Estudo
Os açúcares produzidos pelas células tumorais são diferentes daqueles que produzem as células normais. Identificá-los pode...

Salomé Pinho e Celso Reis são investigadores do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) e dedicam-se ao estudo dos açúcares que revestem as células tumorais. O trabalho que têm desenvolvido e publicado nesta área valeu-lhes o convite da conceituada revista Nature Reviews Cancer para escreverem um artigo de revisão sobre o tema de trabalho.

“Este artigo reúne todos os resultados em que demonstrámos a importância inequívoca dos açúcares no diagnóstico, prognóstico e no tratamento do cancro. Foi o acumular de todas estas evidências, resultantes de décadas do nosso trabalho, que foi consagrado e reconhecido pela revista Nature”, explicou a investigadora Salomé Pinho, em comunicado de imprensa.

Os açúcares na superfície das células, escreve o Observador, são importantes nos processos celulares, na sinalização das células e na comunicação entre elas, assim como na dissociação das células tumorais, na formação de metástases e invasão de outros locais no organismo. Os glicanos, um dos tipos de açúcar na superfície das células, são produzidos de forma diferente pelas células normais e pelas células tumorais, e cada tipo de tumor terá também variações específicas destes açúcares.

Conseguir controlar essa produção pode condicionar o desenvolvimento e progressão do cancro. Os investigadores propõe que estes glicanos e respetivo processo de produção possam ser estudados como alvos dos tratamentos contra o cancro.

Em entrevista à SIC, Salomé Pinho revelou ainda que, como estes açúcares são libertados para fora das células, uma análise de sangue poderia identificá-los, permitindo fazer um diagnóstico precoce ou avaliando a progressão da doença.

Estudo
Os medicamentos usados para combater o tumor principal têm pouco ou nenhum efeito nas células das metástases que vão provocar...

Mais de 90% das mortes por cancro são causadas pela formação de metástases – células do cancro primário que viajam para outra parte do corpo e aí formam um novo cancro –, lê-se no artigo publicado na Nature. O objetivo do estudo coordenado por Zena Werb, investigadora na Universidade da Califórnia em São Francisco (Estados Unidos), era perceber como se ocorre o processo das metástases, para desenvolver novas estratégias terapêuticas que as combatam, escreve o Observador.

Normalmente os medicamentos contra o cancro ignoram as diferenças entre as células do tumor principal e as células das metástases, mas a equipa de Zena Werb descobriu que a expressão genética das células das metástases de cancro da mama era muito diferente do tumor principal e tinha semelhanças com as células normais da mama. “Testamos drogas pela sua capacidade de reduzirem os tumores principais, mas a maior parte simplesmente não funciona das metástases e isto deixa os doentes expostos à recidiva”, disse a investigadora, em comunicado de imprensa da instituição.

Por outro lado, saber que as células da metástase libertam certas moléculas quando se começam a multiplicar pode ser uma forma de identificar a sua presença e usar drogas que atuem diretamente sobre células que tenham este comportamento. Um medicamento testado pelos investigadores em ratos de laboratório, apesar de não ter qualquer efeito sobre o tumor principal, mostrou-se eficaz na eliminação das metástases. Esta era apenas uma prova de conceito, os investigadores não pretendiam mostrar se este era o medicamento mais eficaz no combate às metástases, tão só que estas células e o tumor principal têm de ser tratados de forma diferente.

Para os investigadores em cancro, prevenir que as metástases invadam outras partes do corpo é prioritário, afirma Andrei Goga, co-autor do estudo e investigador Universidade da Califórnia em São Francisco. “Mas na prática, quando se deteta o tumor, aquele ‘cavalo’ tanto pode estar fora do estábulo como não. Este novo estudo é entusiasmante porque se conhecermos a genética destas células iniciais da metástase podemos ir atrás delas especificamente onde quer que se encontrem no corpo.”

Como as células das metástases são diferentes das células do tumor principal, os investigadores consideram que estas se comportam como células estaminais –  células indiferenciadas que se conseguem multiplicar facilmente e que têm a capacidade de se transformar nas restantes células do organismo. Quer isto dizer que quando as células das metástases são semelhantes às células pré-cancerosas e que quando encontram um local de fixação se multiplicam e amadurecem em células mais diferenciadas.

Estas células que se libertam do tumor principal e viajam na corrente sanguínea podem começar a multiplicar-se imediatamente assim que encontram um novo tecido para colonizar ou ficar adormecidas durante meses ou anos, provocando um reaparecimento do tumor quando menos se espera. Uma das maiores dificuldades que os investigadores têm enfrentado no estudo destas metástases é que elas são muito difíceis de detetar.

Devon Lawson, primeiro autor do estudo e investigador na Universidade da Califórnia em Irvine, disse, em comunicado de imprensa, que ainda ninguém sabe como é que as células conseguem manter-se adormecidas durante tanto tempo, mas criticou que apenas 7% dos fundos de investigação em cancro da mama seja dedicado às metástases.

Em Portugal
Algumas unidades juntaram esforços para ligar cientistas e profissionais que trabalham na procura e aplicação de fármacos...

"A medicina translacional é essencialmente isso, conseguir interligar os dois parceiros que tradicionalmente estavam mais separados", ou seja, os profissionais que descobrem os medicamentos e aqueles que os ensaiam no hospital, disse um responsável do projeto, Manuel Carrondo.

O coordenador da unidade de investigação iNOVA4Health, que junta o iBET (Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica), instituições da Universidade Nova de Lisboa (ITQB, Faculdade de Ciências Médicas e CEDOC) e o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, salientou que, apesar de ciência e hospitais estarem cada vez mais próximos, ainda não chega aos níveis de outros países.

A relação entre os cientistas básicos, os que fazem o desenvolvimento e fabrico dos biofármacos e aqueles que fazem a aplicação e os utilizam junto dos doentes e a integração de alunos em doutoramento, as equipas clínicas estejam ligadas à investigação, o que "ainda é relativamente rara no caso português, mas já corrente em algumas unidades de investigação mundiais", como norte-americanas, alemãs, suecas ou inglesas, referiu Manuel Carrondo.

"O objetivo último é conseguir 'pendurar' as atividades que formos conseguindo desenvolver em conjunto em equipas mais largas internacionais, não apenas para arranjar mais dinheiro", mas também para ter contributos de empresas com as quais o IBET já tem parcerias, para aumentar visibilidade de Lisboa e "tornar país mais importante no mapa da saúde e biofarmacêutica internacional", realçou.

Este processo, explicou Manuel Carrondo, "começa a ter uma prática razoável e que vai aumentar com aquilo que se chama a medicina de precisão, em que se sabe muito melhor o que cada doente é e o que é mais correto e lhe pode ser aplicado como tratamento porque o diagnóstico é feito muito mais corretamente".

Com base em parcerias, organização e coordenação de algumas das atividades de cada unidade, o iNOVA4Health tem como meta conseguir desenvolver entre 15 e 20 projetos, nos próximos seis anos, e poderá envolver 40 a 50 investigadores.

Atualmente, estão oito projetos a arrancar, juntando competências de, pelos menos, duas daquelas unidades, avançou o coordenador do projeto e vice-presidente do iBET, acrescentando que o iNOVA4Health segue "grandes linhas de atividade que têm a ver sobretudo com doenças crónicas, com cancro e processos neurodegenerativos, e pode ir de aspetos específicos de doenças como aterosclerose até diabetes".

ONU
A ONU anunciou que conseguiu reunir 22,3 mil milhões de euros em contribuições prometidas por vários países para os próximos...

O valor (25 mil milhões de dólares) tem origem em promessas feitas por Estados-membros das Nações Unidas, organizações internacionais, empresas privadas, instituições de educação e de investigação e organizações não-governamentais.

Entre as contribuições destacam-se as prometidas por países como os Estados Unidos (3,3 mil milhões de dólares), Canadá (2,6 mil milhões), Suécia (2,5 mil milhões) e Alemanha (1,3 mil milhões), informou a ONU em comunicado.

No valor global incluem-se 6.000 milhões de dólares de contribuições em espécie e promessas de organizações não-governamentais com a World Vision International a disponibilizar 3.000 milhões de dólares e a Path 1.000 milhões.

“A estratégia global para a saúde das mulheres, crianças e adolescentes, que estou orgulhoso de lançar hoje, ajudará a construir sociedades resistentes e saudáveis”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

A iniciativa, apresentada à margem da cimeira das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável e objetivos do milénio, pretende ser um roteiro para acabar com todas as mortes evitáveis de mulheres, crianças e adolescentes antes de 2030.

Segundo as Nações Unidas, espera-se que as contribuições aumentem significativamente nos próximos anos e que sejam desenvolvidas novas políticas e ações de cooperação por parte dos 40 países e mais de 100 organizações internacionais, fundações, agências da ONU e companhias privadas que já estão incluídos no plano.

Estudo
Um investimento entre 87 mil e 165 mil milhões de euros poderia fazer com que o tratamento do cancro através da radioterapia...

Segundo um estudo publicado no The Lancet Oncology e apresentado no Congresso Europeu do Cancro de 2015, em Viena de Áustria, citado pela AFP, se os países de baixo e médio rendimento tivessem acesso maciço à radioterapia, seria possível salvar "cerca de 27 milhões de anos de vida" a pacientes com cancro.

Tal situação, refere o documento, traria um benefício económico entre 248 mil e 326 mil milhões através da poupança em tratamentos de saúde e maior produtividade.

Milhões de pessoas morrem de cancro tratável por causa de um "subinvestimento crónico" na radioterapia - que é altamente eficaz em termos de custos em relação a muitos medicamentos contra o cancro, disseram os autores.

"Há um equívoco generalizado de que os custos da prestação de radioterapia está fora do alcance de todos, mas apenas nos países mais ricos. Nada poderia estar mais longe da verdade", disse o autor Rifat Atun da Universidade de Harvard, em Boston.

"O nosso trabalho mostra claramente que este serviço essencial pode ser implantado com segurança e tratamento de alta qualidade em países de baixo e médio rendimento e que o investimento em larga escala é viável e altamente rentável".

Os especialistas descobriram que, em 2035, mais de 12 milhões de novos pacientes com cancro poderiam beneficiar de radioterapia - o acesso ao tratamento por parte das pessoas andam atualmente nos 40%-60%.

A situação é pior na países pobres, onde nove em cada dez pessoas não têm acesso à radioterapia. Em muitos países de África é "praticamente inexistente", e cerca de 40 países não possuem instalações de radioterapia de todo.

"Mesmo em países de alto rendimento, como o Canadá, Austrália e Reino Unido, o número de instalações de radioterapia, equipamento e pessoal treinado são inadequados", disseram os autores.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde das Nações Unidas, havia cerca de 14 milhões de novos casos de cancro em 2012 e 8,2 milhões de mortes. Este valor é suscetível de aumentar para 22 milhões de novos casos por ano dentro de duas décadas.

Estudo
Um estudo sobre mobilidade infantil em 16 países concluiu que Portugal está na cauda da tabela, e isso tem consequências graves...

“Estamos numa situação caótica. As nossas crianças estão fechadas, amarradas, em casa, não têm liberdade de ação, não vão a pé para a escola, não brincam na rua. Estamos a viver uma situação insustentável, o que designo por sedentarismo infantil”, disse o coordenador do estudo português, Carlos Neto, professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa.

O estudo português – Independência de Mobilidade das Crianças – data de 2012, mas só em agosto foi publicado, integrado num estudo internacional pelo instituto britânico Policy Studies Institute, denominado Independent Mobility: An International Comparison (Mobilidade Independente: Uma Comparação Internacional).

O estudo português concluiu que há alterações necessárias de políticas públicas “mais ousadas”, pensadas para as crianças para inverter a atual situação: políticas que permitam aos mais novos brincar e desfrutar do espaço exterior, que permitam uma maior harmonização entre a vida familiar, escolar e em comunidade, e políticas urbanas que incluam uma planificação “mais amiga” das crianças e as encare como parte integrante e participante da sociedade.

“[…] não temos cidades preparadas para as crianças. Não há qualquer convite à atividade física. […] Temos as crianças muito sentadas e pouco ativas. Precisamos de uma verdadeira revolução na forma como podemos tornar as crianças mais ativas e com mais saúde, física e mental”, disse Carlos Neto.

O coordenador do estudo defende que em Portugal as crianças têm cada vez menos liberdade para serem crianças e fazerem coisas necessárias ao seu crescimento como correr, nadar, dançar, subir às árvores. Afirma que se estão a criar crianças “imaturas e sedentárias” e que as consequências se vão pagar a médio e longo prazo.

“Não é só a obesidade, são também as doenças cardio-vasculares, as relacionadas com o foro emocional e afetivo, e, acima de tudo, com uma socialização difícil para as crianças do nosso país poderem fazer. Temos que mudar a escola, o estilo de vida das famílias. […] Estamos convencidos que isto tem consequências no sucesso escolar e no grau de felicidade das crianças, porque vão ter dificuldades de adaptação na vida adulta”, disse.

O professor da Faculdade de Motricidade Humana recordou que “estudos demonstram que crianças mais ativas e com maior socialização no recreio aprendem mais dentro da sala de aula, têm mais sucesso escolar”.

Um dos aspetos estudados neste trabalho, o trajeto casa-escola, mostra que apenas 35% das crianças com 8 ou 9 anos vão a pé para a escola e que nesta faixa etária nenhuma vai de bicicleta. As que são levadas de carro são a grande maioria (56%).

“Aqui vai tudo de carro para a escola. As crianças visualizam o espaço físico pelo vidro do automóvel. Estamos a criar uma situação desesperada. Valia a pena por isto em discussão em campanha eleitoral”, defendeu Carlos Neto.

Só por volta dos 12 anos a grande maioria das crianças portugueses inquiridas neste estudo (80%) teve permissão para ir sozinha para a escola, ou atravessar sozinha estradas municipais. Só aos 15 anos a maior tem autorização para andar sozinha de transportes públicas ou para circular de bicicleta sem supervisão em estradas principais.

O estudo demonstra também que as diferenças entre litoral e interior são cada vez mais esbatidas e que ao nível do sedentarismo os comportamentos são os mesmos.

Os 16 países que integraram este estudo foram, e por ordem de classificação em termos de mobilidade independente das suas crianças, a Finlândia, a Alemanha, a Noruega, a Suécia, o Japão, a Dinamarca, a Inglaterra, França, Israel, Sri Lanka, Brasil, Irlanda, Austrália, Portugal e Itália (empatados em 14º lugar) e África do Sul.

“O estudo português realizou-se em seis áreas diferentes de Portugal que se consideram ser representativas de cinco tipologias territoriais distintas: centro da cidade (centro de Lisboa); urbano (Matosinhos e Linda-a-Velha); suburbano (Brandoa), pequena cidade (Silves) e rural (Redondo). Nesta investigação participaram 16 escolas e 1099 crianças e respetivos encarregados de educação. […] questionários foram aplicados a crianças e jovens do 3º ao 10º ano de escolaridade, com idades entre os 8 e os 15 anos”, explica a ficha técnica do estudo.

Qualidade de serviços
O Instituto Português de Oncologia foi reconhecido como Centro Integrado de Oncologia e Cuidados Paliativos, uma certificação...

O anúncio das novas instituições certificadas, sendo o Instituto Português de Oncologia (IPO) o primeiro hospital do Serviço Nacional de Saíde a obter aquele certificado de qualidade, é feito numa sessão especial sobre centros integrados de oncologia e cuidados paliativos no âmbito do Congresso Europeu do Cancro.

O Congresso, que decorre em Viena, na Áustria, começou na sexta-feira e termina na próxima terça, estando o IPO representado pelo oncologista João Freire (que liderou a candidatura do IPO à certificação) e por Madalena Feio, coordenadora da Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos.

A distinção, disse fonte do IPO, é uma garantia de que os serviços prestados estão de acordo com os protocolos da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO).

O Instituto explica também que para a certificação foi necessário apresentar uma candidatura, que foi analisada por peritos de vários países. Os candidatos têm de preencher requisitos relacionados com qualidade mas também com a filosofia dos cuidados.

"Em oncologia, os cuidados paliativos devem ser prestados de forma integrada com os tratamentos dirigidos ao cancro e devem estar disponíveis ao longo de toda a trajetória da doença, não apenas no fim da vida, sendo extensíveis à família", diz João Freire num comunicado divulgado pelo IPO.

No IPO os cuidados paliativos são prestados pelo Serviço de Oncologia Médica (médicos, enfermeiros e assistentes sociais com formação específica além da especialização oncológica) e pela equipa de Madalena Feio (médico, enfermeiros, psicóloga e assistente social). Na pediatria há um programa específico do mesmo género.

"O doente oncológico é paradigmático na sua necessidade de cuidados paliativos na fase de doença avançada, pela elevada prevalência de sintomas e pelo sofrimento físico, psicológico e espiritual, tanto do próprio doente como dos seus familiares", segundo Madalena Feio, no mesmo comunicado, a propósito da importância dos cuidados paliativos.

O programa de acreditação da ESMO começou em 2003 e desde então já certificou 172 centros (incluindo países de fora da União Europeia). Em Portugal já tinham sido distinguidas duas instituições, o Centro Clínico Champalimaud e a Unidade de Oncologia e Cuidados Paliativos do Hospital da Luz.

Próximos 15 anos
Dirigentes mundiais reunidos em cimeira na ONU adotaram um ambicioso plano de desenvolvimento sustentável para os próximos 15...

O plano define 17 objetivos de desenvolvimento sustentável a atingir até 2030, entre os quais a erradicação da pobreza extrema, o acesso de todos à educação e à saúde, a promoção da igualdade das mulheres e o combate ao aquecimento global.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, saudou a aprovação da nova agenda global de desenvolvimento e afirmou que se chegou a “um momento decisivo na história da humanidade”.

“A população mundial pediu-nos para perspetivar um futuro de promessa e oportunidade. Os Estados membros responderam com a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável”, disse Ban numa intervenção perante os governantes mundiais que hoje aprovaram essas medidas que substituem os Objetivos do Milénio.

Ban Ki-moon recordou que o novo programa é “uma promessa dos governantes para todo o mundo” e definiu-o como uma “visão universal, integrada e transformadora para um mundo melhor”.

O diplomata coreano recordou que entre os objetivos do plano estão, além de pôr fim à pobreza, proteger o planeta e promover a prosperidade, a paz e a cooperação, também impulsionar a igualdade de género e os direitos de todos.

“Acima de tudo, promete não deixar ninguém para trás”, frisou o responsável das Nações Unidas.

Ban destacou ainda que os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sublinham “a urgência” de agir contra as alterações climáticas.

Nesse sentido, pediu aos governantes um “acordo universal vigoroso” sobre o clima na cimeira que realizarão em Paris em dezembro.

Estudo
Quase metade dos cuidadores de vítimas de traumatismo crânio encefálico inquiridos num estudo sobre o impacto desta doença um...

Segundo o estudo “Impacto sócio familiar do Traumatismo Crânio Encefálico (TCE)”, realizado entre 2011-2013 pela Novamente, associação que apoia traumatizados crânio encefálicos e famílias, apenas 38% dos cuidadores regressaram às “condições profissionais” que tinham antes do acidente.

Um ano após o acidente, 70% dos cuidadores disseram não compreender o TCE e as suas consequências, 77% confessaram sentir-se emocionalmente esgotados e 67% realçaram o impacto negativo na sua própria vida, refere o estudo elaborado em parceria com centros de neurocirurgia dos hospitais públicos, e com o apoio do Programa Operacional de Assistência técnica do Fundo Social Europeu.

A melhoria de vida das vítimas e seus cuidadores vai estar em debate, na segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, num encontro que reunirá, entre outros, os presidentes do Instituto da Segurança Social, Ana Clara Birrento, do Instituto Nacional para a Reabilitação, José Serôdio, médicos, enfermeiros, técnicos de reabilitação e famílias.

O encontro “pretende debater a forma como nos reorganizamos para, de forma sustentável, dar respostas a quem nos procura, dando assim continuidade ao nosso trabalho que é apoiar pessoas com TCE e seus familiares”, afirmou Vera Bonvalot, diretora executiva da Novamente, promotora da iniciativa.

Vera Bonvalot sublinhou que, quando a doença é crónica, “rotinas e responsabilidades são alteradas”, nomeadamente “as do cuidador informal, que é quem assegura os cuidados primários da pessoa doente”.

O estudo, cuja recolha dos dados foi realizada quatro, oito e doze meses após o acidente e analisou 266 casos admitidos nas urgências hospitalares, refere também que 60% das vítimas de traumatismo crânio encefálico grave estão desempregadas ou reformadas um ano após o acidente e 82% têm acesso a terapias de reabilitação.

Cerca de 58% das vítimas (com idades entre os 18 e os 45 anos) trabalhavam ou estudavam antes de sofrer o traumatismo e após a lesão apenas 19% manteve a sua atividade.

Muitas famílias não compreendem os comportamentos da vítima, o que resulta da “pouca informação que é transmitida à família que, além de se deparar com uma situação totalmente nova para si, não obtém qualquer informação que a ajude a compreender e a fazer face a esta realidade”.

O estudo conclui que o percurso da vítima e dos cuidadores “é complexo e exige a compreensão e intervenção adequada por parte de todos os profissionais que intervêm diretamente com estes casos e uma entidade externa que possa defender e representar a família”.

Nos últimos 25 anos, mais de 275.000 pessoas terão sofrido um TCE grave em Portugal e vivem com sequelas.

As quedas são a causa mais frequente (59%), seguidas de acidentes de viação, de desporto e agressões.

Entidade Reguladora da Saúde
Os reinternamentos na área da saúde mental e a taxa de segundos episódios pela mesma causa aumentaram entre 2012 e 2013,...

Num relatório divulgado, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) indica que relativamente aos indicadores de qualidade, constatou-se que “a taxa de reinternamento aumentou ligeiramente entre 2012 e 2013, bem como a taxa de segundos episódios pela mesma causa”.

O reinternamento é um dos principais indicadores de qualidade da assistência prestada a estes doentes, podendo indiciar um tratamento mal sucedido ou uma alta hospitalar precoce.

Aliás, o número de camas por habitante em psiquiatria de adultos é inferior ao rácio padrão apenas nas ARS Norte e Alentejo, enquanto na psiquiatria da infância e adolescência apenas as ARS Norte e Lisboa e Vale do Tejo dispõem de resposta em internamento.

De uma maneira geral, revela o relatório, o acesso aos cuidados de psiquiatria com financiamento público é muito assimétrico a nível nacional, com escassez de acesso mais vincada em psiquiatria da infância e da adolescência, e nas regiões do Alentejo e Algarve.

No Algarve não existem prestadores sociais com acordo com o Serviço Nacional de Saúde, nem sequer prestadores públicos de psiquiatria da infância e da adolescência, enquanto a ARS Alentejo não tem psiquiatras na Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano.

No entanto, mesmo nas regiões mais bem servidas em termos de serviços existe o problema da falta de profissionais para atender este tipo de doentes, já que são menos do que o que ficou definido como necessário há 20 anos.

A ERS detetou que os rácios de recursos humanos médicos e não médicos por habitantes, nos prestadores públicos, estão abaixo dos rácios definidos pela DGS em 1995, a nível nacional e regional.

A exceção vai para o número de psicólogos, embora, ainda assim, uma avaliação produzida em 2011 pela OMS tenha concluído que face aos padrões europeus, o número de enfermeiros a trabalhar em saúde mental e o número de psicólogos por população eram extremamente baixos.

Esta situação assume proporções mais graves se se tiver em conta que Portugal é precisamente um dos países europeus com maior prevalência de perturbações psiquiátricas, com quase um quarto da população (22,9%) a sofrer de algum tipo de perturbação.

Este é um dos motivos para que o Programa Nacional para a Saúde Mental (PNSM) seja um dos programas prioritários da DGS.

No entanto, muitas das medidas preconizadas nesse documento continuam por fazer, apesar de o programa terminar no próximo ano.

Segundo a ERS, existe um desfasamento no cumprimento dos objetivos definidos, concretamente no que se refere ao desenvolvimento de uma rede de cuidados continuados integrados de saúde mental, de uma política de avaliação e garantia de qualidade dos serviços, à criação de um sistema informático para recolha e tratamento da informação de todos os prestadores de cuidados de saúde mental, e à definição de um modelo de financiamento baseado em princípios de contratualização.

O regulador identificou “constrangimentos estruturais” que terão dificultado a plena aplicação do PNSM, quer do ponto de vista do modelo de financiamento, como da distribuição das responsabilidades entre os intervenientes ou da inexistência de “guidelines” para prescrição racional de psicofármacos e envolvimento de profissionais não médicos em programas terapêuticos.

A ERS sublinha ainda o facto de a maioria da população residir em regiões com nível de acesso baixo ou a mais de 40 minutos de cuidados públicos de psiquiatria (apenas 1,5% da população tem acesso alto, percentagem que baixa para 0,3% na psiquiatria da infância de da adolescência).

O regulador considera que a escassez de normas de organização e funcionamento resultam em diferenças de procedimentos, que podem ter impacto na qualidade dos serviços prestados.

DGS
Portugal vai receber novas doses da vacina contra a tuberculose de forma faseada entre final de outubro e fevereiro de 2016, o...

As dificuldades de fornecimento desta vacina, que começaram em março, estão ligadas a problemas com a produção no único laboratório que fabrica a vacina para a Europa, um laboratório público na Dinamarca.

Segundo um comunicado divulgado pela Direção-geral da Saúde (DGS), o produtor da vacina prevê fornecer de forma faseada 24 mil frascos multidose da vacina contra a tuberculose (BCG) entre fim do próximo mês e fevereiro do próximo ano.

“As doses de BCG que serão recebidas pelos serviços de saúde permitem vacinar cerca de 160 mil crianças, incluindo todas as crianças nascidas em 2015”, refere a DGS, acrescentando que a administração das vacinas será organizada pelos hospitais e centros de saúde de todo o país.

Assim, os pais dos bebés que ainda não foram vacinados com a BCG serão contactados pelo respetivo centro de saúde para vacinar os seus filhos.

A regularização do fornecimento devia ter acontecido no início de agosto, mas, segundo informação dada na altura pela DGS, os lotes da vacina não revelaram conformidade de segurança total.

A DGS tem insistido que o problema de fornecimento da BCG “não constitui risco para a saúde pública”, até porque a prevenção e o controlo da tuberculose se baseia em várias medidas, “além da vacinação dos recém-nascidos”.

A única vacina BCG que está autorizada em Portugal, e na maioria dos países europeus, é produzida por um laboratório público da Dinamarca, mas, nos últimos anos, o fornecimento da vacina tem sofrido interrupções de duração variável.

Esta vacina tem um prazo de validade mais curto do que as outras vacinas do Programa Nacional de Vacinação, não permitindo armazenamentos de longo prazo.

Entretanto, o Ministério da Saúde já anunciou que está a ser avaliada a retirada da vacina BCG do Programa Nacional de Vacinação, com especialistas a defenderem que Portugal está em condições de suspender a administração universal da vacina, mantendo a vacinação a grupos de riscos.

Dia Europeu da Depressão
A Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental assinala o Dia Europeu da Depressão, organizando, na Faculdade de Medicina...

Estima-se que a depressão atinja mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que em Portugal cerca de 20% da população é diretamente afetada pela patologia.

O número de pessoas tocadas de alguma forma pela depressão, é, no entanto, incalculável – familiares, amigos, colegas de trabalho ou simplesmente conhecidos de pessoas com depressão enfrentam normalmente dois desafios: o primeiro, reconhecer que existe a patologia; o segundo, conviver com a depressão e ajudar a ultrapassá-la.

Quem pode estar “próximo” de um doente deprimido e o papel dos Cuidados de Saúde Primários na proximidade destes doentes, são os temas em análise na reunião, que terá moderação da Profª. Doutora Maria Luísa Figueira, do Prof. Doutor Daniel Sampaio e do Dr. Luís Câmara Pestana

Programa

09:00H – Introdução e boas-vindas
Profª. Maria Luísa Figueira; Prof. Daniel Sampaio, Dr. Luís Camara Pestana

09:15H – Quem pode estar "próximo" dos doentes deprimidos?
Dr. Pedro Montellano

10:00H – Projeto Stop Depression: Implementação e avaliação de uma experiência-piloto de stepped-care no tratamento da depressão nos cuidados de saúde primários
Prof. João Salgado

10:30H – Discussão e Encerramento

11:00H – Coffee break

Deco
Os hospitais públicos têm sites na Internet com mais informação e conteúdos, embora as páginas das unidades privadas sejam mais...

De acordo com um artigo publicado hoje, a associação de defesa do consumidor Deco analisou 68 sites na Internet de hospitais portugueses, 44 do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e 24 de unidades privadas.

As unidades públicas forneciam mais informação, embora, muitas vezes, difícil de encontrar e desatualizada.

Já os sites dos privados “favoreciam a interatividade e eram mais fáceis de usar”.

“No geral, os hospitais privados proporcionam melhores ‘experiências’ de utilização: entre os 10 melhores classificados encontram-se apenas dois públicos (Beatriz Ângelo, em Loures, e Cova da Beira, na Covilhã)”, refere o estudo da Deco.

Contudo, a informação mais específica dos hospitais públicos – como serviços existentes, direitos e deveres dos utentes e cuidados a ter na realização de exames – é mais vasta do que a fornecida pelos privados.

Ainda assim, em 30% das unidades do SNS analisadas não constam os tempos de espera para consultas, cirurgias e exames médicos, dados que a Deco diz serem “vitais para que os cidadãos possam fazer valer os seus direitos”.

A Deco destaca ainda que em 71% dos sites privados é possível os utentes marcarem consultas ou exames pela Internet.

Aproveitar rede de farmácias
O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Carlos Maurício Barbosa, afirmou hoje que os farmacêuticos deviam poder fazer o...

"Há muito trabalho que pode ser feito na área da proximidade", disse Carlos Barbosa, considerando que os farmacêuticos devem poder "fazer o acompanhamento de doentes crónicos", bem como contribuir "nos rastreios sistemáticos da população".

Segundo o bastonário, "os farmacêuticos podem e devem dar mais contributos para o Serviço Nacional de Saúde", que deve aproveitar "a capacidade instalada".

Carlos Barbosa sublinhou que se tem de aproveitar o facto de as farmácias estarem "espalhadas pelo território, até nos sítios mais recônditos", de forma a potenciar as capacidades técnico-científicas destes profissionais e "a proximidade e confiança" que estes têm "junto da população".

Os farmacêuticos "podem dar contributos substantivos para promover ganhos em saúde e ajudar a atingir metas na área da saúde pública", frisou, apontando para o caso dos doentes crónicos.

"Precisamos que os doentes estejam compensados e equilibrados e, entre consultas médicas, pode haver episódios agudos", podendo aqui os farmacêuticos ter um papel no controlo e acompanhamento de doentes, "como os hipertensos e os diabéticos".

Outro ponto importante, refere, é o contributo que os farmacêuticos podem ter "nos rastreios sistemáticos da população e identificação precoce de indivíduos com fatores de risco".

Estes dois aspetos - os rastreios e o acompanhamento - podem levar "a menos gastos" com complicações das doenças e "a ganhos em saúde", salientou o bastonário da Ordem, organização que comemora no sábado, em Coimbra, o Dia do Farmacêutico.

Carlos Barbosa espera que, na próxima legislatura, "haja consideração" pelo contributo "ímpar" que o setor teve "na redução da despesa pública e privada".

No sábado, a Ordem comemora o Dia do Farmacêutico, em Coimbra, com um simpósio na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e uma sessão solene e jantar de encerramento das comemorações no Hotel Quinta das Lágrimas.

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Novos resultados de iniciativa promovida pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e pela ARS do Centro, com o apoio da...

A expansão, a nível nacional, do projeto de prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar “+Contigo”, as expetativas para o futuro, os novos parceiros e os resultados alcançados no ano letivo de 2014-2015 são os assuntos que estarão em destaque num encontro que se realiza, na próxima quarta-feira (dia 30 de setembro), na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC).

O IV Encontro “+ Contigo” (ver programa online) que, no período da tarde, contará com o testemunho de adolescentes envolvidos no projeto, para partilha de experiências, tem início às 9h30, na Sala de Reuniões da ESEnfC - Polo B, em S. Martinho do Bispo.

A abrir a iniciativa, a psicóloga Margarida Gaspar de Matoso falará do que é ser “Ser Adolescente Hoje” (título da conferência que vai proferir).

Pelas 12h30, decorrerá a sessão de boas-vindas, com a presença da presidente da ESEnfC, Maria da Conceição Bento, do presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, José Manuel Tereso, do diretor do Programa Nacional de Saúde Mental e coordenador do Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, Álvaro de Carvalho, da delegada regional de Educação do Centro, Cristina Oliveira, e do coordenador do "+ Contigo", o professor da ESEnfC, José Carlos Santos.

Mais de 7000 jovens foram abrangidos, desde 2009, pelo “+ Contigo”, ano em que o programa começou a ser dinamizado pela ESEnfC e pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro.

A partir da região Centro do país, o projeto “+ Contigo” estendeu-se, então, à Lourinhã e aos Açores (Ilha do Pico), prevendo-se que, durante o ano letivo que agora se inicia (2015-2016), se expanda às áreas de intervenção das administrações regionais de Saúde do Norte, do Alentejo e do Algarve.

Da responsabilidade da ESEnfC e da ARS do Centro, o “+ Contigo” trabalha aspetos como o estigma em saúde mental, o autoconceito e a capacidade de resolução de problemas, devidamente enquadrados na fase da adolescência. A população-alvo deste programa é constituída por alunos do 3º ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário.

O “+ Contigo” mereceu o apoio da Direção-Geral da Saúde, que o inseriu no conjunto de medidas do Plano Nacional de Prevenção do Suicídio.

Além da Direção-Geral da Saúde, são parceiros “+ Contigo” a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares - Direção de Serviços da Região Centro, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar Baixo Vouga, o Centro Hospitalar Lisboa Norte, o Núcleo de Estudos do Suicídio (do Hospital de Santa Maria, em Lisboa), o Centro Hospitalar Leiria-Pombal, o Centro Hospitalar Tondela-Viseu e o Município da Lourinhã.

Deverão juntar-se, agora, a Unidade Local de Saúde de Matosinhos e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Algarve.

Autoridade Tributária e Aduaneira
A Associação Portuguesa de Profissionais de Acupunctura está contra a decisão do Fisco que sujeita a atividade ao pagamento de...

A Saúde não paga IVA, por isso, o tratamento de doenças pela acupunctura não pode estar sujeita ao imposto. É este o argumento utilizado pela Associação Portuguesa de Profissionais de Acupunctura (APPA) para defender a isenção ao IVA, escreve o jornal Público. Para a associação, a lei considera a acupunctura uma atividade ligada à Saúde e, por isso, está entre as profissões isentas. Mas, para a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), a interpretação da lei é outra: a Acupunctura faz parte das “terapêuticas não convencionais”, permitida a quem não tem título médico, e, por isso, não está isenta de IVA.

Uma deliberação que foi recebida com desagrado pela associação de acupunctores, que considera tratar-se de “um erro grave” e compara o tratamento de doenças pela acupunctura a “uma vulgar atividade de consumo, tal como comprar sapatos, ir ao cinema ou ao cabeleireiro”, afirmam.

Esta é uma decisão que surge na sequência do ofício emitido a 26 de agosto pela AT, que obriga as designadas terapêuticas não convencionais – entre as quais, a acupunctura, a fitoterapia, homeopatia, medicina tradicional chinesa, naturopatia, osteopatia e quiropraxia – ao pagamento de IVA à taxa de 23 %.

A APPA diz que o ofício “viola o princípio da igualdade e da neutralidade fiscal, consagrado na jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia”, pois os tratamentos de acupunctura feitos por médicos com formação em medicina designada como clássica estão isentos do imposto. Pelo contrário, um profissional de acupunctura tradicional tem de aplicar a taxa de IVA, pois a sua atividade parte “de uma base filosófica diferente da base da medicina convencional”, lê-se no ofício emitido pela AT.

A associação avisa ainda que algumas clínicas já estão em situação de falência, por lhes ser exigido a liquidação do imposto a 23%, com efeitos retroativos a 4 anos, “que é o mesmo que cobrar de uma vez 93% dos rendimentos de um ano”, lembram.

Se esta decisão não for anulada, a APPA acredita que a profissão poderá estar em risco em Portugal, e por isso exige “uma interpretação mais cuidada da lei”.

Entretanto, a associação também enviou uma carta ao Governo a solicitar “uma correção na interpretação que a AT está a fazer da lei”, dizem em comunicado, destacando que o entendimento do Fisco sobre esta matéria “está errado, é inconstitucional, discriminatório e viola o Direito da UE sobre o IVA”.

Estudo
Um estudo do investigador português Carlos Ribeiro mostra que as moscas da fruta partilham o desejo humano de sal durante a...

O estudo publicado na revista científica Current Biology abre portas a outras investigações, nomeadamente a respostas como o que leva as pessoas a preferir um alimento a outro, a desejar algo específico, ou a forma como a alimentação controla o envelhecimento, escreve o Jornal de Notícias.

Provado, segundo o estudo, que a mosca da fruta reage como os humanos na questão do sal, o investigador explicou que o próximo passo é entender o processo no cérebro. "Como é que o paladar do sal é controlado? O próximo passo é isso.", disse, explicando que a mosca da fruta é uma excelente via para fazer experiências, que não se podem fazer em humanos.

Carlos Ribeiro é investigador principal do programa de Neurociências da Fundação Champalimaud e trabalha nomeadamente na área do comportamento, metabolismo e nutrição, no sentido de perceber os processos cerebrais de decisão ao nível da alimentação.

Nesta investigação quer perceber quais os mecanismos no cérebro que leva a esse desejo de sal, que mudanças acontecem, quais os neurónios que mudam, e se usar para isso a mosca da fruta poderá chegar aos humanos, acrescentando: "os problemas da nutrição são muito complicados" e o cérebro é tão complexo que é importante pelo menos saber a área onde ir procurar respostas.

"Quando nos apetece algo específico é porquê? É uma reação específica do cérebro. Os insetos controlam rigorosamente as proteínas que comem e os humanos também. Como é que isso funciona, e porque é que às vezes não funciona?", questionou o investigador.

Segundo a Fundação Champalimaud, num comunicado sobre o estudo, os desejos durante a gravidez podem estar relacionados com as necessidades nutricionais do feto, especialmente para nutrientes como as proteínas e o sal.

"Através de uma série de experiências, os investigadores revelaram, pela primeira vez, que as moscas partilham de facto a tendência dos mamíferos para um consumo superior de sal durante a gravidez, e demonstraram ainda que níveis mais elevados de sal na dieta resultam num maior número de descendentes", diz o comunicado, acrescentando: "Verificámos que existe uma correlação direta entre a quantidade de sal na dieta e a quantidade de ovos que as moscas conseguem produzir".

Carlos Ribeiro diz que o sal parecer ser muito importante a muitas espécies, de moscas a elefantes ou a humanos, o que "sugere a existência de princípios biológicos universais subjacentes a este comportamento e que poderão ser identificados em diferentes espécies."

O cérebro da mosca, diz o estudo, parece conseguir perceber quando é necessário mais sal para produzir ovos e, por isso, automaticamente muda a forma como o animal perceciona esta necessidade, levando a mosca a ingerir maiores quantidades de sal. E como disse Carlos Ribeiro conhecer os mecanismos cerebrais na mosca é meio caminho andado para entender os dos humanos.

Estudo
Já se suspeitava de que os tecidos gordos do organismo também poderiam ser inervados, ou seja, ter neurónios, mas uma equipa de...

O tecido gordo tem nervos, sim senhor. Mas, mais do que isso, o estudo realizado pela equipa da investigadora Ana Domingos, no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), permitiu encontrar também a chave para compreender o processo de degradação da gordura no organismo, escreve o Diário de Notícias. É que estes neurónios são fundamentais para que isso aconteça e, portanto, pode estar aqui uma futura resposta médica para emagrecer, quando isso é necessário.

Identificados estes neurónios, e compreendido o seu papel na degradação da gordura, eles tornam-se "um alvo terapêutico para potenciais agentes farmacológicos", explica Ana Domingos. "Já estamos, aliás, a trabalhar nisso. Temos neste momento bons candidatos nesta área e dentro de alguns meses já teremos novos resultados", garante a cientista.

Para confirmar a existência destes neurónios nos tecidos adiposos, a equipa fez o estudo em ratinhos, utilizando duas técnicas. Com uma delas, a chamada tomografia ótica de projeção, os investigadores conseguiram visualizar pela primeira vez as células nervosas no tecido gordo. "Fizemos a primeira imagem que mostra de forma convincente que existem sinapses [terminações nervosas] nos tecidos adiposos", nota Ana Domingos. Com uma outra técnica, a microscopia de dois fotões, os cientistas seguiram o rasto a esses neurónios e às suas terminações nervosas, o que ajudou a perceber o seu papel no processo de degradação da gordura no organismo. Estes neurónios são o braço que movimenta esse processo.

Agora é preciso esperar por mais novidades.

Estudo
Uma infeção bacteriana perigosa e de difícil tratamento, normalmente contraída em hospitais e que pode ser fatal, pode ter um...

Os antibióticos só funcionam em 25% dos casos quando se trata de eliminar a Clostridium difficile, escreve o Sapo, um agente patogénico que infeta o trato digestivo e que mata cerca de 15.000 pessoas todos os anos nos Estados Unidos.

Mas o medicamento antioxidante ebselen mostrou-se eficaz em matar esta bactéria ao atacar as suas toxinas, e não a bactéria, mantendo os micróbios benéficos do intestino, segundo os investigadores da faculdade de medicina da Universidade de Stanford.

O estudo publicado na revista Science Translation Medicine foi realizado em ratinhos de laboratório, mas os cientistas dizem que testes em humanos podem ser feitos com segurança já que o medicamento está a ser investigado para o tratamento de doenças cardiovasculares, artrite, arteriosclerose e cancro.

O medicamento desativa a toxina produzida pelo agente patogénico e previne danos e inflamações intestinais, explica o principal autor do estudo, Matthew Bogyo, professor de patologia e microbiologia.

Esta infeção é particularmente perigosa para pessoas com o sistema imunitário danificado.

 

Cerca de 7% das pessoas infetadas morre menos de um mês depois do diagnóstico.

Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde
Uma nova molécula para a deteção do cancro da próstata, produzida por uma equipa de cientistas do Instituto de Ciências...

O primeiro exame de Tomografia por Emissão de Positrões (PET/CT) com PSMA-Ga68, designação da nova molécula, já foi realizado em Coimbra.

A introdução deste radiofármaco no campo assistencial, segundo o Sapo, resulta do trabalho que vem sendo desenvolvido no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) por uma equipa multidisciplinar desde há cerca de quatro anos, e "constitui um avanço significativo na avaliação desta doença ao possibilitar uma deteção mais precoce do cancro da próstata, sobretudo em situações de recidiva", afirma Miguel Castelo Branco, diretor do ICNAS.

Além de permitir uma avaliação do cancro da próstata muito mais eficaz, a utilização da nova molécula não terá um custo superior ao do atual radiofármaco disponível no mercado – a Fluorcolina - 18F.

O coordenador para a área clínica do ICNAS, João Pedroso de Lima, acredita que este novo exame reúne todas as condições para "substituir o uso da Fluorcolina - 18F em Portugal. A molécula produzida no ICNAS, já utilizada em alguns países europeus, é muito mais sensível, permitindo avaliar parâmetros impossíveis de identificar por outros métodos de diagnóstico e fornece informações essenciais para detetar precocemente, e localizar, o reaparecimento do tumor e a sua metastização".

Organismo Autónomo da Universidade de Coimbra (UC), O ICNAS dedica-se à investigação biomédica e à aplicação clínica de moléculas marcadas com substâncias radioativas.

Ao longo dos últimos anos, o Instituto lidera, no país, a produção e utilização de múltiplas moléculas (radiofármacos) para a realização de estudos de Tomografia por Emissão de Positrões (PET/CT) em diversas situações clínicas, principalmente em Oncologia, Neurologia e Cardiologia.

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