Incêndios
Uma cobertura noticiosa dos incêndios que banaliza o acontecimento, assim como o recurso ao sensacionalismo, pode ter um efeito...

"Há uma banalização da gravidade dos atos", disse a psicóloga da Polícia Judiciária, Cristina Soeiro, que há muito estuda os incendiários.

Para esta especialista, a simples referência a "época de incêndios" ou mostrar o mapa de Portugal a laranja e vermelho é uma forma de "normativizar e banalizar a informação", sendo que a cobertura, com longos minutos na televisão com imagens de floresta a arder, "é excessiva e pode ter um efeito de empolgar a situação".

"Não se pode dizer só que está a arder. Isso não é produtivo. Em vez de se focarem nas imagens do fogo, deviam focar-se na entrevista das pessoas responsáveis em tomar decisões, no que poderá estar errado, nas consequências do incêndio para as pessoas pensarem um bocadinho que qualquer coisa que faça na floresta é sua responsabilidade", defendeu Cristina Soeiro.

Desde 1997, que a PJ monitoriza os incendiários detidos. Neste momento, tem cerca de 600 indivíduos estudados, permitindo dividir os incendiários em "três grandes padrões".

Cristina Soeiro realça que o grupo mais frequente (55%) está normalmente associado a três fatores: défice cognitivo, alcoolismo e outros problemas de saúde mental, como o autismo.

O segundo grupo mais frequente (40 a 44%) é o das pessoas que usam o incêndio como instrumento "de vingança ou retaliação", seja para "chamar a atenção dos outros ou resolver problemas de divisão de terras", sendo que este perfil tem vindo "a diminuir progressivamente nos últimos anos".

O terceiro grupo - o menos expressivo ("não passa dos 6%") - é constituído por pessoas "que retiram algum benefício de um incêndio", nomeadamente pegar fogo para limpar terrenos.

Há também quem receba "montantes pequenos para incendiar uma zona qualquer", não sendo identificado nesse terceiro grupo "a presença de um perfil de um crime organizado", realçou.

Por se estar a falar de um perfil de incendiário que, na sua maioria, está associado a um grupo de pessoas vulneráveis, Cristina Soeiro vincou que o tratamento noticioso pode ter consequências positivas, caso seja moderado e procure dar "a notícia completa - não apenas a floresta a arder, mas as consequências, de tudo o que se perde, da ausência dos animais".

No entanto, a psicóloga da PJ referiu que não há "nenhum estudo estruturado" que permita dizer que as imagens da floresta a arder possam "ter um efeito de ativação em indivíduos, principalmente no grupo de risco maior".

"Na minha perspetiva, como psiquiatra, há um exagero manifesto na mostra de imagens de incêndios", afirmou à Lusa o psiquiatra e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Carlos Braz Saraiva, que enquanto psiquiatra forense estudou incendiários nos grandes fogos de 2003 e 2005.

O psiquiatra sublinhou que a maioria dos incendiários têm "personalidades mais vulneráveis", sendo que "os minutos e minutos consecutivos" de imagens podem ter um impacto negativo, recordando o caso de um jovem na Serra do Açor que lhe confessou a alegria de ver os aviões e os helicópteros a sobrevoar a sua terra.

"É um espetáculo e devia haver uma autorregulação" da cobertura dos fogos, defendeu.

O coordenador do Centro de Prevenção e Tratamento do Trauma Psicológico de Coimbra, João Redondo sublinha que os media podem ter um efeito benéfico junto das populações.

Nesse sentido, recorda o projeto internacional eFIRECOM, que traça algumas recomendações que os jornalistas deveriam seguir: "melhorar a compreensão social em relação à gestão de riscos de incêndios, promover uma melhor compreensão da fragilidade e da vulnerabilidade do meio ambiente, reduzir o ‘show' nas notícias sobre os incêndios florestais a fim de não motivar atitudes propensas à indução de incêndios, evitar a instrumentalização política e mediática do fenómeno dos incêndios florestais e o tratamento sensacionalista do evento catastrófico".

Hidratos de carbono
Marca Lay's admite "erro tipográfico" que corta hidratos de carbono para um sexto do valor real. Foi alertada há...

Luís Aguiar-Conraria foi de férias com a filha e descobriu umas batatas fritas com poucos hidratos de carbono. A criança tem diabetes tipo 1 e, por isso, o professor universitário e a mulher acharam boa ideia a escolha daquele snack, uma vez que estes doentes tomam insulina de acordo com os hidratos que ingerem. O problema é que calcularam a dose de insulina com base na informação nutricional errada que estava escrita no pacote e a menina acabou por ter uma crise de hiperglicemia. "Achámos que ela podia estar à vontade e tínhamos de dar menos insulina, mas nessa noite os valores de glicemia dispararam para 400, quando ela raramente passa dos 170,180. Tivemos de dar insulina extra para compensar", recorda.

A marca de batatas em questão é a Lay"s no forno originais, que confirmou, ao Diário de Notícias, haver um "erro tipográfico" na descrição dos hidratos de carbono. Na embalagem está escrito que tem 12 gramas de hidratos por cada 100 gramas de batatas, mas na verdade tem 72 gramas de hidratos. "A informação está errada nas embalagens do mercado espanhol e português", indicou o gabinete de comunicação da PepsiCo, detentora da Lay"s.

A marca foi alertada para este erro em agosto por membros de um grupo no Facebook para doentes diabéticos. "Quando a marca surgiu comentamos no grupo que tinha baixos hidratos, porque andamos sempre à procura destas coisas, depois algumas pessoas começaram a comentar que tinham valores alterados, mas não percebíamos se era das batatas, porque pode haver outras causas. Mas depois uma das pessoas do grupo do Facebook foi a França e percebeu que afinal as batatas têm seis vezes mais hidratos do que o indicado. Isto é uma diferença brutal porque está inteiramente ligado à quantidade de insulina que tomamos", conta Cristina Mota ao DN, recordando o alerta que fez em agosto à marca.

Em resposta, a Lay"s escreveu: "Informamos que realmente se tratava de um erro. Muito obrigado por nos avisar. Estávamos cientes do ocorrido e quando tivermos uma oportunidade iremos modificá-lo". Cristina Mota refere que ainda pediu à marca para que fizessem "um comunicado público, de alerta".

Ao Diário de Notícias, a assessoria da marca refere que está "a mudar os rótulos", mas não têm "nada pensado" para alertar os consumidores de que as embalagens ainda à venda têm um erro nutricional. A garantia é de que "já não deve faltar muito" para as embalagens com os rótulos corretos começarem a chegar aos postos de venda. Até lá, o erro vai manter-se, sem aviso prévio aos consumidores.

Para Luís Aguiar-Conraria esta passividade é "potencialmente criminosa". "Imagine uma pessoa que coma um pacote inteiro de batatas e calcule a insulina com esses valores errados, no limite, pode entrar em coma."

O médico e presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, José Manuel Boavida, lembra que não são apenas os alimentos que têm influência, mas que ter dados errados, "com uma variação tão grande, como neste caso", representa uma "uma variação de insulina enorme". O especialista lembra que devia "haver mais controlo na rotulagem em Portugal" e que se devia apresentar queixa deste caso junto das autoridades.

Em Portugal quem fiscaliza os rótulos é a ASAE, que indicou não ter recebido qualquer queixa sobre esta marca. Em relação à atuação, a ASAE garantiu que irá analisar o caso e que tomará todas as medidas legais necessárias.

Associação Zero
Portugal está a deixar escapar a maior parte dos gases nocivos para o ozono usados nos equipamentos de frio, dos quais só uma...

Antecipando o Dia Mundial para a Preservação da Camada de Ozono, que se assinala no sábado, a Zero refere que em 2016 só foram tratadas em Portugal "28,3 toneladas de gases de refrigeração das 308 toneladas destes gases que estão nos resíduos dos equipamentos de frio como frigoríficos, arcas congeladoras ou ares condicionados", ou seja, apenas 9,1 por cento.

Em relação à recolha destes equipamentos, só 23,8% das 31.354 toneladas postas no mercado entre 2013 e 2015 foram recolhidas e tratadas, escreve o Sapo.

"Não se sabe onde param 76% destes resíduos, o que é inconcebível face ao impacto na atmosfera que estes resíduos podem causar", considera.

Citando números do princípio desta semana registados pela agência espacial norte-americana, a Zero afirma que o buraco na camada de ozono que protege a terra da radiação ultravioleta do Sol atinge 20 milhões de quilómetros quadrados, mais dois milhões do que na mesma altura do ano passado.

Além da recolha escassa, 45% dos equipamentos são recolhidos sem os compressores, o que a Zero atribui a um possível "esquema generalizado de roubo dos compressores para venda no mercado paralelo face ao seu elevado conteúdo em cobre".

No resto da União Europeia a meta vigente para recolha destes resíduos é de 45% e está a ser cumprida, afirma a associação, que conclui que as entidades que a gerem e o Ministério do Ambiente "não estão a dar a devida atenção" ao assunto.

Para mudar o panorama, sugere que as entidades que recolhem os equipamentos de frio paguem mais pelos que ainda têm o sistema de refrigeração intacto, para "desincentivar os desvios 'internos' de componentes como os compressores".

Quer ainda que os agentes que gerem estes resíduos, como autarquias e empresas de tratamento, sejam alvo de um programa de fiscalização "de forma a se perceber para onde é que estão a ir os cerca de 76% de equipamentos de frio desaparecidos, assim como os compressores".

Estudo
Os adoçantes, muitas vezes utilizados como substitutos do açúcar, podem estar diretamente ligados com o aumento de peso e a...

Os adoçantes, que muitas pessoas utilizam como substitutos do açúcar, podem aumentar o risco de diabetes tipo 2. A conclusão é de um estudo da Universidade de Adelaide, na Austrália, que visava perceber se grandes quantidades de adoçante alteram a capacidade do corpo de controlar os níveis de glucose no sangue.

O estudo é contudo reduzido e os resultados detalhados ainda não foram publicados, escreve o Observador, mas os especialistas dizem que esta descoberta vai no mesmo sentido de pesquisas anteriores que estabeleciam uma ligação direta entre os adoçantes e o aumento de peso.

Alguns dos 27 voluntários saudáveis que participaram no estudo beberam o equivalente a 1,5 litros de bebidas ditas sem açúcar, na forma de cápsulas de dois adoçantes diferentes, sucralose e acesulfame-K. Tomaram as cápsulas três vezes por dia, durante duas semanas, sempre antes das refeições. O resto das pessoas do estudo tomava placebos.

Os testes feitos ao final de duas semanas mostraram que a resposta do corpo à glucose tinha sido prejudicada. “Este estudo suporta o conceito de que os adoçantes podem reduzir o controlo dos níveis de açúcar no sangue e destaca a possibilidade de valores exagerados de glucose nos utilizadores deste substituto, o que pode deixá-los suscetíveis a desenvolver diabetes tipo 2″, dizem os autores, que apresentaram os resultados na Associação Europeia para o Estudo da Diabetes, em Lisboa.

Inês Cebola, da Imperial College of London, membro da Sociedade de Endocrinologia, disse ao The Guardian que “este estudo fala sobre um problema de saúde global muito importante, já que os adoçantes são frequentemente usados não só por diabéticos como por cidadãos saudáveis”.

Ainda que sejam levados como seguros e até benéficos, o consumo de adoçantes já foi anteriormente relacionado com o aumento de peso e o desenvolvimento de intolerância à lactose, que pode levar à diabetes tipo 2″, alerta Inês Cebola.

No passado, estes estudos só tinham sido feitos em animais. Por isso mesmo, Inês Cebola realça que “mesmo que seja provado no futuro que os adoçantes são prejudiciais para a população geral, isto pode não ser verdade em todos os casos. A diabetes tipo 2 é fruto de uma interação entre fatores ambientais e genéticos, muitos dos quais ainda não entendemos por inteiro. É então prematuro apontar o dedo aos adoçantes como elementos isolados de risco”.

218 vagas
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo anunciou sexta-feira a abertura de um concurso para a contratação de...

"O concurso para a contratação de recém-especialistas de Medicina Geral e Familiar já foi aberto. Das 218 vagas previstas para a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), quase 25% são para a Península de Setúbal, o que permitirá aumentar o número de utentes com médico de família atribuído", refere a ARSLVT em comunicado.

Para a Península de Setúbal estão previstos mais de 50 médicos de medicina geral e familiar, sendo 17 para o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Almada-Seixal, 18 para o ACES Arco Ribeirinho e 18 para o ACES Arrábida.

"Estas vagas, a serem preenchidas, vão permitir a atribuição de médico de família a mais cerca de 90 mil utentes. Este concurso dá continuidade ao compromisso assumido pela ARSLVT de melhorar a resposta assistencial aos utentes", acrescenta o documento.

A ARSLVT salienta que tem procurado "reforçar, sempre que possível, o número de profissionais nas várias unidades", dando o exemplo do Centro de Saúde da Baixa da Banheira, no distrito de Setúbal, com mais horas médicas.

A partir de hoje
Luís Nunes é o novo diretor clínico do Centro Hospitalar de Lisboa Central, substituindo no cargo, a partir de hoje, António...

"Ser diretor clínico do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) é uma enorme responsabilidade, mas também um dever. É estar disponível e empenhado, integrado numa equipa coesa de administração de uma enorme organização de cuidados de saúde", afirmou Luís Nunes, citado pelo CHLC em comunicado.

Luís Nunes, de 62 anos, desempenhava as funções de diretor clínico adjunto do CHLC - Hospital de Dona Estefânia.

"Vou procurar contribuir para manter os padrões de elevada qualidade assistencial nas áreas de prestação de cuidados do CHLC, melhorar a organização funcional, tornando-a mais adequada, flexível e amigável, quer para profissionais quer para os doentes, e reforçar a comunicação e colaboração entre as diferentes áreas assistenciais", salientou.

O novo diretor clínico espera a colaboração de todos para desempenhar as suas novas funções, referindo que vai privilegiar "o diálogo, a colaboração de saberes e as experiências" reunidas no CHLC.

Luís Nunes vai assumir as novas funções a partir de hoje.

Autoridade Marítima
Vinte pessoas morreram nas praias portuguesas desde maio, das quais nove antes da abertura da época balnear, divulgou a...

De acordo com um balanço divulgado ontem, um total de 11 pessoas morreram já durante a época balnear: três pessoas em praias vigiadas, seis em praias sem vigilância e duas em praias fluviais vigiadas (nenhuma faleceu em praias fluviais não vigiadas).

Foram nove as pessoas que faleceram antes da abertura da época balnear: duas na Nazaré, duas em Espinho, uma na praia da Rainha (Cascais), uma na praia da Lagoa (Póvoa de Varzim), uma na Foz do Lisandro (na Ericeira), uma em São Torpes (Sines) e uma em Porto Covo.

Das mortes neste período, três pessoas (um casal espanhol de 63 e 65 anos e uma austríaca de 66 anos) foram colhidas por ondas enquanto passeavam junto ao areal e as restantes sete morreram afogadas enquanto nadavam.

Também antes da abertura da época balnear, que é decidida pelos municípios, morreram uma criança de 10 anos, três jovens de 17, 18 e 19 anos, e dois homens de 32 e 39 anos. Embora a maior parte destas vítimas tivessem nacionalidade portuguesa, entre os mortos estava também um cidadão brasileiro e um outro cabo-verdiano.

Depois da abertura da época balnear, morreram 11 pessoas, a maior parte delas (6) em praias marítimas não vigiadas: na praia da Ilha do Farol (Olhão), na praia da Amorosa e na praia de Belinho (ambas em Viana de Castelo), na praia da Cova do Vapor (Lisboa), praia do Cabedelo (Figueira da Foz).

Nestas praias morreram pessoas entre os 33 anos (um homem que nadava e morreu afogado) e os 74 anos (uma mulher que passeava à beira-mar e cuja causa da morte permanece por conhecer).

Nas praias marítimas vigiadas morreram três pessoas: um rapaz de 17 anos, que nadava na praia da Fonte da Telha (Lisboa) e teve uma presumível congestão, uma mulher de 52 anos, que nadava na praia das Maçãs (Cascais), que também teve uma congestão, e uma ucraniana de 60 anos que teve um ataque cardíaco na praia da Fuzeta (em Olhão).

Os dados da Autoridade Marítima Nacional dão conta ainda de duas mortes em praias fluviais: de um jovem de 15 anos na praia Fluvial da Eira (Montemor-o-velho), que "não voltou à superfície depois de um salto para a água", e um outro de 24 anos, de nacionalidade guineense, que "desapareceu na água sem ser visto" na praia fluvial de Adaúfe (Braga).

Entre 01 de maio e 14 de setembro, os nadadores salvadores fizeram 434 salvamentos, prestaram primeiros socorros 640 vezes e fizeram buscas por crianças 44 vezes.

A maioria das praias portuguesas inicia a época balnear durante o mês de junho, de acordo com a portaria publicada pelo Governo em Diário da República, que refere que a época balnear decorre entre 1 de maio e 15 de outubro.

Compete às câmaras municipais definir a época balnear em cada praia do seu concelho.

Estudo
Mais de nove milhões de pessoas morreram, em 2016, com cardiopatia isquémica, doença cardíaca que lidera a lista de causas de...

Segundo o estudo "Global burden of disease 2016" (Peso global da doença), que abrangeu 195 países e territórios, incluindo Portugal, 9,48 milhões de pessoas morreram no mundo, em 2016, com cardiopatia isquémica, "a principal causa de morte prematura em todas as regiões", com excepção dos países mais pobres, onde as infeções respiratórias prevaleceram.

A morte por cardiopatia isquémica, que se caracteriza por diminuição do fornecimento de sangue ao miocárdio (músculo cardíaco), aumentou, em termos globais, 19% desde 2006, indica o trabalho, coordenado pelo Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

De acordo com a meta-análise, que avalia dados de 1970 a 2016 sobre as causas de morte e doença no mundo, a diabetes matou, no ano passado, 1,43 milhões de pessoas, representando uma subida de 31,1% em dez anos.

Em geral, as mortes por doenças infecciosas diminuíram, com exceção das provocadas por dengue (que aumentou na última década 81,8%, para 37.800 óbitos em 2016) e tuberculose multirresistente (que cresceu 67,6%, para 10.900 óbitos em 2016).

O estudo realça que em 2016, apesar dos progressos alcançados desde 2006, um milhão de pessoas morreu de sida, 1,21 milhões de tuberculose e 719.500 de malária.

No ano passado, o tabaco foi responsável pela morte de 7,1 milhões de pessoas e as dietas alimentares pobres (com alto teor de sal e pouca fruta, peixe ou leguminosas) por uma em cada cinco mortes.

Na última década, o número de pessoas que morreram em guerras e ataques terroristas aumentou 143%, para 150.500 em 2016, uma consequência, segundo o estudo, citado em comunicado pela The Lancet, em grande parte devida a conflitos no Norte de África e no Médio Oriente.

As mortes provocadas por armas de fogo aumentaram igualmente no mesmo período. Mais de 67 mil pessoas morreram por autodisparos, o que equivale a uma subida de 4,3% desde 2006, e 161 mil em assaltos, um crescimento de 5,7%.

O "Peso global da doença", revisto anualmente, salienta que a taxa de mortalidade desceu em todas idades, com o maior progresso a ser registado em crianças com menos de cinco anos, em que o número de óbitos caiu para menos de cinco milhões em 2016 (em 1970, morreram 16,4 milhões de crianças com a mesma idade).

Em 2016, de acordo com os dados, o número de nados-vivos atingiu os 128,8 milhões e o de mortos 54,7 milhões (mais 11,9 milhões face a 1970).

Estudo
Portugal é um dos países que mais aumentaram a esperança média de vida, mais do que seria esperado atendendo ao seu nível de...

Segundo o estudo "Global burden of disease 2016" (Peso global da doença), a esperança média de vida em Portugal, em 2015, era de 83,9 anos para as mulheres e de 77,7 anos para os homens, ultrapassando a esperança média de vida global (obtida entre todos os países analisados), que era de 75,3 anos para as mulheres e de 69,8 anos para os homens.

O trabalho, que avalia dados de 1970 a 2016 sobre as causas de morte e doença em 195 países e territórios, coloca Portugal ao lado da Etiópia, das Maldivas, do Nepal, do Níger e do Peru na lista de "países exemplares que podem fornecer informação sobre políticas bem-sucedidas que ajudaram a acelerar o progresso na saúde".

De acordo com a meta-análise, coordenada pelo Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da universidade norte-americana de Washington, os seis países tiveram "grandes aumentos na esperança média de vida, muito além do que seria expectável com base no seu nível de desenvolvimento".

O Japão continua a ser o país com a mais alta esperança média de vida (86,9 anos para as mulheres e 80,7 anos para os homens), ao contrário da República Centro-Africana, que tem a mais baixa (52,1 anos para as mulheres e 47,4 anos para os homens).

O estudo, revisto anualmente, teve contributos de instituições portuguesas, como o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, o Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, em Almada, e a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto.

Em Coimbra
A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos assina na sexta-feira um protocolo com mais sete ordens da saúde direcionado...

"É um sinal muito importante das ordens de saúde, que estão a juntar esforços em prol da população e dos doentes", disse Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (OM).

O acordo, que será apadrinhado pelo advogado António Arnaut, um dos fundadores do Serviço Nacional de Saúde (SNS), envolve as ordens dos Biólogos, Farmacêuticos, Dentistas, Psicológicos, Enfermeiros, Médicos Veterinários e dos Nutricionistas.

Segundo Carlos Cortes, as ordens entenderam que "juntas poderiam criar sinergias importantes, além da sua intervenção autónoma".

"Estivemos juntos em Pedrógão Grande, na altura dos incêndios, e isso reforçou a articulação entre as ordens, que estão empenhadas em que tudo corra bem", sublinhou.

O presidente da secção regional do Centro da OM disse que esta colaboração "já era uma vontade com algum tempo", no sentido de defender o SNS, a qualidade da medicina e os direitos dos doentes e o seu acesso a melhores cuidados de saúde.

Este protocolo pretende "também sinalizar a sustentabilidade do SNS, que atravessou muitas dificuldades financeiras e sempre se conseguiu aguentar porque foi suportado por profissionais muito dedicados".

"A assinatura do protocolo é o primeiro passo para o desenvolvimento futuro de iniciativas concretas, existindo já projetos e iniciativas muito particulares na defesa da qualidade da saúde para resolver problemas em hospitais e centros de saúde", frisou Carlos Cortes.

A Secção Regional do OM assinala na sexta-feira os 38 anos do SNS com atividades em Coimbra, Aveiro e Viseu.

Em Coimbra, além do protocolo com as sete ordens de saúde, o programa inclui uma visita ao Serviço de Urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra e a rega da oliveira, no Parque Verde do Mondego, numa iniciativa da Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra.

Em Aveiro, está agendada uma reunião e visita ao Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Infante D. Pedro, e em Viseu uma visita ao Centro de Saúde Viseu 1, que integra Agrupamento de Centros de Saúde do Dão-Lafões.

PAN e Ordem dos Nutricionistas denunciam
As orientações da Direção Geral de Educação para as ementas e refeitórios escolares não estão a ser cumpridas nas escolas,...

O deputado do PAN, André Silva, e a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, visitam na próxima semana uma escola em Lisboa, para assinalar o início do ano letivo e chamar a atenção para a necessidade de serem cumpridas as normas publicadas pela tutela, bem como uma resolução da Assembleia da República, de 2012, neste sentido.

De acordo com os dados recolhidos pelas duas estruturas, 25% das crianças e 32,3% dos adolescentes têm excesso de peso ou obesidade.

A falta de qualidade da alimentação servida nas escolas é uma das principais queixas dos encarregados de educação.

Em declarações à agência Lusa, Alexandra Bento afirmou que existem vários estudos da comunidade académica que revelam a falta de cumprimento das normas relativas à alimentação nas escolas.

Um dos principais problemas continua a ser o excesso de sal e a falta de supervisionamento: “Ninguém vê o que as crianças comem, se comem os vegetais, a sopa”.

A bastonária reafirmou também que a qualidade da alimentação vegetariana introduzida nas escolas deve ser salvaguardada por um nutricionista, o que não acontece porque estes profissionais não estão presentes nas escolas.

Alexandra Bento defendeu que deveria fazer-se em relação à alimentação o mesmo que foi feito para a educação ambiental, em que foram as crianças “a levar as boas práticas da escola para casa”.

Na quinta-feira (21), à hora do almoço, o deputado e a nutricionista visitam a Escola Secundária D. Pedro V, em Lisboa, com o objetivo de reforçar a importância da alimentação saudável para o sucesso escolar.

O partido anunciou, em comunicado, que está a negociar com o governo o reforço dos nutricionistas no Serviço Nacional de Saúde, no âmbito do Orçamento do Estado para 2018.

No documento são citados dados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015 – 2016, segundo os quais 69% das crianças e 66% dos adolescentes não consomem as quantidades de fruta e hortícolas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde.

“É importante que as escolas sejam lugares promotores de alimentação saudável, assegurando o Direito Humano a uma Alimentação e Nutrição Adequadas”, contribuindo assim para “a promoção da saúde da população”, lê-se no comunicado.

As ementas escolares, à semelhança de outros refeitórios públicos, passaram este ano a ter a obrigatoriedade de oferecer pelo menos uma opção vegetariana.

O PAN e a Ordem estão igualmente preocupados com os produtos disponíveis nas máquinas de venda automática.

Cancro de Cabeça e Pescoço
Entre os dias 18 e 22 de Setembro assinala-se a 5.ª Semana Europeia de Luta Contra o Cancro de Cabeça e Pescoço, cuja mensagem...

Ao longo dos anos, esta iniciativa da Sociedade Europeia de Cabeça e Pescoço tem vindo a ser liderada, em Portugal, pelo Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço e, desde a sua criação, com o apoio da Associação dos Amigos dos Doentes com Cancro Oral – ASADOCORAL, a única associação de doentes em Portugal deste especialidade.

Sendo o cancro uma dura batalha à qual cada vez mais pessoas sobrevivem, é preciso ajudar estas pessoas a retomar as suas vidas. Neste sentido, através desta campanha, pretende-se sensibilizar a população, media e órgãos decisores para as necessidades dos sobreviventes, mas também passar uma mensagem positiva àqueles que acabam de ser diagnosticados.

Anualmente, em Portugal, o cancro de cabeça e pescoço mata 3 portugueses por dia, número que pode diminuir quando o diagnóstico é feito numa fase inicial da doença. Por isso, ao longo desta semana, o Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço e a ASADOCORAL vão desenvolver iniciativas de sensibilização que visam informar e alertar para a necessidade de reconhecer sinais e sintomas da doença e formas de prevenção.

Segundo Ana Castro, médica oncologista e presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço, “Muitas vezes fala-se em cancro de cabeça e pescoço e as pessoas não reconhecem. Não sabem onde se localiza, quais os sinais e sintomas, fatores de risco, etc. O nosso objetivo, ano após ano, é aumentar o grau de sensibilização de todos sem exceção, de forma a diminuirmos o número de casos deste tipo de cancro.”

As várias iniciativas previstas enquadram-se na campanha europeia “The Make Sense Campaign”, realizada pela European Head and Neck Society (EHNS), onde estão envolvidos países como Espanha, Itália, Alemanha, França, Inglaterra e Portugal.

Campanha de Sensibilização
Cláudia Borges, Diogo Piçarra, João Paulo Sousa e Luísa Barbosa juntam-se à Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos para...

No âmbito desta iniciativa, Cláudia Borges, Diogo Piçarra, João Paulo Sousa e Luísa Barbosa pretendem elucidar sobre o verdadeiro sentido dos cuidados paliativos, formas de acesso, divulgar a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) como uma instituição dinamizadora destes cuidados, e acima de tudo, dar voz a mais de 89 mil doentes com necessidades paliativas em Portugal.

“Quando fui contactada pela APCP não hesitei, não poderia ficar indiferente a esta campanha que pretende aumentar o conhecimento e promover o acesso equitativo a estes cuidados no nosso país. Tenho a certeza que juntos podemos fazer a diferença”, afirma a apresentadora, Cláudia Borges.

“Todos nós, sendo figura pública ou não, temos o dever de informar, desmistificar e ajudar quem mais precisa. Estamos juntos pelos cuidados paliativos, que representam o direito à qualidade de vida mesmo em fases terminais. Porque hoje são eles, e um dia somos nós.”, explicou Diogo Piçarra, a propósito da sua participação.

Para o Professor Manuel Luís Capelas, Presidente da APCP, “é muito gratificante perceber que pessoas mediáticas e reconhecidas do grande público, dão voz a estas causas prementes. Através delas, do seu empenho e entusiasmo, conseguimos sensibilizar um maior número de pessoas e fazer realmente a diferença na promoção destes cuidados no nosso país”.

Cláudia Borges, Diogo Piçarra, João Paulo Sousa e Luísa Barbosa são os protagonistas de um spot de TV que será transmitido pelos canais generalistas, mais de 1.000 salas de Cinemas NOS e pelo circuito interno de TV do Metro do Porto, durante o mês de outubro.

A APCP promove ainda um Seminário, com o mesmo tema, no dia 14 de Outubro, entre as 14h00 e as 18h00, na Fundação Calouste Gulbenkian, cuja entrada é gratuita. Este encontro é dirigido ao grande público e está sujeito a uma inscrição online através do site www.admedic.pt, até dia 10 de outubro.

Estudo
Um novo estudo mostra, pela primeira vez, que algumas partículas microscópicas de tinta infiltram-se na corrente sanguínea...

São partículas microscópicas ou nanopartículas que viajam pelo corpo humano e acabam por depositar-se nos gânglios linfáticos, uma das estruturas do sistema linfático que têm um importante papel no sistema imunitário.

O estudo do Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos e do Laboratório Europeu de Radiação Synchotron, em Grenoble, França, foi publicado numa das revistas do grupo Nature. Segundo a investigação, entre essas pequenas partículas encontram-se restos de conservantes e contaminantes, nomeadamente níquel, crómio, manganês, cobalto e dióxido de titânio. Este último, por exemplo, pode causar prurido, eczema e dificuldades de cicatrização quando entra em contacto com a pele, escreve o Sapo.

De acordo com os investigadores, este é o primeiro estudo a mostrar "evidências fortes" tanto no que toca à infiltração dos pigmentos na pele, como no depósito a longo prazo de elementos tóxicos no organismo.

No estudo, os cientistas avisam que, antes de fazer uma tatuagem, é necessário verificar a composição química das tintas usadas. "Ninguém verifica a composição química das cores, mas o nosso estudo mostra que talvez o devessem fazer", disse Hiram Castillo, coautor do estudo, citado pelo Guardian.

"Já sabíamos que os pigmentos das tatuagens chegavam aos nódulos linfáticos por causa das evidências visuais: os nódulos ficam marcados com as cores das tatuagens. Esta é a resposta do corpo à limpeza do local da tatuagem. Mas o que não sabíamos é que estes pigmentos viajam de forma nanométrica, o que implica que talvez não tenham o mesmo comportamento de partículas no nível micrométrico. E isso é um problema: não sabemos como estas partículas agem", alerta Bernhard Hesse, cientista daquele instituto e coautor do estudo.

A próxima fase da investigação será perceber se estas nanopartículas causam efeitos graves no organismo, como processos inflamatórios. Há um ano, a Comissão Europeia alertou, com base num estudo que encomendou à Joint Research Centre, para o perigo das tintas das tatuagens, que podem conter pigmentos cancerígenos.

Em Portugal, ainda não existe legislação específica relativamente aos produtos químicos usados em tatuagens. Dados de 2016 indicam que pelo menos 60 milhões de europeus têm tatuagens.

No Porto
Uma equipa de cirurgiões plásticos do Serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética do Hospital de São João, Porto,...

“Foi realizada a reconstrução das duas mamas em simultâneo com o tratamento do linfedema (acumulação de líquidos) do braço numa doente com risco aumentado de cancro de mama”, explicou a cirurgiã Inês Correia de Sá, sobre esta técnica que o próprio hospital considerou "inovadora".

De acordo com a especialista, esta foi a "primeira vez" que este procedimento simultâneo foi realizado em Portugal.

A técnica foi implementada numa utente previamente submetida a tumorectomia (cirurgia em que apenas é removido o tumor, respeitando a zona de tecido em volta dele) e esvaziamento axilar ganglionar para o tratamento de um cancro de mama.

Segundo explicou Inês Correia de Sá, após este procedimento cirúrgico foi-lhe diagnosticada uma mutação genética que lhe confere um elevado risco de voltar a desenvolver cancro de mama pelo que a utente optou por fazer mastectomia bilateral profilática (extração das duas mamas para diminuição de risco de cancro).

“Como a doente apresentava já linfedema acentuado do membro superior, sem melhoria com o uso de mangas elásticas ou fisioterapia e condicionando elevada limitação motora, optou-se por realizar uma transferência microcirúrgica de gânglios linfáticos localizados na região inguinal para a axila no mesmo tempo cirúrgico em que se realizou a reconstrução mamária bilateral recorrendo a técnicas microcirúrgicas”, esclareceu.

Ambas as técnicas - para reconstrução da mama e a transferência de gânglios linfáticos – “são procedimentos altamente diferenciados e com elevado grau de exigência técnica”, salientou Inês Correia de Sá.

Acrescentou que “a reconstrução fisiológica com transferência micro vascularizada de gânglios linfáticos é, por si só, uma técnica recentemente desenvolvida e que apenas se realiza rotineiramente em alguns centros diferenciados a nível mundial”.

De acordo com a cirurgiã, com esta intervenção, “é expectável uma melhoria significativa do linfedema, com redução da circunferência do membro superior e das complicações inerentes a esta patologia”.

O linfedema pode chegar aos “50% das doentes tratadas para o cancro da mama”. No entanto, esclareceu Inês Correia de Sá, “esta patologia afeta outros doentes como, por exemplo, pessoas que fazem tratamento de melanoma (cancro da pele)” e pode ocorrer nos braços e nas pernas.

As cirurgiãs responsáveis pelo procedimento, Inês Correia de Sá e Joana Costa, fizeram parte da sua formação cirúrgica em centros de referência em Nova Iorque, EUA, e Gent, na Bélgica, respetivamente.

Inês Correia de Sá disse ainda à Lusa, que com este avanço, o Serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética espera dar resposta no tratamento de doentes de qualquer área do país que sofram de linfedema dos membros superior ou inferior adquiridos no tratamento de tumores, secundários a traumatismos, infeções ou outras causas.

Estudo
Estar sentado durante períodos longos pode conduzir a uma morte precoce, conclui um estudo norte-americano publicado no Annals...

A investigação, conduzida por Keith Diaz, do Departamento de Medicina da Universidade Columbia, em Nova Iorque (EUA), baseou-se numa amostra de 8.000 pessoas.

De acordo com o estudo, existe uma relação direta entre o tempo que passamos sentados e o risco de mortalidade precoce: à medida que esse tempo aumenta, também cresce o risco de morte prematura. Para medir esse tempo, escreve o Sapo, a equipa de investigadores recorreu a acelerómetros e concluiu que em média passados 12,3 horas sentados durante as 16 horas que passamos acordados.

No entanto, os investigadores descobriram que as pessoas que se levantam pelo menos uma vez a cada 30 minutos estavam menos propensas a morrer de morte prematura, sugerindo assim uma possível contra-medida.

Os resultados do estudo indicaram que, em geral, o risco de morte dos participantes aumentou em conjunto com o tempo total que passavam sentados, independentemente da idade, sexo, raça, índice de massa corporal ou hábitos de exercício. "Para dar um número específico, aqueles que se sentaram por mais de 13 horas por dia tiveram um risco duas vezes superior em relação àqueles que se sentaram menos de 11 horas por dia", comentou o investigador à cadeia de televisão americana CNN.

Os resultados indicam ainda que aqueles que se sentam menos de 30 minutos apresentaram um risco de morte 55% inferior do que as pessoas que ficam sentadas por períodos superiores a meia hora. "Deveria existir uma diretriz mais específica, que dissesse: Por cada 30 minutos consecutivos sentado, levante-se e caminhe durante cinco minutos, em ritmo acelerado", acrescenta Keith Diaz.

Investigação
Uma equipa internacional de cientistas, incluindo portugueses, vai estudar o comportamento do parasita que causa uma doença...

Da equipa fazem parte investigadores do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, liderados por Luísa Figueiredo, coordenadora do laboratório de Biologia do Parasitismo.

A doença chama-se nagana e é provocada pelo parasita tripanossoma, que é transmitido aos animais pela picada da mosca tsé-tsé (nas pessoas, o mesmo género de parasita causa a doença do sono).

"Conhece-se muito pouco como estes parasitas tornam a vaca doente (...). Não compreendemos como é que as vacas podem estar tanto tempo, tantos anos às vezes, infetadas pelo parasita", disse à Lusa a investigadora Luísa Figueiredo, realçando que a nagana "é uma doença veterinária que tem um impacto económico grande", já que os animais "são um meio de subsistência das famílias que vivem em ambientes rurais".

"A produção de leite é menor, a fertilidade é menor, a vaca dá menos dinheiro", assinalou.

O grupo de cientistas propõe-se estudar as estratégias usadas pelo parasita para "conseguir escapar às defesas das vacas" e perceber como se distribui e se adapta no organismo.

Deste modo, será possível, segundo Luísa Figueiredo, "descobrir pontos fracos" no parasita que possam ser um alvo para medicamentos mais eficazes ou vacinas.

Na doença do sono, o parasita é conhecido por enganar o sistema imunitário, uma vez que este não consegue reconhecê-lo e eliminá-lo: ao entrar na corrente sanguínea, o tripanossoma altera as proteínas na sua superfície.

O estudo, a concretizar num prazo de quatro anos, envolve também a participação de cientistas de instituições da Alemanha, do Reino Unido e dos Estados Unidos, sendo financiado pela Wellcome Trust, uma fundação britânica que apoia a investigação biomédica para melhorar a saúde humana e animal.

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Os distritos de Beja e Faro, bem como o arquipélago da Madeira apresentam hoje um risco ‘muito elevado’ de exposição à radiação...

Todas as restantes regiões do país encontram-se com risco ‘elevado’.

Para as regiões com risco 'muito elevado' e ‘elevado’, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) recomenda o uso de óculos de sol com filtro Ultravioleta (UV), chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

No caso de risco ‘moderado’ são aconselhados óculos de Sol e protetor solar.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o UV é 'baixo', 3 a 5 ('moderado'), 6 a 7 ('elevado'), 8 a 10 ('muito elevado') e superior a 11 ('extremo').

O IPMA prevê para hoje céu geralmente muito nublado no litoral oeste e na região Norte até meio da manhã, e temporariamente com períodos de maior nebulosidade por nuvens altas na região Sul.

A previsão aponta também para possibilidade de ocorrência de períodos de chuva fraca ou chuvisco no litoral a norte do Cabo da Roca até ao meio da manhã.

Está também previsto vento fraco a moderado de noroeste, soprando moderado a forte, por vezes com rajadas até 65 quilómetros por hora, no litoral oeste e nas terras altas em especial a partir da tarde, neblina ou nevoeiro matinal em alguns locais e pequena descida da temperatura máxima.

As temperaturas máximas vão oscilar entre 23 (Leiria, Porto, Viana do Castelo, Setúbal) e 31 graus (Évora, Beja, Faro e Castelo Branco).

As mínimas vão variar entre os 11 graus Celsius (na Guarda) e 18 (Faro).

Para o arquipélago dos Açores são esperados períodos de céu muito nublado, por vezes com abertas, sendo possível aguaceiros no grupo Ocidental e Central.

Ponta Delgada vai chegar ao 26 graus.

Na Madeira, aguardam-se períodos de céu muito nublado, apresentando-se em geral pouco nublado nas vertentes sul da ilha da Madeira a partir do meio da manhã. Possibilidade de ocorrência de aguaceiros fracos nas vertentes norte e terras altas até meio da manhã.

As temperaturas no Funchal vão chegar até aos 27º.

Diretor-geral da Saúde
O diretor-geral da Saúde, que deixa o cargo em outubro, esteve para encerrar a Quinta do Lago por causa de um mosquito, passou...

Ao fim de uma dúzia de anos como diretor-geral da Saúde, Francisco George deixa a administração pública e termina uma carreira de 44 anos ao serviço de um Estado que, acredita, é hoje muito melhor.

Em entrevista, recordou que entrou na DGS em 2000, para “dar um impulso na saúde ambiental”. Hoje, é o mais antigo funcionário deste organismo onde, aliás, tinha começado a sua carreira, em 1975.

Desde 2000, viu passar oito ministros da Saúde, alguns dos quais seus amigos e companheiros dos primeiros tempos de escola e de exercício da Medicina. Não sabe indicar qual o melhor, mas acredita que um dia fará uma grelha que culminará nessa eleição.

Enquanto Autoridade de Saúde foi chamado a decidir em várias situações, mas Francisco George não tem dúvidas de que foi o surto de ‘legionella’, em Vila Franca de Xira, em 2014, responsável por 11 mortos, que lhe tirou o sono.

“Foram mais de 400 doentes, quase metade teve de ser assistida em cuidados intensivos. Percebemos, e demos uma lição a todos, que Portugal tem um Serviço Nacional de Saúde (SNS) fantástico”, disse.

Segundo Francisco George, os resultados foram também “muito positivos” na investigação da fonte do problema, que “era a principal preocupação”.

“Ao fim de poucas horas foi possível perceber o que se estava a passar, encerrar, do segundo para o terceiro dia, a fábrica que estava a emitir as partículas contaminadas com essa bactéria”, disse.

Para Francisco George, “foi uma situação muito grave que mobilizou todos os meios e teve um grande apoio político”: “Conseguimos, ao fim de 15 dias, declarar o fim da epidemia”.

Uma das primeiras preocupações enquanto DGS deu-se no “pico” do verão de 2004, no Algarve, com um alerta vindo da Irlanda de que dois cidadãos daquele país apresentavam encefalite após estadia em Portugal e que o agente suspeito era o vírus do Nilo.

A infeção por vírus do Nilo Ocidental é transmitida através da picada de um mosquito. Uma em cada cinco pessoas infetadas exibe doença febril e um em cada 150 desenvolve meningite, encefalite ou meningoencefalite.

“Tivemos de demonstrar que os mosquitos estavam infetados. Fizemos o cálculo do número de picadas de mosquito preciso para provocar um caso de doença e fomos ver quem podia ter 500 picadas. Concluímos que são os que observam a natureza, nos postos de observação de aves. Os irlandeses em causa tinham, de facto, estado num posto de observação de aves ao fim da tarde e tinham sido martirizados por mosquitos”.

O posto foi encerrado e, mais tarde, a Quinta do Lago era identificada como local da infeção, o que obrigou ao uso de inseticidas, mesmo contra a vontade do então organismo que tinha a tutela das culturas e proteção vegetal.

“Tomei a atitude de usarmos os inseticidas para proteção humana. A proteção vegetal é muito importante, mas neste caso estava em causa a proteção humana”, disse.

Numa ação que contou com “um grande apoio de Luís Filipe Pereira”, na altura ministro da Saúde, a situação foi resolvida sem o fecho da Quinta do Lago, o qual esteve eminente.

A ameaça do bioterrorismo e do “pó branco”, a pandemia de gripe A, o susto do dengue, os casos sempre alarmantes de meningite, a tosse convulsa, a hepatite A e o sarampo foram alvo da política de saúde pública nos últimos anos e contaram com decisões, nem sempre fáceis, de Francisco George.

Quando Portugal, à semelhança de outros países europeus, se confrontou este ano com um surto de hepatite A, o DGS não teve dúvidas: “Prejudicámos os viajantes, aqueles que iam fazer viagens e tinham indicação para ser protegidos”.

Isto porque a Direção-Geral de Saúde decidiu concentrar o ‘stock’ de 12 mil vacinas que estavam distribuídas nas farmácias “a favor do controlo da epidemia”.

“Era preciso parar com a atividade viral naquela comunidade, a fim de proteger os que não tinham ainda a doença, na comunidade em causa, mas também evitar que saltasse para outras comunidades”, disse.

A última intervenção de Francisco George vai acontecer no dia 20 de outubro, na reitoria da Universidade Nova de Lisboa, e terá como tema “44 anos de serviço público”.

Depois, vai gozar umas férias “curtas” e abraçar outros desafios, um dos quais já foi assumido, uma vez que se vai candidatar à presidência da Cruz Vermelha Portuguesa.

Consciente da “popularidade” que adquiriu nos últimos anos, Francisco George vê-se perfeitamente em outras funções, não na administração pública, onde não pode exercer por ter atingido o limite de idade (70 anos), mas para o bem público.

A esse propósito, soube-lhe bem ouvir o socialista Jorge Coelho referir, num programa televisivo, que Francisco George era o homem certo para lidar com questões como os donativos para ajudar as vítimas dos incêndios em Pedrogão Grande, em nome da transparência que tanto advoga.

“Se isso acontecesse, porque não? Missões dessa natureza, aceito, como aceitei participar numa campanha contra a discriminação de ciganos”, afirmou.

E sobre o Estado para o qual trabalhou mais de quatro décadas, Francisco George prescreve “justiça”.

“O Estado tem que ser justiça, tem que ser absolutamente transparente. Há aqui uma garantia de servir os cidadãos de uma forma absolutamente transparente. O Estado é o garante do Estado social”.

Francisco George
As normas de orientação clínica vão passar a ser feitas em conjunto com a Ordem dos Médicos, anunciou o diretor-geral da Saúde,...

“Tem sido um sucesso e vamos reforçar. Vamos trabalhar mais esta área com a Ordem dos Médicos e fazer com que as normas, em lugar de serem da inteira responsabilidade da Direção-geral da Saúde (DGS), passem também a ser da Ordem dos Médicos em termos paritários. E porque não a sua assinatura ser conjunta, do diretor-geral e do bastonário?”, questionou Francisco George.

As normas de orientação clínica são um conjunto de recomendações técnico-científicas sistematizadas e que visam apoiar o médico na tomada de decisões acerca dos cuidados de saúde dos seus doentes. No fundo, resumem os dados científicos acerca de uma patologia ou de um tratamento e disponibilizam-nos ao médico, para que atue da melhor maneira possível.

O diretor-geral da Saúde assume que as normas de orientação clínica (NOC) foram o trabalho que mais duvidou que fosse possível cumprir nos seus 12 anos a liderar a DGS, de onde sai dentro de um mês por ter atingido os 70 anos.

Quando se iniciou, com a Ordem dos Médicos, o trabalho de produzir as NOC “muitos pensavam que ia ser difícil”. Noutros países há agências com muita experiência e recursos e em Portugal não havia esse hábito, que acabou por ser uma imposição da ‘troika’.

“Pensei que se não fosse [um trabalho] bem feito poderia ser alvo, em congressos, de chacota, de discórdia e de revolta. Começámos depois a ver que as normas eram muito boas, muito bem feitas. Mobilizámos 500 consultores nas várias especialidades e agora estamos num processo de auditorias. Têm sido bem aceites. Nunca existiu um congresso em que tivessem sido postas em causa”, descreve.

Agora, as normas de orientação clínica devem ser reforçadas, sendo um trabalho conjunto com a Ordem dos Médicos, que poderá assinar os documentos em conjunto com a DGS, o que significará que resultam de um consenso e são corretas.

Para avançar com estas normas conjuntas vão ser inicialmente escolhidos 20 temas, que abarquem as doenças mais frequentes, como diabetes, patologias do foro cardiovascular e outras que possam ser causa de mortalidade precoce.

Aliás, Francisco George considera como “uma das marcas deste mandato” na DGS o combate à mortalidade precoce, antes dos 70 anos.

“Não tem o mesmo significado um enfarte do miocárdio fulminante aos 65 anos ou aos 85. Há aqui uma diferença e temos de olhar para ela. Temos de fazer com que as pessoas de 65 anos vivam mais 20”, declarou o responsável pela saúde pública em Portugal, que vai abandonar o cargo ao fim de 44 anos dedicados à administração pública.

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