Indutora de relaxamento

Musicoterapia na maternidade

Atualizado: 
20/02/2015 - 12:42
A música pode e deve estar presente como agente adjuvante à terapêutica convencional, para proporcionar um maior bem-estar ao paciente (forma humanizada de tratar) e obter melhores resultados terapêuticos gerais (Hatem 2005).
Música gravidez

A capacidade de audição é uma habilidade que o feto adquire cedo.

Às 18 semanas, sons altos provocam um aumento do batimento cardíaco no feto.

Às 25 semanas as principais estruturas do ouvido estão essencialmente no sítio.

Às 25 a 27 semanas a maioria dos fetos começam a responder inconscientemente aos sons movendo-se e pontapeando.

Às 30 a 35 semanas o feto ouve os sons maternais e responde, começa a discriminar os sons do discurso, principalmente pelo ritmo e tom.

Certas composições musicais são conhecidas como indutoras de relaxamento. A música melodiosa melhora o stress de manipulação, favorece uma distração que desvia o foco de atenção do paciente da dor, entre outros.

As pesquisas de enfermagem demonstraram que a musicoterapia melhora a depressão pós-parto, alivia a dor nas primíparas, diminui o tempo de trabalho de parto, e promove a recuperação pós-parto.

A infância marca o nascimento da comunicação musical.

Nos prematuros a musicoterapia permite:

  • Ganho de peso,
  • Redução de comportamentos de stress,
  • Redução do tempo de hospitalização,
  • Aumento da saturação de oxigénio no sangue por curtos períodos de tempo.

72 % das Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN'S) nos Estados Unidos usam a música para os prematuros.

A musicoterapia na maternidade é um projeto que estamos a iniciar na maternidade e tem como objetivo geral melhorar a qualidade dos serviços prestados e em específico: reconhecer a importância da musicoterapia na puérpera e recém-nascido (facilitar o processo de comunicação, promover a expressão individual, melhorar a integração social); valorizar a música como atitude não terapêutica.

Ajuda a desenvolver uma parentalidade positiva
Revelou-se um projeto pertinente para o serviço, uma vez que na maternidade as mães são confrontadas com uma nova realidade à qual têm que se adaptar assim como o recém-nascido se está a adaptar à vida extra-uterina e a musicoterapia é um coadjuvante para se desenvolver uma parentalidade positiva.

Já com a equipa multidisciplinar usamos a musicoterapia no sentido de prevenir situações de Burnout, nomeadamente por sabermos que a música tem influência direta sobre sinais vitais, sono, relaxamento, entre outros.

Desta forma o nosso público-alvo são as puérperas, recém-nascidos e equipa multidisciplinar.

A musicoterapia será então aplicada nas salas de trabalho da equipa multidisciplinar. Será usado para tal um rádio portátil ou computador com colunas. A escolha da música deverá ser de comum acordo e a avaliação deste programa junto da equipa será feita através de um questionário.

Já com as puérperas e recém-nascidos será usado o mesmo rádio portátil e será uma opção da puérpera beneficiar deste terapia, que música ouvir e em que horário, sendo que lhe serão aconselhados cerca de 30 e 90 minutos por dia num único período ou dividido em dois períodos. A avaliação será feita através da aplicação de um questionário sobre a satisfação da puérpera e um outro questionário a preencher pelos enfermeiros acerca de parâmetros vitais do recém-nascido.

A musicoterapia é um método pouco dispendioso, não invasivo e um método não terapêutico de alívio da dor pelo que é nosso propósito sensibilizar a equipa e utentes para a sua utilização e desta forma melhorar a qualidade dos cuidados prestados adquirindo ganhos em saúde.

Segundo a World Federation of Music Therapy: “Musicoterapia é a utilização da música e/ou dos elementos musicais (som, ritmo, melodia e harmonia) … pelo cliente ou grupo, em um processo estruturado; para facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, a expressão e a organização (física, emocional, mental, social e cognitiva); para desenvolver potenciais e desenvolver ou recuperar funções do indivíduo de forma que ela possa alcançar melhor integração intra e interpessoal e consequentemente uma melhor qualidade de vida.” (Bruscia, 1998, p.286).

Bibliografia
http://www.musicoterapiasp.com.br
BRUSCIA, Kenneth. Definindo Musicoterapia. Enelivros, Rio de Janeiro, 1998.
BARANOW, Ana Lea von. Musicoterapia – uma visão geral. Enelivros, Rio de Janeiro, 1999.
http://www.musicoterapiasp.com.br/ler.asp?id=18
HATEM, Thamine de Paula Efeito terapêutico da música em crianças em pós-operatório de cirurgia cardíaca – Recife, 2005.
Musical Identities, edited by raymond macdonald, david hargreaves and dorothy miell, oxford university press, 2002
Communicative Musicality, Exploring the basis of human companionship, edited by Stephen Malloch and Colwyn Trevarthen, oxford university press, 2009
LECOURT, Edith. La Musicothérapie. Presses Universitaires de France. Paris. 1988
Standley J., Cassidy J., R. Grant, A. Cevasco, C. Szuch, J. Nguyen, D. Walworth, D. Procelli, J. Jarred, K. Adams – The effect of music reinforcement for non-nutritive sucking on niple feeding of premature infants – PEDIATRIC NURSING, May-June 2010/Vol.36,nº3
Yang, Lingjiang, Haili – Music Therapy to relieve anxiety in pregnant women on bedrest: a randomized, controlled trial – MCN Volume 34, Number 5, September/October 2009

 

Ana Paula Carvalho e Ana Sofia Barata, Enfermeiras no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro – Serviço de Obstetrícia

Autor: 
Ana Paula Carvalho e Ana Sofia Barata
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
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