Remédio Santo:
Os 18 arguidos do processo "Remédio Santo", acusados de burlar o Serviço Nacional de Saúde em 4 milhões de euros,...

Os arguidos são suspeitos de pertencerem a uma alegada rede criminosa, composta pelos grupos do Norte e do Centro/Sul, a qual terá levado a cabo um suposto esquema de uso fraudulento de receitas, que terá lesado o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em cerca de 4 milhões de euros, valor reclamado pelo Estado no pedido de indemnização civil.

Entre os 18 envolvidos estão seis médicos, dois farmacêuticos, sete delegados de informação médica, uma esteticista (ex-delegada de acção médica), um empresário brasileiro e um comerciante de pão.

O médico Luíz Renato Basile, suspeito de prescrever 1,7 milhões de euros em receitas, em apenas dois meses, recebendo em troca um valor correspondente a 17,5% do preço de venda ao público dos medicamentos, é o único arguido em prisão preventiva. Nove outros elementos estão com pulseira electrónica e os restantes encontram-se em liberdade.

Nas alegações finais, o procurador do Ministério Público pediu “penas exemplares” para 15 dos arguidos, na maioria superiores a cinco anos de prisão efectiva, e penas suspensas para os outros três suspeitos, por considerar que a sua colaboração com a suposta rede criminosa foi menos gravosa e directa.

João Paulo Rodrigues disse ter ficado provado, no essencial, a acusação e os crimes de associação criminosa, burla qualificada e falsificação de documento.

Em relação aos 4 milhões de euros reclamados pelo Estado a título indemnizatório, o procurador sublinhou que é necessário fazer o acerto de contas, pois algumas das receitas que constam do processo são verdadeiras e não falsas. Razão pela qual, os montantes dos prejuízos teriam de ser novamente contabilizados e apurados.

Os advogados dos arguidos pediram, por seu lado, penas suspensas por entenderem que não ficou provada a associação criminosa, sustentando que cada um dos elementos agiu por si mesmo, desconhecendo a existência de uma organização.

O julgamento começou em Fevereiro e decorreu no Tribunal de Monsanto, mas a leitura do acórdão, inicialmente prevista para 30 de Outubro, está marcada para as 14:00 na Instância Central Criminal de Lisboa, Juiz 7, no Campus da Justiça.

A alegada fraude, que durava pelo menos desde 2009, passava pela obtenção, com a conivência de médicos, de receitas passadas em nome de utentes do SNS que beneficiavam da prescrição de medicamentos que tinham elevadas comparticipações do Estado (entre os 69 e os 100%).

Com as receitas falsas, os arguidos compravam os medicamentos em diversas farmácias, onde apenas era paga, no ato da compra dos medicamentos, a parte do preço que cabia ao utente. Depois, o SNS pagava à farmácia o valor relativo à comparticipação.

Os medicamentos assim obtidos eram posteriormente revendidos no mercado internacional, designadamente na Alemanha e em Angola, sendo os lucros distribuídos entre os membros da suposta associação criminosa.

Hospital da ilha Terceira
As ordens dos enfermeiros e dos médicos estão a averiguar as queixas feitas no início do ano sobre o funcionamento da unidade...

Os representantes regionais das duas ordens foram convocados para audições na Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa dos Açores, no âmbito de um requerimento do CDS-PP sobre o funcionamento da unidade de cuidados intensivos do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira.

O representante da Ordem dos Médicos explicou por escrito os motivos que o levaram a não comparecer, hoje, na comissão e o representante da Ordem dos Enfermeiros foi ouvido, em Angra do Heroísmo, mas acrescentou pouco de novo.

Em causa está um abaixo-assinado dos enfermeiros da unidade de cuidados intensivos entregue, em Fevereiro, à administração do hospital, e divulgado pela comunicação social local no início de Outubro, em que é denunciada "falta de rigor técnico-científico" e de "princípios éticos e deontológicos" e "redução do investimento terapêutico", entre outras queixas.

Na comunicação, enviada ao presidente da comissão dois dias antes da audição, o representante da Ordem dos Médicos nos Açores, Jorge Santos, justificou a sua recusa com o facto de o processo estar a ser avaliado pelo conselho disciplinar e pelo colégio da especialidade da secção regional do sul da Ordem dos Médicos, acrescentando que uma delegação da ordem viria à Região em Janeiro.

Por sua vez, o representante regional da Ordem dos Enfermeiros, Tiago Lopes, aceitou ser ouvido pelos deputados, mas sempre que as questões foram específicas sobre o funcionamento da unidade de cuidados intensivos respondeu de forma semelhante, alegando que está a decorrer um processo interno no conselho jurisdicional regional da ordem.

Esse processo é feito, segundo Tiago Lopes, com base no relatório do inquérito interno realizado no hospital, a pedido da secretaria regional da Saúde, e com base numa visita que a Ordem dos Enfermeiros realizou à unidade de cuidados intensivos a 14 de Outubro deste ano. O representante da Ordem dos Enfermeiros explicou que não podia revelar detalhes sobre a visita de acompanhamento à unidade de cuidados intensivos por "dever de sigilo".

Tiago Lopes não adiantou uma data para a conclusão do processo realizado pela Ordem dos Enfermeiros, alegando que será necessário ouvir "todas as partes" e que as diligências terão de ser feitas "de forma concertada", porque decorre em simultâneo um processo no Ministério Público.

Na audição, o representante da Ordem dos Enfermeiros disse que solicitou, em Fevereiro e em Abril, uma visita à unidade de saúde, para acompanhar o funcionamento do bloco operatório, e que na primeira vez o pedido foi adiado e na segunda não obteve resposta.

Decorreu também, em Angra do Heroísmo, na Comissão de Assuntos Sociais, a audição prévia da presidente indigitada do conselho de administração do Hospital da Ilha Terceira, Paula Moniz. Esta foi a primeira vez que alguém indicado para uma empresa com mais de 50% de participação do Governo Regional foi ouvido previamente à sua nomeação, no âmbito de uma legislação nova aprovada na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.

Ébola:
O risco de fome nos próximos um a dois anos é uma das consequências do Ébola para as populações dos países mais afectados pela...

“O impacto do Ébola vai muito para além do controlo da epidemia e, evidentemente, vai ter um impacto bastante grande nos próximos 12 a 24 meses na segurança alimentar dessas populações, especialmente daquelas que estão fora dos centros urbanos”, declarou à agência Lusa Carlos Veloso, coordenador regional de emergências para a África Ocidental do Programa Alimentar Mundial (PAM)

O português, de 61 anos, que trabalha para agências da ONU desde 1985 falava um dia depois do alerta feito pelo PAM e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) de que a fome pode ameaçar até Março de 2015 mais de um milhão de pessoas nos três países da África Ocidental mais afectados pelo Ébola: Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa. A epidemia daquela febre hemorrágica já causou mais de 6.900 mortos, essencialmente nos três países referidos.

Carlos Veloso explicou que a estigmatização em relação às pessoas com o vírus e a progressão da doença foram impedindo a livre circulação de pessoas e bens, afectando o comércio e a produção de alimentos.

“Visitei uma ilha na Serra Leoa que não teve nenhum caso de Ébola (…) as pessoas tinham peixe, mas não tinham o resto (…) as autoridades do continente recusavam-se a fazer qualquer intercâmbio com eles. Não tiveram casos de Ébola, mas estavam a entrar num período de insegurança alimentar bastante grande”, disse.

“A longo prazo houve um abrandamento, para não dizer estagnação nalguns casos, da actividade económica. Não se plantou, nalguns sítios a colheita não foi feita”, disse.

Além de prestar assistência imediata “às pessoas em isolamento, às famílias das pessoas internadas”, aos sobreviventes quando regressam a casa, o PAM vai trabalhar em colaboração com a FAO na recuperação da produção de alimentos.

“Dá-se as sementes e os utensílios agrícolas e para as pessoas não comerem as sementes garante-se comida durante o período em que a semente é plantada, germina e cresce até à colheita”, disse sobre um dos programas a aplicar nos países em causa Carlos Veloso, que assinalou que a recuperação da capacidade produtiva demora tempo e precisa de apoio exterior.

O responsável do PAM apontou os casos da República Centro Africana, Sudão do Sul e Somália como outras situações de emergência a nível alimentar em África actualmente. Estas são “crises causadas pelo homem, originadas por conflitos”, existindo outras “mais brandas”, mas também com impacto significativo, motivadas pelas condições climatéricas como são os casos do Níger e do Mali.

“Em todos esses países é praticamente da mão para a boca que nós trabalhamos (…) para a comida chegar à boca no dia 01 de Junho, nós temos de receber o dinheiro no dia 01 de Janeiro, porque senão a comida não chega”, adiantou.

Em relação aos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), a presença do PAM é “muito reduzida, porque não há necessidade, são mais problemas de apoio a longo prazo” e a agência concentra-se “fundamentalmente na educação e na nutrição”, disse Carlos Veloso, evocando programas em Moçambique e “um programa muito pequeno" em São Tomé e Príncipe.

Em Cabo Verde, o PAM teve durante cerca de 30 anos um programa de apoio às escolas que terminou quando o governo assumiu a responsabilidade de o continuar. “É um dos programas que em África é apresentado como um caso de estudo”, referiu.

Relatório da Direcção-Geral da Saúde
Os maus hábitos alimentares são o principal factor de risco responsável pelos anos de vida saudáveis perdidos em Portugal,...

“Os hábitos alimentares inadequados em Portugal foram responsáveis por 11,96% do total de anos de vida prematuramente perdidos, ajustados pela incapacidade, no sexo feminino, e por 15,27% no sexo masculino”, refere o relatório, citando dados compilados no ano passado, mas recolhidos em Portugal em 2010.

No caso das mulheres, logo depois dos maus hábitos alimentares surgem como principais causas para anos de vida saudáveis perdidos a hipertensão, o índice de massa corporal elevado e a inactividade física.

Já nos homens, depois da inadequada alimentação vem o fumo do tabaco, a hipertensão e o consumo excessivo de álcool.

“Todas as acções de prevenção das principais doenças crónicas devem ter em conta que a alimentação inadequada é a principal responsável pelos anos de vida saudáveis perdidos em Portugal”, refere o relatório “Portugal – Alimentação em Números 2014”.

O documento volta a apontar para uma estimativa de metade da população adulta a sofrer de excesso de peso: cerca de um milhão de adultos são obesos e 3,5 milhões pré-obesos. O relatório aponta ainda para uma melhoria na avaliação ou notificação dos casos de pré-obesidade e obesidade, já que aumentou em 150 mil o número de pessoas registadas como obesas nos cuidados de saúde primários entre 2011 e 2013.

 

65% das crianças com 4 anos comem doces todos os dias

Cerca de 65% das crianças de quatro anos comem bolos e doces pelo menos uma vez por dia e a quase totalidade ingere sal a mais, segundo dados de um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

Estes dados, revelados hoje num relatório da Direcção-Geral da Saúde (DGS), reflectem o acompanhamento dos hábitos alimentares de mais de 8 mil crianças de quatro anos, nascidas em todos os hospitais e maternidades públicas do Porto em 2005 e 2006.

“Verifica-se uma ingestão de sódio acima do nível máximo recomendado em praticamente todas as crianças observadas (99%)”, refere o relatório.

Aliás, nos questionários de frequência alimentar sobre as crianças em idade pré-escolar, 73% consome uma a quatro vezes por semana ‘snacks’ salgados (como pizza, hambúrguer, batatas fritas).

Quanto aos doces, 65% das crianças consome-os numa base diária, sendo os doces e pastéis os alimentos que mais contribuem, depois do leite e da carne, para a ingestão de ácidos gordos saturados.

“De referir o contributo dos doces e pastéis, com baixo valor nutricional, mas fornecendo 14,7% da gordura saturada consumida por estas crianças”, refere o documento da DGS.

Também mais de metade das crianças de quatro anos avaliadas consome diariamente refrigerantes e néctares.

Pedro Graça, coordenador do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, considera que estes dados vêm mostrar que “a carga da responsabilidade que foi durante muito tempo atribuída à escola tem de ser retirada”.

“Estes hábitos inadequados começam muito cedo, em idade pré-escolar e no seio da família. É uma situação de preocupação”, referiu.

Aliás, o relatório da DGS avisa que os hábitos alimentares não saudáveis começam praticamente desde o nascimento: “depois de instalados parecem prevalecer e condicionar toda a juventude e idade adulta, o que demonstra a necessidade de intervir cada vez mais cedo junto de grávidas e famílias”.

 

Idosos portugueses estarão em situação alimentar de elevado risco

Os idosos portugueses estarão numa situação alimentar e nutricional de elevado risco, segundo o mesmo relatório que defende a necessidade de uma avaliação nacional do estado nutricional da população mais velha.

O estudo que avaliou o estado nutricional dos idosos que frequentam centros de dia e de convívio no concelho de Paços de Ferreira mostra que mais de 50% apresentavam obesidade e que 31,8% estavam em risco de desnutrição.

“Dados agora apresentados pela primeira vez, embora não ainda de âmbito nacional, parecem indiciar uma situação alimentar e nutricional de elevado risco nas populações mais idosas, o que demonstra a necessidade de monitorizar o seu estado nutricional”, refere o relatório “Portugal – Alimentação Saudável em Números 2014”.

No estudo feito em Paços de Ferreira, 2,1% dos idosos analisados estavam já desnutridos e 15,1% tinham sarcopenia (perda de força e massa muscular).

O relatório da DGS reforça dados já conhecidos que apontam para que metade dos adultos portugueses tenha excesso de peso, com um milhão a ter já obesidade.

Fique a saber
No mundo inteiro, milhões de pessoas vivem com o diagnóstico de cancro.
Mulher sem cabelo devido a quimioterapia

A palavra cancro vem do termo gregos carcinos, utilizado por Hipócrates (460-370 A.C.) e que significa caranguejo. A adopção do termo deve-se ao aspecto que alguns tumores apresentavam semelhante a esse animal. As primeiras evidências de cancro datam de 1600 A.C. descritas pelos egípcios. Desde então, o estudo da oncologia tornou-se uma das áreas de maior interesse na medicina, e cada vez se sabe mais sobre as suas causas, a forma como se desenvolve e cresce, bem como novas formas de o prevenir, detectar e tratar, tendo sempre em atenção a melhoria da qualidade de vida das pessoas com cancro, durante e após o tratamento.

É sabido que um tumor surge a partir de uma só célula com mutações no ADN. Ou seja, em vez de cumprir o ciclo celular normal - amadurecer e morrer e ser substituída por uma nova célula - as células cancerígenas dividem-se de forma descontrolada e amadurecem. O fenómeno pode acontecer em qualquer parte do organismo, incluindo no sangue e nos órgãos de formação do sangue, sendo que neste caso os tumores não são sólidos.

Embora seja um só termo, existem vários tipos de cancro de acordo com a sua localização no corpo, cada um deles com características diferentes. Geralmente recebem o nome em função do tecido ou do órgão em que se originam. Por exemplo, o cancro da mama tem inicio na mama, o linfoma é um cancro que tem início no sistema linfático e a leucemia que tem início nas células brancas do sangue (leucócitos).

Contudo, as células cancerígenas podem "viajar" para outros órgãos, através do sistema linfático ou da corrente sanguínea. Quando o cancro metastiza, o novo tumor tem o mesmo tipo de células anormais do tumor primário. Por exemplo, se o cancro da mama metastizar para os ossos, as células cancerígenas nos ossos serão células de cancro da mama. Neste caso, estamos perante um cancro da mama metastizado, e não um tumor ósseo, devendo ser tratado como cancro da mama.

Tipos de tumor

De uma maneira geral, são considerados dois grandes tipos grandes de tumores: tumores benignos, que geralmente são de tratamento simples, e os tumores malignos, que representam um risco mais grande para a saúde.

No tumor benigno, as células tumorais permanecem na área em que o crescimento anormal foi originado. Os tumores benignos raramente voltam a surgir uma vez que são completamente eliminados. O tratamento habitual consiste em sua extirpação através de cirurgia.

Tumores benignos

  • Raramente põem a vida em risco;
  • Regra geral, podem ser removidos e, muitas vezes, regridem;
  • As células dos tumores benignos não se "espalham", ou seja, não se disseminam para os tecidos em volta ou para outras partes do organismo (metastização à distância).

Os tumores malignos são formados por células cancerígenas que têm a capacidade abandonar o seu local "primário” de crescimento tumoral e disseminar-se aos órgãos circundantes ou a tecidos do organismo. Nesta situação, as células cancerígenas separam-se do tumor original e viajam através do sangue ou dos vasos linfáticos a zonas do organismo distantes da área inicial do tumor. Aí começam a crescer e a substituir o tecido normal formando novos tumores denominados metástases, ou tumores secundários.

Tumores malignos

  • Regra geral são mais graves que os tumores benignos;
  • Podem colocar a vida em risco;
  • Podem, muitas vezes, ser removidos, embora possam voltar a crescer;
  • As células dos tumores malignos podem invadir e danificar os tecidos e órgãos circundantes;
  • Podem, ainda, libertar-se do tumor primitivo e entrar na corrente sanguínea ou no sistema linfático – e dá-se o processo de metastização das células cancerígenas, formando novos tumores noutros órgãos.

Factores de risco

Ainda não são totalmente conhecidos os mecanismos do cancro, no entanto, sabe-se que existem determinados factores de risco que aumentam a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver cancro.

Cada vez mais se associam os estilos de vida como principais causas de cancro. Entre estes factores destacam-se o consumo do tabaco, a exposição a carcinogéneos relacionados com actividades profissionais, a radiação ultravioleta, a radiação ionizada e a dieta ocidental. Ao mesmo tempo, a prática habitual de exercício físico ou a adopção de uma dieta saudável parecem exercer o efeito contrário. Contudo, na maioria dos casos os tumores devem-se a causas muito mais complicadas e heterogéneas.

Existem muitos factores de risco que podem ser evitados, uma vez que com o passar do tempo, vários factores podem agir conjuntamente para fazer com que células normais se tornem cancerígenas. Contudo, o facto de ter um ou mais factores de risco, não quer dizer que venha a ter cancro, pois a maior parte das pessoas que têm factores de risco nunca irá desenvolver cancro.

As investigações desenvolvidas revelam que entre 5 a 10 por cento de todos os cancros se devem a um defeito em diversos genes individuais. Estes cancros são hereditários e ocorrem em membros de uma mesma família. O cancro "familiar" é raro. No entanto, alguns tipos de cancro (por exemplo, o melanoma e o cancro da mama, ovário, próstata, e cólon) ocorrem mais frequentemente em algumas famílias do que no resto da população. Na maioria das vezes, os casos de múltiplos tumores na mesma família, são apenas coincidência. No entanto, actualmente, podem ser investigadas certas alterações genéticas hereditárias, que aumentam a probabilidade de desenvolver cancro, ainda que, herdar uma alteração genética não significa, necessariamente, que vai desenvolver cancro: significa que tem maior probabilidade de desenvolver a doença.

Por outro lado, aproximadamente 20 por cento dos cancros estão associados a infecções crónicas como as causadas pelo vírus da hepatite, da Helicobacter pylori ou do vírus do papiloma humano.

Principais factores de risco

  • Envelhecimento
  • História familiar
  • Tabaco
  • Luz solar
  • Radiação ionizante
  • Determinados químicos e outras substâncias
  • Alguns vírus e bactérias
  • Determinadas hormonas
  • Álcool
  • Dieta pobre, falta de actividade física ou excesso de peso

Detectar o cancro

Um cancro pode ser suspeitado a partir de várias pistas: as queixas que o doente refere, a observação médica, diversos exames médicos (análises, TAC - tomografias axiais computorizadas e muitos outros – a definir consoante a circunstância) ou as achadas numa cirurgia. Geralmente, o tratamento do cancro é mais eficaz quando a doença é detectada precocemente.

A confirmação do diagnóstico de cancro é habitualmente feita através da amostra do tumor (biópsia). A análise dessa amostra permite determinar se a lesão é um cancro ou não. Este estudo dos tecidos (análise histológica) permite classificar e saber, na maioria dos casos, quais são os tecidos e as células das quais provém o tumor e quais são as características das mesmas.

Por vezes é possível diagnosticar ou suspeitar de um cancro através da análise de células colhidas em locais de acesso superficial (citologia exfoliativa de, por exemplo, o colo do útero) ou por punção com aspiração das células (citologia aspirativa) Estes factores são fundamentais para determinar o tratamento mais adequado em cada caso.

Consoante o tipo de tumor existem exames que podem permitir uma detecção precoce de alguns cancros - rastreios. Para alguns tumores justifica-se a realização de exames de rotina a toda a população em risco para a detecção precoce de neoplasia. O tipo de exame varia consoante o tumor que se procura.

Por exemplo, mamografia (radiografia das mamas) para o cancro da mama feminina ou citologia (exame das células) do colo do útero ou, ainda, pesquisa de sangue nas fezes para o cancro do intestino grosso (cólon). Nem todos os tumores justificam exames de rotina para a sua detecção em população sem sintomas ou sinais de suspeição.

De acordo com uma Recomendação do Conselho da União Europeia à Comissão e aos Estados Membros, devem ser feitos os seguintes testes de rastreio:
- Rastreio do cancro do colo do útero: realização do Teste de Papanicolau - a iniciar entre os 20 e os 30 anos;
- Rastreio do cancro da mama: realização de mamografia nas mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 69 anos;
- Rastreio do cancro colorectal: pesquisa de sangue oculto nas fezes em homens e mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 74 anos.

Os exames de rastreio são muito usados para despistar o cancro da mama, do colo do útero, do cólon e do recto. Antes de sugerir um exame de rastreio o profissional de saúde considera diversos factores, relacionados com o teste e com o tumor que esse teste pode detectar. É, ainda, dada especial atenção ao risco pessoal para desenvolver certos tipos de tumores. Exemplo de factores a considerar: idade, história clínica, saúde geral, história familiar e estilo de vida.

Mama

A mamografia é a melhor forma para detectar o tumor em estadio inicial. A mamografia é uma imagem da mama, feita com raios-X. É recomendável que as mulheres, a partir dos 40 anos, façam uma mamografia anual ou de 2 em 2 anos; mulheres que tenham risco aumentado para ter cancro da mama, devem falar com o médico para saber qual a frequência com que devem fazer a mamografia.

Colo do útero

O teste de Papanicolau, também chamado de esfregaço do colo do útero ou do cérvix, é usado para observar as células do colo do útero. É feito o rastreio de células cancerígenas ou de alterações que possam levar a cancro, incluindo alterações causadas pelo papiloma vírus humano (factor de risco mais importante para cancro do colo do útero). Este teste deverá ser repetido, pelo menos, uma vez de 3 em 3 anos.

Cólon e recto

São usados vários testes de rastreio (sigmoidoscopia, colonoscopia, clister opaco de duplo-contraste, toque rectal) para detectar polipos (massas), tumores, ou outras alterações no cólon e no recto. A partir dos 50 anos, deverá ser feito o despiste do cancro do cólon e recto. Se tiver risco aumentado de ter cancro do cólon e recto, deve falar com o médico, para saber qual a frequência com que deve fazer os exames de rastreio.

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Inflamação das amígdalas palatinas
A inflamação das amígdalas acontece, normalmente, devido a uma infecção viral ou bacterina, caracter
Amigdalite

As amígdalas palatinas são duas proeminências de tecido linfóide localizadas em ambos os lados da garganta. A sua função consiste na defesa do organismo, nomeadamente na produção de anticorpos. Esta acção de defesa é muito importante durante a infância, mas diminui a sua capacidade após a puberdade, sendo por isso a amigdalite uma doença mais comum na infância.

A amigdalite deve-se geralmente a uma infecção bacteriana ou viral. A localização das amígdalas faz com que exista contacto por parte dos microrganismos presentes nos alimentos e no ar. Este é um factor que pode levar a que aconteça uma infecção, embora o factor mais comum da amigdalite seja a propagação de microrganismos devidos a uma constipação ou laringite.

Normalmente a amigdalite aguda acontece de forma súbita e desaparece após sete dias, após tratamento adequado. Os sintomas caracterizam-se por dores de garganta e dificuldade na deglutição devido ao tamanho que adoptam devido à infecção. Frequentes são a febre, a sensação de mal-estar e dores de cabeça. As dores também se podem sentir nos ouvidos devido aos nervos que são partilhados com a garganta.

Quando a amigdalite aguda acontece com muita frequência poderá já ser um caso de amigdalite crónica, em que os microrganismos se encontram de forma permanente nas amígdalas causando repetidas infecções.

Tratamento
O tratamento é feito com a administração de analgésicos e antipiréticos que têm uma acção de redução dos sintomas. No caso da origem da infecção ser bacteriana, o médico poderá prescrever um antibiótico.

Já na amigdalite crónica, não sendo eficazes o mesmo tipo de tratamentos, poderá ser necessário recorrer a uma cirurgia para remoção das amígdalas.

Fazer uma alimentação rica em Vitamina C, evitar apanhar ar frio e não partilhar o mesmo ar com uma pessoa com amigdalite, são tudo formas que podem ajudar a prevenir este tipo de infecções.

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Inflamação das vias aéreas
A bronquite é causada por uma infecção, tal como uma constipação ou uma gripe, que se dissemina do n
Pulmões com brônquios em evidência

A bronquite é uma inflamação da mucosa brônquica causada, geralmente, por uma infecção. Ou seja, há uma inflamação dos brônquios, as vias aéreas ocas que ligam os pulmões à traqueia. A inflamação pode ser causada por uma infecção, uma simples constipação ou por outros factores que irritam as vias aéreas, tais como o fumo do tabaco, as alergias e a exposição a fumos de algumas substâncias químicas, sendo que nesse caso se designa por bronquite irritativa uma vez que é desencadeada por substâncias irritantes.

Pode ainda ser causada por vírus, bactérias e, especialmente, por gérmenes semelhantes às bactérias, como Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia.

A doença é, geralmente, ligeira e costuma curar-se totalmente. No entanto, a bronquite pode ser grave em pessoas com doenças crónicas que sofrem de afecções cardíacas ou pulmonares e também em pessoas de idade avançada.

Esta inflamação é acompanhada de tosse persistente, dificuldade respiratória e abundância de fleumas (mucosisades). Às vezes torna-se crónica, afectar os pulmões e, se não for tratada a tempo, pode degenerar em pneumonia.

A bronquite aguda é mais comum e mais grave nas crianças e adolescentes devido a peculiaridade da estrutura pulmonar relacionada à idade e ao crescimento e manifesta-se com maior frequência durante o Inverno.

Sintomas da bronquite

O sintoma principal da bronquite aguda é a tosse. Esta pode ser seca ou produtiva, isto é, acompanhada de expectoração, uma substância semelhante ao muco que é eliminada dos pulmões. A expectoração pode ser transparente, turva, acastanhada, amarelada ou esverdeada.

A pieira, uma sensação de aperto ou de dor no tórax, a falta de ar, a odinofagia (dor de garganta), a congestão nasal, a febre e o cansaço são outros possíveis sintomas. Quando a laringe e a traqueia ficam comprometidas ocorre rouquidão ou mesmo afonia. Em muitos casos, devido ao edema da mucosa e acúmulo de secreções, os doentes queixam-se de chiado e falta de ar.

A maior parte dos casos de bronquite aguda regridem sem tratamento ao fim de cinco dias, embora a tosse se prolongue geralmente por sete a 10 dias. Em alguns casos, a tosse persiste durante semanas ou mesmo meses depois de a infecção ter desaparecido pelo facto do revestimento brônquico ainda permanecer irritado e poder ficar estreitado, tal como acontece na asma.

Diagnóstico da bronquite

Habitualmente, o diagnóstico da bronquite baseia-se nos sintomas, especialmente no aspecto da expectoração. Se os sintomas persistirem, é necessário efectuar uma radiografia do tórax para se ter a certeza de que a pessoa não evoluiu para uma pneumonia.

Tratamento da bronquite

A maior parte dos casos de bronquite aguda não requer tratamento médico. As pessoas a quem é diagnosticada uma bronquite aguda são aconselhadas a efectuar repouso e a ingerir bastantes líquidos para manter o muco fluido, aquoso e fácil de eliminar com a tosse. O ar quente e húmido pode igualmente libertar a expectoração e tornar a tosse e a respiração mais fáceis. Por este motivo, muitos médicos recomendam pelo menos uma das seguintes medidas para as pessoas com bronquite:

  • Utilização de um vaporizador ou humidificador
  • Tomar banho de chuveiro com água quente ou permanecer algum tempo nesse ambiente
  • Beber chá quente ou ingerir sopa quente
  • Respirar vapor de um lavatório ou bacia cheios de água quente.

Se o doente tiver febre, a maior parte dos médicos irá recomendar a administração de um antipirético para reduzir a febre. As pessoas que fumam devem evitar este hábito durante a doença para reduzir a irritação das vias aéreas.

Se a bronquite for causada por uma infecção bacteriana e não melhorar espontaneamente, pode ser prescrito um antibiótico. Estes medicamentos são administrados apenas quando existe uma forte suspeita de que a bronquite é causada por uma infecção bacteriana.

Em alguns casos, os médicos podem prescrever um broncodilatador, isto é, um medicamento inalado que ajuda a manter a permeabilidade das vias aéreas. Estes medicamentos são idênticos aos utilizados por algumas pessoas com asma para facilitar a respiração durante um acesso da doença.

Não existe forma de prevenir todos os casos de bronquite aguda. No entanto, o risco de bronquite e de complicações pode ser reduzido pela abstinência tabágica e pela vacinação contra a gripe para reduzir o risco de contrair esta doença, a qual pode conduzir a uma bronquite aguda.

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Associação Deco
A associação de defesa do consumidor Deco chumbou quase metade das 26 refeições de bacalhau de ‘take-away’ testadas, devido a...

Os resultados do estudo, a publicar na próxima edição da revista Proteste, indicam que 12 das refeições prontas de bacalhau “apresentaram resultados negativos ao nível da contagem de microrganismos a 30 graus”, indicador que dá uma ideia da contaminação geral do produto e do estado de conservação.

Foram analisadas 26 refeições adquiridas em cadeias de supermercados ou lojas das zonas de Lisboa e Porto.

As refeições chumbadas foram compradas em lojas das cadeias Celeiro, Continente, El Corte Inglês, Jumbo, Pão de Açúcar, Pingo Doce e Super Cor.

“Uma contagem elevada daqueles microrganismos [a 30 graus] pode ser sinónimo de uma refeição mal conservada pelo simples facto de não ter sido mantida à temperatura adequada”, refere o artigo, adiantando também a possibilidade de ter ocorrido contaminação durante o período em que o prato esteve no expositor de alimentos.

A Deco recorda que se recomenda que as refeições refrigeradas sejam mantidas no expositor a uma temperatura entre os 0 e os 4 graus, enquanto os pratos quentes devem ser conservados acima de 65 graus.

Na análise às temperaturas dos expositores e das refeições foram encontradas temperaturas propícias ao desenvolvimento de micróbios.

Segundo o estudo, foram ainda detectadas em seis refeições de bacalhau “presenças indesejáveis” da bactéria ‘enterobacteriaceae’, que habita no intestino do Homem e dos animais e que é considerada um indicador que avalia a qualidade higiénica.

“Estes resultados podem ser interpretados como um sinal de lacunas ao nível da higiene (cozedura inadequada ou contaminação posterior) e de temperaturas de conservação demasiado elevadas”, refere a Deco.

Falta de higiene do funcionário que manipula dos alimentos, dos utensílios ou das bancadas podem contribuir as falhas detectadas.

“A boa notícia é que não encontrámos ‘e.coli’ nem microrganismos patogénicos susceptíveis de causar toxi-infeções graves”, lê-se na Proteste. A bactéria ‘e.coli’ foi responsável em 2011 por um surto na Alemanha que atingiu alguns milhares de pessoas.

A associação de defesa do consumidor lembra que as intoxicações alimentares têm geralmente origem no desconhecimento ou descuido pelas regras básicas de higiene, tendo o estudo concluído que há falta de conhecimento ou negligência quanto às regras a cumprir.

“É necessário investir na formação profissional contínua dos funcionários que manipulam alimentos”, recomenda a Deco, apontando também para a necessidade de criar legislação com “parâmetros biológicos mais completos”. Os resultados do estudo foram já enviados para a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e para a Direcção-geral de Alimentação e Veterinária.

Serviço Nacional de Saúde
O Serviço Nacional de Saúde realizou no primeiro semestre deste ano mais 1,6% de cirurgias face ao mesmo período de 2013, mas a...

Segundo o relatório da actividade cirúrgica programada do 1.º semestre de 2014, havia mais de 179 mil utentes à espera de uma operação a 30 de Junho deste ano, com uma mediana de tempo de espera de três meses.

O número de utentes a aguardar cirurgia aumentou 6,7% face ao período homólogo, mas em comparação com o final do ano de 2013 deu-se uma subida de apenas 1,9%.

O número de operados nos primeiros seis meses de 2014 foi de 286.426, mais 1,6%, o que leva a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) a destacar que se registou “um aumento no acesso à actividade cirúrgica”.

“O aumento do número de inscritos é um indicador da resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos doentes que procuram cuidados. A região Norte foi a que mais cresceu em número de entradas. A especialidade de oftalmologia foi a que registou o maior número de entradas”, resume a ACSS.

Quanto aos doentes em lista de espera que ultrapassaram o tempo máximo de resposta garantido para a operação situam-se, neste primeiro semestre em análise, nos 11,7%, a menor percentagem desde 2006.

 

Tempo de espera para cirurgias oncológicas desce mais de 12% no 1.º semestre

 

O tempo de espera para cirurgias a doentes com cancro desceu mais de 12% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o período homólogo do ano anterior, com uma mediana de espera de 21 dias.

De acordo com o mesmo relatório houve uma “melhoria significativa” da actividade cirúrgica na área oncológica. O número de doentes operados cresceu 2% (mais 457 utentes do que no mesmo período de 2013), enquanto se reduziu a mediana de tempo dos doentes em espera, bem como o número de pessoas que aguardam mais do que o tempo recomendado.

Ainda assim, quase 20% dos doentes a aguardar cirurgia a neoplasias malignas esperaram mais do que o tempo máximo de resposta garantido (TMRG).

Em comparação com o primeiro semestre de 2013, desceu 11,9% o número de inscritos para cirurgia oncológica que aguardaram mais do que o tempo máximo estabelecido.

As doenças malignas da próstata e da bexiga, da cabeça e do pescoço são as que mais ultrapassam o TMRG, com valores que andam entre os 21% e os 28% de utentes.

O cancro maligno de pele foi a área oncológica que no primeiro semestre deste ano maior produção cirúrgica teve, com 6.107 doentes operados.

As áreas com maior crescimento de actividade cirúrgica foram as do cancro da cabeça e pescoço e as do cólon e recto.

Já este ano o Ministério da Saúde tinha anunciado que iria apertar o controlo dos doentes oncológicos em espera para cirurgia, exigindo dos directores clínicos justificação para os tempos máximos ultrapassados e encaminhando para a inspecção da saúde os casos sem justificação “razoável”.

Esta foi definida como uma das prioridades para fazer face ao aumento do número de doentes oncológicos e respectivo aumento da actividade clínica nesta área em 2013.

Estudo conclui
Um estudo divulgado refere que 81,5% dos trabalhadores do sexo não usa preservativo na prática de sexo vaginal com parceiro...

"Os trabalhadores do sexo têm práticas de risco altas com os companheiros", em comparação com as práticas com clientes, em que cerca de 98% refere "usar sempre" preservativo, sublinhou Antónia Soares, doutoranda da Faculdade de Psicologia do Porto, que desenvolveu um estudo sobre "afectos, sexualidade e poder nas relações íntimas de trabalhadores do sexo".

Os trabalhadores do sexo que têm parceiros ocasionais (40%) referem também números mais baixos no uso do preservativo comparativamente com as práticas com clientes, referiu Antónia Soares, que apresentava os resultados nas I Jornadas Científicas sobre Trabalho Sexual, que decorreram no Centro de Estudos Sociais, em Coimbra.

O projecto de doutoramento revelou que 40% dos trabalhadores recebem "quase sempre" propostas de sexo sem preservativo, 28% muitas vezes e 25% poucas vezes, disse Antónia Soares.

"81,5% refere que mesmo depois de ter sido negado, aquando da negociação, o sexo sem preservativo, os clientes tentam ter práticas de risco no momento em que se vai concretizar a relação sexual", apontou a investigação.

O estudo, que teve como amostra 121 trabalhadores do sexo "de interior" do Porto e Lisboa, contou com 43 trabalhadores do sexo masculino, 54 do sexo feminino e 24 transexuais, sendo que a média de idades é de 30 anos.

18%  tinha mais do que "12 anos de escolaridade", 24% eram de nacionalidade portuguesa e 67% de nacionalidade brasileira. "Quase a totalidade dos clientes" eram homens "e cerca de metade, 50,4% dos clientes, são habituais", explanou a investigadora.

Também presente nas jornadas, o mediador do Grupo de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA (GAT), Júlio Esteves, sublinhou que a questão de o trabalho sexual não ser aceite moralmente nem "aceite no plano legal" leva "a situações constrangedoras, em que as pessoas sofrem". Júlio Esteves defendeu "serviços de saúde específicos para esta população", não podendo os trabalhadores do sexo "estar oito horas à espera de uma PPE [Profilaxia Pós-Exposição - tratamento iniciado após exposição ao VIH com o objectivo de evitar que o vírus entre no sistema imunitário]".

O activista frisou que relativamente aos transexuais que são trabalhadores do sexo estes encontram "recusas para serem tratados medicamente" e que nas instâncias policiais e judiciais "são tratados como culpadas mesmo sendo vítimas".

 

Quase metade das prostitutas em Portugal sofre de doença mental

Quase metade das prostitutas em Portugal (49%) sofre de doença mental, sendo que 16% dessas mulheres não teve qualquer tipo de acompanhamento, conclui o mesmo projecto de doutoramento.

Cerca de 25% das prostitutas diagnosticadas necessitaram de internamento e "apenas 38% mantém acompanhamento" por parte de um técnico de saúde, disse Alexandre Teixeira, doutorando da Faculdade de Psicologia do Porto, que está a realizar um estudo sobre saúde mental em mulheres que se prostituem em Portugal.

Das mulheres diagnosticadas, foi identificada depressão a quase 60%, ansiedade a 20% e doença bipolar a cerca de 5% das prostitutas, divulgou o investigador, que falava durante as jornadas.

"O acompanhamento é um factor protector", salientou, referindo que quase 20% dos diagnósticos da doença mental foram feitos "nos últimos 12 meses" e 27,4% feitos há mais de 10 anos. O projecto de investigação envolveu questionários presenciais a 177 mulheres que trabalham no interior e 114 na rua, distribuindo-se por 110 mulheres no Porto, 55 em Coimbra e 126 em Lisboa.

A média de idades das mulheres entrevistadas é de 38,5 anos, mais de metade são portuguesas, 32% brasileiras e cerca de 7% naturais de países africanos de língua oficial portuguesa. Metade são solteiras, 72% têm filhos, 10% têm formação superior e 27% o ensino secundário.

O estudo, que também aborda os comportamentos suicidários das mulheres que se prostituem em Portugal, conclui ainda que 28% das entrevistadas já se tentaram suicidar, sendo que dessas 31% fizeram três ou mais tentativas, explanou Alexandre Teixeira. Cerca de 20% tentaram suicidar-se nos últimos 12 meses e quase metade entre há um e quatro anos, referiu, tendo 23% das prostitutas contado que já assistiram a um suicídio ou uma tentativa de suicídio nas suas famílias.

Cecília Eira, membro do programa "Auto-Estima", da Administração Regional de Saúde do Norte, também presente nas jornadas, salientou que, com a crise, "há mais mulheres na rua e que nunca tinham estado nesta actividade".

Através do programa, que só em 2013 realizou "5.650 contactos", Cecília Eira observou que aumentaram também "as mulheres que trabalham na rua", em detrimento da actividade no interior de casas ou outros estabelecimentos, havendo ainda "mulheres mais envelhecidas", "mais mulheres portuguesas" e uma "percentagem maior de casadas".

As Jornadas Científicas assinalaram o Dia Internacional Contra a Violência Sobre Trabalhadores do Sexo, sendo organizadas pela Rede sobre Trabalho Sexual (RTS), pelo Centro de Estudos Sociais (CES) e pela associação Não te Prives: Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais.

Estudo do Centro de Oncologia dos Açores
A taxa de sobrevivência em casos de cancro aumentou nos Açores, de acordo com um estudo do Centro de Oncologia dos Açores, que...

"A maioria dos cancros teve uma evolução favorável na sobrevivência entre o período 2000-2004 e o período mais recente (2005-2009)", refere um comunicado do Centro de Oncologia dos Açores (COA). Os tipos de cancro com melhor sobrevida cinco anos após o diagnóstico, entre 2005 e 2009, foram, nos homens, o da próstata (86,3%) e, na mulher, o da mama (79,3%). Já os cancros mais letais foram o do fígado (6,5%) e o do pulmão (7,9%).

A leucemia linfoblástica aguda em crianças demonstra uma alta taxa de sobrevivência (100%), embora tenham sido identificados apenas 16 casos, nos Açores, no período de dez anos em estudo.

Comparando os dados do período entre 2000 e 2004 com os do período entre 2005 e 2009, a maioria dos dez cancros mais comuns (estômago, cólon, recto, fígado, pulmão, mama, colo do útero, ovário, próstata, leucemia em adultos e leucemia linfoblástica aguda em crianças) regista um aumento da taxa de sobrevivência.

Por exemplo, no caso do cancro do recto, a taxa de sobrevivência foi de 45,8% no primeiro período e de 59% no segundo, enquanto no caso do cancro do cólon a taxa de sobrevivência aumentou de 46,9% para 51,9% entre os dois períodos.

O comunicado do Centro de Oncologia dos Açores destaca como factores que poderão ter contribuído para essa evolução positiva "o diagnóstico mais precoce (quer por uma maior intensidade do rastreio oportunístico quer pela introdução do rastreio organizado ao cancro de mama, em finais de 2008), a redução da chamada mortalidade pós-operatória e os tratamentos mais eficientes".

Para Raúl Rego, presidente do conselho de administração do COA, estes dados demonstram que hoje o cancro não é sinónimo de morte. "As pessoas começam a encarar a doença de cancro com outros olhos", disse, acrescentando que o elevado número de casos está directamente ligado ao aumento da esperança média de vida.

Na maioria dos tipos de cancro, a taxa de sobrevivência nos Açores é menor do que a nível nacional, mas Raúl Rego considerou que é difícil fazer "comparações com a realidade nacional" e lembrou que os serviços de oncologia nos Açores só foram criados "a partir da década de 80" do século passado.

Os dados do Registo Oncológico Regional dos Açores, elaborado pelo COA, integraram o estudo internacional CONCORD-2, liderado pela London School of Hygieneand Tropical Medicine.

Os resultados agora divulgados, baseados na análise de 5.038 pacientes, são os primeiros dados conhecidos sobre a sobrevivência em cancro nos Açores. Desde 2011 que o Centro de Oncologia dos Açores divulga dados sobre a incidência do cancro na região, tendo registos desde 1997.

Desde 2012
O Centro Anti Discriminação VIH/Sida recebeu, nos dez primeiros meses do ano, 42 queixas de pessoas infectadas com VIH que se...

Dados divulgados, pelo Centro Anti Discriminação VIH/Sida (CAD), referem que o número de queixas “tem aumentado, significativamente, desde o segundo semestre de 2012, quando se registaram 10 queixas”. No primeiro semestre de 2014, foram registadas 25 e, no segundo semestre, até Novembro, foram reportados 17 casos. Segundo os dados, uma em cada quatro pessoas infectadas com o VIH diz ter sido discriminada no acesso a cuidados de saúde, o que originou o maior número de queixas (25,85%). As queixas relacionadas com o meio laboral surgem em segundo lugar, representando 20,41% das situações, seguindo-se a "devassa da vida privada" (15,65%).

Os dados referem ainda que 13,61% dos casos reportados ao centro se devem a situações com seguradoras, 4,8% a "quebra de confidencialidade", 3,40% a situações relacionadas com o ensino, 3,40%, com o apoio social, e 2,72%, com a justiça.

Criado em Janeiro de 2010, pela SER+, Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida, e pelo Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA (GAT), o CAD dirige-se “às pessoas que vivem ou são afectadas pelo VIH, sujeitas a estigma e discriminação associadas à infecção”, mas também aos profissionais e trabalhadores nas áreas da saúde, educação e serviços sociais, a voluntários, colaboradores e trabalhadores de organizações não-governamentais.

O projecto CAD, co-financiado em 75% pela Direcção-Geral da Saúde, no âmbito do Plano Nacional Para a Infecção VIH/Sida, teve início em Janeiro de 2011 e terá a duração de quatro anos, tendo como objectivo "diminuir a discriminação e o estigma em relação às pessoas que vivem com a infecção VIH e populações mais vulneráveis, defendendo e promovendo os seus direitos".

No ano passado, foram diagnosticados quase três casos por dia de infecção por VIH/sida em Portugal, num total de 1.093 situações, o que equivale a uma taxa de 10,5 novas infecções por 100 mil habitantes, segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

Os dados indicam que, dos casos registados em 2013, 20,7% das situações já se encontravam no ‘estadio sida’, quando a infecção evolui para doença.

Foram notificados 226 mortes ocorridas no ano passado em pessoas com a infecção por VIH, 145 das quais no ‘estadio sida’. Entre 1985 e 2013 foram diagnosticados ao todo 47.390 casos de infecção por VIH/sida.

Quercus considera
A Quercus considerou que o programa de trabalho da Comissão Europeia para 2015 representa uma "regressão substancial"...

O programa foi apresentado pela Comissão Europeia, liderada por Jean-Claude Juncker, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), e inclui 23 novas iniciativas legislativas e a retirada ou emenda de mais de 80 propostas já em curso, o que provocou preocupações em vários sectores.

"Aguardado sob enorme expectativa e crítica de vários deputados e associações de defesa do ambiente, como a Quercus, este programa representa uma regressão substancial do nível de protecção ambiental, nomeadamente pela retirada formal ou futuro incerto de dois importantes pacotes legislativos - o Pacote Europeu do Ar e o Pacote dos Resíduos", alerta a organização ambientalista portuguesa.

Para a Quercus, este cenário "prejudica seriamente a credibilidade da União Europeia como órgão de decisão e desperdiça o trabalho desenvolvido pela anterior Comissão".

O Pacote Europeu do Ar pretendia reduzir a poluição do ar na Europa e incluía a actualização de directivas europeias, algumas com propostas de revisão já a decorrer em 2014, como aquelas sobre os tetos nacionais de emissão e as instalações médias de combustão.

A revisão das regras sobre qualidade do ar é há muito aguardada pela Quercus, que a apresenta como "fundamental para ajudar os governos a implementar medidas a nível nacional e local para a melhoria da qualidade do ar", referindo estimativas da Comissão Europeia que apontam para a possibilidade de puderem evitar 58 mil mortes prematuras por ano e terem benefícios para a saúde pública, entre 40 e 140 mil milhões de euros.

Alguns países não cumprem os limites para alguns poluentes e cerca de 400 mil europeus morrem prematuramente por ano devido à poluição atmosférica.

Segundo a Agência Europeia do Ambiente, em Portugal, em 2011, ocorreram 5.707 mortes prematuras relacionadas com níveis elevados de PM2.5 (partículas) e 330 mortes devido a níveis elevados de ozoto.

No Pacote da Economia Circular, que pretende melhorar a competitividade e reduzir a pressão sobre os recursos naturais escassos, foram retiradas propostas de revisão de directivas sobre resíduos de embalagem, eléctricos e electrónicos, e veículos em fim de vida, a substituir por nova proposta em finais de 2015.

A Comissão estima que este conjunto de regras criaria 180 mil novos postos de trabalho na Europa e levaria a uma redução da emissão de 443 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa, por desvio de resíduos dos aterros e reciclagem de materiais.

A Quercus solicitou a vários deputados portugueses que relembrem o presidente da Comissão Europeia dos benefícios ambientais, sociais e económicos que estas propostas legislativas poderiam trazer para a Europa.

Segundo esta associação, 11 ministros de vários Estados Membros, incluindo Jorge Moreira da Silva, assinaram uma carta com "um forte apelo" à manutenção das propostas de pacotes legislativos sobre o ar e resíduos.

Ministério da Saúde garante
O Ministério da Saúde anunciou que está a dar prioridade à transferência de idosos internados para lares, como forma de...

Durante a apresentação do “Plano de Prevenção e resposta para o Outono/Inverno – Infecções Respiratórias”, o secretário de Estado adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, disse que a libertação dessas camas é uma das medidas previstas para dar resposta a um possível aumento da actividade gripal e de casos de infecção respiratória.

Fernando Leal da Costa avançou que alguns hospitais relataram a existência de uma ou duas dezenas de casos, dependendo da sua localização.

“Nos hospitais que visitámos, encontrámos um número que varia entre uma e duas dezenas, dependendo da dimensão do hospital e do local onde se situa”, afirmou.

Além da questão da ocupação de camas nos hospitais, que podem ser necessárias para doentes, designadamente em consequência da esperada actividade gripal deste inverno, Leal da Costa sublinhou a vulnerabilidade a novas infecções de um idoso que está internado num hospital já com alta clínica.

Para dar resposta a esta problemática, o Ministério da Saúde e o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social estão a articular-se para acelerar a prioridade de admissão de idosos nos lares, tendo assinado, na terça-feira, um protocolo com esse objectivo.

Na altura, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou que irá “apoiar a abertura de novas unidades pertencentes ao sector social e solidário”, assim como garantir a manutenção e assistência de vagas em estabelecimentos residenciais para pessoas idosas, para retorno ou primeira residência de quem está internado no Serviço Nacional de Saúde. Segundo Paulo Macedo, é ambição deste Governo resolver os casos sociais que estão nos hospitais, já que existe estrutura, capacidade e vontade.

O Ministério da Saúde revelou ainda ter pedido um levantamento de todos os lares existentes e da respectiva cobertura vacinal, assim como dos cuidados médicos e de enfermagem que prestam.

O plano de prevenção da Direcção-Geral da Saúde revela que as coberturas vacinais nos lares rondam os 90%, “um indicador que é motivo de orgulho, por se tratar de pessoas triplamente frágeis: são idosas, mais vulneráveis e estão em lugares confinados”, explicou a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas.

O Ministério da Saúde adquiriu este ano mais de um milhão de doses de vacina contra a gripe, num investimento de cerca de quatro milhões de euros, estimando-se que se tenham vacinado 60% dos idosos.

Graça Freitas sublinhou que as resistências que ainda existem à vacinação se prendem com o alegado receio dos efeitos secundários e lamentou esta “inversão da percepção do risco”.

“As pessoas devem ter medo da gripe, porque poderá dar complicações e dar morte, enquanto a vacina é segura e eficaz”, sublinhou.

Apesar de todas estas medidas de prevenção, o secretário de Estado salientou que a actividade gripal mais séria ainda não começou, que não há nenhuma ameaça de surto pandémico e que a actual vacina é eficaz contra o vírus mais agressivo neste momento em circulação (H3N2), por enquanto apenas nos EUA.

Este não é sequer um vírus novo, é já conhecido das autoridades de saúde, tendo sido um dos responsáveis pela gripe em 2012.

Açores - ilha Graciosa
O Governo dos Açores vincou hoje que a Doença Hemorrágica Viral que afecta os coelhos bravos na ilha Graciosa não se transmite...

“Esta doença, apesar de muito contagiosa para os coelhos, não é transmitida ao ser humano ou a outras espécies animais”, afirma a directora regional dos Recursos Florestais, Anabela Isidoro, citada numa nota do executivo açoriano em que acrescenta que, no entanto, “não deve ser consumida a carne de coelhos infectados e deve-se proceder à recolha e eliminação dos animais mortos”.

Anabela Isidoro disse ainda que as autoridades regionais têm acompanhado a evolução da doença "através da realização diária de vistorias, recolha e eliminação dos cadáveres, como forma de eliminar potenciais focos infecciosos" e que será publicado ainda esta semana "um folheto informativo" sobre a forma de actuar perante a detecção de animais mortos por esta doença.

Serão também colocados cartazes informativos em locais públicos, para "acautelar a disseminação da doença", segundo a mesma nota.

A 11 de Dezembro, o Governo dos Açores proibiu a caça na Graciosa face ao " surgimento de um grande número de coelhos-bravos mortos" naquela ilha "indiciando a ocorrência da Doença Hemorrágica Viral (DHV)".

Uma portaria publicada em Jornal Oficial naquele dia frisava ser "necessário impedir a disseminação da doença, através do exercício da caça, até que a mesma seja considerada extinta e que os seus efeitos, na população de coelho-bravo local, sejam devidamente avaliados", sendo também necessário "acautelar eventuais repercussões da doença, ao nível da saúde pública".

Risco para os doentes
O Ministério da Saúde quer mais profissionais de saúde vacinados contra a gripe, considerando tratar-se de “uma obrigação de...

A Direcção-Geral da Saúde apresentou publicamente o “Plano de Prevenção e resposta para o Outono /Inverno – Infecções Respiratórias” no qual revisita medidas já utilizadas em períodos de maior actividade gripal, mas reforçando sobretudo a importância da vacinação, da higiene das mãos e da utilização da linha Saúde 24.

Esta apresentação é justificada pelo facto de a actividade gripal ser ainda pouco intensa, esperando-se nas próximas semanas a chegada do pico da gripe e das infecções respiratórias, pelo que as autoridades de saúde querem alertar quem ainda não se vacinou, e faz parte dos grupos prioritários, para o fazer.

“Queríamos que este ano pudéssemos ter dois efeitos em que fossemos melhores [do que nos anos anteriores]: diminuir o risco infeccioso, através da vacinação dos profissionais e relembrando a etiqueta respiratória, e criando condições para que os hospitais estejam mais bem preparados para evitar acumulação de pessoas”, disse o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde.

Sobre a vacinação, Fernando Leal da Costa dirigiu-se em particular aos profissionais de saúde, que “o fazem corar” de vergonha pela baixa cobertura vacinal.

Sublinhando que a taxa de vacinação da população idosa, bem como dos internados em lares, está em níveis “perto do óptimo”, Leal da Costa lamentou que entre os profissionais de saúde essa taxa ande apenas pelos 50%, quando deveria chegar aos 100% ou, no mínimo, aos 80%.

Para o secretário de Estado, a vacinação dos profissionais de saúde é “uma obrigação de boa prática e obrigação ética”, por um lado para não serem eles próprios veículos de transmissão aos doentes, e por outro, para não ficarem doentes e ausentes do trabalho na altura de maior procura dos serviços de saúde por parte dos utentes.

“A vacinação dos profissionais está aquém do que desejamos e do que seria desejável. É uma situação paradoxal: estamos a ser eficazes a vacinar os outros e a dar indicação de vacinação, mas não estamos [os profissionais de saúde] a ser céleres a fazer a vacinação. Muitos de nós se têm esquecido que em contexto de infecção, os profissionais devem vacinar-se primeiro antes de vacinar os outros”, disse.

Sobre o controlo das infecções hospitalares, outra das medidas que o ministério quer melhorar, Leal da Costa lembrou a importância de as pessoas recorrerem sempre à linha de saúde 24, antes de irem para os hospitais e centros de saúde, locais de onde poderão sair com alguma infecção, mesmo que entrem sem nenhuma.

O governante sublinhou ainda duas medidas que considera serem das mais importantes no controlo de infecções e que são: evitar que pessoas que estão doentes vão visitar outras aos hospitais e não levar crianças em idade escolar a visitar familiares internados.

“As crianças são um veículo muito eficaz de transporte e transmissão de infecções e vírus, pelo que levar um neto a visitar uma avó pode ter consequências desastrosas”, salientou. O secretário de Estado lembrou ainda as medidas de saúde pública como a frequente higiene das mãos com água e sabão e a etiqueta respiratória, que inclui não espirrar para as mãos.

“Plano de Prevenção e Resposta para o Outono/Inverno - Infecções Respiratórias”
Altas hospitalares ao fim de semana e a transferência para lares de “casos sociais” internados são as principais medidas...

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) apresenta hoje um “Plano de Prevenção e Resposta para o Outono/Inverno - Infecções Respiratórias” que sistematiza várias medidas com vista a uma resposta rápida e eficaz em caso de aumento de actividade gripal.

Segundo a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, este plano surge agora porque a actividade gripal começou há cerca de duas semanas, ainda com poucos casos, esperando-se agora o aparecimento das infecções respiratórias.

A existência de um vírus da gripe mais agressivo nos Estados Unidos está a deixar também a DGS em alerta e prevenção.

Não sendo novo, este plano que compila uma série de medidas extraordinárias já accionadas noutros anos em situações de actividades gripal mais intensa “está mais bem estruturado e com uma maior cooperação entre instituições”, explicou.

A novidade é a existência de recomendações para que haja altas hospitalares ao fim de semana, para disponibilizar camas necessárias e melhorar os serviços de urgência.

Com o mesmo objectivo de libertar camas, a DGS está também a apostar numa maior articulação com os serviços da segurança social para permitir a transferência para lares de pessoas que continuam internadas após as altas, por não terem quem as vá buscar.

Uma maior rotatividade das macas é uma das apostas no âmbito dos cuidados em ambulatório dos serviços de urgência, a par de um reforço das equipas e um aumento do número de espaços de atendimento.

Estas medidas serão activadas “num ano particularmente agressivo” em termos de actividade gripal e infecções respiratórias.

A existência de um vírus agressivo nos Estados Unidos não permite para já antecipar seguramente que chegue a Portugal, mas é o suficiente para colocar os serviços de saúde em prevenção e preparados para responder atempada e eficazmente, explicou a responsável.

“Não sabemos [se haverá este ano um surto mais violento], mas os dados dos Estados Unidos mostram-nos que o vírus [da gripe] que vai dominar é o H3N2, que é um vírus mais agressivo”, disse Graça Freitas.

O plano prevê ainda outras medidas, já utilizadas anteriormente, como o alargamento de horários da consulta aberta ou de recurso, com atendimento ao fim-de-semana e durante a noite, assim como o aumento do número de consultas para pedidos no próprio dia.

A DGS tem também preparada a “activação da reserva estratégica” de medicamentos específicos como o oseltamivir e o zanamivir endovenoso.

Compromisso de Cooperação para o Sector Social e Solidário
Flexibilização de horários da rede de creches foi outra das medidas anunciadas durante a assinatura de mais um Compromisso de...

O Governo vai criar o alojamento social de emergência, um serviço social de apoio a quem é ajudado pela Segurança Social, com recurso a alojamentos precários, anunciou o ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social. O alojamento social de emergência é uma das medidas incluídas no terceiro Compromisso de Cooperação para o Sector Social e Solidário, formalizado entre o Governo e o sector social.

No seu discurso, Pedro Mota Soares lembrou que nem todas as pessoas que precisam de ajuda têm familiares próximos e que, por isso, o Governo decidiu "avançar com um novo serviço precisamente para aqueles que estão em maiores dificuldades".

"Neste compromisso consagramos um novo serviço social, o alojamento social de emergência que presta resposta a quem hoje está nessa situação e que garantirá no futuro um acompanhamento adequado e em condições", anunciou. Este serviço é pensado para quem é apoiado pela Segurança Social em "alojamento precário e sem apoio técnico". Segundo o ministro, em causa estão "casos de pessoas que ficavam em pensões, residenciais, sem outro apoio e por isso ainda expostas à exclusão social".

Mota Soares revelou ainda que vai aumentar a comparticipação dos acordos de cooperação com as instituições sociais já existentes em 1,1% e garantiu que continuará a investir na contratualização "de um largo conjunto de equipamentos sociais construídos".

O ministro disse também que pretende flexibilizar os horários da rede de creches, de forma a satisfazer as necessidades das famílias, e aumentar a comparticipação paga pelo Estado às creches que integrem crianças com deficiência para 90 euros por criança, por mês, para o ano de 2015.

O protocolo assinado entre o Governo e o sector social inclui, pela primeira vez, as áreas da saúde e da educação, razão pela qual estiveram presentes os ministros da Saúde e da Educação e Ciência.

O ministro da Saúde anunciou que irá "apoiar a abertura de novas unidades pertencentes ao sector social e solidário", bem como garantir a manutenção e assistência de vagas em estabelecimentos residenciais para pessoas idosas para retorno ou primeira residência de quem está internado no Serviço Nacional de Saúde.

Segundo Paulo Macedo, é ambição deste Governo resolver os casos sociais que estão nos hospitais, já que existe estrutura, capacidade e vontade.

Já o ministro da Educação e Ciência disse estar interessado em conjugar esforços ao nível da oferta no ensino pré-escolar e no ensino especial. "Essa conjugação de esforços vai permitir que os mesmos recursos e outros recursos que se juntem possam chegar a mais crianças e chegar de uma forma mais racional, de uma forma mais distribuída, numa rede mais coordenada", adiantou Nuno Crato.

Da parte da União das Misericórdias Portuguesas, o presidente, Manuel Lemos, defendeu que a implementação das políticas sociais "nunca mais será a mesma a partir de hoje", sublinhando que se tenha conseguido "em tão pouco tempo" alcançar um consenso alargado.

Já o presidente da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (CNIS), o padre Lino Maia, apontou que "o Estado não tem que fazer tudo e dar tudo, mas que para que dê o que lhe compete e ninguém fique para trás, tem de assegurar que tudo seja feito para que a ninguém falte aquilo de que precisa".

Por seu lado, o presidente da União das Mutualidades Portuguesas, Luís Alberto de Sá e Silva, disse que foi elevado o patamar de responsabilidade para com todos os parceiros sociais.

Ébola:
Uma equipa internacional de cientistas identificou, de um universo de 2.816 fármacos, 53 que poderão servir para travar a...

Apesar disso, e ainda que todos os fármacos identificados estejam já aprovados para uso em doentes com outras doenças, são precisas mais investigações e testes em animais e humanos.

Esta é uma das principais conclusões de um estudo publicado na revista Emerging Microbes and Infections, do grupo editorial Nature, no qual participaram cientistas de centros dos Estados Unidos e Canadá.

Adolfo García-Sastre, da Escola Icahn de Medicina do Hospital Monte Sinai, em Nova Iorque, explicou à agência Efe que alguns dos medicamentos identificados encontram-se já no mercado, enquanto outros não, mas que todos foram aprovados para uso.

Para realizar a investigação, os cientistas geraram partículas virais não infecciosas que usam o mesmo mecanismo de entrada nas células que o Ébola.

“Uma das importantes razões que tivemos em conta para publicar este estudo antes de fazer experiências com animais prende-se com o facto de esperarmos que todos os laboratórios que têm capacidade para realizar experiências com o vírus infeccioso possam começar a fazer ensaios e encontrar um ou vários destes fármacos que funcionem bem”, explicou García-Sastre.

“Apesar de [os fármacos] ainda terem de ser testados com vírus infecciosos, é quase seguro que a maioria inibe a entrada do Ébola nas células. Com isso, esperamos travar a infecção e, portanto, diminuir os sintomas graves da doença”, detalhou o especialista, frisando, porém, que ainda é preciso demonstrar se tal é mesmo assim e estabelecer a dosagem do medicamento. Os cientistas classificaram os 53 medicamentos em seis categorias.

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde prorrogou, até segunda-feira, o prazo para os jovens médicos escolherem o local da sua especialidade...

O processo de escolha das 1.548 vagas por parte dos candidatos teve início hoje, às 14:30, e estava previsto terminar até sexta-feira, com representantes dos médicos a reclamarem o adiamento desta data.

A Ordem dos Médicos do Norte sugeriu mesmo a possibilidade de prorrogar o início de funções por 15 dias de forma automática para quem o solicitar.

A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) divulgou, na segunda-feira à noite, o mapa de vagas para ingresso no primeiro ano da especialidade do Internato Médico, a ter início a 02 de Janeiro de 2015.

“Foi cumprido o objectivo de atribuir uma vaga para cada candidato”, afirma a ACSS em comunicado, sublinhando que o mapa divulgado “contempla vagas para todos os candidatos que se apresentaram à área profissional de especialização, num total de 1.548, número que representa um acréscimo de mais 71 vagas relativamente ao ano passado (1.477)”.

Em comunicado, a ACSS anunciou que foi prorrogado o prazo para a escolha de especialidade médica, que assim passou a ter como data limite a próxima segunda-feira.

Este adiamento levou em conta “a evolução do processo de escolhas durante o dia de hoje”, lê-se no comunicado.

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