Segundo especialista
O especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos afirmou que "ainda há muito a fazer" na adaptação aos...

O investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que falava a propósito dos 10 anos do Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC), assinalados esta semana, disse que "há ainda muito a fazer" na adaptação, apesar de haver uma estratégia nacional.

Na adaptação às alterações climáticas, apontou, trata-se de "tentar minimizar os seus efeitos adversos e também tentar potenciar algumas oportunidades que estas mudanças trazem", existindo já um trabalho de desenvolvimento de estratégias municipais, em 26 concelhos a participar no projeto Climadapt.

"Agora é preciso dar especial atenção aos recursos hídricos, uma vez que, em Portugal, já se notam as alterações climáticas a nível de menor precipitação média anual", avançou Filipe Duarte Santos.

Para o especialista, "é preciso adaptar os recursos hídricos, a agricultura e as florestas a esta mudança", sendo a área que merece mais atenção a região interior sul do país, o Alentejo, mas também Trás-os-Montes e beiras interiores.

"Os agricultores têm toda a vantagem em ter em conta que estamos perante uma mudança do clima e que as suas práticas podem adaptar-se a um clima mais quente e mais seco", especificou.

Nas florestas, o tempo mais seco e quente aumenta o risco de fogos e nas zonas costeiras, a preocupação deve-se à subida do nível médio do mar.

Esta subida, segundo Filipe Duarte Santos, "já foi de 20 centímetros, mas que projeta-se ser de um metro até ao final do século, um processo praticamente irreversível".

A área da saúde humana também foi listada pelo investigador já que ondas de calor mais frequentes podem aumentar o risco de doenças transmitidas por vetores.

A partir de agosto
Os doentes encaminhados para os hospitais pelos centros de saúde ou pela Linha Saúde 24 passam a ter prioridade, dentro do...

Segundo um despacho publicado em abril, a partir de agosto, todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) devem dar prioridade ao atendimento dos utentes que sejam referenciados através dos cuidados de saúde primários ou da Linha Saúde 24, dentro do mesmo grau de prioridade atribuída.

Assim, as pulseiras que identificam a cor de prioridade da triagem e as vinhetas que identificam o utente devem estar devidamente assinaladas, quando o doente é reencaminhado pelo centro de saúde ou pela Linha Saúde 24.

Esta é uma forma de orientar o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde, bem como de investir na articulação entre os cuidados primários e os hospitais. Trata-se igualmente de uma forma de evitar que se recorra às urgências hospitalares em situações que devem ser avaliadas pelas equipas dos centros de saúde.

O Orçamento do Estado para este ano já veio dispensar de pagamento de taxas moderadoras, nas urgências hospitalares, os utentes referenciados pelos cuidados de saúde primários e pela Saúde 24.

No que respeita ao atendimento, nos Serviços de Urgência, de doentes classificados com a cor branca (que caracterizam um atendimento eletivo, ou seja, procedimento que pode ser programado), “não deve ultrapassar os 5% do atendimento global desses serviços, no ano de 2016, e de 2%, no ano de 2017”, define o despacho.

O objetivo é desincentivar os doentes na cor branca de se dirigirem aos Serviços de Urgência, e os hospitais de promoverem o tratamento nesses serviços de situações que não são urgentes.

Caso aquela percentagem seja ultrapassada, os hospitais devem desenvolver medidas corretivas, com vista a cumprir o objetivo fixado.

A partir de 2017, os hospitais que não conseguirem cumprir o objetivo de menos de 2% de doentes nos Serviços de Urgência, com classificação de cor branca, serão penalizados, no âmbito dos contratos-programa estabelecidos anualmente com as Administrações Regionais de Saúde.

O diploma legal determina ainda que, sempre que o doente for transferido entre serviços de urgências, deve voltar a ser triado na chegada à urgência de destino, como fator de segurança do doente, face a um eventual agravamento da sua situação clínica durante o transporte.

“Avanço civilizacional”
A presidente da Associação Portuguesa de Fertilidade, Cláudia Vieira congratulou-se com a promulgação pelo Presidente da...

Em declarações, Cláudia Vieira defendeu que a decisão anunciada no sábado à noite por Marcelo Rebelo de Sousa "mostrou que quer ir mais além e que não quer exclusões no seu próprio país".

"Foi um grande avanço civilizacional num país tão pequeno como o nosso. Mostrou que quer ir mais além e que não quer exclusões no seu próprio país. Não se trata de um capricho, estes casos são única e exclusivamente para pessoas com um problema de saúde perfeitamente identificado", sublinhou.

A dirigente da Associação Portuguesa de Fertilidade (APF), com sede em Matosinhos, distrito do Porto, lembrou que quando em junho saiu o primeiro texto "havia dúvidas" e que "aquilo que o Bloco de Esquerda fez foi revê-lo, respondendo a essas dúvidas, após o que foi favoravelmente votado pela Assembleia da República e agora terminou com uma decisão favorável do Presidente da República".

Afirmando-se "feliz" pela promulgação, Cláudia Vieira entende que o diploma que agora ganha força de lei "vai refletir-se na legalização de uma prática que era proibida em Portugal, deixando de empurrar os casais para a procura de ajuda onde a gestação de substituição é legal ou, em alguns casos, recorrer à margem da lei".

"Isso preocupava-nos, porque todos os intervenientes nessa prática estavam desprotegidos", lembrou a dirigente da APF que reconhece que havia atividade marginal no apoio a essas pessoas.

"Claramente, não se pode tapar o sol com a peneira, ela acontecia em Portugal e isso não interessa a ninguém", acrescentou.

No novo cenário nascido da proposta do BE, entende Cláudia Vieira que a partir de agora "todos conhecem os seus direitos e estão salvaguardados os direitos da criança".

"A gestação de substituição foi um tema por nós discutido e defendido, representa a inclusão de uma faixa de portugueses inférteis numa lei que até ao momento os deixava de fora. Não é, nem nunca foi, um mero capricho de alguém", disse.

A promulgação do diploma da Assembleia da República foi divulgada através da página da Presidência da República na Internet.

Agência Portuguesa do Ambiente
A produção de resíduos hospitalares perigosos ficou nas 21 mil toneladas em 2015, uma quantidade já mais baixa que a meta...

Ao não atingir a meta fixada para este ano, cerca de 23 mil toneladas, "cumpriu-se o cenário mais restritivo para este indicador", referiu a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

No ano passado, a capacidade de tratamento instalada em Portugal para os resíduos hospitalares perigosos era superior aos valores fixados no Plano Estratégico dos Resíduos Hospitalares (PERH) para 2016 e, no caso do lixo do grupo IV, que é de incineração obrigatória, é quatro vezes superior.

A capacidade instalada para estes resíduos perigosos era de 8,2 mil toneladas e o PERH refere 2 mil toneladas, segundo os dados da APA.

Quanto ao grupo III, que abrange os produtos de risco biológico - resíduos contaminados suscetíveis de serem encaminhados para a incineração ou para algum pré-tratamento que permita a sua eliminação como resíduo urbano -, a capacidade instalada atingia cerca de 46 mil toneladas, igualmente acima das 41,4 mil toneladas indicadas no PERH.

A APA refere ainda que, no ano passado, a produção de resíduos hospitalares do grupo IV foi inferior à meta estabelecida para 2016, "tendo também este objetivo sido cumprido".

A quantidade deste tipo de lixo ficou em 2015 nos 6,13% para uma meta do PERH de 8% para 2016.

Estudo
Investigadores portugueses identificaram uma nova via que estabiliza a proteína alterada nos doentes com fibrose quística,...

"O que nós identificámos foi uma nova via que regula a estabilidade da proteína na membrana da célula. É uma via de sinalização que já era conhecida, o que fizemos foi mostrar que está envolvida na regulação desta proteína da fibrose quística", naquele local, disse o cientista que coordenou a investigação.

O avanço conseguido neste trabalho, recentemente publicado no 'Journal of Cell Science', "é particularmente importante porque, no campo da fibrose quística, já há, muito recentemente, medicamentos aprovados que corrigem aquilo a que chamamos um defeito [base]", mas que "vão tratar, não os sintomas propriamente ditos, mas aquilo que está na origem dos sintomas, e impedem a doença no seu início", explicou Carlos Farinha.

O cientista do BioISI – Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa), referiu que, "no caso dos doentes que têm a mutação mais comum, porque a fibrose quística é uma doença genética, esses medicamentos corrigem o dito defeito básico, mas corrigem-no pouco", ou seja, a correção não é total e continua a haver alguma consequência do problema.

A ação destes medicamentos, já aprovados, "acaba por não ser uma cura definitiva, [sendo] mais um retardar dos efeitos da doença, que, para os doentes obviamente já é bom, mas não é suficiente", defendeu Carlos Farinha.

Em outras áreas da saúde, como nos problemas cardíacos ou de inflamação vascular, esta via de sinalização já está a ser estudada e "na mira das empresas farmacêuticas", apontou.

"Ativando esta outra proteína dentro da célula, a proteína da fibrose quística fica mais estável" e agora os investigadores pretendem analisar se, na ligação entre as duas, "há outras que são ainda mais fáceis de ativar e que levam ao mesmo efeito", resumiu o especialista.

O composto químico utilizado pela equipa do BioISI em laboratório, avançou, "pode eventualmente evoluir para medicamento".

Segundo dados da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em Portugal, a fibrose quística, que se manifesta sobretudo ao nível dos pulmões, mas também do intestino, afeta cerca de 300 doentes e as estimativas apontam para o nascimento de 30 a 40 crianças com este problema, por ano.

Novos tratamentos
Portugal vai criar uma plataforma, integrando um projeto internacional, para informar os doentes sobre a investigação de...

O objetivo da plataforma, a integrar na academia europeia de doentes para a inovação terapêutica (EUPARI na sigla em inglês), é "criar uma comunidade de pessoas informadas relativamente à sua potencial [intervenção] na investigação ligada ao desenvolvimento de medicamentos", podendo ser doentes ou de associações de doentes, mas também profissionais de algumas áreas, explicou Beatriz Lima, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

A presidente da Associação de Doentes de Doenças Reumáticas, Elsa Mateus, também está no grupo de seis elementos com a tarefa de preparar a plataforma nacional, que deverá estar a funcionar até dezembro.

"Inicialmente, o projeto estava pensado para 12 plataformas nacionais. Neste momento, já estão previstas 19, até final de 2016, e Portugal é uma delas", avançou Elsa Mateus.

Pretendem angariar parceiros entre unidades de investigação, indústria, academias e associações de doentes e preparar 'workshops' e "eventualmente, uma conferência de lançamento, em dezembro", acrescentou.

Para Elsa Mateus, a participação de Portugal, "do ponto de vista dos doentes, é muito importante porque no país, como de resto a nível europeu, existe um grande desconhecimento sobre todo o processo de investigação e desenvolvimento de medicamentos o que, muitas vezes, dá azo a alguns receios".

Com uma comunidade de indivíduos informados, como explicou Beatriz Lima, é esperado que "este sentimento de receio que, muitas vezes, é gerado por acontecimentos pontuais, seja substituído por um conhecimento ou uma consciencialização informada sobre o papel e potenciais consequências, positivas ou negativas".

"Muitas vezes, faltam algumas competências porque o doente é perito na sua própria doença e não propriamente em todo o processo ou na linguagem científica", realçou Elsa Mateus.

Um doente que entra num processo de experimentação, "espera retirar algum benefício e tem de avançar tendo a noção de que tem benefícios e poderá vir a correr alguns riscos", defendeu a professora da Faculdade de Farmácia.

Uma coisa, especificou ainda, é o cidadão como utilizador, a partir do momento em que o medicamento está aprovado, outra é o cidadão como interveniente ativo no processo de desenvolvimento, "porque quando as pessoas entram nos ensaios clínicos é exatamente disso que se trata".

É ainda esperado que o conhecimento acerca dos tratamentos acabe por ter também efeitos na forma como os doentes utilizam os medicamentos.

Estão também na comissão instaladora da plataforma portuguesa Inês Alves, de uma associação de doentes, Nuno Gago, da Universidade de Aveiro, Helena Beaumont, do Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), Cristina Lopes e José Antunes, da Associação da Indústria Farmacêutica Portuguesa (APIFARMA).

Hospital Dona Estefânia
Uma voluntária está a dinamizar uma angariação de fundos para comprar 700 litros de tinta para pintar um novo espaço do serviço...

Marta Mello Breyner, atualmente desempregada e que trabalhou numa multinacional farmacêutica durante 33 anos, criou a página no Facebook “ALTAmente” com o objetivo de ajudar nas obras necessárias à expansão do serviço de psiquiatria para crianças e adolescentes da Estefânia.

Em entrevista, Marta Mello Breyner, que faz voluntariado na área da saúde mental no Pisão, conta que conheceu de perto a história de uma jovem de 16 anos que tentou o suicídio. Foi este caso que a fez compreender “a falta de resposta do Estado para estas situações”.

“Apenas 20 camas de internamento para toda a área de Lisboa e até Faro, com serviço sempre completo, e as crianças ou jovens sem possibilidade de ficarem no Hospital de Estefânia são transferidos para serviços de adultos que em nada estão preparados para os receber”, conta.

Esta é aliás uma realidade para a qual o próprio Plano Nacional de Saúde Mental tem vindo a chamar a atenção.

Em marcha está a criação de uma unidade específica para crianças e jovens, no Parque de Saúde de Lisboa, e é precisamente para a pintura desta unidade que Marta Mello Breyner está a tentar angariar fundos.

“Todos os donativos são importantes…um euro faz toda a diferença”, sublinha Marta Mello Breyner, que disponibiliza um NIB na página ALTAMente criada para este efeito. O dinheiro recebido é canalizado para uma associação sem fins lucrativos ligada à pedopsiquiatra (Arterapias).

Atualmente desempregada mas conhecedora da área da saúde, Marta diz que sonha que “todo e qualquer serviço de psiquiatria tenha alternativas diferentes que visem o bem-estar dos utentes, doentes e familiares”.

“Um cabeleireiro, porque não? Um centro de massagens, jardins terapêuticos, teatro, animais, tudo isto e muito mais pode ser feito com parecerias nestas áreas e sabemos bem que as verbas dos hospitais não são suficientes para contemplar estas verdadeiras terapias”, diz.

Lamenta que a doença mental seja muito estigmatizada e que os doentes sejam ainda marginalizados, sendo “tratados como cidadãos de segunda”.

Estudo
Uma equipa de investigadores da École Normale Supérieure, em Paris, incluindo a portuguesa Mariana Babo-Rebelo, concluiu que...

"Há uma interação entre o cérebro e o coração, que define o sujeito", sustentou Mariana Babo-Rebelo, a finalizar o doutoramento no Laboratório de Neurociências Cognitivas da École Normale Supérieure.

Para chegar a esta conclusão, a equipa, liderada pela cientista Catherine Tallon-Baudry, socorreu-se da magnetoencefalografia, técnica que permite mapear a atividade do cérebro através da medição dos minúsculos campos magnéticos produzidos por correntes elétricas dos neurónios (células cerebrais).

Vinte jovens saudáveis, entre os 18 e os 30 anos, foram submetidos a esta técnica. Enquanto olhavam para um ecrã, os seus pensamentos eram, de vez em quando, interrompidos por um sinal, um 'flash', que aparecia nesse ecrã.

Os investigadores pediram, depois, aos participantes, para que se lembrassem do pensamento que tinham tido antes de serem interrompidos pelo 'flash' e para dizerem se o pensamento se relacionava com eles próprios.

A equipa analisou a atividade do cérebro durante os pensamentos que os participantes tiveram nos dois segundos que antecediam os 'flash' no ecrã.

Posteriormente, mediu a resposta do cérebro ao batimento cardíaco.

"A cada batimento cardíaco, o coração envia um sinal elétrico para o cérebro, que responde a esse sinal. Uma resposta da qual podemos medir a amplitude", assinalou Mariana Babo-Rebelo, que realizou o seu mestrado no laboratório do neurocientista português António Damásio, nos Estados Unidos.

O grupo de investigação da École Normale Supérieure avaliou os sinais emitidos por dois batimentos cardíacos antes de cada 'flash' e a atividade produzida pelos neurónios a seguir a cada um dos batimentos.

Mariana Babo-Rebelo explicou que, "enquanto o sinal cardíaco é o mesmo, não havia aceleração", o sinal cerebral é diferente. "Quanto mais amplo, mais a pessoa está a pensar em si", advogou.

Para a investigadora, o estudo é "mais um passo para a compreensão da 'consciência de si'".

A equipa propõe-se desenvolver novas experiências para confirmar os resultados obtidos e estudar a interação do cérebro com outros órgãos, nomeadamente o intestino, que, segundo Mariana Babo-Rebelo, "pode estar a participar" na definição da consciência da pessoa.

Além disso, os cientistas querem aferir se, por exemplo, existe alguma alteração nesta interação em doentes depressivos e esquizofrénicos, em que a noção de consciência de si próprios diverge.

Os resultados da investigação foram divulgados na publicação científica The Journal of Neuroscience.

Apelo
O presidente do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST), Helder Trindade, apelou hoje aos portugueses com tipo de...

Helder Trindade ressalvou que, “neste momento, quer em termos nacionais, quer em termos do IPST”, as reservas de sangue estão “estáveis” e “são confortáveis”, com “mais de sete a dez dias, para a maior parte dos grupos” sanguíneos.

Contudo, como “o mês de agosto é complicado para a colheita”, “aproveito para deixar este alerta aos dadores que são A- e 0-“, que são os dois grupos problemáticos, disse Helder Trindade aos jornalistas, no final de uma visita ao centro de transplantação do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde acompanhou o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.

O apelo aos dadores não regulares, para que “aproveitem esta época de verão para fazer as suas dádivas, permitirá que os doentes tenham o verão com a sua doença, mas sem correr mais riscos, [e] o ISPT esteja tranquilo”, assim como os hospitais, sublinhou.

“Diria que estamos bem - acrescentou Helder Trindade -, mas, no sangue, temos de manter sistematicamente este alerta e, sobretudo, em relação a estes dois grupos”, concluiu.

Transplantes
Portugal está a realizar mais transplantes renais do que os novos doentes que entram em lista de espera, o que vai ...

Este ano já foram realizados em Portugal, 278 transplantes renais, 155 transplantes hepáticos, 16 transplantes de pâncreas, nove de pulmão e 20 de coração, adiantou Ana França, no final de uma visita ao Centro Hepato-Bilio-Pancreático e de Transplantação, do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde acompanhou o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.

Segundo Ana França, esta resposta visa “fazer diminuir as listas de espera”, essencialmente dos doentes renais e hepáticos.

No final de dezembro, havia 158 doentes à espera de um transplante de fígado, tendo sido realizados 155 nos primeiros seis meses do ano, “o que quer dizer que a resposta está dada em relação à lista de espera que havia”, sublinhou.

“Em relação ao transplante renal, estamos a melhorar”, disse Ana França, salientando: “Estamos a ter mais transplante dos que os novos doentes que entram em lista de espera, o que vai contribuindo progressivamente para a sua diminuição”.

Também a resposta à transplantação hepática “é perfeitamente adequada às necessidades”.

Relativamente ao número de dadores de órgãos, Ana França disse que foram 189, no primeiro semestre, mais 17% face ao período homólogo do ano passado.

“Em termos de colheita de órgãos, temos mais 14%”, tendo sido transplantados 478 órgãos, mais 22%.

No final da deslocação, o secretário de Estado da Saúde disse que a visita visou dar “um sinal de apoio e de reconhecimento” ao trabalho realizado no hospital, ao nível da transplantação, um dos setores que mais se desenvolveu nos últimos anos em Portugal.

“Nos últimos quatro anos houve uma diminuição sensível dos transplantes em todas as áreas, mas este ano, até com nossa surpresa, porque não se esperaria um desenvolvimento tão robusto da transplantação em Portugal, nós temos resultados espantosos”.

Como razões para estes resultados, Manuel Delgado apontou “a qualidade da recolha de órgãos” e o trabalho feito pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação, a coordenadora nacional da transplantação e a equipa clínica.

“Este centro faz mais de 55% dos transplantes de fígado realizados em Portugal”, salientou.

O coordenador do centro de transplantação, Américo Martins, adiantou à Lusa que foram realizados 90 transplantes no hospital este ano, quando nos anos anteriores eram, em média, 60.

“Estamos a fazer 120, a 130 transplantes anualmente nos últimos quatro anos”, disse o médico.

Para estes resultados, foi determinante o “aumento significativo dos dadores” de fígado, um órgão que “não tem idade”.

“O fígado pode durar 120 a 130 anos, o corpo da pessoa é que não vive”, disse, explicando que uma pessoa de 90 anos, se tiver o fígado a funcionar bem, pode ser dador”.

As listas de espera também diminuíram: Enquanto há três ou quatro anos, tínhamos 120, 130 pessoas em lista de espera, agora temos cerca de 40 a 50, disse o médico

O secretário da Saúde destacou ainda os resultados obtidos com o novo tratamento para a hepatite C, uma das causas da cirrose de fígado que leva à necessidade de um transplante.

Segundo Manuel Delgado, o custo do tratamento é elevado para o Estado, (entre 40 a 100 mil euros por doente tratado), mas “os resultados têm sido muito positivos”, com um nível de cura na ordem dos 95,97% dos casos.

“Temos cerca de 7.000 doentes que iniciaram a nova terapêutica, dos quais 3.000 ficaram curados. Apenas 122 não tiveram cura e mantêm outro tipo de terapêuticas”, sustentou.

“É um esforço brutal”, mas o objetivo é “erradicar a hepatite C em Portugal”, rematou.

Transgéneros
Com o objectivo de retirar as pessoas transgénero da classificação de transtornos mentais da OMS (Organização Mundial da Saúde)...

O estudo, publicado na revista britânica The Lancet Psychiatry, foi apresentado no México por autoridades sanitárias e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A pesquisa, informaram, é a primeira de várias que já estão a ser feitas no Brasil, França, Índia, Líbano e África do Sul, e que serão apresentadas em 2018 na discussão da 11ª versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da OMS, que serve como referência médica para os países-membros.

Esta reclassificação não só vai promover a discussão de novas políticas de saúde para que a comunidade trans tenha melhores acessos aos serviços de saúde e atenção, mas também pode ajudar a reduzir o estigma e a rejeição de que são vítimas.

A pesquisa demonstra que as questões psiquiátricas na população transexual são produto da violência e discriminação que sofrem e não, como se classifica actualmente, produto da sua transexualidade.

«Se não é uma doença agora, então ocorre que nunca foi, que fique claro, não é que antes fosse uma doença e agora não é mais», explicou Eduardo Madrigal, presidente da Associação Mexicana de Psiquiatria.

O estudo de campo consistiu em 260 entrevistas com adultos (maiores de 18 anos) transgénero que recebem atenção médica na clínica especializada Condesa, que trata exclusivamente doenças de transmissão sexual.

A presidente do Conselho Nacional para Prevenir a Discriminação, Alexandra Haas, afirmou que «é problemático que se assuma a identidade trans como patologia».

«Pensar a identidade como uma doença obriga-nos a procurar uma cura, e em vez disso os esforços institucionais devem focar-se em reconhecer a diversidade, promover a inclusão e garantir os direitos», acrescentou.

Pesquisa aponta
Um novo estudo feito por cientistas brasileiros mostra que um composto encontrado no chá verde (Camellia sinensis) é capaz de...

A substância, epigalocatequina galato (EGCG), é um polifenol conhecido por inibir a actividade de diversos vírus. Segundo os autores, o estudo foi o primeiro a mostrar a acção do composto no vírus da zika, indicando que a droga pode ser, no futuro, uma opção para a prevenção das infecções.

A pesquisa, publicada na revista científica Virology, foi realizada por cientistas do Laboratório de Estudos Genómicos da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em São José do Rio Preto, e do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).

De acordo com a autora principal do estudo, Paula Rahal, professora de Unesp e membro da Rede Zika - uma equipa criada por cientistas paulistas para combater a epidemia -, o estudo demonstrou que a EGCG de facto bloqueia a entrada do vírus em células.

«Essa substância já é utilizada para inibição de outros vírus, como hepatite C, influenza e HIV. O objectivo da pesquisa era fazer os mesmos testes para o vírus da zika. Confirmamos que realmente bloqueia a infecção, sem produzir efeitos tóxicos nas células», disse a investigadora.

Segundo ela, os testes duraram cerca de seis meses. Composto natural encontrado no chá verde, a EGCG foi isolada pelos cientistas e aplicada numa linhagem de células amplamente usadas para testes in vitro.

«A redução da infecção nos testes in vitro foi muito satisfatória. Vamos seguir nessa linha de pesquisa. O próximo passo é testar a eficácia da EGCG em animais», disse Paula, cuja linha de pesquisa principal tem foco em inibidores de infecções virais de vários tipos.

Prevenção do cancro da mama
Investigadores portugueses do Instituto de Investigação e Inovação da Universidade do Porto (i3S) vão ser financiados por uma...

Em declarações à Lusa, uma das responsáveis pela formação, Ana Barros, indicou que é "habitual" para Portugal "importar modelos de educação de países anglo-saxónicos, mas o inverso não é muito comum", embora existam no país "muitas experiências com excelentes resultados".

A formação, baseada também ela num modelo português, é financiada pela fundação Susan G. Komen, organização dedicada à prevenção e diagnóstico do cancro da mama, e tem por base uma abordagem já anteriormente testada em Portugal, que tira partido do potencial da comunidade escolar na promoção de uma literacia em saúde.

De acordo com o coordenador do projeto - do qual ainda faz parte Luís Moreira -, Filipe Santos Silva, "ficou demonstrado, claramente, um marcante impacto a nível da literacia e das competências dos professores", que se traduziu "em campanhas de prevenção com efeito direto no conhecimento dos alunos".

Alzheimer
Um novo composto que levou 30 anos a desenvolver foi anunciado como o mais eficaz de sempre. Mas há quem esteja cético.

A LMTX, uma nova droga contra o Alzheimer para a qual já estão a decorrer ensaios clínicos em fase final, foi apresentada esta quarta--feira como "promissora" na conferência internacional da Alzheimer Association, em Toronto. "Os nossos resultados não têm precedentes, comparados com quaisquer outros", afirmou o investigador Claude Wishik da Universidade de Aberdeen, na Escócia, e cofundador da farmacêutica TauRx, que desenvolveu a LMTX.

Os dados são ainda preliminares, mas de acordo com Claude Wishik os doentes que foram tratados exclusivamente com aquela droga ao longo de 15 meses evidenciaram uma "redução significativa da progressão da doença", com "retardamento do declínio cognitivo" e com resultados compatíveis nas imagens de ressonância magnética, que mostraram "uma redução entre 33% e 38% da progressão da atrofia cerebral nestes doentes". As boas notícias, porém, acabam aqui. Tomada em combinação com outras drogas, a LMTX não mostrou qualquer efeito, o que levou muitos a olhar com alguma reserva para os dados.

"Tenho de confessar que os resultados que nos foram apresentados são sobretudo um desapontamento", afirmou o neurologista David Knopman, da Mayo Clinic, citado no New York Times.
Os dados apresentados em Toronto por Claude Wishik foram tratados de forma oposta na imprensa britânica e americana. No Reino Unido, onde a droga foi desenvolvida nas últimas três décadas, a LMTX foi apresentada como a mais eficaz até hoje contra o Alzheimer. Nos Estados Unidos, a visão dominante foi a do desapontamento. No press realease divulgado pela própria farmacêutica está escrito que "o estudo falha uma das suas metas, uma vez que a LMTX, enquanto coterapia, não mostra quaisquer benefícios".

Mecanismos misteriosos

O ensaio clínico de fase III cujos resultados foram agora apresentados envolveu um total de 891 doentes com sintomas entre ligeiros e moderados. Durante 15 meses, o grupo maior de doentes fez uma terapia combinada com LMTX e outras drogas, um outro grupo de apenas 15 por cento dos doentes fez uma terapia só com a nova droga e um terceiro grupo tomou um placebo.

A droga só mostrou os efeitos positivos descritos por Claude Wishik no grupo de 15% dos doentes que foram exclusivamente tratados com a nova droga. Em todos os outros a doença progrediu sem retardamento visível dos sintomas.

Doença neurodegenerativa progressiva e sem tratamento, o Alzheimer continua a ser uma doença misteriosa e, apesar das muitas drogas e progressos tantas vezes anunciados para novas terapias, até hoje nunca foi possível desenvolver um medicamento eficaz, capaz de anular as causas e os mecanismos da doença.

"Até agora só tem sido possível agir sobre os sintomas", explica o neurologista Lopes Lima, da Universidade do Porto, sublinhando que "as drogas que existem neste momento só conseguem atrasar a perda de memória e manter mais tempo os doentes autónomos, porque a evolução da doença continua". Em média, com esses medicamentos, há um prolongamento em 20% a 30% do período em que os doentes mantêm a qualidade de vida, o que tem que ver com o retardamento dos sintomas.

Na prática, não se conhece exatamente o mecanismo que desencadeia a doença. Os estudos mostram que há dois processos envolvidos: um deles tem que ver com a formação no cérebro de placas de uma proteína chamada beta-amiloide que destroem os neurónios; o outro envolve outra proteína, a tau, que também se acumula no cérebro com um efeito destrutivo similar. Nas últimas décadas, a busca de compostos capazes de evitar as placas da primeira das duas proteínas pareceu muitas vezes ter conseguido resultados promissores, mas eles nunca se cumpriram.

Já a farmacêutica britânica TauRx, como outras, decidiu investir na busca de um composto capaz de contrariar a acumulação das proteínas tau no cérebro. Os resultados mais recentes dessa busca foram agora divulgados. Claude Wishik diz não saber por que motivo a coterapia com a LMTX não funcionou e diz que os ensaios vão prosseguir e que haverá novos resultados no final do ano.

O neurologista Lopes Lima concorda que estes "não são ainda resultados para grandes entusiasmos". Considera que "é importante"o facto de a ressonância magnética mostrar nos doentes tratados apenas com a LMTX "uma atrofia menos marcada" , mas mostra-se prudente: "Estamos a falar de morfologia, pode não ter um significado direto."

Estudo
Mulheres que começam a menstruar e entram na menopausa mais tarde podem ter mais probabilidades de chegar aos 90 anos, segundo...

O trabalho é o primeiro a associar factores reprodutivos com a sobrevivência até uma idade específica, e foi publicado na revista Menopause. Para chegar à conclusão, os pesquisadores contaram com dados de 16 mil mulheres de etnias diferentes, acompanhadas durante 21 anos.

Os resultados mostram que as jovens que tiveram a menarca, ou seja, a primeira menstruação com 12 anos ou mais, bem como as que entraram na menopausa com 50 anos ou mais apresentaram uma probabilidade de 55% de sobreviver até aos 90. Em geral, quem menstrua mais cedo tende a entrar na menopausa mais cedo também.

A equipa também constatou que as mulheres que menstruaram mais tarde tiveram menos propensão para certos problemas de saúde, como doença arterial coronária, diabetes e tabagismo. Os autores explicam que o tabaco causa danos ao sistema cardiovascular e reprodutor, o que pode resultar numa menopausa antecipada.

Outros estudos já haviam associado a menarca precoce à propensão maior a certas doenças, por isso vale a pena ficar atento ao assunto, uma vez que a puberdade precoce é cada vez mais comum na nossa sociedade.

 

Todas as regiões do país
Todas as regiões do país apresentam hoje risco ‘Muito Elevado’ de exposição à radiação ultravioleta (UV), informou o Instituto...

Segundo o instituto, as regiões do Funchal, Porto Santo, Bragança, Castelo Branco, Guarda, Penhas Douradas, Vila Real, Funchal, Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Leiria, Lisboa, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, Sines, Viana do Castelo, Viseu, Porto Santo, Horta, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Santa Cruz das Flores estão hoje com níveis ‘Muito Elevado’.

Nas regiões com risco com níveis 'Muito Elevado' e 'Elevado', o instituto recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('Moderado'), 6 a 7 ('Elevado'), 8 a 10 ('Muito Elevado') e superior a 11 ('Extremo').

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando períodos de maior nebulosidade no litoral até meio da manhã, com aumento temporário, durante a tarde, de nebulosidade nas regiões do interior Norte e Centro, com possibilidade de ocorrência de aguaceiros dispersos.

Está também previsto vento fraco, soprando temporariamente moderado, do quadrante leste nas terras altas e na costa sul do Algarve até final da manhã e de noroeste no litoral a norte de Sines durante a tarde, possibilidade de ocorrência de neblina ou nevoeiro matinal no litoral e pequena descida da temperatura máxima no litoral oeste.

Na Madeira prevê-se períodos de céu muito nublado, possibilidade de ocorrência de aguaceiros fracos nas vertentes norte e terras altas e vento fraco a moderado do quadrante norte, soprando moderado a forte nas terras altas até meio da manhã.

Para os Açores, a previsão aponta para céu geralmente pouco nublado, possibilidade de aguaceiros fracos e vento fraco a bonançoso.

Quanto às temperaturas, em Lisboa vão oscilar entre 19 e 31 graus Celsius, no Porto entre 17 e 26, em Vila Real entre 20 e 36, em Viseu entre 21 e 36, em Braga entre 17 e 35, em Bragança entre 19 e 37, na Guarda entre 21 e 33, em Coimbra entre 16 e 31, em Castelo Branco entre 21 e 37, em Portalegre entre 22 e 36, em Santarém entre 16 e 36, em Évora entre 18 e 38, em Beja entre 20 e 36, em Faro entre 21 e 29, no Funchal entre 20 e 24, em Ponta Delgada entre 20 e 25, na Horta entre 20 e 27 e em Santa Cruz das Flores entre 20 e 25.

Lisboa
O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, tem uma taxa de sucesso nos tratamentos da hepatite C de 96,5%, superior à média nacional...

Segundo dados revelados hoje à agência Lusa, pelo presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN), Carlos Martins, foram ou estão a ser submetidos a tratamento cerca de 950 doentes com hepatite C e 804 deles já se encontram curados.

O Hospital de Santa Maria, que integra o CHLN, já tratava a esmagadora maioria dos doentes com hepatite C com tratamentos inovadores em Portugal, mesmo antes do acordo alcançado em fevereiro de 2015, entre o Estado e a indústria farmacêutica.

Aliás, até esse acordo ser assinado, o CHLN tinha em tratamento, com fármacos inovadores, 84 doentes, 50 deles no âmbito de ensaios clínicos, ao abrigo de protocolos com a indústria farmacêutica.

“O CHLN tem estado sempre na linha da frente em termos do tratamento com inovação da hepatite C. Continuamos a ser a unidade hospitalar que mais doentes trata e que tem tido o maior sucesso em termos de resolução do problema da hepatite C”, afirmou Carlos Martins.

O presidente do Centro Hospital, que integra o maior hospital do país, lembra ainda que o tratamento da hepatite C é também um contributo para a economia nacional e para a sociedade: “Cada doente que tratamos com sucesso é um cidadão que devolvemos à vida ativa do país, alguns deles empresários que retomaram a sua atividade profissional. Além do sucesso e da felicidade pessoal, é também um contributo à sociedade e à economia”.

Na quarta-feira, a Lusa divulgou os dados nacionais dos doentes em tratamento para a hepatite C, tendo sido já iniciado tratamento mais de 7.800 utentes, com, pelo menos 3.000 considerados já curados.

Estudo
Caminhar ou pedalar uma hora por dia anula os riscos para a saúde de estar oito horas sentado, revela hoje uma série de estudos...

Divulgada pela revista The Lancet nas vésperas dos Jogos Olímpicos, que decorrem em agosto no Rio de Janeiro, a série de quatro estudos científicos conclui que foi parco o progresso no combate à inatividade física desde as últimas olimpíadas, há quatro anos, e hoje um quarto dos adultos e 80% dos adolescentes não cumpre as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

No primeiro estudo a calcular o peso económico global da inatividade física, os investigadores estimam em que os custos desta epidemia - em cuidados de saúde e em perda de produtividade - sejam pelo menos de 67,5 mil milhões de dólares, o equivalente ao Produto Interno Bruto da Costa Rica em 2013.

A inatividade física está ligada a um risco aumentado de doença cardíaca, diabetes e alguns cancros e está associada a mais de cinco milhões de mortes por ano.

Numa análise de 16 estudos científicos que acompanharam mais de um milhão de pessoas ao longo de períodos entre dois e 18 anos, os investigadores concluíram que fazer pelo menos uma hora de atividade física por dia - como caminhar depressa ou andar de bicicleta por prazer - pode eliminar o risco acrescido de morte associado a estar sentado durante oito horas diárias.

"Tem havido muita preocupação com os riscos para a saúde associados aos atuais estilos de vida mais sedentários. A nossa mensagem é positiva: é possível reduzir - ou até eliminar - estes riscos se formos suficientemente ativos, mesmo sem ter de fazer desporto ou ir ao ginásio", disse o principal autor do estudo, Ulf Ekelund, da Escola Norueguesa das Ciências do Desporto e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Citado num comunicado da revista The Lancet, o investigador lembra que para muitas pessoas, que vão de transportes para o trabalho e têm empregos de escritório, "não há como escapar a estar sentado por longos períodos".

"Para essas pessoas em particular, não podemos sublinhar demasiado a importância de fazer exercício, seja fazendo uma caminhada à hora do almoço, seja correndo de manhã, seja indo de bicicleta para o trabalho. Uma hora de atividade física por dia é o ideal, mas se isso for impossível, pelo menos fazer algum exercício todos os dias ajuda a reduzir o risco", afirmou.

No estudo, os investigadores classificaram as pessoas em quatro grupos de dimensões iguais, de acordo com o seu nível de atividade - menos de cinco minutos por dia para os menos ativos e até 60 ou 75 minutos diários para os mais ativos.

As pessoas que estavam sentadas oito horas por dia mas eram fisicamente ativas tinham muito menos risco de morte do que as pessoas que passavam menos horas sentadas mas eram menos ativas.

O estudo sugere que a atividade física é particularmente importante, independentemente do número de horas que passamos sentados.

De facto, o risco acrescido de morte associado a estar sentado oito horas por dia foi eliminado nas pessoas que fizeram um mínimo de uma hora de atividade física por dia e o maior risco registou-se nas pessoas que ficam sentadas por maiores períodos e são mais inativas.

As recomendações da OMS apontam para um mínimo de 150 minutos de atividade física por semana para os adultos, o que fica muito abaixo dos 60 a 75 minutos diários identificados neste estudo.

O estudo também analisa o tempo passado em frente à televisão, num subgrupo de cerca de 500 mil pessoas e conclui que ver televisão por três horas diárias ou mais está associado a um aumento da mortalidade, independentemente da atividade física, exceto no grupo dos mais ativos, onde o risco de morte está significativamente aumentado apenas naqueles que vêm cinco ou mais horas de televisão por dia.

"A atividade física atenua, mas não elimina o risco associado a um tempo elevado a ver televisão", escrevem os autores do estudo, que explicam que esta forma específica de sedentarismo pode estar associada a um estilo de vida menos saudável.

O risco acrescido pode também dever-se ao facto de as pessoas normalmente verem televisão à noite, o que pode afetar o seu metabolismo, ou ao hábito de comer enquanto se vê televisão.

Os investigadores alertam que o estudo inclui sobretudo pessoas com mais de 45 anos dos EUA, Europa ocidental e Austrália, pelo que poderá não representar outras populações.

Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia
A Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia (SPG) defende que todas as pessoas realizem “pelo menos uma vez na vida” o teste à...

A propósito do Dia Mundial das hepatites Víricas, que se assinala hoje, o presidente da SPG lembrou que esta organização já há alguns anos defende a realização de um rastreio à infeção pelo vírus da hepatite C.

“A Organização Mundial da Saúde (OMS) veio também agora defender a realização de um rastreio, tal como nós temos vindo a fazer”, disse José Cotter.

Ao nível mundial, lembrou o especialista, existem 400 milhões de pessoas infetadas com os vírus da hepatite B e C, das quais entre 130 a 150 milhões com hepatite c.

“São números muito assustadores e têm de ter uma grande preocupação da comunidade médica, porque estas infeções deterioram a qualidade de vida das pessoas, mas estas infeções crónicas também levam a estadios terminais de cirrose e de cancro do fígado”, adiantou.

Em 30 a 40 por cento dos casos com infeção por hepatite c mal tratada, a situação evolui para cirrose e, destes, cerca de 10 a 40 por cento terá cancro do fígado.

Em Portugal, segundo José Cotter, deverão existir 150 mil pessoas infetadas com o vírus da hepatite C, sendo que a incidência da hepatite B diminuiu desde que a vacina foi integrada no programa nacional de Vacinação.

No caso da hepatite B o tratamento que existe “raramente é curativo”, ao contrário da hepatite C contra a qual os fármacos de última geração conseguem a cura da doença em cerca de 95 por cento dos casos.

De acordo com a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), a 01 de julho existiam 7.840 tratamentos iniciados.

Do total de utentes que já finalizaram o protocolo de tratamento, 3.005 encontram-se curados e há 122 doentes dados como não curados.

“Há expetativas enormes com este tratamento. Já se fala da erradicação da doença, mas é fundamental uma estratégia”, disse José Cotter.

Essa estratégia passa pela prevenção, a começar no ambiente escolar, pela realização de pelo menos uma análise por ano à infeção pelo vírus da hepatite C e à prevenção de comportamentos de risco, disse.

José Cotter alertou para áreas onde o tratamento não está a chegar devidamente, como as cadeias e os consumidores de drogas injetáveis.

“É preciso entrar no tratamento destes doentes, nas prisões. Mas é preciso uma estratégia”, acrescentou.

A jusante do tratamento, o presidente da SPG considera que se deve começar a pensar em unidades paliativas e o acompanhamento da resposta do programa de transplantes.

Vírus da Hepatite afetam milhões
Para assinalar o Dia Mundial das Hepatites, o especialista em Doenças Infecciosas, Luís Tavares, fal

O fígado é um órgão único, composto por células, os hepatócitos, correspondendo a inflamação, e, a eventual morte destas células, ao que genericamente se designa por hepatite.

Os processos inflamatórios, e morte celular, presentes numa hepatite condicionam a formação de vários graus de fibrose, sendo a cirrose, a forma mais avançada. Alguns doentes poderão desenvolver complicações graves da cirrose como a insuficiência hepática e o carcinoma hepatocelular.

As hepatites têm etiologias muito diversas podendo ser causadas por: produtos químicos, drogas (incluindo, aqui, alguns dos chamados medicamentos naturais), medicamentos, plantas, bactérias, vírus e tóxicos como, por exemplo e em particular, o álcool. Algumas doenças autoimunes, nas quais o sistema imunitário deixa de reconhecer as próprias células produzindo anticorpos contra elas, evoluem, muitas das vezes, também, com quadros de hepatite que apresentam graus de gravidade variável.

O diagnóstico precoce das hepatites é muito importante dado que a suspensão do agente causador e/ou o início de um de tratamento específico pode evitar a evolução para cirrose e para a insuficiência hepática.

Os vírus são agentes etiológicos relevantes, quer pela sua frequência, quer pela potencial gravidade, quer por questões epidemiológicas, de casos de hepatite.

São diversos os vírus que podem causar hepatite no decurso de doença sistémica, como por exemplo o Vírus da Febre Amarela, o Vírus do Dengue ou o Citomegalovírus.

Todavia, associamos à designação de hepatite vírica, a causada apenas pelos vírus que apresentam um tropismo preferencial para o fígado.

Assim, existem seis tipos diferentes de vírus da hepatite: Hepatite A, Hepatite B, Hepatite C, Hepatite D, Hepatite E e Hepatite G e, apesar de todos causarem hepatite, são muito diferentes entre si, por exemplo, o ponto de vista genético o Vírus da Hepatite C é muito mais similar ao vírus do Dengue do que a qualquer outro dos vírus da hepatite.

As hepatites virais são também infeções ou doenças muito diferentes entre si, com tratamentos e prognósticos específicos e distintos pelo que se torna imprescindível um acompanhamento médico especializado.

Coletivamente os Vírus das hepatites A, B e C correspondem a mais de 90% dos casos de hepatite viral a nível mundial.

Hepatites virais

A Hepatite A transmite-se de pessoa para pessoa, pela via fecal-oral, quando os alimentos ou a água estão contaminados, situação que é mais comum em países menos desenvolvidos devido às insuficiências nas redes de saneamento básico, e em crianças e adolescentes.

A Hepatite A pode corresponder apenas a uma infeção, assintomática, ou seja, sem manifestações de doença, num elevado número de casos. A infeção pela Hepatite A, confere imunidade protetora e não evolui para a cronicidade. Existe uma vacina eficaz, conferindo proteção superior a 80% após a primeira (das duas administrações que são preconizadas).

A Hepatite B apresenta múltiplas vias de transmissão possíveis: transmissão sexual, picada por agulhas contaminadas e transmissão vertical, de mãe para filho, incluindo durante o parto. O Vírus da Hepatite B apresenta uma elevada infecciosidade comparativamente a outros, como por exemplo o VIH.

O maior problema da infeção por este vírus reside nas elevadas taxas de evolução para a cronicidade, o que acontece em 5 a 10% dos casos. Nos casos em que a infeção é adquirida no período perinatal esta percentagem de evolução para formas crónicas pode ir até aos 90%.

Apesar de existirem, segundos dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 350 milhões de infetados, a prevalência em Portugal é muito reduzida e existe uma vacina, com eficácia superior a 80%, e, integrada no Plano Nacional de Vacinação.

A Hepatite C apresenta uma via de transmissão, através do sangue, preponderante, sendo a transmissão por via sexual muito reduzida.

A infeção pelo Vírus da Hepatite C é, habitualmente, assintomática ou com os doentes a apresentarem poucos sintomas em 75% dos casos, mas, por outro lado, com cerca de 80% dos doentes a evoluírem para infeção crónica e, dentre estes, cerca de 25% apresentarão evolução para cirrose em 20 a 30 anos após a infeção.

O vírus foi identificado há pouco mais de 25 anos, pelo que apenas atualmente começam a emergir os casos de complicações da infeção crónica.

Dos 170 milhões de infetados a nível mundial estima-se que existam 50 000 a 150 000 em Portugal.

Apesar dos esforços dos investigadores não existe qualquer vacina disponível.

Por outro lado, a investigação recente permitiu obter, nos últimos anos, medicamentos coletivamente designados agentes de ação direta (DAA, sigla em inglês), que representam um avanço muito importante, no tratamento destes doentes, por apresentarem taxas de “cura” em mais de 90% dos casos.

O vírus da Hepatite D, conhecido desde 1977, é um vírus defetivo (defeituoso) que apenas é viável como coinfecção ou superinfeção em doentes com infeção pelo Vírus da Hepatite B.

O Vírus da Hepatite E partilha semelhanças epidemiológicas com o Vírus da Hepatite A, sendo muito rara a ocorrência, atualmente, em Portugal. A sua principal importância reside nos casos em que a infeção ocorre durante a gravidez.

O Vírus da Hepatite G é o mais recentemente identificado (1995) pelo que, para além da transmissão por via sanguínea seja comummente aceite, há poucos dados científicos sólidos. Apresenta aparente evolução para a cronicidade em todos os infetados, mas com ausência de doença hepática associada.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

Páginas