Homens e mulheres podem ser afectados

Incontinência urinária de esforço

Atualizado: 
28/07/2014 - 15:12
Incontinência urinária é a perda involuntária de urina pela uretra. Diz-se que é de esforço quando as perdas de urina surgem cada vez que se pratica um esforço.

A incontinência urinária define-se pela perda involuntária de urina e é um sintoma que define um problema de saúde pública com um impacto social e económico considerável.

A incontinência urinária traz consigo o estigma de uma condição socialmente não aceite quer devido à falta de conhecimento das pessoas quer devido a apreciações erradas, preconceitos e intolerância, o que por sua vez, leva ao isolamento pessoal, ao constrangimento social e ao adiamento na procura de ajuda profissional médica.

Segundo os especialistas, cerca de 10 a 20 por cento das mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos e 40 por cento com mais de 60 anos podem ser afectadas por esta condição.

Existem variados tipos de incontinência urinária mas quando se fala de incontinência feminina, por exemplo, são referidas fundamentalmente três tipos:

Incontinência urinária de esforço - perda de urina relacionada com o esforço, sem sensação de vontade de urinar ou de bexiga cheia, que pode ocorrer predominantemente na mulher jovem e em idade adulta.

Incontinência urinária de urgência - perda de urina acompanhada ou imediatamente antecedida por uma vontade súbita ou urgência miccional, que é mais frequente na mulher idosa.

Incontinência urinária mista - incontinência que associa ambas as anteriores.

São vários os factores que podem contribuir para a incontinência urinária. Desde a gravidez e o pós-parto, um trauma obstétrico, a multiparidade, a obesidade, alterações hormonais, infecções urinárias repetidas, fraqueza dos músculos do pavimento pélvico, etc.

Para o diagnóstico da incontinência urinária é importante a história clínica e observação do doente, bem como, o resultado de vários exames que são pedidos conforme os sintomas, os dados recolhidos na consulta e a observação do doente. 

Incontinência urinária de esforço
A incontinência por esforço é uma perda incontrolável de urina ao tossir, fazer esforços, espirrar, levantar objectos pesados ou executar qualquer manobra que aumente bruscamente a pressão dentro do abdómen.

A incontinência provocada por esforço é o tipo mais frequente de incontinência nas mulheres. Pode ser provocada por debilidade do esfíncter urinário. Por vezes as causas são as alterações produzidas na uretra em resultado de um parto ou de uma cirurgia pélvica.

Nas mulheres pos-menopáusicas, a incontinência por esforço verifica-se pela falta de estrogénio, situação que contribui para debilitar a uretra, reduzindo deste modo a resistência da urina a fluir através deste canal. Nos homens, a incontinência por esforço pode aparecer depois da extirpação da próstata (prostatectomia, ressecção transuretral da próstata) quando se lesa a parte superior da uretra ou o colo da bexiga.

Seja qual for a causa, quando as perdas de urina são causadas por esforço, o defeito é do mecanismo esfincteriano, ou seja o mecanismo que impede que a urina saia da bexiga, enquanto esta vai enchendo. Este mecanismo é complexo e é constituído por músculos e ligamentos, cuja integridade é importante para o funcionamento adequado do esfíncter.

Grande parte dos casos de incontinência por esforço são por deficiência deste mecanismo, e associa-se frequentemente ao que é vulgarmente conhecido como "bexiga descaída", ou cistocele. Quando a razão das perdas ao esforço é por lesão do próprio esfíncter, o que é menos frequente, a doença é habitualmente grave e as perdas volumosas e frequentes.

Há estudos que demonstram que muitos casos de perda de suporte dos órgãos pélvicos tem a ver com a herança genética, em que o colagénio (tecido fibroso que constitui os ligamentos) e fáscias de sustentação têm uma resistência menor e com os esforços, ao longo do tempo vai cedendo. As alterações atróficas da vagina e uretra muito frequentes na mulher após menopausa são outro factor importante. Também traumatismos como, partos sobretudo complicados, cirurgias pélvicas ou acidentes com fractura da bacia, são factores de risco para incontinência de esforço. A obesidade, obstipação crónica e tabagismo também foram implicadas como factores de risco. 

Tratamento
O tratamento da incontinência urinária é possível em todos os grupos etários e tem uma taxa de cura bastante boa. No entanto, para começar, os factores potencialmente reversíveis que possam desencadear a incontinência devem ser modificados.

Para além disso, na incontinência urinária de esforço, sobretudo na ligeira, pode-se optar inicialmente por tratamento com exercícios que fortaleçam os músculos pélvicos. Os exercícios podem ser realizados pela própria doente ou com auxílio de fisioterapeutas e de técnicas específicas como biofeedback e electroestimulação.

A utilização de medicamentos na incontinência urinária de esforço tem actualmente eficácia limitada.

A cirurgia é a melhor opção para muitos casos, sendo que actualmente o tratamento cirúrgico mais utilizado na incontinência de esforço consiste na colocação de pequenas fitas, de material sintético, sob a uretra. Estas são colocadas por via vaginal, através de uma pequena incisão com cerca de um centímetro.

Como são fitas vaginais sem tensão (Tension-free Vaginal Tapes) ficaram conhecidas genericamente por "TVT" e que envolvem a uretra por baixo, e se fixavam entre o osso púbis e a bexiga. Mais recentemente têm uma fixação mais forte podendo ser mais encurtadas ainda, cabendo na palma da mão, tendo hoje em dia uma colocação quase exclusivamente dentro da vagina e tecidos imediatamente vizinhos.

A última geração destes dispositivos já não necessita de um orifício de saída, sendo colocados e fixados apenas com uma incisão vaginal, o que diminui a morbilidade da cirurgia e permite a sua execução em escassos minutos.

Também os homens submetidos a prostatectomia radical que ficaram incontinentes podem ser tratados com redes suburetrais para a incontinência urinária de esforço.

Quando estas técnicas não permitem curar a incontinência urinária de esforço, é possível proceder a colocação de aparelhos mais complexos, designados por esfíncteres urinários artificiais. O emprego deste mecanismo representa um maior desafio técnico, dado o maior risco de morbilidade associado, sendo por isso reservado para casos particulares.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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