China
A polícia chinesa ordenou, na terça-feira, a detenção de quinze pessoas envolvidas no recente escândalo de vacinas defeituosas...

"O departamento de segurança pública do novo distrito de Changchun [noroeste da China] deteve 15 pessoas, incluindo a presidente e outras pessoas envolvidas no caso Changsheng", de acordo com a emissora estatal CCTV.

Na semana passada, uma investigação da Administração de Alimentos e Medicamentos da China (CFDA), acusou a empresa de falsificar registos de produção de aproximadamente 113 mil vacinas contra raiva, além de distribuir mais de 250 mil doses defeituosas contra difteria, tétano e tosse convulsa.

Em resposta, o primeiro-ministro chinês ordenou na segunda-feira uma série de investigações à indústria de vacinas chinesa.

Em comunicado, Li Keqiang referiu que a Changchun Changsheng "violou uma linha moral", num momento em que as autoridades lutam para restaurar a fé pública na regulamentação de segurança.

No mesmo dia, Xi Jinping repudiou as práticas "chocantes" da empresa e exigiu uma investigação profunda do caso.

A raiva é endémica em algumas áreas da China.

 

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Os distritos de Beja e Guarda apresentam hoje risco extremo de exposição à radiação ultravioleta e o resto do país está com...

Por causa do risco extremo previsto para Beja e Guarda, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) recomenda que se evite o mais possível a exposição ao sol.

O IPMA colocou também em risco muito elevado de exposição aos UV os distritos Braga, Porto, Vila Real, Bragança, Viseu, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Faro no continente, as ilhas das Flores e Faial, nos Açores, e as ilhas da Madeira e do Porto Santo.

Em risco elevado estão os distritos de Viana do Castelo, Aveiro e Coimbra no continente e as ilhas Terceira e São Miguel, nos Açores.

Para as regiões com risco muito elevado e elevado, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro ultravioleta (UV), chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os distritos de Leiria, Santarém e Lisboa estão hoje com níveis moderados, pelo que o IPMA recomenda o uso de óculos escuros e protetor solar.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o risco de exposição à radiação UV é baixo, 3 a 5 (moderado), 6 a 7 (elevado), 8 a 10 (muito elevado) e superior a 11 (extremo).

O IPMA prevê para hoje nas regiões do Norte e Centro céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se muito nublado no litoral oeste até final da manhã, nebulosidade que poderá persistir ao longo do dia em alguns locais do litoral Centro.

Durante a tarde, está previsto aumento temporário de nebulosidade no interior a norte da serra da Estrela e vento fraco, tornando-se fraco a moderado do quadrante oeste a partir da tarde.

A previsão aponta ainda para neblina ou nevoeiro matinal em alguns locais e pequena subida de temperatura nas regiões do interior.

Na região sul prevê-se céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se geralmente muito nublado no litoral oeste e no interior até meio da manhã e neblina ou nevoeiro matinal em alguns locais do interior.

Está ainda previsto vento fraco a moderado do quadrante oeste, tornando-se moderado durante a tarde, de noroeste no litoral oeste e nas terras altas e de sudoeste na costa sul do Algarve.

As temperaturas mínimas no continente vão oscilar entre os 13 graus Celsius (em Viseu) e os 18 (em Aveiro e Lisboa) e as máximas entre os 23 graus (em Viana do Castelo, Porto, Aveiro e Leiria) e os 32 (em Bragança).

Para a Madeira prevê-se céu com períodos de muita nebulosidade e vento em geral fraco do quadrante norte, tornando-se fraco a moderado a partir do final da tarde. No Funchal as temperaturas vão oscilar entre os 20 e os 24 graus.

Para as ilhas das Flores e Corvo, no grupo ocidental dos Açores, o IPMA prevê céu muito nublado, diminuindo a nebulosidade a partir da manhã, períodos de chuva fraca na madrugada, passando a aguaceiros fracos e vento oeste fresco com rajadas até 55 quilómetros por hora na madrugada e manhã, rodando para norte e enfraquecendo.

Nas ilhas Graciosa, S. Jorge, Faial, Pico e Terceira, no grupo central, prevê-se céu muito nublado com abertas, condições favoráveis à formação de neblinas, períodos de chuva, passando a aguaceiros fracos e vento fraco a bonançoso de sudoeste.

Para as ilhas de São Miguel e Santa Maria, no grupo oriental, o IPMA prevê períodos de céu muito nublado com boas abertas, condições favoráveis à formação de neblinas, especialmente na tarde e nas zonas interiores, condições favoráveis à ocorrência de chuvisco ou aguaceiros fracos e vento oeste bonançoso, rodando para norte no final da tarde.

Em Santa Cruz das Flores e em Angra do Heroísmo as temperaturas vão variar entre os 19 e os 25 graus, na Horta entre os 20 e os 26 e em Ponta Delgada entre os 19 e os 26.

Biomedicina e saúde
Cerca de cinco milhões de euros vão ser atribuídos a oito projetos científicos portugueses ao abrigo de uma iniciativa luso...

Trata-se dos primeiros projetos de instituições portuguesas financiados pela "Iniciativa Ibérica de Investigação e Inovação Biomédica, i4b", que envolve a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT, Portugal) e a fundação bancária La Caixa (Espanha), anunciou a instituição portuguesa numa nota de imprensa.

A iniciativa, que tem um concurso de caráter anual, foi formalizada em 15 de fevereiro, quando as duas fundações assinaram um protocolo de cooperação científica e tecnológica.

Os oito projetos científicos portugueses, que serão apresentados hoje numa sessão em Lisboa, incidem sobre doenças como a malária, a depressão, a obesidade e a insuficiência cardíaca, bem como sobre as bactérias intestinais ou a perceção sensorial.

O 'bolo financeiro' a repartir pelos projetos, que terão uma duração de três anos, é de cerca de cinco milhões de euros, valor dado em partes iguais pela La Caixa e pela FCT (principal entidade que subsidia a investigação científica em Portugal).

Um dos projetos, a cargo do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, visa compreender as condições pelas quais o parasita da malária se fixa e se reproduz no fígado. Um outro, da Fundação Champalimaud, propõe-se aprofundar o estudo da interação das bactérias intestinais com a ingestão de alimentos.

A lista inclui trabalhos sobre como as células guardam a informação genética (Instituto Gulbenkian de Ciência), como evitar e melhorar o tratamento das complicações pulmonares por reações alérgicas a um fungo (Universidade do Minho) e como combater a obesidade para tratar a doença do fígado gordo (Universidade de Lisboa).

Há também projetos sobre as disfunções nas células cerebrais associadas à depressão (Universidade de Coimbra), uma nova terapia para a insuficiência cardíaca que permite corrigir a dessincronização do ventrículo esquerdo do coração (Universidade do Porto) e as redes neuronais do cérebro e a perceção sensorial (Fundação Champalimaud).

A "Iniciativa Ibérica de Investigação e Inovação Biomédica, i4b" selecionou, por concurso, 16 projetos científicos espanhóis e quatro portugueses, financiados totalmente pela Fundação La Caixa. Os restantes projetos de investigação portugueses são subsidiados pela FCT.

Por cada projeto português financiado pela La Caixa, a Fundação para a Ciência e Tecnologia compromete-se a subsidiar, em igual montante, um projeto científico português considerado igualmente excelente, mas que ficou de fora da lista dos selecionados no concurso, esclareceu à Lusa o presidente da FCT, Paulo Ferrão.

O concurso é aberto pela Fundação La Caixa e inclui um painel de avaliadores internacionais.

Para o concurso de 2018, o primeiro da "Iniciativa Ibérica de Investigação e Inovação Biomédica, i4b", a Fundação La Caixa destinou um máximo de 12 milhões de euros, montante que, eventualmente, poderá ser aumentado nos anos seguintes.

Por ano, a instituição espanhola compromete-se a apoiar cerca de 20 projetos de investigação liderados por cientistas de universidades e laboratórios sem fins lucrativos que trabalham em Portugal ou em Espanha.

A "Iniciativa Ibérica de Investigação e Inovação Biomédica, i4b" visa premiar a investigação de excelência e com impacto social nas áreas da biomedicina e saúde, em particular na oncologia, nas neurociências e nas doenças infecciosas e cardiovasculares.

A apresentação dos oito projetos científicos portugueses realiza-se no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, na presença do ministro da Ciência, Manuel Heitor, do curador da Fundação La Caixa, Artur Santos Silva, do presidente da FCT, Paulo Ferrão, e do diretor corporativo de Investigação e Estratégia da La Caixa, Ángel Font.

Conferência internacional
O ressurgimento de novos casos de sida em alguns países do mundo, impulsionado por leis restritivas sobre uso de drogas e...

Durante cinco dias, desde segunda-feira, milhares de especialistas, investigadores, ativistas e portadores do vírus participam na conferência internacional, numa altura em que um relaxamento na prevenção, combinado com cortes no financiamento internacional, faz temer um recrudescimento da epidemia.

Os participantes na 22.ª conferência alertaram que é necessário prosseguir os esforços na luta contra o VIH, apesar dos progressos.

Numa altura em que vivem no mundo 36,9 milhões de pessoas com VIH “na Europa de leste e na Ásia central o número de novas infeções aumentou 30% desde 2010”, disse Linda-Gail Bekker, presidente da “International AIDS Society”.

Tedros Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial de Saúde, também avisou que, “apesar de todo o notável avanço feito o progresso para acabar com a sida ainda é lento”, sendo que os objetivos da ONU para 2020, sobre a sida, não serão alcançados, “porque há muitos lugares do mundo onde as pessoas não têm acesso aos serviços de prevenção e tratamento que precisam”.

Transmitido essencialmente por contacto sexual ou através do sangue, o vírus VIH, que causa a sida, infetou quase 80 milhões de pessoas desde o início dos anos 80 e mais de 35 milhões delas morreram. Em cada ano surgem 1,8 milhões novas infeções.

Segundo a ONU, são necessários anualmente sete mil milhões de dólares (5,98 mil milhões de euros) para que a doença não seja uma ameaça à saúde pública mundial em 2030.

A mensagem de que é precisa atenção à doença é transmitida na conferência pelas organizações internacionais, mas também por ativistas e celebridades, como o vencedor do festival da Eurovisão de 2014, Conchita Wurst, que em abril disse ser seropositivo e estar a fazer um tratamento antirretroviral. Na cerimónia de abertura lembrou que milhões de pessoas não têm acesso a esse tratamento.

“Quanto tempo será necessário para que as pesquisas e as terapias sejam acessíveis a cada ser humano que precise?”, questionou.

Ontem o cantor britânico Elton John fez na conferência uma violenta critica aos governos da Rússia e da Europa de leste, acusando-os de “discriminação significativa” contra gays, lésbicas, bissexuais e transgéneros (LGBT) e de obstaculizar a luta contra a sida.

“Se não houvesse esse sectarismo e esse ódio a doença podia ser erradicada muito mais rapidamente do que possam imaginar”, disse aos jornalistas, lamentando também o acesso limitado que a comunidade LGBT tem a programas de tratamento e ensaios terapêuticos.

Elton John e o príncipe britânico Harry lançaram um novo financiamento internacional de 1,2 mil milhões de dólares (mil milhões de euros) para “quebrar o ciclo” de transmissão do VIH, visando os jovens do sexo masculino, um grupo em que a infeção está a aumentar.

Na conferência foi também apresentado um estudo segundo o qual um novo tratamento previne a infeção da sida numa relação sexual com um parceiro que tenha o vírus. Segundo o estudo não houve infeções entre homens que tiveram relações e que usaram uma pílula combinada de duas drogas. Os resultados foram considerados pelo cientista norte-americano e especialista em sida Anthony Fauci como “realmente impressionantes”.

No entanto na conferência também foi confirmado o perigo que representa uma droga até agora considerada promissora, que estará relacionada com malformação de embriões.

Outro ensaio clínico para extrair o VIH das células humanas e eliminá-lo também produziu resultados dececionantes.

Em 40 anos
Mais de oito milhões de bebés nasceram no mundo através de técnicas de reprodução assistida desde o nascimento de Louise Brown,...

Louise Brown nasceu em 25 de julho de 1978 em Oldham, uma cidade no interior da Inglaterra, através de um método então inovador, a Fertilização In Vitro, desenvolvido pelo ginecologista Patrick Steptoe e pelo embriologista Robert Edwards, este último galardoado com o Nobel da Medicina em 2010.

O seu nascimento foi recebido com grande felicidade pelos pais, Leslie e John Brown, que durante nove anos tentaram, sem sucesso, uma gravidez, e foi notícia em jornais e televisões de todo o mundo. Muitas questões éticas foram levantadas na altura e em torno da técnica utilizada.

Desde então, já nasceram mais de oito milhões de bebés no mundo através das diferentes técnicas de procriação medicamente assistida, segundo um estudo apresentado no início do mês, em Barcelona, no congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, com base em registos de 1991 a 2014.

Os especialistas estimam que mais de meio milhão de bebés nascem todos os anos fruto destas técnicas, de um total de dois milhões de tratamentos contra a infertilidade realizados anualmente.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, Pedro Xavier, falou da importância para a medicina do nascimento do primeiro bebé-proveta e para os casais inférteis, que em Portugal são cerca de 300 mil.

“Olhando para trás considero que esse momento foi tão importante na medicina como o primeiro transplante cardíaco ou um procedimento dessa natureza, porque veio mudar a vida de milhões de pessoas, entre casais e crianças nascidas”, disse Pedro Xavier.

Para o médico, os tratamentos realizados por Patrick Steptoe e por Robert Edwards foram “marcantes e pioneiros” na sua abordagem. “Foram realizados com meios que hoje consideraríamos rudimentares face à evolução que a ciência teve nesta área nestes 40 anos”, mas no essencial os conceitos mantêm-se.

“Hoje os tratamentos são efetuados de forma diferente”, a nível da medicação e dos meios tecnológicos, “mas no essencial os conceitos que foram lançados e a raiz que foi deixada nestes tratamentos demoraram estes 40 anos e o mérito de quem o fez ficará para a história”, salientou.

Este avanço na ciência também foi “uma resposta a muitos céticos” que olhavam para a investigação e para a abordagem destes dois cientistas com alguma desconfiança.

“Foi uma resposta de incrível impacto pelo seu sucesso, mostrando que era possível chegar ao objetivo de ajudar os casais a ter filhos por meio de uma ciência muito diferenciada”, ao mesmo tempo que ajudou a “quebrar alguns tabus” sobre o nascimento destas crianças.

Mas, por outro lado, “aumentou os receios” de setores conservadores, que “passaram a ter um olhar um pouco mais preocupado por estas técnicas que ainda hoje, nalguns setores que eu diria já ultraconservadores, ainda se pode encontrar”, disse Pedro Xavier.

“A visão mais desconfiada de quem acha que as pessoas não se deviam submeter a este tipo de tratamentos habitualmente é uma visão de quem nunca teve a vivência destes problemas de infertilidade”, frisou.

A presidente da Associação Portuguesa de Fertilidade, Cláudia Vieira, também salientou “o avanço significativo” realizado pelos investigadores para “os casais com problemas em conceber naturalmente”, que ultrapassaram assim algumas situações clínicas lhes permitem “concretizar o projeto de família e de serem pais biológicos”.

Louise Brown
Louise Brown é conhecida há 40 anos por ser o primeiro bebé do mundo a nascer através de fertilização in vitro, um método...

A notícia do nascimento de Louise Brown, no dia 25 de julho de 1978, em Oldham, uma cidade do interior de Inglaterra, correu o mundo e gerou grandes debates acerca da nova técnica de reprodução assistida desenvolvida pelos investigadores Patrick Steptoe e Bob Edwards, este último galardoado com o Prémio Nobel da Medicina em 2010.

Ao longo da vida, Louise Brown, que já trabalhou como enfermeira e é atualmente funcionária de um posto de correios, tem contado a sua história em várias organizações e participado em vários eventos.

Em dezembro de 2006, teve o primeiro de dois filhos, concebido por vias naturais. Antes dela, a sua irmã Natalie, que também nasceu através da fertilização in vitro, teve o seu primeiro filho sem recorrer a técnicas de reprodução assistida, colocando um fim às dúvidas sobre se os bebés gerados em laboratório podiam conceber crianças pela via natural.

Numa entrevista à agência Lusa, quando fez 37 anos e lançou um livro sobre a sua vida, Louise Brown reconheceu que não foi fácil crescer debaixo dos holofotes, mas disse acreditar que valeu a pena e aconselhou os casais a nunca desistirem do sonho de serem pais.

Louise contou que, quando tinha quatro anos, os pais mostraram-lhe o filme do seu nascimento: “Eles fizeram-no porque em breve eu ia para a escola e receavam que as outras crianças mencionassem o assunto. E também porque sabiam que a comunicação social iria tentar fotografar-me na escola e queriam contar-me a razão desse interesse por mim”.

Os pais de Louise - Leslie e John Brown – tentaram durante nove anos engravidar, sem sucesso. Coube à equipa de Patrick Steptoe e Bob Edwards proporcionar-lhes um filho através de um método então inovador que tinham desenvolvido na década anterior: a Fertilização In Vitro (FIV), que consiste na junção em laboratório dos óvulos com os espermatozoides, com posterior transferência dos embriões para o útero.

“Os meus pais contaram-me que fui concebida de uma forma diferente das outras pessoas. Não tenho a certeza de ter percebido tudo na altura, mas tomei consciência de que era uma coisa diferente e que eu tinha sido a primeira no mundo”, acrescentou.

Assim que nasceu, Louise foi sujeita a “todos os tipos de exame” para avaliarem se era perfeitamente normal. “E eu era!”, afirmou. “Desde então, as pessoas aceitaram que nascer In Vitro não faz qualquer diferença para um ser humano”, disse.

Louise Brown realçou alguns dos aspetos positivos que resultaram do seu pioneirismo. “Adoro viajar e conhecer pessoas FIV – especialmente pequenos bebés – e é muito frequente as pessoas abordarem-me e agradecerem-me por ter sido a primeira”.

“Francamente, acho que os verdadeiros pioneiros foram os meus pais e a equipa de Patrick Steptoe e Bob Edwards. Eu sou apenas o resultado do seu trabalho pioneiro”, declarou.

Desde o nascimento de Louise, outras oito milhões de crianças vieram ao mundo com a ajuda da ciência, nomeadamente de técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA) como a FIV.

Louise já conheceu algumas destas crianças, sentindo com algumas delas muito em comum. “É fantástico quando ouço algumas das histórias dos seus pais e de como são felizes por terem conseguido um filho”.

Alerta da Campanha Olhe pelas Suas Costas
Com a chegada do verão, as sestas na areia e os passeios de chinelos começam a fazer parte das nossas rotinas. Apesar de...

 

Em Portugal sete em cada dez pessoas sofrem de dores de costas, que muitas vezes se agravam durante o verão, sem razão aparente. A campanha “Olhe pelas suas costas” alerta para este facto e apresenta 10 conselhos essenciais que os portugueses devem seguir nos próximos meses:

 

  1. Não leve para a praia coisas desnecessárias para evitar o peso em excesso – A maioria dos sacos de praia não estão preparados para levar muito peso. Trocar um saco de praia por uma mochila de alça dupla pode fazer a diferença, uma vez que o peso será distribuído de igual forma, garantindo um bom apoio nas costas. A forma como são organizados os objetos também é relevante: coloque primeiro os objetos mais pesados, ocupando a parte central da mochila. Se se tratar de uma mochila com várias bolsas, o peso deve ser dividido. No caso de transportar cadeiras para a praia, as ideais são as que podem ser transportadas com alças. É importante relembrar que o peso da carga não deve ser superior a 10% do peso corporal.
  2. Evite posições que exijam muito esforço da sua coluna – O gesto comum de deitar na toalha de praia na areia é um dos mais prejudiciais para as costas. É importante perceber que a areia não se molda em função da estrutura ergonómica do corpo e as covas e relevos que a areia possui não são bons para o bem-estar da coluna vertebral. Evite ficar mais de 30 minutos na mesma posição na toalha e evite deitar-se de barriga para baixo, pois esta posição força o pescoço a estar num ângulo total para a esquerda ou para a direita, o que acaba por levar à  acumulação de tensão nessa zona e também nas costas. O ideal será ter sempre uma almofada para apoiar a cabeça ou estar deitado numa espreguiçadeira.
  3. Sente-se confortavelmente – Mesmo estando na praia, as pessoas devem sentar-se de forma de confortável, mas correta. Sentar-se com as costas direitas e com uma postura correta é fundamental para eliminar as dores nas costas e no pescoço, uma vez que a circulação sanguínea passa a ser completa e os músculos perdem a tensão acumulada, responsável por incómodo e dor. A postura das costas deve ser reta, de forma a manter a curvatura normal da coluna, e os ombros devem encontrar-se levemente para trás.
  4. Não fique muito tempo na mesma posição – Deve evitar estar muito tempo na mesma posição, nomeadamente passar demasiado tempo em pé. Ficar na mesma posição durante muito tempo pode tornar a coluna vertebral mais rígida, aumentando a tensão muscular e as dores nas costas. Devemos exercitar os vários músculos do corpo, por exemplo, ao trocar o pé de apoio ou esticar os braços para alongar os músculos.
  5. Faça caminhadas, mantenha-se em movimento - Aproveite o bom tempo para caminhar na praia ou no campo e manter-se em movimento. Nas caminhadas evite calçar chinelos e sandálias rasas, pois este tipo de calçado reto não fornece apoio suficiente à coluna. Prefira sapatos com até 2 cm de altura na sola.
  6. Aproveite para fazer desporto – O verão é a altura ideal para praticar mais desporto, em especial, ao ar livre. Assim, pode aproveitar para andar de bicicleta, praticar pilates ou qualquer outra atividade física no mínimo 3 vezes por semana. A prática de atividade física moderada ajuda a prevenir as dores, sendo importante manter ou aumentar a flexibilidade muscular, tanto das costas como do resto do corpo.
  7. Tenha cuidado com os mergulhos, podem ser fatais – Os mergulhos podem ser perigosos e provocar lesões irreversíveis na coluna vertebral, tendo um impacto significativo na qualidade de vida. Tenha atenção à posição adotada durante o mergulho, mas também ao local onde o realiza, devido à profundidade e potencial existência de rochas. Os mergulhos, apesar de desvalorizados, são hoje a terceira causa de lesões na espinal medula (depois dos acidentes viação e das quedas de grandes alturas, como no caso de acidentes de trabalho).
  8. Apanhe sol (moderadamente) e aumente a vitamina D, essencial para a absorção de cálcio – Apanhar sol, moderadamente, é uma componente fundamental para a saúde e funcionamento do nosso corpo. É através dos raios do tipo ultravioleta B, que o nosso organismo obtém a vitamina D, que por sua vez facilita a absorção de cálcio e fortalece os ossos, evitando lesões na coluna.
  9. Cuidado com as quedas e brincadeiras perigosas – À semelhança dos mergulhos, também é preciso ter atenção às brincadeiras que acontecem na praia, em particular no caso das crianças. Os saltos e “andar às cavalitas”, por serem movimentos repentinos e inesperados, podem criar lesões. Tenha especial atenção também às quedas em piso escorregadio junto às piscinas.
  10. Evite viagens longas - Viagens que impliquem deslocações maiores podem ser reflexo de mais bagagem, logo, mais peso. Divida o peso por mais do que uma mala e prefira malas com rodas para poupar as suas costas e ombros. Se tiver de fazer uma viagem longa de carro faça pausas a cada duas  horas e aproveite para caminhar um pouco. Numa viagem de avião se dormir durante a viagem opte por uma almofada de apoio para o pescoço e para aliviar a tensão provocada por estar muito tempo sentado, posicione uma almofada na lombar e levante-se para exercitar as pernas quando possível.

“Durante as férias é importante aproveitar o tempo em família e com amigos, mas não devemos descurar a saúde das nossas costas. Estes 10 conselhos devem ser tidos em consideração para uma melhor qualidade de vida”, reforçou o neurocirurgião Bruno Santiago, novo coordenador da Campanha “Olhe pelas suas costas”.

28 de julho - Dia Mundial das Hepatites
Testes de diagnósticos das hepatites são fáceis e acessíveis e tratamentos permitem curar estas doenças.

É fácil, em Portugal, fazer o teste de diagnóstico das hepatites. “Os testes de rastreio são acessíveis através de qualquer serviço de saúde, nomeadamente  nos centros de saúde”, confirma Arsénio Santos, coordenador do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. E acrescenta que “foram já legisladas e estão em implementação medidas que facilitam o acesso aos testes, podendo as pessoas interessadas recorrer diretamente às farmácias comunitárias e aos laboratórios de análises clínicas, sem necessidade de prévia prescrição médica”. Ainda assim, continuam a existir no País casos por diagnosticar - e por tratar - de Hepatite B e C, assim como subsistem mitos e inverdades que importa deitar por terra, reforça o especialista, por ocasião do Dia Mundial das Hepatites, que se assinala a 28 de julho.

A saliva é uma forma de transmissão das hepatites, assim como os apertos de mão, os beijos ou os espirros? A questão surge frequentemente, transformada já num mito sem fundamento. “Apenas o relacionamento sexual sem proteção (preservativo) é fator de risco significativo para as hepatites virais B e C”, esclarece Arsénio Santos. “O contacto pessoal social e situações como o beijo ou o espirro não são fatores de risco reconhecidos e não devem ser desaconselhados”, acrescenta.

Mas há outras inverdades que o especialista aproveita para corrigir:

- ‘As hepatites são hereditárias, passando de pais para filhos’ - “Não, não são doenças hereditárias”, refere o especialista. “Mas é importante reconhecer quando uma grávida está infetada, para evitar algum risco de transmissão mãe-filho, que existe mas apenas na altura do parto”.

- ‘A hepatite C afeta apenas o fígado’ - “A hepatite C afeta sobretudo o fígado, podendo provocar inflamação, cirrose e, mais raramente, cancro do fígado. Mas podem existir outras manifestações, a que chamamos extra-hepáticas, nomeadamente algumas queixas de tipo reumatismal, mas são situações menos frequentes.”

- ‘A Hepatite C é uma sentença de morte’ - “De modo nenhum! Com os tratamentos atualmente disponíveis, a hepatite C cura-se em praticamente 100% dos casos.”

- ‘As tatuagens, manicure/pedicure e piercings não envolvem risco de transmissão de hepatite.’ - “Em todos estes casos, em que pode haver contacto com sangue através de objetos cortantes ou perfurantes, pode haver algum risco de transmissão destas infeções, mas apenas se houver má prática! Esse risco apenas existe se forem usados instrumentos não devidamente esterilizados ou que sejam partilhados por duas ou mais pessoas.”

O coordenador do NEDF refere-se também à hepatite A, chamando a atenção para o risco, partilhado “por qualquer pessoa que não tenha tido previamente a doença e que não tenha sido vacinada”. No caso das crianças, assegura “que a hepatite A é geralmente pouco grave e que, existindo no nosso país relativamente boas condições higieno-sanitárias, o risco de a contrair é cada vez menor”. No entanto, são estas mesmas condições sanitárias que acabam por configurar um risco.

“Até há algumas décadas, a maioria de nós contraía a hepatite A durante os primeiros anos, altura em que a doença é quase sempre pouco grave, após o que ficávamos imunizados para o resto da vida. Com a melhoria geral das condições económicas e sanitárias da generalidade da população, hoje a maioria das pessoas atinge a idade adulta sem ter tido contacto com o

vírus e por isso suscetível à infeção. Ora, a hepatite A é uma infeção geralmente benigna na infância mas quando contraída na idade adulta tende a ser mais grave, podendo nalguns casos pôr a vida em risco.” Aqui, a prevenção passa “pelo reforço de cuidados de higiene, já que a via de transmissão da doença é fecal-oral e, em situações em que as pessoas possam estar em maior risco, devem ser vacinadas”.

Arsénio Santos salienta ainda este Dia Mundial das Hepatites para deixar uma mensagem: “Todas as formas de hepatite são, atualmente, curáveis. A hepatite C tem cura com tratamentos que duram, na maioria das vezes, oito a 12 semanas. A hepatite B, embora exigindo muitas vezes tratamentos crónicos, é perfeitamente controlada com os mesmos, que impedem a lesão significativa do fígado.”

Estudo
Jornalista fez um estudo e concluiu que, há várias décadas, existe uma "epidemia escondida" na carne de frango.

De acordo com um estudo norte-americano, há uma “epidemia escondida” na carne de frango há várias décadas. Ao que tudo indica, este tipo de carne tem sido contagiada por suplementos antibióticos que perdem efeito na proteção de bactérias que infetam o organismo.

O estudo, segundo o Sol, revela que a utilização de antibióticos em demasia na produção de carnes que se destinam ao consumo humano retira as propriedades para combater, de forma eficaz, as bactérias que se tornam “resistentes”.

Quem lançou o alerta foi a jornalista norte-americana Maryn McKenna no seu livro intitulado “Plucked! The Truth About Chicken”, que foi publicado há cerca de um ano, sendo que o livro resulta de uma investigação sobre a utilização de antibióticos na indústria agro-alimentar. O estudo diz respeito ao frango que é produzido nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas ainda assim o alerta serve para todo o mundo.

No livro, a autora explica que as bactérias se tornam resistentes ao tratamento antibiótico e continuam a multiplicar-se dentro do organismo do ser humano que consome este tipo de carne.

Em algumas partes do livro, publicadas no jornal britânico The Guardian, pode ler-se que em 2017, “quase todos os animais, em muitas partes do globo, são criados com recurso a doses diárias de antibióticos, num total de 63.151 toneladas de antibióticos por ano”.

Portanto, em consequência disso, o preço dos frangos diminuiu drasticamente, tornando-se no tipo de carne mais consumido nos Estados Unidos.

Segundo vários dados investigados pela jornalista, a resistência a antibióticos é responsável por cerca de 700.000 mortes todos os anos em todo o mundo, uma vez que cerca de 25.000 europeus, 23.000 norte-americanos e cerca de 63.000 bebés na Índia morrem, todos os anos, devido a esta mesma “epidemia escondida”.

Além disso, a autora do livro refere ainda na sua publicação que a resistência a antibióticos causa inúmeras doenças, que até 2050 poderão custar à economia mundial cerca de 100 biliões de dólares.

Estudo
Cientistas portugueses identificaram, numa experiência com a mosca-da-fruta, uma proteína que promove a compatibilidade entre...

O estudo, hoje divulgado, foi realizado por uma equipa do Centro de Investigação em Biomedicina da Universidade do Algarve e do Instituto Gulbenkian de Ciência liderada por Rui Gonçalo Martinho e Paulo Navarro-Costa.

A proteína em causa, a dMLL3/4, "permite que o óvulo [célula reprodutora feminina] fertilizado seja capaz de assegurar não só a correta divisão dos cromossomas maternos como também a descompactação da informação genética paterna", refere um comunicado conjunto das duas instituições.

Paulo Navarro-Costa, investigador da Universidade do Algarve e do Instituto Gulbenkian de Ciência, assinala, citado no comunicado, que os resultados obtidos "podem abrir caminho a novas abordagens no diagnóstico da infertilidade de causa feminina, assim como para o aperfeiçoamento dos meios de cultura embrionária atualmente utilizados em reprodução medicamente assistida".

O cientista explica que a proteína dMLL3/4 "tem a capacidade de instruir o óvulo a desempenhar diferentes funções (...) promovendo a expressão de um conjunto de genes que serão, mais tarde, essenciais para eliminar as diferenças entre os cromossomas herdados da mãe e do pai".

Já se sabia que mãe e pai transmitem de forma distinta a sua informação genética aos filhos. "Enquanto os cromossomas maternos contidos no óvulo estão bloqueados em pleno processo de divisão, os cromossomas paternos transportados pelo espermatozoide [célula reprodutora masculina] não só já completaram a sua divisão como também foram compactados para caberem no pequeno volume desta célula", esclarece o comunicado.

Contudo, a forma como o óvulo fertilizado pelo espermatozoide "é capaz de promover a igualdade entre os cromossomas [sequências de material genético] oriundos dos dois progenitores", e que é "essencial para o desenvolvimento do novo ser vivo", intrigava os cientistas.

Os resultados da investigação, que usou a mosca-da-fruta como modelo, foram publicados na revista científica EMBO Reports.

 

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Os distritos de Évora e Beja e a ilha do Porto Santo apresentam hoje risco extremo de exposição à radiação ultravioleta,...

Por causa do risco extremo previsto para Évora, Beja e Porto Santo, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) recomenda que se evite o mais possível a exposição ao sol.

O IPMA colocou também em risco muito elevado de exposição aos ultravioleta (UV) os distritos do Porto, Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Santarém, Portalegre, Lisboa, Setúbal e Faro, a ilha da Madeira e Flores, Faial, Terceira e São Miguel, nos Açores.

Em risco elevado estão os distritos de Viana do Castelo, Braga, Aveiro, Coimbra e Leiria.

Para as regiões com risco muito elevado e elevado, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o risco de exposição à radiação UV é baixo, 3 a 5 (moderado), 6 a 7 (elevado), 8 a 10 (muito elevado) e superior a 11 (extremo).

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se geralmente muito nublado no litoral oeste e no interior do Alentejo até final da manhã, nebulosidade que pode persistir no litoral Norte e Centro ao longo do dia.

Está também prevista a possibilidade de ocorrência de períodos de chuva fraca ou chuvisco no litoral Norte e Centro até ao fim da manhã e vento em geral fraco do quadrante oeste, soprando moderado no litoral oeste e nas terras altas durante a tarde.

A previsão aponta ainda para neblina ou nevoeiro matinal em alguns locais e pequena descida da temperatura máxima nas regiões do interior.

As temperaturas mínimas no continente vão oscilar entre os 12 graus celsius (na Guarda) e os 19 (em Aveiro) e as máximas entre os 23 (no Porto e em Viana do Castelo) e os 30 (em Évora, Beja, Castelo Branco e Bragança).

Para a Madeira prevê-se períodos de céu muito nublado, possibilidade de ocorrência de aguaceiros fracos nas vertentes norte e terras altas e vento em geral fraco do quadrante norte.

No Funchal as temperaturas vão variar entre os 20 e os 25 graus Celsius.

O IPMA prevê para as ilhas das Flores e Corvo (grupo ocidental dos Açores) céu muito nublado com boas abertas e vento oeste bonançoso, tornando-se moderado.

Para as ilhas Graciosa, S. Jorge, Terceira, Faial e Pico (grupo central) a previsão aponta para períodos de céu muito nublado com boas abertas, aguaceiros fracos na madrugada e início da manhã e vento norte fraco a bonançoso, rodando para oeste.

Para as ilhas de S. Miguel e Santa Maria (grupo oriental) prevê-se céu muito nublado com boas abertas, aguaceiros fracos e vento fraco.

Em Santa Cruz das Flores as temperaturas vão oscilar entre os 20 e os 27 graus, na Horta entre os 19 e os 26 e em Angra do Heroísmo e Ponta Delgada entre os 19 e os 25.

“A reanimação cardíaca é um direito de todos nós”
Tornar obrigatória formação sobre paragem cardiorrespiratória nas escolas e junto de algumas profissões são propostas de uma...

A petição “A reanimação cardíaca é um direito de todos nós”, conseguiu recolher mais de 7.000 assinaturas, numa iniciativa do “Movimento Salvar Mais Vidas”, um movimento cívico fundado pelo fisioterapeuta Gabriel Boavida e que tem o apoio de médicos, mas também de figuras públicas nacionais.

Em declarações à Agência Lusa, o responsável salientou que “as paragens cardiorrespiratórias são a principal causa de morte em Portugal fora do meio hospitalar”, mais de 10 mil pessoas por ano, mais de uma morte por hora, “mais do que as mortes que acontecem nas situações de sinistralidade rodoviária”.

E muitas dessas mortes, disse Gabriel Boavida, podiam ser evitadas.

“Em Portugal a taxa de sobrevivência (a uma paragem cardiorrespiratória) fora do meio hospitalar é das mais baixas da Europa. Estamos a falar de 03% que chegam com vida ao hospital”, frisou, acrescentando que sobrevivem (saem do hospital) “menos de 02%”. Noutros países a Europa a taxa de sobrevivência oscila entre os 20% e os 30%.

Tal diferença não tem a ver, fez questão de reafirmar o responsável, com “maus cuidados por parte das equipas de emergência nem dos hospitais”, apenas com “a sociedade civil não estar preparada”.

“A sociedade civil é o primeiro elo da cadeia de socorro, é preciso que esteja preparada para identificar o que é uma paragem cardiorrespiratória, saber comunicar isso ao 112 e iniciar o suporte de vida e se for caso disso fazer a desfibrilhação”, disse.

É que, alertou, ao fim de cinco minutos de uma paragem cardiorrespiratória, se nada for feito, a hipótese de sobrevivência “vai diminuindo 20% a cada minuto que passa, o que significa que ao fim de 10 minutos já não é compatível com a vida”. E 10 minutos é o tempo que demoram as equipas de emergência médica.

Por isso, e porque o “Movimento Salvar Mais Vidas” tem a missão de alertar e mobilizar a sociedade civil e “participar na solução”, é apresentada hoje a petição no Parlamento, que quer que “o suporte básico de vida seja realidade nas escolas” e que exista uma lei que “faça com que esse ensino seja obrigatório a todos os alunos do 12.º ano”.

E depois, ainda nas palavras de Gabriel Boavida, é preciso que algumas profissões tenham essa formação obrigatória, a começar por profissionais de saúde, que muitos não a têm, mas também todos os bombeiros, os polícias e guardas, seguranças de empresas privadas, nadadores salvadores, treinadores e professores.

A petição propõe ainda que sejam feitas campanhas de sensibilização e de alerta para “o problema de saúde pública” e a disseminação de desfibrilhadores em locais com grande número de pessoas e locais como recintos desportivos e ginásios.

Se as pessoas compreenderem que estão perante uma paragem cardiorrespiratória, se o souberem comunicar ao 112 (número de emergência) e se souberem iniciar as manobras de compressão cardíaca podem salvar-se muitas vidas, disse o responsável, citando um exemplo muito recente de uma escola em Sintra onde uma professora que tinha tido essa formação salvou uma aluna.

“Se passássemos de uma taxa de 03% para 30% estamos a falar de 2.700 vidas salvas”, disse Gabriel Boavida. É que “se não fizermos nada a alguém com paragem cardiorrespiratória estamos a condená-lo à morte”. E “há muitas vidas que estão por salvar”.

Alguns conselhos
Embora a maioria das pessoas use óculos escuros para melhorar o conforto visual na presença de luz s

Segundo o especialista em oftalmologia, Eugénio Leite, “o principal objetivo para o uso de óculos escuros deve ser a sua capacidade de proteger a criança das radiações agressivas para o aparelho visual, devendo filtrar 100 por cento das radiações ultravioletas (UV-A, UV-B e UV-C) e, se possível, filtrar a componente azul da luz visível”.

As crianças devem usar óculos de sol a partir do momento em que consigam o seu manuseamento de forma autónoma. “A proteção, relativamente à radiação solar tem importância, apenas a partir da idade em que a criança adopta um estilo de vida que lhe traz maior exposição, ou seja, quando começa a ter atividades ao ar livre”, acrescenta.

A escolha dos óculos de sol deve obedecer, no entanto, a vários critérios. Sendo que os pais devem certificar-se que os óculos de sol dos seus filhos oferecem a máxima proteção.

“Para quem não sabe, a categoria de lentes não está relacionada com a filtração dos UV. É, naturalmente, ideal escolher óculos de sol que filtrem todos os raios UV, de preferência todas as que são 100 por cento anti UV, independentemente da categoria da lente. Em seguida poderá optar entre as diferentes categorias em função da finalidade a que os óculos de sol se destinam”, explica Eugénio Leite.

“Ao escolher óculos de sol deve optar por uns com uma boa cobertura do rosto para melhor proteger os olhos frágeis da criança”, aconselha. E, idealmente, os óculos de sol devem ter lentes altas “e uma forma arqueada com boa cobertura das zonas laterais da cara”.

De acordo com o especialista, os óculos de sol de uma criança, e até mesmo de um adulto, não devem deixar marcas na cara ou nas orelhas ou causar incómodo. “O ideal é serem confortáveis com a categoria de lente correta (conforto de visão) e com uma boa armação”, refere.

Por outro lado, “as crianças podem levar os óculos de sol ao limite, razão pela qual deverá escolher um modelo resistente em que não haja riscos para a criança se se quebrarem”.

Outro critério importante a ter em conta é qualidade óptica das lentes e que irá depender de dois fatores: a cor e o tipo de lente.

“As lentes devem possuir boa qualidade óptica, que pode ser verificada observando o aspeto global das lentes como simetria, matéria e cor. Para as crianças recomenda-se o uso de lentes ditas inquebráveis”, afirma. Quanto à cor, o especialista aconselha que se escolham lentes com tons cinza ou castanhas.

Eugénio Leite recomenda ainda que esclareça sempre as suas dúvidas com um profissional óptico, considerando que é mais perigoso usar óculos sem proteção adequada do que não usar nenhuns.

“Qualquer oftalmologista é objetivo e claro a respeito de óculos sem proteção adequada: não deve usá-los! A utilização de lentes que não oferecem proteção adequada é considerada mais perigosa do que simplesmente não usar óculos de sol. Isso por que possuímos naturalmente mecanismos de defesa que são inibidos com baixa luminosidade. Quando estamos no escuro a nossa pupila dilata-se e facilita a entrada da luz solar. O mesmo acontece quando usamos óculos de sol com lentes escuras: a pupila dilata-se, entra mais luz solar com as respectivas radiações, e se os óculos não possuírem proteção adequada danificam mais a nossa visão do que se estivéssemos sem óculos, pois inibem os mecanismos de defesa naturais”, justifica o diretor clínico das Clínicas Leite, em Coimbra.

A proteção ocular com lentes de proteção solar é, deste modo, recomendada sobretudo em dias de maior índice UV, “durante os períodos do dia em que a radiação é mais intensa – das 10h às 15h – e nos locais de maior exposição, a grandes altitudes (montanha) ou superfícies muito refletoras (neve e grandes superfícies de água) ”.

Chapéus, bonés ou sombrinhas são excelentes complementos para proteção à exposição solar. “Protegermo-nos quando nos expomos ao ar livre deve ser um hábito diário, incluindo neste pack o uso de protetores solares”, recomenda Eugénio Leite.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
DGS alerta
A Direção-Geral da Saúde alertou ontem que a ocorrência de surtos de sarampo em vários países da Europa, América, África e Ásia...

Em comunicado, assinado por Diogo Cruz, subdiretor-geral da Saúde, o organismo refere também que devido ao período de férias, existe uma maior circulação de viajantes, salientando a importância da vacinação antes de deslocações para países ou regiões onde ocorrem surtos de sarampo.

“Recomenda-se que, preferencialmente quatro a seis semanas antes da viagem, verifique o seu Boletim Individual de Saúde (Boletim de Vacinas) e, se necessário, vacine-se e vacine os seus familiares”, refere o documento.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) salienta que o Programa Nacional de Vacinação (PNV) recomenda duas doses de vacina contra o sarampo, papeira e rubéola (VASPR), aos 12 meses e aos cinco anos.

Para os viajantes que se vão deslocar para países ou regiões onde ocorrem surtos de sarampo, e que não tenham história credível da doença, o PNV recomenda que entre os seis e até aos 12 meses devem ser vacinados com uma dose de VASPR, mediante prescrição médica. A dose administrada entre os seis e os 11 meses, é chamada de 'dose zero', devendo ser posteriormente cumprido o esquema recomendado no PNV”, explica.

Já entre os 12 meses e os 18 anos, devem ser vacinados de acordo com o recomendado no PNV (12 meses e cinco anos), antecipando a 2.ª dose de VASPR (se aplicável), desde que respeitado o intervalo mínimo entre doses, que é de quatro semanas.

“Os maiores de 18 anos devem ser vacinados com uma dose de VASPR, se não tiverem registo de vacinação contra o sarampo, nem história credível da doença, independentemente da idade”, frisa o documento.

A DGS refere que o sarampo é uma das doenças infecciosas “mais contagiosas, podendo provocar doença grave em pessoas não vacinadas”.

Ontem, as autoridades espanholas tinham também alertado para a necessidade de vacinar crianças menores de um ano contra o sarampo em caso de viagem para países da União Europeia como a França, Alemanha, Reino Unido, Grécia ou Roménia, devido ao surto que afeta estes países.

 

Estudo
Um estudo do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), envolvendo 746 jovens do Norte dos 14 aos 24...

Os resultados deste estudo mostram igualmente que 17% dos jovens já usaram drogas pelo menos uma vez e que um em cada dez as consome regularmente, hábito que iniciaram, em média, aos 16 anos, informou hoje o centro de investigação.

Dirigido pelo investigador Paulo Santos e publicado agora na revista científica Journal of International Medical Research, o trabalho revela que aproximadamente 15% dos jovens bebem álcool mais de uma vez por semana, 58% já fumaram, 17% são fumadores regulares e mais de 10% admitem consumir substâncias ilícitas semanalmente.

O também médico de família frisou que existe, em Portugal, um "consumo de álcool muito superior ao que registado em tudo quanto está publicado", inclusive em termos internacionais.

Dentro dessas drogas ilícitas, os canabinóides ocupam o primeiro lugar, seguindo-se as drogas adquiridas nas "smartshops", que foram entretanto consideradas ilegais.

"Encontrámos uma elevada prevalência de consumo de substâncias aditivas, em particular de álcool, entre os jovens e adolescentes, existindo claramente uma atitude cultural que influencia esse consumo e que deve ser abordada", explicou o investigador e médico de família, referido na nota informativa.

Outra das conclusões indica que os jovens tinham em média 14 anos apenas quando beberam álcool e fumaram pela primeira vez, tendo a iniciação nas drogas acontecido aos 16 anos.

De acordo com o investigador, neste trabalho, o consumo de drogas aparece associado ao consumo prévio de álcool e de tabaco, "reforçando a ideia de que o consumo de substâncias legais pode levar ao consumo de substâncias ilegais".

"Tudo indica que existe uma progressão no uso de drogas, isto é, uma escada de adição em que o uso de uma droga se associa um maior risco de consumir outras drogas ao longo da vida", salientou.

É através do álcool, continuou Paulo Santos, "que se dá a entrada nas drogas, é por aí que se faz a escalada, porque é a substância que aparece mais precocemente na vida dos jovens, dos consumidores".

Segundo o CINTESIS, apesar de o consumo de álcool e de tabaco serem semelhantes entre os jovens que frequentam e os que não frequentam a escola, verificou-se que o uso de substâncias ilícitas é menos comum entre os que continuam a estudar e que ao desemprego associa-se com um maior consumo de drogas entre os mais novos.

A equipa de investigação observou também, através da perceção dos jovens sobre a sua própria saúde, que os sintomas psicológicos são mais frequentes entre os fumadores e os que consomem drogas.

Estes sintomas, que afetam 55% dos jovens, sobretudo do sexo feminino, incluem tristeza, problemas de sono, ansiedade, raiva e medo pelo menos uma vez por semana, faltando saber se os mesmos "são causa ou consequência do consumo".

O trabalho assinala ainda que as principais fontes de informação dos jovens sobre consumo de substâncias são os membros da família e os amigos, não aparecendo os médicos de família como uma escolha.

Embora sejam recomendadas consultas aos 10-13 anos, aos 15 anos e aos 18 anos, os resultados demonstra que "os jovens não olham para os profissionais de saúde como parceiros", o que se pode explicar, por exemplo, pela dificuldade em entender este tipo de consumo como um problema de saúde ou até como um comportamento de risco, notou Paulo Santos.

Como medidas para contornar os números apresentados, o investigador aponta a promoção da literacia, de forma a transmitir conhecimento e aptidões aos cidadãos, "capacitando-os para que percebam o que é bom e o que é mau".

Além disso, acredita que se deve apostar no "efeito educativo e persuasor" que a regulação pode ter, nomeadamente no que se refere à taxação fiscal, "que resultou muito bem com o tabaco", acrescentou.

Este estudo foi apoiado pela Câmara Municipal de Paredes, tendo contado com a colaboração dos investigadores Carlos Franclim Silva, do CINTESIS, e Paula Rocha, da Universidade de Aveiro.

 

 

Centro Materno Infantil do Norte
O Centro Materno Infantil do Norte realizou hoje, pela primeira vez em Portugal, uma cirurgia transvaginal de remoção de...

Através de um sistema ótico, com recurso a uma câmara endoscópica, a nova técnica, realizada na cidade do Porto, consiste "na visualização do interior do útero" por via transvaginal e permite uma maior precisão na identificação e remoção de lesões intrauterinas, explicou aquele especialista.

A visualização, designada de histeroscopia, permite identificar patologias e lesões como pólipos, miomas, aderências ou cicatrizes dentro do útero, e - simultaneamente - tratar ou removê-las.

Hélder Ferreira, coordenador da unidade de cirurgia minimamente invasiva do Centro Materno Infantil Norte, afirmou que o novo equipamento faz com que o procedimento seja "mais reprodutível, ao torná-lo também mais rápido e seguro", comparativamente a outras técnicas que têm sido utilizadas, como a raspagem uterina, a remoção do útero ou a histeroscopia com corrente elétrica.

"Se conseguimos encurtar esse tempo, automaticamente conseguimos reduzir a dor e podemos fazer mais procedimentos, desta forma, sem anestesia", frisou.

Segundo o ginecologista, o procedimento é também "mais fácil de realizar", pois não recorre à anestesia, nem à energia elétrica, que na maioria das vezes "provocam dor e lesões às doentes".

Uma das vantagens desta técnica é também "o regresso precoce a casa das doentes", o que, aliado à redução do tempo que passam no hospital, evita o "elevado risco de infeções".

Helena Leite, de 69 anos e natural do Porto, foi uma das sete pacientes que hoje foram submetidas a esta técnica.

A doente saiu pelo próprio pé do bloco operatório, depois de uma intervenção que durou cerca de cinco minutos, e admitiu que o tempo de espera a deixou nervosa. Mas que "não custou muito", acrescentou.

"Quando estava no bloco pensei que ia correr mal, porque fiquei assustada, uma vez que todas as intervenções que fiz foram com anestesia. Esta não foi, por isso, estava mais receosa. A princípio doeu um bocadinho, mas depois aguentei perfeitamente", referiu.

Quando teve conhecimento de que a técnica era pioneira em Portugal, Helena ficou amedrontada, mas "as explicações do médico" e a "equipa maravilhosa" que a acompanhou no bloco operatório deixaram a paciente mais confiante.

Segundo o ginecologista obstetra Hélder Ferreira, outra das vantagens da nova técnica é o "aumento da segurança do procedimento" e a facilidade para "a curva da aprendizagem".

No bloco operatório estavam presentes cerca de seis médicos e estudantes oriundos da Eslováquia, Polónia e Inglaterra.

"A evidência científica neste momento, em estudos comparativos, é clara relativamente às vantagens desta técnica. Vantagens para as doentes, para a instituição e para o próprio sistema de cuidados de saúde", acrescentou Hélder Ferreira.

Entrevista
Dormir mal ou em quantidade insuficiente é hoje considerado um problema de saúde pública.

Estima-se que cerca de um terço da população apresente queixas de insónia. De que forma esta condição pode afetar a qualidade de vida da pessoa?

A insónia é, efetivamente, a queixa clínica mais prevalente no contexto dos problemas sono. Pode manifestar-se como sintoma de várias perturbações do sono, ocorre em muitas doenças mentais, pode surgir em diversas condições médicas e pode também ser provocada pelo uso de substâncias e fármacos. Quando se torna frequente e persiste ao logo do tempo, a insónia pode tornar-se uma perturbação do sono independente e alterar profundamente a qualidade de vida da pessoa. Tem, habitualmente, um marcado impacto negativo, tanto ao nível da saúde física e mental, como ao nível ocupacional, social e familiar, implicando por isso custos substanciais para a sociedade, quer custos diretos com cuidados de saúde e tratamentos, quer custos indiretos associados ao absentismo e reformas antecipadas. É um dos principais problemas de saúde pública.

O que é a insónia crónica e qual a sua prevalência?

A insónia crónica é uma perturbação do sono caracterizada por uma insatisfação com a qualidade e/ou quantidade do sono, apesar de existirem oportunidades e circunstâncias adequadas para dormir, que ocorre pelo menos 3 noites por semana, durante pelo menos 3 meses, resultando numa significativa preocupação e stress e, ainda, em consequências diurnas no funcionamento da pessoa.

A prevalência da insónia é variável conforme o país e depende dos critérios de investigação utilizados nos diferentes estudos científicos. De uma forma geral, estima-se que cerca de um terço dos adultos têm queixas de insónia e que 10% apresenta insónia crónica. Nos cuidados primários de saúde, mais de 50% dos utentes refere queixas de insónia quando questionados concretamente sobre esse problema, contudo apenas cerca de 5 % recorre a uma consulta com o objetivo específico de fazer um tratamento para problemas de Insónia.

Como se manifesta e quais as principais complicações associadas à insónia crónica?

A insónia pode manifestar-se através de dificuldades em adormecer (insónia inicial), dificuldades em manter o sono, ou seja, acordar durante a noite sem conseguir readormecer (insónia intermédia), acordar precocemente antes da hora habitual (insónia terminal) ou através de um sono superficial e não reparador.

As complicações da insónia crónica são múltiplas e caso haja uma diminuição objetiva e prolongada do sono, as consequências podem ser extremamente graves. As principais complicações são o prejuízo cognitivo (problemas de memória, atenção, concentração, raciocínio e tomada de decisão), alterações emocionais (irritabilidade, ansiedade, flutuações do humor, diminuição da tolerância à frustração), fadiga, dores musculares e problemas gastrointestinais. Entre as consequências mais graves, destacam-se, no plano da saúde física, o risco aumentado de doenças cardiovasculares, HTA, diabetes tipo 2 e obesidade e, ao nível mental, a depressão, a ansiedade, o risco aumentado de suicídio e a demência. Sabe-se, atualmente, que a insónia com sono de curta duração está também associada ao aumento do risco de mortalidade.

Quais as causas desta doença?

A insónia não tem uma única causa; tem uma etiologia multifactorial. Existem vários modelos explicativos desta perturbação do sono. O modelo dos 3 P’s propõe uma compreensão integradora de vários factores, ou seja, existem factores predisponentes para a insónia, como influências genéticas e traços de personalidade (neuroticismo, perfeccionsimo), factores precipitantes que são tipicamente acontecimentos de stress (laboral, familiar) e factores perpetuadores ou de manutenção, como, por exemplo, passar muito tempo na cama ou pensar que não vai conseguir adormecer. Podemos, deste modo, afirmar que existem pessoas com vulnerabilidade para desenvolver uma insónia, que num determinado momento sob stress, passam a desenvolver um estado de hiperarousal (activação) constante que perturba o sono e que as consequências da forma de lidar com a insónia, conduzem à sua manutenção.

Existem fatores de risco? O que pode potenciar o desenvolvimento das insónias?

Para além de traços de personalidade, existem outros factores de risco para a insónia, como pertencer ao sexo feminino, ter uma idade mais avançada, ter um padrão familiar de insónia, ter antecedentes de depressão e manter um ritmo do sono-vigilia com horários irregulares e hábitos incompatíveis com o sono. Ter uma preferência por horários mais tardios, ou seja, ser vespertino poderá constituir, também, um factor de risco para a insónia.

O desenvolvimento da insónia, ou melhor, a sua persistência ao longo do tempo, está relacionado com a manutenção do hiperarousal cognitivo e fisiológico e sobretudo com a presença de pensamentos disfuncionais e ruminativos sobre o próprio sono e sobre a insónia, comportamentos maladaptativos, como levantar-se mais tarde para compensar a falta de sono, usar o tablet na cama enquanto está acordado e com as própria consequências da insónia, como a fadiga, a ansiedade e as alterações do humor. O uso regular e prolongado de fármacos hipnóticos benzodiazepínicos poderá também potenciar o curso da insónia.

A insónia aguda deve ser diagnosticada e tratada atempadamente, por forma a evitar a sua cronificação.


Joana Serra é responsável pela Consulta de Psiquiatria do Sono, no Centro de Medicina do Sono, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

Como é feito o diagnóstico da insónia crónica?

O diagnóstico da insónia é essencialmente clinico, sendo a entrevista clinica com uma detalhada história de sono, o pilar da avaliação. Habitualmente, não é necessário recorrer a exames específicos complementares de diagnóstico, contudo quando ocorrem outras perturbações primárias do sono, como as perturbações do ritmo circadiano (por exemplo, trabalho por turnos) deverá ser feita uma actigrafia com a duração de 2 semanas associada a um diário de sono. Caso se suspeite de outra perturbação do sono que cause sintomas de insónia (por exemplo, uma síndrome de apneia obstrutiva do sono ou uma perturbação dos movimentos periódicos dos membros), deverá realizar-se, em laboratório, uma polissonografia.

Nos casos em que a Perturbação de Insónia Crónica possa estar associada a um sono de curta duração e devido ao risco de morbilidade e mortalidade que tem, a polissonografia deverá ser, igualmente, recomendada.

Como se justifica que esta doença continue a ser subdiagnosticada, apesar de afetar milhões de pessoas em todo o mundo?  

Em primeiro lugar, porque todos problemas do sono foram, durante muitos anos, subvalorizados, quer pelos doentes e profissionais de saúde, quer pela sociedade, em geral. A insónia, pela sua evolução, habitualmente crónica, de anos, gera em muitos doentes uma atitude de conformismo com a condição, reforçada pelo desconhecimento da gravidade efectiva das suas consequências. Por outro lado, não é raro, os doentes sentirem que a sua queixa de insónia não é levada a sério, tal como perceberem que existe, ainda, uma dificuldade significativa em encontrar profissionais com competência para os ajudar. A facilidade no acesso a medicamentos para ajudar a dormir mantém, igualmente, o problema da insónia, dado que não é realizada uma cuidadosa avaliação diagnostica.

Qual o seu tratamento?

O tratamento da Perturbação de Insónia deve ser ajustado ao tipo de queixas de insónia, à duração, à gravidade e à presença ou não de comorbilidades.  

No caso de uma insónia aguda, poderão ser utilizados fármacos hipnóticos ou terapia cognitivo comportamental. A eficácia é idêntica, contudo, a gravidade da insónia poderá justificar um tratamento farmacológico de curta duração. Na insónia crónica, a terapia cognitivo comportamental deve ser a primeira linha de tratamento, atendendo ao seu grau de eficácia na modificação dos vários factores de manutenção da perturbação e porque os resultados positivos se mantêm ao longo do tempo.

Relativamente à terapia farmacológica, sabe-se, por exemplo, que só nos Estados Unidos cerca de 10 milhões de pessoas usam benzodiazepinas no tratamento da insónia. Quais os principais riscos da sua utilização?

Os fármacos benzodiazepinicos apenas estão indicados no tratamento da Perturbação de Insónia ou de sintomas de insónia quando assumem carácter grave e incapacitante, não devendo ser utilizados por rotina no tratamento da insónia ligeira a moderada. Devem ser prescritos por um período máximo de 4 semanas, incluindo o tempo de descontinuação, devido ao potencial risco de desenvolverem tolerância e dependência.

As reações adversas destes psicofármacos incluem sedação diurna, défice cognitivo, amnesia anterógrada, défice de atenção, atraso no tempo de reação, alterações no equilíbrio, estando associados nos idosos a um aumento do risco de quedas. Por todos estes problemas, a prescrição das benzodiazepinas para tratar a insónia, deve ser particularmente cuidadosa, transitória e vigiada pelo médico.

De que modo a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar quem sofre de insónia? Em que consiste este tratamento? Qual a sua importância?

A terapia cognitivo comportamental da insónia permite modificar os factores que mantêm a insónia e é por essa razão que se torna um tratamento eficaz. Ajudar uma pessoa que sofre de insónia, significa uma aprendizagem de novos comportamentos facilitadores do sono, reforçando os processos circadianos e homeostáticos que regulam o ritmo sono-vigília, modificar as atribuições disfuncionais sobre a insónia, promover estados de relaxamento antes de ir para a cama e evitar o esforço para dormir, reduzindo assim o estado de hiperarousal e reforçar a associação do sono ao ambiente de dormir. Esta intervenção desenvolve-se através da aplicação de técnicas específicas, ao longo de várias sessões psicoterapêuticas, sendo as mudanças consistentes e duráveis no padrão do sono do doente. Requer a sua participação activa na terapia e a auto-avaliação deste tipo de tratamento, por parte do doente, é geralmente muito positiva e percebida como mais benéfica comparativamente com o tratamento farmacológico.

É possível prevenir o aparecimento desta doença?

A criação de hábitos de sono regulares e uma boa higiene do sono, que consiste, por exemplo, no evitamento de substâncias e atividades estimulantes próximo da hora de deitar, realizar exercício físico com regularidade, são algumas das práticas desejáveis desde a infância. Sabe-se que uma criança com insónia tem grande probabilidade de se tornar num adulto com insónia. Cuidar do sono é uma tarefa que deve começar cedo e fazer parte de toda a família.

A educação para a saúde nas escolas deveria contemplar aspectos sobre o sono, pois trata-se de uma medida importante na prevenção desta perturbação do sono. Por outro lado, nos cuidados primários de saúde, poderão ser desenvolvidas acções de psicoeducação sobre o sono, pelos profissionais de saúde e evitar-se a medicalização a todo o custo da insónia aguda.  


A psicóloga Vanda Clemente integra a equipa do Centro de Medicina do Sono, CHUC, desde 2004 e tem publicado diversos artigos na área do sono e da insónia

Tendo em conta de que se trata de uma doença ainda pouco valorizada, quais as principais recomendações?

Em primeiro lugar, uma queixa de insónia deve ser sempre investigada em qualquer avaliação clinica de um doente. Os médicos de Medicina Geral e Familiar devem receber formação em Medicina do Sono, na medida em que uma intervenção atempada evita o desenvolvimento de uma Perturbação de Insónia Crónica. Quando a insónia é resistente ao tratamento inicial, deverá ser feito o encaminhamento para centros especializados com profissionais credenciados em Medicina do Sono.

Para concluir, o que pode melhorar em termos de diagnóstico e tratamento?

É necessário incluir na formação académica e profissional dos profissionais de saúde, nomeadamente, médicos de medicina geral e familiar, pediatras, psiquiatras e psicólogos clínicos, conhecimentos sobre como diagnosticar e tratar a insónia. Por outro lado, a formação de mais clínicos especializados na área das Perturbações do Sono e a constituição de mais Centros Multidisciplinares de Medicina do Sono poderá ser uma resposta relevante para colmatar essa lacuna, no domínio na Insónia.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
“Vidas congeladas”
A Associação Portuguesa de Fertilidade lançou hoje a campanha “Vidas congeladas” que apela à necessidade de legislar sobre a...

Segundo a associação, o acórdão do Tribunal Constitucional sobre a Lei da Gestação de Substituição criou “um vazio legal” na Procriação Medicamente Assistida ao chumbar algumas normas, nomeadamente acabar com o anonimato dos dadores de gâmetas, que “colocou milhares de embriões com projetos parentais em risco de destruição”.

“Estes são embriões viáveis, que faziam e ainda fazem parte do projeto de vida de centenas de famílias, que deste modo têm as suas vidas em suspenso, pois o Estado português, por um lado, não as deixa ter os filhos que já existem e, por outro, não lhes dá qualquer alternativa, nem mesmo a possibilidade de ter filhos através de um outro tratamento”, afirma a Associação Portuguesa de Fertilidade (APF) em comunicado.

Para a APF, esta situação deve-se ao facto de o acórdão não ter sido acompanhado de esclarecimentos nem ter havido legislação a entrar em vigor. “Neste momento a questão dos gâmetas e embriões congelados é, para todos, uma incerteza, sendo que há um risco real de destruição dos mesmos (nos casos de não levantamento do anonimato)”, sublinha.

“Num país onde 300 mil casais são inférteis, manter este impasse legal significa adiar – e, em muitos casos, destruir – os sonhos e as vidas de várias famílias que buscam nos tratamentos de PMA a concretização dos seus sonhos”, defende.

A campanha Vidas Congeladas conta com o apoio de diversos parceiros, entre os quais a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução e o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida.

A APF e a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução lançaram em junho uma petição pública, que às 15:00 de hoje, contava com 1.702 assinaturas, que pretende obrigar o parlamento a discutir legislação sobre Procriação Medicamente Assistida.

Os peticionários exigem “a criação de medidas que preencham o vazio legal deixado pelo acórdão” do TC de 24 de abril, tendo como objetivos específicos definir um “período de transição” para concretizar as dádivas de embriões e de gâmetas criopreservados em regime de anonimato, mantendo a confidencialidade garantida pela lei vigente na altura da dádiva.

Este “período de transição”, no caso dos embriões, evitará a sua descongelação e eliminação, pela ausência de autorização da sua transferência num regime de não-anonimato, refere a petição que reclama também a criação de um regime de exceção”, que assegure a confidencialidade das dádivas de embriões e gâmetas, realizadas anteriormente à data do acórdão, evitando-se desta forma “uma incompreensível aplicação retroativa do regime de não-anonimato”.

Propõe ainda um “novo quadro legislativo” que permita enquadrar a gestação de substituição nos novos requisitos legais.

 

27 de junho - Dia Mundial de Cancro de Cabeça e Pescoço
Com a aproximação do Dia Mundial de Cancro de Cabeça e Pescoço, que se assinala no próximo dia 27 de julho, o Grupo de Estudos...

São 3 os portugueses que morrem todos os dias vítimas deste tipo de cancro, cujos sinais e sintomas são muitas vezes desvalorizados pelos doentes ou confundidos com os de outras doenças benignas. Uma dor de garanta, uma rouquidão persistente ou uma ferida na boca podem ser alguns dos sinais alerta para que, caso durem mais do que 3 semanas, seja consultado um médico.

Anualmente, surgem cerca de 3.000 novos casos de cancro de cabeça e pescoço, sendo que entre os principais sintomas se encontram o consumo excessivo de tabaco, álcool e, mais recentemente, a infeção pelo Vírus do Papiloma Humano, responsável pelo surgimento deste tipo de cancro em pessoas cada vez mais jovens.

No âmbito do Dia Mundial de Cabeça e Pescoço, com o apoio do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço (GECCP) e da Associação dos Amigos dos Doentes com Cancro Oral (ASADOCORAL), o Hospital Militar Rei Dom Pedro V estará a desenvolver, ao longo de toda a semana, sessões de diagnóstico precoce.

Segundo a Ana Castro, médica oncologista e Presidente do GECCP, “O Dia Mundial de Cancro de Cabeça e Pescoço foi criado há quatro anos atrás pela Federação Internacional das Sociedades Oncológicas de Cabeça e Pescoço (IFHNOS) para sensibilizar a população mundial para as necessidades das pessoas que atravessaram o cancro de cabeça e pescoço. Em Portugal, é essencial diminuir o número de vítimas mortais deste tipo de cancro através de um esforço educativo para os fatores de risco e os sinais e sintomas que ajudam ao diagnóstico precoce.”

Pesticidas
A Plataforma Transgénicos Fora recebeu 55 inscrições, cinco das quais referentes a crianças, para a realização de análises com...

"Temos exatamente 55 inscritos, dos quais 50 são adultos e cinco [são] crianças", refere a Plataforma, em resposta à agência Lusa.

A maior parte das inscrições são do Grande Porto, com 19 casos, e da Grande Lisboa, com 14, seguindo-se os distritos de Santarém e de Castelo Branco, com três cada, segundo a organização.

Braga, Bragança e Setúbal contribuíram com duas inscrições cada.

A Plataforma Transgénicos Fora, tal como organizações ambientalistas, nomeadamente a Quercus, tem defendido a proibição da utilização do pesticida, usado na agricultura e nas localidades para acabar com as ervas daninhas. Promoveu a recolha de amostras de urina em Portugal para testar o nível de contaminação pelo glifosato, como já tinha feito numa outra ocasião.

No sábado, terminou o prazo para as candidaturas para a realização das análises, com um custo de 73,20 euros, a que acrescem cinco euros para o envio das amostras para um laboratório em Bremen, na Alemanha.

"Dos 50 adultos, há cinco que não pagam e fazem a análise de graça", refere a Plataforma, explicando que recebeu donativos que permitem esta oferta, que foi sorteada e para a qual havia 94 pessoas a manifestar interesse.

O objetivo é conseguir "uma espécie de mapa da contaminação em Portugal e, dessa forma, a comprovarem-se elevados valores de contaminação, exigir junto de autarquias e Governo que o uso de glifosato seja drasticamente reduzido e progressivamente substituído por alternativas que não prejudiquem a saúde e o ambiente", explica Margarida Silva, uma das coordenadoras do grupo.

Em 2016, a Plataforma Transgénicos Fora conseguiu reunir donativos e foram analisados 26 voluntários (22 da região do Porto e quatro de Tomar). Os resultados acusaram uma contaminação 20 vezes superior à média de outros países da União Europeia, mas não se encontraram explicações para os valores.

"Ninguém sabe porque estamos tão contaminados, pode ser dos alimentos, da água ou outra coisa. Mas também não parece haver pressa e interesse em saber", lamentou Margarida Silva.

Em abril, a Comissão Europeia apresentou uma proposta para tornar mais transparentes os processos de avaliação científica em matéria da segurança alimentar, conforme o compromisso assumido na sequência da polémica em torno do uso de glifosato.

O compromisso de rever as regras de avaliação científica de uma substância foi assumido no mesmo dia em que a Comissão aprovou a renovação da licença do glifosato, após dois anos de disputa sobre o uso do herbicida.

Em 6 de outubro de 2017, foi apresentada à Comissão uma iniciativa de cidadania europeia intitulada "Proibição do glifosato e proteção das pessoas e do ambiente contra pesticidas tóxicos", com declarações de apoio de 1.070.865 cidadãos europeus.

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