Infecção localizada

Abcesso cerebral

Atualizado: 
26/12/2019 - 15:03
Trata-se de uma lesão, que ocupa um espaço, originada pela aglomeração de material infectado (pús) no interior do tecido cerebral.
Homem com as mãos na cabeça em sinal de dor

Causas

Quando ocorre uma infecção localizada no cérebro, este reage, ocorrendo inflamação e morte (necrose) de algum tecido cerebral. Há, então, acumulação de fluido, restos celulares, leucócitos e microorganismos. Esta acumulação forma uma massa, que geralmente se torna encapsulada, por uma membrana que se forma nos limites da mesma.

Em resposta à inflamação vai haver edema cerebral, o que juntamente com a lesão vai levar a um aumento da pressão intracraniana, o que, por sua vez, vai agravar os danos e a disfunção cerebral. A somar a tudo isto, existe ainda o material infectado que pode levar ao bloqueio de vasos cerebrais, agravando ainda mais a situação.

O abcesso cerebral pode surgir como complicação de um abcesso epidural, ou de uma afecção do foro otorrinolaringológico, nomeadamente otites crónicas, sinusites crónicas e mastoidites. Nestes casos a infecção resulta de propagação directa através dos ossos do crânio e meninges.

Noutros casos a infecção propaga-se através da corrente sanguínea a partir de localizações à distância: infecções pulmonares, infecções dentárias, infecções cutâneas, infecções ósseas, ou infecções cardíacas.

Os microorganismos podem ainda atingir o tecido cerebral por inoculação directa, no decorrer de uma cirurgia cerebral ou então em consequência de um traumatismo craniano.

Factores de risco

São factores de risco as doenças cardíacas congénitas e anormalidades congénitas dos vasos pulmonares. Situações que acarretam um alto risco de infecção cardíaca ou pulmonar, que pode propagar-se para o cérebro.

Outros factores de risco são a utilização de drogas intravenosas, afecções dos ouvidos ou seios nasais, infecções que cursam com bacteriemia e qualquer condição que cause imunossupressão.

Sintomas e Sinais

Os sintomas podem surgir gradualmente ao longo de duas semanas, ou subitamente, e assim que surgem vão-se agravando progressivamente.

Os sintomas iniciais são, geralmente, cefaleias, perdas neurológicas, ou convulsões.

Assim, podemos ter:

  • Cefaleias;
  • Rigidez da nuca, ombros ou costas;
  • Vómitos;
  • Alterações do estado mental:
  • Confusão;
  • Falta de atenção;
  • Irritabilidade;
  • Lentidão do pensamento;
  • Diminuição da resposta aos estímulos;
  • Eventualmente, coma;
  • Convulsões;
  • Febre;
  • Défices neurológicos focais – perdas localizadas da função nervosa:
  • Alterações visuais;
  • Diminuição da sensibilidade (braço e perna do mesmo lado do corpo);
  • Diminuição da mobilidade (braço e perna do mesmo lado do corpo);
  • Fraqueza muscular (braço e perna do mesmo lado do corpo);
  • Diminuição da fala;
  • Perda da coordenação;
  • Sinais de hipertensão intra-craniana.

Tratamento

O abcesso cerebral é uma urgência médica: o aumento da pressão intra-craniana pode levar rapidamente à morte.

É necessária hospitalização, até a situação estar estabilizada, sendo que, em alguns casos, é mesmo necessário o recurso a suporte de vida.

O tratamento com antibióticos é o mais indicado, podendo associar-se medicamentos anti-inflamatórios e diuréticos com a finalidade de combater o edema cerebral e, deste modo, a hipertensão intra-craniana.

O tratamento cirúrgico está reservado para situações especiais, como por exemplo, quando a massa não diminui com a terapia antibiótica ou quando há um aumento persistente e progressivo da pressão intra-craniana.

Evolução e prognóstico

Sem tratamento a evolução é inexoravelmente fatal e, mesmo nos casos com tratamento poderá ser mortal.

É uma situação que pode deixar sequelas permanentes, nomeadamente a nível neurológico.

Complicações:

  • Meningite, muito grave e potencialmente fatal;
  • Epilepsia;
  • Perdas neurológicas permanentes (visuais, motoras, da fala).

Prevenção

O tratamento adequado das doenças causadoras pode diminuir o risco de abcesso cerebral, incluindo-se naquele a reparação cirúrgica das anormalidades congénitas.

Deve-se ainda administrar profilacticamente antibióticos a pessoas com patologia valvular cardíaca, antes de procedimentos dentários ou urológicos.

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Fonte: 
instituto-camoes.pt
Nota: 
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Foto: 
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