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Doença crónica
A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sa
Caneta de insulina e medidor de glicose

Infelizmente a diabetes [1] é uma doença em crescimento, que atinge cada vez mais pessoas em todo o mundo e em idades mais jovens. No entanto, há grupos de risco com fortes probabilidades de se tornarem diabéticos, nomeadamente pessoas com familiares directos com diabetes; homens e mulheres obesos; homens e mulheres com tensão arterial [2] alta ou níveis elevados de colesterol [3] no sangue; mulheres que contraíram a diabetes gestacional na gravidez; crianças com peso igual ou superior a quatro quilogramas à nascença; doentes com problemas no pâncreas [4] ou com doenças endócrinas.

Para a diabetes tipo 2 concorrem vários factores como os genéticos, ambientais, anomalias na insulina [5], produção aumentada de glucose pelo fígado [6], aumento da ingestão de lípidos [7], secreção hormonal insuficiente pelos intestinos, obesidade [8], entre outros.

Os indivíduos com hiperglicemia [9] intermédia ou pré diabetes apresentam risco aumentado de desenvolver diabetes, devendo esta situação, ser encarada como factor de risco para a diabetes e para doença cardiovascular por se associar à obesidade visceral, dislipidemia e hipertensão.

Principais sintomas da diabetes

Nos adultos a diabetes é, geralmente, do tipo 2 e manifesta-se através da frequência em urinar, especialmente durante a noite (poliúria); sede constante e intensa (polidipsia); fome constante e difícil de saciar (polifagia); fadiga [10]; comichão (prurido) no corpo, designadamente nos órgãos genitais; visão turva.

Nas crianças e jovens a diabetes é quase sempre do tipo 1 e aparece de maneira súbita, sendo os sintomas muito nítidos, dos quais se destacam a frequência em urinar, podendo voltar a urinar na cama; ter muita sede; emagrecer rapidamente; grande fadiga, associada a dores musculares intensas; comer muito sem nada aproveitar; dores de cabeça [11], náuseas e vómitos [12].

De salientar que os sintomas da diabetes nas crianças e nos jovens são muito nítidos, no entanto nos adultos, a diabetes não se manifesta tão claramente, sobretudo no início, motivo pelo qual pode passar despercebida durante alguns anos. Habitualmente os sintomas surgem com maior intensidade quando a glicemia está muito elevada e, nestes casos, podem já existir complicações (na visão [13], por exemplo) quando se detecta a doença.

Tipos de diabetes

A diabetes resulta de alterações dos processos pancreáticos, estando classificada em quatro tipos: tipo 1 - requer insulina para sobreviver; tipo 2 - por resistência tecidular à insulina associada à produção insuficiente da hormona; tipo 3 – gestacional e o tipo 4 - agrega diferentes tipos de diabetes.

Diabetes Tipo 2

É designada por não insulino-dependente e é a mais frequente - 90 por cento dos casos. O pâncreas produz insulina, mas as células do organismo oferecem resistência à acção da insulina. O pâncreas vê-se, assim, obrigado a trabalhar cada vez mais, até que a insulina produzida se torna insuficiente e o organismo tem cada vez mais dificuldade em absorver o açúcar proveniente dos alimentos.

Este tipo de diabetes aparece normalmente na idade adulta e o seu tratamento, na maioria dos casos, consiste na adopção duma dieta alimentar, de forma a normalizar os níveis de açúcar no sangue. Ou seja, estes doentes podem não necessitar de insulina para sobreviver mas cerca de 30 por cento beneficiam da sua administração.

Diabetes Tipo 1 [14]

Designada por insulino-dependente e é mais rara. O pâncreas produz insulina em quantidade insuficiente ou em qualidade deficiente ou ambas as situações. Como resultado, as células do organismo não conseguem absorver, do sangue, o açúcar necessário, ainda que o seu nível se mantenha elevado e seja expelido para a urina.

Conforme já referimos a diabetes tipo 1 aparece com maior frequência nas crianças e nos jovens. Não está directamente relacionada, como no caso da diabetes tipo 2, com hábitos de vida ou de alimentação errados, mas sim com a manifesta falta de insulina. Os doentes necessitam de uma terapêutica com insulina para toda a vida, uma vez que o pâncreas deixa de a produzir, devendo ser acompanhados em permanência pelo médico e outros profissionais de saúde.

Este tipo de diabetes subdivide-se em dois conforme a causa é imune ou idiopática. O primeiro caso é mais comum e, embora o seu início seja mais frequente antes dos 30 anos, pode ocorrer em qualquer idade existindo alguma susceptibilidade familiar em que 10-15 por cento dos doentes apresentam história familiar.

Diabetes Gestacional

Surge durante a gravidez [15] e, habitualmente, desaparece quando concluído o período de gestação. No entanto, é fundamental que as grávidas diabéticas tomem medidas de precaução para evitar que a diabetes do tipo 2 se instale mais tarde no seu organismo. Este tipo de diabetes requer muita atenção, sendo fundamental que, depois de detectada a hiperglicemia, seja corrigida com a adopção duma dieta apropriada. Uma em cada 20 grávidas pode sofrer desta forma de diabetes.

Outros tipos de Diabetes

Existem outros tipos de diabetes além do Tipo 1, Tipo 2 e Gestacional, mas esses ocorrem com muito menor frequência. São eles:

Diabetes Tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults)

Conhecido como Diabetes Tipo 1.5, a LADA costuma ser confundido com a diabetes do tipo 2.A maior incidência concentra-se em pacientes entre 35 e 60 anos. A manutenção do controle de glicemia é o principal objectivo do tratamento do portador da diabetes tipo LADA. Um aspecto que deve ser levado em conta, refere-se a progressão para a necessidade de terapia com insulina.

Diabetes Secundário ao Aumento de Função das Glândulas Endócrinas

(Ex: doença de Cushing, acromegalia ou gigantismo)

Diabetes Secundário a doenças pancreática

(Exemplos: pancreatite crónica, Destruição pancreática por depósito de ferro denominado hemocromatose, Retirada cirúrgica de 75% do pâncreas)

Resistência Congénita ou Adquirida à Insulina

Diabetes Associado a Poliendocrinopatias Auto-Imunes

Diabetes Relacionados à Anormalidade da Insulina (Insulinopatias)

Complicações da Diabetes

Quando o controlo da diabetes não é feito correctamente, para além das descompensações agudas imediatas, podem surgir complicações em diferentes órgãos que evoluem progressiva e silenciosamente (sem sintomas). Estas complicações podem ocorrer nos dois tipos de diabetes (tipo I e tipo II) e surgem fundamentalmente como resultado de um mau controlo metabólico, ainda que alguns factores genéticos também possam estar na sua origem.

- Retinopatia - lesão da retina;
- Nefropatia [16] - lesão renal;
- Neuropatia [17] - lesão nos nervos do organismo;
- Macroangiopatia - doença coronária, cerebral e dos membros inferiores;
- Hipertensão arterial [18];
- Hipoglicemia [19] - baixa do açúcar no sangue;
- Hiperglicemia - nível elevado de açúcar no sangue;
- Lípidos [7] no sangue - gorduras no sangue;
- Pé diabético [20] - arteriopatia, neuropatia;
- Doenças cardiovasculares [21] - angina de peito [22], ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais [23];
- Obstrução arterial periférica - perturbação da circulação, por exemplo nas pernas e nos pés:
- Disfunção e impotência sexual - a primeira manifesta-se de diferentes formas em ambos os sexos;
- Infecções [24] diversas e persistentes - boca e gengivas, infecções urinárias [25], infecções das cicatrizes depois das cirurgias.

Complicações Agudas

Importa vigiar os doentes para que sejam detectadas e tratadas de imediato. Para além das infecções e outras complicações, são consideradas como agudas a hipoglicemia e a hiperglicemia. A hiperglicemia grave pode ocasionar coma hiperosmolar, situação que coloca a vida em risco, assim como a hipoglicemia não tratada ou tratada tardiamente.

Hipoglicemia

Surge quando a glicemia é <50 mg/dL, embora os sintomas possam começar a manifestar-se com valores superiores.

A fome, palidez, cefaleias, suores frios, taquicardia [26], náuseas, cansaço, tremor, nervosismo, irritabilidade, visão turva são alguns dos principais sintomas para a hipoglicemia e podem progredir para confusão, sonolência, dificuldade em andar, convulsões e perda de consciência. As principais causas para se chegar ao ponto de hipoglicemia é o atraso na ingestão de alimentos ou ingestão de pequena quantidade, aumento da actividade física, toma de dose mais elevada de antidiabéticos, ou interacções medicamentosas.

Assim, o tratamento deve ser imediato ao aparecimento dos primeiros sinais. Ingerir de imediato 1-2 pacotes de açúcar (sacarose) em água ou sumo de laranja seguido da ingestão de outro alimento doce para manter a glicemia. O alimento deve ser isento de gordura ou possuir o menor teor possível para não demorar a absorção da glucose. Hipoglicemia grave com confusão, dificuldade em deglutir ou inconsciência: obriga a conduzir o doente urgentemente ao hospital por estar impedido da ingestão.

Hiperglicemia

A hiperglicemia caracteriza-se pelo elevado nível de glicose no sangue. Considera-se como complicação valores mais elevados que> 126mg/dl.

Esta condição pode ser assintomática quando não muito grave. As principais causas para a hiperglicemia são a falta de diagnóstico da diabetes, alimentação excessiva, erros no tratamento, stress metabólico, infecções, doenças agudas e gravidez. Em consequência, e na diabetes tipo 2, pode desenvolver-se coma hiperosmolar e na diabetes tipo 1 pode desencadear cetoacidose metabólica.

Complicações Crónicas

Para evitar as complicações crónicas da diabetes, que se consideram irreversíveis, é fundamental a prevenção da manutenção dos valores da diabetes. As principais complicações podem resumir-se nos seguintes tipos: neuropáticas e vasculares (macroangiopatia e microangiopatia).

Entre as complicações cónicas também se observa hipertensão e anomalias lipoproteicas (lípidos e proteínas [27]). Os doentes com diabetes correm risco acrescido de desenvolverem doença cardiovascular, vascular cerebral e arterial periférica. Outra das complicações frequentes e graves da diabetes é o pé diabético como consequência de alterações ao nível da neuropatia, vasculopatia e infecções.

Tratamento da diabetes

Diabetes tipo 1 – Os doentes podem ter uma vida saudável, plena e sem grandes limitações, bastando que façam o tratamento prescrito pelo médico correctamente.

O objectivo do tratamento é manter o açúcar (glicose) no sangue o mais próximo possível dos valores considerados normais (bom controlo da diabetes) para que se sintam bem e sem nenhum sintoma da doença. Serve ainda para prevenir o desenvolvimento das manifestações tardias da doença e ainda para diminuir o risco das descompensações agudas, nomeadamente da hiperglicemia e da cetoacidose (acidez do sangue).

O tratamento, que deve ser acompanhado obrigatoriamente pelo médico, engloba três vertentes fundamentais: adopção de uma dieta alimentar adequada, prática regular de exercício físico [28] e o uso da insulina.

Diabetes tipo 2 - O tratamento é semelhante ao do tipo 1 mas, devido à menor perigosidade da doença, a maioria das vezes basta que a alimentação seja adequada e que o exercício físico passe a fazer parte da rotina diária para que, com a ajuda de outros medicamentos [29] específicos (que não a insulina), a diabetes consiga ser perfeitamente controlada pelo doente e pelo médico.

Os medicamentos usados no tratamento deste tipo de diabetes são geralmente fármacos (comprimidos) que actuam no pâncreas, estimulando a produção de insulina.

Seguindo uma alimentação correcta e adequada, praticando exercício físico diário e respeitando a toma dos comprimidos indicada pelo médico, um doente com diabetes tipo 2 garante a diminuição do risco de tromboses e ataques cardíacos; a prevenção de doenças nos olhos e nos rins e da má circulação nas pernas e nos pés, factor que diminui significativamente o risco de amputações futuras.

Recomendações nutricionais

As recomendações nutricionais destinam-se a prevenir ou atrasar o desenvolvimento de diabetes, a reduzir o peso e o índice de massa corporal [30] (IMC) e a melhorar o controlo glicémico e lipídico para redução da glucose da lipotoxicidade. Para a obtenção dos melhores resultados, os doentes devem ser seguidos por um nutricionista.

Desde a publicação do estudo Diabetes Control and Complications Trial (DCCT) conduzido pelo United States National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK) em 1993, a alimentação passou a ser considerada como a parte central da terapêutica da diabetes para o controlo glicémico, tendo havido múltiplos avanços quanto a alterações comportamentais dos indivíduos com diabetes.

1. Redução de peso: nos indivíduos com excesso de peso, obesos ou com insulinorresistência, a redução ponderal, ainda que não marcada, melhora a resistência à insulina;
2. Ingestão calórica para redução ponderal: redução da ingestão em hidratos de carbono [31] e em gorduras [32] por um período até 1 ano sendo mantido se necessário;
3. Monitorização dos doentes com baixo teor calórico: perfil lipídico, função renal e ingestão proteica (para os doentes com nefropatia) e ajustar as necessidades de terapêutica hipoglicemiante;
4. Actividade física e modificação comportamental: para auxílio na perda de peso e melhoria da insulinorresistência;
5. Medicamentos para perda de peso: pode ser adequada auxiliando a perda de 5-10% do seu peso;
6. Cirurgia bárica: pode ser considerada na diabetes tipo 2 com IMC> 35 kg/m2, o que pode melhorar o controlo glicémico.

Apesar da necessidade de individualização da alimentação há regras recomendadas que se podem sumarizar quanto ao teor diário a ingerir:
- Calorias em hidratos de carbono de 50 a 60 por cento do total;
- Calorias proteicas de 12 a 20 por cento do total;
- Calorias lipídicas em 30 por cento ou menos do total, com <10 por cento de saturadas;
- Menos de 200 mg colesterol;
- Ingestão moderada de sódio (<300 mg/d);
- Ingestão moderada de álcool com alimentos;
- Ingestão de 20-35 g de fibras [33];
- Variar muito o tipo de alimentos e micronutrientes.

Artigos relacionados

Diabetes: A importância de uma vida saudável na prevenção do AVC [34]

O crómio e os seus benefícios na Diabetes [35]

12,4% dos portugueses com diabetes [36]

Fonte: 
Manual de Diabetes [37]
Foto: 
ShutterStock [38]
Sistema Cardiovascular [39]
Corpo Humano [40]
Diabetes [41]
Nota: 
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