Estados Unidos da América
Representantes da Casa Branca apresentaram, na segunda-feira, sugestões de alterações à sua proposta de lei sobre o sistema de...

O vice-presidente Mike Pence e dois funcionários da Casa Branca encontraram-se na segunda-feira à noite com os membros do conservador House Freedom Caucus, num encontro onde esteve também o chefe de gabinete da Administração norte-americana, Reince Priebus, e o diretor do Gabinete de Orçamento, Mick Mulvaney.

Um dos participantes nesta reunião descreveu, sob condição de anonimato, que os representantes da Casa Branca ofereceram a possibilidade de deixar os estados candidatarem-se, junto do Governo federal, a isenções aos requisitos para a cobertura do seguro de saúde, impostos pelo programa de Barack Obama em 2010.

Entre os requisitos está a proibição de as seguradoras recusarem pessoas doentes. Os conservadores queixam-se que estes requisitos fazem os custos aumentar.

O projeto de lei republicano para acabar com o "Obamacare" e substitui-lo por outro sistema de saúde foi retirado no dia 24 de março, antes de ser votado na Câmara de Representantes, devido à falta de apoios de certas fações republicanas.

Trump assegurou, nessa data, que estava "aberto" a tentar outra reforma da Saúde no futuro e prognosticou que este ano haverá uma "explosão" no sistema estabelecido pela reforma de Obama, com uma fuga das seguradoras ou um aumento dos preços das franquias dos seguros médicos.

Ordem dos Psicólogos
O bastonário da Ordem dos Psicólogos defende que na área da saúde era preciso triplicar os cerca de 600 profissionais...

Em declarações, Francisco Miranda Rodrigues garante que nestas duas áreas “o mínimo dos serviços não está garantido”.

Na área da Educação, segundo o bastonário, está prevista a contratação de 200 psicólogos este ano para as escolas, ao abrigo do Plano Operacional de Capital Humano (POCH), no fim do qual o rácio de psicólogos nas escolas deverá passar dos atuais 1/1.700 para um psicólogo para cada 1.100 alunos.

“Está assumido num protocolo entre a Direção-Geral da Educação e a Ordem dos Psicólogos, a coberto de fundos comunitários, a contratação de 200 profissionais para as escolas, numa primeira fase. Mas ainda faltam mais 300”, afirmou o bastonário.

Também na área da Saúde, a situação “é muito má”. O responsável defende que para Portugal ter uma cobertura aceitável teria de triplicar o número de psicólogos.

“Isto é assumido até pelo Governo, com o compromisso de contratação de 55 psicólogos para os cuidados de saúde primários. É uma gota de água relativamente ao SNS [Serviço Nacional de Saúde], mas é um primeiro passo e é importante que rapidamente se concretize”, afirmou.

Segundo explicou o bastonário, estes 55 psicólogos permitirão ter um recurso para cobrir tudo o que são cuidados de saúde primários no país.

“Há sítios ainda com zero. A situação é muito má”, disse o bastonário, acrescentando: “A prevenção não dá resultados em dois ou três anos. Continuamos com respostas imediatistas, mais fáceis no curto prazo, mas, não só não são as melhores do ponto de vista das boas práticas, como também não são as que são sustentáveis para os sistemas de saúde, em particular para o SNS”.

No SNS, em 2015 existiam 553 psicólogos para 10 milhões de pessoas.

Francisco Miranda Rodrigues aponta ainda a precariedade destes profissionais, sublinhando que, neste caso, não se trata apenas de uma questão laboral.

“Não é só um problema laboral neste tipo de profissionais, os que utilizam os nossos serviços, nomeadamente na área da Educação, para que tenham acesso a intervenções que cumpram com as melhores práticas e que sejam eficazes, precisam de profissionais envolvidos desde o início no planeamento ano letivo, que conheçam os contextos de atuação, que possam estabelecer relações”, explicou.

O bastonário recordou que os psicólogos são profissionais cuja intervenção “depende das relações estabelecidas” e que a interrupção nas contratações – resultantes das mudanças de ano letivo – “é altamente lesiva” para os alunos.

“Esta interrupção é altamente lesiva para os utilizadores dos serviços. Não basta interromper e retomar como se nada fosse e com quem quer que seja. Não é assim… há muitas perdas associadas a este tipo de prática, tanto do ponto de vista do sofrimento das pessoas que precisam de ajuda, como um retrocesso nos problemas que estão a ser trabalhados”, defendeu.

Com esta prática de contratações, o bastonário diz que há perdas na rentabilização.

“Há que olhar para a especificidade da intervenção dos psicólogos e pensar que não pode continuar a haver este sistema de contratações, baseado nesta rotação permanente (…). A instabilidade para os utilizadores do serviço não permite o acesso conveniente”, defendeu.

Para ajudar a encontrar novos caminhos profissionais, não só para os psicólogos que ficaram desempregados, como também para os que estão à procura do primeiro emprego, a Ordem desenvolve um “projeto inovador” na área da empregabilidade, tentando trabalhar em áreas emergentes.

“Muitas vezes tentamos explorar áreas emergentes dentro da psicologia, que nalguns países já não são tão emergentes assim (…), que respondem a alterações sociodemográficas, como por exemplo a psicogerontologia”, contou o bastonário, lembrando que as áreas ligadas aos processos de envelhecimento têm cada vez mais procura.

Maioria psicólogos
Um em cada 10 diplomados que terminaram o curso em 2015 estavam desempregados um ano depois, a maioria das áreas das Ciências...

De acordo com dados da Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), dos 81.953 alunos diplomados no ano letivo 2014/2015, mais de 7.000 estavam inscritos em junho do ano passado no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Dos 7.199 desempregados inscritos no IEFP, 9,7% eram da área das Ciências Sociais e do Comportamento (704 casos), sobretudo em cursos de Psicologia, 9,4% de Engenharia e Técnicas Afins (683) e 6,8% de Arquitetura e Construção (521).

Em declarações, o bastonário dos Psicólogos reconhece que a situação de desemprego destes profissionais não é nova, mas lembra que o país continua a não ter um aproveitamento dos recursos existentes em áreas necessitadas como a educação e a saúde, onde “não há nem de perto nem de longe os mínimos assegurados”.

“Se estivéssemos a ter aproveitamento dos recursos existentes em áreas necessitadas, estaríamos noutro cenário”, disse Francisco Miranda Rodrigues, lembrando a proposta da Ordem de alterar a legislação para, à semelhança do médico do trabalho, criar a figura do psicólogo do trabalho.

“Com isto já daríamos passos significativos para resolver problemas que são reconhecidos por responsáveis políticos e decisores nas organizações a nível nacional e europeu”, considerou o bastonário, sublinhando os problemas de competitividade nas organizações causados, por exemplo, pelo stress ou burnout, que levam ao absentismo laboral.

Francisco Miranda Rodrigues reconhece o número muito significativo de oferta de formação superior todos os anos, mas lembra que é menor do que há alguns anos atrás.

Segundo o bastonário da Ordem dos Psicólogos, quando esta estrutura foi criada estavam a funcionar 38 cursos de Psicologia e hoje em dia são 31 (dois terços são privados).

“Há ainda uma tendência para que esta queda no número de curso possa ter continuidade”, afirmou, frisando que o número de formados todos os anos (1.300) não é excessivo para as necessidades do país e que é preciso uma aposta na prevenção para que estes recursos possam ser utilizados, pois no futuro acabam por gerar poupança.

“Estamos a falar de profissionais que, está mais do que provado que, do ponto de vista da sua intervenção, geram retornos por via da prevenção em áreas onde há um consumo de recursos muito grande, como por exemplo na medicação”, disse.

Uma estimativa apresentada no ano passado pela Ordem dos Psicólogos indica que, na área da saúde, por cada 75 cêntimos investidos existe um retorno de 3,74 euros.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2016 estavam desempregadas 109 mil pessoas com ensino superior completo (menos 5,5% do que em 2015).

Universidades Promotoras de Saúde
A Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra integrou hoje a Rede Ibero-Americana de Universidades Promotoras de Saúde,...

A formalização da integração da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC) na rede decorreu hoje, durante a sessão de abertura da 4.ª edição do Annual Meeting Coimbra Health School, que se realiza entre hoje e sábado.

A Escola de Tecnologia da Saúde de Coimbra é "a primeira [em Portugal] na área específica de escola de saúde" a aderir à rede, explanou o presidente da instituição, Jorge Conde.

“A Rede Ibero-Americana de Universidades Promotoras de Saúde (RIUPS) vê como possibilidade sermos um polo aglutinador no mundo das escolas de saúde" do país, acrescentou.

Para Jorge Conde, a entrada na rede permite à escola que lidera ganhar "conhecimento e passar o conhecimento" para a ação no terreno, com os alunos, através do acesso a outros exemplos e experiências de uma rede que já tem 14 anos de existência.

"A escola pretende ter um ambiente saudável, pretende educar para a promoção da saúde no sentido de os estudantes terem hábitos e comportamentos saudáveis", sublinhou o responsável da ESTeSC, considerando que os alunos quando chegam ao ensino superior não estão, muitas vezes, "preparados" para o grau de autonomia e de liberdade que lhes é dado.

Nesse sentido, a Escola de Tecnologia da Saúde procurou sempre ser "proativa nessa promoção", educando os estudantes a "terem hábitos saudáveis, serem promotores da sua saúde", para depois também levarem esse conceito, quando "forem para o terreno, nas empresas ou instituições onde vão trabalhar".

Federação Portuguesa de Agricultura Biológica
A Federação Portuguesa de Agricultura Biológica, hoje apresentada formalmente, quer assumir um “papel político determinante” na...

“Queremos ter voz nesta discussão da futura política agrícola”, o presidente da federação, Jaime Ferreira, salientando que, juntas, as sete organizações que constituem a Federação Portuguesa de Agricultura Biológica (Fpbio) têm “mais força para fazer valer” a política que defendem para a agricultura biológica portuguesa e europeia.

Constituída em janeiro, mas apresentada formalmente hoje, em Lisboa, a federação integra a Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio), a Cooperativa de Produtores Biológicos (Bio Azórica - Açores), a Associação Nacional dos Engenheiros de Agricultura Biológica (Bioprotec), a CopadoNordeste-Cooperativa de Produtos Agrícolas (Macedo de Cavaleiros), a Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), a Associação de Consumidores da Madeira (OrganicA) e a Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus).

Salientando que a porta está aberta à entrada de novos membros, o presidente da Fpbio e da Agrobio, Jaime Ferreira, destacou o facto de, contrariamente ao que é normal no setor agrícola, a federação incluir organizações “além das ditas só de agricultura”, como é o caso da associação ambiental Quercus, a que se deverá juntar no futuro uma outra organização “ligada à saúde".

“Com isto estamos a introduzir nesta organização de cúpula outros lados que consideramos absolutamente importantes”, afirmou, apontando como “missão principal” da nova organização “representar politicamente as organizações federadas junto dos poderes políticos nacionais, instâncias comunitárias e outras organizações”.

É que, explicou, por exemplo no âmbito da revisão em curso da política agrícola europeia, a Agrobio “não tem sido envolvida, nem chamada para nada”, esperando agora as organizações setoriais que, juntas, tenham mais representatividade e peso político.

Neste sentido, a federação pretende apresentar “no imediato” um pedido de reunião ao ministro da Agricultura e ao Governo, assim como um plano de atividades “com ações concretas já para este ano”, entre as quais estará “a questão de estar representada efetivamente em Portugal e internacionalmente”.

“Sentimos que existe um défice em fazermos valer do ponto de vista político os nossos objetivos para a agricultura biológica em Portugal e sentimos que teríamos mais força se nos juntássemos à partida, para nos apresentarmos junto do Governo e de outras instâncias, nomeadamente comunitárias, como uma organização portuguesa para a agricultura biológica”, sustentou Jaime Ferreira, acrescentando: “Era uma falta que sentíamos há vários anos e que vai ao encontro do que o Governo também nos apontava, que não estávamos organizados”.

Estudo
O cancro da próstata, um dos mais comuns nos homens, poderá vir ser detetado com equipamento que "cheira" os...

No âmbito de um encontro da Sociedade Americana de Química, que decorre até quinta-feira, o investigador principal do projeto, Mangilal Agarwal, explicou que o estudo surgiu na sequência de outro publicado em 2014 e que indicava que os cães poderiam detetar o cancro da próstata com mais de 97% de precisão.

A equipa de Agarwal já estava a trabalhar num projeto para detetar hipoglicémia (baixa de açúcar no sangue) através da respiração, usando cães treinados para o efeito, e começou a investigar que moléculas os cães poderiam detetar no cancro da próstata.

Uma forma de se saber se um paciente sofre de cancro da próstata é através de uma biópsia, um procedimento doloroso ao qual milhares de homens se submetem todos os anos, sendo que a maioria não tem a doença. Segundo os cientistas foram feitos progressos para minimizar biópsias desnecessárias identificando moléculas associadas ao cancro da próstata, que poderão ser detetadas ao “cheirar” a urina com sensores químicos.

“Se os cães podem cheirar o cancro da próstata, nós também seremos capazes de o fazer”, disse Amanda Siegel, que como Agarwal pertence ao Instituto Integrado de Desenvolvimento de Nano-sistemas da Universidade de Indiana, Estados Unidos.

Para detetar que moléculas presentes na urina poderão indicar cancro da próstata os investigadores colheram amostras de urina de 100 homens submetidos a biópsias à próstata e identificaram um pequeno grupo de moléculas que aparecem em 90% das amostras de urina de pacientes com cancro, mas que não estavam presentes nas amostras das pessoas sem a doença.

A equipa quer agora fazer testes em larga escala em centros de saúde.

Hospital Santa Marta
O primeiro doente sujeito a uma cirurgia cardíaca, durante a qual o sangue circulou fora do corpo, realizada há 55 anos no...

Em declarações, o cirurgião José Fragata, que dirige a Área Coração, Vasos e Tórax do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), a que pertente o Hospital Santa Marta, explicou que o feito, hoje tão comum, foi na altura altamente inovador.

Este circuito extracorporal faz com que o sangue circule fora do corpo (por tubos e máquinas), de modo a permitir aos cirurgiões fazerem o seu trabalho. (Corrige no primeiro parágrafo a data da sessão, que é na quarta-feira e não na terça-feira)

“A cirurgia de coração aberto [trabalhar dentro das cavidades cardíacas] só foi possível quando tivemos ao nosso dispor um oxigenador para substituir os pulmões e uma bomba para substituir o coração. Para trabalharmos dentro do coração não pode estar lá a passar sangue, senão não se vê nada”, explicou.

A primeira destas máquinas começou a ser usada nos Estados Unidos em 1953 e, em 1962, coube ao cirurgião português Machado Macedo introduzir o sistema em Portugal, em Santa Marta.

José Fragata sublinhou que atualmente este sistema é usado sempre que um cirurgião precisa de afastar o sangue das cavidades cardíacas, de modo a corrigir alguma anomalia.

“Hoje mesmo operei um doente. É só ir à prateleira buscar o sistema, colocar e desviar o sangue que passa no coração e no corpo numa máquina, parar o coração e trabalhar lá dentro”, disse.

A primeira cirurgia durou 8,5 horas e o doente ficou internado 16 meses. Atualmente, a mesma intervenção demora cerca de uma hora e o doente tem alta ao fim de cinco dias, disse.

Esta vulgaridade contrasta com a inovação de há 55 anos, quando a introdução deste sistema foi “brutal”.

O doente em questão, operado quando tinha cinco anos a um defeito simples cardíaco, estará presente terça-feira numa sessão comemorativa no Hospital Santa Marta, durante a qual serão distinguidos os pioneiros da perfusão cardiovascular de Santa Marta.

BIOMEET 2017
O presidente do Comité de Medicamentos Órfãos afirmou hoje que a percentagem de recusas à atribuição do estatuto de medicamento...

“Há muito a ideia de que é muito fácil ser-se um medicamento órfão, mas isso é um erro”, basta dizer que, “no ano passado, não concedemos o estatuto com base no benefício significativo a 36% dos candidatos que nos apareceram, o que é um valor significativo”, disse Bruno Sepodes.

Bruno Sepodes, que falava a propósito do ‘BIOMEET 2017: P-BIO debate a avaliação de medicamentos órfãos’, que decorre na terça-feira, em Lisboa, afirmou que “não é fácil ser-se medicamento órfão”, mas também “não é fácil manter esse estatuto”, que pode ser questionado.

O estatuto de medicamento órfão pode ser questionado porque vão aparecendo medicamentos melhores, mas também porque a sua exclusividade no mercado pode ser questionada ao fim de cinco anos pelos Estados-membros da União Europeia, explicou o presidente do Comité de Medicamentos Órfãos da Agência Europeia do Medicamento.

“Há imensas críticas aos preços e há eficácia dos medicamentos, mas, até hoje, só houve uma vez um Estado-membro que desencadeou esta situação e foi o Reino Unido”, disse, rematando: “É muito fácil criticar, mas também não vemos ação de quem o pode fazer”.

E, apesar de a queixa ser “a mesma há muitos anos”, o valor da despesa “nos sistemas de saúde não aumentou, porque há medicamentos que entram e há outros que saem”.

Contudo, no caso de um hospital oncológico, como o IPO, “aquilo que para muitos é raro, naquele contexto torna-se mais prevalente e é normal que os custos sejam superiores aos das doenças mais prevalentes”, explicou.

Bruno Spodes explicou ainda que estes medicamentos “são prescritos de acordo com algoritmos terapêuticos, aos quais os médicos estão obrigados a respeitar”, o que pressupõe que todas “as prescrições são necessárias e adequadas”.

“Se o gasto é elevado, se calhar o que se tem que negociar é o preço”, disse, defendendo que os países se deviam unir para negociar de uma “forma mais centralizada” e conseguir preços mais reduzidos.

No entanto, defendeu, “não podemos continuar a ver os medicamentos órfãos sempre como o lobo mau” e dizer que “são muito caros”, deve olhar-se também para “o valor adicional que trazem à terapêutica, aos doentes”.

Bruno Sepodes lamentou que nas críticas se culpe o regulamento europeu dos medicamentos órfãos criado em 2000, explicando que este “não regula o preço, mas sim a investigação”, tendo como objetivo colocar “o medicamento no mercado com base na sua segurança, qualidade e eficácia”.

Desde 2000, o Comité dos Medicamentos Órfãos já avaliou 2.714 pedidos de designação de medicamento órfão, tendo sido concedidos 1.805.

“Desses 1.805 com estatuto de órfão, só temos neste momento ativos 93, dos quais 53 são usados em crianças”, disse o responsável, adiantando que 42% destes fármacos são para oncologia e os restantes para outras áreas.

Bruno Sepodes realçou ainda o facto de Portugal continuar a ser “um dos países onde se tenta a todo o custo dar” aos doentes o acesso a estes medicamentos

“Nós ainda vivemos num oásis mas há outros países onde isso não acontece”, rematou.

Semana Mundial das Alergias
No âmbito da Semana Mundial das Alergias, que se assinala entre 2 e 8 de Abril, a Sociedade Portugue

A obesidade, a mudança nos hábitos alimentares, o sedentarismo ou a crescente utilização de antibióticos são algumas das causas apontadas para o aumento de casos de alergia respiratória registados nos últimos anos. “São várias as causas apontadas e que se prendem muito com as alterações profundas do estilo de vida das sociedades ocidentais no últimos 50-60 anos, como a maior permanência dentro das casas, um menor contato com estímulos infecciosos pouco perigosos, a poluição ou as alterações climáticas que, por exemplo, são responsáveis por maior quantidade de pólenes na atmosfera e durante mais tempo”, começa por explicar o alergologista Manuel Branco Ferreira.

De acordo com o especialista, estima-se que entre 30 a 35% da população portuguesa sofra de doença alérgica respiratória, sendo a rinite alérgica a patologia mais frequente, “logo seguida de asma brônquica”.

“Nas crianças a doença alérgica respiratória é a causa mais frequente de doença crónica”, revela o clínico adiantando que “em Portugal a maior parte dos doentes com alergia respiratória tem alergia aos ácaros do pó doméstico ou a pólenes de plantas, árvores e ervas. Alguns doentes são ainda alérgicos a fungos (bolores) ou a pelos de animais”.

Conjuntivite, rinosinusite e lariingotraqueíte crónicas são outras patologias relativamente frequentes e que, muitas vezes, fazem acompanhar as queixas de rinite ou asma.

Comichão, corrimento e obstrução/congestão nasal são os principais sintomas de rinite alérgica. “Na asma os sintomas são a tosse seca crónica, a chiadeira no peito, a falta de ar e a sensação de aperto toraccico”, explica acrescentando que, em ambos os casos, os sintomas são frequentemente recorrentes.

E é na recorrência dos sintomas que reside, muitas vezes, o maior obstáculo para o seu diagnóstico.

“Uma patologia que está presente quase todos os dias, e desde tenra idade, tem tendência a ser entendida pelo doente quase como normal e como um sofrimento de que tem de padecer, apenas sendo reportados os episódios de grande agravamento que, por exemplo, levam o doente à urgência ou que o obrigam a faltar ao trabalho”, afirma o secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC).

Por outro lado, a pouca importância que alguns médicos dão às patologias alérgicas, “que não têm uma grande mortalidade e que às vezes são olhadas como patologias «menores»”, condiciona a sua avaliação.

“No entanto, o impacto na vida destas pessoas é muito significativo e podemos dizer que, por exemplo no caso da rinite, a rinite é uma doença banal apenas para quem não sofre dela”, afirma Manuel Branco Ferreira.

A alergia respiratória não causa apenas sofrimento físico pelos sintomas. “Também tem grande impacto no bem-estar psíquico porque os doentes respiram pior, sentem-se mais cansados, não conseguem descansar de noite, podem ter quadros de algum embaraço social (por exemplo, se estiver sempre a espirrar ou a assoar-se ou a tossir) que levam a retração social, isolamento e eventualmente depressão”, justifica.

A diminuição da qualidade de vida surge, deste modo, como uma complicação importante da alergia não tratada.

Por outro lado, a doença alérgica pode evoluir para uma forma mais grave. “Estas situações de inflamação crónica das vias aéreas podem evoluir em termos de se irem tornando progressivamente mais graves, com menor resposta à terapêutica SOS ou de alívio e ainda afetarem outros órgãos para além dos iniciais”, explica o alergologista dando como exemplo a evolução para asma dos doentes com rinite não tratada.

“Finalmente nas fases mais avançadas da doença alérgica podemos já ter quadros com fibrose irreversível, ou seja, em que as diferentes estruturas desses órgãos são substituídas por tecido fibroso (cicatrizes) perdendo-se irremediavelmente a função desses tecidos”, acrescenta.

Quando recorrer a consulta de especialidade

“Os casos mais ligeiros podem perfeitamente ser medicados por médicos generalistas e se essa medicação for suficiente não há necessidade de consultar um especialista”, afiança Manuel Branco Ferreira.

No entanto, nos casos em que a terapêutica não fôr suficientemente eficaz deve procurar ajuda especializada. “Essa consulta torna-se necessária quando se quer identificar a causa da alergia ou fazer tratamento com as vacinas da alergia e obviamente nos casos mais graves”, acrescenta.

Como principais recomendações, o secretário-geral da SPAIC destaca a necessidade do doente conhecer bem a sua doença alérgica no sentido de evitar o contato com o alérgeno. “No caso dos doentes alérgicos aos pólenes estes devem procurar conhecer os níveis polínicos na sua área de residência, o que podem fazem através da consulta ao Boletim Polinico da Rede Portuguesa de Aerobiologia disponível de forma gratuita no site da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica”, acrescenta.

Manuel Branco Ferreira reforça ainda a importância de seguir “criteriosamente” as indicações terapêuticas do médico. “Particularmente no que diz respeito a manter algumas terapêuticas de uma forma mais ou menos continuada e mesmo na ausência de sintomas, bem como tratar precocemente os sintomas que eventualmente possam surgir”, adianta terminando esta série de conselhos reafirmando que “quando adequado” o doente deve procurar a opinião de um especialista.

 

Fonte: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
Luís Campos, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna foi eleito Honorary Fellow (membro honorário) do American...

Este título é atribuído a internistas que se notabilizaram internacionalmente nesta especialidade. A distinção é entregue numa cerimónia de convocação onde o Colégio reconhece e aplaude os seus novos Fellows e os destinatários de várias honras, incluindo Mestres, Governadores de Capítulo e Prémios Nacionais. A comunidade global de medicina interna é representada por colegas de numerosas Sociedades de Medicina Interna de todo o mundo, além da Sociedade Internacional de Medicina Interna, da Federação Europeia de Medicina Interna (EFIM) e das Faculdades e Academias Reais, que se unem aos líderes do American College of Physicians (ACP) neste importante para a especialidade.

Luís Campos é atualmente diretor do Serviço de Medicina do Hospital de S. Francisco Xavier/Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Professor Auxiliar convidado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, sendo ainda Presidente do Comité de Qualidade e Assuntos Profissionais da EFIM, membro da Comissão Nacional dos Centros de Referência e membro da Comissão das Reformas de Proximidade.

O American College of Physicians foi fundado em 1915, sendo a maior organização de especialidades médicas nos Estados Unidos. Os membros do ACP incluem 148.000 médicos de medicina interna, sub-especialistas relacionados e estudantes de medicina.

Em Lisboa
A Cerimónia Pública de distinção dos Projetos selecionados no âmbito da Edição de 2016 do Programa Gilead GÉNESE decorrerá no...

O Programa Gilead GÉNESE, inserido na política de responsabilidade social da Gilead Sciences, pretende envolver a Comunidade e tem contribuído para a geração de valor no domínio da investigação científica e da intervenção na área da Saúde. Anualmente são distinguidos os melhores projetos no âmbito da investigação e da Comunidade.

O Programa Gilead GÉNESE, criado em 2013, é já um programa de referência no apoio à investigação científica e projectos da Comunidade. Ao longo de quatro edições, o montante global de financiamento atribuído aos projetos apoiados pelo programa Gilead Génese ascendeu a mais de um milhão de euros.

A esta edição do Programa Gilead GÉNESE candidataram-se cerca de 30 projetos nacionais submetidos por diferentes entidades científicas, académicas e da sociedade civil.

“O programa Gilead GÉNESE tem contribuído para que o nosso país seja um exemplo, ao nível internacional, na intervenção em áreas tão importantes com a VHC, o VIH e a Hemato-Oncologia. Em todas as edições do programa temos distinguido projetos que contribuem para a inovação em saúde, mas também comunidades ou pessoas que se preocupam em melhorar a qualidade de vida daqueles que os rodeiam”, refere Vítor papão, diretor geral da Gilead Portugal.

A avaliação das candidaturas submetidas foi assegurada por duas Comissões externas de Avaliação que selecionaram 12 projetos, 6 de natureza Científica e 6 de Iniciativa Comunitária, pelo seu potencial contributo para a otimização da prática clínica, da melhoria da qualidade de vida dos doentes e dos resultados em saúde.

Na investigação, os projetos distinguidos nesta 4ª edição do Programa Gilead GÉNESE incidem em especial sobre novas abordagens ao VIH, colocando, por exemplo, a possibilidade de desenvolver nova medicação que atue por via tópica e a hipótese de encontrar uma cura ao conseguir bloquear a multiplicação viral que o VIH-1 induz ao transformar as células Tfh em ‘fábricas’ produtoras de vírus.

Quanto aos projetos da comunidade, refira-se a preocupação em atuar para corrigir mitos e falsas crenças que contribuem para os índices de doenças sexualmente transmissíveis, e em promover o sexo seguro através de iniciativas de sensibilização e educação para estilos de vida e comportamentos que apoiem a redução destas doenças, nomeadamente do VIH/SIDA, assim como para realizar rastreios que permitam aumentar o conhecimento da comunidade sobre o seu estatuto serológico relativamente ao VHC (Vírus da Hepatite C). 

Estudo
Investigadores portugueses descobriram, numa experiência com ratinhos, que a eliminação dos neurónios (células do sistema...

Uma equipa liderada por Ana Domingos, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), descobriu, em 2015, que os neurónios periféricos, quando ativados, queimavam gordura.

Agora, num estudo publicado hoje na revista Nature Communications, os investigadores concluíram que essas células, quando desativadas, através de uma técnica de manipulação genética, provocam o aumento rápido de peso.

Ana Domingos explicou à Lusa que os neurónios que estão fora do cérebro, no tecido nervoso, libertam uma substância que 'comunica' com os adipócitos, as células do tecido adiposo responsáveis pelo armazenamento de gordura no corpo.

Em resultado desse 'contacto', as células adiposas ficam mais pequenas e a gordura é queimada.

"Se retirarmos os neurónios, os adipócitos não têm como queimar gordura, e esta vai acumulando", assinalou a cientista, acrescentando que, mesmo que os ratinhos "façam dieta, não conseguem perder peso". O mesmo sucede com as pessoas obesas.

A descoberta deste mecanismo biológico associado à obesidade permite partir agora para a sua utilização em sentido inverso, no combate à obesidade.

"Ficamos com uma ideia biológica de como atacar a doença [a obesidade] farmacologicamente em humanos", apontou Ana Domingos.

O grupo já está a trabalhar num medicamento para a obesidade que usa estes neurónios como alvo, sem atingir o cérebro, e procura investidores.

Na experiência com os ratinhos, geneticamente modificados, os investigadores criaram uma nova técnica genética que permite 'matar' neurónios específicos do sistema nervoso periférico sem afetar o cérebro.

Na prática, a equipa de Ana Domingos, com o apoio do químico Gonçalo Bernardes, do Instituto de Medicina Molecular, alterou uma técnica muito utilizada em engenharia genética para eliminar células, que se baseia no uso da toxina diftérica (libertada pela bactéria que causa a difteria).

A toxina "só mata as células que contêm o seu recetor", precisa o IGC em comunicado. Os recetores são proteínas que estão nas membranas das células e permitem a interação de determinadas substâncias com os mecanismos de metabolismo celular.

Os ratos, ao contrário dos humanos, não têm o recetor da toxina diftérica.

O que os investigadores fizeram foi introduzir geneticamente "o recetor da toxina nos neurónios que inervam o tecido adiposo nos ratos, tornando esses neurónios suscetíveis à ação letal da toxina", adianta o IGC.

Mas, uma vez que a toxina poderia afetar, nestes termos, neurónios semelhantes que existem no cérebro, a equipa modificou quimicamente a toxina diftérica, aumentando o tamanho da molécula para impedir a sua entrada no cérebro.

Deste modo, a toxina apenas 'mata' os neurónios que estão fora do cérebro.

BeCyberSafe
Investigadores de oito países (Chipre, Espanha, Itália, Noruega, Portugal, Reino Unido, República Checa e Turquia)...

Estas ferramentas – guias para alunos, pais e escolas e um videojogo, já disponíveis online – resultam do projeto europeu de investigação “Beat Cyberbullying: Embrace Safer Cyberspace”, financiado pelo programa Erasmus+ da União Europeia, no qual participaram Armanda Matos e Ana Maria Seixas, docentes da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Universidade de Coimbra (FPCEUC).

Numa primeira fase do projeto, realizado ao longo dos últimos dois anos, a equipa realizou um estudo junto de crianças e adolescentes, com idades compreendidas entre os 9 e os 14 anos, com o objetivo de “compreender a perceção que este público-alvo tem sobre o fenómeno de cyberbullying e quais as necessidades sentidas para prevenir e lidar com a problemática”, explica Armanda Matos.

O estudo demonstrou “que há muito trabalho a fazer para prevenir o fenómeno, nomeadamente ao nível da sensibilização das crianças e dos adolescentes para os potenciais riscos da comunicação mediada pelas tecnologias. Os participantes no estudo revelam, por exemplo, que partilham informação privada nos seus perfis de redes sociais, e afirmam que têm necessidade de receber formação sobre as várias vertentes do problema, ou seja, receber formação quer em termos de prevenção do cyberbullying quer sobre o uso das tecnologias”, afirma a especialista da Universidade de Coimbra (UC) em Educação para os Media.

Por outro lado, os alunos “dizem desconhecer se as suas escolas têm ou não medidas para prevenir e lidar com esta nova forma de violência”. Por isso, sublinha Armanda Matos, “é necessário um trabalho de consciencialização contínuo porque o cyberbullying tem uma audiência muito mais ampla que o bullying tradicional, pode ocorrer 24 horas, sete dias da semana, e permite o anonimato (ou a ilusão de anonimato) a quem o pratica”.

Os recursos produzidos pelos investigadores dos oito países parceiros do projeto “fornecem conhecimentos básicos, conselhos práticos e orientações para ajudar alunos, pais e escolas a evitar os resultados indesejados deste fenómeno que, em Portugal, apresenta uma taxa de prevalência de 7,6 por cento de vítimas, segundo dados de um estudo anterior, realizado também pela FPCEUC e coordenado pelo professor João Amado. Nestes recursos são facultadas abordagens e estratégias para motivar e envolver os diferentes públicos no uso mais seguro da Internet e na luta contra o cyberbullying”, conclui a docente da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC.

Os guias elaborados no âmbito do projeto estão disponíveis, em versão inglesa, no site BeCyberSafe criado para o efeito. Podem ser obtidos gratuitamente em: http://www.becybersafe.org/pubblications/.  

O videojogo, destinado a um público mais jovem, está disponível em várias línguas, incluindo o português, e pode ser instalado a partir de http://www.becybersafe.org/becybersafe-game/.

Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde
Uma equipa do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde anunciou ter desenvolvido uma ferramenta 'online&...

Este instrumento vai servir para apoiar a decisão dos médicos na escolha e acompanhamento do tratamento para cada doente, de forma a garantir o melhor controlo possível da doença intestinal.

Segundo Cláudia Camila Dias, investigadora principal do projeto, esta ferramenta permite “prever a evolução da doença em cada paciente e adaptar a terapêutica de forma rápida, eficiente e nada invasiva, ou seja, sem necessidade de recorrer a testes genéticos nem laboratoriais”.

A especialista em bioestatística do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) explicou que este modelo de prognóstico na doença inflamatória intestinal baseia-se na recolha de dados demográficos e informações clínicas facilmente obtidas em consulta, como a idade em que o paciente foi diagnosticado, o uso de corticoides, a existência de doença perianal e os hábitos tabágicos, por exemplo.

A doença inflamatória intestinal inclui duas patologias diferentes: a doença de Crohn e a colite ulcerosa. Trata-se de doenças incapacitantes, de causa desconhecida, que podem afetar qualquer parte do intestino.

De acordo com os especialistas, “os pacientes que sofrem destas doenças vêm a sua qualidade de vida (pessoal, social e profissional) muito afetada. No entanto, só muito recentemente é que se passou a verificar uma preocupação com a manutenção da qualidade de vida destes doentes, através da redução do número de cirurgias a que são submetidos e das hospitalizações a que são sujeitos”.

Em comunicado, o CINTESIS refere que para o desenvolvimento da nova ferramenta foi necessário “estudar de forma aprofundada” a relação entre a doença inflamatória intestinal e as diferenças demográficas e clínicas dos pacientes.

No âmbito desse trabalho prévio, foi possível averiguar que “os doentes com Crohn com menos de 40 anos, que foram tratados com corticoides e que sofrem de doença perianal, estão em maior risco de apresentarem doença incapacitante. No caso dos pacientes com colite ulcerosa, são os homens, com doença extensa e que usam corticoides, os que estão em maior risco de atingir níveis mais graves da doença, que exijam a remoção de parte do intestino”, acrescenta.

Os investigadores avaliaram ainda o impacto que o uso de imunossupressores – um tipo de tratamento que diminui a atividade do sistema imunológico do paciente, baixando a inflamação – tem na evolução da doença inflamatória intestinal. As análises realizadas revelaram que os doentes a quem estes medicamentos são prescritos mais tardiamente são operados mais vezes.

Cláudia Camila Dias afirmou que esta ferramenta vai ser “integrada no sistema de interface com a base de dados do GEDII - Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal para ser utilizada pelos clínicos”.

“Este instrumento é completamente funcional, expondo as capacidades analíticas e preditivas desenvolvidas nos modelos criados”, acrescentou.

O sistema será usado pelos gastrenterologistas durante a consulta de especialidade, através da utilização da interface com a base de dados da consulta.

O projeto, que resultou em vários artigos publicados em revistas científicas como o Journal of Crohn’s and Colitis, Inflammatory Bowel Disease e a PLoS One, foi desenvolvido em colaboração clínica com o gastrenterologista Fernando Magro, e colaboração científica com os investigadores do Cintesis Pedro Pereira Rodrigues, Raphael Oliveira, Guilherme Macedo e Altamiro da Costa-Pereira.

O CINTESIS é uma unidade de investigação e desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o CINTESIS beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), do Instituto Superior de Engenharia (ISEP) e da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP).

No total, o centro agrega cerca de 450 investigadores, em 16 grupos de investigação que trabalham em quatro grandes linhas temáticas: Investigação Clínica e Serviços de Saúde; Neurociências e Envelhecimento Ativo; Diagnóstico, Doença e Terapêutica; e Dados e Métodos.

Em todo o país
Os boletins de vacinas vão passar a ser digitais para a globalidade da população até ao fim do ano, permitindo o registo...

Esta é uma das novidades que será abordada no Portugal eHealth Summit, que decorre entre terça e quinta-feira em Lisboa e contará com a participação de mais de 8.000 pessoas, segundo estimativas dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).

Segundo o presidente dos SPMS, o boletim digital de vacinas vai ser generalizado até ao fim do ano, com as vacinas a integrarem um registo vacinal nacional que é eletrónico.

Desta forma, qualquer médico ou enfermeiro poderá aceder às vacinas dos utentes em qualquer unidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Numa urgência, por exemplo, pode ser fundamental um médico saber se o doente tem a vacina do tétano em dia, exemplifica o presidente dos SPMS, Henrique Martins.

Os utentes também podem aceder às suas vacinas através da área do cidadão do portal do SNS.

Outra vantagem, segundo Henrique Martins, é a de possibilitar que o utente faça a sua vacina em qualquer centro de saúde do país.

O registo vacinal digital já está a ser aplicado a cerca de 100 mil doentes portugueses, numa experiência no Litoral Alentejano. A ideia da SPMS é abranger todo o território até final do ano.

Na Portugal eHealth Summit, os SPMS vão abordar ainda outros projetos, como os exames médicos sem papel. O objetivo é que no segundo semestre os médicos de família já possam receber por via eletrónica os resultados das análises laboratoriais prescritas ao doente e feitas em entidades convencionadas.

Outro dos projetos é a progressiva substituição e modernização do software dos centros de saúde.

Henrique Martins explicou à agência Lusa que uma das ideias centrais do Portugal eHealth Summit é reunir todos os agentes interessados no “uso do digital para transformar a saúde”, sejam utentes, profissionais de saúde, empresários, autarquias ou organismos públicos.

Durante três dias, esta iniciativa vai reunir especialistas nacionais e internacionais, envolvendo a academia, empresas empreendedoras, ‘startups’, ordens profissionais, sociedades científicas, associações de doentes, outras entidades da administração pública e representantes da área da investigação e financiamento em saúde.

Médico
A vacinação de pelo menos 1.900 pessoas em Lisboa controlará o surto de hepatite A, que se transmite apenas por água e...

“Através de modelos estatísticos que existem das várias variáveis envolvidas sabemos que se conseguirmos vacinar no mínimo 1.900 pessoas, e é difícil de objetivar o máximo, na região de Lisboa, conseguimos controlar o surto aqui”, afirmou o médico, após a reunião desta tarde do grupo de coordenação de controlo do surto da doença, na Direção-Geral da Saúde (DGS), em Lisboa.

O tempo que demorará o controlo, segundo o responsável, depende da capacidade de resposta dos serviços e da informação das pessoas, que se “devem vacinar se for o caso”, pelo que o primeiro passo será ir ao médico para uma avaliação.

A organização não-governamental (ONG) Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT) disponibiliza um serviço especializado no Príncipe Real (Lisboa) para homens que têm sexo com homens.

O médico aproveitou para precisar que as duas únicas vias de transmissão da hepatite A são “através de água e alimentos contaminados, o que acontece sobretudo em viajantes, e através do contacto sexual”.

Diogo Medina notou a existência de “muita confusão” quanto aos meios de transmissão da doença “ainda pouco conhecida do grande público”.

“Estão alguns mitos a ser propagados como, por exemplo, que se transmite através do telemóvel, dos puxadores de portas, casas de banho e botões do elevador. E que não haja dúvidas que sem ser por água e alimentos contaminados e contacto sexual não é possível ser infetado por este vírus”, sublinhou.

O médico notou que o surto está agora identificado e que se está a avançar na proteção de três populações prioritárias: aqueles que contactam com as “pessoas que estão doentes, que vão ser vacinados”, tal como cidadãos em risco identificados pelos médicos, segundo as recomendações da DGS, e os viajantes.

A DGS decidiu alargar a prevenção contra a hepatite A, além da Unidade de Saúde da Baixa, em Lisboa, às consultas de viajante de todo o país.

Isabel Aldir, diretora do Programa Nacional para as Hepatites Virais da DGS, explicou que será aplicada imunoglobulina, que “protege mais rapidamente, mas de forma mais transitória” do que a vacina.

O surto centrado na região de Lisboa afetou desde janeiro até ao momento 126 pessoas.

Direção-Geral da Saúde
A prevenção contra a hepatite A passará a ser disponibilizada, além da Unidade de Saúde da Baixa em Lisboa, nas consultas de...

A decisão de alargar as medidas foi tomada numa reunião do grupo de coordenação de controlo do surto da doença, em Lisboa, com Isabel Aldir, diretora do Programa Nacional para as Hepatites Virais da Direção-Geral da Saúde (DGS), a explicar que será aplicada imunoglobulina, que “protege mais rapidamente, mas de forma mais transitória” do que a vacina.

“Na consulta do viajante a estratégia que vai ser seguida será da aplicação de imunoglobulina, que é igualmente segura e protetora para o viajante e que será alvo de dispensa de farmácia comunitária”, disse.

Neste alargamento de proteção, gratuita no contexto do surto, a especialista referiu será dada atenção a viajantes que se deslocam para países da África, África Subsariana, Ásia e América Central e do Sul.

A responsável sublinhou que a prevenção da doença se destina a “todas as pessoas a quem o médico faça uma avaliação de risco”.

Isabel Aldir referiu que a situação de surto está a ser seguida “a todo o momento” e cuja dimensão ainda se desconhece, mas que “com as medidas que estão a ser definidas se irá ver qual a evolução”.

Com esta decisão, a DGS visa resguardar o uso de vacinas para “quem efetivamente mais precisa”, uma vez que o mercado internacional não dispõe de mais unidades e porque o ciclo de produção demora cerca de dois anos.

Até ao momento, o surto afetou 126 casos: 119 homens e sete mulheres.

Na sexta-feira, a DGS decidiu requisitar cerca de sete mil vacinas contra a hepatite A ao circuito comercial, que serão administradas gratuitamente e sem pagamento de taxa moderadora na Unidade de Saúde da Baixa, em Lisboa.

No Porto
Leo tem seis anos e é autista, Guilherme tem 14 e foi-lhe diagnosticado espetro autista e trissomia em mosaico e, em comum, têm...

A oferta de terapias alternativas com cavalos e a póneis foi disponibilizada a ambos pelo Pony Clube do Porto, uma associação que desde 2013 já auxiliou cerca de 130 jovens, revelou a coordenadora Diana Pinto.

Bruno Faria, pai do Leo, contou que a doença foi diagnosticada quando a criança tinha dois anos. Acrescentou que, após "várias terapias, desde a da fala à ocupacional, uma pesquisa na Internet e uma indicação" levou-os ao Pony Clube.

"Desde que aqui estamos, o Leo tem vindo sempre a evoluir", afirmou, elencando as capacidades ganhas pelo filho: "hoje é capaz de caminhar, de fazer tarefas sozinho, sossegado, de estar junto a outras pessoas".

E continuou: "É também capaz de acompanhar outras crianças e já começou a dizer as primeiras palavras, a comunicar, a olhar nos olhos das pessoas".

Há três anos em terapia de periodicidade semanal, a recomendação médica para o Leo "é para que continue".

Guilherme, de 14 anos, acrescenta ao problema de autismo a trissomia em mosaico, doença caracterizada por deformação facial, atraso mental ligeiro e anomalias das articulações, tendo chegado muito mais tarde ao Pony Clube, associação que conheceu "por acaso", durante uma visita a uma feira rural do Porto, indica a mãe, Margarida Macedo.

"O Guilherme tinha imensas terapias que eram suportadas por nós. Tivemos de optar e deixar a terapia com cavalos de lado", explicou a mãe.

No Pony Clube, "perto de casa e com bons profissionais", o Guilherme “começou a terapia há três anos e tem evoluído imenso", acrescentou Margarida Macedo, referindo que o filho, embora tema animais como os gatos e cães caseiros, gosta de lidar com cavalos.

"Para ele é muito importante a empatia com o animal”, referiu.

Acrescentou que "todos os profissionais que lidam com ele, desde a pedopsiquiatria à neurologia, concordam que esta terapia é muito importante. Pois, ao mesmo tempo é terapia, é lúdico e desporto, tem tudo combinado para ser o ideal para ele".

Diana Pinto, coordenadora de equitação terapêutica, explicou que Leo e Guilherme chegaram ao Pony Clube "a desencadear frustrações".

"Hoje, o Guilherme tem um comportamento na aula de equitação e no relacionamento com os cavalos muito adequado e faz provas de equitação adaptada com sucesso e tudo para ele é muito gratificante", disse.

Quanto ao Leo, "era ainda criança e não verbalizava. Com os cavalos começou a desenvolver um vocabulário, principalmente o ‘anda cavalo’, e através da repetição de algumas palavras já conseguiu atribuir algum significado às palavras, discriminar cores e os animais".

O Pony Clube do Porto tem dez cavalos e póneis, associados conforme a idade ou peso da criança, e faz terapia a cerca de 130 jovens, de segunda-feira a sábado.

Estudo
Uma excessiva empatia emocional impede as crianças com autismo de comunicarem com o mundo, segundo um estudo, o que representa...

O Grupo de Investigação de Perinatalogia do Instituto de Investigação Sanitária de La Fe, em Valência, Espanha, avaliou a reação de crianças com e sem perturbação do espetro do Autismo perante expressões faciais de diferentes emoções e concluiu que o autismo não se caracteriza por falta de empatia, mas sim por um excesso de sensibilidade perante as emoções dos outros.

Com os dados e experiencias analisados na investigação, chega-se à conclusão de que o retraimento e o ensimesmamento das crianças com autismo é uma maneira de se protegerem perante um ambiente emocionalmente esmagador.

Segundo explicaram à EFE fontes do hospital, esta descoberta dignifica as perturbações do espetro do autismo – cujo dia mundial se assinala no domingo -, já que se caracterizam por um excesso de sensibilidade face às emoções e não por um defeito.

Os transtornos do espetro do autismo são considerados alterações do neurodesenvolvimento que podem provocar problemas de interação social, comunicacionais e comportamentais significativos.

Até ao momento, sempre se procurou modificar os comportamentos sociais atípicos das crianças com autismo, cuja origem se acreditava ser a falta de empatia.

Contudo, este estudo demonstra o contrário: que as crianças com autismo têm uma excessiva empatia quando atentam às emoções dos outros e é, precisamente, essa experiência avassaladora que os leva a retraírem-se e os impede de comunicar.

O artigo “Communication deficits and avoidance of angry faces in children with autism spectrum disorder” é da autoria da doutorada em psicologia clínica Ana García-Blanco e foi publicado na revista científica “Research in Developmental Disabilities”.

Com uma equipa do Grupo de Investigação de Perinatalogia e do serviço de psiquiatria de La Fe, Ana García-Blando avaliou 30 rapazes e raparigas autistas, com idades entre os seis e os 18 anos, e outros 30 sem a perturbação.

Foram apresentadas a todas estas crianças expressões faciais de tristeza, alegria, zanga e neutras e avaliou-se o modo como reagiam a esses rostos.

Os resultados mostraram que os rostos com carga emocional captavam a atenção de todas as crianças, independentemente de apresentarem ou não perturbação do autismo.

No entanto, quando as crianças autistas se mostraram capazes de exercer controlo sobre a sua atenção, preferiam evitar os rostos irritados, porque lhes causavam grade mal-estar, o que estará relacionado com os problemas de comunicação social que estas crianças apresentam.

As emoções captam a atenção das crianças com perturbação do autismo de maneira semelhante à das crianças sem o transtorno, mas, tão rapidamente como identificam uma emoção stressante, os autistas tendem a evitá-la, para acalmar o mal-estar que sentem.

Estas peculiaridades no processamento das emoções poderão ser um mecanismo subjacente aos problemas de comunicação social que estas crianças apresentam e contradizem a habitual tese que considera que o comportamento e os problemas cognitivos é que são os obstáculos que dificultam a sua comunicação.

Cirurgião da Cruz Vermelha
Os portugueses são dos poucos que podem entrar em missão humanitária em qualquer país em conflito, uma das vantagens apontadas...

“Eu quase diria que os portugueses têm, para começar, uma grande vantagem, que é o passaporte português. É dos poucos no mundo que não tem restrições de entrada em nenhum dos cenários em conflito em que tenho andado”, refere Nelson Olim, que é há dois anos e meio o único médico português a trabalhar em exclusivo no Comité Internacional da Cruz Vermelha.

Como exemplo, Olim refere que o seu antecessor no cargo de cirurgião sénior no Comité Internacional da Cruz Vermelha era libanês e que havia países para os quais não podia viajar por causa da nacionalidade.

“Existem imensos cenários onde há restrições de nacionalidade, para franceses, britânicos, americanos, australianos, canadianos. E não conseguem entrar em cenários em conflito. Nós, portugueses, conseguimos ir para qualquer lado no mundo, o que é uma vantagem enorme”, assinala o cirurgião de guerra português em entrevista.

A integração cultural e a capacidade de se desenrascar são outras caraterísticas que Nelson Olim distingue nos portugueses e que lhes confere vantagens em cenários de guerra ou de conflito.

“Aquilo que eu vejo em muito destes contextos é que os portugueses tentam sempre estabelecer laços com a comunidade local e tentam integrar-se e aprender coisas da língua local. E depois temos este ‘desenrasca’ que é tão típico, de improvisar e conseguir encontrar alternativas onde outras nacionalidades, pela sua formação cultural, bloqueiam”, afirma.

Contudo, o cirurgião afirma que é preciso mais do que ter capacidade de adaptação a novas situações para se conseguir entrar em missões em contextos de guerra.

“Do ponto de vista pessoal tem de haver algum desapego. Não sei se é muito bom como caraterística de uma pessoa, mas é quase uma condição. Temos de conseguir desapegar-nos para largar tudo e ir dois ou três meses para onde nos falta quase tudo”, refere.

Tem ainda de haver verdadeiro gosto pelo trabalho humanitário, a par de alguma frieza e sangue frio e nunca pode faltar a humildade: “Cada vez mais é isto que sinto. Nestes cenários não pode haver ‘prima donas’, temos de ser humildes e reduzir-nos àquilo que somos, à nossa pequenez”.

O cirurgião que está há dois anos e meio em exclusivo no Comité Internacional da Cruz Vermelha admite que há cada vez mais dificuldade de acesso a algumas zonas em conflito, devido à fragmentação dos grupos em oposição.

“Uma das razões pelas quais ainda não conseguimos ter equipas cirúrgicas na Síria é porque há mais de 100 grupos identificados e diferentes a lutar no país. Como é que é possível, neste contexto, garantirmos a segurança das nossas equipas? Porque nós não temos proteção armada, não temos nada, temos apenas uma cruz”, refere o médico em entrevista.

As dificuldades de acesso devem-se à alteração do panorama dos conflitos. Enquanto há 50 ou 60 anos era relativamente fácil compreender que havia dois blocos ou dois estados em oposição num conflito armado, atualmente são raros os cenários em que isto se verifica.

“O Comité Internacional da Cruz Vermelha tem como princípio a independência, a neutralidade e a imparcialidade. O que quer dizer que, em qualquer conflito onde entremos temos de ter o acordo das partes em conflito. Têm de perceber que vamos apoiar todos os lados”, explica o cirurgião português.

Nelson Olim reconhece que a cirurgia de guerra é uma área “com futuro”, na medida em que os conflitos vão crescendo no mundo, mas alerta que há cada vez mais dificuldade de acesso por parte das organizações humanitárias.

“Não há nenhum conflito hoje em dia que eu possa dizer: isto vai melhorar nos próximos tempos. A maior parte dos conflitos está numa fase de escalada. E há muitas situações que são barris de pólvora”.

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