preços praticados pelos diferentes prestadores, sobretudo relativos a medicamentos, dispositivos médicos e cirurgias.

Sobre estes atos, os prestadores “podem faturar os valores que entenderem, sem estar estipulado um valor máximo, mas ficam sujeitos a uma regularização posterior”, tendo sido introduzido em 2009 o princípio da regularização, explica o instituto.

“A ADSE está a realizar reuniões com os diferentes prestadores envolvidos para lhes comunicar o início do processo de regularizações de 2015 e 2016”, avança o instituto público de gestão participada liderado por Sofia Portela.

Segundo o instituto, seguir-se-á um processo de contraditório em que os prestadores poderão analisar os valores apurados pela ADSE e solicitar os esclarecimentos necessários.

A ADSE adianta que “existe flexibilidade” para negociar o calendário de pagamento das regularizações.

Excessos de faturação
Os hospitais e clínicas privados terão de devolver 38 milhões de euros à ADSE, sistema de saúde da função pública, devido a...

De acordo com um comunicado da ADSE, em causa está um parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) que veio dar razão à ADSE, obrigando assim os prestadores convencionados a regularizar os pagamentos. O parecer da PGR surgiu na sequência de um recurso à justiça por parte da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) que contestava as regularizações.

A ADSE começa por referir que a despesa total do instituto público subiu 6,2% entre 2014 e 2018, para um valor estimado de 562 milhões de euros, pelo que quer garantir que “não existe faturação excessiva”, recorrendo à comparação dos preços praticados pelos diferentes prestadores, sobretudo relativos a medicamentos, dispositivos médicos e cirurgias.

Sobre estes atos, os prestadores “podem faturar os valores que entenderem, sem estar estipulado um valor máximo, mas ficam sujeitos a uma regularização posterior”, tendo sido introduzido em 2009 o princípio da regularização, explica o instituto.

“Quando existem desvios significativos o prestador tem que reembolsar a ADSE dos valores que cobrou a mais”, adianta a mesma fonte.

Segundo os cálculos da ADSE, as regularizações que corrigem os excessos de faturação dos prestadores convencionados efetuados em 2015 e 2016 “rondarão os 38 milhões de euros”.

A APHP recorreu à justiça, submetendo uma providência cautelar para que estas regularizações não fossem efetuadas, conta a ADSE. Porém, a providência cautelar e o recurso apresentados foram recusados pelo tribunal “por razões processuais”.

A ADSE solicitou então à tutela que a PGR se pronunciasse, tendo emitido um parecer favorável ao pagamento.

“O procedimento de regularização relativo aos anos de 2015 e 2016 é legal, não podendo ser afastado por eventuais vícios na elaboração e celebração da convenção e na atualização automática das tabelas de preços e regras em vigor”, segundo o parecer da PGR citado pela ADSE.

“A ADSE está a realizar reuniões com os diferentes prestadores envolvidos para lhes comunicar o início do processo de regularizações de 2015 e 2016”, avança o instituto público de gestão participada liderado por Sofia Portela.

Segundo o instituto, seguir-se-á um processo de contraditório em que os prestadores poderão analisar os valores apurados pela ADSE e solicitar os esclarecimentos necessários.

A ADSE adianta que “existe flexibilidade” para negociar o calendário de pagamento das regularizações.

Bastonária dos enfermeiros
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros considerou que, apesar da "bondade da nova lei" de bases da Saúde, a legislação...

Ana Rita Cavaco reagia à proposta de nova Lei de Bases da Saúde ontem aprovada pelo Governo, que prevê a gestão preferencialmente pública das unidades de saúde do Serviço Nacional da Saúde (SNS) e um plano de investimento plurianual para o SNS, que inclua financiamento de edifícios e equipamentos, e abre a porta à exclusividade dos profissionais de saúde no SNS.

Para a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, há problemas, como as listas de espera e a falta de enfermeiros, que o novo diploma não vai resolver, atendendo a que o Serviço Nacional de Saúde "está há anos suborçamentado e subfinanciado".

"Não é pela publicação da lei que vou ter estes problemas resolvidos", afirmou, defendendo que o plano de investimento plurianual para o SNS "é mitigador em muito pouco".

Segundo Ana Rita Cavaco, o SNS precisa de "mais dinheiro" e de "um modelo de financiamento diferente" que não se baseie nas estatísticas das consultas e cirurgias feitas.

A proposta de lei ontem aprovada em Conselho de Ministros, e que segue para apreciação e votação no parlamento, resulta do projeto apresentado pela Comissão de Revisão da Lei de Bases da Saúde, que foi alvo de discussão pública envolvendo parceiros institucionais, agentes do setor e o público em geral, de acordo com o Governo.

 

Profissionais de saúde
O curso de pós-graduação sobre mutilação genital feminina para profissionais de saúde conta este ano com o apoio do Governo,...

Numa nota, o gabinete da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, adianta que o curso de pós-graduação em Saúde Sexual e Reprodutiva – Mutilação Genital Feminina, na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, tem início hoje.

Segundo o Governo, a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, que vai presidir ao início do curso, dinamizou o relançamento desta pós-graduação ao introduzir “melhorias relativamente a edições passadas” em linha com o projeto Práticas Saudáveis – Fim à Mutilação Genital Feminina, apresentado pelo Governo a 07 de novembro.

A parceria é agora alargada ao Alto Comissariado para as Migrações e à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que passam a aliar esforços nesta iniciativa com a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, a Direção-Geral da Saúde e a Associação para o Planeamento da Família, refere a nota.

De acordo com o Governo, o plano curricular será ministrado por pessoas “com reconhecida competência teórica e prática sobre a matéria em Portugal”, dirigindo-se a pós-graduação preferencialmente a profissionais nas áreas com maior prevalência de mutilação genital feminina (MGF) e onde está a ser implementado o projeto Práticas Saudáveis – Fim à Mutilação Genital Feminina.

A pós-graduação vai decorrer até junho de 2019 e vai ser frequentada por sete médicas, 14 enfermeiras, uma psicóloga e quatro assistentes sociais, que vão ficar dotadas “com competências avançadas para o trabalho de prevenção da MGF, bem como de atendimento e apoio a mulheres que tenham sido sujeitas à prática”, indica a nota.

O gabinete de Rosa Monteiro refere ainda que “o apoio à abertura deste curso confirma o empenho do Governo em envolver todos os setores no combate à mutilação genital feminina, orientando recursos e competências para uma ação mais coordenada e eficaz na erradicação desta prática”.

A Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não-Discriminação – Portugal + Igual, aprovada em março, inscreveu a problemática da mutilação genital feminina no Plano de Ação para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e à Violência Doméstica 2018-2021 e alargou a intervenção a outras práticas tradicionais nefastas como os casamentos infantis, precoces e forçados.

Governo
A ministra da Saúde afirma que a proposta do Governo para a Lei de Bases da Saúde respeita o “espírito da proposta” da comissão...

Marta Temido apresentou ontem publicamente as linhas gerais da proposta do Governo para uma nova Lei de Bases da Saúde, mas na cerimónia de apresentação, que contou com dezenas de personalidades do setor, não esteve presente Maria de Belém, que presidiu à comissão de revisão da Lei de Bases, nomeada pelo anterior ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Questionada pelos jornalistas sobre a ausência de Maria de Belém, a ministra da Saúde optou por dar conta da sua “satisfação” com a presença de “vários elementos” que integraram a comissão de revisão da Lei de Bases.

Marta Temido louvou o trabalho da comissão, considerando que cumpriu o seu papel com “exemplar desempenho”.

A ministra da Saúde já tinha dito publicamente que a atual equipa ministerial, em funções há cerca de dois meses, pretendia incorporar a sua visão no documento da Lei de Bases e hoje reiterou esse propósito: “O espírito da proposta da comissão está perfeitamente respeitado, mas ninguém pensaria que não fosse o Governo a usar as teclas do seu computador para fazer a redação final da proposta”.

No seu discurso na cerimónia de apresentação, a ministra da Saúde considerou que a proposta de Lei de Bases da Saúde "é ideologicamente coerente” com o que o Governo defende.

Marta Temido defendeu que o documento traz um "reforço do papel do Estado" e da saúde pública.

A atual proposta prevê uma gestão preferencialmente pública dos estabelecimentos do SNS, pretende reduzir a mobilidade de profissionais entre o setor público e o privado, abrindo a porta à exclusividade no Serviço Nacional de Saúde, prevê um plano de investimento plurianual e introduz a referência ao cuidador informal.

Ministra da Saúde
A proposta do Governo para a Lei de Bases da Saúde dá uma “indicação muito clara” de que o país deve evoluir para “uma...

Segundo a ministra da Saúde, o que o Governo pretende é, “em condições voluntárias, específicas, de concreto interesse do SNS”, avançar para a dedicação exclusiva dos profissionais de saúde.

“A atual lei de bases ainda contém uma menção, que era própria da altura, a um apoio à mobilidade de profissionais entre setor público e privado. Os tempos são muito diferentes. [A proposta tem] uma indicação muito clara de que deveremos evoluir de uma forma progressiva para a dedicação plena dos profissionais de saúde ao Serviço Nacional de Saúde. Os profissionais são o maior investimento e o recurso mais importante do SNS”, afirmou Marta Temido aos jornalistas no final da apresentação pública das linhas gerais da proposta do Governo, ontem aprovada em Conselho de Ministros.

Mesmo depois de aprovada uma Lei de Bases no parlamento, a ministra lembra que serão necessárias medidas legislativas complementares sobre este tema, que terá regras mais específicas.

A proposta de Lei de Bases do Governo propõe ainda a criação de um plano de investimentos plurianual para o Serviço Nacional de Saúde, que inclua investimento em instalações e equipamentos.

O documento que o Governo submete agora ao parlamento cria ainda uma “delimitação mais rigorosa” entre o setor público, privado e social, “com critérios mais transparentes”.

A ministra Marta Temido lembrou que a Lei de Bases ainda em vigor “afirma que o Estado apoia o setor privado em concorrência com os serviços públicos” e que o Governo defende que tem de se ser mais rigoroso na delimitação entre setores.

Pontos essenciais
A nova Lei de Bases da Saúde, ontem aprovada pelo Governo, condiciona o recurso a privados à avaliação das necessidades e...

Do mesmo modo, a nova lei prevê o fim do apoio do Estado “à facilitação de mobilidade de profissionais entre o setor público e o setor privado” e “evolui progressivamente para a criação de mecanismos de dedicação plena ao exercício de funções públicas”.

As taxas moderadoras mantêm-se para evitar o “risco de um consumo desenfreado, excessivo e contrário aos interesses da sociedade”.

Embora o documento não tenha sido ainda tornado público, o Ministério da Saúde já apresentou as linhas gerais da nova legislação, que se segue ao anteprojeto da Comissão de Revisão da Lei de Bases da Saúde, presidido pela ex-ministra Maria de Belém Roseira.

A ministra da Saúde, Marta Temido, assumiu entretanto que a atual equipa do Ministério da Saúde queria incorporar a sua visão no documento.

Também o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista Português (PCP) apresentaram projetos de revisão da Lei de Bases da Saúde, que está em vigor há 28 anos.

O documento ontem aprovado pelo Conselho de Ministros segue agora para o parlamento.

Princípios gerais
Ao atualizar a lei de bases em vigor desde 1990, o Governo diz que a legislação é “concisa e abrangente”, mas “sem prejuízo da matriz universal, geral e solidária do direito à proteção da saúde, primordialmente financiados por impostos e com gestão pública”.

O documento, diz ainda o executivo, pretende refletir as tendências internacionais (“saúde em todas as políticas”, saúde global e centrada no cidadão”), tendo ainda em conta as mudanças demográficas e epidemiológicas, cidadãos mais informados e exigentes a respeito dos seus direitos e deveres, e evolução tecnológica”.

A Comissão de Revisão previa no seu anteprojeto que “o Estado promove e garante o acesso de todas as pessoas às prestações de saúde” e a que a política de saúde deve “centrar-se na pessoa e na sua dignidade”.

O projeto do BE defende que cabe ao Estado o acesso e a prestação de cuidados de saúde a todos os cidadãos, através do SNS, e no mesmo sentido vai a proposta do PCP, salvaguardando que o serviço deve ser “universal, geral e gratuito”.

Financiamento
O Ministério da Saúde advogou ontem o financiamento público do SNS, referindo que a despesa no setor é de cerca de 12% a 13% da despesa global, ligeiramente abaixo da média internacional, que é de 15%.

A proposta da comissão defendia que o SNS deve ser financiado pelo Orçamento do Estado (OE), devendo aproximar-se da dotação da média da UE, pelo pagamento de cuidados por parte de terceiros responsáveis (subsistemas de saúde ou seguradoras), cuidados prestados a não beneficiários, serviços de investigação, uso de instalações ou equipamentos, alienação de bens, donativos, taxas e coimas.

Também o PCP e BE defendem um SNS financiado pelo OE e outras receitas, provenientes por exemplo de cuidados prestados a não beneficiários ou multas.

Taxas moderadoras
Segundo a ministra da Saúde, a nova Lei de Bases tem uma formulação muito próxima da proposta da Comissão de Revisão, mantendo-se as taxas moderadoras como “mecanismo de moderação da procura desnecessária” aos hospitais, com isenções agregadas “em função da condição de recursos, de doença ou outras situações de fragilidade que se entendam salvaguardar e com um teto máximo”.

Marta Temido refere que as taxas moderadoras representam 160 a 170 milhões de euros em receitas para o SNS e não são determinantes no financiamento, mas importa mantê-las para evitar o “risco de um consumo desenfreado, excessivo e contrário aos interesses da sociedade”.

A proposta da comissão de revisão também prevê taxas de moderadoras e isenções, devendo a lei estabelecer “limites ao montante máximo ao montante total de taxas moderadoras a pagar por prestação e por ano”.

O PCP defende, por sua vez, a eliminação das taxas moderadoras, já o BE prevê que sejam praticamente extintas, exceto nos casos de prestações de saúde não solicitadas por médicos ou outros profissionais.

Setores privado e social
Segundo a proposta de lei do Governo, os setores público, privado e social atuam sob um princípio de cooperação e “pautam-se por regras de transparência e de prevenção de conflitos de interesse ao nível dos seus profissionais”.

A contratação de entidades do setor privado e social, tal como o recurso a entidades terceiras, “é condicionada à avaliação da necessidade”, prevalecendo “a primazia dos serviços próprios do Estado na prestação de cuidados”.

Na proposta do Governo, elimina-se o apoio do Estado ao “desenvolvimento do setor privado da saúde (…) em concorrência com o setor público”.

O Governo quer ainda reforçar a autonomia de gestão das unidades do SNS e o investimento em investigação e inovação, prevendo planos de investimento plurianuais.

O anteprojeto da Comissão de Revisão também já previa que os setores público, social e privado devem atuar entre si de acordo com o “princípio de cooperação e de separação”, pautado por regras de transparência e igualmente de acordo com as necessidades.

Para o PCP, “os serviços e estabelecimentos de saúde do SNS não podem ser geridos por entidades privadas ou do setor social”, enquanto o BE admite a celebração de acordos com entidades privadas, se isso for indispensável para garantir o acesso universal.

Profissionais de saúde
Na nova Lei de bases, elimina-se o apoio do Estado “à facilitação de mobilidade de profissionais entre o setor público e o setor privado”, evoluindo “progressivamente para a criação de mecanismos de dedicação plena ao exercício de funções públicas”.

Para a ministra da Saúde, “são linhas que, até face àquilo que hoje em dia é o poder do setor privado, importava contrariar”.

Na proposta da comissão de revisão, os profissionais de saúde do SNS têm de ter autorização do Ministério para exercerem funções privadas, não podendo ser autorizada se houver prejuízo para o SNS. Por outro lado, a lei pode criar incentivos que promovam a dedicação exclusiva dos profissionais ao SNS e à investigação.

Tanto o projeto do PCP como o do BE defendem a promoção da exclusividade dos profissionais de saúde no SNS, com os comunistas a quererem também diminuir “progressivamente, até à eliminação”, o recurso a profissionais sem vínculo ao SNS e os bloquistas a referirem a necessidade de assegurar cobertura adequada do território nacional.

Utentes
O Ministério da Saúde destaca que “o cidadão passa a ser claramente o centro de toda a política de saúde”, com foco na sua capacidade de tomar decisões, mas também novos deveres, como a autorresponsabilização.

A nova lei preconiza a participação as pessoas “na definição, acompanhamento e avaliação das políticas de saúde e nas decisões que dizem respeito ao seu bem-estar, promovendo-se a literacia para a saúde”.

O documento prevê também novos modelos assistenciais, “salvaguardando que o modelo de prestação garantido pelo SNS está organizado e funciona de forma articulada e em rede”.

Por outro lado, alarga ainda o conceito de beneficiários do SNS a requerentes de proteção internacional, migrantes legais e ilegais, reclusos e crianças internadas em centros educativos.

A saúde pública, mental e ocupacional passa a ter bases próprias, e, segundo a ministra da Saúde, a nova lei passa a contemplar os cuidados paliativos e os cuidados continuados e ainda uma referência expressa ao cuidador informal.

A proposta da comissão de revisão defendia que cada pessoa possa recusar receber a prestação de cuidados proposta, com exceção dos casos previstos pela lei, e nomear um procurador de cuidados de saúde. Os utentes teriam também direito a ser informados da posição que ocupam na lista de inscrições para cuidados de saúde.

A mesma proposta refere serem igualmente beneficiários do SNS os turistas e cidadãos com residência permanente ou temporária em Portugal e o encargo público quando seja necessário referenciar beneficiários do SNS para o estrangeiro, quer por assistência mútua na UE, quer por falta de condições em Portugal.

O PCP defende programas especiais de proteção da saúde para grupos vulneráveis ou de risco e uma “eficiente cobertura nacional” dos cuidados primários, hospitalares, continuados e paliativos.

O BE também quer medidas especiais para as populações mais vulneráveis, tais como crianças, adolescentes, grávidas, idoso, deficientes, consumidores de drogas ilícitas e doentes crónicos, além de trabalhadores cuja profissão assim o justifique, imigrantes, cidadãos com baixos rendimentos e socialmente excluídos.

Ministra da Saúde
A ministra da Saúde considerou que a proposta de Lei de Bases da Saúde "é ideologicamente coerente com o que é definido...

Marta Temido falava na cerimónia em que apresentou as linhas gerais da proposta do Governo para a nova Lei de Bases da Saúde e defendeu que o documento traz um "reforço do papel do Estado" e da saúde pública.

A atual proposta prevê uma gestão preferencialmente pública dos estabelecimentos do SNS, pretende reduzir a mobilidade de profissionais entre o setor público e o privado, abrindo a porta à exclusividade no Serviço Nacional de Saúde, prevê um plano de investimento plurianual e introduz a referência ao cuidador informal.

A proposta do Governo foi ontem aprovada em Conselho de Ministros.

Região Centro
A resposta dos Cuidados Paliativos Pediátricos ainda é "claramente" insuficiente para as necessidades da Região...

"Ainda não existe nenhum estudo de prevalência publicado em Portugal, mas as previsões é que as necessidades rondem as 1.200 a 1.500 crianças com necessidades de cuidados paliativos", explicou aos jornalistas Cândida Cancelinha.

A médica, que falava à margem do IX Plenário Regional das Unidades Coordenadoras Funcionais, que decorreu hoje no Hospital Pediátrico de Coimbra, salienta que, apesar de não existir um levantamento nacional, "sabe-se que aquilo que se está a prestar ainda é muito aquém das necessidades".

A atual equipa, constituída por três médicas, duas enfermeiras, mais duas enfermeiras de reabilitação, uma assistente social e uma psicóloga, acompanha atualmente 46 crianças em ambiente hospitalar e cerca de 30 no domicílio.

"O nosso objetivo é ter uma equipa com dedicação exclusiva, que ainda não temos neste momento, visto que nenhum dos elementos tem alocação completa do seu horário para os cuidados paliativos, e conseguir que nos diferentes níveis de cuidados hospitalares e primários que também as equipas comecem a ter mais formação, quer teórica, quer prática, para começar a incrementar outro tipo de respostas", referiu.

Ainda sem data para uma equipa a tempo inteiro nesta área, Cândida Cancelinha refere que, nas recomendações de saúde, o que está previsto em Portugal "é que as equipas especializadas possam alocar idealmente o tempo completo".

Esta equipa a tempo inteiro, segundo a responsável, iria possibilitar assistir um maior número de crianças e aquelas que estão em fase de agravamento e deterioração clínica, acompanhamento e consultas mais regulares do que "atualmente se consegue".

"Muito daquilo que são os cuidados paliativos são prestados pelos diferentes profissionais e quando a criança é seguida em várias consultas há sempre a abordagem multiprofissional e nas diferentes dimensões: no controlo de sintomas, no apoio emocional, psicológico e social", disse.

De acordo com a coordenadora da Equipa Intra-Hospitalar de Suporte do Hospital Pediátrico de Coimbra, "há um conjunto de cuidados que tem vindo a ser prestado desde sempre, mas que nas situações mais complexas é, de facto, necessário que seja prestado de forma mais eficaz e mais sedimentada com pessoas que tenham formação específica na área".

Cândida Cancelinha adiantou ainda que já foi apresentada uma proposta para a criação de uma unidade de internamento em cuidados paliativos, que já recebeu autorização, e o "objetivo é que a curto prazo funcione de forma plena".

O internamento é importante porque a "alocação de recursos também é diferente e há uma maior disponibilidade, ao nível de recursos de enfermagem, para assistir e deve pensar-se que uma criança que pode estar em fim de vida pode ter um enfermeiro que assiste mais seis ou sete crianças".

"A intenção é rentabilizar os recursos que existem, humanizar a prestação de cuidados e permitir que se aumente a disponibilidade de internamento para outras unidades da região centro", explicou.

Em 2017, adiantou, foi também efetuada uma candidatura para um programa de internamento no domicílio, que não foi aprovada, mas que "avançará quando houver nova oportunidade e incentivo para isso, já que requer um aumento significativo dos recursos e disponibilidade de médico e enfermeiro 24 horas por dia".

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