Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra
Pedro Costa, investigador, utilizou moléculas de gordura e proteínas para melhorar o tratamento de uma forma de tumor cerebral...

Nos últimos quatro anos, Pedro Costa, investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, recorreu moléculas de gordura e proteínas para tornar o tratamento de uma forma de tumor cerebral altamente maligna, o glioblastoma, mais eficaz, fruto das descobertas científicas que foi fazendo ao longo desse período, escreve o Sapo. “Foi demonstrado que nanopartículas compostas por moléculas de gordura, às quais se junta uma proteína que reconhece especificamente células tumorais, entregam de forma eficiente pequenas moléculas terapêuticas (ácidos nucleicos) a essas células”, explica.

Quais as vantagens?
“Uma droga utilizada em quimioterapia poderá ser encapsulada nestes veículos de transporte, permitindo que uma maior quantidade chegue ao tumor. Desta forma, estes veículos poderão potenciar a quimioterapia e ajudar a diminuir os efeitos secundários nos órgãos saudáveis”, esclarece o especialista.

Qual é o próximo passo?
“Estamos [em 2015] numa etapa precoce de estudos pré-clínicos (em animais de laboratório), com vista a maximizar a eficiência desta terapia, o que poderá acontecer nos próximos dois a três anos. Este passo será essencial, pois teremos de obter um efeito antitumoral mais forte antes de avançar para ensaios clínicos, o que só deverá acontecer dentro de oito a dez anos”, adianta Pedro Costa.

Descodificador de termos:

- Glioblastoma
Forma altamente maligna de tumor cerebral que reduz a vida dos doentes para 12 a 15 meses, após diagnóstico.

- Ácidos nucleicos
Macromoléculas localizadas no núcleo das células.

- Nanopartícula
Partícula microscópica com dimensão inferior a 100 nanómetros (unidade de medida de comprimento do Sistema Internacional equivalente a um milionésimo de milímetro).

Em 2014
Ano passado registou a maior entrada de doentes na lista de inscritos. 22 mil pessoas esperam mais do que o tempo recomendado.

649 386. Foi o este o número de doentes que entrou no ano passado na lista de inscritos para cirurgia (LIC), o maior desde 2006 de acordo com os dados de Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), a que o Diário de Notícias teve acesso. Foi também o ano com mais operações realizadas (perto de 550 mil), mantendo-se a mediana de tempo de espera de 3 meses (em 2013 era de 2,8 meses). Houve uma redução para 12% do número de doentes que esperou mais do que os nove meses de tempo máximo recomendado - era de 12,8% em 2013. O ano terminou com 184 mil pessoas na lista de espera.

Para alguns doentes ainda é demais. "Um em cada dez utentes espera mais de 9,1 meses pela cirurgia. Este valor tem melhorado nos últimos anos", refere o relatório. Em 2006, um em cada dez doentes esperava 25 meses pela operação. Há uma década a mediana de tempo de espera era de 6,9 meses e 43,5% dos utentes estavam na lista há do que o tempo máximo de resposta garantido. Embora o tempo seja menos, no ano passado ainda houve 22 mil doentes em lista cujo tempo máximo de resposta foi ultrapassado. Quando se olha para as doenças, obesidade continua a ser a pior. A mediana é de seis meses de espera e um terço dos doentes aguarda há mais do que o recomendado.

O acréscimo de inscritos pode ser explicado pelo aumento da população envelhecida, mais doente e a precisar de cuidados maiores. O relatório fala de "uma maior pressão sobre a capacidade produtiva das instituições, resultante da conjugação de mais entradas com casos mais complexos", o que levou à criação, neste ano, de um programa especial com 22 milhões de euros para a realização de mais 16 mil operações no segundo semestre. A aposta é no ambulatório, que no ano passado representou 55,5% das cirurgias realizadas.

Marta Temido, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, afirma ao Diário de Notícias que se tem "conseguido milagres todos os dias" nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). "Apesar de todas as dificuldades de estímulos e meios materiais, há uma grande resiliência. Mas não é infinitamente elástica. Isso é motivo para ter algum receio", aponta.

A administradora salienta que há um comportamento que mostra estabilidade, sobretudo num período muito difícil, mas alerta que será complicado responder a mais procura. "Estamos a viver à custa das nossas gorduras e o stock de ineficiências reduziu-se e com uma população a precisar cada vez mais de cuidados curativos. Estes dados mostram também que não há uma redução na procura de cuidados, que as pessoas estão mais doentes. E esta é uma linha que se vai manter. Temos de apostar na prevenção, que é a forma mais eficaz de descer os números", refere.

Quanto ao aumento de cirurgias, dos 550 mil doentes operados, 505 mil foram-no no SNS, 18 mil no convencionado e 26 mil nos hospitais protocolados. Em relação a 2013, o SNS fez mais 3279 cirurgias e o convencionado mais 2421. Marta Temido diz que o setor convencionado é complementar e deve apoiar o SNS quando não há capacidade instalada. Mas há uma parte do trabalho que é feita fora do SNS.

"Quem pode, neste momento, foge do SNS por duas razões: as condições hoteleiras e os nove meses, que apesar de ser o tempo recomendado pode ser o suficiente para alguns doentes irem para outro sítio", aponta. Segundo o relatório, 91 300 episódios com proposta cirúrgica foram retirados da lista de inscritos por razões pessoais, clínicas ou por terem sido intervencionados na urgência ou noutras instituições.

Quanto aos resultados do primeiro semestre de 2015, parecem apontar para uma manutenção da tendência de estabilidade. Nos primeiros seis meses do ano entraram 338 591 pessoas na lista de inscritos para cirurgia, valor ligeiramente inferior ao do mesmo período de 2014. O número de utentes nesta lista era de 192 mil, mais 13 mil doentes do que no período homólogo. A mediana de tempo de espera estava nos três meses e a percentagem de inscritos que ultrapassaram o tempo máximo de resposta garantido era de 11%. Estes dois últimos valores são semelhantes aos de 2014. Obesidade continua no topo da lista das piores.

Universidade de Coimbra
Investigadores da Universidade de Coimbra estão a realizar os primeiros estudos em Portugal para conhecer a evolução dos...

O Departamento de Ciências da Vida (DCV) e do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Universidade de Coimbra (UC) estão a realizar “os primeiros estudos paleoparasitológicos em Portugal”, anunciou aquela universidade.

A paleoparasitologia estuda os vestígios de parasitas em populações antigas para fornecer informação que, além de explicar “o surgimento e a evolução dos parasitas e dos seus hospedeiros humanos, pode ser útil para melhor entender e lidar com algumas patologias da atualidade”, refere a UC.

Os investigadores têm estado a analisar sedimentos recolhidos em esqueletos humanos adultos (homens e mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 70 anos), desde o século VIII até ao século XX.

Os primeiros resultados conhecidos sugerem que a população portuguesa, particularmente da região de Lisboa, “tinha menos verminoses que outras populações da Europa”, fenómeno cujos motivos são desconhecidos, mas que pode dever-se a uma “alimentação diferenciada ou mais saudável”.

Através de amostras, retiradas da cavidade pélvica dos esqueletos, foram identificados e quantificados os parasitas intestinais existentes, tendo sido verificado que “o número de ovos presentes – entre cinco e 50 por grama de sedimento de cada indivíduo – é muito inferior ao de outros povos da Europa, em que alguns estudos indicam a presença de centenas ou milhares de ovos de parasitas por humano”, afirma Luciana Sianto, investigadora principal do estudo.

Os parasitas identificados têm sido “essencialmente ‘ascaris lumbricoides’ e ‘trichuris trichiura’ (lombrigas), parasitas comuns que são transmitidos de humano para humano”, acrescenta a investigadora do CIAS.

Estes e outros dados obtidos no âmbito do estudo, com coordenação local de Ana Luísa Santos, serão associados a resultados de alguns países da América, da Ásia, da África e de Europa.

Para consolidar informação sobre os parasitas, a equipa de investigadores envolvidos no projeto quer analisar o maior número possível de amostras e, pede, por isso, a colaboração da comunidade científica nacional da área (arqueologia e antropologia) para o fornecimento de material, cuja recolha exige alguns cuidados e para a qual elaborou um manual de procedimentos (https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/28760/1/Sianto%2Band%2BSantos%2B2014.pdf).

Intitulado “Paleoparasitologia em Portugal - os caminhos dos parasitos”, o estudo é cofinanciado pelo programa brasileiro Ciência sem Fronteiras (CNPq) e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

Com 78% dos votos
Alexandra Bento foi ontem reeleita Bastonária da Ordem dos Nutricionistas com 78% dos votos expressos. De acordo com os...

Num ato eleitoral que contou com a participação de 55% dos membros da Ordem dos Nutricionistas, a “Lista A – Unidos pelo Futuro”, liderada pela atual Bastonária, contou também com a maioria dos votos para os restantes órgãos que foram igualmente ontem a eleição.

Para o Conselho Jurisdicional da Ordem, a Lista A obteve 75% dos votos, enquanto que a “Lista D – Unidos somos mais Nutrição” registou 21% dos votos expressos. Já no que toca ao Conselho Geral da Ordem, a Lista A conquistou 29  dos 40 mandatos disponíveis, ao passo que os restantes 11 mandatos foram conquistados pela Lista D.

De salientar que este foi apenas o segundo ato eleitoral na história da Ordem dos Nutricionistas, estabelecida em 1 de janeiro de 2011. Foi Alexandra Bento quem iniciou o seu processo de criação em 1998, enquanto presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, período após o qual assume funções como primeira Bastonária da história da Ordem dos Nutricionistas.

Alexandra Bento, nutricionista, inicia o seu segundo mandato de Bastonária já no próximo dia 1 de novembro, data que assinala a tomada de posse dos órgãos nacionais que compõem a estrutura a Ordem dos Nutricionistas.

Os resultados completos do ato eleitoral de ontem podem ser consultados no site da Ordem dos Nutricionistas (www.ordemdosnutricionistas.pt).

Associação Nacional das Farmácias
A realização de dermatoscopias nas farmácias é o objeto do projeto vencedor do Prémio João Cordeiro – Inovação em Farmácia 2015...

O júri - presidido por Diogo de Lucena - atribuiu a este projeto o prémio principal pela forma como tenta conciliar a acessibilidade das farmácias com a inacessibilidade dos utentes a uma consulta de Dermatologia, de modo inovador e objetivo. Para além disso, Foi também valorizada a possibilidade de internacionalização e a aposta nas novas tecnologias de informação na resposta a uma deficiência há muito identificada na área da saúde.

Na génese deste projeto estão João Júlio Cerqueira, médico de medicina geral e familiar, e David Monteiro, engenheiro civil, que revelaram que o prémio, no montante de 20.000€, irá ser investido na obtenção de 18 máquinas de dermatoscopia e no desenvolvimento de software de gestão de dados.

Além do reconhecimento principal, a Associação Nacional das Farmácias (ANF) premiou projetos em mais duas categorias:

No campo da Responsabilidade Social venceu o projeto de voluntariado farmacêutico Cura+, dinamizado por Joana Carvalho e Sara Baptista, alunas do 4º ano do Mestrado Integrado de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Porto. O Cura+ pretende minimizar as dificuldades económicas no acesso a medicamentos sujeitos a receita médica, procedendo à sinalização dos utentes beneficiários em parceria com uma instituição particular de solidariedade social, os quais serão depois financiados por utentes solidários. O júri valorizou o impacto social do projeto e a importância atribuída às farmácias na intervenção social como assistente imprescindível do sistema de saúde.

Na categoria de Comunicação Social venceu a reportagem “Até Voares”, da autoria da jornalista Ana Leal e emitida no dia 22 de junho na TVI. A peça conta a história inspiradora do farmacêutico João Almiro e da “Casa das Andorinhas”, onde o fundador do laboratório farmacêutico Labesfal e proprietário de uma farmácia em Campo de Besteiros convive com pessoas excluídas, numa vida dedicada a dar a mão, teto e tudo de si a quem se encontra numa situação social bastante fragilizada.

Os Prémios João Cordeiro são uma iniciativa anual da ANF, e destinam-se a apoiar projetos originais no âmbito da intervenção e do conhecimento em Saúde, que incentivem à inovação e desenvolvimento das farmácias portuguesas. Conta com um conjunto de características que o tornam único em Portugal: pelo impacto prático e valor real acrescentado no universo das farmácias, por ser dirigido a entidades de qualquer setor profissional e não só a farmacêuticos, e por não premiar realizações passadas mas projetos a concretizar.

Ao atribuir ao Prémio o nome de João Cordeiro, a ANF presta também homenagem à visão empreendedora do líder histórico das farmácias, para que o seu exemplo seja um estímulo ao desenvolvimento do setor.

Este ano estiveram a concurso 29 projetos, que foram avaliados por um júri independente, presidido por Diogo de Lucena e composto por um conjunto de personalidades de relevo em várias áreas. 

Estudo indica
Os emigrantes portugueses estão entre os grupos com maior risco de sofrer de falta de vitamina D, uma carência que pode...

Os investigadores do instituto público luxemburguês analisaram uma amostra de 1.432 adultos, representativa da população residente no Luxemburgo, incluindo portugueses, que correspondem a 10% do grupo estudado.

O estudo conclui que mais de 80% da população no Luxemburgo tem falta de vitamina D, estando "os residentes de origem portuguesa ou de países extra-comunitários entre os grupos mais vulneráveis", que incluem também fumadores, obesos e pessoas que não consomem álcool.

De acordo com as conclusões, 85,6% dos portugueses têm níveis de vitamina D inferiores aos recomendados, contra 69,6% dos luxemburgueses.

Quase um quarto dos portugueses no Luxemburgo (22,7%) sofrem de avitaminose ou de carência grave, uma percentagem que no caso dos luxemburgueses e de outros imigrantes europeus ronda os 15 %.

A vitamina D é obtida principalmente pela exposição ao sol, através da ação dos raios ultravioleta, sendo os alimentos "insuficientes para fornecer os níveis de que o corpo precisa", disse uma das autoras do estudo, Ala'a Alkerwi.

Os investigadores não sabem "por que razão os portugueses, os fumadores ou os obesos têm maior risco de sofrer de falta de vitamina D", e vão conduzir um segundo estudo para investigar as causas desta carência.

"Estamos a organizar um segundo estudo com a mesma amostra, para obtermos informação sobre a exposição ao sol ou as atividades ao ar livre destes grupos, e saber também se usam protetor solar, que impede a vitamina D de ser sintetizada", disse a investigadora.

A falta de vitamina D aumenta o risco de doenças cardiovasculares, osteoporose, doenças imunológicas e alguns tipos de cancro, e os emigrantes portugueses devem estar particularmente atentos à possibilidade de carência, alertou a investigadora.

"Os doentes [de grupos de risco] devem discutir com os médicos de família a possibilidade de fazerem análises aos níveis de vitamina D, uma a duas vezes por ano. Em caso de carência, devem ser tratados com suplementos orais", recomendou.

Este é o primeiro estudo conduzido no país sobre carência de vitamina D, considerado "um problema de saúde pública, não só no Luxemburgo, como em todo o mundo".

"O Luxemburgo, apesar das condições climáticas desfavoráveis à exposição solar, era até aqui um dos poucos países europeus sem informação nacional sobre os níveis de vitamina D", indicam os autores do estudo.

Investigador diz
O académico David Ingleby, responsável por vários projetos de investigação sobre a saúde de migrantes e refugiados a nível...

Numa conferência na Reitoria da Universidade do Porto sobre “Complexidade – Conversas Interdisciplinares”, Ingleby, que tem participado em projetos sobre as condições de acesso a cuidados de saúde dos migrantes, disse que “não há generalizações possíveis acerca da saúde de migrantes”, uma vez que “grupos particulares podem ter problemas particulares em áreas particulares”, consoante as condições de vida.

“Isso é importante porque estão a formar a nova subclasse na Europa”, disse Ingleby, conselheiro da Comissão Europeia para as migrações, mobilidade e acesso dos cidadãos à saúde, de acordo com a nota biográfica da Universidade do Porto.

Sobre a situação atual dos refugiados provenientes do Médio Oriente e de África que procuram assistência na Europa, David Ingleby disse que a crise “começou há três anos, mas ninguém reparou”, lembrando que, em 1992, havia mais requerentes de asilo a entrar na Europa do que agora.

“Isso resolveu-se sem grande histeria ou má gestão, mas desta vez parece ser um verdadeiro desafio e vai causar um período crítico na política europeia. Penso que a equação entre migrantes e diversidade é enganadora. Não se reduz a diversidade simplesmente ao remover os migrantes”, disse Ingleby, que sublinhou que a principal razão para a crise atual é que a Europa decidiu que “não quer mais diversidade”.

Desta forma, para o professor da Universidade de Amesterdão, “não é necessária mobilidade física para penetrar noutro território”, realçando que a mobilidade física a nível global não aumentou desde a década de 1960.

“Se se pretende reduzir a diversidade não é suficiente fechar as fronteiras. Também tem de se desligar a Internet. Talvez se possa ir para a China se se quiser isso”, disse Ingleby.

O exemplo da hepatite C – Custos, Preços e Patentes
Foi apresentado, na sede da Organización Médica Colegial em Madrid, um estudo elaborado por autores portugueses e espanhóis,...

Os autores Pedro Pita Barros, especialista em Economia da Saúde, Fernando Lamata, médico psiquiatra, Rámon Gálvez, médico neurologista e Javier Sánchez Caro, especialista em Direito da Saúde colocam em evidência o acesso aos novos medicamentos com especial referência aos preços praticados, abordando ainda a temática das patentes concedidas às novas moléculas.

“Pela primeira vez nos países chamados de ‘rendimentos elevados’, um grupo substancial de doentes não teve acesso a um medicamento (vários milhões na União Europeia) por causa do preço. As pessoas afetadas fizeram chegar os seus protestos aos governos, aos tribunais de justiça e ao Parlamento Europeu, exigindo o direito aos cuidados de saúde de que necessitam. O problema da ‘barreira do preço’ do qual já padeciam os países com rendimentos médios e baixos para tratar várias doenças, torna impossível o acesso de muitos doentes aos medicamentos ou obriga os sistemas de saúde a suportar uma despesa de tal modo elevada que colocam em risco a sua própria funcionalidade e estabilidade a médio e longo prazo. O que é certo é que os elevados preços dos novos antivirais para a hepatite C, os quais foram incluídos pela OMS na lista de medicamentos ‘essenciais’, chamaram a atenção para o modelo utilizado para estabelecer os preços dos medicamentos. Tal parece ter rompido um equilíbrio que é necessário recuperar.”

Pode consultar o estudo aqui.

Infarmed
A autoridade do medicamento suspendeu o uso dos implantes testiculares Kiwee, que desde 2010 foram aplicados em 850 portugueses...

De acordo com uma circular do Infarmed, foi a empresa que distribui os implantes (Coloplast Portugal) que “comunicou a suspensão voluntária” da distribuição destes dispositivos.

Isto porque o produtor dos implantes (empresa Silimed) viu recentemente ser suspenso o certificado CE.

“Esta decisão por parte do organismo notificado alemão, que auditou a fábrica no Brasil, resultou da verificação da existência de partículas não previstas na superfície de alguns dispositivos”, lê-se em circular do Infarmed.

Ângelo Maria, gerente da Coloplast Portugal, disse que a empresa decidiu suspender a distribuição dos implantes “por uma questão de ética”.

Isto porque não há registo de perigos para a saúde da pessoa implantada.

Ainda assim, a empresa anunciou um conjunto de cinco referências destes implantes que devem ser colocados em quarentena, além da suspensão da sua implantação.

Também por “medida de precaução”, o Infarmed determinou “a suspensão da utilização dos implantes testiculares Kiwee”.

Compostos por gel ou silicone sólido, os implantes testiculares destinam-se a corrigir casos de má-formação congénita, traumatismo e lesão testicular mórbida.

Em Portugal, há registo do implante de 850 dispositivos desta marca, desde 2010.

Em Espanha
Uma equipa de investigadores portugueses do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto foi...

A equipa, que trabalha no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), é liderada por Hugo Prazeres e integra também os investigadores Catarina Salgado, Paula Soares e João Vinagre.

O projeto de investigação Uromonitor desenvolveu "um ensaio ultra-sensível de diagnóstico hospitalar" que, ao contrário do teste tradicional de deteção do cancro da bexiga - que introduz uma sonda pela uretra até à bexiga (Citoscopia) - "é não invasivo", pelo que é menos desconfortável para o utente.

"O prémio reconhece a aposta na materialização do conhecimento gerado em investigação científica em instituições nacionais num produto ou serviço com utilização clínica que traz benefícios para os doentes e uma significativa redução de custos", explicou o investigador Hugo Prazeres.

Por outro lado, Hugo Prazeres salienta que a decisão de concorrer ao prémio everis faz parte de uma estratégia da equipa para ter apoio de eventuais investidores, para que possam obter financiamento para lançar o Uromonitor no mercado global.

O "chairman" da entidade que atribuiu o prémio de 60 mil euros à equipa do IPATIMUP, o português António Brandão de Vasconcelos, considerou que "é um grande orgulho ver um projeto português obter o primeiro prémio".

"A Fundação everis tem distinguido [nos últimos 14 anos] projetos de elevado valor, que pressupõem um grande conhecimento e investigação [...]. Este é sem dúvida o reconhecimento da qualidade da investigação que é feita hoje em Portugal, que pouco a pouco se tem vindo mostrar para o mercado", sublinhou.

O projeto Uromonitor foi o primeiro classificado de um total de 400 trabalhos admitidos a concurso.

Como vencedor do Prémio Empreendedores, o projeto da equipa do IPATIMUP participará nos Prémios Ibero-americanos para a Inovação e Empreendedorismo, convocados pela Secretaria Geral Ibero-americana.

No Porto
A transferência de colaboradores e equipamentos para o novo edifício construído de raiz para as atividades do I3S – Instituto...

“É uma mudança em grande escala. São cerca de mil pessoas e grandes equipamentos que é preciso transferir”, sublinhou a fonte, referindo que o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) “está praticamente instalado”.

O I3S, que foi classificado como “Excecional” pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, resulta da comunhão de três dos mais reconhecidos institutos de investigação da U.Porto: o Instituto de Biologia Molecular e Celular, o Instituto Nacional de Engenharia Biomédica e o IPATIMUP.

O edifício de 14 mil metros quadrados, totalmente dedicado a laboratórios e serviços de investigação, com ligação ao atual edifício do IPATIMUP, que será reconvertido para salas de aula, para mestrados e doutoramentos, auditórios e serviços administrativos do I3S.

Trata-se de uma empreitada orçada em 21,5 milhões de euros, dos quais 18 milhões foram financiados por fundos comunitários no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte, o “ON.2 – O Novo Norte”.

Lançado em 2008, o I3S irá albergar cerca de 250 investigadores doutorados, com um total de mais de 700 funcionários, e irá centrar-se em áreas chaves para o desenvolvimento de respostas aos novos desafios na área da saúde, como as Doenças Neurodegenerativas, Cancro, Doenças Infeciosas e Medicina Regenerativa.

A inauguração oficial do edifício estava prevista para novembro mas, de acordo com a fonte, foi adiada para depois das eleições presidenciais.

Instituto Nacional de Estatística
Cerca de 70% das pessoas em risco de pobreza e em privação material não têm capacidade financeira para realizar exames e...

“O acesso aos cuidados de saúde constitui uma variável importante para a avaliação da inclusão social e bem-estar das pessoas”, refere o inquérito, divulgado a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala no sábado.

Segundo os dados, em 2014, 5,5% da população com 16 ou mais anos referiu que, em pelo menos uma ocasião, necessitou de cuidados médicos e não os recebeu, e 18,8% necessitou de cuidados dentários e não os recebeu.

A falta de disponibilidade financeira foi a principal razão apontada para a não realização dos exames e tratamentos médicos (53,5%) ou dentários (82,5%) necessários, o que atinge particularmente as pessoas em situação de maior vulnerabilidade.

Esta situação “assumiu proporções bastante significativas”, tendo sido referida por 73,6% das pessoas que se encontravam simultaneamente em risco de pobreza e em privação material relativamente a exames ou tratamentos médicos, e 96,4% relativamente a exames ou tratamentos dentários”, salienta o Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com os dados sobre saúde recolhidos pelo Inquérito às Condições de Vida e Rendimento em 2014, 46% das pessoas com 16 ou mais anos avaliou a sua saúde como boa ou muito boa, enquanto 35,7% classificaram-na de razoável e 18,3% “má ou muito má”.

O estudo verificou que os homens tendem a referir uma avaliação boa ou muito boa com maior frequência (50,6% em 2014) do que as mulheres (42,0%) e o contrário para as autoavaliações de má ou muito má (14,5% no caso dos homens e 21,6% no caso das mulheres).

Aponta ainda que 35,2% da população residente com 16 e mais anos referiu ter alguma limitação (severa ou não) no desempenho das suas atividades devido a problemas de saúde, sendo a idade um fator relevante para o aumento desta proporção (67,9% para a população idosa em 2014).

O INE observa que o “risco de pobreza aumenta com a existência de algum tipo de limitação”: O risco de pobreza de 21,5% para as pessoas que referiram algum tipo de limitação foi superior ao das que referiram não terem limitações (16,7%).

Os dados recolhidos em 2014 sobre os rendimentos do ano anterior referem também que “o aumento do risco de pobreza em 2013 foi transversal a todos os grupos etários, todavia com diferentes grandezas".

As crianças foram o grupo populacional em que o risco de pobreza foi mais elevado: 25,6% contra 19,1% para a população em idade ativa e 15,1% para a população idosa.

“Esta condição tem vindo a manter-se desde 2007, e registou importância acrescida em 2012 e 2013, em que o risco de pobreza infantil foi, respetivamente, de 24,4% e 25,6%, ou seja, mais 5,7 pontos percentuais (p.p.) e mais 6,1 p.p. do que a população em geral”, observa o INE.

As famílias constituídas por um adulto com uma ou mais crianças e as famílias com três ou mais adultos com crianças foram as mais afetadas pelo aumento da pobreza

Em 2013, a população em idade ativa continuou a ser o segundo grupo mais afetado pelo aumento do risco de pobreza, com um valor de 19,1%, ou seja, mais 0,7 p.p. do que o valor relativo a 2012 (18,4%).

"Agora Não Podemos Parar"
O UNICEF lançou, em Madrid, a campanha mundial "Agora Não Podemos Parar" para combater a subnutrição infantil,...

No Dia Mundial da Alimentação, que se celebra hoje, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Ciência e Educação (UNICEF) adianta que a ideia é melhorar as condições de vida das crianças mais vulneráveis.

No comunicado, o Comité Espanhol do UNICEF realça que a subnutrição aguda é "grave" e que continua a pôr em perigo mais de 17 milhões de crianças em todo o mundo e é responsável por mais de metade das mortes na faixa etária entre os zero e os cinco anos.

"A subnutrição infantil tem efeitos devastadores na infância", sublinhou o presidente do Comité Espanhol do UNICEF, Carmelo Angulo, que apelou à união da sociedade na luta contra esta "tragédia crónica".

A campanha de combate à subnutrição incide sobretudo na prevenção, através de ações de sensibilização, mas também através de oferta de, entre outros produtos, suplementos alimentares, tratamentos terapêuticos e leite a hospitais e centros de saúde.

A campanha prevê ainda maior trabalho das organizações da sociedade civil com comunidades locais sobre hábitos alimentares e promoção do leite materno.

O UNICEF recordou que campanhas anteriores desta natureza, em colaboração com Governos e organizações da sociedade civil, permitiram, entre 2000 e 2013, diminuir a subnutrição cónica no mundo de 33% para 25%.

Em 2014, a agência das Nações Unidas apoiou mais de 2,3 milhões de crianças subnutridas em situações de emergência humanitária.

Em 2015
Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução prepara novas recomendações. Em Coimbra, o número de mulheres a fazer esta opção...

O número de mulheres com cancro que opta por guardar os seus ovócitos ou tecido ovárico para a eventualidade de querer ser mãe no futuro ainda é pequeno para a realidade nacional, mas a tendência está a mudar, assegura a presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR). Só no centro de Teresa Almeida Santos, o Serviço de Medicina da Reprodução do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, já houve 31 mulheres a tomar esta opção neste ano. Desde 2008 tinham sido só 115. A especialista acredita que o valor será ainda melhor em 2016, quando estiverem no terreno as orientações para a preservação da fertilidade em doentes com cancro, que a SPMR está a preparar em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO).

A preservação da fertilidade nos casos oncológicos é um dos temas centrais das Jornadas Internacionais de Estudos da Reprodução, que começam nesta sexta-feira e que terminam sábado, em Guimarães. No encontro será apresentada uma versão preliminar das guidelines nacionais que a SPMR e a SPO estão a preparar e que se prevê que estejam concluídas no início de 2016. Além de traçar um perfil nacional dos centros preparados para preservar os óvulos e espermatozóides dos doentes com cancro, a ideia é dar orientações mais claras sobre as situações em que os tratamentos oncológicos comprometem a fertilidade e ajudar os profissionais de saúde a tomar decisões. Estima-se que quase 10% dos cancros sejam diagnosticados antes dos 40 anos, com 300 a 400 mulheres a poderem beneficiar desta opção todos os anos.

O documento, explica Teresa Almeida Santos ao jornal Público, conta com orientações destinadas tanto às mulheres como aos homens, assim como aos casos pediátricos. Há também vários aspetos éticos e legais que são abordados. “O grupo que tratamos mais especificamente é o do cancro da mama. É o cancro mais frequente nas mulheres e atinge uma percentagem significativa de mulheres em idade reprodutiva, pelo facto de as pessoas protelarem cada vez mais a primeira gravidez”, frisa a também professora da Faculdade de Medicina de Coimbra.

“Temos neste momento um risco acrescido de uma mulher jovem ter um diagnóstico de cancro da mama com necessidade de quimioterapia ou de hormonoterapia que se prolonga por cinco anos, antes de a mulher ter completado o seu projeto reprodutivo ou até de ter engravidado pela primeira vez”, acrescenta a médica. Para Teresa Almeida Santos, “esta é a grande população” a quem é preciso dar “resposta imediata”, até porque, insiste, no caso dos homens a preservação da fertilidade é mais simples e feita de forma mais alargada.

“As pessoas têm de ser alertadas para a possibilidade de preservação e tomar uma decisão, ou mais tarde arrependem-se por não terem sido informadas ou por não terem tido oportunidade de decidir. No contexto de cancro não se pode decidir muita coisa, mas isto os jovens podem decidir”, sublinha. A especialista congratula-se, por isso, com a subida registada nos últimos dois anos no Serviço de Medicina da Reprodução do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra: “Até meio de 2015 tivemos tantos doentes [a optar por preservar] como em 2014. Há um crescimento exponencial que não é devido ao crescimento exponencial dos tumores mas a um maior conhecimento e referenciação. Estamos no bom caminho.”

Das 182 mulheres que foram atendidas naquele serviço desde 2008, houve 115 que decidiram preservar a sua fertilidade. No caso dos homens o número supera os 300. Já em 2014 foram atendidas 55 doentes, das quais 30 preservaram a fertilidade. Em 2015 o valor já foi ultrapassado, tanto em número total de doentes como nos que avançaram, com 27 a criopreservarem ovócitos e quatro o tecido ovárico – o dobro da média dos anos anteriores. Questionada sobre se o sistema tem capacidade de resposta para preservar mais material, a presidente da SPMR assegura que sim e adianta que o que tem falhado é uma referenciação mais precoce dos casos e mais informação aos doentes. “Se a doente não for referenciada cedo pode não haver tempo para o tratamento de estimulação ovárica, que no mínimo demora duas semanas e que é exigente e implica deslocações ao hospital”, diz.

Outro dos problemas está no custo dos medicamentos que, em parte, tem de ser suportado pelas mulheres. Por agora, informa a médica, conseguiram um acordo com uma farmacêutica para os fármacos serem cedidos gratuitamente a mulheres com cancro. Do lado da informação, Teresa Almeida Santos assegura que também têm dado passos, nomeadamente criando panfletos para o grande público e uma linha telefónica (800 919 040) especificamente destinada a este tema.

A presidente da SPMR explica, ainda, que o documento ajuda a estimar a probabilidade de infertilidade gerada com cada tratamento oncológico. No caso dos homens considera que é fácil e barato preservar esperma, pelo que essa deve ser sempre a opção a seguir. Nas mulheres o procedimento já terá de ser avaliado com mais cuidado, uma vez que a criopreservação implica tratamentos de estimulação com recurso a hormonas e que exigem algum tempo. Além dos tumores da mama, Teresa Almeida Santos adianta que as recomendações poderão ajudam mais pessoas com leucemias e linfomas a beneficiar desta opção – já que, a par com os tumores ósseos e o cancro do testículo – estes são as neoplasias mais comuns nas camadas mais jovens da população.

Nutricionista diz
Nas cantinas escolares não basta ter pratos bons do ponto de vista nutricional, é preciso que sejam também "apetecíveis...

A obesidade infantil parece estar a estabilizar em Portugal, mas as crianças aos dois anos já têm consumos alimentares pouco saudáveis. Por isso é preciso atuar nos jardins de infância, sublinha o diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), Pedro Graça. No Dia Mundial da Alimentação, que se celebra esta sexta-feira, o nutricionista faz um balanço positivo dos mais de três anos e meio deste programa prioritário da Direção-Geral da Saúde (DGS), mas admite que ainda há muito a fazer num país em que mais de metade da população adulta tem peso a mais ou sofre de obesidade.

Apesar da alteração de paradigma - “o excesso de peso passou a ser percecionado como um problema de saúde” -, e mesmo sabendo que a alimentação inadequada é a determinante que mais anos de vida saudáveis rouba aos portugueses, na prática não parece ser fácil “transformar isto em ação”, lamenta.

A boa notícia, segundo o jornal Público, é a de que as três mais recentes avaliações efetuadas na população em idade escolar (seis/oito anos) - 2008, 2010 e 2012/13 - indicam que há “um abrandamento e estabilização da obesidade”, apesar de continuarmos com uma das prevalências mais elevadas da Europa. Assumindo que esta estabilização é um dos indicadores “mais gratificantes”, Pedro Graça nota que é preciso deixar passar mais tempo.

A cautela entende-se. Os resultados de recentes estudos conduzidos por duas equipas de investigação (da Universidade Católica e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto) permitiram perceber que em idades precoces (dois, três anos) as crianças já “têm consumos alimentares nada saudáveis”, frisa. Aos dois anos, por exemplo, “17% já consome bebidas açucaradas, sobremesas e doces diariamente”.

Mas se o açúcar é um tóxico, um dos “quase venenos” a evitar, o sal é o outro grande “inimigo”, enfatiza. Nestas idades, em "87%" dos casos estudados encontraram-se valores acima do máximo tolerável de sódio (cinco gramas por dia).

Aproveita, a propósito, para chamar a atenção para um acordo que passou quase despercebido, por ter sido assinado poucos dias antes das eleições legislativas, entre as associações de empresas de distribuição, de consumidores e de restaurantes e vários ministérios. Comprometeram-se a, durante o próximo ano, reduzir em 4% a oferta de sal e ir diminuindo este valor gradualmente até chegar a 5 gramas/dia em 2025 (agora é de 11 gramas/dia).

Nas cantinas faltou o marketing
Já nas cantinas escolares conseguiu-se ter “uma oferta nutricional de elevada qualidade, mas faltou fazer o marketing”, reconhece Pedro Graça. O resultado é que “os miúdos dizem: não presta, não sabe a nada”, enquanto em redor das escolas há “uma oferta alimentar de muito má qualidade”. Uma das soluções poderá passar por ter pratos não apenas “bons do ponto de vista nutricional, mas ao mesmo tempo apetecíveis, do ponto de vista do aspeto e do paladar”.

Vai mais longe ao defende que é “um desafio” para os diretores das escolas conseguir que muitos alunos comam nas cantinas. Mas põe sobretudo a ênfase no papel das famílias, dos pais, que a partir de sexta-feira vão passar a ter acesso a mais uma ferramenta informática que as poderá ajudar a fazer escolhas saudáveis nas escolas.

Destaca outra ferramenta que pode ajudar a tomar decisões saudáveis e que começa a estar disponível em todo o lado, graças à normativa europeia que obriga a indústria a colocar rótulos nutricionais nos produtos alimentares (até ao final deste ano).É “uma revolução”, frisa.

Desde que o programa da DGS arrancou, também se conseguiu incentivar o consumo do pequeno-almoço, mas falta obter resultados expressivos na qualidade da primeira refeição. “As taxas de consumo do pequeno-almoço ultrapassam os 90% mas ainda é pequeníssima a percentagem dos que comem fruta ou bebem sumo” pela manhã, ou seja os que tomam um pequeno almoço “adequado”.

Além das crianças, outro grupo prioritário é o dos idosos. A informação ainda é muito escassa mas Pedro Graça acredita que dentro de um ano e meio será possível ter “um mapeamento do estado de desnutrição” dos mais velhos, graças a estudos que já estão em curso, porque é necessário perceber se estão a ter alimentação saudável, nomeadamente os que vivem em instituições.

Sobre o impacto da crise económica, Pedro Graça também é cauteloso. “Provavelmente a sociedade portuguesa tem mecanismos de resiliência e adaptação ao stress alimentar ou foram usadas almofadas de adaptação, o que pode ter permitido atenuar o impacto da crise”, afirma. Mas há outras hipóteses, especula. Podem não estar a ser usadas “as formas de monitorização mais adequadas” ou o impacto poderá sentir-se “só daqui a oito ou nove anos”.

Há açúcar escondido em alguns alimentos. O resultado? Cáries
“Há açúcar escondido em alguns alimentos? Há! Por exemplo no ketchup e no pão dos cachorros e dos hambúrgueres”. O alerta aparece em cartazes que estão a ser distribuídos pelos consultórios dentários, escolas e unidades de saúde do país. Foi para chamar a atenção para a relação entre os alimentos que ingerimos e a saúde oral que a Direção-Geral da Saúde (DGS) decidiu este ano distribuir nove mil cartazes “apelativos”.

“Sabemos hoje que existe uma relação entre o desenvolvimento da cárie dentária e a frequência de ingestão de certos alimentos ou bebidas açucaradas”, avisa a DGS, que aposta nesta iniciativa para assinalar o Dia Mundial da Alimentação, em conjunto com a Rede de Bibliotecas Escolares, o Plano Nacional de Leitura e a Ordem dos Médicos Dentistas.

Chegar às famílias é a prioridade. O diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, Pedro Graça, adianta também que, para envolver e apoiar os pais, a partir desta sexta-feira renova-se e alarga-se às famílias uma ferramenta informática que já existia, o SPARE (Sistema de Planeamento e Avaliação de Refeições Escolares), que ajuda a fazer escolhas saudáveis e é oferecida pela DGS e pela Universidade do Porto.

Também o site do programa (www.alimentacaosaudavel.dgs.pt) vai ser renovado a partir desta sexta-feira, agregando o blogue nutrimento (www.nutrimento.pt) que tem cerca de mil utilizadores por dia e mais de 400 mil visualizações desde que foi lançado, há um ano. O blogue disponibiliza sugestões para se comer barato que passam por adequar o tipo e corte de carne ao método de confeção, além de muitas receitas saudáveis.

Para encontrar receitas que além de saudáveis são baratas pode ainda consultar www.alimentacaointeligente.dgs.pt. “Como temos poucos recursos, investimos no digital, esta é uma forma de dar resposta às dúvidas e ansiedades das pessoas”, explica Pedro Graça.

Para ajudar a comer fora de casa, vai também ser lançado esta sexta-feira um manual de alergias alimentares.

Dia Mundial da Alimentação
A DECOJovem, da associação de defesa do consumidor DECO, desafiou as escolas a ajudar os alunos a escolher de forma sustentável...

O concurso 'Chef Fish', lançado a marcar o Dia Mundial da Alimentação, que hoje se assinala, convida as escolas a refletir sobre a temática da alimentação com atividades de sensibilização e informação lúdico-pedagógicas, escreve o Diário Digital.

Na edição deste ano da iniciativa todos os alunos, do 1º ciclo do ensino básico ao ensino secundário e profissional, podem participar e elaborar receitas originais, explica uma informação da DECO.

Os alunos podem pedir a ajuda dos professores e constituir equipas para produzir vídeos com receitas culinárias de pescado.

O objetivo é "sensibilizar a comunidade escolar e consequentemente as suas famílias, para a adoção de comportamentos mais sustentáveis, na escolha e consumo do pescado, em prol do respeito e preservação do oceano e dos seus recursos", mas também para a alimentação saudável, realça a associação de defesa do consumidor.

Os participantes podem utilizar vários elementos como material de apoio para compreender melhor a importância de escolher produtos do mar obtidos através de uma pesca sustentável, ou seja, que respeita os ecossistemas e os seus ritmos de reprodução, de modo a permitir a recuperação dos recursos.

Também estará disponível informação sobre a disponibilidade dos stocks marinhos, a melhor forma de escolher e conservar peixe, os novos rótulos relacionados com o processo sustentável ou com a origem.

O concurso vai ainda alertar para a importância do peixe numa alimentação saudável e equilibrada, nomeadamente através de pratos com alternativas diferentes, conjugando vários alimentos.

O projeto 'Chef Fish' é desenvolvido pela DECO e cofinanciado a 85% pelo EEA Grants, uma iniciativa que junta a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega no contributo para a redução das disparidades sociais e económicas entre países europeus.

Portugal excluído
A fome e a pobreza afetam 16% dos cerca de 250 milhões de lusófonos, excluindo Portugal, com Guiné-Bissau e Guiné Equatorial a...

Ao longo da última década, porém, Angola, Brasil e Cabo Verde têm melhorado os respetivos índices, com particular destaque para o país sul-americano que, em 12 anos, "desapareceu" do mapa mundial da fome (de 10% em 2002 para 1,7% em 2014), já abaixo do limite de 2,3%, considerado pela FAO o patamar de "erradicação", envolvendo, ainda assim, 3,4 milhões de pessoas, segundo dados do Governo.

Os casos mais extremos ocorrem na Guiné-Bissau e Guiné Equatorial, em que ambas registam três casos de pobreza por cada quatro habitantes, facto agravado por a primeira manter 45% dos 1,7 milhões de habitantes em pobreza extrema e de a segunda não conseguir obter melhorias nos resultados, apesar de ter o maior rendimento ‘per capita’ da África subsaariana.

A mesma situação acontece em Moçambique, onde o índice de pobreza, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), se manteve estável na última década, apenas com uma ténue melhoria, descendo de 54,7%, para 54% o total da população (de cerca de 26 milhões de habitantes) considerada pobre, o que representa pouco mais de mais de 13 milhões de habitantes.

Moçambique, aliás, referem o Banco Mundial (BM) e o FMI, "falhou" no objetivo de redução da pobreza, que deveria ter chegado aos 42% em 2014, embora ambos se mostrem otimistas face à diminuição da fome (de 56% no final da década de 1990 para 24% em 2014).

Os resultados práticos, porém, são trágicos, porque Moçambique regista uma média de 80 mil mortos por ano devido à desnutrição crónica, que afeta cerca de 40% da população.

Outra situação grave acontece em São Tomé e Príncipe. Um estudo do Governo com apoio da Organização Internacional o Trabalho (OIT) indica que 63% dos cerca de 195 mil habitantes é considerado pobre, com 14% deles em pobreza extrema e uma taxa de desemprego entre a população ativa a rondar os 70%.

Timor-Leste, por seu lado, tem reduzido gradual, mas também tenuemente, o índice de pobreza no país, segundo a FAO, em que, atualmente, cerca de 41,1% da população vive abaixo do limiar da pobreza, com a subnutrição a registar níveis mais animadores, descendo de 400 para 300 mil o número de subalimentados.

Caso relativo de sucesso passa-se em Angola, onde as estatísticas do FMI e do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica destacam o facto de que, em 2000, quase 92% da população vivia com menos de dois dólares/dia, valor que, dez anos mais tarde, baixou para 54%, prevendo-se que, em 2015, possa descer ainda mais, atingindo os 36,7%.

No entanto, indicam também os mesmos números, alguns deles contraditórios, há ainda entre 7,1 e 9,2 milhões de angolanos na pobreza.

Cabo Verde, segundo os dados das Nações Unidas, é o país lusófono que mais reduziu a pobreza crónica na última década e meia, passando de 49% na década de 1990 para cerca de 26% em 2014, reduzindo, também no mesmo período, a subnutrição crónica na faixa etária entre os zero e os cinco anos de 16% para 9,7% e a subnutrição aguda de 6% para 2,6%.

 

Hoje assinala-se o Dia mundial da Alimentação, tendo sido criada, nesta data, em 1945, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), enquanto a 17 de outubro comemora-se o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza.

Governo da Madeira
O Conselho do Governo Regional da Madeira aprovou a proposta de diploma que cria o programa de recuperação de listas de espera...

O decreto legislativo regional, que será submetido à aprovação da Assembleia Legislativa da Madeira, estabelece os princípios e objetivos do denominado Sistema Integrado de Gestão dos Inscritos em Cirurgia- Madeira, refere o texto da reunião do executivo madeirense que decorreu sob a presidência de Miguel Albuquerque.

Na área da saúde, o Conselho aprovou uma outra proposta legislativa que regula o exercício de funções dos médicos da área hospitalar, que sejam deslocados para assegurar a prestação de cuidados na ilha do Porto Santo.

O plenário do Governo decidiu aprovar uma resolução relativa ao regulamento de bolsas de estudo para novos cursos técnicos profissionais e garantir que os anteriores apoios concedidos não sejam considerados rendimentos dos agregados familiares.

O Governo insular deliberou um voto de louvor ao madeirense Cristiano Ronaldo pela conquista da quarta bota de outo, considerando que este feito marca, “uma vez mais, a sua brilhante carreira de desportista de dimensão mundial, o que muito honra a Região Autónoma da Madeira”.

O executivo decidiu ainda celebrar três contratos programa com entidades desportivas na ordem dos 232 mil euros para apoiar a participação de atletas nos campeonatos e provas regionais e nacionais.

Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde admitiu que pelo menos três pessoas morreram em resultado da infeção pela bactéria multirresistente...

“Ocorreram oito óbitos em doentes portadores de Klebsiella pneumoniae, dos quais três resultaram da infeção por esta bactéria”, refere um comunicado da Direção-Geral da Saúde (DGS).

No centro hospitalar de Gaia foram identificados, desde 7 de agosto, 30 doentes portadores da bactéria multirresistente Klebsiella Pneumoniae, uma bactéria multirresistente que terá surgido em consequência do uso de antibióticos, é de rápida disseminação, transmite-se pelo toque, sobrevive na pele e no meio ambiente e desconhece-se a sua durabilidade.

Sobre o surto de infeção do hospital de Gaia, a DGS garante que “foi já identificado o mecanismo de resistência da bactéria” e que “o surto está controlado e a evoluir para a resolução”.

Em comunicado assinado pelo diretor-geral da Saúde, Francisco George, é confirmado que desde o seu início “foram cumulativamente identificados 30 doentes portadores da bactéria” e que "atualmente estão internados 14 doentes nos quais foi isolada esta bactéria".

"No entanto, apenas um deles apresenta infeção”, acrescenta.

Refere ainda que “dos 13 doentes que são portadores da bactéria sem terem infeção, oito foram identificados através da pesquisa ativa conduzida pela equipa do Centro Hospitalar Gaia/Espinho”.

Segundo a DGS, aquela unidade “implementou medidas que permitiram a identificação precoce do caso índice [o primeiro], rastreio para identificação e isolamento de todos os doentes portadores ou infetados pela bactéria e estabeleceu medidas de controlo de infeção para evitar o aparecimento de novos casos de acordo com as normas do programa”.

O hospital suspeita que a origem do surto tenha sido numa doente que fez vários ciclos de antibiótico e que partilhou, no dia 29 de junho, a mesma unidade de pós-operatório com o primeiro paciente infetado.

Os rastreios e análise do percurso dos outros pacientes arrancaram no final de agosto e o último doente portador foi identificado no rastreio efetuado na passada sexta-feira.

 

“As infeções hospitalares têm sido alvo de medidas preventivas e de controlo em todo o país, incluindo, naturalmente, aquela unidade hospitalar no âmbito do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções de Resistência aos Microbiano”, salienta a DGS, referindo ainda estar a acompanhar a situação “em colaboração estreita” com o centro hospitalar Gaia/Espinho.

Estudo
Mais de 80% dos medicamentos não sujeitos a receita médica são comprados nas farmácias, em detrimento das parafarmácias, sendo...

Entre setembro de 2014 e agosto de 2015, a compra dos medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) atingiu os 1.060.299.036 euros, sendo que 82% provêm das farmácias, face aos 18% vendidos nas parafarmácias, indica o estudo da consultora IMS Health.

Relativamente só aos medicamentos vendidos fora das farmácias, o estudo destaca que 85% foram comprados em grandes superfícies, enquanto os restantes 15% foram adquiridos em parafarmácias independentes.

No mesmo período verificou-se um crescimento do segmento de MNSRM de 4,5%, em valor, face ao mesmo período dos anos anteriores. No entanto, este crescimento foi mais evidente nas farmácias (5,1%) do que nas parafarmácias (2,1%).

O mercado de MNSRM engloba produtos com classificação de medicamento e classificação de não medicamento (produtos de beleza e suplementos vitamínicos).

Do ponto de vista de peso relativo de cada uma das classificações dos MNSRM, os medicamentos representaram 38% das vendas em valor, no período em análise, sendo que os produtos de beleza e suplementos atingiram os 62%.

Relativamente apenas aos MNSRM classificados como não medicamentos, 497.530.530 euros corresponderam a vendas no canal Farmácia, face aos 155.037.427 euros registados nas parafarmácias.

Neste segmento, os produtos mais vendidos nas farmácias incluem as categorias de produtos de beleza feminina, unissexo e suplementos vitamínicos.

Já nas parafarmácias, os produtos de beleza feminina e produtos de beleza unissexo ocupam a mesma posição relativa face às farmácias, sendo os suplementos vitamínicos substituídos por produtos de cuidado capilar.

Quanto ao crescimento da venda destes produtos, as farmácias registaram um aumento em valor na ordem dos 5,8%. Tanto as parafarmácias independentes como as das grandes superfícies acompanharam esta tendência, com crescimentos em valor na ordem dos 1,2% e 6,3%, respetivamente.

Sobre o segmento de MNSRM classificados como medicamentos (quer de marca, quer genéricos), os produtos para tosse, constipações e resfriados, a par de analgésicos, produtos digestivos, instrumentos para medições/testes de diagnóstico e terapia dermatológica representaram aproximadamente 80% do negócio nas farmácias, num total de 287.888.398 euros.

Tanto nas farmácias como nas parafarmácias, a categoria de produtos para tosse, constipações e resfriados, é a que regista o maior número de vendas, em unidades e em valor.

Nas Farmácias, foram vendidas 13.818.611 embalagens nesta categoria, o que corresponde a 90.719.766 euros, sendo o paracetamol o mais vendido, atingindo os 16.247.574 euros, ou seja, 17,9% das vendas.

O paracetamol foi igualmente líder de vendas nas parafarmácias.

Quanto ao crescimento do segmento de medicamentos entre os MNSRM, o estudo refere um aumento de 4,7% em valor nas farmácias, tendência que também se registou nas parafarmácias das grandes superfícies, com uma subida de 2,7%.

Apenas as parafarmácias independentes registaram uma quebra das vendas, na ordem de 1%.

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