Tribunal de Contas
O Tribunal de Contas considera que a ADSE pagou indevidamente 29,7 milhões de euros ao Serviço Regional de Saúde da Madeira...

Num relatório de auditoria ao sistema de proteção social dos funcionários públicos, o Tribunal de Contas (TdC) refere que, em setembro de 2015, a ADSE usou excedentes gerados em 2014 e receitas próprias de 2015 para pagar mais de 29 milhões de euros ao Serviço Regional de Saúde da Madeira que resultou da utilização de unidades de saúde por beneficiários da ADSE entre 2010 e 2015.

O Tribunal considera que dois secretários de Estado do anterior Governo “comprometeram dinheiros da ADSE para fazer face a uma despesa que é do Estado e que devia ter sido satisfeita pela dotação orçamental do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

O relatório refere que esta situação pode ser considerada uma “eventual infração financeira suscetível de gerar responsabilidades financeira reintegratória”, ou seja, reposição de verbas por parte dos então secretários de Estado Adjunto e do Orçamento, Hélder Reis, e da Saúde, Manuel Teixeira.

Diz ainda o documento que o diretor-geral da ADSE, Carlos Batista, autorizou o pagamento de 29 milhões de euros, sabendo que a ADSE não era desde 2010 responsável pelo pagamento daqueles serviços, situação que pode também ser uma eventual infração financeira reintegratória e também sancionatória.

Para o Tribunal este é um exemplo de “instrumentalização do rendimento disponível dos trabalhadores da Administração Pública pelo Governo da República”.

A propósito deste pagamento ao serviço de saúde da Madeira, o TdC lembra que as instituições do SNS, no Continente e nas Regiões Autónomas, são financiadas por transferências do Orçamento do Estado.

“O montante pago ilegalmente pela ADSE (…), constituindo uma descapitalização da ADSE, constituiu já o limite inferior do prejuízo para o Estado”, indica o documento.

O Tribunal entende que os excedentes e receitas da ADSE não devem ser usados para o pagamento de despesa pública, uma vez que não compete ao sistema dos funcionários públicos nem aos seus beneficiários suportar essas despesas: “A utilização reiterada das receitas e dos excedentes da ADSE em funções públicas do Estado que não lhe incumbe prosseguir, descapitaliza a ADSE e prejudica a sua sustentabilidade”.

Tribunal de Contas
A ADSE é insustentável a longo prazo e o alargamento da base de contribuintes é condição para a sobrevivência do sistema de...

Um relatório de auditoria do Tribunal de Contas (TdC), defende que “o alargamento da base de quotizados a novos quotizados líquidos é condição 'sine qua non' para a sobrevivência, a prazo da ADSE”.

O documento recorda que por cada beneficiário que efetua descontos existem 1,5 beneficiários não contribuintes.

“O aumento da população da ADSE é essencial à sua sustentabilidade, devendo o eventual alargamento ser decidido pelos e no estrito interesse dos seus quotizados, sem qualquer intervenção da tutela, lê-se no documento, que acrescenta que quanto maior for o aumento de contribuintes do sistema, maior é a garantia de sustentabilidade.

O Tribunal de Contas entende como riscos para a sustentabilidade da ADSE a diminuição do número de quotizados e o seu envelhecimento, a concorrência do setor segurador e a administração do sistema por parte dos Governos que a têm instrumentalizado para realizarem as suas políticas financeiras e sociais.

“O adiamento sucessivo da decisão sobre a refundação da ADSE, a ausência de explicação sobre o racional do eventual retorno financeiro da ADSE através de impostos, bem como o recurso a formas de descapitalização da ADSE (…) podem resultar no eventual desmantelamento faseado da ADSE”, acrescenta o relatório.

Nas conclusões, o Tribunal de Contas começa por indicar que praticamente nenhuma recomendação formulada pelo TdC no anterior relatório foi acolhida.

O aumento da taxa de desconto para 3,5% gerou excedentes, financiados pelos próprios quotizados, que foram e continuam a ser usados para maquilhar as contas públicas.

Apesar de os descontos dos quotizados serem a única fonte de financiamento dos cuidados de saúde, a ADSE permanece dependente de uma gestão exclusivamente pública sem que haja qualquer poder de decisão dos financiadores ou de quem paga as quotas.

“No atual modelo de governação da ADSE, o Estado tem vindo, no papel de ‘agente’, a administrar dinheiros dos quotizados, nem sempre agindo no melhor interesse dos quotizados da ADSE. O Estado deve garantir, no futuro, e enquanto o modelo de governação não for alterado, garantir que os descontos dos quotizados são consignados à sua finalidade”, recomenda o TdC.

Peritos revelam
A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia considerou que a Organização Mundial da Saúde veio confirmar a “fortíssima suspeita”...

“Esta declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma homologação de uma fortíssima suspeita que já havia do ponto de vista científico relativamente à alta temperatura dos alimentos como fator de risco para aparecimento do cancro do esófago”, afirmou o presidente da Sociedade, José Cotter.

Aliás, segundo o perito, no ensino universitário de Medicina era já habitual apontar o exemplo da população inglesa, que tem uma alta prevalência de cancro do esófago, que tem o hábito de beber chá a temperatura muito alta.

“Mais importante do que a agressão química de alguns alimentos é a agressão térmica, que provoca uma injúria na parede do esófago que leva a alterações celulares que promovem a cancerização do esófago”, explicou José Cotter, reconhecendo que a situação é “gravíssima”, uma vez que se trata de um tipo de cancro com “mau prognóstico”.

A taxa de sobrevida após cinco anos de diagnóstico é de apenas 15%, daí que todas as medidas preventivas se revelem importantes.

Sobre a população portuguesa, o presidente da Sociedade de Gastrenterologia refere que continua a haver “muita gente” que aprecia alimentos quentes, sobretudo bebidas.

“É um dever do médicos alertar para isto. A informação da OMS vem também alertar a generalidade da população. Para alguns é um hábito quotidiano e deve ser abolido”, afirmou.

O Centro Internacional de Investigação sobre Cancro (CIRC, sigla em francês) avisou hoje que o consumo de bebidas muito quentes é uma "causa provável" do cancro do esófago, depois de eliminar também as suspeitas sobre o café ou o chá-mate consumidos a temperaturas normais.

"Estes resultados permitem pensar que o consumo de bebidas muito quentes é uma causa provável de cancro do esófago e que é a temperatura, mais do que a bebida em si, que parece ser a causa" da doença, afirmou o diretor do centro, Christopher Wild.

O centro reviu mais de mil estudos científicos sobre as alegadas propriedades que causam cancro do café e do chá-mate, muito popular na América do Sul.

"Estudos efetuados em locais como a China, Irão, Turquia e América do Sul, onde o chá ou o chá-mate são tradicionalmente bebidos muito quentes (a cerca de 70ºC) mostraram que o risco de cancro do esófago aumenta com a temperatura a que a bebida é consumida", disse o CIRC.

"O consumo de bebidas muito quentes, a temperaturas superiores a 65ºC, foi classificado como 'provavelmente' cancerígeno".

Universidades de Coimbra e Porto
Uma equipa de investigadores das universidades de Coimbra e do Porto otimizou antioxidantes presentes na alimentação para que...

Os investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) e do Centro de Investigação em Química da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP-CIQUP) acreditam que os antioxidantes otimizados podem ter uma utilização nas áreas da cosmética e saúde.

Paulo Oliveira, líder do grupo do CNC, explica que “os antioxidantes ingeridos no dia-a-dia apresentam uma biodisponibilidade baixa, sendo que frequentemente não alcançam os locais nas células onde devem atuar. Os novos antioxidantes são mais precisos do que os antioxidantes presentes na alimentação porque possuem um ‘código postal’ que os encaminham para o local de produção de energia da célula, a mitocôndria”.

Ainda segundo este investigador, citado numa nota da Universidade de Coimbra, "a importância de focar a ação destes compostos na mitocôndria deve-se ao facto de esta ser o local da célula onde a energia é produzida e que está mais exposto a danos oxidativos, que ocorrem ao longo do processo de envelhecimento e em várias doenças. A nossa abordagem permite otimizar o que a natureza já nos oferece”.

As novas moléculas obtidas, designadas de MitoDIETs, e em atual processo de patenteamento, permitem prevenir e minimizar os danos resultantes do stress oxidativo, os quais normalmente resultam em morte celular.

Os compostos MitoDIETs, explica fonte da Universidade de Coimbra, atuam de uma forma mais seletiva e, em alguns casos, com menor toxicidade do que antioxidantes presentes em suplementos e produtos de cosmética.

O stress oxidativo, associado ao envelhecimento, é também um fator comum a muitas doenças, incluindo a diabetes, doença do fígado gordo não-alcoólico ou mesmo doenças do sistema nervoso central, o que significa que os antioxidantes desenvolvidos poderão ter aplicação terapêutica na área da saúde, reforçam os investigadores.

"O processo de obtenção destes novos agentes utiliza tecnologias inovadoras, onde pequenos retoques na estrutura do antioxidante natural conduziram ao efeito biológico desejado. Os antioxidantes desenvolvidos apresentam propriedades adequadas à sua aplicação a nível cosmético e terapêutico", explica Fernanda Borges, coordenadora da equipa de investigação em Química Medicinal da FCUP.

A investigação decorreu ao longo de cinco anos e foi financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e por fundos regionais, incluindo o programa QREN - Programa Operacional Regional do Centro 2007-2013 com o apoio do Mais Centro e da União Europeia no âmbito do projeto "CNC Biotech - investigação em Biotecnologia e capacitação do setor empresarial" e o programa QREN - Programa Operacional Regional do Norte no âmbito do projeto "Desenvolvimento de Materiais Funcionais".

Infarmed
Infarmed ordena suspensão imediata da comercialização e retirada do mercado de alguns lotes de protetores solares da marca Aloha.

Na sequência de uma ação de supervisão de mercado verificou-se que alguns lotes de protetores solares da marca Aloha, listados abaixo, contêm na lista de ingredientes a mistura dos conservantes “methylchloroisothiazolinone and methylisothiazolinone” cuja utilização é proibida em produtos cosméticos não enxaguáveis desde 16 de abril de 2016, pelo que o Infarmed ordena a suspensão imediata da comercialização e a retirada do mercado destes produtos.

• ALOHA SPF 8 Sun Lotion, 250 ml;
• ALOHA SPF 30 Sun Lotion, 50 ml;
• ALOHA SPF 50 Kids Lotion, 50 ml;
• ALOHA Sensitive SPF 30, 200 ml;
• ALOHA Sensitive SPF 50, 200 ml;
• ALOHA SPF 15 Spray Lotion, 200 ml;
• ALOHA SPF 30 Spray Lotion, 200 ml.

A utilização de produtos não enxaguáveis contendo esta mistura de conservantes pode colocar em sério risco a saúde humana por induzir alergia de contacto.

O Infarmed determina ainda que:

- As entidades que disponham destes produtos não os podem vender;
- Os consumidores que tenham adquirido estes produtos não os devem utilizar.

Organização Mundial de Saúde
O consumo de bebidas muito quentes é uma "causa provável" do cancro do esófago, declarou hoje o centro de...

O Centro Internacional de Investigação sobre Cancro (CIRC, sigla em francês) eliminou também as suspeitas sobre o café ou o chá-mate, consumidos a temperaturas normais.

"Estes resultados permitem pensar que o consumo de bebidas muito quentes é uma causa provável de cancro do esófago e que é a temperatura, mais do que a bebida em si, que parece ser a causa" da doença, afirmou o diretor do centro, Christopher Wild.

O centro reviu mais de mil estudos científicos sobre as alegadas propriedades que causam cancro do café e do chá-mate, muito popular na América do Sul.

Desde 1991, data da última avaliação, as duas bebidas tinham sido classificadas como "possivelmente cancerígenas".

Dados reunidos desde então sugerem que nenhuma das bebidas pode ser relacionada com um risco de cancro mais elevado, de acordo com o CIRC.

Contudo, alguns dados indicavam que beber estas, ou quaisquer outras bebidas, a temperaturas superiores a 65 graus centígrados (65ºC) pode causar cancro do esófago.

"Estudos efetuados em locais como a China, Irão, Turquia e América do Sul, onde o chá ou o chá-mate são tradicionalmente bebidos muito quentes (a cerca de 70ºC) mostraram que o risco de cancro do esófago aumenta com a temperatura a que a bebida é consumida", disse o CIRC.

"O consumo de bebidas muito quentes, a temperaturas superiores a 65ºC, foi classificado como 'provavelmente' cancerígeno".

O estudo considerou fatores que podiam alterar a avaliação do risco de cancro, como o consumo de álcool e tabaco.

Dezasseis regiões do país em
Dezasseis regiões de Portugal apresentam hoje risco 'Muito Alto' de exposição à radiação ultravioleta (UV), informou...

Em risco ‘Muito Alto’ de exposição à radiação UV estão as regiões de Beja, Castelo Branco, Faro, Funchal, Guarda, Lisboa, Portalegre, Porto Santo, Sagres, Santarém, Setúbal, Sines, Santa Cruz das Flores, Horta, Ponta Delgada e Angra do Heroísmo (Açores).

De acordo com o instituto, em risco ‘Alto’ de exposição à radiação UV estão as regiões de Aveiro, Bragança, Coimbra, Évora, Leiria e Penhas Douradas.

Em risco ‘Moderado’ estão as regiões de Braga, Porto, Viana do Castelo, Viseu e Vila Real.

Para as regiões com níveis 'Muito Alto' e 'Alto', o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de aconselhar que seja evitada a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre menor do que 2, em que o UV é 'Baixo', 3 a 5 ('Moderado'), 6 a 7 ('Alto'), 8 a 10 ('Muito Alto') e superior a 11 ('Extremo').

Quanto ao estado do tempo, o instituto prevê para hoje nas regiões do norte e centro do continente céu geralmente muito nublado, períodos de chuva ou aguaceiros, que poderão ser localmente intensos e de granizo no Minho e Douro Litoral a partir da manhã e condições favoráveis à ocorrência de trovoada a partir da manhã.

Está também previsto vento fraco a moderado do quadrante oeste, tornando-se moderado a partir da manhã, e por vezes forte com rajadas até 60 quilómetros por hora no litoral, soprando forte nas terras altas por vezes com rajadas até 75 quilómetros por hora e descida da temperatura máxima, em especial no interior da região centro.

No sul a previsão aponta para céu com períodos de muita nebulosidade, apresentando-se temporariamente muito nublado a partir da manhã e períodos de chuva ou aguaceiros, fracos, que serão pouco frequentes no Baixo Alentejo e Algarve.

A previsão aponta também para vento fraco a moderado do quadrante oeste, tornando-se moderado a forte a partir da manhã, e soprando forte nas terras altas por vezes com rajadas até 70 quilómetros por hora e descida da temperatura máxima, em especial nas regiões do interior e no sotavento algarvio.

Para a Madeira prevê-se céu geralmente muito nublado, com boas abertas entre o início da manhã e o final da tarde, possibilidade de ocorrência de períodos de chuva fraca ou chuvisco até ao início da manhã, e ocorrência de aguaceiros a partir do final da tarde nas vertentes norte e zonas montanhosas, vento moderado do quadrante norte, soprando por vezes forte, e pequena descida da temperatura máxima.

Nos Açores está previsto céu muito nublado com boas abertas, aguaceiros fracos ao final da tarde no grupo ocidental (Flores e Corvo) e vento nordeste fraco a bonançoso.

Quanto às temperaturas, em Lisboa vão oscilar entre 16 e 20 graus Celsius, no Porto entre 14 e 19, em Viana do Castelo entre 12 e 19, em Bragança entre 09 e 15, em Viseu entre 10 e 15, na Guarda entre 09 e 12, em Coimbra entre 14 e 19, em Castelo Branco entre 13 e 19, em Santarém entre 14 e 22, em Évora e Beja entre 14 e 22, em Faro entre 18 e 23, no Funchal entre 21 e 25, em Ponta Delgada entre 16 e 21, na Horta entre 17 e 22 e em Santa Cruz das Flores entre 14 e 18.

Em França
A empresa farmacêutica Bial reiterou que é fundamental que lhe sejam disponibilizados todos os dados médicos dos voluntários no...

“O apuramento de forma rigorosa e exaustiva do que se passou no ensaio clínico com o composto experimental BIA 10-2474 constitui uma prioridade para Bial desde a ocorrência do incidente. Nesse sentido será fundamental ter acesso à totalidade dos dados médicos dos voluntários, o que ainda não ocorreu, uma vez que é crucial para uma investigação completa em torno do sucedido, nomeadamente a explicação das causas da morte de um dos voluntários”, referiu fonte oficial da empresa.

A Bial sublinha que o comunicado divulgado hoje pelo Ministério Público francês, que anunciou a abertura de uma investigação judicial por "homicídio involuntário", menciona que a vítima mortal “era portadora de uma patologia vascular endocraniana oculta, suscetível de explicar o desfecho fatal” e que os "ensaios efetuados com animais, submetidos a doses muito mais fortes e durante um período mais longo, não pareciam fazer prever os efeitos indesejáveis verificados no ser humano”.

De acordo com a agência de notícias France Presse, a procuradoria de Paris abriu hoje uma investigação judicial "por homicídio involuntário" para apurar as circunstâncias que resultaram na morte de um homem que participou no ensaio clínico da Bial em janeiro, em Rennes (Oeste de França).

Na altura do ensaio (relativo à fase 1 de uma molécula da Bial), seis voluntários foram hospitalizados, dos quais um acabaria por morrer. Quatro dos sobreviventes sofreram lesões cerebrais.

A mesma fonte oficial da Bial sublinhou que "os relatórios já conhecidos concluíram que nenhum sinal de alerta foi identificado junto dos demais voluntários que participaram nas fases precedentes de ensaio (num total de 116 voluntários dos quais 90 receberam o medicamento experimental e 26 receberam placebo)".

A empresa reiterou "que mantém todo o seu empenho e compromisso de transparência e partilha de informação na colaboração com as autoridades Francesas para o apuramento das causas do sucedido".

No final de maio, o Governo francês afirmou que a Bial e a empresa especializada Biotrial têm responsabilidade, "de várias formas”, no ensaio clínico em que morreu um voluntário e exigiu um plano de ação que impeça a repetição dos erros.

Em comunicado citado hoje pela Agência France Presse, o procurador de Paris, François Molins, indicou que os juízes designados para o caso vão "determinar se falhas de natureza penal contribuíram de forma decisiva para a morte e lesões das vítimas ou se os factos se inscrevem no quadro de uma ocorrência científica aleatória".

Este procedimento segue-se a um inquérito preliminar aberto a 15 de janeiro, após a morte do voluntário do ensaio da Bial.

Governo acredita ser devido à isenção de taxas
As dádivas de sangue aumentaram 4% nos primeiros quatro meses do ano, revelou o Ministério da Saúde, que acredita que esta...

“Dois meses depois da medida, tem-se assistido a uma tendência crescente de dádivas de sangue”, disse o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, revelando que “nos primeiros quatro meses do ano houve um crescimento de 4% nas dádivas e no mesmo mês, Abril, verificou-se um crescimento de 15% a 17% face ao mesmo período homólogo”.

Embora admitindo ser ainda “cedo para tirar elações”, o governante acredita que esta subida no número de dádivas está relacionada com reposição da isenção das taxas moderadoras a dadores.

“É preciso reconhecer o esforço dos dadores e contribuir para que se intensifique mais. Nesse sentido, o Governo decidiu promover a isenção de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde no âmbito hospitalar. Trata-se de uma justa reivindicação”, justificou o responsável, que falava durante a cerimónia dedicada ao Dia do Dador de Sangue, que decorreu em Lisboa.

Para Fernando Araújo, “este pode ser o elemento que faltava para estabilizar as colheitas”.

A par do aumento das dádivas de sangue, verificaram-se medidas de redução de consumo efetuadas pelos hospitais.

O presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Helder Trindade, dá igualmente conta deste aumento, revelando que, só no âmbito do instituto, registou-se até final de maio um aumento de 1% nas dádivas face ao período homólogo.

Além disso, o IPST forneceu “menos 38 unidades de sangue por dia aos hospitais”, o que significa que “provavelmente os hospitais estão a colher mais”, acrescentou.

Federação Europeia dos Hospitais
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra recebeu durante um mês o programa de intercâmbio da Federação Europeia dos...

O programa Federação Europeia dos Hospitais (HOPE), que este ano se dedicou à inovação em saúde, é tido como uma "montra de produtos": a apresentação de diversas parcerias entre empresas da região e o centro hospitalar, o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra e o Hospital Rovisco Pais permitiu facilitar a abertura de novos mercados de exportação, disse o administrador hospitalar do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) Alexandre Lourenço.

Entre 09 de maio e 06 de junho, o CHUC recebeu a 35.ª edição do programa HOPE, acolhendo profissionais de saúde da Polónia e Inglaterra.

Durante esse mês, o CHUC recebeu também duas visitas de representantes dos restantes oito países do programa, tendo também tido a oportunidade de apresentar os resultados das parcerias entre o hospital e o tecido empresarial da região na conferência final do HOPE, em Roma, a 08 de junho.

A maioria das empresas com as quais o hospital tem vindo a criar parcerias, nomeadamente do Instituto Pedro Nunes (IPN) e do Biocant, já são exportadoras, mas o programa surgiu como uma oportunidade de se criarem novos mercados, realçou o também Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.

Neste âmbito, "o prestígio do CHUC ajuda a reconhecer a qualidade dos produtos" desenvolvidos no âmbito das parcerias, permitindo atrair mais interesse no estrangeiro, explanou Alexandre Lourenço, frisando que um dos mercados "mais interessantes" neste momento será o norte da Europa.

Serviço de ensino médico, produto na área das células estaminais ou um carro automatizado que funciona como um elevador horizontal foram alguns dos produtos apresentados aos participantes do programa, informou Alexandre Lourenço.

O ecossistema de Coimbra "está a criar um conjunto de empresas muito sofisticado", que cruza "a saúde e a inovação", sendo que iniciativas como o programa HOPE ajudam as empresas da região a "afirmarem-se internacionalmente", frisou.

Martins Nunes, presidente do conselho de administração do CHUC, referiu também, citado em nota de imprensa, que, "estes programas de intercâmbio são uma enorme mais-valia, pois constituem-se como uma oportunidade para o CHUC prosseguir com espírito liderante na área da inovação e como um hospital que a par dos serviços prestados às populações também concorre para a criação de produtos de base saúde, capazes de contribuir não só para a sua projeção e reforço financeiro como, também, para o desenvolvimento da Região”.

A HOPE, Federação Europeia dos Hospitais, é uma organização internacional sem fins lucrativos, criada em 1966. Representa as associações de hospitais nacionais públicos ou privados e os próprios hospitais, sejam elas as federações das autoridades locais e regionais ou os serviços nacionais de saúde. Atualmente, o HOPE é composto por 32 organizações, das quais 26 são Estados-Membros da União Europeia, e a Suíça.

Rastreio
Os primeiros resultados do rastreio de desnutrição realizado no Centro Hospitalar de São João do Porto e na sua zona de...

O estudo, realizado entre novembro de 2015 e março deste ano, conclui também que na comunidade em questão cerca de 10% dos idosos estão na mesma situação.

O rastreio realizou-se no âmbito do projeto QuaLife+, criado com o objetivo de monitorizar o estado nutricional da população com mais de 65 anos, quer no internamento do CHSJ quer na comunidade das suas áreas de referenciação.

A partir da candidatura do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) ao mecanismo financiado pela Noruega, Islândia e Liechtenstein através dos EEA Grants, surgiu uma parceria do São João com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Porto Oriental e o ACeS Santo Tirso/Trofa.

Na comunidade pretende-se avaliar o risco nutricional de uma amostra representativa da população idosa das áreas de influência. Assim, foi definida uma amostra aleatória de cerca de 1.500 utentes em cada um dos ACES parceiros. No hospital, o objetivo é avaliar todos os doentes internados com mais de 65 anos.

Segundo a coordenadora da Unidade de Nutrição e Dietética do CHSJ e gestora do projeto, Sandra Silva, os resultados gerais do projeto serão conhecidos em 2017.

Contudo, a investigadora salientou que desde que se iniciou o rastreio, em novembro de 2015, e até março de 2016, quatro mil idosos foram submetidos ao rastreio nutricional, dos quais cerca de metade se encontra em risco de desnutrição.

Sabe-se que “a desnutrição leva a aumento da morbilidade, do tempo de internamento, de readmissões e da mortalidade”, sublinhou Sandra Silva.

Segundo a gestora do projeto, o QuaLife+ possibilitou “equipar todo o hospital com diferentes tipos de balanças mais adequados à prática hospitalar e a todas as condições clínicas (por exemplo doentes acamados ou em cadeira de rodas) e que permitirão a todos os profissionais de saúde poderem facilmente recolher indicadores importantes do estado nutricional dos doentes na admissão e durante o internamento, incluindo a estatura, o peso e a composição corporal”.

“Este projeto, de cariz multidisciplinar, envolve outros profissionais para além dos nutricionistas, em concreto, os enfermeiros na avaliação do risco e os médicos na discussão das medidas a implementar, permitindo uma maior sensibilização e alerta para a fragilidade desta população”, acrescentou.

Sandra Silva referiu, ainda, que “os dados resultantes do rastreio da avaliação do estado nutricional, bem como a tipologia de intervenção nutricional, permitirão uma adequada monitorização do projeto”.

Este financiamento tornou possível, também, a implementação da rede sem fios em todo o hospital, sendo esta considerada uma ferramenta facilitadora no acesso às plataformas clínicas existentes.

Além disso, a nível comunitário, “a estreita relação interinstitucional dos nutricionistas dos cuidados de saúde primários com os seus pares no hospital está a permitir definir estratégias de articulação dos cuidados dos utentes de forma integrada”, disse.

Em França
O ensaio clínico da farmacêutica portuguesa Bial que resultou na morte de um homem em França vai ser alvo de uma investigação...

De acordo com a agência de notícias francesa France Presse, a procuradoria de Paris abriu uma investigação judicial "por homicídio involuntário" para apurar as circunstâncias que resultaram na morte de um homem que participou no ensaio clínico da Bial em janeiro, em Rennes (Oeste de França).

Na altura do ensaio (relativo à fase 1 de uma molécula da Bial), seis voluntários foram hospitalizados, dos quais um acabaria por morrer. Quatro dos sobreviventes sofreram lesões cerebrais.

A investigação judicial foi também aberta por "lesões involuntárias" relativas a estes quatro afetados.

Em comunicado citado pela France Presse, o procurador de Paris, François Molins, indicou que os juízes designados para o caso vão "determinar se falhas de natureza penal contribuíram de forma decisiva para a morte e lesões das vítimas ou se os factos se inscrevem no quadro de uma ocorrência científica aleatória".

Este procedimento segue-se a um inquérito preliminar aberto a 15 de janeiro, após a morte do voluntário do ensaio da Bial.

A investigação preliminar concluiu que a "vítima mortal era portador, muito antes da sua participação no ensaio, de uma patologia vascular endocraniana oculta, suscetível de explicar a fatalidade", acrescentou o procurador.

"Nesta fase das investigações, ainda não é claro [o papel] da molécula-teste, desconhecendo-se também o mecanismo fisio-patológico provocado.

Estudo
Uma dieta com três porções diárias de cereais integrais pode ajudar as pessoas a viverem mais tempo, reduzindo as taxas de...

Investigadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, observaram que o consumo de uma porção diária de 16 gramas de cereais integrais reduzia em 7% o risco de morte em geral, incluindo uma queda de 9% do risco de morte por doença cardíaca e de 5% do risco de morte por cancro.

Aumentando o consumo de grãos integrais para três porções diárias, ou 48 gramas, o risco de morte caiu 20%, incluindo uma diminuição de 25% do risco de morte por doença cardíaca e de 14% do risco de morte por cancro, escreve o Sapo.

Para a investigação, os cientistas analisaram resultados de 12 estudos realizados entre 1970 e 2010 nos Estados Unidos, no Reino Unido e nos países escandinavos, envolvendo 786.076 homens e mulheres.

"Estes resultados apoiam ainda mais as orientações alimentares atuais, que recomendam pelo menos três porções diárias (ou 48 gramas) de grãos integrais para melhorar a saúde a longo prazo e evitar a morte prematura", disse o autor principal do estudo, Qi Sun, do Departamento de Nutrição da Universidade de Harvard, em comunicado.

O investigador alerta ainda para as dietas populares de baixa ingestão de hidratos de carbono, que ignoram os benefícios dos grãos integrais, dizendo que estas deveriam ser "adotadas com cautela" porque podem estar associadas a um maior risco de doença cardíaca e morte.

Os cereais integrais incluem alimentos como trigo integral, aveia, arroz integral e quinoa. Estes contêm fibras, que podem melhorar os níveis de colesterol e diminuir o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral, obesidade e diabetes do tipo 2.

Os grãos integrais também fornecem nutrientes como vitamina B e minerais que são perdidos durante o processo de refinação.

A Associação Americana do Coração recomenda uma dieta rica em frutas e legumes e diz que pelo menos metade dos grãos ingeridos devem ser integrais.

Entre os participantes dos estudos analisados, houve um total de 97.867 mortes, incluindo 23.597 mortes por doenças cardiovasculares e 37.492 mortes por cancro.

“Rir é o melhor remédio?”
“Rir é o melhor remédio?” conclui que 92% das crianças esquecem-se que estão num hospital graças aos Doutores Palhaços.

A Operação Nariz Vermelho vai apresentar em seis hospitais da região de Lisboa, os resultados de um projeto de investigação desenvolvido nos últimos seis anos, em parceria com o Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho, que vem comprovar os benefícios da intervenção dos Doutores Palhaços na recuperação das crianças hospitalizadas.

Os resultados foram compilados num livro intitulado “Rir é o melhor remédio?”, no qual se comprova que 92% das crianças esquecerem-se que estão num hospital quando são visitadas pelos Doutores Palhaços da ONV. O objetivo destas sessões nos hospitais é partilhar com a comunidade médica as mais valias do trabalho destes profissionais.

A investigação apresenta conclusões irrefutáveis no que respeita ao trabalho dos Doutores Palhaços e à sua credibilidade. “Estes resultados refletem as evidências científicas do nosso trabalho junto das crianças, familiares e profissionais de saúde” explica Susana Ribeiro, coordenadora do Núcleo de Investigação da ONV. “Há muito que conhecemos este impacto e agora o “Rir é o melhor remédio?” permite-nos partilhá-lo com a sociedade”, reforça a responsável.

São os próprios profissionais de saúde que o reconhecem: 92% indicam que os Doutores Palhaços ajudam as crianças a esquecerem que estão num hospital, 85% referem que as crianças colaboraram mais com os tratamentos ou exames e 73% sublinham que as crianças apresentam maiores e/ou mais rápidas evidências clínicas de melhora após contacto com os Doutores Palhaços da ONV.

Entre os familiares e acompanhantes das crianças a satisfação também é evidente. Entre os inquiridos para esta investigação, em vários hospitais do país visitados pela ONV, 99% dos pais sentem gratidão pelos Doutores Palhaços. Ainda, 98% dos pais consideram que os Doutores Palhaços são uma parte importante da equipa de cuidados das crianças hospitalizadas e 99% referem que gostariam que os Doutores Palhaços visitassem as crianças com mais frequência.

A produção do livro “Rir é o melhor remédio?” foi possível através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), tendo como Estados doadores a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein. Em Portugal a gestão destes fundos está a cargo da Fundação Calouste Gulbenkian.

Agenda das sessões nos hospitais:

Hospital Garcia de Orta: 21/06, 12h, Sala de Conferências (Piso 2)
Hospital Dona Estefânia: 22/06, 12, Sala de Conferências
IPO Lisboa: 23/06, 10h30, Anfiteatro
Hospital São Francisco Xavier: 4/07, 12h, Auditório do Edifício Escolar de S. Francisco Xavier
Hospital Santa Marta: 4/07, 15h, Museu McBride
Hospital de Cascais: 5/07, 11h30, Auditório

Universidade do Porto
Investigadores da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto desenvolveram uma Roda dos Alimentos...

Nesta adaptação, são valorizados aspetos como a cultura, a tradição e o equilíbrio, o ponto diferencial deste novo modelo em relação à Roda da Alimentação tradicional, lê-se na informação sobre o projeto na página oficial da Universidade do Porto (UP).

Diferentemente do formato habitual (pirâmide), este modelo apresenta-se em forma de roda - "que reflete o prato e o convívio mediterrâneo à volta da mesa" - e evidencia os alimentos mediterrâneos mais relacionados com o padrão português, em diferentes grupos.

Pode-se identificar a azeitona e o azeite (fruto de origem e respetivo produto), no grupo dos óleos e gorduras, e a cebola, o alho, a couve-galega, os grelos, o tomate, os pimentos e as beldroegas, por exemplo, no grupo das hortícolas.

No que diz respeito ao grupo da fruta, destacam-se o melão, o figo, a laranja, a tangerina, a nêspera, e a romã, enquanto nos cereais, nos tubérculos e nos frutos amiláceos, podem ser encontrados a batata-doce, a castanha, a massa e o arroz integral.

A carne, o pescado e ovos, outro dos grupos, dá destaque ao peixe - em especial à sardinha, ao carapau, à cavala e ao atum -, nos laticínios são referidos o queijo e o iogurte, e no grupo das leguminosas é indicado que sejam todas ingeridas.

Este novo guia alimentar apresenta ainda duas mensagens relativas ao consumo de frutos gordos - havendo um apelo à sua ingestão - e de vinho - aconselha-se que seja moderado, às refeições, e proibido a crianças, adolescentes, grávidas e aleitantes.

As investigadoras da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) envolvidas no projeto, Sara Rodrigues e Bela Franchini, apelam ainda à preferência pela proveniência local dos alimentos e à incorporação de ervas aromáticas para evitar o abuso do sal.

Salientam a importância de uma gastronomia saudável, recorrendo a técnicas culinárias sadias tradicionais, como sopas, ensopados e caldeiradas, e à inserção da confeção dos alimentos no quotidiano através da partilha com família e amigos, bem como o combate ao sedentarismo.

Na criação deste novo modelo colaboraram a Direção-Geral do Consumidor e peritos de diferentes instituições e áreas, como por exemplo do design, que auxiliaram "no sentido de concretização de uma representação gráfica atrativa e clara da mensagem a transmitir".

A construção da Roda da Alimentação Mediterrânea foi iniciada em setembro de 2015 e apresentada na passada quarta-feira.

14 de Junho - Dia Mundial de Luta contra a Dor
“A presença de dor crónica impede o seu humano de um direito constitucional: o exercício da sua cidadania plena”.

1) De que forma é que a dor afeta a população portuguesa?
A população portuguesa é profundamente afetada pela presença de dor, mormente pela dor crónica (DC), aquela que persiste há mais de 3 meses.

O impacto da DC é grande e pode ser interpretado do ponto de vista individual, relacional, laboral, económico, etc. Como a existência continuada de uma dor há mais de 3 meses conduz ao aparecimento de uma constelação de sintomas - ansiedade, tristeza, irritabilidade, perda de líbido, desesperança, insónia, entre outros – o mais correto é falar-se de uma doença crónica chamada “síndrome dolorosa crónica” (SDC).

A presença de dor pode afetar a pressão arterial, as frequências respiratória e cardíaca, a glicémia, ou seja, a presença de dor afeta o normal funcionamento do corpo.

Assim se entende que a presença de uma dor afeta a totalidade do ser humano e o seu bem-estar. Ficam comprometidas, por vezes, as atividades básicas de vida (higiene pessoal, vestir/despir, comer, por exemplo) e as instrumentais (fazer compras, limpar a casa, etc.). O ser humano com dor persistente perde, além da sua harmonia interna, a sua função gregária, tendendo para o isolamento social.

São gastos mais de 3000 milhões de euros no combate à SDC. Os custos indiretos (baixas médicas e falta de produtividade) representaram mais de 740 milhões de euros em 2010 relativos a problemas de dores nas articulações e das costas (desde a região cervical até a lombar). A presença de uma DC impede o seu humano de um direito constitucional: o exercício da sua cidadania plena.

2) Há números relativos à população que sofre de dor crónica?
A DC afeta quase 4 em cada 10 portugueses adultos. Se nos concentrarmos nas pessoas com 65 anos ou mais então 6 em cada 10 indivíduos desse grupo tem DC.

3) Quais são as patologias que mais provocam dor crónica?
Muitas pessoas pensam que a principal causa de dor moderada a intensa em Portugal é o cancro. Estão enganados. O verdadeiro flagelo que atenta contra a saúde dos portugueses é a DC causada por problemas nas distintas articulações do corpo, quer as artroses (deformações) quer as artrites (inflamações); fragilidade da massa óssea (osteoporose); e perturbações nas vértebras (como as hérnias, p.e.).

4) Como é que a dor pode ser avaliada/medida?
Para se entender como a dor pode ser avaliada é importante que os portugueses entendam – parafraseando Fernando Pessoa – que “a dor que deveras sentem nem sempre é dor”. O que quer isto dizer? Certas vezes a dor pode não afetar os ossos, músculos ou vísceras da maneira como estamos habituados a senti-la desde a infância; aquilo que vulgarmente chamamos “mal”, “dor” ou “pressão”. Alguns doentes podem não sentir nada disso: podem apenas ter “ardor”, “formigueiro”, “moinha”, “vidrinhos”, “descargas elétricas” que vão e vêm, etc. Todos estes são descritivos de DC e o doente (ainda que não os sinta como dor) deve ser instruído a comunicá-los, sem receio, ao seu enfermeiro ou médico de família. Por conseguinte, tentando congregar estes aspetos, em 1979, a dor foi definida como sendo “uma sensação ou uma experiência emocional desagradável”. Para alguns doentes a sua maleita não é bem dor; é o tal desconforto, desagrado, que o próprio e/ou a família desprezam.

A Direcção-Geral da Saúde tem feito um grande esforço para divulgar algumas estratégias para mensurar a DC nas consultas de cuidados primários e nos hospitais. São usadas escalas unidimensionais que apenas medem a dor, como as numéricas simples (pontuadas de zero a dez, o valor máximo) e as qualitativas (avaliando a dor como: ausente, ligeira, moderada, intensa e insuportável). Nas crianças são usadas escalas de faces com 5 expressões desde o choro até ao riso. Nas populações com défices de comunicação ou de compreensão (bébés, dementes, por exemplo) existem as escalas comportamentais que indiretamente predizem a dor sentida (vocalizações, expressão facial, posição corporal e comportamentos, consolo possível). Há ainda escalas multidimensionais que para além da avaliação da dor verificam o impacto desta nas atividades de vida diária (como sono, alimentação, marcha, comunicação, etc.).

5) Quais as principais estratégias de combate à dor que são utilizadas hoje em dia nos hospitais e unidades de cuidados primários portugueses?
Os hospitais têm políticas de controlo da dor e muitos tiveram campanhas sobre a “dor como 5.º sinal vital”.

Existem protocolos de dor aguda no pós-operatório imediato, os quais estão desenhados principalmente por anestesiologistas.

Todavia os doentes internados em distintos serviços hospitalares, mesmo doentes intervencionados que já não estão sob a observação direta da anestesiologia, e doentes de algumas especialidades médicas sem necessidade cirúrgica podem ter a dor não totalmente controlada. Certos poderão ter alta com medicação analgésica insuficiente ou ausente. Outros mantém-se em consultas de diferentes especialidades com tratamentos pouco idóneos.

É certo que existem nos hospitais as Consultas/Clínicas/Unidades de Dor mas que não podem receber todos os casos, seguindo apenas os doentes complexos, sendo utilizadas técnicas mais específicas (como os bloqueios de nervos periféricos e centrais).

Qualquer médico de qualquer especialidade deve saber tratar a dor e não ter receio de usar analgésicos com potência fraca (se a dor é ligeira a moderada) e com potência superior (se a dor é intensa).

Compete aos profissionais de saúde dos hospitais educar os doentes que o adágio “a dor não mata mas mói” é verdade mas não tem sentido no século XXI. A dor inevitável (aquela que o doente considera moderada a intensa, que nunca a esquece e que afeta todas as suas funções humanas) pode e deve ser combatida. Também há que dizer aos doentes que alguma dor pode ser inevitável pois está associada a um dano (fratura, ferida, artrose, etc.) mas este tipo de dor deve ser ligeiro de intensidade e nunca intenso. É totalmente desajustado um doente afirmar que “a dor é imensa… mas há-de passar!” e é negligente o profissional que perante esta expressão de sofrimento nada faz. O profissional de saúde deve ter uma solicitude perante a dor do outro e fazer tudo para ela ser controlada, nunca a banalizando.

Já nos cuidados de saúde primários (CSP), a dor não é um indicador de qualidade obrigatório. É obrigatória a avaliação da dor apenas no seio das equipas de cuidados continuados integrados.

Há poucos protocolos de tratamento da dor na “sala de curativos”, dependendo o tratamento não de normas mas de opinião de cada profissional em relação ao caso. É urgente a existência de protocolos analgésicos uniformes nos CSP.

No futuro deveria haver consultas básicas de dor nos CSP. O controlo da dor deveria começar nos CSP e apenas os casos refratários deveriam ser encaminhados para as consultas de dor hospitalares.

A gestão da DC passa por medicação oral e transdérmica segundo a OMS e não pelo uso repetido de injeções intramusculares. Mais de 80% dos casos de DC podem ser geridos com medicação que se vende nas farmácias de bairro.

É oneroso (tempo, transporte, incómodo) para um doente ter que ir ao hospital mais próximo a uma consulta de dor.

Os médicos e os enfermeiros de família treinados (formação e estágios) poderiam ser a ponte para a resolução da maioria dos casos de DC na comunidade.

6) A causa da dor deve ser sempre conhecida antes de iniciar um tratamento, ou pode tratar-se uma dor cuja origem não é detetável?
A pergunta é ambivalente. Obviamente que para melhor tratar um doente tenho que saber qual o problema que existe para adequar as estratégias e os medicamentos. Há que saber a causa da dor. Esta aparece em exames complementares de diagnóstico.

Os analgésicos existem para combater a dor (fenómeno subjetivo de sofrimento individual, intransmissível, incomparável por único) e não a causa de dor (dano objetivável ou estímulo ou lesão, que pode ser similar ou comparável em vários indivíduos, por exemplo, grau de artrose ou de osteoporose).

A maioria dos doentes com DC já tem a causa de dor mais do que conhecida e ainda não está a ser exposto a um tratamento exemplar. Por alguma razão todos os medicamentos para a dor – divulgados em diversos programas de TV por meio de figuras públicas – têm bastante saída comercial. No meu entender não pela sua maravilha científica mas pela promessa feita: retirar a dor, que é o que o doente mais procura, e cuja resolução está nas mãos dos profissionais de saúde.

7) As estratégias de combate à dor são apenas farmacológicas ou há abordagens alternativas que os médicos podem/devem considerar?
Todas as medidas que distraiam o ser humano do seu sofrimento são bem-vindas.

Assim como todas as medidas que validam a presença da sua dor. O doente tem que se sentir apoiado. O pior é não acreditar na dor do doente. O primeiro passo é ouvir, esclarecer, recomendar: como evitar os fatores que agravam a dor (posicionamentos corporais, uso de sapatos apertados, etc.) e como beneficiar de tudo o que possa atenuá-la (sestas, cintas, ligaduras, almofadas, pensos atraumáticos, por exemplo).

O objetivo é iludir/confundir o sistema nervoso para que ele não identifique com dor um determinado fenómeno. Por isso às vezes aplicamos calor com relaxante muscular. Outras vezes aplicamos frio nas lesões mais recentes e agudas. Estes agentes físicos têm sido usados desde há dezenas de anos.

Outras medidas passam por “confundir” o ponto doloroso com massagem terapêutica, medidas de relaxamento, acupunctura, electroestimulação nervosa transcutânea, etc.

Algumas medidas visam também controlar a dor com medidas mais cognitivas e comportamentais como a imagética (ensinar ao doente a pensar numa imagem agradável quando chega a dor), os pensamentos construtivos e positivos, a hipnose, etc.

A arte-terapia com ajuda da música, da representação teatral, da pintura pode ajudar a trazer a dor à colação e ajustar medidas para o seu controlo.

SPACV promove
No dia 17 de junho, venha correr pela saúde das suas pernas na “Corrida e Caminhada Contra o Sedentarismo”. A corrida...

Esta iniciativa decorre durante o XVI Congresso da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) e está integrada no âmbito da Campanha Alerta Doença Venosa que pretende sensibilizar a população para o elevado impacto que a Doença Venosa tem no dia-a-dia dos doentes. Este cenário é ainda mais preocupante, considerando que esta patologia é crónica, evolutiva e está frequentemente subestimada e subvalorizada! Em Portugal, cerca de 2 milhões de mulheres com mais de 30 anos que sofrem de Doença Venosa e nos últimos anos têm surgido nos hospitais casos cada vez mais graves, o que indicia um tratamento deficitário, inadequado ou tardio.

Assim, esta iniciativa da SPACV (corrida/caminhada) tem como objetivo chamar a atenção para a Doença Venosa e um dos seus fatores de risco: o sedentarismo.

Para promover a prática de exercício físico junto de toda a população, o percurso tem uma distância de 5 km que podem ser percorrido a correr ou a caminhar, de acordo com a condição física de cada participante. O importante é participar! As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.atletica.pt ou no local da corrida, no dia 17 de junho, a partir das 14h00.

Participe pela sua saúde e pela saúde das suas pernas na “Corrida e Caminhada Contra o Sedentarismo”. 

Bastonária da Ordem dos Nutricionistas
O Ministério da Saúde publicou um despacho relativo à melhoria da oferta alimentar nas máquinas de venda automática disponíveis...

A Ordem dos Nutricionistas, que esteve envolvida na preparação deste projeto, aplaude esta medida, reforçando a Bastonária Alexandra Bento que “a promoção de alimentos saudáveis em locais do Estado deve ser um imperativo, de forma a promover uma sociedade com mais saúde”.

Existe uma evidência robusta sobre os efeitos nocivos à saúde dos alimentos com elevada densidade energética, ricos em açúcar, sal e gordura na saúde, pelo que deve ser uma preocupação do Estado a alteração da disponibilidade alimentar de forma a tornar mais acessíveis à população os alimentos mais saudáveis. Desta forma, prevê-se que, a médio prazo, as repercussões se façam sentir não só na oferta alimentar do próprio mercado, como também na escolha de alimentos mais saudáveis por parte do consumidor.

“Embora possa parecer um pequeno passo, é graças a este tipo de ações que se podem alcançar grandes ganhos em saúde e ver surgir outras medidas capazes de fazer a diferença na saúde dos portugueses e na sustentabilidade do SNS”, reforça a Bastonária dos Nutricionistas.

O ambiente e a disponibilidade alimentar no local de trabalho têm influência nos hábitos alimentares dos indivíduos, pelo que é importante que as instituições se imponham como promotoras de saúde, devendo assumir práticas que promovam, junto dos seus profissionais e utentes, a adoção de comportamentos saudáveis e em conformidade com a política de saúde.

Para a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, esta ação pode ser sinónimo de um “impacto económico positivo, nomeadamente pela obtenção de ganhos em saúde, tais como a diminuição do risco de desenvolvimento de doenças crónicas, como a obesidade e a diabetes, que acarretam uma grande carga para a economia e para os serviços de saúde”.

Contudo, o sucesso desta medida depende de diversos fatores, nomeadamente da implementação de uma política alimentar e nutricional coerente, materializada em diversas medidas de promoção de literacia e vigilância alimentar, mas também da criação de uma sinergia entre outras instituições nacionais, replicando esta medida para a sua respetiva realidade.

Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Primeiro estudo feito em Portugal sobre a realização de histerectomias, da iniciativa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia,...

Os miomas uterinos afetam cerca de dois milhões de mulheres em Portugal, 40% das quais ainda em idade reprodutiva, e são a primeira causa das histerectomias. Fernanda Águas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), revela que “há uns anos atras havia um maior número de úteros que eram removidos por patologia uterina benigna, sendo os miomas uterinos a indicação mais frequente para a realização dessa cirurgia. Atualmente estamos perante uma alteração no paradigma do tratamento dos miomas uterinos, tanto pelo recurso a cirurgias mais conservadoras como pela disponibilidade de novas alternativas de tratamento médico e este estudo é prova disso.”

Preservar o útero pode trazer benefícios em termos de autoimagem, algumas mulheres associam-nos ao conceito de feminilidade, é também um órgão fundamental no caso de a mulher ainda pretender engravidar. Podem existir igualmente benefícios orçamentais para o Serviço Nacional de Saúde, ao evitar uma cirurgia que requer internamento e um período de recuperação que pode variar entre 4 a 6 semanas.

Segundo o estudo, esta cirurgia, onde é retirado o útero, continua a ter indicação nas mulheres que sofrem de patologias oncológicas ou prolapsos uterinos (quando os úteros saem da posição original), nestas situações, ao contrário do que aconteceu com os miomas uterinos, não se verificou a redução do número de histerectomias. 

Em Portugal
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde avisa que é preciso assumir como problema de saúde pública a prescrição de...

“Sem querer diabolizar esta classe farmacológica, útil e necessária, é preciso assumir a existência de um problema de saúde pública na prescrição de benzodiazepinas”, refere o Relatório de Primavera 2016 do Observatório.

Estes medicamentos tranquilizantes, associados a casos de dependência ou privação, estão sob controlo e vigilância internacional, lembram os autores do estudo, mas não há ainda métodos eficazes que monitorizar estas substâncias na comunidade.

Além de ”uma atenção redobrada” e de uma estreita colaboração entre os serviços especializados de saúde mental e os centros de saúde, os autores do relatório dizem ser absolutamente necessário estudar este problema e perceber se a venda livre destas substâncias ainda continua a ocorrer.

No documento é citado um estudo com uma amostra de doentes internados ao longo de um ano num serviço de psiquiatria em Portugal a quem foram doseadas as benzodiazepinas na altura do internamento.

Quatro quintos dos doentes apresentavam valores superiores a uma média de oito comprimidos de 10 miligramas de diazepam por dia (80 mg), o que o Observatório considera “deveras preocupante”.

Ainda no capítulo da Saúde Mental, o Relatório de Primavera 2016 lembra que o Plano Nacional para as Demências é um objetivo antigo, mas que o número de serviços e consultas especializados é escasso.

A zona sul do país parece ser a mais negligenciada. No Alentejo e no Algarve existe apenas uma equipa de Psiquiatria Geriátrica - na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo - e que luta com “acentuada falta” de pessoal e de apoio logístico.

O relatório lembra que o Alentejo apresenta uma das maiores taxas de envelhecimento da Europa. Em 2013, 90% dos doentes que chegavam aos cuidados de saúde primários devido a perturbações mentais nesta região apresentavam sinais de demência.

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