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Sinusite bacteriana aguda

Atualizado: 
02/09/2014 - 15:39
Embora seja uma situação frequente na prática clínica, a sinusite aguda é muitas vezes mal diagnosticada, porque os seus sintomas são semelhantes aos de outras patologias mais frequentes. O diagnóstico precoce e o tratamento atempado são essenciais para se evitarem as complicações.
Sinusite bacteriana aguda

O diagnóstico é frequentemente efectuado em consulta externa. No entanto, muitos médicos continuam a ter dificuldades em distinguir a sinusite aguda da rinite alérgica ou de patologias virais. Não existe nenhum conjunto de sintomas que permita fazer com segurança este diagnóstico.

Causas e manifestações da sinusite aguda
A sinusite aguda define-se como uma inflamação de um ou mais seios peri nasais que persiste durante menos de 3 semanas. Nos adultos, a sinusite é sobretudo maxilar, seguida por ordem de frequência de envolvimento pela infecção dos seios etmoidais, frontais e esfenoidais. Nas crianças, a sinusite é sobretudo etmoidal. A sinusite é provocada por qualquer mecanismo que obstrua os orifícios dos seios peri nasais (por ex., infecção viral) e provoque edema das membranas mucosas, reduza a limpeza ciliar e determine acumulação de líquido. Estas situações facilitam a proliferação bacteriana. Outros factores que podem ajudar ao aparecimento de sinusite aguda são a redução das defesas do hospedeiro, a introdução de bactérias nos seios peri nasais a partir de focos de origem dentária, a utilização excessiva de descongestionantes nasais, alterações da anatomia do nariz e corpos estranhos intranasais.

Os sintomas clássicos da sinusite aguda são as cefaleias, a rinorreia anterior ou posterior e a febre. No entanto, estes sintomas podem estar ausentes ou surgir isoladamente. Outros sintomas que podem associar-se à sinusite aguda são o edema peri orbitário, a dor de dentes, a dor de cabeça, a dor de garganta, a pieira, a tosse e a diminuição do olfacto. Alguns destes sintomas são igualmente característicos das infecções virais das vias aéreas superiores e da rinite alérgica. A rinorreia posterior purulenta é o sinal mais fiável de diferenciação entre sinusite e rinite alérgica.

Diagnóstico de sinusite aguda
O diagnóstico de sinusite aguda pode ser efectuado com um alto grau de probabilidade quando existem quatro ou mais dos seguintes sinais ou sintomas:

  • Odontalgia maxilar;
  • Redução da transiluminação dos seios peri nasais ou opacificação dos mesmos;
  • Má resposta aos descongestionantes nasais;
  • Rinorreia com cor ou rinorreia mucopurulenta;

Se todos estes sintomas estiverem ausentes, pode afastar-se o diagnóstico de sinusite aguda.

No entanto, este diagnóstico só pode ser confirmado por punção do seio peri nasal ou cultura do aspirado. O aspirado mostra Streptococcus pneumoniae em aproximadamente 35% dos casos e Haemophilus influenzae em 25%. Quatro microrganismos observados mais raramente são a Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes e Pseudomonas aeruginosa. A punção dos seios peri nasais não é um procedimento de rotina, pelo que têm de ser usados outros meios mais práticos para efectuar o diagnóstico.

Várias ferramentas de diagnóstico são úteis para identificar a sinusite aguda:

  • o exame radiográfico dos seios peri nasais;
  • a tomografia computadorizada (TC);
  • a ressonância magnética (RM);
  • a transiluminação;
  • a rinoscopia com fibroscópio;

A radiografia dos seios peri nasais pode mostrar a existência de espessamento da mucosa, níveis líquidos ou opacificação sinusal. No entanto, uma radiografia normal não permite excluir o diagnóstico e este método tem uma elevada taxa de falsos-positivos e de falsos-negativos.

Os tomogramas por TC ou RM são úteis na definição da anatomia dos seios peri nasais. Por este motivo, são especialmente úteis para avaliar os casos de sinusite crónica, que mais frequentemente do que a sinusite aguda, se associa com alterações da anatomia.

A transiluminação é um método pouco preciso de fazer o diagnóstico de sinusite aguda, porque não permite avaliar o grau de espessamento da mucosa. No entanto, quando se observa uma transmissão normal da luz, provavelmente não haverá infecção dos seios.

A rinoscopia permite observar alterações inflamatórias nos seios etmoidais e maxilares. É igualmente um método muito útil para obtenção de bom material para cultura, para corrigir obstruções e para avaliar a sinusite crónica ou recorrente.

Tratamento da sinusite aguda
O tratamento atempado da sinusite aguda previne a lesão permanente das mucosas, a sinusite crónica e complicações mais graves como a celulite da órbita, nevrite óptica, trombose do seio cavernoso e abcesso subdural. Mesmo que o diagnóstico não possa ser confirmado, pode iniciar-se tratamento empírico, porque a maioria das infecções dos seios são provocados por H. influenzae ou S. pneumoniae. O tratamento é feito habitualmente com antibióticos e descongestionantes, assim como com esteroides tópicos, se houver simultaneamente rinite alérgica. Estes fármacos reduzem o edema dos tecidos, melhoram as trocas gasosas, aliviam a dor e melhoram a drenagem sinusal, evitando assim as complicações.

Para além dos antibióticos, são úteis na terapêutica da sinusite aguda os descongestionantes tópicos e orais, os anti-histamínicos, os corticóides tópicos e os mucolíticos. Pensa-se que estes fármacos facilitam a drenagem sinusal por reduzirem o edema dos tecidos.

Medidas não farmacológicas podem, também, contribuir também para aliviar os sintomas. Entre estas estão as inalações com soro fisiológico, os adstringentes e o ar quente e seco. Se os sintomas persistirem, o diagnóstico deve ser reconfirmado.

Os doentes devem ser enviados a um otorrinolaringologista, se aparecerem complicações, se houver agravamento após dois dias de tratamento, se o tratamento não resultar ao fim de dois ciclos de antibióticos adequados à situação e se o doente estiver imunodeprimido ou aparecer uma infecção nosocomial. Nestes casos deve ser obtida uma TC dos seios peri nasais.

Fonte: 
Bial
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Foto: 
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