No Algarve
A Administração Regional de Saúde do Algarve anunciou a contratação de 16 médicos de Medicina Geral e Familiar, que devem...

Em comunicado, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve refere que oito daqueles médicos, que concluíram o grau de especialista na primeira época do internato médico de 2015, vão ser distribuídos de forma equitativa pelos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) Central e do Barlavento (oeste algarvio).

Seis do conjunto de 16 médicos que agora iniciam funções nos centros de saúde algarvios foram contratados ao abrigo do regime excecional de contratação de médicos aposentados, prevendo-se que continuem a assegurar a prestação de cuidados de saúde por mais três anos nas respetivas unidades funcionais dos agrupamentos de centros de saúde da Região.

O grupo de médicos fica completo com um profissional contratado através de um concurso nacional lançado em março, que vai ser colocado no ACES do Barlavento, e com outro recrutado através do regime de mobilidade, que exercerá funções no ACES Central, acrescenta a ARS/Algarve.

"Estas contratações encontram-se integradas na estratégia assumida pela ARS/Algarve com vista a colmatar a carência de médicos de família na região, através da sucessiva abertura de concursos para recrutamento destes profissionais, complementada pela reorganização dos serviços e racionalização dos recursos humanos existentes", lê-se no comunicado.

Por outro lado, aquele organismo refere que tem apostado na formação, "com o aumento significativo do número de médicos internos a realizar a sua formação na região", na perspetiva de que no final do internato, e após concurso, estes profissionais prossigam a sua carreira no Algarve.

Mulheres e idosas mais doentes
Os portugueses estão a consumir mais medicamentos antidepressivos, principalmente as mulheres e com mais de 65 anos, de acordo...

O estudo dá conta do consumo de antidepressivos e estabilizadores do humor, de tranquilizantes e de hipnóticos e sedativos.

Em relação aos antidepressivos e estabilizadores de humor, foram vendidos nos primeiros seis meses do ano 4.022.626 unidades destes medicamentos: mais 95.981 unidades do que em 2014 e mais 303.380 do que em 2013.

De acordo com a análise da IMS Health à prescrição de antidepressivos e estabilizadores do humor, tranquilizantes, hipnóticos e sedativos, as mulheres são quem mais consume antidepressivos e estabilizadores do humor.

Entre janeiro e junho deste ano, foram prescritas 3.977.659 unidades de antidepressivos a mulheres e 1.349.523 unidades a homens.

No mesmo período, a tendência de prescrição de tranquilizantes e hipnóticos e sedativos foi no mesmo sentido, uma vez que de 70% do número de prescrições destes fármacos se destinou a mulheres.

A faixa etária acima dos 65 anos é a que regista o maior número de prescrições deste tipo de medicamentos, seguindo-se a faixa etária entre os 40-54 anos.

“O número de embalagens prescritas deste tipo de medicamentos, desde o início do ano, a pessoas acima dos 65 anos gira em torno do 40 a 50% do total de prescrições”, seguindo-se a faixa etária entre os 40-54 anos (17 a 25% do número total de embalagens prescritas).

Apesar do aumento de unidades de antidepressivos e estabilizadores de humor ter aumentado, a despesa dos doentes diminuiu.

Nos primeiros seis meses de 2014, a despesa com estes fármacos foi de 27.380.757 euros, baixando para os 26.366.481 euros no mesmo período deste ano.

A IMS Health apurou ainda que os antidepressivos e estabilizadores de humor são os medicamentos da categoria dos psicoativos onde os europeus (Reino Unido, França, Itália, Espanha e Alemanha) mais dinheiro gastam.

Entre julho de 2014 e junho de 2015, o consumo em valor na Alemanha de medicamentos antidepressivos atingiu os 1.087.151.269 euros, seguido por Espanha (687.353.460 euros) e Reino Unido (500.222.924 euros).

França, Itália e Portugal gastaram com estes medicamentos 367.856.333 euros, 291.961.233 euros e 67.608.020, respetivamente.

Em Portugal, cada pessoa consome, em média, 37 comprimidos por ano.

Itália é o país onde menos antidepressivos se consomem (17 comprimidos por pessoa durante o ano). No lado oposto, os alemães (49 comprimidos por ano) e os espanhóis (59 unidades por ano) são os que mais antidepressivos consomem.

DGS
Das 12 pessoas residentes na região Norte que têm a Doença dos Legionários, duas estão internadas, não há mortes a registar e a...

A Direção-Geral da Saúde (DGS), em comunicado, informa que neste momento estão internadas duas pessoas e não se registou a ocorrência de “nenhum óbito”.

A DGS informa também que a situação notificada “não é comparável ao surto que ocorreu em novembro de 2014 em Vila Franca de Xira, quer pela magnitude e gravidade, quer ainda pela expressão rápida que caracterizou a curva epidemiológica”.

No último mês e meio registaram-se 12 casos da Doença dos Legionários em pessoas residentes na região Norte de Portugal, ou seja, mais cinco pessoas do que no período homólogo de 2014.

“Desde a última semana de julho foram diagnosticados 12 casos (…). Em período homólogo do ano anterior verificaram-se sete casos ocorridos na mesma região”, lê-se no mesmo comunicado de imprensa.

A DGS acrescenta que foi notificada pela delegada de Saúde Regional do Norte de que a “informação epidemiológica disponível indica que dois daqueles casos estiveram fora de Portugal durante o período provável de ocorrência da infeção, podendo, assim, estar associados a viagens”.

Os restantes dez casos ocorreram em pessoas residentes no Grande Porto.

A investigação epidemiológica está a ser conduzida, incluindo a georreferenciação, de forma a caracterizar com detalhe os locais e os percursos que os doentes fizeram durante os 14 dias antes do início da sintomatologia a fim de identificar a fonte de infeção.

Em novembro de 2014, um surto de legionela em Vila Franca de Xira causou 12 mortes e infetou 375 pessoas com a bactéria da legionella.

De acordo com o balanço feito na altura, as vítimas mortais tinham entre 43 e 89 anos e eram nove são homens e três mulheres. A taxa de letalidade do surto foi de 3,2%.

O surto teve início a 7 de novembro e foi controlado em duas semanas.

Em Coimbra
Às mãos de António Travassos chegam doentes de todo o mundo, à procura de um tratamento para os seus casos considerados sem...

Cinco horas e 18 minutos foi o tempo que três médicos do Centro Cirúrgico de Coimbra levaram a fazer uma cirurgia inédita, a primeira em todo o mundo, que ao doente valeu a luz do dia, escreve o jornal Público. A troca de uma parte do olho foi feita como uma simples mudança peças de uma engrenagem que já não funciona… mas de um olho para o outro. Dois dias após a intervenção, o doente a quem tinha sido diagnosticada uma cegueira irreversível já conseguia contar os cinco dedos de uma mão à distância de um metro.

“Se a cegueira é curável, só há uma solução: é fazer tudo aquilo que podemos para curar o doente. Essa é a nossa missão”, diz António Travassos, cirurgião oftalmologista fundador do Centro Cirúrgico de Coimbra, que não pousou o bisturi quando, em Dezembro de 2014, Martinho Santos Martins ali entrou com uma cegueira bilateral. “Estava completamente deprimido quando chegou, e hoje só consegue sorrir. Mesmo com os olhos ainda tapados, o senhor só sorria.”

O doente de Bragança, com 69 anos, foi submetido, no final de Julho deste ano, a uma translocação (ou deslocação) do segmento anterior do olho, uma cirurgia nunca realizada com sucesso até hoje. António Travassos, o cirurgião principal, conseguiu o “enxerto perfeito”. Ou seja, recortou um círculo perfeito para poder transplantar toda a córnea (a parte da frente do olho que cobre a íris e a pupila) e ainda uma coroa circular de esclera (a região branca do olho) do olho esquerdo para o olho direito.

O resultado surpreendeu até o médico, que nunca deu certezas de cura ao doente. Depois da cirurgia, Martinho Santos Martins, que ao entrar no bloco operatório não controlava as lágrimas, percorria então os corredores do Centro Cirúrgico de Coimbra de forma autónoma, e com a visão recuperada no olho direito de 1/10 (do ponto de vista legal, a cegueira existe quando o melhor olho tem uma acuidade inferior a esse valor).

Apesar de todas as dificuldades ao longo do tempo, a esperança nunca abandonou o doente que desde cedo conviveu com a cegueira. O olho direito, se não o atraiçoam as memórias da infância, nunca tinha tido visão. A zona da córnea encontrava-se esbranquiçada (leucocórnea), o que impedia Martinho Santos Martins de ver desse olho. Mais tarde na vida, uma trombose no olho esquerdo roubou-lhe a única janela para o mundo.

Foi operado em França, onde esteve emigrado, e tentou ainda tratamentos em Espanha, mas nada trouxe a visão a Martinho Santos Martins. A cegueira era irreversível para os médicos que o observavam – com a excepção de António Travassos, a quem recorreu, já quase sem esperança, no final de 2014.

“Com o exame de visometria, concluímos que o olho direito do doente, embora estando cego, tinha uma acuidade de visão de 2/10, porque as estruturas da parte posterior estavam funcionais”, diz António Travassos. Este foi o motivo que levou o médico a avançar confiante para a cirurgia, mas sempre com a ameaça de ter de extrair o olho.

Houve uma primeira cirurgia em Coimbra, que consistiu em trocar a córnea do olho esquerdo – o olho que estava também cego pela trombose mas que tinha a córnea saudável – para o olho direito, com a córnea esbranquiçada desde a infância. E para o olho esquerdo transplantou-se a córnea de um dador. “Conseguimos resultados, do ponto de vista anatómico, para o olho esquerdo, e do ponto de vista funcional para o olho direito [que conseguiu agora recuperar a visão]”, diz António Travassos. “Nada fazia prever o que aconteceu depois”, diz ainda o médico.

Após esta primeira cirurgia, o inesperado por todos surgiu: o doente teve uma rejeição da sua própria córnea no olho direito. “Ninguém esperava que o melting da córnea acontecesse após a cirurgia. O doente tinha recuperado a visão e voltou a perdê-la.” O melting da córnea é uma reação auto-imune rara, que consiste na inflamação da córnea, como se derretesse até à sua perfuração.

“Em vez de retirarmos o olho, resolvemos esperar que tudo estabilizasse, para encontrar uma solução.” E foi isto que a equipa de médicos fez. Após algum tempo, surgiu então a hipótese de uma nova cirurgia devolver a visão a Martinho Santos Martins.

A técnica nunca tinha sido realizada em parte nenhuma do mundo, mas António Travassos, famoso por resolver situações aparentemente sem solução, avançou para a sala de operações. “Nunca pude dar esperanças ao doente. Mesmo antes de entrar em cirurgia tive de lhe dizer que havia a hipótese de ter de se eviscerar o olho. Entrou no bloco sem controlar as lágrimas.”

A segunda cirurgia, na qual participaram ainda os oftalmologistas José Galveia e Sofia Travassos, filha de António Travassos, teve os seguintes passos: transportou-se toda a córnea (que o doente já tinha recebido de um dador) e a coroa circular de esclera do olho esquerdo para o olho direito, aquele que tinha tido a reação auto-imune. Por isso se designa translocação. Quanto à córnea que foi rejeitada, voltou para o olho esquerdo, aquele que se mantém cego.

A coroa de esclera funcionou como uma espécie de aba para se deslocar toda a córnea, sem se alterar o ângulo da câmara anterior. A manutenção do ângulo da câmara anterior evitou complicações, como o desenvolvimento de hipertensão ocular, que levariam ao insucesso da intervenção.

“Esta cirurgia prova que nunca devemos desistir de fazer o melhor por cada doente e, neste caso específico, tínhamos de tentar proporcionar melhor qualidade de vida, porque este era um caso em que a alternativa era deixar manter o doente na cegueira”, diz António Travassos. “É uma verdadeira lição. A lição de que não devemos retirar um olho que tenha ainda perceção luminosa. É sempre possível pensar de maneira diferente.”

Geralmente, os doentes com a córnea esbranquiçada ficam sem tratamento, ou são submetidos a uma cirurgia para substituir parte da córnea por matéria orgânica inerte e transparente (queratoprótese). Mas esta nunca foi uma hipótese ponderada por António Travassos: “Em toda a minha vida, vi quatro doentes com queratoprótese. Todos eles sofreram inúmeras complicações e voltaram a cegar.”

Com a cirurgia da translocação de uma parte dos olhos feita há mais de um mês, o doente não teve até agora qualquer tipo de complicações. “Em oftalmologia também se fazem milagres”, diz Martinho Santos Martins, citado num comunicado do centro. E o prognóstico é que possa ir recuperando gradualmente alguma visão. “Conseguimos ainda manter o olho esquerdo que, apesar de não ter visão, de um ponto de vista anatómico e estético era importante”, diz o médico. “Se nesta fase não tivermos complicações, a probabilidade de as termos no futuro é mínima.”

“Continuar a sonhar”
António Travassos fundou o Centro Cirúrgico de Coimbra há 16 anos, e hoje recebe lá doentes de pelo menos 44 países. “As pessoas andam por todo o lado e quando começam a ficar desesperadas chegam aqui ao centro.”

Dos países árabes chega uma grande parte destes doentes, geralmente pessoas com um estatuto económico e social muito elevado. “Uma vez operei uma irmã de um rei sem saber quem era. Mas, para mim, o que interessava era que tinha ali uma doente como todos os outros”, conta António Travassos. “Há pouco tempo tive também o caso de um doente árabe que não recebeu um visto de Portugal para vir ao centro tratar-se. Isto é muito estranho, sobretudo quando se quer desenvolver o turismo de saúde.”

A tecnologia de ponta que usa, como bisturis de diamante, permite-lhe aperfeiçoar cada vez mais a sua arte. A gravação em 3D das cirurgias é outro aspeto inédito do seu trabalho. “Em Dezembro de 2009 só se falava no filme 3D ‘Avatar’, e eu pensei: por que não aplicar isto na cirurgia?” Com a ajuda da empresa Sony, que cedeu o equipamento, começou a filmar todas as intervenções cirúrgicas, o que resulta hoje em mais de três milhões e meio de imagens. “Hoje temos memória futura. Não podemos chegar a conclusões científicas [só] com o que os outros escreveram. Temos de documentar, é assim que se faz ciência.”

Com mais de 60.000 cirurgias realizadas, o médico de 65 anos fez parte da sua formação nos Estados Unidos, onde praticou cirurgia em macacos. “Foi na altura um privilégio, porque os macacos eram muito caros.” Quando, em 1981, regressou a Portugal para integrar os Hospitais da Universidade de Coimbra, encontrou casos complicadíssimos para começar a sua carreira. “São hoje os meus grandes amigos, os doentes daquela época, pelos quais lutei para lhes devolver a visão.”

Hoje, no Centro Cirúrgico de Coimbra, António Travassos salva da escuridão os milhares de doentes que todos os anos lhe chegam ao consultório. “Há sempre uma aprendizagem contínua. Esta é a luta contra a cegueira. E a possibilidade de pormos os doentes a ver é que nos faz andar nesta loucura constante de continuar a sonhar.”

Unidade Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas Lisboa alerta
Os batidos à base de frutos e vegetais estão na moda e são vistos como a solução ideal para uma alimentação saudável e uma...

“O termo detox surgiu de desintoxicante, sendo esta uma dieta que promete ajudar a eliminar as toxinas do organismo, que diariamente se acumulam. Contudo, não existe evidência científica que o comprove, além dos já conhecidos benefícios dos vegetais quando consumidos nas formas mais comuns (em sopas, cozinhados ou crus)”, explica Ana Rita Lopes, coordenadora da Unidade de Nutrição do Hospital Lusíadas Lisboa, ao Sapo.

“A integração dos batidos detox num plano alimentar diversificado e completo pode ser uma medida saudável e um importante contributo para o aumento da ingestão diária de frutos e vegetais. Contudo, a alimentação jamais deve ser composta exclusivamente por batidos, uma vez que necessitamos diariamente de outros macro e micronutrientes obtidos através do consumo de outros grupos alimentares”, alerta a especialista.

“As pessoas que apreciam os batidos detox não devem deixar de os consumir, especialmente se não gostam muito de vegetais e encontraram nestas bebidas a forma ideal de os ingerir”, revela Ana Rita Lopes, explicando ainda que “podem ser incluídos um a dois destes batidos na alimentação diária mas nunca como substitutos de refeições completas e muito menos como alimentação exclusiva diária”.

A nutricionista salienta ainda que “se as pessoas têm problemas ao nível da coagulação sanguínea ou tomam medicação anticoagulante, estes batidos não são recomendados, pelo seu elevado teor em vitamina K”.

A longo prazo
Uma terapia de combate ao cancro que programa as células do sistema imunitário do doente para limpar a leucemia linfoide...

Especialistas disseram que o tratamento é a vanguarda da imunoterapia, que consiste em persuadir o corpo a matar o cancro e pode um dia revolucionar a oncologia ao acabar com o uso da quimioterapia, um tratamento com muitos efeitos secundários, escreve o Sapo.

O tratamento, conhecido como CTL019, foi desenvolvido pelo Abramson Cancer Center da Universidade da Pensilvânia e a Perelman School of Medicine, que agora reportam os primeiros resultados a longo-prazo num grupo de 14 pacientes.

Oito dos adultos envolvidos no estudo (57%) responderam ao tratamento: quatro apresentaram remissão de longo prazo e quatro com resposta parcial, segundo os resultados publicados na revista Science Translational Medicine.

A primeira pessoa a receber tratamento recentemente celebrou cinco anos livre de cancro. Outras duas chegaram à marca dos quatro anos sem qualquer sinal de recidiva. A quarta estava em remissão há 21 meses, mas acabou por morrer devido a uma infeção após a cirurgia, sem relação com a leucemia.

Células modificadas permanecem no corpo
"Os nossos testes com pacientes que viveram remissões completas mostraram que as células modificadas permanecem nos corpos durante anos após as infusões, com nenhum sinal de células cancerígenas ou linfócitos B", explicou Carl June, principal autor do estudo, professor de imunoterapia no departamento de patologia e medicina laboratorial da Universidade da Pensilvânia.

"Isso sugere que pelo menos algumas das células CTL019 retêm as habilidades de caçarem células cancerígenas".

Os investigadores relataram resultados em três pacientes adultos em 2011, mostrando que dois dos três entraram em remissão no primeiro ano de tratamento.

A terapia experimental é feita a partir das células do sistema imunitário dos próprios pacientes, também conhecidas como células T, recolhidas pelos investigadores e reprogramadas para procurar e matar o cancro.

Normalmente, o sistema imunitário tenta atacar o cancro mas não consegue, porque o tumor pode iludir as defesas do organismo.

As células T são modificadas para conter uma proteína conhecida como um recetor quimérico antigénico (CAR), que tem como alvo a proteína CD19 encontrada na superfície de células B cancerígenas.

Depois das células imunes serem recolhidas e reprogramadas, o paciente é submetido a quimioterapia para limpar o sistema imunitário antes de receber as novas células imunes.

Jacqueline Barrientos, oncologista do North Shore-LIJ Cancer Institute que não participou neste estudo, descreveu o tratamento como "revolucionário" pela sua capacidade de eliminar a leucemia linfoide crónica (LLC) durante anos.

"Estas notícias são muito animadoras", comentou Barrientos à AFP, afirmando também que muitos especialistas acreditam que Carl June deve receber o prémio Nobel algum dia por iniciar uma era no tratamento do cancro.

Ineficácia
O tratamento não funcionou em toda a gente. Quatro dos pacientes (29%) responderam à terapia durante sete meses, mas o cancro voltou a aparecer.

Seis das 14 pessoas do grupo não responderam ao tratamento e os investigadores estão a trabalhar para descobrir por que motivo as células modificadas não se alastraram pelo corpo da mesma forma que nos outros pacientes que apresentaram remissão de longo prazo.

Desde 2012
Clínicos de outras nacionalidades representam 7% do total, mas espanhóis caíram para metade em dez anos. Dos 1867 médicos...

Médico, espanhol, especializado em medicina geral e familiar, com uma idade entre os 35 e os 45 anos e a trabalhar na região Norte. Este é o perfil mais comum dos 1867 clínicos estrangeiros que estavam a trabalhar em Portugal em 2014. Depois de vários anos em queda, o número de médicos estrangeiros que integram o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a crescer desde 2012. Os espanhóis continuam a representar a maior fatia e subiram ligeiramente desde há três anos, mas mesmo assim o número de clínicos que atravessaram a fronteira ibérica para Portugal caiu para metade em dez anos.

Os dados fazem parte do Boletim informativo - Recursos Humanos Estrangeiros no Ministério da Saúde da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a que o jornal Público teve acesso. O documento traça a evolução dos médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde estrangeiros a trabalhar em Portugal na última década. No final de 2014, o sector público da saúde contava com um total de 3074 profissionais estrangeiros – um número bastante inferior aos 4490 identificados em 2004, mas que mesmo assim cresceu em 117 pessoas em relação a 2013. O valor, regra geral, caiu ao longo da última década, mas existe “uma tendência para a estabilização a partir de 2008”, salienta a ACSS.

Destas 3000 pessoas, 1296 vêm de países da União Europeia, em 952 dos casos de Espanha. Seguem-se quase 700 profissionais dos países africanos de língua oficial portuguesa (com Angola a encabeçar a lista com 279 pessoas) e há ainda 360 brasileiros. No total, 2,54% das mais de 121 mil pessoas que trabalham no Ministério da Saúde são estrangeiras. Mas o peso dispara para 7% se tivermos em consideração só o peso dos médicos estrangeiros no total de mais de 26 mil clínicos. No caso dos enfermeiros, só 1,5% dos mais de 38.000 profissionais não são portugueses. A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que concentra mais pessoas (1444), seguida pelo Norte (710). Mas, por exemplo, no caso dos médicos espanhóis é o Norte que atrai mais trabalhadores. Quanto a diferenças por sexo, as mulheres estão em maioria e representam 61,8% do total.

Um quinto a recibos verdes
Depois dos 1867 médicos, os enfermeiros surgem como a profissão com mais peso, com 577 profissionais estrangeiros. No final de 2014 estavam também contabilizados 393 assistentes operacionais de outros países e 113 assistentes técnicos, além de técnicos superiores de saúde, técnicos de diagnóstico e terapêutica, informáticos e investigadores, entre outras profissões na área. Em termos de vínculo, a esmagadora maioria tem contratos de trabalho por tempo indeterminado, mas ainda há quase 18% de pessoas em regime de recibos verdes.

Regressando só aos médicos, há dez anos existiam 2113 estrangeiros em Portugal e no final de 2014 apenas 1867, o que representa uma quebra de cerca de 12%. No entanto, desde 2012 que o valor tem estado em recuperação. Só entre 2013 e o final do ano passado o número de clínicos cresceu quase 9%. Nesse mesmo ano, os dados da Ordem dos Médicos apontam para que 400 portugueses tenham emigrado.

“O número de médicos espanhóis a trabalhar em Portugal tem vindo a crescer nos últimos anos (609 médicos em 2012 para 663 médicos em 2014)”, especifica a ACSS, que adianta que 280 estão no Norte, 132 em Lisboa e Vale do Tejo, 96 no Algarve, 85 no Alentejo e 70 no Centro. No entanto, se a comparação for feita no período de dez anos constata-se que em 2004 o país era muito mais atrativo para os clínicos de Espanha que chegaram a ser 1128 nesse ano. Pelo contrário, é de salientar a evolução da presença de médicos cubanos, que passaram de 18 em 2012 para 79 em 2014. Pelo valor total, sobressai, ainda, a presença de 163 ucranianos, 159 brasileiros, 109 angolanos, 77 colombianos e 88 guineenses. Aliás, a contratação de médicos, sobretudo cubanos, para colmatar as necessidades dos centros de saúde tem levado a Ordem dos Médicos a criticar o Ministério da Saúde.

Do total de médicos, há 1431 que registaram a sua especialidade, sendo 301 deles internos. “As especialidades onde se encontram mais médicos estrangeiros são a Medicina Geral e Familiar, com 548 médicos, a Medicina Interna, com 237 profissionais, a Cirurgia Geral, com 82 médicos e a Anestesiologia com 69 profissionais”, adianta a ACSS. No caso dos médicos de família, tem-se assistido a uma redução do seu peso nos últimos anos, de 603 em 2012 para 548 no ano passado. Ao todo, somando portugueses e estrangeiros, há quase 8000 em todo o país. Em sentido contrário estão os hospitais, que tinham 764 clínicos estrangeiros em 2012 e passaram para 848 no mesmo período. Porém, só 282 dos médicos de família trabalham em centros de saúde, desempenhando os restantes as suas funções em hospitais e unidades locais de saúde.

Se o número de médicos caiu 12% em dez anos, a descida na proporção de enfermeiros estrangeiros foi muito mais esmagadora. Eram 1730 em 2004 e apenas 577 no ano passado - um mínimo histórico nestes dez anos. Ou seja, praticamente menos 67%. Portugal perdeu, sobretudo, enfermeiros de países da União Europeia, que passaram de 1355 para 338. No caso dos espanhóis, a descida foi de 1238 para 261, que na maior parte dos casos estão em Lisboa e Vale do Tejo (150). Há também menos profissionais dos países africanos de língua portuguesa e do Brasil. “Os enfermeiros de nacionalidade estrangeira baixaram de 612 em 2013, para 577 no ano passado”, diz a ACSS.

Em dois meses
O investigador português Noel de Miranda, ex-aluno de Biologia Aplicada da Universidade do Minho, recebeu, em pouco mais de...

Primeiro, foi a bolsa da Associação Norte-Americana de Estudo do Cancro, que concedeu 93 mil euros durante o período de dois anos; agora, a notícia do prémio Bas Mulder, 430 mil euros atribuídos pela Sociedade Holandesa de Cancro (SHC) e por uma fundação não-governamental de estudo da doença, a Alpe d'HuZes.

Noel de Miranda, de 33 anos, diz sentir-se ainda mais estimulado a prosseguir a sua investigação na área do cancro intestinal. "Com este dinheiro o projeto consegue sustentar-se de forma independente. Consigo executar a investigação toda que propus", afirma, em entrevista à Renascença.

O cancro intestinal é a segunda causa de morte por doença oncológica em Portugal e afeta cada vez mais pessoas com menos de 50 anos.

A investigação de Noel de Miranda tem como principal objetivo o desenvolvimento de estratégias que estimulem o sistema imunitário de doentes com cancro colo-rectal para que as células tumorais possam ser identificadas e eliminadas pelo mesmo.

O estudo propõe utilizar as proteínas que se encontram modificadas nas células tumorais para estimular uma resposta imunitária contra as mesmas, algo semelhante ao que é feito através da vacinação contra certas doenças.

Noel de Miranda é natural da Póvoa de Varzim, no Porto. Depois da licenciatura em Biologia Aplicada na Escola de Ciências da UMinho, ingressou no Centro Médico da Universidade de Leiden (Holanda) para desenvolver um doutoramento relacionado com o cancro colo-rectal. Realizou um pós-doutoramento no Instituto Karolinska (Suécia).

É investigador no Centro Médico da Universidade de Leiden, onde se dedica ao estudo de genética e imunologia em cancro colo-rectal. Já publicou 27 artigos em revistas científicas internacionais.

Novo centro de investigação
A Universidade Portucalense apresenta, já na próxima segunda-feira, dia 7 de setembro, o seu novo centro de investigação que...

O Instituto Portucalense de Neuropsicologia e Neurociências Cognitiva e Comportamental (INPP) conta, entre os seus investigadores, com autores de métodos de deteção precoce da doença de Alzheimer, que podem prever com dois anos de antecipação as pessoas que vão desenvolver Alzheimer, e autores de trabalhos sobre as aplicações de conectividade cerebral ao comportamento nos âmbitos económico, político-social e de tendências de consumo.

A apresentação da nova unidade de investigação tem início pelas 11 horas, e decorrerá nas instalações da Universidade Portucalense (UPT), no Auditório 201.

Com uma equipa de mais de 40 doutorados, provenientes de diferentes pontos do mundo, e tecnologia de ponta única em Portugal, o novo centro de investigação da Portucalense contribui assim para o desenvolvimento da neurociência enquanto instrumento de biomédica, mas também de marketing e comportamento social. 

O INPP foi criado em estreita parceria com o Laboratório de Neurociência Cognitiva e Computacional do Centro de Tecnologia Biomédica das Universidades Politécnica e Complutense de Madrid, e do Centro de Investigação Mente, Cérebro e Comportamento (CIMCYC), da Universidade de Granada.

2ª fase até dia 21 de setembro
Estão abertas, até dia 21 de setembro, as inscrições para a 2ª fase de candidaturas a alguns dos cursos de mestrado e de pós...

Falamos dos cursos de mestrado e de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem de Reabilitação, em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia, em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria e em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria.

Até ao mesmo dia, mantém-se aberta a 1ª fase de candidaturas ao curso de mestrado em Enfermagem de Família e ao curso de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem Comunitária.

Os cursos de mestrado da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) disponibilizam vagas para enfermeiros dos PALOP, no âmbito da política de crescente cooperação da ESEnfC com instituições de países africanos de expressão portuguesa.

Os termos e requisitos da candidatura a cada curso podem ser conhecidos através da leitura dos editais que constam na página Web da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, em www.esenfc.pt.

Para eventuais esclarecimentos, podem também os interessados contactar a Área Académica da ESEnfC (números de telefone 239 487 257 e 239 802 850, ou e-mail [email protected]).

ARS Norte
No último mês e meio foram registados 12 casos de doença dos Legionários em pessoas residentes na região de saúde do Norte, um...

O Jornal de Notícias (JN) faz hoje manchete com a notícia “Surto de legionela deixa Norte em alerta” e avança que foram notificados 12 casos e que as autoridades investigam o recente “aumento de doentes”.

Em declarações feitas hoje de manhã, por escrito, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) esclarece que entre a última semana de julho e até ao dia 3 de setembro, foram notificados 12 casos de doença dos Legionários em pessoas residentes na região de saúde do Norte.

O número é considerado, pela própria ARSN, “superior ao que seria de esperar” e, por isso, está a merecer “uma atenção especial por parte das autoridades de saúde”.

Dos 12 casos identificados, e de acordo com a informação epidemiológica disponível, há duas pessoas que estiveram fora do país durante o período provável de ocorrência da infeção.

Os restantes dez casos com a doença dos Legionários ocorreram em pessoas residentes na região do Grande Porto.

“Até à data não se registou a ocorrência de nenhum óbito entre os doentes referidos”, assume a ARSN.

Na investigação epidemiológica que está a ser feita, designadamente a hotéis localizados na cidade do Porto, “não indica que os casos atrás referidos estejam associados à frequência de hotéis”, refere aquela autoridade.

“A investigação epidemiológica está a ser conduzida de forma a caracterizar os locais e os percursos que os doentes fizeram durante os 14 dias antes do início dos sintomas, de forma a orientar a investigação ambiental” e até ao momento foram efetuadas colheitas de água em alguns equipamentos localizados na região em estudo, mas os resultados preliminares são ainda negativos”.

A ARSN informa que a investigação epidemiológica e ambiental está a prosseguir com a colaboração dos serviços de saúde, designadamente hospitais e autoridades de saúde da região.

Em novembro de 2014, um surto de legionela em Vila Franca de Xira causou 12 mortes e infetou 375 pessoas com a bactéria da legionela.

De acordo com o balanço feito na altura, as vítimas mortais tinham entre 43 e 89 anos e eram nove são homens e três mulheres. A taxa de letalidade do surto foi de 3,2%.

O surto teve início a 07 de novembro e foi controlado em duas semanas.

Peritos defendem
Um grupo de peritos recomenda a avaliação do risco e estado nutricional dos doentes com Alzheimer, uma vez que “a perda de peso...

A recomendação faz parte do manual “Nutrição e Doença de Alzheimer”, que é hoje publicado no blogue “Nutrimento”, do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, o qual organiza, de forma resumida, “o que se sabe sobre a influência da nutrição na prevenção e progressão da doença de Alzheimer”.

O manual também aborda, em particular, “os nutrientes mais salientes nesta área, alguns tipos de padrões alimentares (Dieta Mediterrânea e Dieta MIND)” e disponibiliza “informação relativa à evidência científica do papel protetor de alimentos como o peixe, hortícolas, fruta e leguminosas”.

No documento lê-se que “a malnutrição associada à perda de peso é bastante frequente nesta patologia, embora as causas variem”, podendo incluir “falta de apetite, dificuldades em cozinhar, problemas com a comunicação ou reconhecimento de fome, má coordenação motora, maior cansaço, dificuldades de mastigação e deglutição”.

Segundo os autores do documento – Andreia Correia, Jéssica Filipe, Alejandro Santos e Pedro Graça –, “atualmente ainda não existe nenhuma intervenção médica que possa prevenir a doença de Alzheimer”.

“Pensa-se, porém, que um efeito protetor possa advir da melhoria dos estilos de vida, entre os quais se encontra a alimentação”, lê-se no manual.

O documento refere-se a diferentes tipos de estudos epidemiológicos, os quais “têm permitido acumular informação sobre os efeitos positivos dos ácidos gordos ómega 3 e micronutrientes como as vitaminas do complexo B, vitaminas E, C e D sobre os neurónios, sobretudo no decorrer do processo de envelhecimento”.

Apesar de não ser conhecida qualquer evidência científica suficiente para suportar a recomendação de suplementação específica de antioxidantes na prevenção e tratamento da doença de Alzheimer, os autores recomendam que “sejam atingidas as doses diárias de ingestão recomendadas destes nutrientes, preferencialmente através da alimentação”.

Em relação ao álcool, o manual indica que “o consumo moderado de bebidas alcoólicas, em estudos de corte e caso controlo, sobretudo de vinho, parece estar associado a uma diminuição do risco de aparecimento de doença Alzheimer em particular nos indivíduos sem o alelo APOE4”.

Os autores recordam alguns estudos que “mostram alguma evidência de que o consumo de café, chá e de outras fontes de cafeína pode ter um papel protetor contra o declínio cognitivo, doença de Alzheimer e demência, sendo esta eventual proteção mais evidente em mulheres do que em homens”.

No entanto, prosseguem, “esta associação não tem sido encontrada para todos os domínios cognitivos faltando ainda estabelecer uma relação dose-resposta, devendo-se por isso recomendar um consumo moderado de cafeina, não ultrapassando as doses diárias máximas recomendadas”.

Estudo revela
Dar aspirina a pacientes com cancro em simultâneo com imunoterapia pode aumentar significativamente a eficácia do tratamento,...

O ponto de partida do estudo, realizado pelo grupo do recém-criado Instituto Francis Crick e financiado pelo Cancer Research UK, foram os resultados de uma série de ensaios clínicos de imunoterapia, que mostraram que em seres humanos verifica-se um controlo imunológico do cancro, mas que, em muitos casos, é bloqueado pelo próprio cancro.

Com o objetivo de explorar os mecanismos responsáveis por esse bloqueio, o grupo de investigadores de Caetano Reis e Sousa produziram culturas de células tumorais com células do sistema imunitário, nomeadamente células dentríticas e macrófagos, importantes para iniciar a resposta das células T, que normalmente destroem o tumor.

O estudo, que tem como primeiro autor Santiago Zelenay, cientista que anteriormente trabalhou no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Portugal, foi feito usando o rato como modelo, células de cancro da pele, mama e de intestino e imunoterapia anti-PD-1.

"Verificámos que havia uma inibição dessas células imunitárias pelas células tumorais, o que nos levou a descobrir que essas células tumorais segregavam um límpido chamado prostaglandina E2 (PGE2) que tinha esse efeito. A partir daí mostrámos que, se a pessoa, por via genéticas ou farmacológicas, inibir a produção de PGE2 pelas células tutorias leva a um controlo imunológico", disse o cientista português.

Segundo Caetano Reis e Sousa, "uma das drogas que pode ser usada para bloquear a produção da PGE2 é a aspirina, assim como outros inibidores das cicloxigenases, que são as enzimas que levam a essa produção".

O estudo verificou uma "profunda sinergia" entre a imunoterapia e a aspirina, ou seja, verificou-se que, ao eliminar a produção de PGE2, as células que cresciam com tumores em ratinhos foram rejeitadas exclusivamente por células do sistema imunitário.

"Achamos que isto será uma maneira de aumentar a potência destas novas drogas e que pode melhorar e diminuir efeitos secundários, permitido o uso de doses menores ou possibilitando ter resultados mais depressa para não ter de sujeitar os doentes a um regime prolongado de administração dessas drogas", afirmou.

O próximo passo será fazer ensaios clínicos com humanos que permitam confirmar a eficácia desta tratamento em humanos, o que não será imediato.

"Os medicamentos são muito caros e não se pode fazer no âmbito de um laboratório académico, precisamos de colaborar com uma das empresas farmacêuticas que tenham interesse neste campo e que nos ofereça a droga para fazer esse ensaio clínico", justificou.

Até lá, alertou, é "bastante perigoso" as pessoas experimentarem voluntariamente e sem conselho médico este regime devido ao risco de efeitos secundários.

Caetano Reis é líder de grupo do recém-criado Instituto Francis Crick, depois de 17 anos ligado ao Cancer Research UK, instituição britânica de apoio no combate ao cancro.

Em 2009 foi condecorado pelo Presidente da República, Cavaco Silva, com o título de oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada.

Apesar da importância do estudo publicado pela revista Cell, uma das publicações científicas mais conceituadas, o português recusou que se esteja a revolucionar o tratamento do cancro.

"Isto é uma evolução, não se deve usar a palavra revolução para todos os avanços que há neste campo. O que é uma revolução clara é este conceito de que o sistema imunológico pode controlar o cancro e que o cancro bloqueia esse controlo, mas que há drogas que podem ser utilizadas para desencadear a resposta, isso tem sido realmente uma revolução", argumentou.

Neste momento, saudou, há combinações de imunoterapias com uma taxa de resposta de 60% em cancros que eram considerados incuráveis.

"Este estudo é mais uma evolução desse conceito porque mostramos que há outras vias que até agora não tinham sido descobertas que podem levantar este bloqueio da resposta imunológica e podem ser usadas para aumentar a eficácia desses tratamentos", disse.

Após bons resultados
A política de drogas em Portugal, marcada pela descriminalização do seu consumo, tem despertado "enorme" interesse...

"A decisão da descriminalização é aquilo que tem dado maior visibilidade à política portuguesa [de drogas], mas que, do meu ponto de vista, não é sequer o essencial, porque as políticas nesta área caracterizam-se por uma abordagem abrangente que vai desde a prevenção e tratamento, no qual o Estado Português fez um esforço significativo e o mantém, às políticas de redução de danos e de reinserção social", afirmou o diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão.

Nos últimos anos, as infeções pelos vírus da VIH/SIDA, uma "calamidade" em Portugal, baixaram "muito", tal como as mortes por 'overdose', o número de pessoas a consumir drogas diminuiu e o início do seu consumo, pautado nos 12 e 13 anos, foi retardado, adiantou ao Jornal de Notícias à margem da conferência "Política de Drogas em Portugal", no Porto.

João Goulão realçou que os progressos feitos nesta área foram "enormes" porque, a título de exemplo, há anos havia 1% de pessoas dependentes de heroína, hoje há menos de metade e a sua maioria estão em programas de tratamento.

"Estamos a tratar de um problema de saúde e não de um problema de preponderância criminal", referiu.

A descriminalização do consumo de drogas em Portugal entrou em funcionamento há 14 anos, depois de a lei ter entrado em vigor a 1 de julho de 2001.

Apesar de fazer um balanço muito positivo da aplicação das políticas de droga no país, João Goulão assumiu que ainda há "muito" a fazer e alterar, porque o problema não está resolvido na sociedade, como não o está em nenhuma do mundo.

Concordando com o facto da política de drogas em Portugal estar "muito desenvolvida" e ser uma "referência", a psicóloga e membro da equipa técnica da Comissão de Dissuasão da Toxicodependência do Porto, Purificação Anjos, alertou que os recursos humanos estão a ser "depauperados".

"É importante que o investimento feito até aqui nesta área não se torne em desinvestimento", considerou.

Na sua opinião, a evolução foi "grande", mas a crise económica fez aumentar o consumo de substâncias ilícitas e lícitas (álcool e tabaco).

"Os números mostram uma diminuição de substâncias ilícitas, mas com oscilações porque, em períodos de crise, houve um aumento dos consumos mais complicados e mais problemáticos, associados à figura do toxicodependente", salientou.

Segundo Purificação Anjos, as fragilidades sociais provocam angústia nas pessoas e o consumo de substâncias é a forma que, muitas delas encontram, para aliviar esse estado de espírito.

"Há pessoas que recorrem ao médico, outras a substâncias ditas de rua", disse.

Primeiros testes
O medicamento PrEP destina-se a pessoas com comportamentos de risco. O primeiro estudo abrangeu 650 pessoas, que usando o...

O medicamento PrEP, que previne a contração do VIH, foi alvo dos primeiros testes empíricos. Segundo o Observador, uma equipa de investigadores estudou o efeito do medicamento em 650 pessoas e os resultados foram positivos. Os testes duraram 32 meses e incidiram sobre indivíduos com comportamentos de risco. Desses 650, quase todos foram homens que têm relações sexuais com outros homens.

Os participantes desenvolveram outras doenças sexualmente transmissíveis durante o período experimental. Porém, de acordo com a revista Time, revelaram-se nesse período imunes à contração de VIH. O PrEP foi aprovado em 2012 pela agência governamental norte-americana Food and Drug Administration. Segundo a Centers for Disease Control and Prevention, o medicamento pode reduzir o risco de infeção do VIH em 92%, se devidamente tomado.

Em Julho de 2014, a Organização Mundial de Saúde fez pela primeira vez uma “forte recomendação” aos homens saudáveis que tenham relações sexuais com outros homens para tomarem medicamentos que previnam a contração do vírus.

OMS
Dois casos de poliomielite em crianças pequenas foram confirmados na Ucrânia, o que ocorre pela primeira vez na Europa desde...

A doença, que causa uma paralisia total ou parcial, foi detetada em duas crianças, de quatro anos e de dez meses, na região da Transcarpátia (sudoeste da Ucrânia), segundo um comunicado da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“É o primeiro caso de poliomielite na Europa desde 2010”, precisou um porta-voz da organização em Genebra, Oliver Rosenbauer.

Em 2010, foram registados 14 casos de pólio na Rússia, alguns deles na parte europeia do país, a oeste dos Urais. Os casos estavam relacionados com um surto no Tajiquistão e no Afeganistão, país onde a doença continua a ter uma prevalência importante.

Na Ucrânia, precisou, é “o primeiro caso desde 1996”.

A OMS considera no entanto que o risco de contaminação internacional é fraco, apesar de aquela região fazer fronteira com a Roménia, a Hungria, a Eslováquia e a Polónia.

A Ucrânia está especialmente exposta ao risco de surgimento do vírus da poliomielite porque a taxa de vacinação contra esta doença é de apenas 50% das crianças, segundo a associação Polio Global Eradication Initiative.

O Ministério da Saúde ucraniano admitiu por seu lado que os problemas relativos à vacinação existem desde 2008.

O vice-ministro da Saúde, Igor Pereguinets, disse à agência France Presse que o risco de contágio continua a ser elevado tanto para as crianças como para os adultos, na medida em que, devido “ao baixo nível de imunização”, o vírus sofreu “numerosas mutações”.

O responsável apontou como causas da situação “a falta crónica de financiamento” e as campanhas anti-vacinação desencadeadas em 2008 após a morte de uma criança que recebera uma vacina contra o sarampo.

O país recebeu na primavera, “a título de ajuda humanitária”, vacinas contra a poliomielite que “cobrem as necessidades daqui para a frente”.

A poliomielite foi considerada erradicada a 99% pela OMS até o vírus reaparecer na Somália em 2013.

Nesse ano, a OMS classificava apenas três países onde a doença era endémica – Afeganistão, Nigéria e Paquistão -, contra mais de 125 em 1988.

Especialista alerta
A motivação para alterar de estilo de vida é baixa entre aqueles que têm excesso de peso, uma doença que exige ajuda médica e...

"As pessoas têm de perceber que a obesidade e excesso de peso é uma doença", afirmou a coordenadora do programa Peso da Saúde, Ana Macedo, e exemplifica: "quando uma pessoa tem diabetes não tem dúvida de que tem de ir ao médico, vigiar a doença e tomar os medicamentos".

No entanto, quando a pessoa tem excesso de peso ou obesidade "acha que grande parte da culpa é sua", depois os médicos "valorizam isto pouco e, muitas vezes não sabem como abordar o assunto e as pessoas acham que isto se resolve sozinho", referiu.

O programa Peso da Saúde percorreu mais de 20 praias do país, incluindo os Açores, apelando à participação de voluntários e cerca de mil tiveram a sua composição corporal avaliada, ao mesmo tempo que recebiam uma explicação sobre a caracterização do seu peso e respondiam a algumas questões.

No final, foram retiradas algumas conclusões e a médica apontou que "à pergunta se estavam dispostas a mudar o seu estilo de vida, a motivação é muito baixa", já que menos de metade das pessoas diz estar motivada.

Este assunto "não se resolve de outra maneira", por isso, a especialista transmitiu a sua preocupação e defendeu ser necessário começar por motivar os portugueses.

"Apesar de tudo, hoje temos fármacos eficazes para tratar doenças [como diabetes ou hipertensão] e não temos uma oferta muito específica e eficaz no que à obesidade diz respeito, temos muitas, mas todas elas carecem, antes de mais, de um compromisso da pessoa numa coisa que é muito difícil que é mudar hábitos", alertou a coordenadora do programa.

Como reconheceu, "é difícil, mas "existe uma solução e tem de passar por uma maior grau de informação, primeiro do risco, e as pessoas têm de ter consciência de que o excesso de peso é um risco, fez-se isso com o tabaco, tem de fazer-se em relação ao excesso de peso".

Por outro lado, é necessário começar a consciencializar as pessoas de que "precisam de ser ajudadas por um profissional de saúde" para escolher a estratégia para emagrecer, afastando a ideia da "dieta milagrosa", que, segundo Ana Macedo, "continua a existir", nomeadamente na publicidade, que em três meses se resolve o assunto.

Ora, alertou a médica, a solução não é tão rápida e "há um trabalho individual, feito no consultório, seja pelo médico ou pelo nutricionista, há um trabalho social", ou seja, como é que enquanto sociedade é incorporado este problema.

E "um número reduzido de pessoas falou com o médico sobre este assunto", só cerca de 23% daqueles com excesso de peso ou obesidade diz já ter ido ao médico, o que "é muito pouco", e continuam a fazer a gestão da doença sozinhas, transmitiu Ana Macedo.

O programa Peso da Saúde, cujo balanço é apresentado na quinta-feira, é uma ação de educação e sensibilização para alertar os adultos para os danos do excesso de peso e para as doenças graves que pode causar.

Especialista diz
Metade de um grupo de mil portugueses tem excesso de peso ou obesidade, mas somente um em cada 10 tem consciência de ser obeso,...

Ana Macedo coordenou o programa Peso e Saúde que percorreu mais de 20 praias do país, incluindo os Açores, apelando à participação de voluntários que tinham a sua composição corporal avaliada, ao mesmo tempo que recebiam uma explicação sobre a caracterização do seu peso e respondiam a algumas questões.

Com base nestes dados, a coordenadora avançou algumas conclusões do trabalho, que irá ter algum seguimento num estudo nacional a ter lugar a partir de setembro, com questionários à população.

Do total das cerca de mil pessoas que participaram no programa, "10,5% têm uma classificação como obesas, isto é, têm um índice de massa corporal superior a 30, que é o que estávamos à espera para o país", disse a médica responsável da 'Keypoint', entidade que desenvolveu o programa Peso da Saúde.

Os dados recolhidos "batem certo" com o conhecimento de Portugal nesta matéria e metade dos adultos têm excesso de peso ou obesidade, ou seja, têm mais que 25 de massa corporal, e entre 10 a 12% têm mais que 30.

"O que me espanta não é estes 10%, é que quando perguntamos à pessoa como classifica o seu peso, só 1% é que se classifica como tendo obesidade. As pessoas não têm consciência [desta situação], ou não sabem ou não assumem, para nós fica a dúvida, mas há um trabalho importante a fazer", realçou Ana Macedo.

Uma das conclusões do projeto Peso da Saúde é que "apenas um em cada 10 participantes obesos sabe que é obeso".

Ao contrário, "as pessoas dizem que têm excesso de peso, isso as pessoas sabem, há 41% dos participantes que afirmam que tem excesso de peso e temos 39% com excesso de peso", acrescentou.

Esta situação, apontou a coordenadora do projeto, pode estar relacionada com o desconhecimento entre o que é ter excesso de peso e o que é ser obeso, além "da parte social e do estigma de ser uma pessoa obesa".

As pessoas sabem que o excesso de peso e obesidade aumentam o risco de outras doenças pois 70% dizem que contribui, ou seja, salientou a médica, "dois em cada três sabem que ter excesso de peso faz mal", mas "não têm consciência crítica em relação a si próprios".

Quando a questão é o efeito na imagem de cada um, as pessoas com excesso de peso desvalorizam o efeito no seu dia-a-dia, não havendo grande diferença entre as respostas de homens e mulheres, 24% dos participantes diz que é importante, ou seja, "uma em cada quatro pessoas com excesso de peso diz que isso interfere com a sua vida profissional", referiu Ana Macedo.

Se a pergunta é sobre a relação conjugal ou as relações íntimas, aquela percentagem sobe para 35%.

A especialista destacou a adesão das pessoas, apesar de estarem de férias e de não ser agradável o problema do excesso de peso, principalmente para os "afetados", o que considerou relevante dada a importância da sensibilização para o assunto e da motivação.

"Pensaram sobre o assunto certamente e até se motivaram o suficiente para dizer: eu vou fazer diferente, sabemos que muitas destas decisões são muito efémeras, mas algumas vão ficar e numa situação como a obesidade em que é tão difícil as pessoas mudarem alguma coisa porque é difícil mudar estilos de vida, esse é um dado extremamente importante", resumiu.

O balanço do programa Peso da Saúde é apresentado na quinta-feira, em Lisboa, numa sessão que conta com a presença do diretor geral da Saúde, Francisco George.

Encontro científico
Sabia que a vitamina D não é uma vitamina mas uma pro-hormona que atua no sistema e organismo humano (Vitamina D ou Hormona D)?...

Qual o papel da suplementação de Vitamina D? Porquê e para quem? Estas foram algumas das questões e temas como a influência da vitamina D na saúde cardiovascular dos portugueses, em debate no encontro intitulado “Défice de Vitamina D num país de sol”, que se realizou no passado dia 4 de Julho, na Fundação Oriente, com o apoio da Jaba Recordati.

No encontro estiveram presentes profissionais de saúde numa discussão multidisciplinar sobre a “previsão do estado do tempo: saudável em todo o país” que contou com a participação de Manuel Teixeira Veríssimo1 na qualidade presidente da reunião com os oradores e especialistas António Marinho2, Carlos Aguiar3, Jorge Polónia4, José Pereira da Silva5 e Viriato Horta6.

Após proferidas as boas-vindas a assistente a moderadora do encontro científico fez uma pequena introdução lançando a questão central na perspetiva clinica da necessidade de falar sobre este tema – vitamina D num País de Sol? – lançando o repto ao professor Teixeira Veríssimo que presidiu a reunião.

Parece que a vitamina D serve para tudo e está em todos os tecidos, e a sua deficiência causa transtorno em quase todos os órgãos e doenças. Porquê esta preocupação agora a nível nacional e mundial? Poder-se-á falar  de um Inverno da Vitamina D?

Seguiram-se breves introduções ao tema “Quo Vadis” Vitamina D pelos diferentes intervenientes/oradores. Na perspetiva reumática e osteoarticular (incluindo hiperparatiroidismo) o Prof. Pereira da Silva, na perspetiva do risco cardiovascular e doenças auto-imunes e virais, o Dr. António Marinho, na perspetiva dos cuidados primários e redução de risco o Dr. Viriato Horta, na perspetiva farmacodinâmica de como atua no nosso organismo a Vitamina D, o Prof. Jorge Polónia e finalmente na perspetiva cardiovascular, o Dr. Carlos Aguiar.

Existem duas fontes essenciais de vitamina D e duas formas de atuar no organismo. A hormona é a mesma mas atua de formas diferentes no nosso organismo por diferenciação da célula:

1.       Sol – por exposição solar os raios UVB é capaz de ativar a síntese desta substância. O sol é responsável por 80 a 90% desta produção

2.       Alimentações – apesar de estar presente em alimentos de origem animal, sobretudo peixes gordos, lacticínios, ovos, iscas de fígado, estes alimentos não possuem a quantidade de vitamina D que o organismo necessita (aporte muito pequeno seria necessário comer toneladas para garantir melhoria do aporte alimentar de V2 e V3).

A Vitamina D pode ser sintetizada pelo organismo, através da pele, daí poder dizer-se que se trata de uma hormona - Hormona Colecalciferol. A otimização da produção cutânea de vitamina D (colecalciferol) está dependente dos níveis de radiação de UVB, dos tipos de pele (escala de 1 a 6), tempo de exposição solar de acordo com tabelas publicadas (tempo sub-eritema) e utilização de protetores solares (a partir de nível 10 já bloqueia 90% de vitamina D, serão necessários 20 a 30 minutos e não fazer escaldão).

Alguns dos benefícios e usos da Vitamina D:

- Fortalece os ossos. Esta hormona é necessária para a absorção do cálcio pelos ossos. Pode ser responsável pelo raquitismo na infância e pela osteoporose nos adultos.
- Fortalece os músculos. A fraqueza muscular nos idosos e as quedas frequentes estão muitas vezes associadas à deficiência de Vitamina D.
- Importante na gravidez: a sua falta, no primeiro trimestre da gravidez pode levar a interrupção involuntária da gravidez e no final da gravidez pode ser responsável por pré-eclâmpsia.
- Para controlar e prevenir a diabetes. A produção de insulina pelo pâncreas requer Vitamina D. Alguns estudos mostraram que, em crianças, o risco de desenvolverem diabetes tipo1 pode ser muito reduzido com um suplemento desta vitamina.
- Protege o coração, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares e permite um maior controle da Hipertensão arterial.
- Tratamento de doenças auto-imunes, como por exemplo o Lúpus ou a Artrite reumatóide. A vitamina D é um imunoregulador que inibe seletivamente o tipo de resposta imunológica que provoca a reação contra o próprio organismo. O tratamento de doenças auto-imunes com vitamina D é recente, mas é visto por especialistas como um grande avanço da medicina. Esta substância mostra um efeito anti-inflamatório nestas doenças.
- Prevenção e tratamento de alguns tipos de cancro. A falta de Vitamina D favorece o aparecimento do cancro da mama e próstata, entre outros.
- Doença de Alzheimer.
- Outras patologias, como a dismenorreia e a enxaqueca.

Doseamento e défice de vitamina D
A vitamina D é única entre as vitaminas, pois funciona como uma “hormona” e pode ser sintetizada na pele a partir da exposição à luz solar. Portugal é um país de sol e está assumido no senso comum que todos podem ter acesso os níveis de vitamina D adequado. Para sintetizar a vitamina D nas doses diárias necessárias e evitar a carência da substância, seria necessário uma exposição solar diária entre 15 e 20 minutos sem ou com proteção U.V. inferior a 8 (um protetor  com fator 8 inibe a retenção de vitamina D em 95% e um fator maior praticamente inibe toda a produção da substância). Os braços e pernas devem estar expostos, pois a quantidade de vitamina D que será absorvida é proporcional à quantidade de pele que está exposta.

O problema é que grande parte do ano não nos expomos ao sol e só os meses de verão não são suficientes para cobrir as necessidades sobretudo de quem vive no meio urbano. Também as pessoas de pele escura e os idosos necessitam de um período mais alargado de exposição ao sol para cobrirem as necessidades e carências de vitamina D. A questão da carência de vitamina D nos casos dos idosos e com o envelhecimento da população levou o Professor Teixeira Veríssimo a destacar o conceito de “Frailty” ou síndrome de Fragilidade (muito comum nos idosos com mais de 75 anos e associado ao aumento de risco de quedas).

Evidências recentes correlacionam níveis insuficientes de vitamina D ao desenvolvimento ou agravamento de algumas patologias crónicas aumentando o seu risco, tais como doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, demência e osteoporose, entre outras.

Como é possível saber se temos défice de Vitamina D? Através de uma análise de sangue, podemos ter este indicador. Trata-se de uma análise comparticipada já prescrita por muitas especialidades (doseamento da 25-hidroxivitamina D), sobretudo a doentes de risco (pessoas com pouca exposição solar, pele escura, idosos, grávidas e lactantes, mulheres pós-menopáusicas, obesos, insuficiência hepática e ou renal, doentes auto-imunes, etc.). Pessoas que se expõem pouco são sobretudo os que se encontram institucionalizados, acamados e em países onde se usa muita roupa.

Quando tomar suplemento de Vitamina D?
Como quase todos os suplementos e, apesar da baixa toxicidade, não devem ser tomados suplementos de Vitamina D sem o aconselhamento médico. Quando o doseamento da 25-hidroxivitamina D é inferior ao valor recomendado, o médico, além de recomendar a tal exposição ao sol de 15 a 20 minutos por dia, pode aconselhar uma suplementação de Vitamina D.

A segunda parte do encontro foi marcada pelo debate sobre o tema tendo intervenções individuais de cada um dos palestrantes sobre a problemática da Vitamina D e os benefícios de suplementação.

Existe atualmente uma consciência conjunta da importância da Vitamina D na saúde pública e a preocupação já é à escala mundial pois, mesmo nos países onde há muito sol, como é o caso de Portugal, existe deficiência desta hormona (98% dos idosos com mais de 65 anos tem défice). Mas a vitamina D não é vista ainda como prioritária. Em Portugal, mesmo os médicos tomam menos suplementos de vitamina D e outros do que em outros países embora já peçam análises.

A discussão científica em torno dos benefícios da suplementação de vitamina D é atual e está cientificamente aceite. É importante referir que na maioria dos casos, os estudos ainda são recentes e apesar da grande variabilidade não são suficientes para que as conclusões finais sejam tiradas, ou seja, a eficácia dos dados experimentais ainda está por comprovar em grandes estudos controlados. A área de reumatologia está mais estudada e a cardiovascular menos estudada.

No final houve espaço para os palestrantes deixarem uma recomendação para a prática clínica quotidiana e as take home messages. A deficiência de vitamina D é causa e consequência de doenças como as auto-imunes que criam resistência à absorção, sendo portanto importante na prevenção da doença e de quedas no caso dos idosos e transversal a várias patologias como a fraqueza muscular a nível cardíaco.

Faltam estudos médicos e científicos mas trata-se de um problema social e de saúde pública. O défice de vitamina D é regra nos idosos, ou seja, a prevalência da deficiência de vitamina D é praticamente constante em idosos. Além do idoso há muitos medicamentos que interferem com síntese da vitamina D no organismo. Nos diabetes tipo I a precocidade da suplementação é fundamental. Trata-se de um problema prevalecente associado a várias patologias e sintomas e recomendam suplementação pelos benefícios e pela intervenção segura. Em tom de provocação foi mesmo referido em jeito de conclusão que não choca pensar que grande parte da população portuguesa precisa de suplementação. 

 

1Professor Manuel Teixeira Veríssimo atual presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e tem como competência a subespecialização em geriatria e regente da cadeira (CHUC – Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra) e está ligado à American Geriatric Society.
2Dr. António Marinho – Médico de Medicina Interna da Unidade de Imunologia Clínica do Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto (HSA-CHP), está ligado à Sociedade Portuguesa de Medicina Interna como coordenador núcleo doenças auto-imunes. Tem uma afinidade científica muito grande com as doenças auto-imunes, destacando a lúpus e o papel da vitamina D neste tipo de doentes.
3Carlos Aguiar Cardiologista e Councillor of the Board da Sociedade Europeia de Cardiologia (SEC) e ex- secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Cardiologia
4Dr. Jorge Polónia, Professor de Medicina, Departamento de Medicina da Faculdade Medicina da Universidade do Porto e Consultor de Medicina e Hipertensão Arterial e Risco Cardiovascular, Hospital Pedro Hispano, Matosinhos com a Especialidade: Medicina Interna, Farmacologia Clínica
5O Dr. José António Pereira da Silva dedica-se à prevenção e tratamento das doenças reumáticas, Director do Serviço de Reumatologia do H. S. Maria
6Dr. Viriato Horta, especialista de Medicina Geral e Familiar na Clínica Europa

DGS
O combate à larva dos mosquitos foi intensificado no Algarve, sobretudo em tanques de água com matérias orgânicas, após ter...

“Houve um reforço dos mecanismos de luta antilarvar dos mosquitos, com a aplicação de larvicidas, com especial incidência nos tanques de água com matéria orgânica, de forma a interromper uma eventual cadeia de transmissão na fase larvar”, disse o diretor-geral de saúde, Francisco George.

De acordo com o responsável, os resultados das análises para confirmação ou não da infeção de um homem residente no Algarve com o vírus do Nilo Ocidental, “só deverão ser conhecidos dentro de uma semana”.

Segundo Francisco George, o homem, com cerca de 70 anos, “teve alta”, depois de ter sido tratado no hospital de Faro, sublinhando que “os testes de confirmação estão a ser feitos e os resultados devem ser conhecidos dentro de uma semana”.

O caso provável de infeção pelo vírus do Nilo, transmitido pela picada de mosquito, num residente no Algarve, levou a Direção-Geral de Saúde (DGS) a recomendar na segunda-feira às autoridades e à população que tomem medidas preventivas.

O diretor-geral de saúde crê que “não há riscos acrescidos neste momento”, frisando que “estão a ser tomadas todas as medidas de prevenção”.

Francisco George disse ainda que os serviços de veterinária "estão também a exercer ações de vigilância e controlo, uma vez que o mosquito pode transmitir a infeção a animais, sobretudo cavalos".

A DGS aconselha a população a implementar medidas de proteção, com a redução da exposição corporal à picada do mosquito, usando repelentes e redes mosquiteiras.

Segundo a DGS, o vírus não se transmite de pessoa para pessoa, mas "unicamente por picada de mosquito do género Culex" podendo, "em 20% das infeções, provocar doença febril com manifestações clínicas ligeiras, que raramente pode evoluir para meningite viral".

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